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1. A aptidao da Ciéucia Politica para a compreensio do nascimento do Estado Moderno 14. Consi leracées gerais Estudlar o Estado e suas xelagdes com a scciedade implica, ne- cessariamente, estudrr os mais variados aspectos que envelvem 0 préprio funcicnamento das instituigies responsaveis por essa socie- dade, Estado, Goverae, Demacracia, Legitimicade, Poder so ques- les que, imbricedas, exigern uma disciplina para 0 estudo de suas complexidades: é af que entra @ Ciéncia Politica, forma de saber cujo objeto ce desenvolve no fempa —sendo per isso histérica, no dizer Ge Bobbin ~ sofrendo continua transformacdo, seado impossivel nela faplicar 4 experimentagio, propria dos fisicos e bidlogos. Lembra nnesse sentida 0 mestre itsliano que “nfo se pode reprodiuzir uma re- volta de camponeses em laberatério por Gbvias razbes, ene outras, aquela que ema revalta reproduzida no seria mais uma revolt (note Se a relacio entre uma acio cénica, que se pode repetir indefinida: mente e a rwalidade repseseniada pelcs acontecimentos: o Hamlet, de Shakespeare, nao € 0 prineipe da Dinamarca que realmente viveu)."! Em sintese, repetinda Bobbio, a Ciencia Politica, enquanto cen cia do homem ¢ do comportamento humano, tem em comum, com todas as ouiras ciencias hitmanisticas, diflculdades especificas que derivam de algumas ceracteristicas da maneira de age do homem, das quais trés s40 particularmente relevantes: AO homem é um animal teleoldgice, que cumpre ngbes © se serve de coisas titeis para obter seus objetivas, nem sempre declarados, ¢ muitas vezes, inconscientes, nao podendo a Ciancia Politica prescindir, desse mode, da presenga da psi- cologia e da psieanslise: Efe Rabbio, Norberto sai Dini de Puteri, Pun, 1985, p. 168, Ciara Paitin ‘Teoriado Hslado 19 BO homem & um anion! simbetica, que se comunica com seus semelhantes através de simbolos dos quais 0 mais impor lante €a linguayem. O ecoakecimento davacae humana exige a dec fragio wa interpretagao destes simbolos, cuja signi cago & quase sempre incerta, as vere desconhecida, € ape nas passivel de ser reconstrufda por conjetaras” €-Ohomiem ¢ um anima tieldgico, que wtiiza valores vigentes no sistema cultural no qual esté insesido, a fim de rations lizar seu comportamento, alegando motivagies diferentes, dlas reais, como fim de justificar-se ou de obter 0 consenso, dos demais; por isso, a importancia que assume na pesquisa social e politica a revelacao daquilo que ests escondido, assim como a andlise © #eritica das ideologias.” Nesse sentido, entendemos 9 Ciéneia Politica coma um saber operativo, um instrumento apto a intervir na realidade que eatudes mos (Giovani Sartori}, A Ciencia Politica sers, assim, essa discipline que, mediante um processo de compzeensao interdisciplinar, poss bililars interpretar a complexidade que envolve 0 Estado, 0 poder, a politica, a derrocracla e o direito (¢ sins conseqiiencias patala Soe Gade). Por isso, € necessdrio entender que @ Ciencia Politica gustda 2 Obserese que, a ets ciegrascortufdas por Lacan (oo, nagar ¢ simblico), simbalizar € dar sentido pela polovra; em Heidegger. lingesgem finn do spas Comal Cnn tule qo evens Senso ser Baris ‘il iniaovclots eneineie con ciniakee fase ieee eR shda on fora de ses oe oases naa ete ae anos 2 Nese seid, um cnero snda importante paon ser taado omen sui 02 conidia dscone ets quc eis oon de aan a fio dompante 0 de Chat, pore amt coop ine dapetas neers imopindsa do sal pm sosicae odncki ds fnanty ataranooheac ake dnraiutadeckad cometio’ pets sinsaae aera Lees ia Gal as ecuparaolugl dos agi eaeenreas Pesan ees Mptaendologindio sie ndenng Sacsnein secocine pet ua Sespeney Sait epesentam pres enos Saputcer ceil ceatinds ela Sevt am aparécls (qe ake pics anplesnente tones ceey sobs Sr tal ou falling, par wt 9 modo imcdatoe ines ie sane as Dowie ieee 20 glitmentos 9 amcor ean Eada Satculcs polo aagarente da diene © cnaloiek Tice ih Soloist ge eae «can Me SoE Che Chat, wales de Snare coysc Denordac 2 alente epee ¢ Suan nas 3a So Solo, Modarna 8, pS 8 Ringe obs ee es Meseon nv. poder dios ad ta Lape tan Bee oe Se Ziaek, Savoytim ap do tstogn: Zicck, Slavs) tosgh trad. Vers Ribeiro Rio de Innate Caicaponty ose, Sick: Caio Lu Peach nea eo Tins porte hah ctrl te Dasa ed Pore Alege |e de ‘Aivagade, 2001. p.72 esege " Tai Sak 20 José Luis Bolzan de Morais uma inexoravel rela is ramos da eigncia estudados pelo homem, que, de um modo ou de outro, produzem realidade(s), Como o direito, a economia, a historia, @ psicologia, a sociologia, a filosofia ete. Verse, entdo, que como contedda, a Ciencia Policia, na qual se insere uma Teoria (Geral) do Fstado, pretende estudar o Estado, sua estrutuira scu foncionamento, bem como sua relagao com o sistema jurfdico, uma vee que o Estado € o focus privilegiado de emanacio da normatividade, ¢, como objeto, tanto a sua realidade quanto a sua icealidade, Isto nao significa dizer que estamos buscando, aqui, compreensto de um modelo normative de um Estado, mas, sim, perseguimos o entendimente de como este se reveste e sc apresenta Pretendemos, assim, elaborar um conhecimento “positive” (ndo transcenciente) acerea deste objeto de estudo, como diz R, Zippelius.* Esta questao assume especial relevancia neste perioco hist6rico, no gual o direito assume um papel que vai muito além de lugar que Ihe era destinado originariamenie, embora nao rompa, ainda, com seus vinculos inaugurais com a instituicto estatal e, em particulac, com a experiéncia da Estado Constitucional, nascido da tradicso liberal revolucionaria do século XVIII, ¢ que marca indelevelmente a conti- nvidade entre Eslado e Direto (e Constituisao) Parece evidente, assim, que, falar do Estado significa falar acer- ca das condicdes de possibildade de sua compreensdo, desde o seu hnascimento até hoje, explicilando-se como uma experiéncin nova ~ moderna ~ que se inaugura com a ultrapassagem do medievo.> ‘A "necessidade"do Estedo, por assim dizer, que faga a interdi- 80, a suptura, entre civilizagao e barbérie, o que se traduziu em um Tompimento histérico-paradigmatico, depois de sistoles e didstoles representadas pelas formas liberal ¢ social, com 0 contraponto das expericncias socialistas, tem o desafio, contemporaneamente, de res- ponder is novas necessidades ¢ enfrentar os novos dilemas, caracte- ‘eS fre on i sty Cs Goo ee Petia cnt tas Saas ete Scope aie caieteedeat noe Seether ferent SS GincaPoligae —, ‘Teotia do Estado a Stzadas pelo epttto que a tradigao eunhou do século X% em el o Fatado Democratic de Dist gua tnea oe sBUERF as conguists modetnas e rergatélasnaquflo ut tind eal Reon tendo, ineasive suas petprias dicuadaces hente nteeceen ee operadas por nowas lana de vide esse ponto ue, pratcamente, a Clénca Politica se apronima ane mais da Teorla do stad, quando val hota dowel ne poder enquanio ponslblidsces cle bo Ustadon stone 85 © as promestas (incompridas) da modems eee ee ae assume ede train, coms 3 América Latina. Ao mesmo temp, paraconalanente a eee de uma Teoria Geral do Estado, encanto cost peepee cet xplleacio untvoca acerca da experienc etait Pees eae Govse das especiticidades « difcaiades opin ne ee ee Er resur, podse der gue a Temi Gora o Fass caja tendo como model. lado alin dont dosteale i ony Gama tori idealist, gue aru “io iat (aig kaearee Jellinek quem consirui a ides de tipo Ideal qos thot weer golegs em Heidelberg, iia depois utitzar e dite) Ache see Forlanto, o Estado seri invarivel, cam carscionetne acct ane ie fo onpe cd a pore as desia wncepcto isla traniitamente wn Eatade cons “eee fhedieval ti) Por outta lade, aconepeig de Heller nema fhusen een deroFstadoenquiniorealtace, ou spe co ees real historia, a partir de suse ligagdes comms sofa ee SoS ne & poscivel ma ‘Teoria gr lo Eotador mas eae oe Tretia co Estado, agucte Eotads concede © Newey ees Sun totalidade e realidade espacticn Fortaniy, mzls co que retersior dat corta de nia eaplcagsa global ¢ uniforme do objoto Estado, o que se sretende 2 ese cea de sua reals condigben de wsblie, dese ware cee de ua inevtabiidade, dite do papel hundsoncnlel nee ee aeumpse. tug meses de ua ea GERAL. do tac, apse epost de eater, Heliy. ver Gilberto BFRCOVICL Dusgnstine Rerooas eaieee Re faule, Max Lamond, 208, 44-5 culseuiy SERC ONC a ene (a2 Dinisente hf Cree de teorin By Conestoga stu: atades tab w Lugar th Folia oo ee Shee laeets He ds Feo, rn fur, 205, pate go ee Sa Caen RRCOVICL Conti antiieac asmeabinente Una lt ee Covic teste de EE, Sho Mla Walhoren, ap hea acciyeea 8 ext For 26 ona eee deus Teoria do tad, caine ah ae vol 26, Coimbra, Fruldade baton WH at sasmvicen at Cito Pesee de SEA a 3 22 Jos6 Luis Botan deere teal pe ict caro uc, pos atv es ieesoey, pgs 20) rma abeerais do fsndn De Wee date fo mle manta ores ata epee " “Oven ou Testo = una fra earl deta re A Sanige eileen doom toscana nfo dbor dire clea eon ibaravatnun unl cof dena pe iE consonance cling opercameo Pl Seti Snort sets re torneo ce clef Fanci 9) utes ibs euler vs ee ea iil tre a ngadae, ones anriade de por lag fs vevnds de Speramergo ears iss vom eee te ae sadee aivio: uocioiens coaal PH Gyaeg: carton cho: a} id Estado, oi seeps pacer rrr hohe de sens and dt ane ‘Sheer arid ies tra * - Cts Rann, que se scant gerade) bn fun eons; ba nex se pov sm = compreendendo faixn estreita da populagio; e) magistrad Sou povennantes superoes meee Gators ett aglade, gue ba sen tSeanccrstins sige com estas fre ab pcs creado poy na ty ingancesiuas os posy de uct cas, BP Sow Eels separa sn das daseea‘e no sistema de costes @ governoe marci Prat i olitico; d) sistema econd- Feet ters bos oil ocalg is cocanvitoe@ Hen ates gone aa a 23 1.2.1. Principal forma estatal pré-moderna’ a medicvo Irés (3) elementos se fizeram presentes a sociedade medieval, somanclo-se para a caracterizagie da forma estatal medieval =O cristianisno = base da agpizagao a : a ideia clo Estado universal Basendo na sxpiteudn gic tocs q umanidade se tomase erst, Dols) tatres: pores Intiugat estes planos, a saber) 2 multiptcniaes Bene teos le poder ¢ 29 recs So Linpcrador om snetesene siwlosdade da Igri B- As invasocs bars 385 — que propiciaram profundas tansfor- mages na urdem estabelecidn send gue os paves inner Ss elimulrag ae tegiGeshnvadidas @ se mira come uniclades poliicas indepenatentes, Percebe x Pots Gos na Medieval ardem era Bstante preci, polo dbandane de padrbes tcndicionats, conatantestuast de quctra, Ince, Gio de fronteizas politicas ete. 1 Buers. Inde €-© feualiemo ~ desenvolve-se sob um sistema administrati= Yo ha orgenizagto militar entrltamenteligads satees $20 pattinonial. sore, princspalmente, por Wen inetieatos func wanslagen fos propretarie ence poeroses @ servigo do senhor feudal em troca da proteg3o deste); 2) beneficio (contro entveosenhor feudal so chee ae Fasilig ue nfo tiveese patcimorio, senda que 0 setvo reveble rhe Pore te terra pasa culvoe ra Tato como parte tae Peravel da gleba) 3) imunidade {isengeo de wibutos te ferras sujeitas av beneficio). (eee spas Conjugatios os tris fatoves, temos as carecterisicas cantes da forma estatal medieval: we fot B - distincso e choque entre pocer espiritwal er len paps ate ote, ae se, 5 F20 Ue prseyo tated ele ee tin Lae