Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
PORTUGUESA II
GRADUAÇÃO
Unicesumar
Reitor
Wilson de Matos Silva
Vice-Reitor
Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor Executivo de EAD
William Victor Kendrick de Matos Silva
Pró-Reitor de Ensino de EAD
Janes Fidélis Tomelin
Presidente da Mantenedora
Cláudio Ferdinandi
NEAD - Núcleo de Educação a Distância
Diretoria Executiva
Chrystiano Mincoff
James Prestes
Tiago Stachon
Diretoria de Graduação
Kátia Coelho
Diretoria de Pós-graduação
Bruno do Val Jorge
Diretoria de Permanência
Leonardo Spaine
Diretoria de Design Educacional
Débora Leite
Head de Curadoria e Inovação
Tania Cristiane Yoshie Fukushima
Gerência de Processos Acadêmicos
Taessa Penha Shiraishi Vieira
Gerência de Curadoria
Carolina Abdalla Normann de Freitas
Gerência de de Contratos e Operações
Jislaine Cristina da Silva
Gerência de Produção de Conteúdo
Diogo Ribeiro Garcia
Gerência de Projetos Especiais
Daniel Fuverki Hey
Supervisora de Projetos Especiais
Yasminn Talyta Tavares Zagonel
Coordenador de Conteúdo
Fabiane Carniel
Designer Educacional
Bárbara Neves
C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a
Distância; NARDO, Raquel de Freitas Arcine de; MACEIS, Valéria Projeto Gráfico
Adriana; CALICCHIO, Fátima Christina. Jaime de Marchi Junior
José Jhonny Coelho
Língua Portuguesa II. Raquel de Freitas Arcine de Nardo; Valéria Arte Capa
Adriana Maceis, Fátima Christina Calicchio. Arthur Cantareli Silva
Maringá-Pr.: UniCesumar, 2017. Reimpresso em 2021.
160 p. Ilustração Capa
“Graduação - EaD”. Bruno Pardinho
Editoração
1. Língua. 2. Portuguesa. 3. Letras. 4. EaD. I. Título. Fernando Henrique Mendes
Impresso por:
Em um mundo global e dinâmico, nós trabalhamos
com princípios éticos e profissionalismo, não somen-
te para oferecer uma educação de qualidade, mas,
acima de tudo, para gerar uma conversão integral
das pessoas ao conhecimento. Baseamo-nos em 4 pi-
lares: intelectual, profissional, emocional e espiritual.
Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois cursos
de graduação e 180 alunos. Hoje, temos mais de
100 mil estudantes espalhados em todo o Brasil:
nos quatro campi presenciais (Maringá, Curitiba,
Ponta Grossa e Londrina) e em mais de 300 polos
EAD no país, com dezenas de cursos de graduação e
pós-graduação. Produzimos e revisamos 500 livros
e distribuímos mais de 500 mil exemplares por
ano. Somos reconhecidos pelo MEC como uma
instituição de excelência, com IGC 4 em 7 anos
consecutivos. Estamos entre os 10 maiores grupos
educacionais do Brasil.
A rapidez do mundo moderno exige dos educa-
dores soluções inteligentes para as necessidades
de todos. Para continuar relevante, a instituição
de educação precisa ter pelo menos três virtudes:
inovação, coragem e compromisso com a quali-
dade. Por isso, desenvolvemos, para os cursos de
Engenharia, metodologias ativas, as quais visam
reunir o melhor do ensino presencial e a distância.
Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é
promover a educação de qualidade nas diferentes
áreas do conhecimento, formando profissionais
cidadãos que contribuam para o desenvolvimento
de uma sociedade justa e solidária.
Vamos juntos!
Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está
iniciando um processo de transformação, pois quando
investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou
profissional, nos transformamos e, consequentemente,
transformamos também a sociedade na qual estamos
inseridos. De que forma o fazemos? Criando oportu-
nidades e/ou estabelecendo mudanças capazes de
alcançar um nível de desenvolvimento compatível com
os desafios que surgem no mundo contemporâneo.
O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de
Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo
este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens
se educam juntos, na transformação do mundo”.
Os materiais produzidos oferecem linguagem dialógica
e encontram-se integrados à proposta pedagógica, con-
tribuindo no processo educacional, complementando
sua formação profissional, desenvolvendo competên-
cias e habilidades, e aplicando conceitos teóricos em
situação de realidade, de maneira a inseri-lo no mercado
de trabalho. Ou seja, estes materiais têm como principal
objetivo “provocar uma aproximação entre você e o
conteúdo”, desta forma possibilita o desenvolvimento
da autonomia em busca dos conhecimentos necessá-
rios para a sua formação pessoal e profissional.
Portanto, nossa distância nesse processo de cresci-
mento e construção do conhecimento deve ser apenas
geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos
que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita.
Ou seja, acesse regularmente o Studeo, que é o seu
Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos fóruns
e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe das dis-
cussões. Além disso, lembre-se que existe uma equipe
de professores e tutores que se encontra disponível para
sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de
aprendizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranqui-
lidade e segurança sua trajetória acadêmica.
AUTORES
http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4468363U7
http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4257582H9
http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4416976Z3
APRESENTAÇÃO
LÍNGUA PORTUGUESA II
SEJA BEM-VINDO(A)!
Prezado(a) acadêmico(a), primeiramente, gostaríamos de expressar a nossa satisfação
em preparar para você este livro tão necessário a sua formação acadêmica e profissional
referente à disciplina Língua Portuguesa II. Tal disciplina aborda temas relacionados à
Sintaxe. Muito nos interessam e encantam os estudos sintáticos, com isto, procuramos
inserir, ao discorrer cada parágrafo escrito, tudo que sabemos sobre o assunto, da forma
mais adequada possível. Com carinho e empenho, o nosso desejo é colaborar efetiva-
mente com o seu crescimento, tanto como aluno(a) do curso de Letras quanto como
futuro(a) professor(a) de Língua Portuguesa.
Também, neste livro, procuramos, sempre que possível, fazer uso de exemplos, pois,
para nós, eles ajudam muito na compreensão dos conteúdos estudados. Leia e analise
todas as informações com bastante atenção! Faça anotações, não deixe de responder
às atividades de estudo, busque as respostas para todas as suas dúvidas e encontre um
tempinho para visitar as sugestões de leitura inseridas ao longo de todo o texto.
Além disso, não se esqueça de que novas pesquisas e outras fontes de conhecimen-
to precisam ser conhecidas e consultadas por você. Este material, embora apresente
muitas informações sobre os termos da oração e também sobre os processos sintáticos
de articulação de orações, não esgota as suas possibilidades de estudo; ele não deve,
portanto, ser visto como a única opção para você estudar e refletir sobre os conteúdos
voltados à Língua Portuguesa II. Busque sempre mais…
No que diz respeito à primeira Unidade do livro, “A Gramática Tradicional: Introdução à
Sintaxe”, você encontrará relevantes informações acerca da tradição gramatical, de sua
história, e, também, terá acesso aos diferentes tipos de gramáticas que estudam a lin-
guagem. Além disso, você irá compreender qual é o objeto de estudo da Sintaxe, além
de relembrar seus componentes. É também na primeira Unidade do livro que analisare-
mos os sinais de pontuação.
Dando sequência a sua leitura, iniciaremos nosso estudo sobre o período simples, co-
meçando pela análise dos termos “essenciais” da oração. Teremos acesso, portanto, a
discussões, a explicações e a exemplos de sujeito e de predicado sob o viés da Gramá-
tica Tradicional.
Após enriquecer seus conhecimentos sobre os chamados termos “essenciais” da oração,
no que tange ao conteúdo da terceira Unidade do livro, você estudará os termos conhe-
cidos tradicionalmente como “integrantes” da oração, são eles: complementos verbais
(objetos), complemento nominal, predicativo e agente da passiva.
Na quarta Unidade do livro, afirmamos que você ampliará a sua visão acerca dos de-
nominados termos “acessórios” da oração. Você os estudou? Conhece-os? Trata-se dos
adjuntos adnominais, adjuntos adverbiais, aposto e vocativo. Com isto, encerraremos o
estudo do período simples.
E na última unidade do livro, voltar-nos-emos ao estudo da Sintaxe de Concordância.
Pretendemos, em tal unidade, oferecer um material esclarecedor acerca da Concordân-
APRESENTAÇÃO
cia Verbal e Nominal. Nessa unidade, queremos que você volte sua atenção para
os princípios sintáticos de dependência entre o verbo e o sujeito, como também a
dependência das palavras para sua harmonização.
Para concluir, acreditamos sinceramente que este livro pode contribuir, de maneira
significativa, para o alcance do sucesso em sua prática docente. Porém, é válido res-
saltar que toda a teoria apresentada aqui não esgota o assunto voltado aos termos
da oração. Portanto, busque outras fontes de conhecimento e queira sempre ser
o(a) MELHOR que puder ser!
Fique com o nosso abraço e com nosso sincero desejo de que você tenha muito
sucesso em seus estudos e em seu futuro profissional!
Professoras Raquel Arcine, Valéria Maceis e Fátima Christina Calicchio.
09
SUMÁRIO
UNIDADE I
15 Introdução
24 Introdução à Sintaxe
33 Sinais de Pontuação
43 Considerações Finais
49 Referências
51 Gabarito
UNIDADE II
55 Introdução
59 Tipos de Sujeito
67 Tipos de Predicado
74 Considerações Finais
79 Referências
80 Gabarito
10
SUMÁRIO
UNIDADE III
83 Introdução
91 Complemento Nominal
95 O Predicativo
99 O Agente da Passiva
107 Referências
108 Gabarito
UNIDADE IV
111 Introdução
123 O Aposto
133 Referências
134 Gabarito
11
SUMÁRIO
UNIDADE V
SINTAXE DE CONCORDÂNCIA
137 Introdução
157 Referências
158 Gabarito
159 Conclusão
Professora Me. Fátima Christina Calicchio
Professora Me. Raquel de Freitas Arcine de Nardo
I
Professora Me. Valéria Adriana Maceis
A GRAMÁTICA
UNIDADE
TRADICIONAL:
INTRODUÇÃO À SINTAXE
Objetivos de Aprendizagem
■ Prover informações sob a perspectiva tradicional dos estudos
gramaticais e apresentar a trajetória da Gramática Tradicional.
■ Diferenciar os tipos de gramáticas.
■ Prover informações introdutórias sobre a disciplina da Sintaxe.
■ Compreender questões relativas à Sintaxe a partir da Gramática
Tradicional.
■ Entender o objeto de estudo da Sintaxe e seus componentes.
■ Analisar os sinais de pontuação.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■ A abordagem tradicional: um pouco de história, origem e
características
■ Diferentes tipos de gramática
■ Introdução à Sintaxe
■ Objeto de estudo da Sintaxe a partir da abordagem tradicional
■ Análise sintática: conceito de frase, oração e período
■ Sinais de pontuação
15
INTRODUÇÃO
Introdução
16 UNIDADE I
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
dela se ocupam em nossos periódicos, em nossa imprensa. Por coman-
dos paragramaticais. Por Fulano de Tal, por exemplo. E demais.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
se mantém corrente até nossos dias começou a ser esboçada mesmo a partir
dos estudos de Aristóteles. Este filósofo estabeleceu a distinção entre conceitos,
como: “seres”, “ações”, “qualidades”, “quantidades”, e foi tal distinção aristotélica
que, mais tarde, guiou a distribuição das palavras em classes (substância/subs-
tantivo; ação/verbo; relação/conjunção).
Além disso, também foi Aristóteles quem veio a definir noções, como: juízo
– associação predicativa de dois conceitos – e raciocínio – associação de juízos
sob forma de premissas e conclusão, sendo que a primeira dessas noções, ou seja,
a de juízo, já configurava o que depois entenderíamos por proposição, a qual,
mais adiante, veio a servir de base ao estudo da sintaxe.
Ademais, há também registros de estudos aristotélicos que investigaram a
teoria da frase, as partes do discurso e as categorias gramaticais. E o mais inte-
ressante é que o léxico difundido e organizado após essas investigações está
presente ainda hoje, inclusive, em muitos estudos linguísticos.
O reconhecimento da Linguística como um ramo autônomo da Filosofia foi
garantido pelos estoicos. Eles foram os primeiros a pregar a ideia de que a lín-
gua é a expressão do pensamento, ou seja, ela é a chave para se entender a mente
humana. Foram também os seguidores do estoicismo que divulgaram a dico-
tomia entre forma e significado. Saussure, linguista importante, empreendeu
mais tarde uma famosa distinção, semelhante a esta dos estoicos; ele estabele-
ceu a diferença entre significante e significado. É relevante destacar que, para
os estoicos, o significado das palavras era sensível ao contexto – este reconhe-
cimento da importância do contexto é um pré-requisito até hoje para uma boa
interpretação de texto.
