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CARTOGRAFIA
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APRESENTAÇÃO
CARTOGRAFIA
SEJA BEM-VINDO(A)!
Caro(a) acadêmico(a), é com grande satisfação que apresentamos esta nova edição do
livro da disciplina de Cartografia, revista e ampliada. Nesta obra, sintetizamos e aprimo-
ramos os conteúdos fundamentais na formação dos professores de Geografia, de forma
alinhada com as principais obras da cartografia nacional e internacional.
Na primeira unidade, discutiremos como o saber cartográfico e os mapas estavam pre-
sentes nas sociedades antes mesmo da invenção da escrita. Aprenderemos que os ma-
pas são formas de comunicação particulares de cada povo, sendo influenciados, dire-
tamente, pelo contexto social, cultural e econômico da época. Discutiremos, também,
o processo de sistematização da Cartografia em uma ciência autônoma da Geografia,
salientando os principais paradigmas que estruturam a agenda de pesquisa dessa ciên-
cia nos últimos cinquenta anos.
Na segunda unidade, discutiremos os principais produtos cartográficos utilizados na Ge-
ografia, as finalidades e características. A partir desses produtos, analisaremos, também,
os processos e as etapas que constituem a produção de uma informação cartográfica,
salientando a grande influência que o autor de mapas possui na representação espacial.
Por fim, estudaremos como esses processos de construção da informação cartográfica
são influenciados pela escala cartográfica, discutindo os meios para a realização do seu
cálculo e as especificidades da escala gráfica e numérica.
Na terceira unidade, estudaremos o processo histórico de determinação da verdadeira
forma da Terra. Neste capítulo, verificaremos como os povos antigos realizavam suas in-
vestigações para trabalhar com os indícios da esfericidade do nosso planeta e as princi-
pais teorias desses pensadores. Aprenderemos, também, como podemos nos orientar no
espaço a partir de instrumentos, como a bússola, bem como calcular, de maneira exata, os
ângulos para nossa orientação. Por fim, trabalharemos o cálculo das coordenadas geográ-
ficas como um meio para realizarmos a localização em qualquer ponto do planeta Terra.
Na quarta unidade, discutiremos os desafios envolvidos na construção e escolha das
projeções cartográficas. Estudaremos, também, os principais meios no levantamento
de dados da paisagem e as formas mais empregadas na representação do relevo, com
ênfase nas cartas topográficas.
Na última unidade, discutiremos o princípio organizador dos fusos horários, bem como
os meios de calcularmos a diferença dos horários entre várias localidades. Encerraremos
nossos estudos discutindo os impactos que as novas tecnologias causaram na Cartogra-
fia com o desenvolvimento e a popularização dos Sistemas de Informação Geográfica.
Esperamos que este livro seja seu companheiro nesta sua trajetória de formação profis-
sional. Bons estudos!
Prof. Estevão Pastori Garbin
Prof. Thiago Cesar Frediani Sant’Ana
08
SUMÁRIO
UNIDADE I
15 Introdução
28 A Ciência Cartográfica
43 Considerações Finais
UNIDADE II
55 Introdução
87 Escala Cartográfica
97 Considerações Finais
09
SUMÁRIO
UNIDADE III
109 Introdução
UNIDADE IV
143 Introdução
UNIDADE V
177 Introdução
CARTOGRAFIA: PRÁTICA
I
UNIDADE
ANTIGA, CIÊNCIA RECENTE
Objetivos de Aprendizagem
■■ Apresentar a relação histórica da Cartografia com as diferentes
sociedades.
■■ Refletir sobre o processo de sistematização da ciência cartográfica.
■■ Apresentar as relações entre a Cartografia e a Geografia.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ O mapa na história da humanidade
■■ A ciência cartográfica
■■ As relações entre a Cartografia e a Geografia
13
INTRODUÇÃO
Introdução
14 UNIDADE I
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
O MAPA NA HISTÓRIA DA HUMANIDADE
Caro(a) aluno(a), você já pensou como seria difícil desenvolver suas ativida-
des cotidianas sem conhecer o seu espaço? Desconhecer os principais trajetos
da cidade, a disposição das avenidas centrais ou até mesmo a direção correta do
nosso destino tornaria a nossa rotina muito mais difícil. É por essa razão prática
que o saber geográfico constitui, desde os primórdios da humanidade, uma con-
dição para a sobrevivência humana. É por meio desse saber que os seres humanos
se orientam e se deslocam no espaço, criam territórios e elaboram estratégias
essenciais para a manutenção de sua vida, sendo, o mapa, um importante ins-
trumento que auxilia os seres humanos antes mesmo do surgimento da escrita.
Segundo Matias (1996), na pré-história, o conhecimento do meio era trans-
mitido de forma oral e gestual, e seu registro era realizado por meio de inscrições
gráficas em rochas nos interiores das cavernas. O conhecimento era restrito a sua
vivência mais imediata e estava associado as atividades essenciais para a manutenção
do grupo, tais como a pesca, a caça e a moradia. O gesto, a pintura e a produção de
sons, por exemplo, tornam possível que os seres humanos produzam e manipulem
elementos mentais que denominaremos representações ou signos. De acordo com
Santaella (2012), signo é tudo aquilo que, independente do seu material constituinte
ou da sua forma, representa algum aspecto de algo para alguém. Podemos afirmar,
portanto, que as palavras que falamos no nosso dia a dia, os gestos que fazemos
no trabalho ou as ideias vagas que temos quando assistimos uma aula são signos,
embora o modo com que funcionem sejam diferenciados.
O mapa, neste sentido, também pode ser considerado um signo, ou melhor,
um complexo sistema de signos que comunica algum aspecto do espaço para
outra(s) pessoa(s) ou para nós mesmos. Vale notar que o desenvolvimento de
novas técnicas torna possível que os seres humanos criem signos mais elabo-
rados, com mais possibilidades de uso – e isso, naturalmente, é válido também
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
para os mapas. Basta imaginarmos como é muito mais fácil identificarmos, hoje,
a orientação geográfica de um fenômeno a partir do Google Maps se comparar-
mos, por exemplo, a um mapa do século XIII.
Com o desenvolvimento da técnica, o homem tornou-se capaz de realizar ativi-
dades mais complexas e de criar um meio cada vez menos restrito às possibilidades
ofertadas pela natureza: o desenvolvimento da agricultura permitiu, aos homens, a
sedentarização (e demandou conhecimento de áreas mais próprias para o cultivo), as
caravelas permitiram que novos territórios além-mar fossem conquistados (e tornou
urgente a confecção de mapas para a navegação), enquanto as Revoluções Industriais
criaram novas demandas de recursos energéticos (e o entendimento de sua distribui-
ção e localização). Representar o espaço, portanto, sempre foi uma necessidade para
o desenvolvimento dos povos. Contudo, assim como afirmamos, toda representação
é parcial e limitada na sua função de representar os fenômenos: qual seria o aspecto
limitado que os mapas deveriam representar do espaço? Sabemos que a localização
é uma preocupação recorrente dos mapas, mas será que é a última?
Caro(a) aluno(a), vejamos uma descoberta emblemática que pode nos aju-
dar a responder esta questão. Em 1963, durante as escavações arqueológicas em
Çatal Höyük, na região centro-ocidental da Turquia, uma equipe de arqueólogos
descobriu o que seria o mapa autêntico mais antigo já encontrado, elaborado, apro-
ximadamente, 6.000 a.C. Embora este mapa primitivo apresente certas similitudes
com as plantas cartográficas modernas, sua utilização era voltada para a realização
de um ritual sagrado, muito diferente dos usos dos mapas atuais (HARLEY, 1991).
Como você pode notar pela reconstituição do mapa na Figura 1, é possível identifi-
carmos o traçado de um povoado neolítico e, ao fundo, o vulcão Hasan Dag em erupção:
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
representam seus espaços. John Brian Harley (1932 - 1991), um dos principais
pesquisadores da história da Cartografia, ressalta que os produtos cartográficos
que não seguiam os padrões da Cartografia Europeia de exatidão passaram a ser
considerados mapas apenas há algumas décadas. Anteriormente, eram tratados
apenas como “curiosidades cartográficas” (HARLEY, 1991, p. 5). É esse tipo de
mudança de pensamento que tornou possível que, hoje, as representações antigas
as quais eram confeccionadas em tiras vegetais, conchas ou até mesmo madeira
sejam consideradas mapas antigos.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Figura 4 - Mapa de Ga-Sur
Descrição da imagem: o mapa de Ga-Sur foi confeccionado em uma pequena placa de barro, que representa
o rio Eufrates com montanhas em cada lado. Data de, aproximadamente, 2500 a.C.
