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EMILE BENVENISTE PROBLEMAS DE LINGUISTICA GERAL sadugzo de MARIA DA GLORIA NOVAK 1976 COMPANHIA EDITORA NACIONAL EDITORA DA UNIVERSIDADE DE SAO PAULO CAPITULO 21 da subjetividade na linguagem*? Seatingugem & como di insrunsto dcomuncai, a qu ive ds popcaie?h pergun poe surrerne foto idole pce urinario, mar Io ves ak poe kl ut hun Dae te ten call nezvamen no Spl Une sma cng fags sn dia ences deft unin emprepd Port She para comumiare ao equiva comprar © qu en sumer Porm amin par om apo chet ngeage epee peites ia que toma Spa corde trumeate prsteses tans ee coo =a coan tae pee an ths ore interocor om comporaments cada er adoqode Axe titamon dsrotvendy esi sob vn pte mai en, the comporaneno ds Inguges wie emo ea stem termes deem rept de dee sant peleatter maa earumetal Jc gua, Sel etme Us nina gue a ag? oem confardin com 0 ano? 55 ropomoe 9 dso como tInpsgi ott mn cpeemsiimese tie pues fase pte Gor sab a couftio un pate de rcp, ua ee q&a tics dese “ntrumena Se cpa pes sso com “Girunen" Quanto a papa de tania dsempenads Jet ining, bo polemor dear de ere det le, 21, Jade ppc, jst 1958 PER 24 que esse papel pode caber a meios nio lingisticos ~ gestos, mimica — e, de outro lado, que n6s nos deixamos enganar fr Jando agui de um “instrumento”, por cetos processos de tan missdo que nas sociedades humanas S20, sem exceg2o, posterores 8 linguagem e the imitam @ funcionarsento. Todos os sistemas de sinas,rudimentares ou complexos se encontram ness eas. [Na realdade, a comparagéo da linguagem com um insteu- mento, e & preciso realmente que soja com um instrumento rate rial para que a comparacio seja pelo menos inteligive, deve enchet-nos de desconfianca, como toda nocd simplista arespeito| da linguagem, Falar de instrumento, & por em opasigdo home fa natureza A picareta, a flecha, a rods nio estio na natureza Sto fabricagdes. A linguagem est na natureza do homem. que ‘lo afabricou.Inclinamo-nos sempre para a imaginacio ingénua ‘de um periodo original, em que um homem completo descobriia um semethantejgualmente completo e, entre eles, pouco a pouco, se elaboraria a linguagem. Isso & pura fiecio. Nio stingimos nunca © homem separado da liguagem ¢ nio 0 vemos nunca inventandoa. Nao atinginos jamais 0 homem reduzido 2 si mesmo € procurando conceber a enistincia do outro. E um hhomem falando que encontramos no mundo, um homem falando ‘com outro homem, ¢ a linguagem ensina a propria definiglo do homem. Todos os caracteres da linguagem, a sua natura material © seu funcionamento simbslico, a sia organizagio articulada, © fato de que tem um conteido, ja so sufeientes para tornar suspeta essa assimilaco a um instrument, que tende a diso- iar do homem a propriedade da linguagem. Seguramente, na pritca cotdiana, 0 vaivém da palavra sugere uma (roca, por- fanto uma “coisa” que rocariamos,e parece, pois, assumir uma fungio instrumental ou vecular que estamos prontos a hiposta- siar num “objeto”. Ainda uma vez, porém, ese papel volta & pala, ‘Uma ver remetida& palavra essa fons, podemos pergun- tarnos 0 que a predispunha a asseguecla, Para que & palave segure a “eomunieasio",€ preciso que esteja tbilitada a iso pela Tinguagem, da qual & apenas a atulizagio. De fato, & na linguagem que devemos procurar a condigo dessa aptio. Ela 2s reside, parece-nos, numa propridade da linguagem, pouco visivel sob a evidénca que a disimula, e que no podenos ainda carac- teriar 4 nto ser sumariamente E na inguagem e pela lnguagem que o homem se constitu como myjeto: porque sb a linguagem fandamenta na realkdade, fa sua realidade que € a do ser, 0 concaito de “exo” 'A “subjetividade” de que trtamos aqui &a capacidade do locutor para se propor como “sujeito™ Define-senio pelo sei mento que cada um experimenta de ser ele mesmo (ese sent ‘mento, na medida em que podemos consideri-le, nio € mais ‘que um refleo) mas