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Keith Jenkins A HIsTORIA REPENSADA Mano Vista Mancarert Raco editoracontexto ea Dalat Cagis ent "einuntston df _ vier ta ea, “peat itn mapa a Para Maureen, Philip Patrick Agradecimentos Alguns dos argumentos apresentados neste liv jé spare ‘cerain em outros lugares Gobretdo no peridclico especiaiza- do Teaching History) de forme igeizimente diversa. Mas, impressos 61 no, foram todos expressos de modo semi- piblico nos dltimds ans, quando dei aula para varios gus pos de estudantes, €4 eles gostaria de agradecer por terem parlcipado de alguns debates de amplo aspecto. Agradeso também aos amigas que discutirem comigo a maioria dos temas aborclados no livro: Keith Grieves, John McKenzie, Guy Nelson ¢ Richard Pulley. J a2 alguns anos, teaho me bene- ficiado da colaboragio de Peter Brickley, € © que aparece aqui guarda mais do que mera semelhanga com suas idéias © ‘com suas critieas constutivas. Keith Jenkins Sumario Aist6ria repensacla com ousadi. Introdugto. © que ea liste Alguinas perguntas algumasrespostas CConsiruind a Hiséria no munclo pés-moderno, Notas. Indice remissivo 7 BB 3 93 109 up A Historia repensada com ousadia Algum tempo atti, tive a sorte de ser apresentada pelo, histriador Estevio Resende, professor da Universidade de Brasilia, ao lio de Keith Jenkins, intiuladlo Retbinking Histor, Discutindo a auséncia de textos tericos acessivels, diretos © cehicidativos no Basil chegamos & conchisto de que este era lum livzo fundamental para os esudanies, professores e pes- ‘qvisadores de Historia, Afinl, rinta anos depois da revolugo| pprovocada nos estudos histéricos pela obra de Foucault, fea hora de ese explicit, discutr€ avaliar as profundas rmu- tagbes pelis quai passou nossa disciplina Hi até pouco tempo, que 0s hstoriadores estavam convic~ tos que estudavam 0s fatos, que © passado, no singular © ‘determinado por “leis necessiras", estava ld auras bem orgs rizado & espera de ser por ele revelido em sua suposta "es sencia” e em sua “Yotalidade’, Haviamos aprendido que 0 "real", or"concreta” ~ representado A nossa revelia como co! ssi~ devia ser interpretado com objetiidade e neutralidade, isto, sem a intervenglo aubjetiva do narrador ‘Essa relago do historiador com o seu objeto de trabalho certamente mudou, por mais que alguns ainda se agarrem ‘8 mites herdados do século am. A grande maioria dos his- Toriadores, e nao apenas no Brasil, entende que a produglo do conhecimento historico € bem mais dificll e complexa, cenvolvendo inimeras discussoes € problematizagbes, a co” ° recat, no que die respeto 80 sew principal insirumento de trabalho sto €, a8 Fontes, ow antes, os diseusos. Mesmo cor a descoberta de outs recursos documentais, como as ima- ‘ens taziis pelo cinema ou pela pints, @n partic cos textos esertes no passido, ou memorizados no presente, que pro- curamos descobrir 6 que se passou, reunindo os fragmentos tispersos que restaram, dando-lhes uma certa forma ¢ bus- cand seus possiveissemtios. Construimos, pois, una tama «ina narativa do passado & part ds fontes existentes, dos recursos teérico:metodologicos escolhidos e de um olhar, entre vitios outros possiveis, marcado por nossa atvalcs| de, vale dizer, por nossa insexc cultural e social enfim, por rossi propria subjeividade. Hoje, quando novas forgas sociais, éinieas, sexuais © sgeracionais ganham espago e respetaiccle no mundo bl o, fi no Se pode afimar simplesmente que Historkt € 0 registro do que aeonteceu no psssKlo, pos se vito acontec: mentos foram emacs € registrados, rmitos perderam seus sos, foram esquecides, ou deliberadamente apagados Commo disewnso do vencedor, identitaia ¢ Fechado sobre si mesmo, a Histéra jf foi bastante desmistiicala Para essa iregio apontava 0 6sofo Michel Foucault a0 propor-se ‘stud “A Vida dos homens infames", sto 6, as historias des- conhecidas das pessozs sem fama, ser glort e, por isso mes mo, ausentes de visbilidade histérica. Numa posigo astan- te pronims, os historiadores socinis defenderam a “historia vista de baixo", também descle os anos 1970, buscando res patar os sujeitos excluides e sttas historias perdihs, 6 as Feminisas reivindicaram incisivamente muito mais do que a pesenga das mulheres na grande nasrativahistrica. Ao de pés-estrmuralistas como Jueques Derticl, radical criiea, contestanda a propria eonstevgao discursiva na qual ‘0s acontecimentos ganhavam sentido, recusardo-se 2 entrar ros espagas previamente delimitados para as mulheres nas rmetanarrativas histéricas ¢ a representar os personagens es 10 tereotipadas ai configuiados. Oussdamente, seivindicaram histrias phiais, contadas tabémt no feminino. ‘Como mostra Jenkins, em A bistora repensada, wna das principals rupturas que marcaram a produgio de conhec ‘mento histrico Tol sinalizada por Foucault, a0 desestabilizar imitas de nossas certezas © mostrar algumas das armacithas das qunis estivamos senda vitinas, em seu clissico Livro A. ‘arqueologia do saber. Questionavs, pot win lado, a crenga bastante ingenua de que o decrmento Fosse wma mera uans- paréncia da realidad, um reflexo invertido do “real, um Iefo de acesto direlo aos acontecimentos e 20s personagens cesgolhides, por onto, spontava para os efeitos de uma nayeae tiv historica que, na nsia de construira "sintesetotalizadora” pregida pelo marxismo, ignorava as deseontinuidades e des- arta 0 imprevisivel, pois nio sabia lidar com as cliferengas ‘Assim, a convicgdo de que contavamos of te acontecidas’, of de que encontrsvames "6" passado, sin plesmente indo aos auquivos € folheando os documents, ‘mesmo que munidos de um sofisicado ausenal “eientifico’, positvista ou marxista, fo! profundamente abalada. Crtican- ‘do a teoria hukdesiana do rellexo, predeminante nos meios| académicos desde a década de 1970, explica Jenkins, 0 ilé- sofo francés mostrou que 0 documento nio €0 reflex do acontecimento, mas que € ele mesmo um outro aconteci mento, isto é uma materalidade construida por camadas sedimentadas de interpretacoes. © documenta é, ass, pen- silo arqueologicamente como "monumento" Percebido como “pratica discursivs", produs efeitos. O-que vale dizer que 48 palavras deizam de ser pensadas como vento, leves, ansparentes, sem densidade e sem qualquer imposiéncia em si mesmas. Os historiadores sto, desta feita, obrigados a prestar atengio 20 discurso, A maneira pela qual ‘um objeto hist6rico € produzido discursivamente e2propria narrativa que constroci ou teproduzem, n Analisando essas muiagbes, Jenkins records que, desde a {cada de 1970, ouzo intelectual bastante importante na atu ludade, Hayden White, em seu Metabistériae, postesiormente «ei Troptens do discurso, if wacieidos para o portugues, alenava para 06 diferentes mocios de narrar a hist6ria, Chamando a tengo para a impontincia de se pensar a forma discusiva, {unto quanto © conteiido narrado, White ensinava que um :ncsino aconteeimento padeia sr Contade e inerpre‘ado nil apenas pari de diferentes perspeciivas cassis, cono apon- tae 0 mansismo, mas também por meio de difecentes modos sarrativos, sefa como tragédia,Seja como comédis, se como ‘drama, ene