Fonte: Raisz (1969, p. 9).
Entretanto, a filosofia grega considerava que a esfera era a forma geométrica mais
perfeita, o que justificaria que o nosso planeta assumisse uma forma esferoidal, e
não plana, justamente por acreditarem que nosso planeta fosse uma obra-prima
dos deuses. A hipótese da esfericidade da Terra foi comprovada, posteriormente,
pelo povo grego, por meio de observações em campo, além do estabelecimento
de conceitos ainda hoje usados como Equador, Polos, Trópicos, Zonas Tórridas,
Temperadas e Frias (RAISZ, 1969).
Erastótenes de Cirene (276 a 196 a.C.) é um dos grandes nomes da Antiguidade que
contribuiu, sobremaneira, na Cartografia. Responsável pela Biblioteca de Alexandria,
realizou a medição da Terra a partir de um poço, na cidade de Siena, durante o solstí-
cio de verão, e calculou que a sua circunferência era de 46 mil quilômetros, um valor
apenas 16% distante do valor real. Além disso, construiu um mapa-múndi do mundo
habitado, que contava com paralelos e meridianos para a localização.
Outro importante personagem grego foi Cláudio Ptolomeu (90 a 168 d.C.),
que desenvolveu um sistema de representação da Terra baseado na utilização de
uma grade quadriculada de coordenadas baseadas na posição dos corpos celes-
tes (CROSBY, 1999). Sua principal obra é intitulada Geografia, que consistia em
oito volumes descrevendo os princípios teóricos empregados nas projeções carto-
gráficas e nos mapas presentes em sua coletânea. Embora a base de dados usada
por Ptolomeu era oriunda de mapas antigos e relatos de viajantes, seu conjunto
de mapas é considerado o primeiro Atlas Universal (RAISZ, 1969).
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Figura 5 - Mapa-múndi gravado por Johannes Schnitzer (1482), a partir da obra de Ptolomeu
Fonte: Open Culture (2017, on-line)³.
“O”, corresponde a três corpos d`água: o rio Nilo, o rio Dom e, na parte inferior,
o mar Mediterrâneo, como você pode conferir na Figura 6:
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Este mapa é ilustrativo, porque demonstra uma característica que, por vezes, é invi-
sível quando olhamos os produtos cartográficos contemporâneos: todo mapa é uma
construção social criada a partir de visões de mundo que podem ser muito distin-
tas entre os povos ao longo do tempo. Isso não significa que devemos considerar
que os mapas são mentirosos ou dispensáveis, ao contrário, este aspecto da parcia-
lidade e relatividade do seu conteúdo é inerente a qualquer outra prática humana.
Acontece que, com as mudanças das necessidades de uma sociedade, alteram-se
suas produções intelectuais, inclusive os mapas. A visão teológica dominante na
Idade Média, por exemplo, era insuficiente para outros propósitos, como a nave-
gação, o que acabou por impulsionar, no século XIII, o desenvolvimento de um
novo estilo de mapa voltado para os navegadores: os mapas portulanos.
Como o nome sugere, os mapas portulanos priorizavam a representação mais
exata dos portos e dos trajetos para o deslocamento nos mares e oceanos. Nesse
sentido, elementos familiares, como a rosa-dos-ventos, voltaram a ser emprega-
dos na Cartografia, assim como uma crescente preocupação em representar com
detalhes os acidentes geográficos litorâneos, embora contassem com pouquíssimas
informações das áreas do interior dos continentes. Os portulanos foram conce-
bidos para águas cercadas ou quase-cercadas por terras, como o Mediterrâneo,
e estiveram associados ao uso da bússola, o que gerava certa independência dos
navegadores em relação à visibilidade dos astros celestes para determinar sua
orientação (CROSBY, 1999). O problema é que, para a navegação em grandes dis-
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tâncias, suas distorções eram muito significativas, o que levou a um esforço dos
cartógrafos em desenvolver mapas mais precisos e funcionais para a navegação.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Figura 8 - Caspar Plautius (1621): um exemplo de mapa com informações fictícias
Fonte: Dreyer-Eimbcke (1996).
A palavra “atlas”, que hoje utilizamos para designar publicações que reúnem
um conjunto de mapas, também nos foi legada por Mercator. Como con-
sequência de um trabalho de muitos anos, foram reunidos vários mapas
para resultar numa publicação, a qual Mercator chamou de Atlas. Devemos
lembrar, entretanto, que a edição só ocorreu em 1595, quatro meses após a
morte de Mercator, por iniciativa de seu filho Rumold. O motivo que levou
à escolha da palavra atlas, entretanto, ainda gera discussões. Para alguns,
foi escolhida como uma homenagem ao rei Atlas (da Mauritânia), para ou-
tros, teria sido uma referência à divindade grega Atlas, que, de acordo com a
mitologia, tendo tomado o partido dos gigantes contra os deuses e preten-
dendo derrubar o céu, fora condenado por Zeus a sustentá-lo nos próprios
ombros.
Fonte: Duarte (2002).
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A CIÊNCIA CARTOGRÁFICA
Mesmo que não fosse o primeiro a sugerir que a Cartografia deveria se aproxi-
mar da Psicologia para compreender como os mapas, efetivamente, funcionavam,
Robinson foi o primeiro a publicar um estudo sistemático de mapas que seguiu
essa estratégia metodológica (MONTELLO, 2002).
The Look of Maps foi responsável por semear um princípio que transformaria
a Cartografia nas décadas seguintes: de que os usuários de mapas deveriam ser
considerados na definição das proposições do projeto cartográfico, pois o mapa
serve como um canal de comunicação entre dois entes: o autor de mapas e o
usuário. No caso, se o mapa é um canal de comunicação, sua eficácia só poderia
ser avaliada se o destinatário final fosse considerado nessa equação. Essa “cons-
trução de princípios” deveria estar alicerçada na pesquisa empírica, com testes
laboratoriais, o que, de certa forma, afastou a ideia da Cartografia como uma
prática artística e a aproximou de uma prática científica, sistematizada.
Evidentemente, separar a ciência da arte e etiquetar um mapa como pertencente
apenas a uma dessas categorias é um reducionismo perigoso. Assim, esperamos
que nossa breve apresentação da história dos mapas no início deste capítulo tenha
deixado claro que essa questão é muito mais complexa. Entretanto, o que gosta-
ríamos de pontuar é que foi a partir da publicação da obra de Arthur Robinson
que a Cartografia passou a ser abordada como uma ciência que necessitava de
testes empíricos para sua evolução, e não apenas impressões estéticas individuais
dos seus autores. Didaticamente, podemos dizer que a Cartografia era pensada a
partir de um novo paradigma, que denominaremos Comunicação Cartográfica.
A Ciência Cartográfica
28 UNIDADE I
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
número de programas de pesquisa é denominado comunicação cartográfica
O primeiro e principal aspecto desse paradigma foi considerar que todo mapa
é constituído por “mensagens” pré-definidas pelo seu autor, de tal modo que a
grande tarefa da Cartografia seria investigar quais são as estratégias mais otimi-
zadas para se transmitir estas mensagens para um usuário (MACEACHREN,
1995). Essa tentativa de compreender o processo de comunicação entre o autor,
o mapa e o usuário deu origem a uma série de modelos esquemáticos para tornar
mais inteligível o processo de comunicação cartográfica, sendo o principal deles
aprimorado e publicado por Koláčný, em 1969, assim como ilustra a Figura 9:
REALIDADE
se ão
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id
ad ca
da ç
Tarefas
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Objetivas Necessidades
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Objetivas
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Conhecimento
da
Experiência Conhecimento
Conteúdo Linguagem Linguagem Conteúdo Experiência
Habilidades da mente do Cartográfica MAPA Cartográfica da mente do
Cartógrafo Usuário
Habilidades
Processos
psicológicos Concretização da Efeito da informação
informação cartográfica cartográfica concretizada Processos
psicológicos
A Ciência Cartográfica
30 UNIDADE I
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Embora seja um princípio importante, na prática, os mapas, poucas vezes,
apresentam a característica de ter uma mensagem específica construída pelo
cartógrafo ou geógrafo. Que tal explorarmos algumas situações para compre-
endermos as limitações desse princípio? Considere uma carta topográfica, um
dos produtos mais conhecidos da Cartografia: qual é a mensagem que essa carta
comunica? Será que é a localização exata das cotas de altitude do terreno? A posi-
ção relativa dos cursos d’água? Ou o tamanho das cidades?