como a unidade psiquica que transcende 1 tolaldade das experincias vividas que rene, e que assegura 4 permangncia da conscincia, Ora, esa “subjetvidade", quer a ‘apresentemos em fenomenologia ou em psicolopa, como quisr- ‘os ndo & mas que a emergéncia no ser de uma propriedade fondamental da linguagem. E "eg0” que diz eyo. Encontramos ai (9 fundamento dt “wubjtividade” que se determina pelo satus Tingisticn da "pessoa" ‘A conscitnia de si mesmo 56 € possivel se experimentada por contraste. Eu no emprego ew nio ser diigindo-me a fAlguém, que seri na minha alocugio um aw. Essa condigdo de illogo & que é constitutiva da pessoa, pois implica em recipeo- tidade ~ que eu me tome 1 na alocucio daquele que por sua ver se designa por ev. Vemos ai um principio cujas conselin fas € preciso desenvalver em todas as diogdes. A linguagem 36 & possivel porque cada locutor se apresenta como sujet, remetendo a ele mesmo como ew no se0 discurso. Por iso, ev propie outa pessoa, aquela que, sendo emibora exterior a "mim, fomna-s 0 meu ceo — do qual digo 1 e que me diz u. A pole. ridade dis pessoas & na linguagem a condizio fundamental, ‘hip processo de comunicaco, de que partimos, apenas ums ‘sonseqhéncia totalmente pragmatic Poaridade, lls, muitos ular em si mesma, ¢ que apresenta um tipo de oposigho do qual Ilo se encontra © equivalente em lugar nenhum, fora da lin- uagem, Essa polaridade nio significa igualdade nem simetria fyo tem sempre uma posio de transcendéncia quanto a tu; fpesar disso, nenhum dos dis termos se eoncebe sem 0 outro sto complementares, mas segundo uma oposigio “interiorjexte- 26 0 mesmo tempo sfo reversives, Procure-e um paralelo paraiso; nfo se encontrari nenbum. Unica & @ condicio do hhomem na. lingusgem, ‘Caem assim a6 velhas antinomias do “eu” e do “ovtro”, do individuo © da socisdude. Dusldace que € ilegitino e erréneo reduzir 4 um s6 termo original, quer esse termo tnico sea 0 eu, que devera estar instalado na sua propria conscéncia para abrir-s entio & do “proximo”, ov sj, to conteiio, a sociedad, ‘Que preenisiria como totahdade ao indviduo e da qual este x3 Se teri destacado 8 modida que adguirisse a conscincia de 81 mesmo. F numa realidade dilética que englobe os dois termos © 0S defina pela relagio mitua que se descobre 0 fundamento Tingistico da subjeividade. Teri de ser lingstco esse fundamento? Onde estio os situlos da linguagem para fundar a subjtividade? ‘De fat a linguagem corresponde a isso em todas as suas partes. E 120 profundamente marcada pela expressio da subje- tividade que nbs nos perguntamos se, constrida de outro modo, podria ainda funcionar e chamar-se linguagem. Falamos real: ‘mente da Finguagem e mio apenas de linguas particulates. Os fatos das linguas particulars, que concordam,tstemunham pela Tinguagem. Contenta-nos-emos em citar os mais aparentes, Os prépros termos dos quais nos servimos aqui, eu, ¢ 1 rio se dever tomar como figuras mas como formas lingistcas {que indicam a "pessoa". FE notivel ofato — mas, familar como quem pensa em noticlo? — de que entre os signos de uma Tingua, de qualquer tipo, paca ou regio que ela sea, no altar jamais 0s “pronomes pessoais". Uma lingua sem expressio da pessoa € inconcebivel. Pode acontecer somente que, em cetas Tinguas, em certas circunstincias, esses “pronomes” sejam deli- ‘peradamente omitidos; € 0 caso a maioria das sociedades do cextremo orient, onde uma convene de polides imple 0 em- ‘rego de perfrases ov de formas especiais entre certos grupos e individvos, para subsituir as referéncias pesoais dirctas Fsses usos, no entanto, no fazem mais que sublinhar 0 valor ds formas evitadas; & a existénci implicit deses pronomes ‘que dio seu valor social cultural aos substitutos impestos polis rege de clase 27 (Ora, esses promomes se distinguem de todas as designagies ‘que a lingua articula, no seguinte:ndo ematom nem au eonced hom «um