Você está na página 1de 10

CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ – CESUMAR

MOACIR TOMAZ DE SANTANA

A DIDÁTICA NA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA E A VIABILIZAÇÃO DO


ARTIGO 43 DA LBD.

MARINGÁ - 2010
MOACIR TOMAZ DE SANTANA

A DIDÁTICA NA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA E A VIABILIZAÇÃO DO


ARTIGO 43 DA LBD.

Trabalho apresentado ao Centro


Universitário de Maringá, como requisito
parcial à obtenção da nota referente às
disciplinas de Didática na Docência do
Ensino Superior, a Sociedade
Contemporânea e o Desafio da Educação
Superior, e Políticas Públicas, Lesgislação e
Estrutura do Ensino Superior Orientação:
Prof.: Fabiane Carniel.

MARINGÁ - 2010
A Didática na Sociedade Contemporânea e a Viabilização do Artigo 43 Da LDB.

A educação de uns tempos para cá tornou se fonte de fervorosas discussões e


aliada de políticos que a vem como objeto de troca. Isto por que ela não é considerada
em sua totalidade nem da forma correta, o Ensino Superior, por exemplo, tornou-se
banal, não existe mais a seleção adequada para que um sujeito torne-se médico ou
engenheiro, o advento de agregação promovido pelo Prouni, que em teoria seria
admirável para promover a inserção dos jovens na universidade, acaba por admitir
pessoas sem estrutura e o mínimo conhecimento para freqüentar os bancos de um curso
superior, estabelecendo contatos com jovens em idade escolar, ouvimos diversos relatos
inclusive o de que quem estuda, no sentido estrito da palavra, é motivo de chacota dos
colegas, afinal hoje em dia basta ter baixa renda e o lugar na universidade estará
garantido, ou ainda que não é necessário esforçar-se durante o ensino fundamental e
médio, pois os pais tem condições de pagar um curso em instituição particular onde o
critério de seleção é fraco. Dessa forma, formam-se profissionais medíocres e sem
capacidade de exercer as funções as quais estão, supostamente, habilitados. Essas
manifestações errôneas, felizmente não são maioria, porém é preciso cuidar para que
não se espalhe tornando a educação apenas fonte de títulos importantes para elevação
social.
Esses comentários, no entanto, desrespeitam a criação das leis de diretrizes e
bases (LDB) que em seu primeiro esboço em 1934 pregava a melhoria do ensino e
garantia a todos os cidadãos direitos ao ensino primário, onde a federação se
sobrepusera, porém, não erradicando o poder dos estados sobre a implantação dos
sistemas de ensino. Depois destes primeiros enfoques sobre educação surgiram as LDBs
de 1961, 1971 e por fim a de 1996.
Com a reformulação da constituição de 1988 a antiga LDB foi considerada
obsoleta, porém demorou oito anos para que uma nova base se estabelecesse.
Sancionada pelo presidente Fernando Henrique Cardoso e pelo ministro da educação
Paulo Renato em 20 de dezembro de 1996. Baseada no princípio do direito universal à
educação para todos, a LDB trouxe diversas mudanças em relação às leis anteriores,
como a inclusão da educação infantil (creches e pré-escolas) como primeira etapa da
educação básica.
Após um longo período de debates entre duas propostas diferentes em que uma
conhecida como Projeto Jorge Hage e debatida com a sociedade, mediados pelo Fórum
Nacional em Defesa da Escola Pública, e apresentado a Câmara dos Deputados. A outra
elaborada pelos senadores Darcy Ribeiro, Marco Maciel e Mauricio Correa em
articulação com o poder executivo com apoio do MEC, divergiam a respeito do papel
do estado na educação. A primeira apresentava preocupação com mecanismos de
controle social do sistema de ensino, enquanto a segunda previa uma estrutura centrada
nas mãos do governo. Por fim, embora o texto final apresente idéias relativas ao projeto
dos civis, se aproxima mais do conceito elaborado pelo grupo dos senadores, que contou
com forte apoio do governo FHC nos últimos anos da tramitação.
O texto da LDB (1996) apresenta considerações sobre o ensino superior e traz
em seu artigo 43 uma serie de parágrafos que orientam e que pela beleza de afirmações
nos convidam ao diverso mundo estudantil. São eles:
Art. 43. A educação superior tem por finalidade:
I – estimular a criação cultural e o desenvolvimento do espírito científico e
do pensamento reflexivo;
II – formar diplomados nas diferentes áreas do conhecimento, aptos para a
inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento
da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua.
III – incentivar o trabalho de pesquisa e investigação científica, visando o
desenvolvimento da ciência e da tecnologia e da criação e difusão da cultura,
e, desse modo desenvolver o entendimento do homem e do meio em que
vive;
IV – promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e
técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber
através do ensino, de publicações ou de outras formas de comunicação;
V – suscitar o desejo permanente de aperfeiçoamento cultural e profissional
e possibilitara correspondente concretização, integrando os conhecimentos
que vão sendo adquiridos numa estrutura intelectual sistematizadora do
conhecimento de cada geração;
VI – estimular o conhecimento dos problemas do mundo presente, em
particular os nacionais e regionais, prestar serviços especializados à
comunidade e estabelecer com esta uma relação de reciprocidade;
VII – promover a extensão, aberta à participação da população, visando à
difusão das conquistas e benefícios resultantes da criação cultural e da
pesquisa científica geradas na instituição.