rack 24 José Luis Bator de sors ‘a terra necessaria para sie también para o senhor feudal, Em ger provalecia um sistema simples de cultivo, chamado “tres campo is eu materiais: um campesino cultivava uma parcela para si 4 para o seu senor ¢ uma lexceira para repor as sementes de mbas! Os camponeses nac podinm abandonar a terra. Mili O senhor feudal protexia oferritério do feudo, incluindo sta popt lagi. © senhor' feudal delinha © poder econdmico, 0 politica, © inilitar, 0 jutdies €o ideolégieo sabe os “seus” servos. Para amptiar as riquezas, os senhores feudais apelavam para as gucrras de co tuista¢ para os metriménies. A guetra ca capacidede para reali Ia love a consegihiéncia de hierarquizar a aristacracia feudal, estabe endo relagoes de vassalagem também entre ela e os senhores mais poderosos, A arte de concertar matzimonios ganhou foros de solis- ‘acto, mediante & inevementacao de dotes & oraNGaS comuns: O% iatriménies proporcionavam um titulo juridice que podia ser re Vindicado pelas armas. O refinamento “matsimontal” aleangou sev pice no baixo medievo, quando Carlos Vill da Franga, ficou com prometico pela paz de Arras (1482) com Margarita de Austria, que linha somente dois anos de idade e quie agregava ao reino de Carlos Villa Borgonha, Artois © mais outros feuds, ja Carlos I da Espanha (Vda Alemanha) supecou essa marca. Com efeito, pelo tratado de Noyen, de 13 de agosto ce 1516, comprometeu-se com a princesa Luisa, que ainda ngo Uns completado um ano de idade’’ Tesnecessério referir que nao hé data precisa delimitando a passagem do feudalismo (ou da forma estatal medieval) para 0 ca pitalismo, onde comega a surgir o Estado Mocierno em sua primeira Yersae (absolutista). Com efetin, durante séculos, na Europa Ocicen tale Central cocxistiram os dois modos econbmicos de producto: 0 feudalismo, que se esvaia, eo eapitalismo, que nascia. Cabe registrar, ainds cam Capella, que no interior da ovdem feudal surgicam rela~ ‘ies de intercémbio mercantil, bem como praduges para o mercado, (0 apenas para 0 auloconsumo ea tribuagao feudal em especie Diferentemente da producto agricola feudal ~ endencialmente ests vel — a producao artesaral e a manufatureira para ser levada a0 mercado tink rendimentes varidveis, 0 que gerava, em conseqiien- 418, inavagha social. Os pequenos reinos conshtuidos depois da que Sa'co Império romano defam lugar 2 algumas unidades maiores © ‘mais estaveis: a Florenca dos Medicis, @ unidade politica de Castela y Avago, 08 reings de Inglaterra e Franca, para citar alguns, até Ehegar 48 Monarquins absolutistas Ga modernicade. F Cle. Capella, Juan Ramin. Frata prise. Una aproxinaeion justrico-teorticn al stink dent a estado, Mac, Trott, 197, p86 087 Gitncia Politica & ae Teoma de taco 25 Durante algum tempo, coexistiram dois tipos de relagses em realidace pouco compativeis: uma ordem ce relagies fetidase tow, fm que as possos tinham distintos estatutos segundo sua posices ae classe, ¢ uma ordem de capilalismo mercanti-em quie as peaers valfam em fungao do que podiam comprar independentemente ce sua orfgemt social, Mas 9 fetdalismo ainds perchuraria. Os expanhois organizaram suas conguistas americanas ciim categotias ainds pré capitalistas, porcm novas para a época (9s encontienas). A unificagio polltiea da Espanha pelon reis catdlicos ¢,airda que com predominio. de relagtes de pocier feudal, uma inovacio politica, sto porque os eis catlicos subordinam 3 Coroa o poder militar da nobrses além Ge criar a primeira policia estatal dé munco moderne (a Sata Tr. mandade), unifieando geogrifica ¢ ideolagicamente seus einos (li quidando 0 reino arabe die Granada © exsulsanda os judous de Sephatad em 1492), e implantando um ‘Telbunal especial para mantic 2 unisiade