ouiras formas Iteriras extents, jocks essas quest6es, apenas sinalizadas nessa breve apre= seniaglo, nos mostram que a produgio do conlueeimentohis- \otico se Sofisticou profundamente ao Hongo dos dltimos win- {2 anos, e que and temas de entender melhor 05. percursos « percalgos de nossa liseiplina se quisermos garantir ss so- Inevivéncis enguanto tl Visando aclarar o debate em torno dessa “revohio"his- \orica,« Kditora Contexto publica A Historia rppensada, ete pequeno e densa livia, escrito por um historiaor preocupa- do em omganizar uum pouco a casa, diganios assim, por os pingos nosis, focalizar os movimentos inesperids e as brus- fas rupturas que temas vivido em nossa area ‘final, 0 que faz o historiador? Para que ¢ para quem bus- «a 0 acontecido? A partic de que instrumentos, eoras,valo- Fes e concepgoes recorta seus temas, seleciona seu material documenta ¢ prod sua eserita do passado? E, alii, de que passado se trata? Dos vicos e dos pobres? Dos brancos e dos facyro® Das mulheres e dos homens especifieamente cons- deridos? Das criangas ¢ dos adultos? Ou do de uma figura Jmagindria construids 3 imagem do branco europeu, pensi- do como universal? © livre Keath Jenkins nos chega em boa hora, e é,acre- dio, un excelente convite para uma seria conversa entre 0s be histoniadores preocupados em plurlizara Historia, deniocrat zando-a e libertandoa das formas hieraiquizadoras e excl Ininantes e/ou subordinados estao sempre endo retraballhadas ‘no mundo real A medida que eles procuram mobilizar pes a5 para apoiarem seus interesses. A hisiria se Forfa em tl Confit, ¢ esté claro que estas necessidades conftantes incidem sobre os debates (ou sea, a luta pela posse) do que é a historia, “Assim, nest aur, jé fica claro que responder & pergunta| *0 que é & histérk’” de modo que ela sea realista esté em _substituéta por esta outra: "Para quem € a historia” Ao fazer: rs i880, vemos que a histéra est fadaca a ser problemt ‘a, pois Se trata de um termo e um discurso em litigi, com diferentes significados para diferentes grupos. Uns querem vuma hist6riaasséptica, da qual o conflio ea angssta estejam dusentes, outros, que a historia leve A passividade; uns que~ rem que ela expresse um vigoroso indvidualismo; outros, ‘que proporcione estratégias evlicas para. a revolugao; outros dinds, que fornega base para a conta-revolugio... E por at vai. £ Hell ver que, para um revolucionirio, a historia s6 pode ser diferente daquela almejida por um conservador, ‘Também ¢ fiel ver que a lista de usos da histria € infin, tam pela légica quanto pela pritica. Alina, que aspecto te fia una bisxéria com que todos pudesser concorde de uma ver por tras? Permita que eu thst esses comentitios com tum tipido exemple. 'No romance 1984, Orwell escreveu que quem contrcla © presente contol © passado e quem controlao passado con- tuola © futuro, Isso parece ser também provivel fora da fic 80. Assim, as pessoas no presente necesstam de anteceden~ {es para localizarem-se no agora e lepitimarem seu modo de vida atual e futuro. (A bem dizer, dada a listingto Ftc, 16s “Tutos" do pasado, ov tudo mais, nd0 legienam absol ‘mente nada. Mas 0 ponto é que as pessoas agem como se legitimassem.) Portanto, elas sentem a necessidade de enrat zarem o hoje e 0 aman em seu ontem. Recentemente, esse foatem tem sido procurado (¢ achado, jf que o passado se predispoe sustentar incontiveis nareativas) por mulheres, ‘gros, grupos regionais, minorias diversas etal, Esses passa- dos sio usados para explcar existénctas presentes e projetos| Fturos, Remontand um pouco mais ao tempo, veremos que classe raballadora também procurou enraizarse mediante uma tajetria elaborada em termos historicos. Remontando ainda mais, x burguesia descobriu sia genealogia e comegou ‘a elaborar uma historia para si (e para Outros). Nesse sentido, todas 2s classes e/ou grupos escrevem suas respectivas auto Diografias colewvas. A histéria € a maneira pela qual as pes> soas cram, em parte, suas identidades. Bla € muito mais que tim médulo no currculo escolar ou académico, embora pos- simos ver qe © que Ocorre nesses espagos educacionais em imponaneia crucial para todas aquelas partes diverse mente interessadas, ‘Mas seri que nao estamos cientes disso 0 tempo tede? Nio fia dio que um fendsneno “egiimador” to importante como historia tem razes em necessiades € poderes reais? Acho ‘que sim, mas com wna ressalva: quando 0 dscurso deminante se refere 30 constante processo de reescfta da histénis, ele 0 faz de maneiras que sublimam aquelas necessidades. Ai, 0 discurso dominante produz a anddina reflexto de que toda ‘gerago reescreve sua propria historia. A pergunta,entretanto, 6 como e por qué. E uma resposta possivel, 2 qual Orwell ale, & que as rlagbes de poder produzem discursos ideolo- sicas do tipo “a hiséia como conhecimento” (por exemplo) ‘que, em termos de projetos confltantes de legimitimagio, 0 recessiios para todas as pares envolvias. ‘Agora, vamos concluir a exposigao sobre o que a historla é ra tooria, Argumentei que a historia se compoe de episte rmologia, metodologia e keologia. A epistemologia mostra que runes poderemos realmente conhecer 0 passado - que a dis- crepincia entre © passado e a historia (historiografia) & ‘ontolégica ou seja, est de tal maneira presente na natureza fas coisas que neniium esforgo epistemologico, nao importan- do quo grande, conseguir elimini-la, Os hisioradores et Doram modos de tabalhar para reduzi a influéncia do histor « dor interpretivo, dlesenvolvendo métods rigorosos que eles {entam viniversalizar das mais variads maneiras, mas sempre pretendendo que, se todos seguissemos esses métodos, wn alicerce de habilidades, concetos, rotinas € procedimentos poderia permit chegar & objetividade. No entanto, existe Imitas metodologias; os suposios “alcerces concetiais” sto ‘de consinugdo recente e parcial, © ev argumentei que a5 die- rengas que veinos esto a porqie a his6ra € basicamente um ‘dscUrso em litgio, um campo de batalla onde pessoas, clas se8 € gnipos elavoram autobiograficamente suas interpreta ges do passido para agradarem a si mesmos. Fora dessas pressbes, nto existe hist6xtadefintva, Todo eonsenso (lem: poriro) 36 € aleangado quando as voues dominintes conse- _guem silenciar outs, seja pelo exercicio explicito de poder, seja pelo ato velado ‘de inclusio e/ou anexagao. Ao fim, 2 historia & teora ea teoria & ideologia, e a ideologia € pura &| simplesmente interesse material. A eologia penetra tocos 08 Aaspectos dk histéra, af includes as priieas eocdianas para prod histras naquelas instiuigdes que, em nossa soci de, sto destinadas principalmente a tal proposio ~ en expec alas universidades. Agora, vamos olbat a histéxia como parte esse tipa de praca, DA PRATICA Acima, eu acabei de concluir que a histéria fo, € € seré produzida em muitos lugares e por muitasraz0es diferentes ‘e que um desses tipos de histéria & 4 profssional, ov $e, 9 produzida por hstoriadores que (em geral) sto assalariados € (no mais das vezes)trabalham no ensine superior, especial ‘mente nas universidades Em The death of the pas 0 historiador J. H, Plumb