Você sabe o que significa “estoicismo”? A esse respeito, relevante é esta lei-
tura! O estoicismo (do grego Στωικισμός) diz respeito a uma escola de filo-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
da arte da gramática na antiguidade, focou suas pesquisas na flexão paradig-
mática das palavras gregas. Os estudos de Dionísio, inclusive, serviram de base
para a análise de outras línguas, entre elas o latim. Já Apolônio marcou sua par-
ticipação na criação da gramática por ter sido o primeiro a formular uma teoria
sintática da língua.
Pode-se afirmar, por fim, que a GT foi criada em II a.C, na Alexandria, privi-
legiando os padrões linguísticos das obras de escritores tidos como consagrados.
Com isso, seu foco restringia-se somente à língua escrita, mais precisamente à
língua literária grega, e seu objetivo maior era transmitir o “patrimônio literá-
rio grego”. A modalidade oral da língua era desprezada dos estudos da época.
De acordo com Azeredo (1990), a disciplina gramatical dos gregos nasceu
com dupla finalidade: a filológica e a pedagógica, mantendo-se, desta maneira,
inclusive entre os romanos, seus divulgadores. Com o passar do tempo, o inte-
resse dos intelectuais da época pelo estudo de gramática se intensificou tanto que,
ao lado da dialética e da retórica, tal disciplina alcançou o chamado trivium das
instituições acadêmicas medievais. Filósofos e eruditos gregos buscavam, além da
descrição da língua, a arte de falar corretamente e a explicação de textos poéticos.
Acredita-se que retomando o debate sobre a relação entre a linguagem e a
estrutura do pensamento, por volta do século XIII, a gramática ganhou um caráter
novo, isto é, passou a ser vista como “especulativa”. Em outras palavras, começou
a ser elaborada segundo a concepção de língua como “espelho” da organização
do raciocínio. Nesta visão, ainda de cunho preconceituoso, todas as línguas con-
sistem em um sistema fixo e comum de categorias linguísticas, que seriam, na
verdade, categorias do pensamento. Passou a ser defendida a existência de línguas
seguidas, ou seja, a regra é concebida como uma lei que deve ser obedecida.
Nesse caso, como se trata de um compêndio com normas para falar e escrever de
maneira correta, o falante que faz uso dessa gramática é considerado um falante
eficiente, pois obedece às normas determinadas para o bem falar e escrever. Essas
normas originam-se do uso que os escritores consagrados faziam da língua. De
acordo com Travaglia (2001, p. 30), essa gramática determina
[...] normas para a ‘correta’ utilização oral e escrita do idioma, pres-
creve o que se deve e o que não se deve usar na língua. Essa gramática
considera apenas uma variedade da língua como válida, como sendo
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
a língua verdadeira [...] é mais uma espécie de lei que regula o uso da
língua em sociedade.
2001, p. 28). E você, caro(a) aluno(a), deve estar se questionando: como, então,
muitos falam uma língua sem mesmo nunca terem frequentado uma escola?
À essa concepção chamamos de Gramática Internalizada, isto é, cada indi-
víduo possui uma competência natural, que nasce com ele e, juntamente com a
convivência no meio social, desenvolve, gradualmente, hipóteses sobre a língua a
partir de suas próprias atividades linguísticas. Por isso, a Gramática Internalizada
é definida como o “conjunto de regras que o falante domina” (POSSENTI, 1996,
p. 69). Nesta visão, regra corresponde à regularidade. Segundo esse autor, “seguir
uma ou outra regra não indica menor ou maior inteligência, maior ou menor
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
INTRODUÇÃO À SINTAXE
Como você já deve ter notado, a Linguística é uma ciência que tem contribuído
de modo exaustivo para a compreensão da natureza e do funcionamento da lin-
guagem humana. É por meio dela que você irá compreender um dos níveis de
análise de uma língua, que é o nível da sintaxe.
Conforme apresenta Berlinck et al. (2001, p. 209),
[...] a Sintaxe como disciplina linguística independente data apenas do
final do século XIX [...]. Um dos primeiros indícios do interesse espe-
cífico pelos fenômenos sintáticos está no trabalho de John Ries, Was
ist Syntax? (O que é sintaxe?) de 1894. No entanto, é sobretudo a partir
das ideias do linguista suíço Ferdinand de Saussure, no início do século
XX, e das várias aplicações e desenvolvimentos que delas fizeram seus
seguidores que a Sintaxe foi adquirindo o estatuto de disciplina autô-
noma.
Observe que a frase fala de duas pessoas, mas quando o professor pede que se
faça uma análise sintática, ele não está preocupado com as pessoas de que a frase
fala, nem do que se fala sobre elas, mas que você saiba como as palavras se orga-
nizam nessa frase, ou seja, como elas se combinam; quais as regras que permitem
essa organização; como cada parte dessa frase funciona; e, se possível, dar um
nome a cada uma dessas partes com base em uma das regras que a língua utiliza.
Enfim, isso seria fazer análise sintática. Assim, análise sintática é o nome
que se dá ao procedimento de verificar a função de cada uma das partes orga-
nizadas de uma sentença de uma língua qualquer, identificando as partes com
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
características comuns. Por isso, fazer análise sintática não é saber se a sentença
mencionada anteriormente diz alguma coisa a respeito de algo ou alguém.
Quando falamos de “sujeito” em análise sintática (que você verá na Unidade
II), não estamos falando de uma pessoa ou de uma coisa, mas de uma função de
uma parte da sentença que estamos analisando.
Diante disso, como você já deve ter percebido, ao realizarmos uma análise
sintática tradicional, buscamos identificar as funções das palavras que formam
as sentenças. Perini (2008) explica a importância de compreender as classifi-
cações das palavras na Sintaxe, pois sem essa identificação não teríamos como
descrever e analisar as estruturas de uma língua. Além disso, esse sistema de
categorizações é necessário para que você, aluno(a) e futuro(a) professor(a) de
Língua Portuguesa, trate objetivamente da língua e possa falar as palavras com
um mínimo de economia. Vejamos como exemplifica Perini (2008, p. 79):
[...] nenhum sistema de conhecimento pode funcionar sem um sub-
sistema de categorização. Uma razão para isso é que o mundo é com-
plexo demais para caber literalmente na memória de uma criatura. Eu,
no momento, estou sentado em um objeto que chamo de cadeira, e há
outras cadeiras pela casa, no meu gabinete e em vários lugares que fre-
quento. No entanto, há nítidas diferenças entre essas cadeiras: podem
ser estofadas ou não, feitas de madeira, de metal ou de plástico, com
braços ou sem braços, confortáveis ou desconfortáveis, claras ou escu-
ras e assim por diante. No entanto, para mim são todas cadeiras, se meu
objetivo é distingui-las de outros objetos que não servem para sentar.
[...] Seria totalmente impossível ter uma palavra para designar cada
tipo de cadeira – ou, pior, cada cadeira individual, já que nunca há duas
realmente idênticas em todos os detalhes. E, acima de tudo, seria inú-
til, porque meus objetivos comunicativos não exigem essas distinções
Sendo assim, é necessário que você compreenda a diferença entre classe e função
para que possa classificar as palavras que formam as sentenças de maneira adequada.
As classes de palavras são essenciais para sermos capazes de falar da língua. Melhor
dizendo, sem utilizar uma metalinguagem (artigo, substantivo, adjetivo, verbo, advér-
bio, pronome, preposição, conjunção, numeral, sujeito, predicado, verbo transitivo,
objeto direto, objeto indireto, oração coordenada, oração subordinada etc.) teríamos
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
seção seguinte, considerações acerca da frase, oração e período. Bons estudos!
Antes de iniciar o nosso estudo acerca dos termos com sujeito, predicado, verbo
transitivo, entre outros, os chamados termos “essenciais” da oração, (os quais
veremos na próxima unidade), precisamos deixar claro em que consiste uma
frase, oração e período, já que, como estudamos, a análise sintática examina a
estrutura do período, divide e classifica as orações que o constituem e reconhece
a função sintática dos termos de cada oração.
Verifique que, se a frase não possui verbo, a melodia (ou entonação) é a única
marca pela qual podemos reconhecê-la. Sem isso, as frases (c) e (d) dos exem-
plos seriam simples vocábulos, unidades léxicas sem valor gramatical.
Em uma definição mais básica e geral, dizemos que uma oração pode ser
uma frase ou parte de uma frase. Constitui-se em torno de um verbo ou de uma
locução verbal. Normalmente é formada por sujeito e predicado. Quando há
apenas um verbo em um enunciado, há apenas uma oração, formando o que se
denomina, tradicionalmente, por período simples. Quando há dois ou mais ver-
bos, isto é, duas ou mais orações, temos período composto.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
A locução verbal é o conjunto formado de um verbo auxiliar + um verbo
principal. O verbo auxiliar pode vir numa forma finita (indicativo, imperativo
ou subjuntivo) ou numa forma nominal (infinitivo ou gerúndio). Já o verbo
principal vem sempre numa forma nominal, que pode estar no infinitivo,
gerúndio ou particípio. Para melhor compreensão por meio de exemplos,
indico a você a leitura do seguinte link:
<http://www.filologia.org.br/abf/volume1/numero1/08.htm>
Com essa leitura, você poderá relembrar e aprofundar seus conhecimentos
sobre os verbos, além de verificar, de modo específico, a formação da locu-
ção verbal por meio das diversas combinações verbais.
Não deixe de conferir!
Fonte: adaptado de Fichas Marra (2011, on-line)3.
Nas palavras de Perini (2010, p. 65), oração diz respeito à estrutura que tipica-
mente contém um verbo e, muitas vezes, um ou mais complementos (sujeito,
objetos e/ou sintagmas preposicionais, adjetivos ou advérbios – ocorrem apro-
ximadamente três complementos em uma oração). Além de complementos, a
oração, segundo o autor, pode apresentar também um ou mais adjuntos, os quais
serão discutidos no decorrer deste livro.
O que precisa ficar claro para você, prezado(a) aluno(a), é que o verbo é
parte fundamental da oração; trata-se da condição de existência desta. Pode
haver orações, como veremos a seguir, que não apresentam sujeito, mas inexis-
tem orações sem predicado, pois é justamente no predicado que se encontra a
estrutura verbal de uma oração.
Analisemos alguns exemplos:
1. Atenção!
2. Os alunos prestaram atenção às aulas.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
que a sua promoção virá depois da semana que vem”. Há, ainda, o período misto,
que é constituído por coordenação e subordinação ao mesmo tempo: “Joana e
Vera são irmãs, mas não se falam desde o mês passado, quando discutiram por
causa do trabalho”. Contudo, fique tranquilo, caro(a) aluno(a), pois você verá
esse conteúdo de forma aprofundada na disciplina de Língua Portuguesa III.
Retomando, e de maneira resumida, a NGB leva em conta o seguinte
procedimento:
Silêncio! (frase)
Socorram-me! (frase, oração e período)
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Só irei ao evento caso esteja com vontade de conversar com amigos que não
vejo desde o ano passado. (frase e período contendo quatro orações)
O período simples termina sempre por uma pausa bem definida, que se
marca na escrita com ponto, ponto de exclamação, ponto de interrogação,
reticências e, algumas vezes, com dois pontos.
(Fichas Marra)
A partir de toda essa explanação, acreditamos que você, acadêmico(a), está prepa-
rado para relembrar e aprofundar seus conhecimentos sobre sinais de pontuação.
Está pronto? Então, vamos lá! Bons estudos!
SINAIS DE PONTUAÇÃO
A vírgula marca uma pausa de pequena duração, sendo empregada não só para
separar elementos de uma oração, mas também orações de um só período. No
entanto, a primeira orientação que deve ser seguida é que nunca devemos sepa-
rar o sujeito do verbo e o verbo de seus objetos com a vírgula. Por exemplo, em
Sinais de Pontuação
34 UNIDADE I
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
sintática, devem ser separados por vírgula.
Ao separar termos que exercem funções sintáticas diferentes, geralmente
utilizamos a vírgula com a finalidade de realçá-los. Particularmente, a vírgula
é usada para:
a. Isolar o aposto ou qualquer elemento de valor explicativo:
Oscar Niemeyer, arquiteto brasileiro conhecido mundialmente, foi respon-
sável pelo projeto arquitetônico de várias capitais brasileiras.
b. Isolar o vocativo:
Senhor diretor, envio as planilhas para conferência.
c. Separar certas expressões explicativas ou retificativas, como: isto é, a saber,
por exemplo, ou seja, ou melhor etc.:
O amor, isto é, o mais forte e sublime dos sentimentos humanos, tem seu
princípio em Deus.
d. Separar os adjuntos adverbiais:
Ontem, na avenida principal da cidade, aconteceu mais um acidente.
Porém, caro(a) aluno(a), é preciso ficar atento à outra questão: separam-se, geral-
mente por vírgulas, as orações coordenadas unidas pela conjunção e quando
possuem sujeito diferente, como em:
Os alunos não se mostraram interessados, e o professor não fez questão
de incentivá-los.