indi, io hi conceto “eu” englobando todos os eu que se enun- clam a todo instante na boca de todos 0s locutores, no sentido fem que hi um conceito “irvore” ao qual se reduzem todos os tempregosindividuais de dreore, © "eu" no denomina pois ne- hima entidade lexical. Paderses diver. ent, que eu se relere 4 um individuo particular? Se assim Fosse, haveris uma contra ‘diglo permanente admitida na linguagem,e anarquia na pric: como € que © mesmo termo poderia refrirse indiferentemente qualguer individvo © a0 mesmo tempo idenifici-lo na su partculridade? Estamos na presenca de uma classe de palavras, (0 "pronomes pessoas”, que escapam ao satus de todos 08 outros ‘ignos da linguagem. A que, entio, se refere 0 eu? A algo de muito singular, que &exclusvamente lingistica: ew se refere a0 ato de discurso individual no qual & pronunciado,e Ihe designa © locutor. F um termo que mio pode se idemifiado a no set dentro do que, noutto pass, chamamos uma instancia de dis ‘uso, que stem referencia atual. A realdade& qual cle remcte 4 reaidade do dscurso, E na instineia de diseurso na qual eu designa o locutor que este se enuncia como “sujeito™ E por tanto verdade ao pé da Feira que ofundamento da subjetividade ‘tino exerci da lingua. Se quisermos refi bem sobre iso, ‘veremos que no hit outro testemunho objetivo da identidade do stjeito que nto sea o que ele da assim, ele mesmo sobre si mesmo. ‘A linguagem esti de tal forma orgunizada que permite 3 cau locutorapropriar-se da lingua toda designando-s como (Os pronomes pessoas sio 0 primeiro ponto de apoio para essa revelagdo da subjtividade ns linguagem, Desses pronames {dependem por sus ver outras classes de pronomes, que part pam do mesmo status. So 08 indicadores da deies, demons: teatives,edvérbios, adjetives, que organizam as rlapbes expects € temporais em tomo do “sujcto” tomado come ponto de ref reocin’ “isto, aqui, agora” e as suas numeronas corrlagses “iso, fontem, no ano passado, amanhi, ct. Tém em comum 0 trago ‘de sedefnirem somente com relaglo instanca de discus na qual ‘lo produzidos, isto € sob a dependéncia do ew que a se enuncia, 289 E facil ver que © dominio da subjtividade se amplia ainda deve chamar a sia expressio da temporalidae. Sja qual for © tipo de lingua, comprova-se em toda parte certa organizagio Tingistca da nogio de tempo. Pouco importa que essa nosio ‘se marque na fledo de um verbo ou por meio de palavras de ‘utras clases (particulas, advérbios, varagies lexical, ete); & problema de estrutura formal. De uma ov de outra mancira, tama lingua distingue sempre “tempos; quer seja um pasado © um futuro, parades por um “presente, como em francés: fou um prescatepassado oposto um futuro, ou um presente futuro distinto de um passado, como em diversas linguas ame lias, podendo essasditingdes por sua vez depender de vaiagSes de aspecto, ete. Sempre, porém. a linha de partcipagio € uma referéncia ao “presente” Ora, ese "presente", por sua vez, tem como referneia temporal um dado lingistico: a coinedencia do acontecimento deserito com a instincia de discurso que © sereve. A marca temporal do presente s6 pode see interior a0 discurso. O Dictionnaire général define o presente como “o tempo do verbo que exprime 0 tempo em que Se est", Devernos tomar euidado; nio ha outro eritério nem outra expressio para indica "o tempo em que sees” sno tomalo como “o tempo fem que Se Jala". Ese & 0 momento eternamente “presente, embora no se rfira jamais aos mesmos acoatecimentos de uma cronologia “objetiva™ porque & determinado cada ve7 pelo lo- ‘lor para cada wma ds instincts de scars referids, O tempo lingistico € su-referencial. Em thtima analise, a temporalidade humana com tado seu aparata lingisticn revel a subjetvidade Inerente 20 proprio exerccio da linguagem A linguagem &, pos, a posibilidade da subjetvidade, pelo fato de canter sempre as formas lingsticas apropriadas & sua expressio: © 0 diseurso provoca a emergéncia da subjetividad, pelo falo de consisir de instincias diseretas, A linguagem de algum modo propse formas “vazias” das quais cada locutor em cexercicio de dscurso se apropria eas quas refere& sua “pessoa”, definindo-e a0 mesmo tempo a si mesmo como eu © 8m Par teiro como fi. A instineia de diseuso & assim constitutive de todas as coordenadas que definem o suet e das quais apenas designamos sumaramente as mais aparentes. 