des- creveu tal historia profisional (2 Elon’) como © processo de tentarestabelecer a verdade do que acontecew no passa 6 do.e que poderia ser conteaposto 20s “passados" da memérla popular, do "senso comum” e dos esterestipos, para nes de sembaragarmos desses constructos mal acabados, mal diger- dos € (para Plumb) mal concebidos. Em On ling in an old ‘county. Patrick Wright argumentou que a meta de Plumb & ro apenas impassvel, pois (como jf imos) inexisiem ver dade historicas n2o-problematicas, mas também provavel- mente indesejivel, pois pode muito bem ser que na histria popular (por exemiplo) haja virudes e leiuras alternativas ‘que, de quando ein quando, talvez seja necessério opor As Iistoras “oficiais"” Aqui, ele sugere que tenhamos em mente © processo de meméra des proles de 1984, ‘Wright igualmente assioala que o tinico tipo de instinio 1a qual o desarralgamento proposto por Plumb poderia efets- arse €0 educacional (e este, por sua vez, est intimamente ‘envolvido nos processos de Socilizagio do género “memdria popular). Porque, embora a esmagadora maiora dos historia. Sores de careira se declare imparial,e embora cle cea peiea eles realmente consigan: um ~distanciamento”, & ainda assim esclarecedor ver que esses prolisionais nem de longe esto fora do confi ideoldgico € que ees até ocupam pos ‘bes bem dominantes dentro de tal conilto ~ em outras pala- vas, € esclaecedor ver que as historias “profissionais" so ‘expressdes de como as ideologias dominantes formula. his {ia em terms “aeadémicos" Parece bastante ébvio que, vis- ts sob uma perspectiva cultural e *histxica" mais anph, in vesimentos Institicionais multimiliondrios como aqueles fe 105 em nossas universidades (por exemplo) sto essencals para reproduzir a presente fonmagio social e, portant, estio na ‘anguarca das forgas da ttelacuttral (padres academics) ¢ {do conitole ideologico. Seri certo descuido do campo domi ante se a5 coisas n20 fossem assim Dado que aé agora tentei situar a histéria entre os intessticios de interesses © presstes reais, também precio levar em conta as pressdes "academicas", no s6 porque 6, sobretdo, 0 seu tipo de Histri2 que define 0 campo do que ‘3 Historia realmente é°, mas ainda porque € esse o tipo de bistéria estudado no ensino médio € nos cursos de gradua- to, Nestes cursos, com efeto, vocé€, na pritica,iniciado na historia aeadémica, voce deve ficur como 08 profissionas. Mas como si os profssionais e como & que eles produzem bistorias ‘Vamos comegar assim: a histéra é produzida por um grur po de operirias chanados historiclores quando eles vio t2- balhar. Bo servo deles. E, quando vlo trabalha, eles levam consigo centas coisas idenificves Em primeiro lug, levan a si mesmos: seus valores, post bes, perspectivas Weologicis, Em segundo lugar, levam seus pressupostos epistemo- logicos, Estes nem sempre sio conscientes, mas os historia doves terio "em mente” maneiras de adquisie “conhecimen- to" Aqui, entra em agio uma gam de categorias (econdmi- cas, sociais, poficas, cukurais, Aeol6gicas etc), uma gama de conceitos que integram essas categorias (lentio da eate- fgoria politica, por exemplo, pode liver muito uso de classe, der, Estado, soberani lade et.) e amplas press ppasigdes sobre a constinci, ou no, dos seres humanos (algo que, com muita feqincia, &irdnica e a historicamente de- ‘hominado “aatureza humana”), Mediante 0 uso dessus cate- gorias, conceitos e pressuposigbes, 0 histoviador vai gerar hipéseses, formular absirages € organizar e reorganizar seu smaterialde forma a incluit © exes ‘0s historiadores também empregam vocabulirios propri- 08 de seu ofcio,e estes (come se ndo bastasse sezem inevita velmente anacrbaicos) afetam no apenas © que os historia dores véem, mas @ maneira pela qual eles véem. Tas catego ria, eoncetos vocabulirios so continuamente setrabalhados, mas sem eles 0s historiadores no conseguiriam nem entender 19s relatos uns dos oatias, nem elaborar 0s seus proprio, m0 importance quanto possim discordara respeita das costs Em terceto lugar, 05 historiaclores tm rotinas e procedi- rmentos (métodos, na estrita acepea0 da palaves) para lidar ‘com o material: modos de verifcarlhe a origem, a posiclo, 4 auteniciade, a fidedignidade... Essas rotinas se aplicario a todo material wabalhado, mesmo que com jas variados de concentragio € rigor (ocorrem muitos lapsos e des-acetos). Hg ai uma gama de téenieas que vio do extavagaatemente complexa ao prosaicameate diet; ratam-se do ipo de pri ‘icas que muitas vezes s20 denominadas as “habilidades do Distoriador, t€cnicas que, de passagem, podemos ver como ‘momentos também passageios naquela combinaglo de fato res que produzem bistrias (Em outras palavias, a histria no E questio de “habilidades") Assim, munides desses tipos de pdtica, os historadores conseguem pdr-se mas dretamente a Sinveetar um pouco de historia ~ “prosuzirhiséxas” Em quarto lugar, a0 tocarem seu servigo de encontrar ma- teraisdiversos para trabalhar e “clesenvolver", os hstoriado- es vao e vem entre as obras publicadas de outos historado- res (0 tempo de trabalho acuimulado em lies, aigos et.) € ‘es materiais nio-publicados. Estes, “quase novos", podem ‘er denominados 0s vestgios do passado (as marcas que so- braram do passado: documentos, regisuos, atefatos etc). ‘io uma mistara de vestigios conlbecidos mas pouco ust dos; vestigios novas, no-utilizados € possivelmente desco- mhecidos; ¢ vestgios vehi, ou seja, materials que jé foram tusidos, mas que, em vista dos vestigios novos e/ou quase novos descobertos, sto agora passiveis de insergio em con- {estos diferentes daqueles que ocupavam antes. © histori dor pode, entto, comegar a organizar todos esses elementos de manelias novas (e virias), sempre procurando a tio slme- jada “tese original” Ele comega assim a transformae 08 vest bios do que outora foi conereto em “pensimento concrew, u seja, em relatos dos historiadores. Niss0, 0 historiador lite. ralmente ¢-produz os vestigios do passado numa nova cate- «6 sgoria. E este ato de trans formagio ~ do passado em historia Ae 0 trabalho basico do historador Em quinto lugar, os historadores, tend feito sua pesqui 1, precisam entio coloci-la por escrito, & ai qe os fatores epistemologicas, metodolégicos e ieokigicos vokam a en- tine em acho, inter-relacionando-se com as priticas cotdia ras, tal qual aconteceu durante todas as fases da pesquisa TEssis pressoes do cotidiano vacans, € cli, mas algumas ste dada a seguir 1A pressio da f \rabalhar de nove no ‘pra voe® tar uma Folgninha disso?" 20s pressoes do local de trabalho, no qual se lazen sen lirndo s6 as diversas influéncias de dretores cle faculda dle, chetes de departamento, colegas e polticas insite: ‘lonais de pesquisa, nas também (Cenhamos a corgem de dizé-o) a obrigacao de lecionae. 53. pressoes chs ecltonis no que se refere a vitios fatores: Euionsaa. As restigdes de amanho sto considerivels € tm sous efeitos. Pense quanto 0 conhecimento his t6rico poderis ser diferente se txlos os livros fossem, uum tergo mais curtos ou quatro vezes mas fongos do ‘que 0 “normal! Formato. 