Como você, caro(a) aluno(a), pôde perceber, as perguntas são diversas. Para
construirmos uma resposta satisfatória, é necessário introduzirmos novos con-
ceitos nesta linha do tempo da Cartografia, tratando de uma ação mental que
todos nós realizamos e que a ciência cartográfica começou a integrar em suas
discussões teóricas: a visualização.
A VISUALIZAÇÃO CARTOGRÁFICA
A Ciência Cartográfica
32 UNIDADE I
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
sobre o estudo das diferentes formas de visualizar o espaço – não só entender
melhor suas características físicas, mas sociais, econômicas, sanitárias, cultu-
rais, dentre outras. O termo empregado para se referir aos modos de visualizar
o espaço para a Cartografia é visualização cartográfica ou, ainda, visualização
geográfica (ou geovisualização).
Para que um mapa gere visualizações, espera-se que seja capaz de facili-
tar o entendimento de algum aspecto do espaço - embora isso, de certa forma,
seja uma tarefa realizada por qualquer bom mapa. A questão que é posta como
desafiadora é que os computadores permitiram que fossem desenvolvidos sof-
twares, como os Sistemas de Informação Geográfica (SIGs), que permitem maior
interação e, consequentemente, uma transformação do produto cartográfico sem-
pre que o usuário precisar. Por exemplo: a possibilidade de escolher, no Google
Maps, entre uma camada sombreada do relevo, das vias de circulação ou da ima-
gem de satélite permite que o usuário visualize um mesmo espaço da maneira
que mais lhe convém. Esse era um cenário inimaginável no contexto anterior à
Cartografia digital, pois os mapas eram “congelados” no papel e sua atualização
poderia ser custosa e demorada.
Para que essas novas características da Cartografia fossem ressaltadas, novos
esquemas foram formulados pela comunidade científica, cada qual valorizando
um novo cenário das pesquisas sobre mapas. Vejamos dois dos principais modelos:
Exploração
Confirmação
Síntese
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Apresentação
A Ciência Cartográfica
34 UNIDADE I
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
o espaço estudado sejam exploradas ou confirmadas é denominado interatividade.
Dentre as características que um produto cartográfico pode oferecer, pode-
mos elencar a mudança nos níveis ou camadas de informações, alteração rápida
no modo de implantação e representação dos dados, representação de fenômenos
em movimento ou, ainda, alteração da escala cartográfica de maneira automá-
tica. Essa propriedade de interatividade deve ser sempre considerada de maneira
relativa, isto é, os produtos carto-
gráficos podem apresentar baixa
ão
caç
uni
ec tar
ç
id
liza
Privado
sc vel
on ar
volvido por MacEachren (1995) he o
cid
o Alta interatividade Baixa interatividade
e comumente denominada carto-
grafia ao cubo:
Figura 12 - O modelo “cartografia ao cubo” ou “cubo
cartográfico”
Fonte: adaptada de MacEachren (1995).
Quais atividades podem ser propostas aos alunos da Educação Básica para
que se aprenda as diferentes funções desempenhadas pelos mapas em um
processo investigativo?
A Ciência Cartográfica
36 UNIDADE I
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
AS RELAÇÕES ENTRE A CARTOGRAFIA E A
GEOGRAFIA
Assim como apresentamos no início deste capítulo, existe uma relação muito
próxima entre o desenvolvimento do conhecimento geográfico dos povos e o desen-
volvimento de uma cartografia própria. A partir do estabelecimento da ciência
como forma prioritária de entender a realidade nos séculos XVIII e XIX, ocu-
pando o lugar da visão religiosa que vigorou na Idade Média, tanto a Geografia
quanto a Cartografia passaram a apresentar forte reciprocidade. Esta, auxiliando
o desenvolvimento do conhecimento geográfico sistematizado, e aquela, por sua
vez, promovendo o desenvolvimento de novas formas de representações espaciais.
É válido relembrar que há grande variedade de geografias reveladas pela história
do pensamento geográfico, cada qual com períodos que valorizavam abordagens,
problemas e paradigmas próprios do seu tempo. Da mesma forma, não há apenas
uma cartografia, mas várias, assim como veremos nas linhas seguintes.
A Cartografia é, atualmente, definida pela Associação Cartográfica
Internacional como uma disciplina que envolve a arte, a ciência e a tecnologia
na produção de mapas (DENT, 1985). Por mapa, entendemos uma imagem grá-
fica que mostra a localização de classes ou categorias de fenômenos no espaço
a partir de uma projeção ortogonal (KEATES, 1989). Além dos aspectos mais
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
que determinarmos os tipos de mapas que cada momento histórico da Geografia
prioriza, devemos entender quais são as maneiras que os geógrafos utilizam os
mapas para subsidiar suas investigações. Na Geografia Clássica, por exemplo, que
priorizava a catalogação e descrição do espaço, os mapas eram ferramentas usa-
das para a indicação da localização dos cursos d’água, a extensão da vegetação ou
mesmo das cidades. Na Geografia Regional, os mapas eram empregados para a
regionalização e a identificação das particularidades de um determinado recorte
espacial tanto para fins acadêmicos quanto para o planejamento do território.
No contexto da Nova Geografia, que propõe estudar as organizações espa-
ciais por meio do emprego de teorias, modelos e técnicas matemáticas, o mapa
passa a ser entendido como um modelo da realidade:
É relativamente fácil visualizar os mapas como modelos representativos do
mundo real, mas é importante compreender que eles são também modelos
conceituais que contêm a essência de generalizações da realidade. Nessa
perspectiva, mapas são instrumentos analíticos úteis que ajudam os inves-
tigadores a verem o mudo real sob uma nova luz ou até proporcionar-lhes
uma visão inteiramente nova da realidade (BOARD, 1975, p. 140).
fascinados com os estudos desenvolvidos por Kevin Lynch sobre a imagem que
as pessoas construíam em relação às cidades que habitavam, pedindo para que
estas desenhassem, em folhas em branco, mapas espontâneos, também denomi-
nados de mapas mentais, que podem ser considerados:
Imagens espaciais que as pessoas têm de lugares conhecidos, direta ou
indiretamente. As representações espaciais mentais podem ser do es-
paço vivido no cotidiano, como por exemplo, os lugares construídos
do presente ou do passado; de localidades espaciais distantes, ou ainda,
formadas a partir de acontecimentos sociais, culturais, históricos e eco-
nômicos, divulgados nos meios de comunicação (ARCHELA; GRA-
TÃO; TROSTDORF, 2004, p. 127).
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
tante na promoção do entendimento do espaço geográfico, cujo interesse tem-se
mostrado crescente entre os professores desde a publicação dos Parâmetros
Curriculares Nacionais de Geografia, na década de 1990. Esse aspecto, todavia,
será aprofundado nos próximos capítulos, pois a alfabetização cartográfica exige
a adoção de estratégias especiais pelo professor de Geografia.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
CONSIDERAÇÕES FINAIS
42
1. Embora a Cartografia seja uma prática milenar, sua sistematização em uma ci-
ência autônoma aconteceu somente após a Segunda Guerra Mundial. Assinale
a alternativa que corresponde à principal característica desse reconhecimento:
a) O surgimento de uma nova categoria de mapas denominada mapas temáti-
cos que reflete o desenvolvimento tecnológico e as novas formas de coletas
de dados.
b) A adoção de um paradigma científico denominado comunicação cartográfi-
ca que orientou as pesquisas em Cartografia.
c) O desenvolvimento tecnológico dos computadores e dos mapas digitais.
d) O começo da utilização de mapas para a reconstrução das regiões destruí-
das pela guerra.
e) O amadurecimento da geovisualização como conceito estruturador do pro-
jeto cartográfico.
2. A visão moderna da história da Cartografia reconhece um espectro mais am-
plo de representações espaciais como mapas legítimos. Um dos motivos dessa
mudança de perspectiva é o abandono da visão eurocêntrica como parâmetro
único de visão correta do mundo. Considerando essa tendência, analise as afir-
mações seguintes:
I. A moderna história da Cartografia considera os aspectos cartométricos
como balizadores na diferenciação entre um mapa e um desenho qualquer.