ideoldgica (A Santa Inquisigso), E isto, em tetmos yerals, que se chamou de Epeca do resermenta® Eun face dos earacteristicas stricto senstt da forma estatal medie- val, €tazoavel afirmar que nio exist Estado centralizado no decor. ter do periocio medieval, exatamente pela frogmentagan dos poderes fem reinos, feudos ofc. A forma de Estado centrsleado ~ 0 lstado como poder institucionalizade ~ € posmedieval, vindo ‘@ surgi? como decorréncia /exigencla das relagoes que se formazam s partir du nove modo de producéo ~ 0 capitalismo - entio emergent ‘Temnse, assim, utilizando a linguayem cos tipos ideals weberia- nos, que na forms estatal medieval vigoroi o tipo de cominagao ccazismatica, caracterizacia por Max Weber? coma dreortente de une zelasio social especificamente extracotidiana e puramente pessoal, (G locus aproptiado para estudara dominacac carismatica é o medie. v9 {Idade Média). Freqiientements o cazisma teponiea na diets hee reditatio de primogenituza do senhor feudal, Dito de outco modo, & a dominacio que decorse da relacio ex parte pritipe, purque pessoa Llzada. Afinal de contas, « servo da glcha tinha uma relagio direta face to face ~ com o senhor feucal cue, inclusive, detinha o te De qualquer sorte, complementa Bobbio, a escolha de uma de finigio depende de critérios de oportunidade, e nao de verdade Assim, quem considera como elemento constitutive do conceite de Fstaco timbem um certo aparato administrativo e o cumprimer tiecertas funcaes que apenas oealado maderno desempena, deve Stistentar que a polis grega neo € um Estado, e que.a socitdade Ttudal ndouinha tim Fstago, A favor da dencontissitnde, par © plo, poder-se-a perptinta se existe una continuldacte entre as cidade fovitnas eas clades medieval entre on cle a5 corporades? Mais aind, sobretudo com respeito 3 orgartizact palitica, ¢ possi falar propeiamente de Estade'~ que implica a dé de unidade de poder sobre umn determinado teriérie = numa socledade Tracclona- Ge policentrica como aquela dos peimelzes secuos, na idade dos veulog barbaros, cm que #s principals 4ungoes que hoje sto habitual: mente atrbuiéas ao estado & serve pata comntiio sbo desempe nhadas por pederes pesiéricos, onde nao exinte distingto nem NO tito ner em baixo entre poder proprlamente plllico.e poder econ Independentemente clo “nome da coisa” oudo mérito dos argu- mentos alinhavados a favor de tims tese ou ce outea, € importante einer assentado quo Estado Moderne & uma novacio. A comesat pelo fato de que, no feudalism, ¢ Pader ésndieidualizado ~ encar- Powe homer gue concent seo ingtrumenis de tancla €2 lustficagto da autorcace (puder earismstic, na ace ioe Weben, Come contrapente, no Endo Moderna, domi passa a set legaltacional, definida por Weber como aquela decor” Fonte de eslaluto, sendo Seu tipo mats puro a "domunacso burocris tien", onde qualquer diveite pode wer crindo e modificado mediante tim estatuto samcionade corsetamente qionts a forma, Ou sj ebe= dlece'se nto 8 pessoa ein virtue Ge sea dielto prdprie, mos A regta tstatuda, que estabeloce 90 mesa tempo 8 quel tem que medi fe deve cbsdecer. Como se pode perceber, » dcminagao lega-raci Fal, prope do Estado Modetmo, 4 antitese da domunagae corisma 5s, predoininasie na forma estetal medieval. " Goserve-se, ann, que, pars autores come Georges Bardeau, as ongens do Estado 80 poder ser procuradas quando comeca a Cxisirum organisimo quer aos los oa homers do see. XVI, surgi Como suftclentemente nove para que eles sentissom a necessidade dl ota: sim meme: um nome que os poves, na mesma época, transi 3 of Webel p18 cs, 2 conor Bo Caongen Ftd. oa de Varin, abacesPoroarAme nn pana Sree 40 Jost Luis Moan ee Marae Tienes Paites © Teoria vo sutsds a tiram imediatamente de uns para outros, Herman Heller vai mais, Jonge, ao afirmar que & patente 0 fato de que durante meio milénio, na idade Média, nao existiu o Estado no sentido de uma unidade ce dominagae, independentemente no extecior e interior que atuara de modo contiauo com meios de poder préprios, e claramente delimi ada pesscal e territorialmente. A préptia jucisdigao esiava em md privadas Nessa linha, ¢ importante registrar que, naquiln que se passou a denominar de Estado Modem, 0 Poder se toma instituicae (uma empresa a servigo de uma idéia, com poténcia superior a dos indivi. duos). Fa idéia de uma dissocingso ds autoridade e do individuc que a exerce © Poder despersonalizado precisa de um titular: 0 Bstado. Assim, o Bstado procede da institucionalizacso do Podes, sendo que suas condighes de existencia sa0 o terrtério, a naga, mais, poténcia ¢ autoricade. Eeces clementos dao origom a ideia de Fstado. Ou sia, o Estado Moderna deixa de ser pairimonial. Av contrario dda forma estatal medieval, em que os monareas, marqueses, condes e bares eram donos do territério e de tudo © que nele se encontrava (homens e hens}, no Estado Moderno passa a haver a identitieacio avgo.uta entze Estado e monaren em termos de sobernnia estatal. BBtae ce28 mai A primeira forma de Estado centralizado ¢ denominado por Linares: Quintana de Estado Estamental, uma espécie de transicao entre a forma estatal medieval eo Estado Absolutista (primeira for- sma siricio sensu de Bstada Modern). Bes Estado de-Estamentos era formacio pela concentracto estamental da alta nobeeza, bsixa nobre- 2a, Cero © @ burguesia das cidades. Ou seja, 0 Estado fundado em pactes elaborades e subseritos pelos membros de multiplas classes, que juram lealdade entre sie obeditncia aos seus priicipes e reis. Era, assim. um conglomecado de direitos adquitidos e privilégios, ¢ do ina Constituigée, o que dava forma juridics a este protocstado nedicval, que, 20 concluir seu procosso de desenvolvimento histé- rica, constiteiré 0 Estado nacicnal tpico do mundo meditersineo curopeu ozidental, Eram pactos as vezes escritos, as vezes fruto de usos e cos umes quo linttavam e cemtrolavam © pede do principe centrolirades, que detinha 0 titulo de rei, Assim pe cunfunuimdii entice século XIV os reinos de Inglaterra, Franga, Espanha, Portugal # Suécia, For exemple, Nos anos quinhesttos, incluemse nos pacios entre 0 ft ¢ os senhores foudais outros dois elementos que vie dar © Consular Heller, Herman. Toit de Laird, So Paulo, Mestre Jon, 1968, ‘Neste sentido, exmaular lem dos autores ctaden retro, Corsea, Dazcso, op. it p.bte segs ria Las Sick a2 José us Baoan de alors nto, em definitive, aos grandes Est Huropas Centrale Meridien" ; {in esa, nessa su nave fig, procs aro Pe ‘heat quea potenciy, que €a possbiidade de ser obedecido, se felorgse com a autoridade, que € uma qualificagao para dara Srdem” {Burdeau) O rompimerts paradigmatica dp velha ordem medieval paca a nova ordem ee da prineipelmente ataves do passa fem das telagdes se poder (autosidadey admministeagio do justi, le} ~até entdo em mios privadas do senhor feudal =, para aesfera Piiblict (@ Estado cenitalifado). Ou Sea, na medida em que ocotria ateracto do modo de producdo, a socedade civil agregava novas uigencias ao qu até enti era exereido pelo poder privedo (comit- hicngbes, jstign, exerci, cobranca de anpestos ete} ‘Seri Mace Meédis » poder politico de controle social pecmane: cia em maos privadas, confundiado-se com 0 poder econdmico, 0 parti do Esigdo Modcene e da economia St mercado foxmalizouse lima sepacacto relativa entre tals poderes. Com isso, estabelecin-se s dicotsmmia publico-prieado ot soctedade civil/sociecate politica, case exate sentido que Role" Jembra quea dstingao entreaesfera privat ea publica, a