4 dimnensto da pigina, a impressio e o projeto tgrifco, a presenga ov do de iustgoes, exesicios, bibliog, indice et, fo de © texto estar ov no ‘em folhassoltase sero nao complementado por vileo ‘ur som gravadd ~ edo sso também tem eles. Mercado. © «ie 0 historiador considerar seu mercado vai influenciar o que ele diz © a maneira pela qual le diz, Pense no quanto 4 Revohigio Francesa ria de ser “ditrente™ para criangas do primirio ou do secundivio, ndo-europeus, “especialistas em cevolu: {0" ou leigos curiasos, para ctarmos s6 alguns pxi- blicos diferentes entre s iia fou dos amigos: “Al, voc no vai mde semana, val "Ser que c8 Prazos. © wempo total de que 0 autor dispbe para fazer. pesquisa escrevé-la, mais a alocaclo desse temp. (oma vez por semana, um seinestre de licen es fi: de sennana),afeta, por exemplo, a disponibildade da Fontes, a concenttagio do historiador etc, Frequente ‘mente, 0 tipo de condigio que a editors impde com referéncia 8 conclusio do trabalho € também crucial, Estilo luerdrio, O estilo (polemico, discursive, exube- ‘ante, pedante, mais as combinagdes de tudo isso) € (0 uso gramatical, sintético e semAntico do historia dor influenciam 0 relato © podem ser modificados ‘para ajusar se As normas da editora, x0 formato de Juma série ete ewuras ericas, As editoras eaviam os originals para ‘uma leitura critica, e quem a faz pode talvez pedir roudangas deisticas na organizagao do material este texto, por exemplo, era de inicio duas veves mais longs). Fambem ha casos em que os chamados “Ie ores eriicos" tn imweresses pessouis em jogo, exserita Teta de algo que aconiece em todos 03 6 ‘ios, t€ 0 livro ir para a impressio, As vezes,algumas partes requerem ts redagSes; outss vezes, sho reze déias brlhantes que no comego pareciam dizer tudo Ficam enfadonhas apagadas quando jf se tentou ‘escreve las una dizia de vezes. Alem dso, coisas que ‘seria includ acabam nao o sendo, e, com freqoe cia, as que o sto parecem ter sido deixadas 3 propria sorte, Que tipo de eiéio ve faz presente enti, quan- do oexeror “trabalba" materia tos © anotades (mu tas vezes imperfetamenta) tao tempo ante? E por-ai vai. Pois bem: esses sto aspectos dbvios (pense ‘quantos fatozes externas, ou seja,fatores alles 20 "passa cdo", agem sobre voce e lafluenciam 0 que voce escreve nos trabalhos de faculdade, por exemplo), mas aqui o que se deve enfatizar € que nenhuma de tais presides, als, ne 6 ‘nhum dos processos comentados neste capitulo, age sobre © {que esté sendo relatado (por exemplo, o planejamento para ‘uso de recursos huumanos na Primeisa Guerra Munda). Mais uma vez, 25 discrepancias eotse passado e presente se ala ‘gem imensamente Em sexto lugar, 0 que se escreveu até agora foi a produ so de hisiéras. Mas os textos também precisam ser lidos Consumidos, Assim como se pode consumir bolo das mais diferentes maneias (devagar, depressa etc) € numa série de situagGes (no wabalho, a0 volante, em dieta, num casamento etc. ¢ cscunstincias (voce jd come o bastante? a digestao & diffel?), nenhuma das quais se repete de maneica idéntica, assim também 0 consumo dem texto se «ki em contextos que igualmente nto vao se reper. De maneira muito literal, iio existem duas leiturasidénticas. (Por vezes, fazemos 2no- tagdes 4 margem de um texto e, volando a elas tempos de- pois, nao conseguimos lembrar do que se tratava. No entan- fo, sio exatamente as mesinas palavees na mesma pagina Asim, como € que significados conserva significado?) Por tanto, nenhuma leitua, ainda que efetuada pela mesma pes 0a, 6 passivel de produzir os mesimos efeitos repetidamente Isso quer dizer qe 0s autores nao tém como impingir suas Intengdes/interpretagbes a0 ltor. inversamente, 0 leitores rio tém como discernir por completo tudo que os autores pretendiam, Ademais, o mesmo texto pode inserese prime ro num discurso amplo e depois em outro, no exister lim tes logicos, e cada leitura é& um escrito diferente. Esse & 0 rnxindo do texto desconsirucionsta, um mando no qual cual ‘quer texto, em autios contextos, pode signlicar muitas co ss, Esta af “um mando dle diferenga CConuclo, essas Gikimas observagdes parecem suscitar wm problema. (Mas seri que na leitura surgiy mesmo algum problema para voce? E sera que esse seu problema & ciferen- {edo mew) Para mim, ele est nist: embora 0 que se disse cima pareca implicar que tudo € um Muxo interpretativo, 0 realidad 6 que “lemos" dle manera bastante previsivel. Nes se sentido, portant, 0 que vem a defini as leas? Born, mo @ um consenso detilhado sabre tudo e todos, pois 08 deiles sempre lutuam lites por ai (pode-se sempre fazer {que coiss especies tenham maior ot! menor signfesdo). ‘Mas realmente ocorrem consensos de carder gral. Issoacon- tece por causa do poder Aqui, vollamas 2 eolog, pots pole’ muito bem argumentar que o que impede os lvos de sorem usados de mania wotalmentesnbivla€ 0 fro le Aue centos textos extho mais préximos de outros; 80 menos fu mais castiisvels dono de certs ganeros ou rétlos, ‘30 menos ou mais simpaticos As necesidades que a8 pesso- as tem ¢ que se expressam em textos. E assim, apres Onell, 2s pessoas encontam afinidades ¢vefertndias (bibliogaias, Teiurasrecomendads, a classficagto decimal Dewey) que, ean thiona andi, ste tamlsém arbitra, mas que atendem a necessidales mais permanentes de grupos e classes vive- thos num sistema sock, « nto a eso. Tatas de un campo complicado mas esencial pra a compreensto, e aqui pode- ‘amos mencionar textos de teéricos como Scholes, Eagleton, Fishe Bennet deriamos também efletir sobre como €88 stag20 ten tanto desconcentante (0 texto volivel qUe na teria nao pre: cdsa acomodarse, mas que na pritica0 fa) atende a va afligio inerpreutiva que se manifesta com freqiéncia em fstudentes. A afiga € esta: se entendemos que ahistéia € 0 aque fazem os histoviadores; que eles a fazem com base em rages comprovagdes; que a histria € inevitavelmente Interpetatva; ie hi pelo menos mein dizi de lados en cada digeussto € que, por iso, a hstbria& relat... Seen teodemos tudo iss, entao podemos muito bem pensar Bom, se 2 histria parece ser 36 interpresagto e ningun sabe nada realmente, endo para que estudik? Se tudo € relaivo, para que fazer histéra” Trata-se de um estado de Spiro que poderamos chamar"desventura do relativism Em certo sentido, esst maneira de ver as cosas ¢ postiva, uma libersgio, pols joga velhas certezas no lixo e possibi Jia desmascarar quem se beneficia dela, também em cer- te sentido, tudo ¢ relativo (ou sea, historicsta. Mas, libera- (0 04 no, trata-se aincla de algo que faz as pessoas sent Tem-se num beco sem Sida, NAO hd necessidade disso, en- tretanto, Desconstruirmos as histrias de ouuas pessoas & pre-requisio para construirmos a nossa propria, de maneira que dé a entender que sabemos 0 que estamos fazendo ~ ov seja, de maneira que nos faga lembrar que a histéra € sem- pre’ historia destinada a alguém, Porque, embora a légica tiga que todos os relatos s30 problemas ¢ relatives, a ‘questio € que alguns sto dominantes e outros ficam 4 m ‘gem, Ein termos légicos, todos s20 a mesma cvisa; mas, na fealidade, eles sao cferentes;estio em hierarquias valorativas Ginda que, em