29 A instalago da “subjetividade” na linguagem eria na lin: guagem ¢,acreditamos, jgualmente fra da linguagem, a categoria ‘da pessoa. Tem além disso efeitos muito variados sobre a propria estrutura das linguas, quer seja ni organizago das formas ot nas relagdes da signfcagio. Aqui, visamos necessariamente lin ‘guas partculares, para ilustrar alguns efeitos du. mudange de perspctiva que a “subjetvidade” pode introdusir. Nao saber mos dizer qual €, no universo das linguas reais, a extensio das particulardades que asinalamos; no momento, € menas impor tance delimiticas que faé-las ver. O francés di alguns exernplos sob medida De maneira eral, quando emprego 0 presente de um verbo de iets pessous (segundo a nomenclatura tradicional) pareve que «8 diferenga de pessoa nfo ocasiona nenhuma mudanca de sentido na forma verbal conjugada. Ente je mange e tx manges © i mnie [= "ou como e tu comes ele come"), hi de comum e de cons tante 9 fato de que a forma verbal apresenta una descrigio de uma agio, atribuida respectivamente, e de mancira xléntica, a veu",a“tu",a "ele" Entre je sour eu sures else [= "et soffo e tu sofres¢ ole sofre], hi paralelamente em comum a descrgao de um mesmo estado. Iss0 dit a impressi0 de uma evidénea, jt implicada pelo alihamento formal no paradigm ds conjugagto. ‘Ora, inimeros verbos escapam a essa permanéncia do sen- tido ns mudanga das pessoas. Esses dos quais vamos trtar de- notam disposigdes ou operagdes mentais. Dizendo je soufre [= “eu sofeo"], descrevo 0 meu estado presente, Dizendo Je sens (que le temps va changer) [~ “sinto que 0 tempo vai mudar”), sdeserevo uma impresszo que me feta. © que asontecer, porém, sem vez de je sens (que le temps wa changer) eu disses: Je croix (que le tmps ta changer) [= “eteio que 0 tempo Vai maida ‘A simetsia formal € completa entre je sense je cros. E quanto 0 sentido? Posso considerar ese Je rols como uma deseriia dde mim mesmo tanto quanto je sens? Seri que me descrevo “erendo” quando digo je cris (que..)? Seguramente que nico. A operasio de pensamento aio & absolutamente 0 objeto do ‘enunciado; je eros (que) equivale @ uma afiemagdo mitgada, [Ao dizer je crois (que) converto numa enunciagio subjtiva 20 © fato asseverado impessoalmente, isto & le temps va changer, aque & a verdadira proposigo, CConsideremos agora 0s seyuintes enumciados: tous étes, “je suppose", Monsieur X... — “Je présume™ que Jean a res ma letire ~ ila quite Phil et“ concls” qu'il ext qué [= "O seohor & suponko, 0 seahor X... ~ presumo que Jean recebew ‘minha carta ~ ele deixou © hospital, donde concuo que est curado"]. Esas frases contém verbos que slo verbos de opera $0, supposer, présumer, concare, igualmente de operasbes 16 ‘cs, Entretanto supper, prémer, conclare postos na primeira se comportam como, por exempo,rasonner,reflchir ].que no entanto parecem muito vizinos. [As formas je raisonne, Je riéchis me deserever raciocinando, refltindo. Totalmente diferentes sio Je suppose, je préwume, je ‘onelus. Ao dizer Je conclus (que.., nio me descrevo ocupado fem conclu; qual podera ser @ atividade de “vonclre™? N30 me represento suponda, presimindo quando digo je suppose, résine. © gue je conclu india & que, da situagdo apresentad tiro uma relagdo de conclusio que toca um fato dado. E essa relagiologica que esti instaurada num verbo pesca. Hgualmente Je suppose, je présume estio muito longe de je pose, je réswne ‘proponho, resumo"]. Em