Ou, ainda, quando há polissíndeto – figura de linguagem que faz uso de
vários conectivos repetidos:
As crianças riem, e cantam, e dançam, e sonham.
De maneira mais simples, o ponto é o sinal usado para marcar a pausa máxima com
que se encerra o período. É empregado, principalmente, para indicar o término
de uma oração declarativa, ou então a última oração de um período composto.
No exemplo a seguir, temos o ponto empregado no final de uma frase declarativa:
Sinais de Pontuação
36 UNIDADE I
Essa imprecisão do ponto e vírgula faz que seu uso dependa basicamente do
contexto. Entretanto, para ficar mais simples, apresentaremos alguns casos em
que ele pode ser empregado:
a. Para separar orações coordenadas, se uma delas já tiver vírgula:
Fazia um silêncio amedrontador na casa; todos, a criança pensava, tinham
saído ou estavam escondidos.
b. Para separar orações coordenadas de sentido oposto:
As crianças choravam de medo; os adolescentes zombavam de tudo.
c. Para separar os itens dos enunciados enumerativos:
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
De acordo com a agência de viagem, os clientes que optarem pelo plano
de viagem terão direito a:
■ Uma passagem aérea com tarifa reduzida;
■ Um apartamento em hotel conceituado;
■ Café da manhã completo no hotel;
■ Visita a locais turísticos com guias especializados.
Além disso, o ponto e vírgula é utilizado para separar itens em leis, decretos,
portarias, regulamentos etc.
Veremos, a partir de agora, de modo sucinto, os sinais que marcam, sobre-
tudo, a entonação, começando com os dois-pontos. Estes são empregadas para
anunciar:
a. Citação e fala:
A mãe conclamou a todos:
- Crianças, venham almoçar!
b. Uma enumeração explicativa:
Tudo ameaçava as plantações: vento, enchentes, geadas, insetos dani-
nhos, bichos etc.
c. Um esclarecimento, um resultado ou resumo do que se disse:
Só quero uma coisa: paz.
d. Antes de orações apositivas:
A verdadeira causa das guerras é esta: os homens se esquecem do signi-
ficado da palavra respeito.
Veja que a pergunta direta é feita sempre com entonação ascendente. Por isso, é
preciso que você não se esqueça, caro(a) aluno(a), que não se usa ponto inter-
rogativo nas perguntas indiretas, já que elas possuem entonação descendente:
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Sinais de Pontuação
38 UNIDADE I
Falaremos, agora, das reticências. Esse sinal de pontuação marca uma interrup-
ção da frase, tendo a função de indicar que a frase foi suspensa ou seccionada.
Pode ser usada para:
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
a. Indicar que houve uma dúvida, hesitação ou surpresa:
João… vê lá… pense bem no que irá fazer...
b. Indicar que a fala (ou a ideia, ou o pensamento) foi suspensa ou inter-
rompida:
Quanto ao trabalho, às vezes fico pensando que...
c. No fim de um período gramaticalmente completo, para sugerir certo pro-
longamento da ideia:
Laura gosta de comer as mais diversas frutas: pêssego, nectarina, kiwi,
goiaba...
Por fim, é importante lembrar que podemos utilizar as reticências no meio aca-
dêmico quando queremos indicar que uma citação está incompleta ou quando
partes dela não foram transcritas. Vejamos dois exemplos desses usos:
“A língua falada conta com numerosos recursos para que a oração alcance
seu objetivo de unidade de sentido [...]” (BECHARA, 2003, p. 23).
Outro sinal de pontuação que também é muito utilizado no meio acadêmico são
as aspas. Possuem como função isolar do contexto frases ou palavras alheias.
Elas são empregadas, principalmente, no início e no fim de uma citação para
distingui-la do resto do contexto:
Ao tratar de objeto direto preposicionado, Bechara (2003) também não fala
da focalização que se emprega ao objeto quando este está no início da oração.
O autor afirma que usamos o objeto direto com preposição “quando se desejar
assinalar claramente o objeto direto nas inversões” (BECHARA, 2003, p. 54).
Utilizamos, também, as aspas nos termos ou expressões que queremos evi-
denciar, tais como estrangeirismos, arcaísmos, neologismos, gírias etc. Podemos
verificar essa aplicação no exemplo a seguir:
Sinais de Pontuação
40 UNIDADE I
Sobre os parênteses, podemos afirmar que são comumente usados para iso-
lar palavras, locuções ou frases intercaladas no período com caráter explicativo.
Isto é, são empregados para intercalar num texto qualquer indicação acessória.
São usados para:
a. Acrescentar uma explicação dada ou uma circunstância secundária:
É lá (no café da Rua 15) que se encontra o hotel que você procura.
b. Inserir uma reflexão, um comentário sobre o que se afirma:
Mais uma vez (e tinha consciência disso) mudava os planos do seu destino.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
c. Adicionar uma nota emocional, expressa em forma exclamativa ou inter-
rogativa:
“Deus (ou foi talvez o diabo?) deu-me este amor maduro...” (Campo de
Flores – Poesia de Carlos Drummond de Andrade).
d. Apresentar referências a datas, a indicações bibliográficas etc:
“Elipse é a omissão de uma expressão facilmente subentendível na enun-
ciação linguística” (BECHARA, Evanildo. Lições de Português pela análise
sintática. Rio de Janeiro: Lucerna, 2003, p. 204).
e. Mostrar indicações cênicas (em peças de teatros, roteiros de televisão etc):
Personagem 1 (com voz trêmula) – Quem está aí?
Personagem 2 (rindo) – Não vou te dizer… você terá que vir até aqui e
ver com os próprios olhos!
Usam-se,, também, os parênteses para isolar orações intercaladas, isoladas no
texto. No entanto, esse uso ocorre mais frequentemente por meio de vírgulas ou
de travessões. Vejamos um exemplo:
Aquelas palavras ditas por meu pai (que por sinal são sábias) fizeram-me
refletir.
Por fim, trataremos do uso do travessão. Esse sinal de pontuação possui um traço
maior que o hífen e emprega-se, principalmente, em dois casos:
a. Na indicação de diálogos ou na mudança de interlocutor:
-Ele
não quer responder.
-Mas
por quê?
-Diz
que não está autorizado a falar.
b. Para isolar, num contexto, palavras ou frases:
Um bom ensino básico – já dito e repetido várias vezes – exige a valori-
zação do professor.
Além desses usos, é importante ressaltar que o travessão é utilizado para ligar
palavras ou grupos de palavras que se encadeiam em sintagmas do tipo: A estrada
Belém – Brasília; o percurso Paris – Londres, e não hífen como é comum as pes-
soas utilizarem.
Sinais de Pontuação
42 UNIDADE I
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Chegamos ao fim desta primeira Unidade! Esperamos que, até aqui, nossas con-
tribuições tenham sido significativas para a ampliação de seu conhecimento
sobre a história da GT, a concepção de língua e os pressupostos oriundos da visão
tradicional. Todos os conceitos e questões relacionadas a esses temas são impres-
cindíveis para o seu trabalho futuro como professor(a) de Língua Portuguesa.
Podemos concluir que muito do que a GT prega ainda hoje foi herdado dos
gregos, quando estes instauraram a gramática. E, apesar de contestada e de apre-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
sentar problemas, toda a teoria inerente à GT precisa ser, sem dúvidas, conhecida
por todo profissional que trabalha diretamente com o ensino de língua materna.
Afinal, até mesmo para criticar e/ou propor renovações, procedimentos e méto-
dos mais apropriados para o ensino atual, antes de mais nada, é preciso conhecer
e entender, de fato, todas as noções e definições advindas da gramática tradicional,
a qual perpetuará para sempre sua importância no ensino de Língua Portuguesa
em nosso país. Além disso, ao tratarmos de alguns sinais de pontuação (e não
todos!), queremos que você, acadêmico(a) do curso de Letras, compreenda não
só os usos corretos desses sinais, mas também saiba ensiná-los aos seus alunos.
A importância desse conteúdo logo na primeira unidade se dá por vermos,
constantemente, que os alunos, de modo geral (seja na Educação Básica ou no
Ensino Superior), não compreendem que a pontuação produz sentidos, ou seja,
é preciso refletir e analisar que usar ou não uma vírgula, por exemplo, pode afe-
tar toda a interpretação de um texto.
Pois bem, para finalizar, reforçamos que o nosso desejo é de que todo con-
teúdo lido por você até então seja produtivo e útil para seu futuro profissional.
Não deixe de procurar, ainda, outras fontes de conhecimento. Aproveite as suges-
tões de leitura apresentadas no decorrer desta unidade e busque sempre mais!
Considerações Finais
44
1. De acordo com Cegalla (2002), a oração é a frase de estrutura sintática que apre-
senta, normalmente, sujeito e predicado, e, excepcionalmente, só o predicado.
Diante disso, assinale a alternativa que constitui oração:
a. Os juízes de paz.
b. Momentos antes das 7 horas da noite.
c. O pessoal do novo gabinete.
d. Muitos trataram logo de sair.
e. Quase cortadas as palavras com soluços.
2. Conforme os pressupostos da Gramática Tradicional, a Sintaxe corresponde a
um dos níveis de análise de uma língua, que tem como finalidade básica descre-
ver as regras responsáveis pela formação de uma sentença. Sobre isso, analise as
afirmativas a seguir:
I. – A sentença “Estação Liberdade” constitui uma frase nominal.
II. – Um exemplo de período composto é: “O líder Xanana Gusmão disse que a
língua portuguesa será adotada oficialmente no Timor Leste”.
III. – A sentença “Que rapaz impertinente!” constitui uma oração.
IV. – O período composto pode ser exemplificado em: “Machado de Assis foi um
ilustre brasileiro”.
Assinale a alternativa correta:
a. Apenas I e II estão corretas.
b. Apenas II e III estão corretas.
c. Apenas I está correta.
d. Apenas II, III e IV estão corretas.
e. Nenhuma das alternativas está correta.
3. Conforme vimos, podemos estudar a Gramática a partir de três perspectivas:
Gramática Normativa, Gramática Descritiva e Gramática Internalizada. Sobre es-
ses três diferentes tipos de gramática, assinale Verdadeiro (V) ou Falso (F):
( ) A Gramática Normativa, ou Prescritiva, estabelece normas a serem seguidas,
ou seja, apresenta e dita normas para a correta utilização oral e escrita da lín-
gua portuguesa, prescrevendo o que se deve e o que não se deve usar na
língua.
( ) Para a Gramática Descritiva, a frase “Os cachorro são dele, viu” é considerada
como inadequada.
( ) Na teoria da Gramática Internalizada, o indivíduo já tem conhecimento da
45
O ensino da Língua Portuguesa, pelo que se pode observar em suas práticas habituais,
tende a tratar essa fala da e sobre a linguagem como se fosse um conteúdo em si, não
como um meio para melhorar a qualidade da produção linguística. É o caso, por exem-
plo, da gramática que, ensinada de forma descontextualizada, tornou-se emblemática
de um conteúdo estritamente escolar, do tipo que só serve para a língua por meio de
exemplificação, exercícios de reconhecimento e memorização de nomenclatura. Em
função disso, tem-se discutido se há ou não necessidade de ensinar gramática. Mas essa
é uma falsa questão: a questão verdadeira é para que e como ensiná-la.
Se o objetivo principal do trabalho de análise e reflexão sobre a língua é imprimir maior
qualidade ao uso da linguagem, as situações didáticas devem, principalmente nos pri-
meiros ciclos, centrar-se na atividade epilinguística, na reflexão sobre a língua em situ-
ações de [...] produção linguística. E, a partir daí, introduzir progressivamente os ele-
mentos para uma análise de natureza metalinguística. O lugar natural, na sala de aula,
para esse tipo de prática parece ser a reflexão compartilhada sobre textos reais” (BRASIL.
Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: língua portu-
guesa/Secretaria de Educação Fundamental: Brasília, p. 30-31)
Para os PCNs, a abordagem de ensino da gramática é tomada como a prática da análise
linguística, ou seja, no trabalho com a gramática, a língua não é entendida como um fim
em si mesma, como a exposição de terminologias, por exemplo, mas sim como prática
social mediada pela interação verbal. Nesse sentido, aluno(a), compreendemos que a
abordagem da gramática em “sala de aula” para o documento dos PCNs propõem uma
correlação entre a gramática normativa e a descritiva.
Fonte: as autoras.
MATERIAL COMPLEMENTAR
No link a seguir, você encontrará um pouco mais a respeito da história de nossa gramática
tradicional. Maria Helena de Moura Neves detalha pontos importantes da formação da gramática,
citando filósofos gregos e explicando determinadas expressões.
Disponível em: <http://www.lpeu.com.br/q/aomh>.
REFERÊNCIAS ON-LINE
2
Em: <http://brasilescola.uol.com.br/filosofia/os-estoicos.htm>. Acesso em: 30 jul.
2017.
Em:
3
<https://fichasmarra.wordpress.com/2011/11/07/frase-oracao-periodo/>.
Acesso em: 30 jul. 2017.
4
Em: <http://www.soportugues.com.br/secoes/fono/fono33.php>. Acesso em: 30
jul. 2017.
51
GABARITO
REFERÊNCIAS
1. D.
2. A.
3. V, F, V.
4. O objetivo principal da sintaxe é descrever e explicar as regras para a formação
das sentenças.
5. C.
Professora Me. Fátima Christina Calicchio
Professora Me. Raquel de Freitas Arcine de Nardo
II
Professora Me. Valéria Adriana Maceis
TERMOS “ESSENCIAIS” DA
UNIDADE
ORAÇÃO
Objetivos de Aprendizagem
■ Entender quais são os termos considerados “essenciais” em uma
oração.
■ Apresentar e exemplificar o termo sujeito e discutir sintaticamente a
importância do conceito de sujeito na oração.
■ Discutir sintaticamente a importância do conceito de predicado na
oração.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■ Os termos “essenciais” da oração sob o viés da Gramática Tradicional:
sujeito e predicado
■ Tipos de sujeito
■ Tipos de predicado
55
INTRODUÇÃO
Introdução
56 UNIDADE II
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
OS TERMOS “ESSENCIAIS” DA ORAÇÃO SOB O
VIÉS DA GRAMÁTICA TRADICIONAL: SUJEITO E
PREDICADO
acadêmico(a), não esqueça que a oração, de modo geral, se constitui de dois ter-
mos essenciais: sujeito e predicado.
É válido mencionar que a noção de sujeito e de predicado também tem sua
origem na Antiguidade Clássica; tais conceitos difundiram-se com o estabeleci-
mento do que se entende por proposição, ou seja, o enunciado em que há uma
negação ou uma afirmação sobre algo ou sobre alguém. A partir desse reconhe-
cimento do que seria uma proposição, passou-se a classificar como sujeito todo
termo sobre o qual se declara algo e, para o predicado, firmou-se a definição de
que este corresponde à declaração feita acerca do sujeito. Com o passar do tempo,
a análise gramatical, sob forte influência da análise lógica e filosófica, passou a
chamar o sujeito e o predicado de partes fundamentais de qualquer construção
centrada no verbo, fosse ou não proposição.
A fim de apresentar para você o sujeito e o predicado por uma visão mais
tradicional, consultamos um livro didático utilizado nos bancos escolares; tra-
ta-se de Gramática: texto, análise e construção de sentido, de Maria Luiza M,
Abaurre e Marcela Pontara. O que encontramos será exposto a seguir para você.
Para Abaurre e Pontara (2006, p. 391; 397), “sujeito é o termo com o qual
o verbo da oração concorda em número (singular ou plural) e pessoa (1ª, 2ª e
3ª)” e “predicado é o termo da oração que faz uma predicação, ou seja, uma
afirmação sobre o sujeito. No caso das orações sem sujeito, a predicação é feita
genericamente”.
A título de exemplificação, as autoras apresentam:
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Predicado: apanharam dos adversários coreanos.
Embora, em muitas sentenças, o elemento que age, exerce a ação expressa pelo
verbo, corresponde ao sujeito, os exemplos de Abaurre e Pontara (2006) destacam
que não se deve limitar a definição do sujeito a seu aspecto semântico apenas,
ou seja, afirmar que o sujeito é somente o agente da ação verbal. Nos exemplos
citados pelos autores, podemos notar que nenhum dos sujeitos das orações refe-
rem-se a agentes do processo verbal.
TIPOS DE SUJEITO
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Tipos de Sujeito
60 UNIDADE II
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
A jovem bela e pálida olha a lua
Sujeito predicado
Sujeito composto: apresenta mais de um núcleo, ou seja, o sujeito pode ser cons-
tituído de mais de um substantivo, mais de um pronome, mais de uma palavra
ou expressão substantivada ou, ainda, mais de uma oração substantiva. A esse
respeito veja estes exemplos extraídos de Celso Cunha e Lindley Cintra (2007):
Sujeito oculto ou elíptico: é aquele que, embora não explicitado na oração, pode
ser identificado pela flexão de número-pessoa do verbo, ou pela sua presença em
outra oração do mesmo período ou de um período antecedente. Dito de outra
maneira, a identificação do sujeito oculto faz-se:
Sujeito indeterminado: algumas vezes, o verbo não se refere a uma pessoa deter-
minada, ou por se desconhecer quem executa a ação, ou por não haver interesse
no seu conhecimento. Assim, o sujeito indeterminado ocorre quando não vem
expresso na oração, nem pode ser identificado, não sendo possível identificar um
referente explícito na oração (ou no contexto do enunciado) para a flexão verbal:
Tipos de Sujeito
62 UNIDADE II
Assaltaram a casa!
(Quem assaltou? “Assaltaram” indeterminou o sujeito)
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Aluga-se casa.
Compram-se carros usados.
Confeccionam-se roupas de festa.
“Chove”
“Anoitece”
“Faz frio”
Porém, prezado(a) aluno(a), é preciso ficar atento para o caso dos verbos que
exprimem fenômenos meteorológicos. Quando eles são usados em sentido figurado,
esses verbos possuem sujeito e deixam de ser impessoais, como ocorre a seguir:
Agora, vamos retomar alguns exemplos citados por Abaurre e Pontara (2006),
que também já foram citados aqui, para, na sequência, adentrarmos na discus-
são sobre os tipos de predicados.
Vamos lá! Como você notou, os sujeitos simples, composto e oculto formam
o grupo dos chamados sujeitos determinados. Os dois primeiros são assim
denominados por apresentarem seus núcleos expressos na oração. E, no caso do
Tipos de Sujeito
64 UNIDADE II
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
termo “Antônio”, e no segundo, embora o sujeito corresponda a toda a parte: os
alunos do segundo ano, seu núcleo trata-se apenas da palavra alunos.
Em se tratando de sujeito composto, podemos notar com clareza os núcleos
Eduardo e Mônica, no exemplo Eduardo e Mônica foram ao cinema.
No que diz respeito ao sujeito oculto ou elíptico vemos que, no exemplo de
Abaurre e Pontara (2006):
Tipos de Sujeito
66 UNIDADE II
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Seguindo outro exemplo “Está muito tarde”, que constitui oração sem sujeito,
encontramos, também, apenas um predicado, desta vez, com o verbo “estar”, rela-
cionando-se a uma expressão temporal. De qualquer modo, novamente, vemos
que a declaração “está muito tarde” não se refere a nenhum outro elemento da
oração. Com isto, o sujeito é também inexistente.
Em: “Faz dois anos que não vejo meus pais”, temos duas orações, uma vez
que há dois verbos no período: “fazer” e “ver”. O primeiro deles, também em
uma indicação de tempo, introduz uma oração sem sujeito, já que não há um
termo na oração que esteja executando ou recebendo a ação de fazer dois anos e,
no que se refere ao segundo verbo, vemos que ele centraliza um caso de sujeito
oculto, pois sabemos quem é o elemento sobre o qual o verbo “ver” se refere,
ou seja, quem realiza a ação verbal: o pronome “eu” – ele apenas apresenta-se
“escondido” na desinência verbal (quem não vê os pais? Eu).
O último exemplo “São duas horas” encerra um caso particular porque,
diferentemente dos outros verbos impessoais, este pode ser utilizado no plural.
Trata-se dos casos de oração sem sujeito com o verbo “ser” – nas indicações de
tempo, ele deve concordar em número com a expressão numérica que o acom-
panha. Por essa razão é que dizemos “São duas horas” e não “É duas horas”. De
qualquer maneira, fica-nos claro que, ao proferirmos enunciados como este com
o verbo “ser”, não atribuímos a declaração verbal a nenhum ser e/ou termo da
oração. Logo, o sujeito inexiste.
Caro(a) aluno(a), acredito que, neste momento, você está preparado para dar
continuidade aos estudos sobre os termos da oração. É muito importante que você
compreenda bem os tipos de sujeito para, na sequência, classificar o predicado.
TIPOS DE PREDICADO
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
João é estudioso.
Maria parece chateada.
Lucas permaneceu calado.
Sérgio ficou irritado com a notícia.
Antônio anda acamado.
João virou bicho ontem.
Tipos de Predicado
68 UNIDADE II
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Estava triste. Estava em casa.
Andei muito preocupado. Andei muito hoje.
Fiquei magoado. Fiquei no meu lugar.
Continuamos silenciosos. Continuamos a manifestação.
Veja que, nas primeiras, os verbos: estar, andar, ficar e continuar são verbos
de ligação, pois funcionam como um elo entre o sujeito e o predicado. Já nas
segundas, são verbos significativos, que indicam uma ação.
Fonte: as autoras.
A terra é redonda.
Os exemplos anteriores não vão contra a ideia de que o predicativo tem um núcleo
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
nominal, visto que o predicativo é uma função sintática e não uma classe gramati-
cal, ou seja, a realização do predicativo pode ocorrer, também, por outras classes
que não a do adjetivo ou a do substantivo. Nesse caso, interpreta-se que tais classes
foram “recategorizadas”, isto é, assumiram o papel de nomes. Recategorizar uma
classe significa, portanto, atribuir-lhe as mesmas categorias centrais de que ela dis-
põe. Assim, temos o pronome você, um pronome pessoal normalmente sujeito em
outros contextos, funcionando como predicativo. Observe os exemplos a seguir:
Você deve ficar em casa hoje. (Aqui, “você” funciona como sujeito).
João vendeu seu carro. (“vendeu” é o núcleo do predicado verbal; “seu carro”
é o argumento interno desse verbo, ou seja, seu objeto direto).
Tipos de Predicado
70 UNIDADE II
Ana canta e João dança. (“canta” e “dança” são núcleos de dois predicados
e são verbos intransitivos nesse contexto).
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
O predicado verbo-nominal é o predicado que tem como núcleos um verbo
e um nome. Um deles está representado por um verbo predicador, e o outro
está representado por um adjetivo predicador. Por isso mesmo são chamados
de predicados verbo-nominais. Observe que, nesses casos, é possível separar as
orações em duas outras:
Tipos de Predicado
72 UNIDADE II
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
denominam-se predicativos do sujeito”.
Predicado “é aquele que apresenta dois núcleos: um núcleo “- Quem fez as
Verbo- verbal (verbo transitivo ou intransitivo, que ex- montanhas
Nominal pressam ação) e um núcleo nominal (substantivos, brilhantes?”
adjetivos, locuções adjetivas) ou pronominal, que
atua como predicativo do sujeito ou do objeto a
que se refere”.
Fonte: Abaurre e Pontara (2006).
Tipos de Predicado
74 UNIDADE II
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Pois bem, encerramos a segunda Unidade deste livro. Buscamos, aqui, trazer
até você noções importantes sobre os chamados termos “essenciais” da oração.
Todos os conceitos e questões relacionadas a esses temas são imprescindíveis para
o seu trabalho futuro como professor(a) de Língua Portuguesa, por isso, apesar
da existência de outras abordagens com relação ao sujeito e predicado, é impor-
tante que conheçamos, primeiramente, a perspectiva tradicional.
Conhecemos, com detalhes, os dois termos “essenciais” da oração, ou seja,
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
os termos que, normalmente, aparecem em toda oração: sujeito e predicado.
Podemos salientar, entre os pontos mais marcantes observados, o destaque que
a GT dá à identificação e classificação dos tipos de sujeito e predicado. Sendo o
sujeito o ser de quem se diz alguma coisa ou o termo a que se refere o predicado,
caracterizando-se como o termo que rege ou comanda o verbo; o predicado é tudo
aquilo que se informa a respeito do sujeito e contém verbo que concorde com ele.
A partir disso, você pôde observar que o sujeito está subcategorizado em sim-
ples, composto, oculto ou elíptico; sujeito indeterminado e oração sem sujeito.
Nessa estreita relação entre os termos essenciais de uma oração, vimos que o pre-
dicado está subdividido em: predicado nominal, pois seu núcleo é constituído
a partir de uma base nominal; predicado verbal: é assim denominado porque
o núcleo do predicado é uma base verbal nocional; e, por fim, você pôde notar
que o predicado verbo-nominal apresenta dois núcleos, um é o núcleo verbal e
o outro o nominal. Vale lembrar que mesmo diante da existência da oração sem
sujeito, não há oração sem predicado. Vimos, assim, uma relação intrínseca fun-
cionando entre os dois termos na oração.
Espero que, com todas as informações, exemplos e conceitos abordados nesta
unidade, tenhamos colaborado com a ampliação de seu conhecimento acerca
dos chamados termos “essenciais” da oração.
Fonte: as autoras.
MATERIAL COMPLEMENTAR
III
Professora Me. Valéria Adriana Maceis
TERMOS “INTEGRANTES ”
UNIDADE
DA ORAÇÃO
Objetivos de Aprendizagem
■ Conceituar os chamados termos “integrantes” da oração, sobretudo
os objetos, e caracterizar esses complementos verbais.
■ Apresentar e exemplificar o complemento nominal.