II. O conceito de visualização cartográfica pode ser empregado na problemati-
zação dos mapas pré-históricos.
III. Um dos aspectos que diferencia os mapas antigos dos atuais é que estes
possuem a preocupação de serem compreendidos pelo maior número de
pessoas possível.
IV. Até mesmo os povos sem escrita desenvolveram mapas para a realização de
itinerários pelo território.
É correto o que se afirma em:
a) I e II, apenas.
b) II e III, apenas.
c) IV, apenas.
d) II, III e IV, apenas.
e) I, II, III e IV.
43
Fonte: https://enterprise.google.com.br/intl/pt-BR/maps/products/mapsapi.html
4. Todo mapa cumpre uma função, isto é, não pode ser compreendido como um
produto isolado com um fim em si mesmo Considerando o primeiro paradig-
ma da Cartografia, qual é o papel que o usuário de mapas passa a ter na elabo-
ração do projeto cartográfico?
5. O conceito de visualização cartográfica considera que um produto cartográfi-
co pode cumprir diferentes papéis na construção do conhecimento científico.
Identifique quais papéis são esses e forneça exemplos que poderiam ser leva-
dos para os alunos da Educação Básica.
45
Desconstruindo o mapa
peador, mas sim o poder que é fruto da demanda do contratante para quem o mapa é
elaborado. Já o poder interno é o poder próprio do mapa, exercido a partir da seleção
e hierarquização dos elementos representados (HARLEY, 1989). Podemos concluir que
esses dois poderes são indissociáveis, pois só a partir do poder interno é que o poder
externo pode existir, já que é o tratamento das técnicas e dos elementos representados
que possibilita diversas expressões de um mesmo espaço.
Fonte: adaptado de Girardi ([2019], on-line)⁶.
MATERIAL COMPLEMENTAR
O site da competição de mapas feitos por crianças em homenagem à Barbara Petchenik mostra
uma série de mapas criados por jovens do mundo todo. Eles expressam visões, desejos e medos
de centenas de crianças!
Web: https://childrensmaps.library.carleton.ca/.
Material Complementar
REFERÊNCIAS
REFERÊNCIAS ON-LINE
1 Em: https://www.pourlascience.fr/sd/archeologie/peinture-neolithique-de-catal-
-hoeyuek-volcan-ou-peau-de-leopard-11824.php. Acesso em: 15 jul. 2019.
2 Em: http://www.ancient-wisdom.com/Images/maps/catalhuyuk6200bc.jpg.
Acesso em: 15 jul. 2019.
3 Em: http://www.openculture.com/2017/04/ancient-world-maps-that-change-
d-the-world-see-maps-from-ancient-greece-babylon-rome-and-the-islamic-
-world.html. Acesso em: 15 jul. 2019.
4 Em: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/b/b8/JapanesePorto-
lanMap.jpg. Acesso em: 15 jul. 2019.
5 Em: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Topographic_map_example.png.
Acesso em: 16 jul. 2019.
6 Em: http://www2.fct.unesp.br/nera/atlas/cgc_c.htm. Acesso em: 16 jul. 2019.
GABARITO
1. B.
2. C.
3. A.
4. No paradigma da comunicação cartográfica, o usuário passa a ser considerado
um ente fundamental na construção do mapa, pois se deve compreender quais
são as suas necessidades e seu repertório de conhecimento, para que se produ-
zam mapas com a menor quantidade de ruídos possíveis.
5. A comunicação cartográfica específica tem quatro papéis no uso dos mapas:
exploração, confirmação, síntese e apresentação. Na exploração, o professor po-
deria levar rabiscos iniciais de mapas, explorando a relação entre a presença de
água contaminada e cólera, por exemplo. Na confirmação, os alunos poderiam
ser levados para a sala de informática e confirmarem que existe uma relação
entre áreas com relevo acidentado e escorregamentos. Na fase da síntese, os
alunos poderiam elaborar um mapa de áreas de risco de tsunamis. Por fim, na
apresentação, o professor poderia levar um atlas geográfico.
Prof. Me. Estevão Pastori Garbin
Prof. Me. Thiago César Frediani Sant’Ana
II
ELEMENTOS E PROCESSOS
UNIDADE
FUNDAMENTAIS PARA A
COMUNICAÇÃO CARTOGRÁFICA
Objetivos de Aprendizagem
■■ Apresentar os principais produtos cartográficos utilizados na
Geografia.
■■ Discutir o processo de seleção, generalização e simbolização do
projeto cartográfico.
■■ Discutir o papel da escala cartográfica.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ Os produtos cartográficos básicos
■■ As etapas do projeto cartográfico
■■ Escala cartográfica
53
INTRODUÇÃO
Caro(a) aluno(a), embora os mapas estejam cada vez mais presentes em nosso
dia a dia, isso não significa que as pessoas tenham facilidade no uso e, princi-
palmente, na sua construção. Isso não ocorre apenas pela ausência de domínio
das técnicas ou da falta de conhecimento no manuseio de softwares de produção
gráfica, mas principalmente pela ausência de conhecimento das implicações que
os processos e técnicas de representação podem causar no usuário do produto.
Nesse sentido, abordaremos, nesta unidade, quais são os principais produtos
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
INTRODUÇÃO
54 UNIDADE II
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
OS PRODUTOS CARTOGRÁFICOS BÁSICOS
Mapa e carta
Etimologicamente, a distinção entre mapa e carta parece mais clara, e indica o tipo
de material que o produto é confeccionado. No caso, a palavra mapa teria origem
cartaginesa, que significa toalha de mesa geralmente, feita em tecido ou pele de
animal. Já o termo carta teria origem egípcia e significa papel (OLIVEIRA, 1993).
No ensino de Geografia, a distinção entre mapas e cartas pode variar segundo
o autor do livro didático. Alguns, por exemplo, utilizam o critério da escala car-
tográfica; outros, o nível de detalhamento e precisão usados nos produtos para
estabelecer essa distinção terminológica. Embora sejam propostas válidas, res-
saltamos que o professor de Geografia deve discutir com seus alunos sobre esse
problema nas definições, apresentando as diferentes faces que os mapas e as car-
tas assumem ao longo da história. Esse aspecto não pode ser encarado como um
problema negativo, mas como um sinal da riqueza e complexidade da história e
do uso dos mapas pelos seres humanos.
Os mapas e as cartas apresentam várias subcategorias, dentre as quais assi-
nalamos algumas:
a. Mapa cadastral: mapa com uma escala cartográfica grande (1:500 a
1:25.000), isto é, que representa uma área geográfica pequena. Oferece um
nível elevado de detalhamento e é utilizado para demarcações precisas de
lotes e edificações. De acordo com Gaspar (2005), eles nasceram com pro-
pósitos fiscais, constituindo um importante instrumento no ordenamento
territorial. Um exemplo de mapa cadastral pode ser visto na Figura 1:
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Figura 1 - Mapa cadastral de um bairro de Curitiba
Descrição de imagem: exemplo de mapa cadastral. Note que a escala cartográfica grande permite um
detalhamento das divisões dos lotes, possibilitando que a administração municipal tenha um olhar mais
minucioso do território.
Fonte: IPPUC ([2019], on-line)1.
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Figura 4 - Exemplo de mapa hipsométrico do Rio Grande do Sul
Fonte: Atlas Socioeconômico-RS (2019, on-line)4.
Figura 5 - Exemplo de um mapa-mudo do Brasil: note que ele apresenta apenas os limites territoriais,
cabendo, ao aluno, a complementação das informações
Fonte: IBGE ([2019], on-line)5.
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Figura 7 - Mapa turístico do Rio de Janeiro
Fonte: Rio de Janeiro Aqui ([2019], on-line)7.
Existe uma grande diferença entre um mapa e uma fotografia aérea. Em pri-
meiro lugar, a fotografia mostra todos os objetos que o sensor fotográfico
pode captar, e somente esses; o mapa, por outro lado, mostra uma seleção
mais ou menos criteriosa de entidades naturais e artificiais, visíveis e invisí-
veis, com maior ou menor detalhamento. Em segundo lugar, estas entida-
des são representadas de forma convencional, através de uma simbologia
própria, o que não acontece em uma fotografia aérea.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Planta
Representação espacial que possui uma escala cartográfica muito grande, isto
é, compreende áreas muito pequenas e com um nível elevado de detalhamento.