Embora todos esses conceitos sejam buscados pelos acadêmicos mais dedicados,
muitos desses trechos podem ser considerados utópicos, a grande maioria das
universidades brasileiras não oferecem aos alunos possibilidades de trabalhos voltados a
pesquisas, ou projetos de cunho científico. O que se vê, na maioria das vezes, é um
ensino defasado em que se encontram apenas materiais antigos, em que se fica exposto
a pareceres de alunos de outras épocas, ou ainda presos a periódicos e relatórios que não
ensinam na prática, contribuindo para uma demora relativa ao descobrimento de novos
conceitos, o desenvolvimento de novas técnicas. Contudo, pesquisas de cunho científico
existem e quando elaboradas, contribuem significativamente para os estudos das
universidades ligadas e principalmente para os alunos que dela participam, o que
realmente se discute, não é a qualidade dos projetos e sim o número de pessoas que ela
engloba, afinal, todos enquanto estudantes deveriam ter os mesmos direitos e acesso a
um ensino de qualidade. Um investimento maciço em tecnologia e pesquisa deveria ser
considerado, adequando o ensino superior ao seu real objetivo, que é formar
profissionais aptos para o exercício de suas funções.
No entanto, essas falhas da educação não são de todo ruins, pois essas levam a
reflexões entre os alunos que, de forma natural, acabam aplicando na vida algumas das
diretrizes que defendem o pensamento reflexivo, estimulando debates sobre os
problemas enfrentados pela sociedade, porém limitados ao círculo universitário, criando
um ciclo de queixas que, embora importantes, não expandem os pensamentos para
outras instâncias do mundo.
Essas exposições fazem mais sentido quando citamos os cursos de licenciatura,
embora controverso, estes que formam para o magistério, são os mais defasados quando
se trata de pesquisa, ou prática. Esses, apesar de serem fundamentais para a formação
de qualquer profissional, ficam esquecidos, ouve-se muito sobre reformas educacionais,
porém as mudanças são oferecidas, na maioria das vezes, a professores já com carreira
estabelecida, enquanto o ensino nas universidades continua antiquado, incorrendo em
mais um ciclo que não se desfaz, em que forma-se errado para depois corrigir.
Para que este panorama se desfaça é necessário que o devido valor seja dado aos
cursos, independente das profissões que eles formam e autonomia para decidir o que é
indispensável para um bom funcionamento e maior investimento, acabando com a
estrutura deficitária das instituições, essas mudanças podem acarretar em melhorias,
tanto no ensino superior, quanto no básico, uma vez que professores bem formados
enviarão aos bancos universitários acadêmicos interessados e praticantes espontâneos
das diretrizes educacionais.
Para a implantação dessas mudanças no contexto educacional, que visam sanar
as dificuldades enfrentadas pelos cursos de nível superior, conseqüentemente os do
nível básico, é preciso levar e conta a forma com que se ensina, ou que se instiga o
aluno a querer aprender. A esse processo damos o nome de didática (Τεχνή διδακτική)
(techné didaktiké), termo vindo do grego e que significa arte ou técnica de ensinar.