■ Compreender e exemplificar o predicativo.
■ Analisar o agente da passiva.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■ Complementos verbais: os objetos
■ Complemento nominal
■ O predicativo
■ O agente da passiva
83
INTRODUÇÃO
Introdução
84 UNIDADE III
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
COMPLEMENTOS VERBAIS: OS OBJETOS
exige a preposição “da” (junção da preposição “de” com o artigo “a”) para que
haja sentido no período. Note que, sem “de”, a frase ficaria um tanto incompleta:
Para embasar ainda mais nossas reflexões, procuramos, assim como fizemos na
unidade anterior, alguma GT para verificar como os objetos são apresentados
pela tradição gramatical. Desta vez, visitamos a Gramática Escolar da Língua
Portuguesa, escrita pelo famoso gramático Evanildo Bechara. Essa obra, atuali-
zada em 2010, é considerada mais didática, já que se trata de uma versão escolar.
Para objeto direto, Bechara (2010, p. 29) aponta a seguinte definição: “O
complemento verbal não introduzido por preposição, [...] chama-se objeto direto:
em Eduardo viu o primo – o primo é objeto direto”. O autor apresenta, também,
semelhanças entre o sujeito e o objeto direto. Ele afirma que há pontos de con-
tato entre essas duas funções quando estes estão representados por substantivo,
como em: “O caçador feriu o leão” ou “O leão feriu o caçador”.
Além disso, Bechara (2010) traz quatro estratégias de como se identificar o
sujeito e o objeto direto.
1.
A substituição por pronomes oblíquos – o objeto direto pode ser substituído
pelos pronomes átonos - o, a, os, as - que marcam o gênero e o número do subs-
tantivo objeto direto:
O caçador feriu o leão. O caçador feriu-o.
2.
A voz passiva – quando fazemos a transposição da voz ativa para a voz passiva
analítica, o sujeito passa a agente da passiva precedido da preposição “por” e o
objeto direto passa a sujeito:
O caçador feriu o leão (voz ativa). O leão foi ferido pelo caçador (voz passiva
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
analítica).
3.
Perguntas que ajudam na identificação – o objeto direto responde às perguntas
“a quem”? (para pessoa) e “que” ou “quê”? (para coisa) feitas depois da sequência
sujeito + verbo:
O caçador viu o companheiro. / O caçador viu a quem? O companheiro: objeto
direto.
O tiro acertou o muro. / O tiro acertou o quê? O muro: objeto direto.
4.
O deslocamento à esquerda – reconhecemos o objeto direto quando topica-
lizamos, ou seja, transpomos este para a esquerda do verbo. Tal ação pode ou
não promover a repetição do objeto direto transposto mediante um pronome
pessoal – o, a, os, as – junto ao verbo:
O caçador viu o lobo. / O lobo, viu-o o caçador.
Nestes casos, quando utilizamos objeto deslocado à esquerda, consciente ou
inconscientemente, queremos enfatizá-lo. Alguns gramáticos nomeiam esse
objeto, repetido por meio do pronome, de objeto direto pleonástico. Bechara,
no entanto, não menciona essa possibilidade de nomeação, nem trata dessa
questão da ênfase.
Fonte: adaptado de em Bechara (2010, p. 32).
Bechara (2010) encerra suas explanações acerca de objeto direto informando que
podemos, ou não, usar preposição no objeto direto naqueles casos em que este
está enfatizado, deslocado à esquerda e, por vezes, sendo repetido por um pro-
nome pessoal, exemplo: “Ao meu amigo não o prezo” (com preposição “ao”); “O
meu amigo não o prezo” (sem preposição). Ele acrescenta, também, que algu-
mas preposições que, segundo o autor, “dão certo colorido semântico ao verbo”,
são chamadas de posvérbio, como em: “Chamar por Nossa Senhora”.
Em se tratando de objeto indireto, Bechara (2010, p. 33) chama-o de comple-
mento preposicionado e afirma que, segundo a tradição gramatical, confirmada
pela Nomenclatura Gramatical Brasileira, o objeto indireto corresponde a todo
complemento verbal introduzido por preposição necessária. Ele cita, primeira-
mente, os exemplos:
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
O autor diferencia os complementos preposicionados citados em (1) e (2), pri-
meiramente, dos outros três, como em (3), (4) e (5) citados depois. Segundo
ele, os exemplos (1) e (2) podem ser chamados de complementos relativos e os
outros três (3), (4) e (5) de objetos indiretos.
Bechara (2010) afirma que os primeiros exemplos são – complementos
relativos – como em: “Diva gosta de Teresópolis” e “Marcio assistiu ao jogo”
diferenciam-se dos outros (3), (4) e (5) por três razões:
i) Por apresentarem uma delimitação imediata da significação ampla do
verbo: gosta de x; assiste a x;
ii) Por também demonstrarem uma possibilidade de acompanhamento
por qualquer preposição exigida pela significação do verbo: “de” em “gostar de”
indica a “origem” do afeto, “a” em “assistir a” indica “direção” ao ser visualizado;
e, por fim,
iii) Por não poderem ser substituídos pelo pronome pessoal átono “lhe”,
sendo essa substituição permitida somente mediante os pronomes pessoais do
caso reto: “ele”, “ela” e seus plurais. Veja!
■ “Diva gosta dela” (da cidade).
■ “Mário assistiu a ele” (ao jogo); são consideradas, segundo o autor, ina-
dequadas as construções: “gosta-lhe” e “assiste-lhe”.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
- Abra a boca! Mas não precisa abrir tanto que eu vou ficar do lado de fora.
Veja que em “não precisa abrir tanto”, o objeto direto “boca” está elíptico,
tornando a piada breve. Em certos casos, o apagamento do objeto pode
dar ao verbo uma maior abrangência. Imagine um político que não queira
comprometer-se com a população:
Enfim, estimado(a) aluno(a), espero que você faça um bom uso de todas as
informações vistas nesta seção acerca dos objetos. A seguir, estudaremos o com-
plemento, não mais dos verbos, mas sim dos nomes de nossa língua. Continue
sua leitura!
COMPLEMENTO NOMINAL
Complemento Nominal
92 UNIDADE III
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
rios” (FOLHA UOL - on-line)1.
Note que a palavra em negrito é um adjetivo, o qual tem seu sentido com-
pletado por “aos municipiários”, ou seja, por um complemento nominal, regido
pela preposição “ao”.
Observe que, neste exemplo, a palavra “dentro” é um advérbio de lugar. Tal vocá-
bulo é completado por “de você”, que corresponde, portanto, ao complemento
nominal da oração, contendo a preposição “de”.
Acerca do complemento nominal, Bechara (2009, p. 454), em sua obra,
Moderna Gramática Portuguesa, define suas diferenças com relação ao adjunto
adnominal (que será melhor trabalhado na próxima unidade deste livro) e faz
a seguinte afirmação:
De modo geral, a gramática tradicional tem apontado complementos
nominais restritos a processos de nominalizações que envolvem subs-
tantivos (desejo de vitória → desejar a vitória), a adjetivos (desejoso de
vitória → desejar a vitória), ou a advérbios (referentemente ao assunto
→ referente [adjetivo] ao assunto → referência [substantivo] ao assunto).
Mas há outros que devem sua presença a traços semânticos do núcleo
nominal, independentes de nominalizações (BECHARA, 2009, p. 454).
Você entendeu o que o autor quis dizer com nominalização? Trata-se do fenômeno
que forma nomes a partir de verbos. Vemos que o autor apresenta o substan-
tivo “desejo”, referente ao verbo “desejar”. E o interessante é que tanto “desejo”
Complemento Nominal
94 UNIDADE III
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
tivo-2-concreto-ou-abstrato.htm>
Adjetivos
<https://educacao.uol.com.br/disciplinas/portugues/analise-morfossintati-
ca---adjetivo-natureza-morfologica-e-sintatica.htm>
Advérbios
<https://educacao.uol.com.br/disciplinas/portugues/adverbio-conheca-es-
sa-classe-de-palavras.htm>
Fonte: as autoras.
O PREDICATIVO
Neste caso, o termo “difícil” atribui uma característica ao objeto “a partida con-
tra o Interclube”. Logo, não se trata de predicativo do sujeito, mas sim do objeto.
Com relação ao predicativo, Bechara (2010, p. 39), em sua gramática esco-
lar, afirma o seguinte:
O Predicativo
96 UNIDADE III
Além disso, o autor aponta algumas particularidades deste com relação aos outros
complementos verbais, apresenta o que ele denomina de “mais um tipo de pre-
dicativo” e trata da posição do predicativo (normalmente, à direita do verbo).
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
As características que Bechara (2010) apresenta a respeito do predicativo
são: a) que ele é sempre expresso por substantivo, adjetivo, pronome, numeral
ou advérbio; b) que concorda com o sujeito em gênero e número, quando fle-
xionável, exemplos: “O aluno é estudioso” → “Os alunos são estudiosos” (no
primeiro exemplo, vemos que o sujeito – “aluno” – está no masculino e no sin-
gular, por isso o predicativo também assim está; no segundo exemplo, com o
sujeito no masculino/plural, o predicativo “estudiosos” também se flexiona); c)
segundo o autor, o predicativo pode ser comutado pelo pronome invariável “o”:
“O aluno é estudioso” → “O aluno o é”.
Bechara (2010) afirma também que, mesmo não apresentando sujeito, algu-
mas sentenças podem apresentar predicativo, como em: “Já é noite”, em que o
sujeito inexiste, mas ainda assim, segundo o autor, o termo “noite” funciona
como predicativo.
O autor traz informações sobre um tipo de predicativo que não acompanha
os verbos de ligação explícitos na oração; eles acompanham qualquer tipo de
verbo, a nosso ver, são mais comuns acompanhando os verbos intransitivos. Este
tipo de predicativo também é conhecido por “anexo predicativo”, “predicativo
atributivo” ou “atributo predicativo”. Nessa obra, Bechara (2010, p. 41) afirma:
“optamos por seguir a tradição e chamá-lo simplesmente predicativo”. Vejamos
alguns exemplos expostos por Bechara (2010), referentes a esses predicativos:
O Predicativo
98 UNIDADE III
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
necer, ficar, continuar, tornar-se, virar, andar, achar-se, passar, acabar, persis-
tir, parecer. Exemplo:
- “Aristóbulo decide entrar na pensão de Risoleta e todos ficam espantados.”
(FOLHA UOL, 2017, on-line)3.
Vemos que, nesse caso, o verbo “ficar” é não nocional ou de ligação porque
indica o estado “espantados” do sujeito “todos”. Já a outra oração do período,
“Aristóbulo decide entrar na pensão de Risoleta [...]”, apresenta uma locução
verbal de ação, “decide entrar”, cujo verbo principal, “entrar”, é intransitivo; o
trecho “na pensão de Risoleta” é adjunto adverbial de lugar. Há casos em que
o verbo “ficar” não é considerado de ligação, por não indicar características
ou estados, como em: “Os alunos ficarão no colégio até às 17h”.
Fonte: as autoras.
O AGENTE DA PASSIVA
Não deve ser confundido com o sujeito; é o elemento que age na voz pas-
siva, onde o sujeito recebe a ação.
Esse termo “integrante” da oração só se faz presente se a voz ver-
bal é passiva. Você se recorda do que é voz passiva? Vamos
a ela: é a voz verbal na qual o sujeito da oração sempre
é paciente, ou seja, ele sofre, recebe ou desfruta da ação
expressa pelo verbo. Nesses casos, em que o sujeito recebe a
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Note que o sujeito “as atividades” recebe a ação verbal enquanto que “pelos alunos”
refere-se ao termo responsável por executar a ação, ou seja, realizar as ativida-
des; agir, sendo, portanto, o agente da ação – o agente da passiva.
Se a oração estivesse na voz ativa, o agente da passiva passaria a sujeito da
oração. Veja: Os alunos realizaram as atividades (o termo “atividades”, que era
sujeito paciente na voz passiva, na ativa torna-se complemento verbal, nesse
caso, objeto direto).
O agente da passiva define-se como um complemento regido por uma pre-
posição junto a um substantivo ou a um pronome. Em geral, é acompanhado
pela preposição “por” (ou suas flexões: “pelo”, “pela” e respectivos plurais).
São duas as modalidades de voz passiva que existem em nossa língua, a pas-
siva analítica e a sintética, também conhecida como pronominal. O agente da
passiva integra somente orações que apresentam voz passiva analítica, como é
o caso daquela que utilizamos há pouco: “As atividades foram realizadas pelos
alunos”, em que há: sujeito paciente + uma locução verbal com o verbo princi-
pal no particípio + o agente da passiva. A voz passiva sintética nunca apresentará
o agente; ela é formada apenas pelo verbo + o pronome apassivador + o sujeito
paciente. Exemplo: “Realizaram-se as atividades”.
O Agente da Passiva
100 UNIDADE III
É bom lembrar que, mesmo na passiva analítica, em alguns casos, não encon-
traremos o agente da passiva. Este, por vezes, estrategicamente, estará oculto.