diesociagha entre 0 poderio polio e 0 eon fico ea soparaqao entzu as fungies admnistoaivas, politcas € a Niciedade coil, sho es principate especficidades que mazcatomy a passager da fora estakal medieval para o Estado Moderne. Dito de outre modo, a novo modo de produgao em gestagto (capitaisene) demandava umn conjunto de normas impessoals/ gerals que desce sepiromga € gatatas aQs stlitos (barguesia em ascen oe) para qu estes pucessera cometcalizar © prodiuzicriquezas (© dletas lestritan) cam seguranga e com cegtas detouminadas. Assim, nquanto no meclievo (de feigao patrimonatietn) o senhor feudal eta propnctario dos meios adminitraivos, desirutando isoladamente Ho peoduto da cobranga de iibutos, aplcando sua prépta justica © tentlo sea proprio extcizo, no Bataio Gentralizado/nstiicionaiza tio cases Flos adainisteatives nao sho mais patrimOnio de nin Sea Last, Arto Pelee et Esa, Panos Ai, Abela, 95 pe SS Nene semi, ver Buds op, at: Comey, Doe, Sonsdee Bea Yuva de it Seo Four Moth 1985 3 Chet, Andee No" Dito se: iy do tsado Moderne? 0 Fa Jag Baar ng) on Cette iets rents. Sho Pl inet, oa 9 it Tatra, op. cl amines Tewmado tad B guém. Besta, pois, ovidade que s Go medievo para 0 Estado Madero. Desse modo, € possivel dizer, com Giusti Tavares, que 0 Estado Moxlerno se constitu e desenvolve eomo resultado de usm quscruplo movimentn: a) de centralizagae ¢ concentracao do poder) 8) de su pressio ou rarefacto ¢, deste modo, neutzalizagao ott debilitacao, 10 hivel societirio, das essociagSes e comunidades intermedi scsas, bem como, io Ambito do priprio compleno estatal, da instituicoes ¢ poderes ce nivel intermedisrio dotadas de alguna autonoria;c) de faducio da populagio, quaisquer que sejam seus estamentis, classes ou estratos, 2 uma massa indistinta, andnima, uniforme, e Indiferen- iada ie stditos, isto é, 4 igualdade abstrato de sujeigio comu:n a un poder diretd © imediat; e, enfim, d) de um movimento em virtude do qual este poder, 0 Hstado, ee destaca, separa ¢ isola da sociedade. Todavia, a redug3o da papulagso a uma massa uniforme © impessoal de sticitos supoe uma sociedade na qual as condigoes © 0s process ss sociais fundamentals coloquem, par a9 ver, ox homens em relacdes altamente impessoais e abstratas. Mas estes sto precist= mente 0s iragos que caracterizam 4 nova economia, cujos agentes produzem para mereados cada ve2 mais distantes ¢ angnimos ese artizulam entre si através de vincules contranvaisuiniversalistas, abs- fratos e impessoais ~o salério, a compra e venda em geral, o mercado de traballw ~ ao mesmo tempo em que adatam largamente nao apenas 0 sistema monetério, como também instrumentos mais refi rnados, tais como a letra ce cémbio, mias altamente abstrates, como expresaio da circulagao de riqueza. Tals Uagos nag existiam nes relagdes feucais de producio, eminentemente pessoas, v comere't~ ‘mente oricntadas ¢ limitadas pelas necessidades basins e esponti- reas do autoconsumo local.” ‘A organizacéo burocrética vem a ser o elemento fundamental que viabiliza os quatro outros elementos essenciais de cuja confluen- a resulta a eahidade material do Fstado: 0 monapéilio do sistema monetdrio,o monopolio de sistema fiscal, monopalio da realizacaa da justica, a que se chega substituindo ax jurisdigdes sulonomas © a titulo proprio que dominayam o localismo medievo, pela moderna instituigae de “instancias” de uma grande unidade jurisdicional cujo wértice & 0 Estado e que age através de agentes du Poder Sobe- rane ~e finalmente 0 exéreito nacional. Cie. Tavnney, Jone Antonio Giusti A erature do wutorarisne brie, Poa ‘Alger, Merendo best, WHS, p 38856 St estabelece na passagem Taio Lie Sirk 4a Jose Luis Beat de Morais 2.4, A primeira versio do Estado Moderno: 0 Ustado