Empregada, principalmente, na visualização de detalhes de edificações, assim
como mostra a Figura 9:
Figura 9 - Exemplo de uma planta cartográfica. Destaque para o elevado número de detalhes evidenciados
na representação
Croqui
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Globo
Mosaico
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Figura 12 - Mosaico do rio Amazonas
Fonte: INPE (2008, on-line)10.
Carta imagem
Ortofotocarta
Ortofotomapa
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AS ETAPAS DO PROJETO CARTOGRÁFICO
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Maior
ESCALA CARTOGRÁFICA
Menor
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Figura 18 - Exemplo da operação de realce nas principais vias de circulação
Escalas de medida
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Figura 20 - Exemplo de mapa que utiliza uma escala de mensuração ordinal, criando uma noção de
hierarquia
Fonte: Prates (2014, on-line)¹³.
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Figura 22 - O mapa de população dos Estados em 2010 é um exemplo de escala de mensuração absoluta
Fonte: Martinelli (2014).
Na literatura cartográfica brasileira, essas quatro escalas de medida são mais fre-
quentemente adaptadas em três propriedades perceptivas, que são os tipos de
relações que os mapas expressam entre os fenômenos: relação de similaridade/
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tográfica apresentam uma proximidade muito maior com o ramo da Cartografia
Temática em relação à Cartografia Sistemática. Isso ocorre por razões históricas,
já que é uma cartografia rigorosamente técnica e normatizada pela legislação dos
países, sendo, historicamente, anterior à cartografia temática, quando os estudos
científicos da linguagem cartográfica foram desenvolvidos a partir da década de 1960
e as normativas técnicas da cartografia de base estavam solidamente estabelecidas.
O principal autor que contribuiu com o estudo de uma linguagem dos mapas
foi Jacques Bertin (1918-2010), um cartógrafo francês que publicou, em 1967, a
obra Semiologia Gráfica. O objetivo de Bertin era desenvolver uma linguagem car-
tográfica universal, monossêmica e de rápida apreensão, permitindo que os mapas
fossem interpretados corretamente por qualquer pessoa. Para que esse objetivo
fosse atingido, a chave seria a eliminação do código no processo comunicativo e a
adoção de pressupostos lógicos inerentes à percepção visual humana. Por código,
compreendemos todo tipo de regra arbitrária e convencional estabelecida em uma
comunidade de falantes, a qual organiza as regras de uso e os significados dos sig-
nos (NETTO, 1983). Seu emprego seria descartado quando se compreendessem
as relações lógicas entre as variáveis visuais e as propriedades perceptivas.
As variáveis visuais (ou variáveis retinianas) são os elementos gráficos que
variam visualmente, isto é, o aspecto visível dos símbolos que constituem os
mapas. Por outro lado, as propriedades perceptivas são os significados ineren-
tes que as variáveis visuais possuem. Na prática, traduzem-se como os tipos de
relações que o tema representado no mapa comunica. As três relações que os
fenômenos estabelecem entre si são de similaridade/diversidade (≠), ordem (O)
e proporcionalidade (Q) (QUEIROZ, 2000).
Tamanho
Figura 23 - A variável visual tamanho aplicada no mapa da população nas capitais brasileiras em 2010
Fonte: Martinelli (2014).
Valor
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legenda no mapa, sendo a propriedade perceptiva a ordem (O).
Granulação
Cor
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Orientação
Forma
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Essa variável visual pode causar erros de leitura quando a série de dados repre-
sentados for muito extensa. Recomenda-se a utilização dessa variável visual para
mapas ou cartas em que a quantidade de elementos a serem representados for
suficiente para uma leitura rápida.
Além de ficarmos atentos ao tipo de relação que uma variável visual expressa, é
fundamental conhecermos os três modos de implantação que podem possuir. O
critério para a escolha de um dos modos varia de acordo com a natureza do fenô-
meno representado e pode ser alterado com a mudança da escala cartográfica.
O modo de implantação pontual é empregado quando as dimensões espaciais
do fenômeno não são uma informação de interesse, mas apenas a sua localização.
No caso, a escala cartográfica do produto deve ser pequena o suficiente para que o
fenômeno representado tenha sua extensão ignorada. Esse tipo de modo de implan-
tação é utilizado em mapas cuja função é mostrar a localização real ou aproximada
de um fenômeno, como as capitais dos estados ou a localização dos aeroportos.
O modo de implantação linear é empregado em fenômenos que se esten-
dem de maneira contínua sobre a superfície terrestre cujo comprimento é a
única informação útil para a leitura do atributo. São utilizadas linhas contínuas
ou pontilhados para representar a extensão desses fenômenos, com espessuras
variáveis. Podemos citar, como exemplo, as rodovias, as ferrovias, os cursos hídri-
cos, as linhas de transmissão de energia ou de distribuição de água, pois esses
elementos se manifestam por uma grande extensão sobre a superfície e descre-
vem um trajeto contínuo.
O modo de implantação zonal ou areal é empregado para representar fenô-
menos cuja dimensão ou extensão é significativa para a escala apresentada no
mapa, ou seja, são fenômenos que devem ser desenhados de forma que seja
possível ler sua área e sua forma. Podemos citar, como exemplo, os mapas de
clima, vegetação e regiões do Brasil. A síntese das variáveis visuais, seus modos
de implantação e suas propriedades perceptivas são expressas pela figura a seguir:
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Figura 29 - Variáveis visuais, modos de implantação e propriedades perceptivas
Fonte: adaptada de Bertin (1967).
ESCALA CARTOGRÁFICA
Escala Cartográfica
86 UNIDADE II
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Escala Cartográfica
88 UNIDADE II
1
E=
M
Sendo:
E = escala
1 = uma unidade no mapa
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
M = denominador da escala - corresponde ao valor real
d
E=
D
Sendo:
E = escala
d = distância gráfica
D = distância real
Exemplo:
Sabendo-se que a distância entre dois pontos no mapa é de 3 cm e que sua cor-
respondente real é de 600 metros , determine a escala do mapa em questão.
1º Passo: coletar as informações disponíveis no enunciado do exercício.
E =?
d = 3 cm
D = 600 m
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
E ?
d 3 cm
D 60000 cm
d
E=
D
3cm 3 cm ÷3 1
E= → ÷3
→
60000cm 60000 cm 20000
Escala Cartográfica
90 UNIDADE II
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
2. Determinação da distância real: quando se têm os valores da escala e a
distância gráfica entre pontos de interesse:
D= d × M
Sendo:
D = distância real
d = distância gráfica
M = denominador da escala
3. Determinação da distância gráfica: quando se têm os valores da escala
e a distância real entre os pontos de interesse:
D
d=
Sendo:
M
d = distância gráfica
D = distância real
M = denominador da escala
Exemplo:
Sabendo-se que a distância real entre dois pontos é de 700 m , qual é a distân-
cia gráfica, em centímetros, correspondente em um mapa de escala 1: 5000 ?
1º Passo: coletar as informações disponíveis no enunciado do exercício.
1
E=
5000
M = 5000
D = 700 m
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
1
E=
5000
M = 5000
D = 70000 cm
D
d=
M
70000 cm
d=
5000
d = 14 cm
Portanto, a distância gráfica será de 14 centímetros .
As escalas gráficas são constituídas por um segmento de reta dividido de
modo a mostrar graficamente a relação entre as dimensões de um objeto no dese-
nho e no terreno, conforme ilustra a Figura 32:
Escala Cartográfica
92 UNIDADE II
Dist. real
0 1 2 3 Km
Dist. gráfica
Dist. real
0 1 2 3 Km
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Dist. gráfica
Figura 32 - Estrutura de uma escala gráfica
Fonte: os autores.
Escala Cartográfica
94 UNIDADE II
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Figura 35 - Procedimento para leitura da escala gráfica
Fonte: os autores.
Nesse exemplo, foi obtida a distância em linha reta entre Manaus (AM) e Santarém
(PA), sendo que, no mapa utilizado, é de 4,5 cm . Para determinar a distância
real entre as duas cidades, basta multiplicar a distância real para 1 cm gráfico,
que foi obtida anteriormente, sendo 136 km :
D= d × M
D 4,5 ×136
=
D = 612 km
A escala gráfica ainda tem como vantagem a possibilidade do cálculo da escala
em um mapa que foi ampliado ou reduzido, pois o traço e suas divisões são man-
tidos durante os processos de ampliação e redução. O uso correto dos produtos
cartográficos está associado ao conhecimento dos tipos de representações carto-
gráficas, dos modos de implantação e representação da informação e da escala
adequada para a temática escolhida. A compreensão dos elementos de representa-
ção cartográfica – produtos, símbolos, extensão e proporção – é fundamental para
o graduando em Geografia, pois é o nível mais elementar para a compreensão dos
dados cartográficos, seja na leitura de um mapa técnico ou em um mapa escolar.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
CONSIDERAÇÕES FINAIS
96
Fonte: MARTINELLI, M. Mapas, gráficos e redes: faça você mesmo. São Paulo: Oficina de Textos, 2014.
