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Fernando Eu fui um pouco esse tipo complexo, e, talvez por isso, cada rua para mim um ser
vivo e imvel. Balzac dizia que as ruas de Paris nos do impresses humanas. So assim as ruas
de todas as cidades, com vida e destinos iguais aos do homem.
Coro Qual de vs j passou a noite em claro ouvindo o segredo de cada rua? Qual de vs j
sentiu o mistrio, o sono, o vcio, as ideias de cada bairro? A alma da rua s inteiramente sensvel
a horas tardias.
Henrique - Ns, os homens nervosos, temos de quando em vez alucinaes parciais da pele, dores
fulgurantes, a sensao de um contato que no existe, a certeza de que chamam por ns. As ruas
tm os rolos, as casas mal-assombradas, e h at ruas possessas, com o diabo no corpo.
Bruna Em S. Lus do Maranho h uma rua sonmbula muito menos cacete que a pera clebre
do mesmo nome. Essa rua a Rua de Santa Ana, a lady Macbeth da topografia. Deu-se l um
crime horrvel. s dez horas, a rua cai em estado sonamblico e s gritos, clamores:
Coro Sangue! Sangue!
Sarah Ruas assim ainda mostram o que pensam. Talvez as outras tenham maiores delrios, mas
so como os homens normais. Mas, a quem no far sonhar a rua? A sua influncia fatal na
palheta dos pintores, na alma dos poetas, no crebro das multides. Quem criou o reclamo?
Coro A rua!
Sarah Quem inventou a caricatura!?
Coro A rua!
Sarah Onde est a expanso de todos os sentimentos da cidade?
Todos Na rua!
Os narradores se posicionam em roda, queimam os textos e se retiram do local de leitura
com calma, ainda questionando os transeuntes sobre a possibilidade de ser vagabundagem.
ANOTAES E ESTRATGIAS: