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A-8 Baixada Santista A TRIBUNA

www.atribuna.com.br
Quarta-feira 30
junho de 2010

premiocomunidade@atribunajornal.com.br

Comunidade em ação
213
Blog divulga fotos de filhotes e “Se a colônia estiver
gatos
controlada e os Patrícia
animais adultos dóceis que estão animais sadios, Oliveira, do cemitério e da comunidade
no entorno foram castrados
COORDENADORA
não há problema”
à espera de um lar adotivo DOS PROJETOS em dois anos

No cemitério, felinos ganham vida


Voluntários realizam a castração de gatos que vivem entre as campas e promovem a adoção dos animais abandonados no local
FERNANDA LUZ

DA REDAÇÃO
No final de 2008, a funcionária
pública Patrícia Oliveira rece- Perfil
beu um e-mail com um pedido
de ajuda para cuidar e alimen- Cats of Necropolis
tar gatos abandonados em um
cemitério da Baixada Santista. O que faz: Monitora uma
Como é apaixonada pelos colôniade gatos num cemitério
felinos – tem em casa cinco daregião,promove aadoação
gatos de estimação –, deci- deanimaisabandonadose faz
diu ajudar a senhora. mutirõesdecastração
A ideia inicial era custear Há quanto tempo: 2 anos
duas ou três castrações. Mas,
quando tomou conhecimento E-mail:mutiraodecastracao@
da situação, percebeu que aqui- gmail.com
lo não faria nenhuma diferen- adotargatinhos@gmail.com
ça. “Vi tantos gatos ali, cerca de catsnecropolis@gmail.com
80, e muitos eram filhotes”.
Blog:http://catsnecropolis.
blogspot.com

veu aplicar esse método na re- riências bem-sucedidas nas


gião para evitar a proliferação cidades de São Paulo e Rio de
dos felinos, criando assim, o Janeiro.“Tem pessoas que cri-
Cats of Necropolis. ticam nosso método de traba-
A coordenadora do projeto lho, de castrar os animais e
pede que a cidade e o nome do devolve-los para o cemitério”,
cemitério sejam mantidos em diz Patrícia.
sigilopara evitar novos abando- Mas segundo ela, nos me-
nos de animais no local. lhores projetos implantados
As capturas dos felinos para pelo mundo acontece da mes-
castrações são feitas por Patrí- mo forma..“Tem gatos que vi-
Preocupada e comovida com cia, com a ajuda de voluntárias. vem ali há anos e não vão se
o abandono dos animais, co- Em dois anos, O Cats of Necro- adaptar em outro lugar”.
meçou a pesquisar na inter- polis já conseguiu realizar a cas- A prática de castração é re-
net a melhor manaeira de tração de 92 gatos. comendada pela Organiza-
resolver situações desse tipo. Depois da cirurgia, os ani- ção Mundial de Saúde
Queria saber como outros paí- mais voltam para o cemitério, (OMS). “Mas as pessoas têm
ses lidavam com o problema. onde recebem comidae são mo- muito preconceito em castrar
Para isso, buscou conhecer o nitorados. Para alimentar a co- animais, principalmente os
trabalho de entidades ameri- lônia do cemitério são necessá- homens em relação aos ma-
canas e portuguesas. rios cerca de 300 quilos de ra- chos. É uma espécie de solida-
Segundo Patrícia, uma delas ção por mês, um custo médio riedade”, conta a professora
utilizava o método de controle de R$ 500,00. de inglês Andréa de Oliveira,
de colônia. A metodologia con- “Ainda temos que castrar uma das voluntárias.
sistia em esterilizar os gatos, e umas 10 fêmeas e uns 20 ou 30 O trabalho realizado no ce-
depois alimentá-los e monito- machos no cemitério”, explica mitério da região já serviu até
rá-los no próprio local de onde a coordenadora do projeto de modelo para projetos em
foram retirados, a fim de man- Patrícia lembra que o aban- outras cidades. “Uma pessoa
ter os bichos saudáveis e a colô- dono de animais é um proble- que visitou o blog veio pedir
nia controlada. ma mundial. “O que muda são ajuda para implantar a idéia
Com base nessa experiência as políticas de controle de colô- no lugar onde mora. Passou o
bem-sucedida, Patrícia resol- O trabalho no cemitério consiste em castrar os animais e manter a colônia alimentada e saudável nia”. No Brasil, ela cita expe- dia aqui para aprender”.

Blog ajuda a divulgar fotos dos gatinhos Projetos precisam de voluntários


FERNANDA LUZ DAVI RIBEIRO

TTTDurante otrabalho de esteri- TTTPor mais que exista um pla-


lização dos animais, a funcioná- nejamento, não há como se-
ria pública Patrícia Oliveira guir à risca. O orçamento para
percebeu que no cemitério executar os projetos é muito
viviam muitos filhotes e ani- apertado – dificilmente chega
mais dóceis. Foi quando sur- a R$ 200,00, perante uma des-
giu uma nova a ideia: implan- pesa que beira os R$ 1 mil.
tar um projeto de adoção. Os recursos são provenien-
“Passei a divulgar fotos dos tes de doações e de parcerias
gatos na internet e as pessoas com artesãos. “De vez em
começaram a adotar”. Nascia quando ainda aparece um con-
ali o Adotar Gatinhos, que, tratempo, como um gatinho
em dois anos, já proporcionou doente. Na maioria dos me-
a adoção de 49 felinos. ses, o dinheiro não dá”, conta
Antes de ganharem um lar, Patrícia Oliveira.
os animais são castrados, ver- Os filhotes e os adultos mais dóceis são encaminhados para a adoção Os projetos também não re- Andrea, Patrícia e Tânia se dedicam ao trabalho voluntário
mifugados e recebem trata- cebem nenhum tipo de ajuda
mento contra pulgas. Depois, governamental. Por isso, preci-
ficam um período em um lar não tem nenhuma despesa. O trabalho de castração é fei- sam da ajuda de voluntários, Conforme a coordenadora, tência e pagamos as despesas.
temporário, onde passam por “A não ser que queria arcar to com animais domésticos de como mais veterinários dispos- existem várias formas de aju- E caso não seja concretizada a
um trabalho de socialização pa- com os gastos”. famílias carentes da comunida- tos a ajudar nas castrações e no dar. Patrícia aceita doação de adoção, arrumamos outro lar
ra aprender a conviver com hu- Um terceiro projeto, o Muti- de ao lado do cemitério. Até cuidado dos gatinhos doentes. ração, de vermífogos, de anti- temporário”.
manos. “Geralmente, eles são rão de Castração, foi criado pa- hoje, 121 gatos foram esteriliza- “O trabalho deles é pratica- pulgas e de areia higiênica. A funcionária pública Tâ-
bem medrosos e precisam ra complementar os dois pri- dos. “São pessoas carentes que mente voluntário porque en- Quem quiser pode se oferecer nia Moreira, 48 anos, é uma
aprender a convivercom as pes- meiros. “Toda semana a popu- não têm como pagar por uma tendem a importância do para servir de lar temporário das voluntárias. Além dos
soas”, explica Patrícia. lação da comunidade que fica cirurgia e nem de levar o ani- projeto. Geralmente paga- aos felinos à espera de adoção, seus cinco gatos, já recebeu
Quem oferece o lar tempo- no entorno do cemitério aban- mal até a zoonoses, que faz o mos apenas o material e as “As pessoas tem medo de se em sua casa outros 20 felinos
rariamente a um gatinho donava um filhote”. trabalho de graça”. despesas da clínica” apegar,mas damos toda a assis- em processo de adoção.

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