Vejamos um exemplo de passiva analítica em que tal termo não aparece:
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
adverbial de lugar. Penso que o mais importante, nessa situação comunicativa, era
informar o acontecimento, algo que, em tal caso, de fato, chama a atenção, por-
tanto, não se deu destaque ao agente da ação, ou seja, a quem descobriu os túneis.
Analisando o modo como as GTs abordam tal termo integrante, recorremos
mais uma vez a Bechara (2010) e, além do que já descrevemos anteriormente,
encontramos mais algumas informações relevantes acerca do agente da pas-
siva. O autor afirma que tal termo aproxima-se à noção de circunstância – de
natureza adverbial – e assim o define: “é chamado complemento de agente da
passiva o termo pelo qual se faz referência a quem pratica a ação sobre o sujeito”
(BECHARA, 2010, p. 42).
O autor lembra-nos de que, como tal termo passa a sujeito na voz ativa e o
sujeito da passiva passa a objeto direto, a voz passiva analítica, onde o agente da
passiva é utilizado, só pode ocorrer em orações com verbos transitivos diretos,
tal qual o verbo “realizar”, presente na oração analisada anteriormente.
Bechara (2010) acrescenta que em orações nas quais são usados verbos que
indicam sentimento, a preposição “de” em vez de “por”, ou “pelo/pela”, pode ser
utilizada, como em: “O professor é estimado de todos”.
É interessante observar e discutir o uso recorrente e, consequentemente, o
funcionamento do agente da passiva e também da voz passiva nos jornais e demais
meios de comunicação. Sabemos que, em se tratando de veículos de massa, jor-
nais e revistas tendem a criar uma linguagem própria, que consiga atingir os mais
diferentes leitores. Com isso, tais meios de comunicação encontram, na voz pas-
siva e na partícula apassivadora “se”, grandes aliadas na transmissão de notícias
que procuram ser impessoais, já que não dão ênfase ao agente da ação verbal.
mente, ou não, o fato é que o primeiro, por usar a voz ativa, focalizou “Câmara”, o
agente da ação, trazendo-o topicalizado, deslocado à esquerda, no início da frase.
Já o segundo jornal, propositadamente, ou não, optou pela voz passiva, deixando
em foco o paciente da ação verbal: “PEC do Orçamento impositivo”. Nesse caso,
há ênfase também recaindo sobre o fato, o acontecimento, ou seja, a aprovação
da PEC. Nesse segundo exemplo, inclusive, o agente não chega a ser mencionado
– o jornal opta pelo uso de um adjunto adverbial de lugar “na Câmara”, em vez
de uma estrutura própria do agente da passiva, como: “pela Câmara”. Agindo
dessa maneira, o jornal, talvez, queira reiterar sua imparcialidade.
Em se tratando especificamente de mídias e demais jornais, sabemos que
estes devem tentar priorizar a imparcialidade ao divulgar os fatos. No entanto,
ainda que de forma implícita, fazendo uso de recursos linguísticos – como a voz
passiva, por exemplo – muitos jornais e revistas acabam sendo pouco imparciais
e o modo como constroem seus textos acaba evidenciando sua posição favorá-
vel, ou não, com relação a determinado assunto.
Viu como é importante o conhecimento acerca da voz passiva e de seu agente?
O uso da voz ativa ou da voz passiva nem sempre se trata apenas de uma questão
de escolha; a opção por uma ou por outra pode evidenciar determinadas posi-
ções sociais, políticas, opiniões, crenças, valores. Ou, então, pode, até mesmo,
funcionar como estratégias argumentativas, as quais acabam induzindo o leitor
a pensar de determinada maneira.
Com isso, encerro esta seção acerca de agente da passiva e espero que você apro-
veite bastante o que encontrou aqui, passando para seus futuros alunos não só os
preceitos da GT acerca desse termo, mas também olhares mais modernos sobre ele.
O Agente da Passiva
102 UNIDADE III
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Pois bem, encerramos a terceira Unidade deste livro. Sempre tentando aven-
tar os conceitos pertinentes à Gramática Tradicional, buscamos, aqui, trazer até
você noções importantes sobre os chamados termos “integrantes” da oração.
Conhecemos, com detalhes, primeiramente, os complementos verbais: os
objetos diretos e indiretos. Analisamos tais complementos sob a perspectiva tra-
dicional e seus respectivos exemplos. Com o estudo dos objetos diretos, você
observou que são aqueles que se ligam diretamente a um verbo transitivo. Pelos
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
objetos indiretos, você notou que são caracterizados por se ligarem, indireta-
mente, a um verbo transitivo, por intermédio de uma preposição.
O segundo termo estudado foi outro complemento, nesse caso, complemento
de nomes: substantivos abstratos, adjetivos e advérbios, conforme já mencio-
nado anteriormente. Estamos nos referindo ao complemento nominal. Termo
que sempre está preposicionado, podendo ser substituído, se necessário, por cer-
tos pronomes, como “lhe”.
Estudamos, também, informações importantes sobre predicativo, termo
que indica atributos, características, estados do sujeito ou do objeto da oração.
Conferimos que ele funciona como um complemento para os chamados verbos
não nocionais ou de ligação.
E, por fim, ao tratar do agente da passiva, isto é, o termo o qual integra
somente orações com verbo na voz passiva analítica, buscamos explicitar que o
aparecimento ou não do agente e a escolha pelo uso de voz ativa ou voz passiva
correspondem a fatos linguísticos que merecem atenção, análise e estudo; não
podem ser encarados como simples opções de uso, já que podem denotar até
mesmo estratégias de argumentação.
Esperamos que, com todas as informações, análises e conceitos abordados
nesta unidade, nós tenhamos colaborado com a ampliação de seu conhecimento
acerca dos chamados termos “integrantes” da oração.
______. Moderna Gramática Portuguesa. 37. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira,
2009.
______. BECHARA, E Gramática Escolar da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro:
Nova Fronteira, 2010.
REFERÊNCIAS ON-LINE
1
Em: <http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/ribeiraopreto/2013/08/1324459-ca-
mara-de-ribeirao-preto-tem-recorde-de-comissoes-de-estudo.shtml>. Acesso em:
02 ago. 2017.
2
Em: <http://www.angop.ao/angola/pt_pt/noticias/desporto/2011/3/15/Alber-
to-Babo-considerou-dificil-partida-contra-Interclube,0d1688ca-c7c5-4173-8d0f-
-1b762aa3af9e.html>. Acesso em: 02 ago. 2017.
3
Em: <http://f5.folha.uol.com.br/televisao/2013/08/1320728-novela-amarilys-con-
firma-que-perdeu-o-bebe-em-amor-a-vida.shtml>. Acesso em: 02 ago. 2017.
4
Em: <http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=218244&id_secao=9>.
Acesso em: 02 ago. 2017.
5
Em: <http://g1.globo.com/politica/noticia/2013/08/camara-aprova-em-segundo-
-turno-pec-do-orcamento-impositivo.html>. Acesso em: 02 ago. 2017.
6
Em: <http://www2.camara.leg.br/camaranoticias/noticias/POLITICA/481683-CA-
MARA-APROVA-PEC-DO-ORCAMENTO-IMPOSITIVO-EM-2-TURNO.html>. Acesso
em: 02 ago. 2017.
7
Em: <http://g1.globo.com/sc/santa-catarina/noticia/2013/04/mae-encontra-filho-
-boiando-na-piscina-e-consegue-reanima-lo.html>. Acesso em: 02 ago. 2017.
8
Em: <http://www.jn.pt/economia/interior/taxa-de-desemprego-em-portugal-per-
manece-estavel-nos-111-1840284.html?id=1840284>. Acesso em: 02 ago. 2017.
9
Em: <http://www.clicrbs.com.br/especial/rs/dsm/19,18,4221685,Doacoes-de-ali-
mentos-para-familias-de-vitimas-da-Kiss-foram-encontradas-com-prazo-de-valida-
de-vencido-em-Santa-Maria.htm>. Acesso em: 02 ago. 2017.
GABARITO
1. Expectativa de resposta.
O conhecimento cabal de todos os conteúdos da Língua Portuguesa torna-se rele-
vante e necessário ao profissional dessa língua. Assim, o conhecimento do professor
sobre os termos integrantes da oração são importantes, uma vez que esses termos
cumprem a função de exprimirem a capacidade dos sujeitos (seres humanos) de agi-
rem no e com o mundo que o cerca. Portanto, os termos integrantes da oração reali-
zam um importante papel no plano da linguagem humana.
2. Ambos completam verbos considerados transitivos, ou seja, aqueles que exi-
gem complemento. A diferença é que o indireto apresenta preposição e o di-
reto não.
3. Os itens i) e iv) apresentam complemento nominal. São eles: às leis, em i), já
que, dispondo da preposição “às” (a/preposição + as/artigo = às/preposição,
com acento indicador de crase), completa o substantivo abstrato “obediência” e
pelas leis, em IV uma vez que, dispondo da preposição “pelas” (por/preposição +
as/artigo = pelas/preposição), completa o substantivo abstrato “interesse”.
No item ii), o trecho às leis não é complemento nominal, mas sim objeto in-
direto, pois, nesse caso, complementa o verbo “obedecer” e não o substantivo
“obediência”.
Em iii), as leis é o sujeito passivo, que recebe a ação de ser obedecido, e o trecho
pelo réu tem função sintática de agente da passiva – refere-se ao termo que age,
pratica a ação na voz passiva (quando o sujeito recebe).
4.
a) Formiga: predicativo do sujeito.
b) Afogado: predicativo do objeto.
c) Rico: predicativo do sujeito.
d) “satisfeitos”: predicativo do objeto.
e) “estável”: predicativo do sujeito .
5. Expectativa de resposta:
Acredita-se que o agente da passiva foi omitido nos enunciados referidos porque,
possivelmente, a presença de quem executou as ações expressas não era relevante
neste contexto. Quis se dar ênfase aos acontecimentos citados e não em quem re-
alizou as ações que os envolviam. Na primeira, o destaque foi para a ação de se ter
encontrado alimentos vencidos entre as doações para vítimas da Kiss; na segunda,
enfatizou-se a arrecadação dos produtos e também a data desde quando isso vem
ocorrendo e, na terceira, em foco estava a não distribuição de tais produtos arreca-
dados. Quem encontrou tais alimentos neste estado; quem os arrecadou e quem
não os distribuiu, tudo isso é menos relevante do que os acontecimentos em si.
Professora Me. Fátima Christina Calicchio
Professora Me. Raquel de Freitas Arcine de Nardo
IV
Professora Me. Valéria Adriana Maceis
TERMOS “ACESSÓRIOS” DA
UNIDADE
ORAÇÃO
Objetivos de Aprendizagem
■ Expor as características do adjunto adnominal.
■ Categorizar o adjunto adverbial.
■ Compreender e exemplificar o funcionamento do aposto.
■ Discutir e ilustrar o vocativo.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■ O Adjunto Adnominal
■ Os Adjuntos Adverbiais
■ O Aposto
■ O Vocativo
111
INTRODUÇÃO
Introdução
112 UNIDADE IV
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
O ADJUNTO ADNOMINAL
Nesse segundo caso, vemos que o pronome possessivo “meus” encontra-se depois
– à direita - do determinante “os”, sendo, por tal razão, considerado um adjunto
adnominal pós-determinante.
Seguindo com a análise dos adjuntos adnominais, é importante saber que
há, ainda, outras classes de palavras além das já apresentadas (adjetivo e locução
adjetiva, artigo, pronome indefinido, pronome possessivo), que podem repre-
sentá-los. Confira:
O Adjunto Adnominal
114 UNIDADE IV
Quadro 1 - Algumas das classes de palavras que representam o adjunto adnominal, segundo a GT
EXEMPLOS
Dois homens te procuraram. O numeral adjetivo “dois”, também conside-
rado um determinante nesse caso (às vezes,
funciona também como pós-determinante),
acompanha o núcleo do sujeito: o substanti-
vo “homens”.
Aqueles homens te procuraram. O pronome demonstrativo “aqueles” é consi-
derado um determinante que acompanha o
núcleo do sujeito: o substantivo “homens”.
Roubaram-me o carro. O pronome pessoal oblíquo “me” equivale
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
ao possessivo “meu” (“Roubaram meu carro”)
que, por sua vez, estaria acompanhando o
núcleo do objeto “carro” (substantivo) (Al-
guns gramáticos não consideram apropriado
classificar o pronome pessoal oblíquo como
adjunto adnominal).
O homem que sonha progride. Nessa situação, temos uma oração subordi-
nada adjetiva funcionando como adjunto
adnominal que caracteriza o núcleo do
sujeito “homem” (substantivo). Equivale a
“sonhador”.
Fonte: as autoras.
Que a regência da paz sirva a todos nós. Cegos ou não, que enxerguemos o
fato de termos acessórios para nossa oração. Separados ou adjuntos, nomi-
nais ou não.