Este artigo aborda a importância da escala nas representações cartográficas e ainda discute a
necessidade da definição de uma escala adequada para a representação dos temas específicos.
Disponível em: http://www.rc.unesp.br/igce/planejamento/download/isabel/cartografia_geog_
isabel/Aula2/aula2_escala1.pdf. Acesso em: 17 jul. 2019.
101
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______. Vegetação. IBGE, [2019]. Disponível em: https://geoftp.ibge.gov.br/produ-
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INMET NOTÍCIAS. Boletim Informativo do Instituto Nacional de Meteorologia/Mapa.
INMET Notícias, a. 8, n. 41, jan./fev. 2014. Disponível em: http://www.inmet.gov.br/
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MARTINELLI, M. Mapas, gráficos e redes: faça você mesmo. São Paulo: Oficina de
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3 Em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Mapa_coropl%C3%A9tico#/media/File:AR-
CHELLA_E_THERY_Img_05.png. Acesso em: 16 jul. 2019.
4 Em: https://atlassocioeconomico.rs.gov.br/hipsometria-e-unidades-geomorfolo-
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5 Em: ftp://geoftp.ibge.gov.br/produtos_educacionais/mapas_mudos/mapas_do_
mundo/continentes.pdf. Acesso em: 10 jun. 2019.
6 Em: ftp://geoftp.ibge.gov.br/produtos_educacionais/mapas_mudos/mapas_do_
brasil/mapas_nacionais/brasil.pdf. Acesso em: 10 jun. 2019.
7 Em: http://www.riodejaneiroaqui.com/pt/mapa-turistico.html Acesso em: 16 jul.
2019.
103
REFERÊNCIAS
1. D.
2. C.
3. E.
4. No primeiro mapa, a escala 1: 500 representa uma área reduzida, porém apre-
senta um grande detalhamento. Nessa escala, a proporção entre o objeto real e
a representação é de 1 centímetro no mapa e corresponde a 500 centímetro
( 5 metros ) no terreno real. No segundo mapa, a escala 1:10.000 representa
uma área maior, porém com um detalhamento pequeno. Nessa escala, cada
1 centímetro no mapa corresponde a 10.000 centímetros ( 100 metros ) no
terreno real.
5. 325000 cm ou 3, 25 km .
Prof. Me. Thiago César Frediani Sant’Ana
Prof. Me. Estevão Pastori Garbin
OS DESAFIOS DA CARTOGRAFIA
III
UNIDADE
NA REPRESENTAÇÃO DA FORMA
DA TERRA
Objetivos de Aprendizagem
■■ Compreender o processo histórico de determinação da forma da
Terra.
■■ Conhecer as diferentes estratégias para a orientação no espaço
geográfico.
■■ Compreender a função e o cálculo das coordenadas geográficas.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ A forma da Terra
■■ Estratégias de orientação no espaço
■■ As coordenadas geográficas
107
INTRODUÇÃO
Caro(a) aluno(a), embora, hoje, seja fácil afirmarmos qual é a verdadeira forma
do nosso planeta, devemos ter clareza de que esse tipo de indagação motivou
vários povos antigos que não dispunham das ferramentas computacionais que
temos hoje, mas que realizaram importantes reflexões sobre essa questão. Nesta
unidade, compreenderemos um pouco mais sobre como essa trajetória ocor-
reu. Iniciaremos nossos estudos com as contribuições dos gregos, examinando
os métodos empregados por eles no estudo da forma da Terra.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Introdução
108 UNIDADE III
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
A FORMA DA TERRA
De acordo com Oliveira (1993), a Geodésia é uma ciência que se ocupa em deter-
minar o tamanho e a figura da Terra por meio de medições, como triangulação,
nivelamento e observações gravimétricas, bem como em determinar o campo gra-
vitacional externo da Terra e, até certo limite, a estrutura interna.
Os métodos e as técnicas para a definição da forma do nosso planeta apri-
moraram-se ao longo do tempo, mas têm, como o marco fundador, a medição
do raio da Terra estabelecida por Erastótenes (276 - 196 a.C.), a partir da dife-
rença angular que os raios solares apresentavam, simultaneamente, em um poço
na cidade de Siena e Alexandria. O raciocínio empregado por Erastótenes foi o
seguinte: sabendo que a distância entre Siena e Alexandria, que, segundo o que
pressupunha o filósofo, compartilhavam uma mesma longitude, era de 800 km,
a medição do ângulo formado pela sombra de uma estaca fincada no chão no
solstício de verão (21 de junho) indicaria o grau de curvatura da Terra entre os
dois pontos. A simples existência da sombra em Alexandria e sua ausência em
Siena ao meio-dia era um forte indício da esfericidade do planeta. A partir desse
dado, bastaria dividir o ângulo encontrado pelo valor total da circunferência ter-
restre (que é 360º) para se determinar o raio planetário.
O ângulo formado pela sombra da estaca em Alexandria foi de 7,2º, o que
corresponde a uma das cinquenta partes da Terra. A partir da multiplicação da
distância conhecida entre as cidades por cinquenta, Erastótenes determinou que
a circunferência do planeta era, aproximadamente, 39.250 quilômetros.
A Forma da Terra
110 UNIDADE III
Raios do sol
no poço
Sol
Estaca
s do
Raio
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
7°12 E
N s
90°
o corte
Observação Observação
em Alexandria em Siena
ESTE
NORTE 800 km
Siena
Alexandria Rio
Nil
o
OESTE SUL
A Forma da Terra
112 UNIDADE III
1° 1°
1°
1°
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
eixo eixo
polar polar
Figura 2 - Os modelos da forma da Terra propostos por Isaac Newton e Giovanni Cassini
Fonte: os autores.
É importante ressaltar que os dois modelos ilustrados pela Figura 2 são, didati-
camente, exagerados: na realidade, a diferença do eixo equatorial do eixo polar é
de apenas 21 quilômetros, aproximadamente. Mesmo com os resultados obtidos
pelas expedições francesas, vários esforços foram direcionados para a continuidade
dos estudos sobre a forma da Terra em diversas partes da Europa. Assim, físicos e
matemáticos dedicavam-se a buscar uma informação mais precisa sobre o assunto.
Em 1828, Carl Friedrich Gauss (1777-1855) propôs um modelo físico (e não
geométrico) da Terra, baseado na superfície equipotencial do campo de gravi-
dade do planeta que coincide com o nível médio não perturbado dos mares. Em
1873, Listing conclui que, se a gravidade exerce força diferente para cada ponto
da superfície, a Terra deveria ter uma superfície irregular, como um grande bloco
rochoso com uma superfície rugosa, denominando essa forma de Geoide. Esse
modelo é considerado referência para os levantamentos planimétricos e altimé-
tricos de alta precisão.
É importante assinalar que existe uma diferença significativa entre a super-
fície topográfica e a superfície do geoide. Podemos considerar como superfície
Figura 3:
Por mais precisos, entretanto, que sejam os valores obtidos pela superfície geoi-
dal, dependendo da finalidade das atividades desenvolvidas, pode-se adotar
formas mais simplificadas para a representação da Terra, nas quais destacam-se
o plano, a esfera e o elipsoide.
A Forma da Terra
114 UNIDADE III
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
km²). Por serem muito reduzidas, essas áreas não apresentam as deformações
observadas na curvatura terrestre, fornecendo maior facilidade na representa-
ção e no tratamento dos dados obtidos nos trabalhos de topografia.
Já a esfera é a forma geométrica mais conhecida para representar o nosso
planeta. Sua adoção pressupõe a eliminação da diferença de tamanho entre os
eixos polar e equatorial, bem como a amplitude das altitudes da superfície ter-
restre. Ao contrário do modelo plano, as escalas geralmente empregadas nesse
tipo de modelo esférico são muito pequenas, de 1:5.000.000 e inferiores.
