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Annales de Geographie bY > n® LIL - XX Ano - 15, 1+ Geographie Generale ~ Ae Les Genres de Vie dans La Geographic Humaine Sop Premier Article Vidal de La Blache Sabe-se que fisionomia de uma rea € suscetivel de mudar bastante segundo 0 género de vida que nela praticam seus habitantes. Estas mudangas no nos espantam na Europa, onde as condigdes de existéncia sto, por assim dizer, estereotipadas. fixadas desde hd muitos séculos. Entretanto, ndo escapa & observagio que o desenvolvimento crescente da vida urbana jd comecou a exereer modificagdes sobre os cultives. os agrupamentos Iumanos e a fisionomia das regives. Se considerarmos os chamados Paises Novos - Fradarias da América, Pampas ¢ ‘mesmo a Puszia. as estepes russas, a Mitidja e outras pares da Argélia - perceberemos as mudangas geogrificas trazidas pela substituigo de um gén:ro de vida por outro. Assistimos nestas areas transformagSes que nfo consistem apenas na introdugfo de elementos novos. ‘mas que desgaranjam todo equilfbrio anterior da natureza viva, causam um abalo profundo, que se estende até a natureza inorgdnica, Em alguns lugares a vegetagio se modifica em tomo das pastagens onde se instalam os rebanhos. arvores aparecem onde haviam sido excluidas e certas plantas surgem espontaneamente. at-aidas pelos cultivos. Em outros ‘onde houve abusos do cristério como, sobretudo. em torno do Mediterraneo © na Asie Ocidental, encontramos semi-desertos que se sucedcram a uma agricultura semi-pastoril ov de irigagao, Estamos. efetivamente. na presenga de um tor geogréfico que no soubemos apreciar. ou cujo funcionamento no estudamos o sufie ente. sem duivida pela auséneia de termos de comparagao, Lim género de vids constituide implica em uma ago metédica & continua, que age forremente sobre a natureza, ou para falar como gedgrafo. sobre a fisionomia das areas. Sem divida. a ago do hon em fi ¢ sentir sobre seu meio desde « dia em que sua mao se armou de um instrumento: poce-se dizer que, desde 0 inicio das civilizagdes, essa acto no foi negligenciivel. Mas totain ente diferente ¢ 0 efeiva de hibitos organizados e sisteméticos que imprimem cada vez mais -uas marcas. impondo Forga adquirida por geragéies sucessi ss estampando seu trae) sobre os espitites. direeionande fem um sentido deverminad 191 mds Kenner Esta agio & tBo forte que nds nos arriscamos a ser enanados por els. As categoria aque se apreseniam a nosso espinto ae sorms (ao etary Gon @ EstaMD PASI: agricola outras classficagbes sociolégicas, estdo longe de corresponder a contrases 120 cqurus na naiureza, esses conurastes Uevem-se 20 aio ae que pastor e agricultor. para nos ‘atermos somente 20s dois péneros de vida mais evoluidos, sto dois seres que se tornaram sociaimente muito diferemes por um conjunto de habitos € concepyoes nascidos precisamente da diftrenca dos néneros de vide aue praticam. 11 discordanciasirremediivets na'iéia que cada um Gesses seres sociais faz da propriedade. dos lagos de familia, de raga © do direto. O direito, para um ¢ territorial; para 0 outro é essencialmente familiar, Mas essas oposigges sto, muito indietamente, fatos da nature, Seria um abuso de linguagem ver elas a tradugio do meio fico. A natureza ¢ mais diversa, menos. absotuta, bem mais rmaledvel que estes constrastes permitiriam supor. Elz possui em reserva possibiidades em nnimero superior 20 que nossas lassificacdes sbstratas permitem erer. Teremos melhores condigbes de julgamemo na medida em que nossos conhecimentos se estendam 2 um rinero maior de repides. com praus desiguais de desenvolvimento. Vemos areas que, com climas semelhantes, oferecem grandes diferencas de pénero de vida. A colonizagao modems ros ensina # medir até onde se estende sobre as areas 0 poder de modificagto do qual dispde o homem; é preciso convir, por outro lado, que se este poder estivesse resirito ‘quadros muita ripidos. esta obra de colanizacdo ane desnerta um interes tho lesitimo no teria nem sentido ¢ nem aleance. u Creio que é preciso. antes de mais nada. considerar que a ago do homem sobre @ natureza, ou da naureza sobre 0 homem, se exerce principalmente por intermédio do mundo vegetal e animal, isto _ por essa coist infinitamente maledvel e tenaz que se chama vida. As infludncias de clima © solo que repem todas as costs, nos atingem ao mesmo tempo que ao mundo vivo. Ora. € um mundo de composigdo muito complexa. onde eriram espécies de épocas geoldpicas diversas, umas em regress, outras em progress. A lula € @ eoncorréncia reinam entre animais que se entre-destroem, entre plantas que dispuiam espago. ¢ entre micrObios ou parastas que vivem as suas cuss. Ao lado de plantas ave tiveram sucesso em ampliar sua area. i outras que. empurradas. aguardam uma céxgeuntincia propicia para se langar fora do asilo onde se refupiaram, De tudo isso, resulta um equilbrio instil, onde nenhum lugar esti definitivamente garantido, No duelo que assim se trava entre as formagdes vepetais. como a arvore ¢ a wa. a floresta © a prada ou entre espécies como as arvores folhudas ¢ as coniferas, o carvalho e a fais. ete imervenedy inumana tem poder’ pars modificar as oportunidades ¢ desempenbar u pape 1a decisivo na balanga. Eo que aconteceu: © homem tomou partido. Mas por ter a necessidade de agir como mestre e mobilizar a seu favor uma parte das forgas vivas. ele se arisea @ encontrar chances bastante desigusis, segundo os campos de batalha. Se esta natureza viva esta empobrecida, tornada anémica pelas condigbes restritivas

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