(Fernando Anitelli - O Teatro Mágico)
De modo geral, muitas são as confusões que ocorrem na hora de classificar adjunto
adnominal e complemento nominal. Isso porque, quando representado, sobretudo, por
uma locução adjetiva, o adjunto adnominal, de fato, parece-se com o complemento.
Há, no entanto, diferenças precisas entre tais funções sintáticas. O quadro a seguir
expõe tais diferenças, a fim de ajudá-lo(a) a não confundir adjunto e complemento.
Quadro 2 - Principais diferenças entre o adjunto adnominal e o complemento nominal
Observe estes exemplos que marcam bem a diferença entre adjunto adnominal
e complemento nominal:
- “Alguns alimentos e bebidas podem causar desgaste nos dentes. É o caso
dos refrigerantes, sucos ácidos e algumas bebidas alcoólicas, como espumante
e vinho, que causam erosão ácida nos dentes. A recomendação dos dentistas é
de que eles sejam consumidos com moderação.”
(Fonte: adaptado de Gazeta Online).
- “O alerta com relação à Gripe Suína também vem sendo feito pela Sociedade
Brasileira de Odontologia (SBO). Segundo a entidade, diante do risco que a
O Adjunto Adnominal
116 UNIDADE IV
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
pelo substantivo abstrato “recomendação” e não há ideia de posse – a recomen-
dação não era deles, nesse caso, mas chegou até eles.
Há, também, quem confunda adjunto adnominal e predicativo, visto que ambos
podem indicar características; podem ser representados por adjetivos. Vejamos
um quadro que traz as diferenças entre tais funções sintáticas:
Quadro 3 - Principais diferenças entre o adjunto adnominal e o predicativo
Segue uma indicação de leitura para você. Para que não lhe reste quaisquer
dúvidas sobre adjunto adnominal, visite a página, a seguir, e confira mais
explicações e exemplos acerca dessa função sintática. Além disso, leia, tam-
bém, informações sobre o adjunto adverbial, a fim de fixar ainda mais as
diferenças existentes entre esses dois termos da oração.
Para saber mais, acesse o link disponível em: <http://brasilescola.uol.com.
br/gramatica/adjunto-adverbial-adjunto-adnominalpontos-divergentes.
htm>.
Fonte: Brasil Escola (2017, on-line)1.
O Adjunto Adnominal
118 UNIDADE IV
OS ADJUNTOS ADVERBIAIS
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
esses adjuntos referem-se, também, aos adjetivos e aos advérbios.
Exemplos:
Nos três exemplos, nota-se a presença do adjunto adverbial “muito”, que expressa
a circunstância de intensidade. No primeiro caso, intensifica o verbo “trabalhar”;
no segundo, refere-se ao adjetivo “dedicado”; e, por fim, no último exemplo,
intensifica o advérbio “longe”.
Segundo a tradição gramatical, muitas são as circunstâncias que os adjun-
tos adverbiais podem indicar. Citaremos, aqui, as principais, tais como: tempo,
modo, lugar, meio ou instrumento, intensidade, afirmação, negação, dúvida,
causa, assunto, finalidade e companhia. Vejamos alguns exemplos:
CIRCUNSTÂNCIAS EXEMPLOS
ADVERBIAIS
“Linha 7 — Rubi da CPTM ganha nova estação nesta segun-
Tempo da-feira.”
Fonte: R7TV, 2013 (on-line)2.
Fonte: as autoras.
Os Adjuntos Adverbiais
120 UNIDADE IV
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
VIRTUAL, 2017, on-line)9.
Como podemos observar pela leitura anterior, a diferença entre esses ter-
mos reside no critério de classificação. Assim, podemos constatar que o
adjunto adnominal, por exercer uma função sintática na oração, tem essa
denominação, a partir do critério quanto a sua função. O advérbio é assim
chamado, pois integra o grupo das classes gramaticais, revelando um princí-
pio/critério morfológico para a sua denominação como “advérbio”.
Fonte: as autoras.
Vemos que em a), o termo “muito” intensifica a ação expressa pelo verbo “estu-
dar”; em b), “cedo” refere-se ao tempo em que chegou; em c), “muito” intensifica
Os Adjuntos Adverbiais
122 UNIDADE IV
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Marcelinho pôs o livro na pasta ontem.
O APOSTO
Desejo-te muitas coisas: amigos queridos por perto, saúde sempre, alegria
todo dia, sabedoria, paciência e muito amor!
O Aposto
124 UNIDADE IV
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Além desse tipo de aposto, temos também outro que não vem separado por sinais
de pontuação. Trata-se do aposto especificador que, como o próprio nome diz,
tem a função de especificar um termo da oração. Exemplo:
o aposto serve para explicar o conceito do fundamental titio. Neste caso, sepa-
ra-se do fundamental por pausa, marcada na escrita por vírgula ou equivalente
(como parênteses ou travessão)” (BECHARA, 2010, p. 56).
Quando trata de casos de aposto especificador, explicado anteriormente, o
autor afirma que, nestes, o aposto liga-se diretamente ao seu fundamental, como
em “O rio Amazonas”, onde o trecho destacado corresponde ao aposto e “res-
tringe o conteúdo semântico genérico do fundamental rio. Vale como que um
modificador de rio, sendo substantivo, e não adjetivo” (BECHARA, 2010, p. 56).
Bechara (2010) apresenta, ainda, tipos secundários do aposto explicativo,
como você pode conferir no quadro a seguir:
O Aposto
126 UNIDADE IV
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Aposto circunstancial “As estrelas, como grandes olhos curiosos, espreita-
vam através da folhagem.”
(O aposto acrescenta um dado a mais acerca do fun-
damental; pode ou não ser introduzido por: como, na
qualidade de, quando).
Fonte: adaptado de em Bechara (2010, p. 56-57).
Por fim, o autor marca a diferença entre aposto e adjunto adnominal e expõe
o modo como o aposto pode referir-se a toda uma oração, como no exemplo:
Em tal caso, vê-se que o trecho em destaque refere-se a todo o conteúdo da ora-
ção anterior. Em apostos como este, que se referem a toda uma oração, é muito
comum o uso de substantivos, como: coisa, razão, motivo, fato, sinal etc.
[...] a má gramática da vida nos põe entre pausas, entre vírgulas... E estar en-
tre vírgulas pode ser aposto. E eu aposto o oposto: que vou cativar a todos
sendo apenas um sujeito simples. Um sujeito e sua oração.
(Fernando Anitelli - O Teatro Mágico)
Vemos que o termo “Luiza” fora usado como uma espécie de chamamento, como
uma maneira de se falar, conversar, chamar a Luiza.
Observe outros exemplos:
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
a pessoa ou coisa a que nos dirigimos: José, vem cá! Tu, meu irmão,
precisas estudar! Felicidade, onde te escondes?
O autor detalha também que, às vezes, o vocativo pode vir precedido de “ó” (inter-
jeição), exemplo: “Deus, ó Deus, onde estás que não respondes?”.
Ademais, Bechara (2010) traz as seguintes informações, contidas no qua-
dro, a respeito do vocativo.
Quadro 6 - Algumas particularidades do vocativo, segundo Bechara (2010)
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Pois bem, estimado(a) aluno(a), estamos concluindo mais uma unidade! Nesta,
espero ter colaborado com a ampliação de seu conhecimento acerca dos chama-
dos termos “acessórios” da oração.
Para iniciar a unidade IV, voltamo-nos ao estudo do adjunto adnominal e
conferimos como este é abordado pela Gramática Tradicional. Por essa dimensão,
você pôde notar que esse termo pode modificar um nome, seja para qualificá-lo,
especificá-lo ou determiná-lo. Além disso, analisamos as formas de diferenciar tal
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Considerações Finais
130
Aluno(a), você sabe utilizar a vírgula em suas produções no plano da escrita? Se sim,
você terá uma oportunidade de (re)ver esse conteúdo; se não, você terá mais uma opor-
tunidade de se aproximar dele. Assim, relevante é a você, estudante da estrutura, não
preponderantemente, mas especialmente, da língua e futuro profissional dela, a discus-
são que apresentamos a seguir.
O adjunto adverbial e o uso das vírgulas
A ordem clássica dos termos na oração é:
Sujeito → Verbo → Complemento (se houver).
Como em:
Meu pai → comprou → um carro novo.
(Suj. verbo complemento – objeto direto)
Porém é claro que podemos alterar tal ordem, usando, por exemplo, um sujeito em po-
sição posposta, ou seja, após o verbo. Veja:
Acontecem muitos acidentes na Avenida Colombo.
Neste caso, o sujeito é “muitos acidentes” e foi utilizado após o verbo “acontecer”.
E o termo “na Avenida Colombo” refere-se a qual função sintática?
Se você pensou em adjunto adverbial, você acertou. O segmento “na Avenida Colombo”
é considerado um adjunto adverbial de lugar.
Como a ordem canônica da oração é aquela descrita anteriormente, com sujeito + verbo
+ complemento, o adjunto adverbial, em geral, está no fim da oração. Porém, se quiser-
mos, podemos utilizá-lo no início da frase. Só devemos nos atentar ao uso das vírgulas
nestas situações, pois quando você “desloca” o adjunto adverbial para o início ou meio
da frase, é interessante que ele seja isolado por vírgulas. Para facilitar-lhe a leitura a esse
respeito, vejamos este exemplo:
Na Avenida Colombo, acontecem muitos acidentes.
O uso da vírgula só será facultativo quando se tratar de um adjunto adverbial de curta
extensão. Por exemplo, na frase a seguir, podemos usar o adjunto adverbial “ontem” se-
guido ou não de vírgula:
Ontem, aconteceu mais um acidente na Avenida Colombo.
Ontem aconteceu mais um acidente na Avenida Colombo.
O uso de vírgulas também é aconselhado quando há uma sequência de elementos de
uma mesma função sintática. Portanto, se usarmos seguidamente dois adjuntos adver-
biais, também devemos separá-los por vírgula. Observe este exemplo!
Ontem, na Avenida Colombo, aconteceu mais um acidente.
Como você pôde notar, aluno(a) o emprego da vírgula cumpre um importante papel no
plano da linguagem escrita.
Fonte: as autoras.
MATERIAL COMPLEMENTAR
1. Resposta:
Tradicionalmente, como características do adjunto adnominal, podemos listar: o
fato de ser considerado um termo sintático não obrigatório na oração, ou seja, que
pode ser retirado sem prejuízos de sentido para o contexto. Outra particularida-
de diz respeito ao seu aparecimento no período, ou seja, sempre dentro de outras
funções como sujeito, objeto etc. Além disso, vimos também que ele pode ser re-
presentado por um adjetivo, locução adjetiva ou unidade equivalente quando é
utilizado para caracterizar e ainda por artigos, numerais e pronomes quando usado
apenas para acompanhar os substantivos, sejam eles concretos ou abstratos.
Ademais, o fato de poder indicar posse e também de, muitas vezes, praticar a ação
expressa pelo nome a que se refere correspondem a outras características marcan-
tes do adjunto adnominal.
2. Resposta:
a) adjunto adnominal.
b) complemento nominal.
c) adjunto adnominal.
d) predicativo do sujeito.
e) adjunto adnominal / adjunto adnominal.
3. Respostas:
a) Bernardo
b) São Paulo
c) o campeão de artes marciais mistas que adora imitar Michael Jackson / Marisa
Monte
d) farinha de trigo, açúcar, leite, chocolate em pó, fermento e ovos
e) tudo isso
4. Resposta:
Porque, dentro da oração, tem uma presença acessória ainda maior que o adjunto
adnominal, o adjunto adverbial e o aposto; o vocativo não se liga ao nome, nem ao
verbo e não faz parte nem do sujeito nem do predicado da oração.
5. No contexto do texto 1, o termo “Teodoro” é um aposto, uma vez que cumpre a
função de especificar, individualizar o felino. Já no contexto do texto 2, o termo
“Teodoro” equivale a um adjetivo, como as travessuras “teodorianas”, por assim
dizer, e funciona, portanto, como um adjunto adnominal.
Professora Me. Fátima Christina Calicchio
Professora Me. Raquel de Freitas Arcine de Nardo
V
Professora Me. Valéria Adriana Maceis
SINTAXE DE
UNIDADE
CONCORDÂNCIA
Objetivos de Aprendizagem
■ Explicar o princípio sintático de dependência entre o verbo e o
sujeito.
■ Compreender a dependência das palavras para sua harmonização.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■ Concordância Verbal
■ Concordância Nominal
137
INTRODUÇÃO
Introdução
138 UNIDADE V
CONCORDÂNCIA VERBAL
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
cionamos, o verbo concorda em número e pessoa com o sujeito. Por exemplo:
“[...] esse teu vestido de pregas te vai muito bem.” (Cecília Meireles)
SINTAXE DE CONCORDÂNCIA
139
Grande parte das linhas já estava com os carros extras quase cheios.