Gina andlis, infundadas) Por qué? Pérque 0 conhecimento est relacionado 20 poder «porque, para alenclerem a inieresses dentro das formagbes soCias, 03 que tém mals poder distibyem e legiimar tat0 ‘quanto podem 0 “conhecimento”. A forma de escapar a0 relativsmo na teorin & analisae assim © poder na pritica. Por Cconseguinte, uma perspectiva relatvst no precisa levar 2 desesperanca. Ela €0 comeco de um reconhecimento geral de ‘como as cols parecem funcionar. Tratase de uma emancipa ‘slo: de modo rellexivo, voc® também pode produaithistra, DA DEFINIGAO DE HISTORIA Acabo de argumentar que, no geral, a historia € 0 que os bisworiadores fazem. Mas entdo por que tanto rebuligo? A his teria nao € isso mesmo? De cesta maneita, 6, sim. Mas no exatamente. No sentido estrtamente profissional, é bastante ficil descrever 0 oficio dos historiadores. O problema, entre tanto, surge quando esse ofico se insere (pois precisa inserir- 52) nas relagdes de poder em qualquer formas social de ‘que ele se origine. Ou seja, 0 problema surge quando dife- rentes pessoas, grupos e classes pergantam:"O que a histria significa para mim ou para nds e de que modo se pocle use ‘ou abusar dela?” E entdo, no campo dos usos e sigificados, {que a historia fica Wo problemtica, °O que € a historia?” se forna "Para quem & a histori”, como ja expliquel O essenct al est ai, Assim, o que a histria € para mi? Bis uma defini io. A Wises € um dscuno canbinnte © probleme, tendo come frctento um sspacto do nuando, © passa, que € prose por {hn grup> de wabalhadowes cup eabeg eats no presente Cee, fn nous cata, sho na imensa maa Naonnones ast ‘hos, pt toc se fio de manera vecanheciets une pa O8 ‘ts anes edo poskoma em eis patel, ‘etodlupeos, esis pie cus proto ae ‘olncador em celagi, seme sees fn see de aot busos que so teontimente tales, mss gue na reldade ‘respon awn gra de bas de poder que enn ae Ie‘Tarminado momstno¢ que estuniem € deve aa ago ‘dum expec do pe dominican ox spicals cos Faso rata se ‘Algumas perguntas algumas respostas ‘Tendo dado uma defnisdo de hist6via, quero agora abalhé- la de modo que ela possa dar sespostas para 0 tipo de per- ‘una bisica que Frequentemente surge com seferéncia a na- tureza da histéria. J que este € um texto euro, meus comen- larios serio breves, mas, breves ov no, espero que as res- postas que Vou stigeir apontem tanto umd dicesio quanto uma maneira para que suipam outeas respostas, mais sofist- cadas, nuangadas e adequadas. Ademais, acho que um gula como este (uma espécie de “manual basico de histria") se faz necessirio, até porque, embora regularmente sejam le vantadas quest®es sobre a natureza da histria, a tendéncia & deixisls em aberto para que possamos “conclvie por nbs mesmos". Ora, eu também quero isto, mas estou dente de que, com muita freqiéncia, 0s diversos debates sobre a “na tureza da histénia" sio apreendidos de modo muito vago (ito , parece haver neles ums infinidade de escolhas, ou sj, ‘inumeras ordenagdes possveis dos elementos bisicos), de forma que permanece alguna divida confusio, Assim, para varias, eis algumas pergunias e resposias, 1. Qual € a stuagao da verdade nos discursos historio- ariflcost ss Existe historia objetva? CExistem “ates” ebjetivos etc?) (Ou histéria ndo passa de intespretacac? 3.0 que € parciaidade? £ quais as dif cerradici-h? © que € empati? Els € possivel? Como e por qué? E, se {lt no for possvel, por que parece 20 importante ten- tar aleangi-ta mesmo assim? Quais as diferencas entre fontes primérias e secunda- the? E ene “provas e “Fontes"? O que esti em jogo esse aspecto? 6. O que é que a gente faz com pateamentas como caus @ efeito, continnidade © mudanga, semelhanca e dife- tenga? E possivel fazer 0 que s¢ pede com eles? A historia € ante on ciéncia? dudes para DA VERDADE Pode at6 parecer que jf tatei do problema de podermos. fu mto conhecer a verdade do passad. Apresentel argumen- tos, de Elton ¢ outros, segundo os quais 2 meta do estudo histérico € obter um conhecimento real (verdadeiro), € opi- nel que isso, rigorosamente falando, & impossivel. Também procurei mostrar as razdes epistemolOgicas, metodologicas, fdeologicas e priticas disto. No entanto, acho que ainda ha ois campos por explorar, de modo que 0s temas anteriores possam ser desenvolvidos. O primeifo: se em thima anilise ‘io temos como saber a2 verdades do passado, ent@o por ‘que continuar procurando por elas? O segundo: como € que ‘6 termo “verdade” (ndo importando se existe ou nao ta coi- 8) opera nos discursos da historia? ‘Vannes Ia. Para que precisimos da verdade? Em dado pla- no, a resposia parece Gbvia. Sem a verdade, cesta preten- bes (objetividade, esséncia, essencial, imparciaidade) que Minha opinio sobre e3sas “possibldales" que 0 pés- ‘odernismo consti ao mesmo tempo que pesmi & ex- pressarse € que no 30 tas Lentatvus do Sant quo para en- Cerrar e recuperar difchnenteterdo suceso, dada a tet tis das formagoes socials Jemocratzanes © e&ucosvdnias, tmas também, aprés Widdowson, nao seria mesmo bom que tivessem sucesso. Ene a cruz ea cakeiinha da hist torzada, por um lado, e da auséacia de passado pés-mode- 1a, por oro, este um espago para este resultado deseive- tanios gupos ¢ pessoas quanto possivel poderdo produair sks proptias bistrias, de modo que eles Sejum capazes de fazer‘ owvie (prod efetos cea) no mundo, E aro que sno ve pode gurantr com preciso ou (para desgosto dos deterministas marsistas, por exemple) deterniaar en define tivo a dregio co impao desses efeitos." Mas ees podem. torte, € pode-se die uni mio, 180 pore lil tira, consideradt ndo em sew aspecto tadiconal Je dsxplina procura de um conhechnento geal, mas sim. no que ela & {ma praia discus que posi 4 mentaidades do pre Ssente irem ao passado pura sondio e reoginiziclo det ‘ea ade ds sss nevessiaes), pode muito ben, como ‘rgurmentou 0 tco cultural Tony Beret, ter wma conn daca radical que consiga dis visiildade 4 aspects do ‘passado antes oeltos ou dssimutados ou que foram descon Siderados e posts de lado. Assn, ela proauzia percepgdes ‘owas que podesam realnente fazer uina diferenga substan Gale emancipatoris no presente ~ que € one tl historia ‘omega € pat onde tods historia retona CChego agora 10 tereeitoe Gihimo segmento desie capitulo. Aqui, desejo sugeris uma waneita possivel de agir“istorica- cate", com as conseqiéacias do pés-modernisino tal qual 104 summariadas acima, no nim positive da emancipagto demo: rica, uma emancipagao democratica que, 20 mesino tem 1p, esclareca ainda mais a questo da “natureza da histria” ‘No ensaio *O discurso da Historia’, Roland Barthes argu- menia que 0 passado pode ser repeesentado por meio des Inuitos modes e topos eos historiadores, alguns dos quais, zo entanto, si0 menos mitologicos e mistficadores do que ‘outros, aa medida em que chamam franca e proposialmente ‘2 atengdo para seus proprios provessos de prockigdo € assi- alam a natureza construids (e nio “descoberta") de seus referentes, No que me diz respeito, os beneficios disso sa0 ‘bvios. Trabalhar ass é adorar um método que desconstr6t ce historiciza todas aquelas interpretagbes que t@m pretensio A certeza e nao que questionam suas préprias coniliaes de producto; interpretagdes que esquecem de indicar sua sub- servidneia a interesses ocultos, que nao conseguent reconhe- ‘cer seu proprio momento histérico e que mascaram os pres- “supostos epistemoldgicos, metodologicos e ideoléyscos que (al qual procuret mostrar no clecurso deste texto) median fem todo os lngares e ens tolos os momentos a transformagto do passado em histéria, ‘Como eatio por em pritiea essa aboragem desejivel ca histéria, uma abordagem concebida para desenvolver ums iteligencia cttica que sefa democratizante © matizada pelt ironia? Talvez se necessite de das cobas. A primeica-setia 0 ‘que poderiamos denominar *metodologia reflexiva. 1850 sig- fnfict que precisa proporeionar a voce (alven quando est dante) una andl explicita do porque de ensinaren-he esta fou: aquela historia e do porque de easind-ia desta ou daguels ‘mancira, Uma analise assim abalbata a (etl dstingdo entre pasado e histéria, da qual emerge a problemtica da “ques: to da historia” que comecei a esbogar neste texto. Ademais, Iaveria entio a necessidade de fazer estos historiog detaliadas para examinar em que medida as histéxas anteri- ‘res e atuais foram construtdas, tanto do aspecio metodol6gico ‘quanto do contewdistico. Para i650, seria necessécio Outo li ‘ro, © no este. O que sugiro aqui € uma historizagao radical Ala historia Chistorizar sempre”, como recomenda 6 eurticulo escolar britinice), coisa que considero ponto de partida para um historiador que saiba refletr sobre a sua propria atv shade, Sugiro ainda que, para tabalhes histéricos subsequien- tes, voce desenvolva uma posigio consciente (e assumida) ‘Aqui, faz-se necessirio um comentirio sobre a“escolha de posigio’ ‘Ao dizer que deve fazer uma escolha explicta de posigio,, nto quero deixar subentendido que voce, se nto quiser fazer essa escolha, talver produza uma histéria "sem tomada de posicio’, Ou seja, lo quero dar a entender que voc® terd algura tipo de liberdade para escolher ou ndo ~ pois iss0 ‘seria irefletidamente liberal. No discurso liberal, em algun lugar e de algumna maneira, sempre existe uma especie de campo neutio de onde parece mesmo que podemos escolher (08 no. Esse campo neuro nao € considerado uma posig20 {que a pessoa jf ocupa. Bin vez disso, €tido como um ponto de visi desapalxonado, de onde podemos relaxar ¢ fazer ‘objetivamente escolhas ¢juizos imparciais. Mas ft vimos que fas coisas nfo sto assim, Nilo existe um “centro no-posicio- ‘sado" (expressio que, aids, € contraditéria); n2o & possivel hraver um lugar ndo-posicionado. A nica escolha ¢ ene na histria que esta consciente do que faz e uma historia ‘que ni esta. Aqui, os comentirios do teérieolteriio Robert Young vém a calhat. Onde ele escreve “critica, leiase “inter- pretagio" “oda erica tem una posto teria implica — quando noe {Bit As, quo ge se ara chara es tet (Se que la pe suas teens 30 leo Ino passidol — aplcase ‘Comme mat prope cama “rea atacic, cps ‘atiaspeeconeebuat sole oe le ep que rs 189 fonds ‘meni que permanecem nara [- vies de tenia” ‘Logo, toa historia 6 tedeca,e todas as teorias posicionam ese posicionam. Quando voct for escolher sua prépria posi (io, ev obviamente no vou querer impor the minha manei- fide interpretar 0 passado. Mas pego que se lembre de que, fo escolher, voce sempre escollie uma versio do passado ¢ tina maneira de apropriae-se dele que tem efeitos, que faz ‘yoo’ alinhar-so com certas interpretagoes (ceitosintéspretes) conics outras." O xis da questo ¢ este: aqueles que afir mam saber o que & a histria sempre realizam (assim como eu) um ato de inteepretacio.” Por fin, a segunda coist que sjudaria a consumar ume abordagem cétiea e cricamente reflexiva, tanto dt “questo dy histéria” quanto do estudo da historia, seria uma selegto ‘do contetido adequad a essa pritica. F caro que, em certo sentido, qualquer momento do passido bastaia para tanto, ‘dada a presteza com que ele atende a todo e qualquer intér Prete. Apesar disso, se outros fatores nto intervierem, minha preferéncia pessoal seria por uma sé de histérias que nos Sudassem a compreender no 96.0 musklo em que vivemos, mas também as formas cle histria que nos ajudasam a pro” duzilo e que, 20 mesmo tempo, cle produziu, Tratase de fuma pretensio bastante banal, mas, em certa media, els pode sofrer una vitada quando se usa uma formulagio de Foucault: no tanto una historia para nos ajudara entender 0 mundo em que vivemos, mas antes una série ce "hst6rias ‘do presente” ‘A razao para essa escolha pode ser exposta em poucas palavras, Sea melhor maneira de vero presente for conser Jo pos-modemo (e se, como observou Philip Riff, conse- Buitios sobreviver a este experimento chamado moderni- dade), entdo penso que o contetido de uma histéria dese vel deveria see constituida por estucos desse fenémeno. Ou soja, as andlises de nosso mundo modemno por intermédio dds perspectivas metodologicamente balizadas do pos-mo- dernismo lo apenas nos sjudam a situar todas os atuais| 107 debates sobre a pergunta “O que € a histria? "Para quem & ‘thistoria”, mas também 90s fornecem (oum momento que ‘ecila enize 0 velho e 0 a0v0) aquilo que, em certo sentido, todos esses debates deselam: um contexto que possbiliart lima resposta balizada e viivel Aquela pergunta, Postanto, no ‘mundo pés-moxlerno, pode-se argumentar que o contesdo © ‘-contexto da historia Jeveriam ser consituidos por uma ampla série de estudos metodologicamente reflexivos sobre as m- nels de ae frzerem as historias da propria pds moderne. 10 Notas INTRODUGAO "No decoer ile toda ete lit, 80 © temo “dscuso" (por exemplo, “ter conte de sew proprio discus" e “0 discuro di hstoa) no send ce que ele eaciona a interessese a poreres 35 ideas ds pessoas sobre s historia. Assim, voce estar no comtole de sa pepo discueo signin ter paler sobre 0 pie woe quer que a histor sea, erm vez de aceita 0 que outa pesos di2em que ela ‘em conseqienc, sso voto poder a voce, e no a essa outs pessoas. De moo semehante, a expresso " cliscrso da hist Spica que, om vez de consideramos a hisria uma materia ou cpl (palavas da vida escola que fazeat pensar que simples mente aprendemes algo que ses Wide sigur nareia natural 0 Sbviae qual reagimos de modo iocente, objetivo e desapaiaona- o, na realidade, vem ahistra como uns “campo de fore — una Série de manele com «ue as partes intecessadas organiza 0 pas sado em prcl de al estas. Ta re seme surged alga hogar ‘com algum propésito, e ela gostria de areginenar voc na dive {$0 disto-o8 daquilo,Tat-se de um campo de for porque nele ‘esas diegbes sho contesiads (sea, s80 meivo de dpe) & lum campo que incu e exci dversamente, que centrae magi liza visdes do passado em graus e miners que relratam os poderes dagueles que a8 promovemn. Por Consepuinte, 0 uso do temo “ais 109 cus indica que sabemos que a bisa manca 6 96 ea, nunca & Forme ou intexpretida inocetementee sempre serve alge, te texto opess com base no pressuposto cle que esa cent disso pode tlvez outona poder e, portantn, stare de ume coisa bea. DObservagio’ esst mann ce ust 6 Fevos ndo € 2 Mes ex posta por tayden White