A didática é a parte da pedagogia que se ocupa dos métodos e técnicas de


ensino destinados a colocar em prática as diretrizes da teoria pedagógica. A
didática estuda os processos de ensino e aprendizagem. O educador Jan
Amos Komenský, mais conhecido por Comenius, é reconhecido como o pai
da didática moderna, e um dos maiores educadores do século
XVII.(Wikipedia)

As práticas pedagógicas defendem os interesses individuais, o professor além de


transmissor do conhecimento é também um facilitador do ensino e tem o papel de torná-
lo atraente. Dentre os professores que tinham as propostas para tornar o ensino mais
interessante estava COMENIO, em sua proposta que enfatiza a “arte de ensinar” por ele
denominada DIDÁTICA.
Comênio escreveu em seu projeto pedagógico que não se deveria ensinar aos
futuros professores apenas o aspecto técnico de metodologia de ensino dando ênfase aos
meios necessários para o desenvolvimento do ensino. Nesse momento a didática passa a
ser necessária à formação do professor.
Assim sendo, a didática é vista como a arte de ensinar, ou seja, ensinar a ensinar,
vinculados ao o porquê, para que e para quem ensinar, enfatizando ora professor ora
aluno.
Desta forma a DIDÁTICA contribui para a prática pedagógica à medida que
trabalhada em conjunto com o conteúdo de ensino (de forma explicita) e a pratica social
(de forma implícita).
Para que a ação didática aconteça é preciso que alguns elementos estejam
envolvidos e são eles: Professor, aluno, conteúdo, contexto de aprendizagem e
estratégias metodológicas.
Na atual perspectiva educacional a didática deve assumir um papel
multifuncional, em que os conteúdos ministrados pelos professores passam a
desenvolver-se de forma contextualizada, aliando teoria e prática, de forma a tornar o
ensino eficiente para maior parte da população, adequando-o ao cotidiano, busca, ainda,
ajustar a visão do homem à sociedade abordando diferentes métodos, que visam, antes
de tudo, uma transformação social, em que os acadêmicos saiam preparados para um
convívio harmônico com a sociedade.
Ante a essas considerações, podemos entender que é de suma importância à
disciplina de didática para a formação do professor, vistas as diferentes formas de se
ensinar, de estimular e adequar os conteúdos aos critérios sociais que se enquadram
cada aluno, vista a diversidade de características existentes no cotidiano escolar, para os
professorandos sem qualquer experiência didática, o processo de ensino torna-se pesado
e ineficiente, conhecer teorias e aliá-las a prática ajudam no processo de formação
profissional, que embora não se construa baseada apenas em livros e teorias, tampouco
em curto espaço de tempo, contribuem para reflexões e posicionamento em sala de aula.
As maneiras com que os conteúdos são transmitidos ou mediados aos alunos,
mostram de forma clara o professor que tem boa bagagem didática, a clareza e
simplicidade nas explicações, demonstram um comprometimento com o processo de
ensino, onde os alunos entendem as disciplinas e conseguem torná-las parte do dia-a-
dia. Sendo assim a eficácia da didática na formação do professor é evidente, visto que
não basta apenas conhecer os conteúdos a serem ministrados, é também necessário
conhecer as formas de ensinar, assim como ter bom senso e dom para fazê-lo.
Para incorrermos todos esses processos referentes ao ensino, que tornam um
acadêmico apto a exercer a função de professor, é preciso passar por situações
cotidianas que, implicitamente, ajudam a definir o caráter e construir cidadãos. Estes
processos são previstos e sancionados pela LDB que embora conjetura todas as
hipóteses para que o ensino superior seja pleno, tanto no que diz respeito à formação
política, social cientifica dos alunos, deixa a desejar nesses quesitos, pois, grande parte
do que é preciso para a formação dos profissionais é deixado de lado por falta de
recursos, assim, o artigo 43 da LDB que enfoca desde o parágrafo I até o VII que, a
universidade tem por finalidade, além da de ensinar os conteúdos referentes a cada
curso, fornecer a sociedade cidadãos conscientes e capazes de entender os problemas da
sociedade, assim como procurar alternativas para minimizá-los, capazes de refletir e
desenvolver projetos de ordem cientifica e intelectual, sempre dispostos a aperfeiçoar-se
em nível cultural e cientifico.
Pois tais considerações soam quase como quiméricas, haja vista os problemas de
ordem física e monetária enfrentados pelas universidades. Promover um ensino de
qualidade é um desafio, vista a falta de materiais para a elevação deste.
A carência de incentivo a projetos voltados a pesquisa científica são também
grade empecilho para a promoção do ensino superior, porém a formação de cidadãos
conscientes de suas responsabilidades, tanto em nível técnico como humano em nada
tem a ver com estruturas físicas, neste ponto a universidade é consagrada, pois o
convívio, com diferentes pessoas e características, faz com que passemos a enxergar o
mundo de forma ampla, desfazendo mitos e conceitos pré estabelecidos.
Embora grande parte das universidades não disponham de recursos para
cumprirem de forma real todas as manifestações contidas na LDB, elas ainda são a
melhor forma de se criar sujeitos reflexivos e conscientes do mundo em que vivem e do
que querem viver.
Assim podemos ponderar que a universidade, ainda que precisando melhorar,
estimula a criação cultural, o pensamento reflexivo, forma diplomados nas diferentes
áreas do conhecimento que colaboram para o desenvolvimento da sociedade brasileira, e
às vezes de outros países, suscita o desejo de constante aprimoramento profissional,
estimula o conhecimento dos problemas do mundo assim como da região e estado,
deixando de lado apenas questões relacionadas à pesquisa cientifica e suas publicações.
Portanto, para que o ensino superior atinja seu mais alto patamar, basta que as
instituições invistam em laboratórios e matérias de pesquisa, com resultados divulgados
e acessíveis a população, delegando a um maior número de alunos o prazer de uma
educação plena, retornando em maior desenvolvimento a sociedade.