Em um número menor de casos, a concordância se faz com o complemento
e essa é uma tendência cada vez maior:
Um grande número de velas branquejavam sobre as águas da baía.
b) Locuções como cerca de, menos de, perto de: essas expressões apenas modi-
ficam o núcleo do sujeito. A regra geral é que o verbo concorde com o
núcleo do sujeito.
Cerca de quinze empresários participaram da reunião.
d) Expressões como um dos que, uma das que: na mídia escrita, a concor-
dância varia entre singular e plural. Mas você deve estar se perguntando:
qual a forma mais adequada? Conforme podemos encontrar na grande
maioria das Gramáticas Tradicionais, o verbo costuma assumir a forma
plural.
Concordância Verbal
140 UNIDADE V
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Se os substantivos estiverem acompanhados de artigo, ficarão no plural:
Os Girassóis de Van Gogh alcançaram 40 milhões de dólares no leilão.
Os Estados Unidos determinam o fluxo de atividade econômica no mundo.
SINTAXE DE CONCORDÂNCIA
141
Concordância Verbal
142 UNIDADE V
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Caso o sujeito venha posposto ao verbo, a concordância pode ser feita tanto
com os dois sujeitos quanto com o mais próximo, por exemplo:
Desceram o deputado e o secretário pela escada da frente do avião.
Desceu o deputado e o secretário pela escada da frente do avião.
Quando ocorre ideia de reciprocidade, no entanto, a concordância é feita,
obrigatoriamente, no plural.
Abraçaram-se vencedor e vencido.
SINTAXE DE CONCORDÂNCIA
143
e) Com sujeitos ligados pela conjunção “ou”: o verbo concorda com o termo
que vier depois do último “ou”.
Concordância Verbal
144 UNIDADE V
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
d) Se o sujeito expressar quantidade numérica, o verbo ser concordará
com o predicativo.
SINTAXE DE CONCORDÂNCIA
145
desse tipo de oração é cancelado quando for igual ao da oração principal. Analise
o exemplo a seguir:
Os bancos têm um alto custo operacional para fazer o controle dos depó-
sitos e das retiradas.
Observe que, neste caso, o sujeito “bancos” é o mesmo para o verbo ter (ora-
ção principal) e para o verbo fazer (oração final).
No entanto, é preciso ficar atento aos verbos chamados factivos, tais como
mandar, ordenar e fazer, e os sensitivos como ver, ouvir e sentir. Esses verbos
podem ter como complementos orações substantivas:
[O governo mandou que] [os integrantes do BC investigassem a denúncia.]
Transformando essa oração em oração substantiva reduzida de infinitivo,
teremos:
O governo mandou os integrantes do BC investigarem a denúncia.
(ou)
O governo mandou os integrantes do BC investigar a denúncia.
Assim, finalizamos o tópico sobre concordância verbal apresentando os prin-
cipais casos. Veja, caro(a) aluno(a), que, mesmo diante de tantas ocorrências, é
possível encontrar ainda outras situações em diferentes gramáticas. Por isso, é
importante estar pesquisando sempre. Vamos lá! Continue sua leitura!
Concordância Verbal
146 UNIDADE V
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
CONCORDÂNCIA NOMINAL
SINTAXE DE CONCORDÂNCIA
147
b) Dado e visto:
c) Meio, bastante, caro, barato, muito, pouco: podem exercer função adje-
tiva ou adverbial. No primeiro caso, concordam com o substantivo ao
qual se referem; no segundo, permanecem no masculino singular (inva-
riável). Em síntese, refere-se:
- ao substantivo, ao pronome substantivo: sofre variação.
- ao verbo, ao adjetivo, ao advérbio: não sofre variação (masculino singular).
Concordância Nominal
148 UNIDADE V
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
sinônimo de “sozinho”. A expressão a sós é invariável se acompanhada de
preposição:
só elas cantavam
os dois estavam sós
deixe-os a sós
(As autoras)
Há casos, porém, em que ora flexiona, ora não. Bechara (1999, p. 550) orienta
a questão da seguinte forma: com o mais possível, o menos possível, o melhor
possível, o pior possível, quanto possível, o adjetivo “possível” fica invariável,
ainda que se afaste da palavra mais – Paisagens o mais possível belas; paisagens
SINTAXE DE CONCORDÂNCIA
149
o mais belas possível; paisagens quanto possível belas. Com o plural, o adjetivo
“possível” vai para o plural – Paisagens as mais belas possíveis. Neste caso, o
artigo orienta a flexão.
É proibido entrada.
É proibida a entrada.
É necessário autoridade para comandar.
É necessária a nossa atuação.
Concordância Nominal
150 UNIDADE V
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
- se o substantivo estiver no plural, não haverá artigo diante do segundo
adjetivo:
SINTAXE DE CONCORDÂNCIA
151
Esses são apenas alguns exemplos de concordância nominal. Assim como a con-
cordância verbal, o uso vai permitindo uma grande variedade de possibilidades
que só os bons dicionários poderão ir registrando de modo sistemático.
Concordância Nominal
152 UNIDADE V
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
de sentido quantitativo; uso de locuções específicas; casos em que o sujeito é
um plural aparente; situações em que os sujeitos são pronomes interrogativos,
indefinidos ou relativos, como também é preciso ter atenção no uso de núme-
ros percentuais e fracionários.
Há casos de sujeito composto que merecem um estudo particular, tais como:
sujeito composto anteposto ao verbo; vários sujeitos resumidos em um pronome
indefinidos; casos também em que os sujeitos estão ligados por conjunções ou
sujeitos unidos por expressões correlativas etc.
Enfim, com relação à concordância verbal, tivemos particular interesse, pri-
meiramente, no verbo “ser” e, em seguida, em alguns verbos como “dar”, “soar”
e “bater”, indicando horas. Vimos também casos de indicações de tempo e o
emprego do infinitivo. Finalizamos o tópico de concordância verbal dando aten-
ção para os verbos factivos e sensitivos.
Com relação à concordância nominal, estudamos que a regra geral baseia-se
na concordância dos termos determinantes (artigos, adjetivos, pronomes adjeti-
vos e numerais) com um núcleo substantivo. Completamos esse conhecimento
tratando das expressões e palavras que merecem estudo particular na concor-
dância nominal, como é o caso do uso do “anexo” e “incluso”; “dado” e “visto”,
“meio”, “bastante”, “caro”, “barato”, “muito”, “pouco”, entre outros.
Esperamos que tenha sido válido e interessante para você o estudo da con-
cordância verbal e nominal.
SINTAXE DE CONCORDÂNCIA
153
Está(ão) correta(s):
a. Apenas I.
b. Apenas I e II.
c. Apenas I, II e III.
d. Apenas III e IV.
e. Todas as assertivas.
4. “A concordância nominal estuda as relações estabelecidas entre os nomes, ou
seja, entre as classes de palavras que compõem o chamado grupo nominal:
substantivos, adjetivos, pronomes, artigos e numerais”. Considere a sintaxe de
concordância nominal e indique a alternativa cujas palavras estabelecem
e completam adequadamente a concordância nominal no texto a seguir:
A coordenação da biblioteca acadêmica já informou _________ vezes que, para em-
préstimo de livros __________ do acervo da biblioteca, é __________ a apresenta-
ção da carteirinha de identificação do acadêmico.
A alternativa correta é:
a. bastante, antigos, obrigatório.
b. bastantes, antigos, obrigatório.
c. bastantes, antigos, obrigatória.
d. bastante, antigos, obrigatória.
e. bastante, antigo, obrigatório.
5. No texto a seguir, existe uma inadequação referente a sintaxe de concordância
nominal.
Era meio-dia e meio na ocasião que cheguei à escola municipal. Precisei esperar,
pois estava proibida a entrada antes das 13h30min.
a) Reescreva-o com a adequada concordância nominal.
b) Explique a correção que você realizou.
155
Para que você possa complementar os seus estudos sobre a Sintaxe e concordância nominal,
sugiro que assista ao vídeo da banda “Sujeito Simples”, no link a seguir:
<https://www.youtube.com/watch?v=CErv_aGM8YI>
Aluno(a), sobre a Sintaxe de concordância verbal, sugiro este vídeo:
<https://www.youtube.com/watch?v=-q0zvJHfNmo>
157
REFERÊNCIAS
BECHARA, E. Moderna Gramática Portuguesa. 37. ed. Rio de Janeiro: Nova Fron-
teira, 2009.
________. Moderna Gramática Portuguesa. 37. ed. Rio de Janeiro: Lucerna, 1999.
CEGALLA, D. P. Novíssima Gramática da Língua Portuguesa. 45. ed. São Paulo:
Companhia Editora Nacional, 2002.
CEREJA, W. R.; MAGALHÃES, T. C. Gramática Reflexiva. 4. ed. São Paulo: Saraiva,
2013.
CIPRO NETO, P.; INFANTE, U. Gramática da Língua Portuguesa. São Paulo: Scipione,
2003.
REFERÊNCIA ON-LINE
1
Em: <https://www.unicesumar.edu.br/pos-graduandos-expoem-trabalhos-na-2a-
-mostra-cientifica-da-unicesumar/>. Acesso em: 02 ago. 2017.
GABARITO
1. Expectativa de resposta
A rigor gramatical, a concordância verbal se faz com o núcleo do sujeito apresen-
tada no texto. Assim, a forma verbal “participou” concorda com o núcleo do sujeito
“Grande parte”. Dessa forma, a concordância verbal, conforme a norma-padrão, está
no texto 2.
2. Expectativa de resposta
O princípio que justifica a flexão verbal em “foram” reside no fato de o sujeito ser
formado por uma expressão que indica percentual, seguido de substantivo. Nesse
sentido, a forma verbal em destaque concorda com o substantivo “trabalhos”.
3. Letra “b”.
4. Letra “c”.
5. Expectativa de resposta
a) Era meio-dia e meia na ocasião que cheguei à escola municipal, mas precisei
esperar, pois estava proibida a entrada antes das 13h30min.
b) Nesse contexto, a palavra “meio” é um numeral e concorda com hora que sig-
nifica metade de uma hora.
159
CONCLUSÃO
Caro(a) aluno(a), você chegou ao fim da leitura deste livro! Que bom! A disciplina
de Língua Portuguesa II, a qual guia o conteúdo deste material, tem o objetivo de
levar a seu conhecimento informações e conceitos importantes no que diz respeito,
sobretudo, aos termos da oração (período simples) e aos princípios sintáticos de
dependência.
Vamos relembrar, então, rapidamente, tudo o que você estudou por aqui? Acom-
panhe-me!
Na primeira unidade do livro, primeiramente, tratamos da Gramática Tradicional; vi-
mos um pouco de sua história e apresentamos os diferentes tipos de gramáticas. A
seguir, voltamo-nos às questões relativas à Sintaxe, procurando entender seu obje-
to de estudo e seus componentes.
Além disso, ainda na Unidade I, detivemo-nos a estudar um assunto aparentemente
simples, mas que muitos apresentam dificuldades no momento de utilizá-los: os
sinais de pontuação. Procuramos apresentar os mais recorrentes e suas aplicações.
Na segunda unidade do livro, detivemo-nos à investigação de como são apresen-
tados os constituintes considerados essenciais em uma oração, são eles: o sujeito
e o predicado. Procuramos apresentá-los sob o olhar tradicional, exemplificando o
funcionamento de cada um dentro dos usos da língua.
Em se tratando da terceira unidade do livro, trabalhamos os termos considerados
“integrantes” da oração. Vimos, portanto, sempre procurando apresentar a visão tra-
dicional acerca dos constituintes da oração, os “integrantes”: objetos (direto e indi-
reto), o complemento nominal, o predicativo e o agente da passiva.
Na quarta unidade, procuramos expor, do modo mais claro possível, as caracterís-
ticas que definem os chamados termos “acessórios” da oração, ou seja, o adjunto
adnominal, os adjuntos adverbiais, o aposto e o vocativo (termo independente). E,
ao tratar de tais termos, encerramos o estudo do período simples.
E, então, você já está apto(a) para identificar e, no futuro, ensinar estes conteúdos
voltados ao período simples a seus futuros alunos? Espero que, de alguma maneira,
tudo o que fora estudado aqui acerca dos constituintes da oração enriqueça sua
prática docente, futuro(a) professor(a)!
Ao fim do livro, chegando à última unidade, discutimos o verdadeiro processo mor-
fossintático: a sintaxe de concordância. Discorremos acerca da concordância verbal,
em que o verbo assume os traços de número e pessoa do seu sujeito; e da concor-
dância nominal, em que ocorre a concordância dos termos determinantes com um
núcleo substantivo.
Pois bem, por fim, como já afirmamos em outras passagens ao longo de todo o li-
vro, esperamos que todas as informações contidas neste material sejam muito bem
aproveitadas por você, prezado(a) aluno(a). Escrevemos este livro com muito cari-
nho e empenho, tentando sempre apresentar clareza nas palavras, para que nos
CONCLUSÃO