en Bape lacs, S30 Paulo, Edusp, 1994, ve em especial a fnxouigto, que tata da Lerninologa € bate PE HL Car, O que ¢a Histria’, Grads, 1986; G. Eton, The practice of bsory, tendon, Fontana, 1969; A. Marwick, The nature ‘op bistny, London, Macalan, 1970, "Ton, Toe punt of story, Lonxlon, Longman, 1986 “Por exemple. R Rony, Philosphy andthe mirror of rater, Oxfon Blzckvel, 1980,RRonty, Ctngencia,toniaesolidarie- dla, Prsenga, 194, T. Cagle, Lateray theo Oxford, Mackwel, 1985 J ron, ara and derary story, Came (Mass), Harvard University Press, 1986; D. Bromvich, A choice of torte, Canoe (Miss, Harvard University ess, 198. "P.Geyl, Debtor nas Dasoriany London, Fontana, 1962; 1 Iles, The bisorian raf, Manchester, Manliester Univers res, 1956 loniginal:lpalgie pow Eisoire on mdr dhisoren, 1ST, R Collingwoad, The dea of bsiery, Oxo, ot, 1987; C. Gordon (ee), Powerdnowiedge, New York, Pantheon, 1980 (que waz ma. ‘eral de Foucaul. A Calinicos, Making bitory, New Yo, Comell Univrsy Press, 1985, Oakesiou, On burrs, Oxon, Backwel, 1983; R. Cartes, tual story, Oxford, Poy, 1968; 8. Nong, Natureand culture ‘mn Westen dcouses, London, Routledge, 1999; E. Wolle, Europe ‘and he peep without hor; London, University ef Cbfoena Press, 1982; M. Bexman, Tudo que é slo desmancba no ar, Sio Paul, Compaahia das Letras, 1988, I. Hassan, "The culture of post ‘modernism’, Thor, Cure and Socio, 2,3, 1985, 11932 ®.G, StclmanJone, “The povety of enprcian’ cm R Blackburn (Go), hlegy season tendon, Fontana, 1972 8 Smde “Gred rauratves’, Hory Welsh Journal 2, 950, D, Cannio, “Bah History: po, presenta Rare”, Past aud Present 116,167; Packer, ‘he Bighnh atercal radon spice 1850 EAeburgh, Dos, 1960. + sso no signi dae que io se deva eta cOnscio do per gods posse sboainagae da bistro imperial ero ‘Fe Benne, por exempo: 0 conspecto do pasado com texto ifite que 20 se poe inceszntcmense etextalzt consist em {rnsen pan o pasado o objeto cos procenntes da eras. ‘Nlteralingno do passa € algo que recismos conser una tetatvs de exe 0 dino ds prop rege da verde da thera pa oops CT Benne, Ouse Meranve, London, Rented, 1990 p28, Asin, una incursd0 conecteme contr, fos procedimenrosda Meat, see iando neces, et mais a Os eaptls ara cuts pr vas be, principal fol carter inode epolnicn dotexto, oque signin que no the propas apreset ina coher eral (oomo, por exetmpo, 4 Se Harwic, op. cit), em vex dis procure anger este IWto- Sraumentorneodutto cto o sufcente para que foe ldo de tims ou dus stad asin, ponder de wna ver $6. Devo tami dace oe tote fact deste ent nan ale de ico iitic, Estou dente a nec pea qt sipliiquel Seas ompleras (pr exemplo, stra do ps moderns) as mes ‘bjt fot exporapdamcize os spumentoee depois nica hots de rape abordagene nis uti estislenlas. Em ontas pslavas, totes leva lest de alguns textos que ul! "nos Teaudores, a6 mean tempo que manna 2 mao dels fora dotwro 0 QUE E msTORIA? "1 Surtock, Smctualiom, Londen, Paladin, 1986p. 5. 2 Vide, por exempl, 0 pesilico hitinica Mivory and Gender (publicado pels Blackwell, que teve inicio em 1989, V. Seiler, Rediscovering masculmity, London, Rowedge, 1989, F Showcaher, Speaking of gender, Lodoo, Route, 1939 Sobre a relagio enwe hiséria€ fico, vide H. White, The Ietido 0 capitulo 4H. White, Tepices do ascurs, Sto Paulo, usp, sabetiloo capitulo, As fegoes da epeesentagao factual 'D. Lowenthal, Tee past is a foreign country, Cambrilge, on, 1985, sobretdo o expt 5 5, Giles, “Against interpretation", The British Journal of Austbiies, 28, 1, 1968. Michael Oakeshot, em On bisory, Oxford, Blackwell, 1983, apresenta um argument sar, embora Form lado por motivos muito diferentes, Para Oakeshot, um passado comprecndido historcamente € 3 conclus3o de cero tipo de n- vestigaao erties, "36 encontadiga nun ivro de histea. [a Istria € {J uma investigagdo 1 qual 0s vestiglos autentcados ‘do pass se cissolvem em seus tags componente, afm de see tusatdos pelo que valem como provis creunstanctis com que se possa infer um passado que m0 percarou; um passado compos- {o de passigens de acontecimentos histrcos iterelacionados [UF reumides como respostas a pergunts sobre 0 passado for ‘mulls por bistoiadores (p33) “Lowenthal, op. ct, p. 216 > George Siciner, fer Babel, Oxford, cur, 195, p. 234 Lowenthal, op. at, p21 Ibid, p. 218 G.lion, The practice bistor, Loto, Fontana, 1999, p70, nes. "EP. Thompon, A miséria da tort, London, Metin, 1979, p. 95 "A. Manwick, The manure of history, London, Macaulay, 1970, p-187, 90 2D. Stet, "New hisony’, History Resource, 2,8, 1989 "JHE Pha, Toe death of the past, London, Macnilan, 196, ". Wig, On lingo aro county, London, Verso, 1985 Um trtanento mals completo dessestipos de prea pode ser encontato ct. Snort, The nature of bitorical wale, Onfow, Blickwel, 1986, sobrewlo do capi 4 em diate "ie Scholes, Testual power, London, Yale Univesiy res, 1985, m ‘Eagleton, Criticism and ideology, London, New Le Books, 1976; 5. Fish, fr tbore a tet 6 tis clase, Cambridge (Mase), Harvard University Press, 1980, 7 Bennet, op. ct Essa defini lembrsaquela 2 qual John Pow, Marxism and tera bsiory, Cambridge (as), arvard Univesity Pres, 1986, chega para a erature. Segundo Prow, Meratura"designa um con” junto de pics para signage que foram soclmente sistema das como unidade e que, por sua Ver, egulam a producto, recep- {0 e exculagao de textos Jestnados a esa categoria. Porno, ela onsttul ua forma em comum de extualidade para texios formal e temporalmente dspares, mito emora esse espace comparilhad posta estar cindido por regimes antagonicos de sigiiagio, comes pondentes te diferentes posigdes de clase Cou de raga, sex 08 Feligito)e ds diferentes bases insitucionais clas" (p. 8, ALGUMAS PERGUNTAS F ALGUMAS RESPOSTAS * George Steines, Real presences, Lon, Faber, 1989, p. 71 2 ibid 2 Michel Foueaul, 4s palaras eas cossas wa arquvctegia das cséncias bumanas, rad. Salma T. Mucha, Antonio Rann0s Resa, Ro de Janeivo, Maitins Fontes, 1981, “Velie”, p. 3 ‘steiner, op. cit, 9. 93-5 Rony, Contngéncia, ronuaesoldaridade,Presens2, 1994, 3. Michel Foucault. “Verda e Poder" io de Janeiro, Gral, 1979, pp. 1214 "G, Sener, dfler Babe Oxford, ov, 1975, 110. * 6 claro que, neste texto, ea no nego que o passado teaha existido, mas apenas que, pea logiea, ese pasado mo tem como caret ua, eapents una, avaliago de i mesmo (vide «dist {0 ene flo e valor que, nuito obviamene, aceita a existéncls Se “ats. Tampaico nego que tenn “verade” tela sige ado literal em cetos discuss, como um “efeto da verdade" Mis, assim como “verdad” € um fermo que se aplica somente 3 ‘nunciados em contestosanalitcos (por exemplo, oa logic ded Microfsica do Poder. a tia) ¢ mio 0s contests mais amplos dos quais os enuncados sto apenas uin des tips de consiruto lingo, assim tanbem os Iisoriadores, envolvidos como esto nesses arguments Gnterpre- tages) nae amps, no conseguem refene-se tis argumientoa/ lnterpretagdes como verdadeios. Ald, &conasenso falar de "mn texpretagho verdadela". Sobre iso, vile Oakeshott, On bastory, ‘Oxford, Blackwel, 1983, p. 49 passim, © FR. Ankersmit, “Reply to Professor Zagotin’, History and Theory, 29, 1990, 