Se é verdade que o modelo esférico é mais aproximado da forma da Terra
em relação ao modelo plano, também é verdade que as operações matemáticas
necessárias para a obtenção de medidas são mais complexas. Por exemplo: você
deve se lembrar, caro(a) aluno(a), de que a menor distância entre dois pontos em
um plano é uma reta, certo? Contudo, no caso da esfera, o caminho mais curto
é um arco de circunferência. Isso significa que, quanto mais próximo da forma
real do planeta, mais difícil é de se trabalhar na realização de operações mate-
máticas sobre as representações cartográficas.
A Forma da Terra
116 UNIDADE III
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
ESTRATÉGIAS DE ORIENTAÇÃO NO ESPAÇO
Caro(a) aluno(a), para que possamos nos deslocar no espaço de um ponto a outro,
é necessário termos, ao menos, três informações conhecidas: saber onde esta-
mos, para onde vamos e o sentido que devemos seguir. Essa pode parecer uma
tarefa, aparentemente, simples, quando os lugares são próximos e bem conhe-
cidos, mas passam a exigir uma estratégia mais elaborada quando trabalhamos
com grandes distâncias e desconhecemos o nosso ponto de chegada. A evolução
do raciocínio espacial dos povos antigos demonstra algumas estratégias muito
interessantes para resolver essa questão.
A estratégia mais primitiva para a apropriação e a orientação dos espaços é a
adoção de toponímias, isto é, “batizar” o terreno com algum nome que permite
referenciá-lo comunitariamente (CLAVAL, 2011). Logo, torna-se possível criar um
ponto de referência e situar os lugares, colocando-os “atrás da colina do castelo”, “à
direita da Praça dos Três Poderes” e assim por diante. O problema dessa estratégia
é que as toponímias não possuem nomes universais, isto é, têm alcance limitado
a uma determinada cultura, além do fato de não permitirem que as pessoas que
nunca viram esses fatos geográficos os utilizem como um ponto de referência.
Você já parou para pensar no significado dos nomes dos topônimos do lu-
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Figura 6 - A Rosa-dos-ventos e os pontos cardeais, colaterais e subcolaterais
Fonte: Wikipedia (2008, on-line)2.
PONTOS CARDEAIS
N Norte
S Sul
E ou L Leste
W ou O Oeste
PONTOS COLATERAIS
NE Nordeste
SE Sudeste
SO Sudoeste
NO Noroeste
PONTOS SUBCOLATERAIS
NNE Nor-Nordeste
ENE Lés-Nordeste
ESE Lés-Sudeste
SSE Sul-Sudeste
SSO Sul-Sudoeste
OSO Oés-Sudoeste
ONO Oés-Noroeste
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NNO Nor-Noroeste
Quadro 1 - Os pontos cardeais, colaterais e subcolaterais
Fonte: os autores.
dípolo. Esse dípolo não está perfeitamente alinhado ao Equador, o que forma um
ângulo de, aproximadamente, 11,5°. Por essa razão, a agulha imantada da bússola
não aponta para o eixo correspondente aos meridianos, mas ao norte magnético.
Esse ângulo de desvio da agulha é denominado declinação magnética (ERNESTO;
MARQUES, 2008). Deve-se pontuar que o magnetismo na Terra tem seus
valores alterados com o tempo, ou seja, o norte magnético está em um
permanente e discreto movimento.
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A distribuição do campo geomagnético sobre a superfície da Terra é melhor
observada em cartas isomagnéticas, isto é, mapas nos quais linhas unem
pontos que correspondem a um mesmo valor de um determinado parâme-
tro magnético. As linhas isomagnéticas cruzam continentes e oceanos sem
distúrbios e não mostram relações óbvias com grandes cadeias de mon-
tanhas ou com cadeias submarinas. Esse fato deixa claro que a origem do
campo geomagnético, necessariamente, tem de ser profunda.
Fonte: Ernesto e Marques (2008, p. 77).
É por isso que, para trabalharmos com a orientação, temos que identificar
os diferentes nortes que existem, pois variam, a depender do critério que
conside-rarmos. Denominamos norte verdadeiro ou norte geográfico, os pontos
extremos do alinhamento que coincidem com o eixo de rotação da Terra,
sobre o qual se descreve o movimento de rotação diária. A orientação pelo
norte verdadeiro ou geográfico é dada por uma linha imaginária, paralela ao
eixo de rotação da Terra.
Pólo Pólo
Magnético Geográfico
Norte Norte
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Pólo Pólo
Geográfico Magnético
Sul Sul
A agulha imantada da bússola, no entanto, que indica o norte, não está orientada
em relação ao norte geográfico, mas ao norte magnético da Terra. A ponta da
agulha que marca o sentido norte, na verdade, aponta para o sul magnético da
Terra, enquanto a extremidade oposta aponta o norte magnético da Terra. Logo, o
norte apontado pela agulha da bússola é o norte magnético, mas que corresponde
ao sul geográfico.
O norte magnético é obtido pelo campo magnético terrestre e apresenta uma
diferença de direção em relação ao norte verdadeiro. Além disso, o norte mag-
nético não é fixo, pois o campo magnético da Terra está sempre em movimento.
Ao longo dos anos, o polo magnético da Terra sofre uma flutuação, alterando
sua direção. Em mapeamentos antigos, é necessário verificar qual foi a alteração
sofrida pelo norte magnético da Terra no período.
Azimute
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O azimute é o ângulo formado entre o meridiano de origem (linha paralela ao
eixo de rotação da Terra) e o alinhamento do ponto de interesse. Sua origem,
tanto magnética quanto geográfica, é o norte e a angulação varia de 0° a 360°.
0°/360°
N
Az
Az
1
270° W 0
E 90°
Az
2
3
Az
S
180°
Figura 8 - Exemplo de marcações do azimute
Fonte: os autores.
Rumo
N
0°
40°
NW
NE
50°
W90° 90° E
W
°S
44
30
°S
E
0°
S
Figura 9 - Leitura do rumo em uma bússola
Fonte: os autores.
50°NE – significa que a leitura teve início em norte e que o ponto está a 50º no
sentido leste (E).
30°SE : significa que a leitura teve início em sul e que o ponto está a 30º no sen-
tido leste (E).
44°NW: significa que a leitura teve início em norte e que o ponto está a 44º no
sentido oeste (W).
40°SW: significa que a leitura teve início em sul e que o ponto está a 40º no sen-
tido oeste (W).
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TRANSFORMAÇÕES DE RUMO E AZIMUTE
N N N N
Az R
R Az Az Az
O E O E O E O E
R R
S S S S
1° Quadrante 2° Quadrante 3° Quadrante 4° Quadrante
Figura 10 - Transformação entre rumos e azimutes
Fonte: os autores.
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AS COORDENADAS GEOGRÁFICAS
As Coordenadas Geográficas
128 UNIDADE III
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Figura 13 - A formação das coordenadas geográficas a partir do cruzamento de um paralelo com um
meridiano
Fonte: Wikipedia (2014, on-line)3.
C 20° S 40° W
D 10° S 20° E
Tabela 1- Coordenadas geográficas dos pontos da Figura 13
Fonte: os autores.
Um dado importante que Em que ser calculado entre dois pontos a partir de
suas coordenadas geográficas é a diferença de latitude e longitude. Para efeitos de
cálculo, considera-se que as latitudes do hemisfério norte apresentam um valor
positivo, enquanto as do sul, negativo. No caso das longitudes, utilizam-se valores
positivos para leste e negativos para oeste do meridiano de Greenwich. Para tanto,
empregam-se as fórmulas matemáticas a seguir para se obter essa informação:
∆ϕ = ϕ A − ϕ B
Onde:
∆ϕ = diferença de latitude
ϕ A = diferença do ponto A
ϕ B = diferença do ponto B
∆λ= λ A − λ B
Onde:
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∆ϕ = diferença de longitude
ϕ A = longitude do ponto A
ϕ B = longitude do ponto B
∆ϕ = ϕ A − ϕ B
∆ϕ= 50° − 40°
∆ϕ = 10°
No caso da diferença de longitude, basta substituirmos os valores da fórmula a
seguir pelos valores correspondentes dos pontos:
∆λ= λ A − λ B
∆λ = −100° − ( +80° )
∆λ = −100° − 80°
∆λ =−180°
As Coordenadas Geográficas
130 UNIDADE III
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
CONSIDERAÇÕES FINAIS
132
5. Os gregos foram os responsáveis por uma série de inovações que até hoje es-
tão presentes nas práticas de representação do espaço. Com base nessas con-
tribuições estudadas nesta unidade, analise as asserções a seguir e a relação
proposta entre elas:
I. Uma das maiores descobertas do povo grego foi a utilização dos astros ce-
lestes para o desenvolvimento de um sistema de coordenadas geográficas
universais.