absolutista aque + estratgin de constragho da nova forma estta,alicetgada na iia se soberania, vai levar 9 concentragto de todo ts podteres nas iutisias, favendo com que, como sustenta Duguit, a tealera ue ns origens do Estadio Moderne associe ss concepedes linn ¢ feu Ale nutoridade ~ imperium e serhoriages ~ pecmitindo-se personif o Estado ng figura do re, ficando na histia a frase de Lake XIV, 0 Rel Sol Etat st moi —O Estedo sou eu Com isso, as monarquias sbslatisas se apropriaram dos Fsta Jos de mesmo modo que 9 propretiie faz da objeto a sta prop whe fazendo susgte tan poder de itiperin como crete abo Min te sone 9 Estado, Por oato indo, cam tal posts, os Fels cons itstramese como senhores dos Fstades, fal gual ofazinn os senhores leudais do medievo, itularizanda individualimente ™ propriedatte dio Fstado. Tal estatggia absolute sort fandamentalmente pars, na passagem do modelo feucal para o moderna, avscgurar a unidade lenritois! dos renossustentando tn dos elementos fandamentas (informa estatal modezna:o texto '\ base de sustentacau do poder monérquico absolutistaestava sicergada na ideia de que © poder don ris nha ovigem diving, O tet sein 0 “repeesentante” de Deus na Terra, 0 que lie pernitia tleseincularse de qualquer vinesio Inmitativo de’ sua mcteridade, Dizia Bodin, um de seus doutrinadores, que a soberania do monarea fra perpetua, oripinasia e leresposeivel em face de qualquer outro poder terren pee Sotlanto, pode-se dizer que o Estado absolutista, de um ponto dt vista desetitivo, seria aquela forma de governo ert que o detentor sto poder exerce este dim sem Gependéncia ou controle de outros pvdleres, superiores ot inferiores, como relere Pierangelo Scena ™ Deve'se, todevio, ter claro gue 9 absolutismo nao se confunse com 5 Brana, posto que sia imitngto diz com sma actonomia om {ace de qualquer limite extern, mas gerand limites ints com ‘elacae a valores e crencas da época, Da mesiia forma, o absolutismo «jie finda convencionalmente com # Revolugio Francesa de 178), apenar dan diferangas temaorais que podem ser observadan nas di ‘ verbete Absclutisms. In Bobbio, Norberto «al: Diondvo de Petites. Bro site Unit 1986, po 7 ica Pollen Iona do Usted 45 versas experiéncias estatais de entao = difere do despotismo, » qual. 20 seu inverso, eneontra nos elementos migieos, sagrados e rellygio sos nua Tegitimacao, Importa referir, fundamentalmente, que a passagem da forma statal medieval para o Estado Absolotista representow um avanco para as relacnes sociais e de poder. Com efeito, o Estado Moderne ~ essa suia versao inicial sbsolutista ~ calca-se, como bem assinala Max Weber, na burccracin e no exerelto. Isso significa dizer gue 0 modelo de Gominacae carismatics sogebra diante do eadela de de- minagao legal-racional. K o poder do exéreito sera funcamental para 's mariutencao do eztne da estrutura do Eslade Moderno: a saberania territorial. Ou saja, 0 homem de medieva passa de servo da glehs, raticamente propricdade do senhor feudal, para stidito do Rei. Ba relagio de poder passa de ex parte principe para ex parte principia. 2.8. A visio negativa sobre 0 Estado A cantrorio sensi, uma vez que o modelo contratunlista via po~ sitivamente o Estado, surge a tradigio socialists ~ de base marxista, fundamentalmente ~ que se aptia erm uma versio negativa do Estado desde unm perspectiva que considers 2 hegemonia ea submissa0 no ‘contexio de uma sociedade de classes, No livro 4 orfgem da favela, da propriedade privnda e do tstado,s Engels diz que a sintese da sociedade civilizada éy Estado, que, em todas as épocas conhecidas, tem sido 0 Fatado da classe propande- ranie € essencialmente, em todos 0s casos, a maquina de opressio da

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