27596. Vide igvalmente 05 anigos que suscitram aquele antigo de Ankersmit: FER Ankersmi, “iistrlography and post modemnism”, Msoryandt ‘oeor, 28, 1989, 137-53, € P.Zagorin, “Historiography and post- Inovlernisny recoasiderations, Asiery and Theory, 29, 1950, 263 Fh Vide tambem R. Rorty, Consequences of pragmatism, Minneapolis, University of Minnesota Dress, 1982, eH White, Tr- {004 do dacurso, 520 Paulo, Edusp, 1994. he Skidlsey,°A question of wakes’, The Times Educational Supplement, 2751988. Sls € um desses histriadores que pares ‘em acedtarque diferentes intepretgbes de um mesmo conjanto We scontecinentos so resto de dtorgbes feologias ou aos inadequndos. De fato, cl afta que, se apenas nas absivéssemes da cologia nos manivéssemos fies 20s ftos,havera de sug cen confecimento, Bas (conforme White argument, no registro brio fo pssido ena rdnca dos acontecimenics que 0 histotador ext aquele regsto, os ftos 26 exitem como amontoades de fragnen- tos eomigvanente reliionados que entio preciam sr organizades Inediante alguna matte que possiblite iso. Tal coisa no seria now ‘ade para muitos historiadores “se 120 esivessem cles to Fetchisicamerte enamonades d1 noc de ‘as’ e no fosem to congéitarerne hoc 4 tec, deforma tal que a presenga uma ‘bra historic de uma toda formal para explcar a rela ene os fatos eos concete € sufente para aubublasa responsible de ‘erdavertado para a menospeezada socologie ou escomegado para a ‘eta floss da his” (White, op. ct, p. M2). " Grande pate deste argument foi extrado de K, Jenkins eP Baickley, “On bias", History Resource, 2 3, 198. "0 dmago deste segmento for extaido de X. Jenkins e ® Dackley, “On empathy", Teaching Histor, $4, Apr 1969. Mu 1 whngensein, Piosopca!neeagarions, Oxo, Blackwel, 1983 leita: Phitsophische Cmuestcbusneom 1953), 0. R Jones ‘The private language argument, London, Macivilln, 1971 Steiner, Afler Baba, p. 1346. bid, p. 138 ' Eagleton, Critcuon and ideology, Lonion, New Lett Books, 1976, p.3. "8 Steiner, Afler Babel, p18, R.Barthes, “O discutzo da Historia, in: © rumor da tngua, Basiense, 1988, p. 154. Como jf vimos neste segmento sobre prova/conoboragao, parecer de Elton contara tanto o cle Barthes ‘quanto 6 neu; Bon fila de um “massa dle ftoshistoricos”e €a ‘quase nio-probiemaica “elaborag20 cumulativa de conhecimento| Seguro tano dos Fates quanto das interpretagoes" (G, Ello, Toe practice of bistory, London, Fontana, 1969, p. 84-5). Vide também ‘0 que M. Stanford dia sobre a prova/eorreboragio e a elaboragan Iistoicas em The nature of bsorial krotcledge, Oxford, Blackewel, 1986, sobeetudo no captlo 5. ide White, ope, p52 1 Eagleton, Literary theory, Oxford, Blackwel, 1983, p. 201 » Para uma liu invodor sobre histria e cénci, vile P. Gardner, Teorasda Hist, Ustoo, Ponda Calouste Gulbenkian, 1995, * te sepmento se basela em White, op. cit, eobretude no capitulo 1, "O fad a Hist" "ibid, p40 2 HL White, The conten ofthe forbs, London, Johns Hopkins Univesity Press, 1987, p. 227, nota 12. white, Tripcas do discurs, pp. 59-60, CONSTRUINDO A HISTORIA NO MUNDO POS-MODERNO 4 A. Calinicos, Again post-modernism, Oxford, Poy, 1989. 2-8 Lyon, Opes madero. Rod Janek, ost Oyo, 198, * Bos paste deste relato € usada em K. Jenklos P. Brichley, ‘Always hisoncse.", Teaching History, 62, Janwary 1951, para cexplicir cusriculo escolar de histéia adds no Reino Unido (o ‘National cunicusum schoo! ston). “Vide G. Seine, In Bluebward’s case, London, Faber, 197, sobyetudo 0 capita 1, “The Great Eom SIF Lyotar, Time wey", The Oxford Lterary Review, 11,1 2, 1989, 3-20, ma p12. +. Jameson, “Postmodernism, of, The cukual loyic of late ‘opialisn’, New Lf Reve, 145, 1984. Vide ann P Dews (ed), ‘Habermas: autonomy and solidariy, London, Verso, 1986. * steiney op. tp. 66 * Vide Callnicos, op. ci, sobveudo 0 capitulo 5, "So what else is new, p. 121 ° Para ta visio geal do pés:modernismo, vide D. Harvey, A ondigo pos-moderna, Sto Paul, Loyola, 1999 * Calinieos, op. cit, p18. 81 ony, Contingency, tony and solidarity, Cambie, cur, 1989, sobre s Invodugi0. 1p Widdowson, "The creation of a pas’, The Times Higher ‘ducati Supplement, 318.199). Ve aun Ut Wklonson (el), erreading English, London, Nethven, 1982. widdowson, Te Times Higher Blucation Supplement Vide em especial T. Bennett, Oulsde Bteratue, London, outage, 1993, sobeetodo os capiulos 3 Clterstaerbstory” « 10 Cats and pedagogy: the vole oF ihe ltery neta) 0s argumentos de Bennett em peo! de certo pés-marxism e para lem da dsputa com © pos modleroismo sio interessante e 1 Pettingncis no que se rele & "nareza da histor, pois Bennet fe debate com 0 passacknconstauto-discusivo mis, mest tempo, dese que eave pasado de algurn modo inpesa too pO 1 pica dscriva que se apasie dee 3 ontade. Par i en tau de produair uma forma de solidaiedade que accite a oprevisiblicade, 2 wont © a Hhenlade © ainda asin procure opedie que bso se tonne tw “whol, wide também 1 obra liberal eahente beanie ke Rony 16 "Young, Unying te te, London, Rowledge and Kegan a, 1981, pm wana una expose cites ampl € esate ds fas ogoes de derocrcnexpaingto soca enporermend nar Thente ecnuncpago vie Benet, op ck, cpiwlos 9e 10 ide {Ini 2 sbordagen’ decom pormancsn Je © Moule e {iciu em segomany and sci srate, London, Vero, 1985, foe Denne arasy no capitulo I, spotundendo a problemi ES sodedade” na demonic, quests ques anal de sage nee ro Pr Sore so, vie 0s comenrios de White de que, diferente nerve do presiposo veces de ge a Hit emp € 0 nce sco a reside ov andes Maar da tia Cc, feel Mae Neste, Gorse as panies aoe cisco do hitonbga ihe, Cae Ranks, Drojsen, BurekbnlD plo ‘tenes “nfm sioconsclenci rte que hes permit. later que qualquer conn deffo et eat varias treme, ction ieinnnente weno ese ns cis de a ca desergecontta de slr cit, combate na 3 por Snuleqyenement nes uma inerpetago des cot ese Sntecom, cm sums, qe as a Gesiges ong 1 380 ferpreaybe” CW Whe, Pics dd, to Paul, Eh, 19h. 14 TOP het, Te rng of te trap, tondon, Penguin, ws uw indice remissivo Iarties, Rolin 9268, 105 Henne, Tey $0, 104 och, axe 19| Caloicos A. 19 Canine, David 19 {Gt El Hl 17, 8682 ‘ouside 8 7 Calne KG. 8,74 Tiss 310 Conve, Thomas 7-72 agkton, Tey $0, 86 hon, Gene 17, 35,51, 72, mba maa 6078 epitenologa 3035, 42, 451 fos, iterpaacto dos 50.57 Fh 5.50 Fontes prinsias 7.83 fontes secundcs 73-85 Foust, Michel 18, 5759 (Gey, cer 18 ies, Sven 32 isi, defini dy S152 como canta feu ae 57.89 Istria 25 Hdologa 39-42, 451 Lowenthal, Dail 31-34 yor, Jean rangi 4 ne Marwick, Abe 17,3637 Inaraismo 59, 6546, 84, 8889, 95, 99, 106105. ‘narra feinsts 6 tretanai 34-100 retin 2930, 3558, 42, 6154 Ii Job Sie 96 Oakes, sical 19,36 (Orel, Gauge 31,41 paride 55.68 pveartenionhatoriogiion ‘Gauss e efi, semana e ferns ec) 8387 Paka Cui 19 ssid esi, ding eee 25:30 Pano 5555, Mn, FH pos modems 20, 9-108 feita/prsie 43 et, Pip 107 Nowy, ha 58,100 Sel, Hapoel 19 Stoke, 50 Sst, Rober 61-64 Seine, Geunge 57-58, 61,79, 7,99 too 25 43 ‘Thompson, Edward Pair 37,79 ‘Tosh on 07 verde 5459 White, Hayden 18, 890 widlenon, Pace 102104 Wh atch 4 Young. be 106 bo

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