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PRÉ-MODERNISMO

Os muitos aspectos que definem a identidade


literária do Brasil nas primeiras duas décadas
do século XX estão atrelados, ao mesmo
tempo, a tendências do passado e fortes
marcas inovadoras que seriam intensificadas
nas décadas seguintes, no Modernismo
brasileiro e, principalmente, entre os
romancistas modernos do país que começam
a produzir na década de 30.
Nesses diversos eixos, encontramos, por exemplo...

• Lima Barreto
- Autor de vertente realista, próximo de Machado
de Assis, que trata de elaborar reflexões sobre o
Brasil contemporâneo quanto à questão política e • Augusto dos Anjos
-O grande poeta do
as relações sociais, onde emerge, por exemplo, a
período; conjuga
crítica ao nacionalismo ufanista e ao preconceito
influências diversas
racial
(poesias romântica,
Recordações do Escrivão Isaías Caminha (1909) parnasiana e
Triste Fim de Policarpo Quaresma (1911) simbolista fundidas
com a prosa
• Simões Lopes Neto naturalista) a fim de
-Figura ímpar da mais forte produzir uma das
tendência do Pré-modernismo: manifestações mais
a TENDÊNCIA REGIONALISTA originais da poesia
Contos Gauchescos (1912) brasileira e mundial.
Lendas do Sul (1913) Eu (1912)
PRÉ-MODERNISMO
AUTORES REGIONALISTAS
• Amaro Juvenal
- Pseudônimo de Ramiro Barcellos;
- Sua principal obra, Antonio Chimango, é um “poemeto campestre” (como o próprio autor dissera)
que relata as confusões perpetradas pelo personagem-título, adotado numa fazenda de estância
para servir cegamente, de forma submissa, sem vontade e incompetente ao seu novo senhor (que
vera no Chimango um tipo fácil de dominar) – ou seja, trata-se de um anti-gaúcho;
- Crítica ao presidente da província do Rio Grande do Sul na época, Borges de Medeiros –
adversário político de Ramiro na vida real.

A Estância de São Pedro = metáfora do RS


Chimango = representação de Medeiros, que era conhecido pelo mesmo apelido por seus
detratores e tinha “Antonio” como nome do meio;

- Resgate do estilo tradicional da poesia sul-riograndense, presente em manifestações campeiras


como
 a PAJADA (tradicionalmente, uma canção inspirada num poema narrativo);
 e nas bases marcadas por ritmos estritamente padronizados da TROVA GAUCHESCA (uma
“parente distante” do repente nordestino e do formato de rap free style – todos desafios de
improviso poético sobre uma base musical padrão.
PRÉ-MODERNISMO
AUTORES REGIONALISTAS
• Monteiro Lobato
- A tendência regionalista que se vê em Monteiro Lobato está mais
associada a um regionalismo crítico, principalmente observado na figura
de Jeca Tatu, um dos personagens proeminentes da literatura brasileira,
revelado no livro de contos Urupês.
- Tratado por Lobato com um preconceito desconfortável, a figura do Jeca é
a síntese do homem interiorano (o sertanejo, o caipira, o “grosseiro”),
“escondido” num “outro Brasil” para o qual não se olha com a devida
atenção.
- Essa visão do homem do campo como ingênuo e, de certa forma,
suscetível às armadilhas da modernidade, intensifica-se a partir de sua
obra mais famosa, Reinações de Narizinho, de 1931, apelando, então,
para um tom infantil que foi sua faceta, de fato, mais célebre: a literatura
infanto-juvenil da série do “Sítio do Pica-pau Amarelo”, aberta com essa
obra.
TRECHO DE URUPÊS, DE MONTEIRO LOBATO:
“(...)
O caboclo é soturno.
Não canta senão rezas lúgrubes.
Não dança senão o cateretê aladainhado.
Não esculpe o cabo da faca, como o cabila.
Não compõe sua canção, como o felá do Egito.
No meio da natureza basílica, tão rica de formas e cores, onde os ipês floridos
derramam feitiços no ambiente e a infolhescência dos cedros, às primeiras
chuvas de setembro, abre a dança do angarás; onde há abelhas de sol,
esmeraldas vivas, cigarras, sabiás, luz, cor, perfume, vida dionísica em escachôo
permanente, o caboclo é o sombrio urupê de pau podre a modorrar silencioso
no recesso das grotas.
Só ele não fala, não canta, não ri, não ama.
Só ele, no meio de tanta vida, não vive...”

LOBATO, Monteiro. Urupês. São Paulo: Brasiliense, 1997. (1. ed. 1918).

- Com o tempo, a figura do Jeca Tatu foi recuperada em dois momentos importantes: na
política, para denunciar o “esquecimento” para com o povo, e pelo cinema, tratando-a
com tons cômicos, praticamente esquecendo de seu apelo social e político.

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