Numa sociedade posta hoje sob o primado de saberes que continuadamente


se superam e reconstroem não é mais possível pensar o ensino como mero
repasse de conhecimentos depositados numa tradição cultural. Não se trata
de abandonar o ensino em favor da pesquisa, nem de priorizá-la em si
mesma, ou de banalizá-la. É preciso pensar, de forma sistemática e
produtiva, nos modos de articulação entre pesquisa, ensino e extensão.
Sob o primado da pesquisa, cumpre assumir o desafio de repensá-
la/reconstruí-la em si mesma e no interior dos processos da aprendizagem.
Não pode a pesquisa visar a um desenvolvimento das ciências e tecnologias
à parte dos interesses humanos em jogo e à parte da formação dos novos
sujeitos num mundo em constantes transformações. Mais do que visar ao
imediatismo de suas conquistas importa busque a pesquisa educar o cidadão
para o enfrentamento das situações novas, sequer previstas. Não mais se
sustenta a ciência como um acumulado de conhecimentos, mas se constrói
de contínuo numa comunidade viva de pesquisadores dedicados ao debate
sobre os processos criativos de sua região de saberes. Competência científica
e competência comunicativa se supõem em reciprocidade e se auto-exigem.
(Id.)
Dessa forma, o processo formativo da pesquisa precisa ser fio condutor do
sistema educacional, da educação infantil à universidade, da tesoura e cola
com que se inicia a criança às artes do ler, escrever e pesquisar aos desafios
dos experimentos de laboratório, capazes de abertamente e de público
justificarem suas constatações e descobertas.
Acreditamos, portanto, que um engajamento político, institucional e social seja
necessário para que mudanças aconteçam no ensino superior, e que o anseio de
melhorias passe da idéia para realidade, embora estas transformações não aconteçam
apenas em nível burocrático e legal, é preciso também que tempo se alie a reforma, que
não acontece de forma rápida, é preciso que o engajamento se inicie e que não haja
desestimulo ao se encontrar dificuldades nem a falta de resultados imediatos.
REFERENCIAS:

LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação, 1996.

TEIXEIRA Gilberto, A Responsabilidade Social das Instituições Universitárias e a


LDB. Disponível em:
http://www.serprofessoruniversitario.pro.br/ler.php?modulo=19&texto=1173 Acesso
em: 06/05/2010

http://pt.wikipedia.org/wiki/Lei_de_Diretrizes_e_Bases_da_Educa%C3%A7%C3%A3o
_Nacional#Hist.C3.B3rico_2 . Acesso em:06/05/2010

Você também pode gostar