je suppose, je présume, hit uma tude indicada, no uma operagdo descrita. Quando incluo no ‘meu dscurso je suppose, je présune,implico 0 fato de que tomo cera atitude quanto ao cnunciado que se segue. De fato ji se tera fobservado que todos os verbos citados esto sepuidos de que ‘© ua fhoposigo: esta € o verdadeiro enunciado, no a forma ‘verbal pessoal que governa, Em compensagao, esa forma pessoal & ses pode dizer, 0 indicador de subjetividade. Did assergion due segue 0 contexto subjetivo ~ diva, presuno, inferéncia proprio pura earacterizar a atitude do locutor em face do cenunciado que profere. Fssa manifesagio da subjtvidade 36 {em relevo na primera pessoa Nio se imaginam verbos seme: Tantes na segunda pessoa senio para retomar uerbatim uma argumentagio — tw supposes quil et parti [= “supBes que cle party] — o que € apenas a mancira de repetir 0 que 0 “tu” acaba de dizer: "Je suppose quil est parti”. Suprima-se, porém, ‘a expressio da pessoa deixando 6: il suppose que... e, do 21 Angulo do ev que a enuncia, niio se tem mais que uma simples comprovasio. Discernitemos ainda melhor a natureza dessa “subjetividade” ao considerarmos 0s fits do sentido produzidos pela mudanga as pessoas em certs verbos de palavra. So verbos que denotam pelo seu sentido um ato individual de alcance socal: jer, po- ‘metre garanur, certifi com varanteslcucionais como sengager 4. se fare fore de... [= "jrar, prometer, garani, certifiar: alistarse, empenharse em”]. Nas condigies sociais nas quais lingua Se exeree, os atos denotados por esses verbos sio olha- os como consirangedores. Ora, aqui a diferenga ente a ent ciagio “subjetiva” © a enunciagio “no subjetiva” aparece em plena luz, dele que se tenha percebido a natureza da oposigao entre as “pessoas” do verbo. E previo ter no espirito que a “ter xia pessoa” € a forma do paradigma verbal (ow pronomins {que ndo emete a nenhuma pessoa, porque s efere a um objeto colocado fora da alocucio. Entretanto existe 56 se earacteriza por oposigh & pessoa do loeutor que, enuneiandon, sta como “nio-pessoa”. Esse & 0 seu status A forma ele. tra 0 Seu valor do ato de que faz necesariamente parte de um discus0 enunciado por "eu" ‘Ora, je jure & uma forma de valor singular, por colocar sobre aquele que se enuncia ew a reaidade de um juramento Bsc enunciago & um cumprimento*jurar” onsite pressamente ‘na enunciagdo ew juro, pela qual 0 Ego esta reso, A enunciagion Je jue 0 proprio ato que me comprometc, nio a descrigio ‘do ato que eu cumpro, Dizendo je promets e grants, prometo « garanto efetivamente. As conseqiencias (soca, juridicas, etc) do meu juramento, da minha promessa se desentolam a partir da instincin de dscurso que contém je Jue, je promets. A enun- cago idemifiea-se com © proprio ato. Essa condieio, port, nila se di no sentido do verbo: & a “subjetivdade” do discuso due a torna possvel. Pode ver-se a diferenca substituindo-se je jure por il jure. Enquanto je jure € um eompeomiss, i! jae © apenas uma deserigdo, no mesmo plano de il ow, 1! jane '="ele corre, ele fuma"]. Vése aqui, em condigses proprias tissas expressdes, que 0-mesmo verbo, segundo tej assumido or um “suet” ou esteja colocao fora da "pessoa, toma wm » valor diferente. E uma conseqiléncia do fato de que & propria instineia de discurso que contém o verbo apresenta 0 ato, a0 ‘mesmo tempo em que fundamenta 0 sujeita, Assim, o ato & cumprido pela instincia de enunciagio do seu “nome” (que & Juran, 20 mesmo tempo em que 0 sujeito € apresentado pela Instincia de enunciagto do sev indicador (que & “eu”? Muitas nogies na lingistica talver mesmo na psiologia, parecerdo sob uma luz diferent seas restabelcermos no qua- tro do discurso, que & a lingua enquanto assumida pelo homem {que fala, e sob a condigdo de intersubeedade, nica que torna possivel a comunicacio lingistica. 3

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