PORQUE
II. O uso das toponímias tornava os pontos de referência restritos ao nível local.
A respeito dessas asserções, assinale a alternativa correta:
a) As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é justificativa correta
da I.
b) As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é justificativa
correta da I.
c) A asserção I é proposição verdadeira, e a II é proposição falsa.
d) A asserção I é proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira.
e) As asserções I e II são proposições falsas.
135
O prêmio da longitude
Joan Dash
Editora: Companhia das Letras
Sinopse: em 1714, depois de muitos naufrágios dos navios da Marinha
Real, o Parlamento Britânico instituiu um prêmio milionário para quem
descobrisse como determinar a longitude no mar. Para uma potência
naval como a Inglaterra, era inadmissível que desastres marítimos
continuassem a ocorrer. Cinquenta anos depois, o prêmio continuava
sem vencedores. Cientistas consagrados, como Isaac Newton e Edmond
Halley, haviam tentado estabelecer um método de calcular a longitude,
a partir de experimentos de astronomia, mas sem sucesso. Quem
conseguiu descobrir a maneira de medi-la com precisão foi um humilde relojoeiro: John Harrison.
Só faltava que a Comissão de Longitude, grupo designado para conceder o prêmio, concordasse em
reconhecer que um trabalhador pobre e pouco articulado pudesse ser o vencedor. Tinha início uma
briga que ocuparia o resto da vida de Harrison. Numa reportagem minuciosa, que combina história
da ciência, diário de bordo e biografia, Joan Dash recria esse conflito e apresenta os detalhes de um
personagem central na história da ciência, protagonista de uma corrida que contribuiu, literalmente,
para ajudar o homem a descobrir seu lugar no mundo.
O link a seguir apresenta um breve vídeo que demonstra de maneira muito simples e prática a
utilização das bússolas topográfica e militar para a tomada de dados em campo.
Web: https://www.youtube.com/watch?v=z-6UG56NpR8.
137
REFERÊNCIAS
REFERÊNCIAS ON-LINE
1 Em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Geoide#/media/File:Geoids_sm.jpg. Acesso em:
18 jul. 2019.
2 Em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Rosa_dos_ventos#/media/File:Brosen_windro-
se_It.svg. Acesso em: 18 jul. 2019.
3 Em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Mapa_coordenadas_geogr%C3%A1fi-
cas_editado.jpg. Acesso em: 14 jun. 2019.
GABARITO
1. D.
2. Trata-se da diferença angular que existe entre o norte verdadeiro e o norte mag-
nético da Terra. Essa diferença que gerou o erro de observação é denominada
declinação magnética.
3. E.
4. E.
5. A.
Prof. Me. Estevão Pastori Garbin
Prof. Me. Thiago César Frediani Sant’Ana
IV
PROJEÇÕES CARTOGRÁFICAS
UNIDADE
E REPRESENTAÇÃO DO
RELEVO
Objetivos de Aprendizagem
■■ Identificar as especificidades das projeções cartográficas na
representação espacial.
■■ Conhecer os principais instrumentos para a obtenção de dados
planialtimétricos da paisagem.
■■ Conhecer as principais técnicas para a representação cartográfica do
relevo.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ As projeções cartográficas
■■ Conhecendo os principais métodos para a realização de
levantamentos planialtimétricos
■■ Representação e leitura do relevo na cartografia
141
INTRODUÇÃO
Introdução
142 UNIDADE IV
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
AS PROJEÇÕES CARTOGRÁFICAS
As Projeções Cartográficas
144 UNIDADE IV
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Figura 2 - Efeito de uma projeção conforme na forma de quatro pontos em latitudes distintas
Fonte: adaptada de Gaspar (2005).
b. Projeções equivalentes
Figura 3 - Transformação de um objeto em diferentes latitudes em uma projeção azimutal equivalente polar
Fonte: adaptada de Gaspar (2005).
c. Projeções equidistantes
As Projeções Cartográficas
146 UNIDADE IV
N N B B
d d’B
d d’A
W E W A A
E d’C
d
Ângulos Distâncias
S S C
C
N
N
B C B’ C’
W E W E
A’
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Áreas S A
S
Direções
Figura 5 - Transformações causadas pelas projeções em um determinado objeto
Fonte: adaptada de Gaspar (2005).
P P
P
P’ P’
P’
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
P
P P
P’ P’ P’
P P P
P’ P’ P’
Figura 6 - Classificação das projeções de acordo com a superfície de projeção e sua posição
Fonte: IBGE (1998, p. 34)
As Projeções Cartográficas
148 UNIDADE IV
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
próximas dos polos estiverem as áreas representadas, maior será a deformação
encontrada na representação da superfície terrestre.
Dizemos que uma projeção cilíndrica é secante quando a superfície de pro-
jeção corta o elipsoide em dois pontos ou duas linhas de secância: no caso de
cortarem nos paralelos que correspondem à latitude de 70º norte e sul, significa
que as distorções entre essas latitudes serão menores. Essa projeção é ampla-
mente utilizada para a representação de mapas mundi na forma de planisférios.
Projeção de Mercator
Durante o período das grandes navegações, a projeção cilíndrica, elaborada
pelo cartógrafo holandês Gerardus Mercator, foi adotada em larga escala pelos
navegadores, pois permitia que se traçassem linhas retas para obter a direção a
ser tomada. Por ser uma projeção conforme e que representa o mundo sob uma
perspectiva europeia, centralizou o continente europeu, aparentando dimensões
maiores no desenho. Por isso, é denominada de projeção eurocêntrica:
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As Projeções Cartográficas
150 UNIDADE IV
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Figura 9 - Projeção cilíndrica de Peters
Fonte: Wikipedia Commons ([2019], on-line)3.
b. Projeção cônica
c. Projeção Azimutal
d. Projeção ortográfica
Nessa projeção, considera-se que a fonte de projeção está no infinito, ou seja, não
toca a superfície. Além disso, apenas um hemisfério poderá ser mostrado e os
espaçamentos entre os paralelos diminuem à medida que se localizam próximo ao
Equador. Essa projeção é utilizada para destacar alguma região do globo terrestre.
e. Projeções interrompidas
As Projeções Cartográficas
152 UNIDADE IV
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Figura 12 - Projeção Descontinuada de Goode
Fonte: Wikipedia ([2019], on-line)⁴.
■■ Áreas.
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■■ Volumes.
■■ Perímetros.
Além disso, os levantamentos podem ser obtidos por meio de métodos plani-
métricos ou altimétricos:
■■ Levantamento planimétrico
■■ Levantamento planialtimétrico
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tamento, é possível verificar todo o comportamento do terreno, definir as formas
de relevo, definir a declividade do terreno, verificar seu posicionamento dentro da
zona de luminosidade, além de possibilitar a determinação da altitude de qualquer
ponto dentro da carta/mapa. Ademais, é possível observar a posição dos elemen-
tos planimétricos, como rios, estradas, cidades, quadras e entre outros elementos.
Figura 14 - Formas de representação do relevo Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Fonte: adaptada de Imhof (2007).
Uma mesma carta topográfica pode apresentar curvas de nível com espessuras
diferentes, o que significa a presença de curvas mestras e ordinárias. As primei-
ras aparecem em intervalos maiores, com diferenças de altitudes de 50 em 50
metros ou de 100 em 100 metros. As curvas de menor espessura, com espaça-
mento menores, são denominadas ordinárias (SANCHEZ, 1975).
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O perfil topográfico é um recurso muito útil para visualizar como se comporta
o relevo em um determinado corte longitudinal. Como pode ser verificado na
figura a seguir, as duas situações apresentam um mesmo desnível de 40 metros,
mas o desnível da Situação 1 é muito menos suave, pois essa diferença está dis-
tribuída em uma distância mais curta se compararmos à Situação 2. Para os
estudos geográficos, essa visualização da declividade do terreno pode ser muito
útil, sobretudo para o planejamento ambiental, na análise de áreas de risco para
a habitação ou, ainda, para identificar relações entre o tipo de solo e as condi-
ções para o desenvolvimento:
Situação 1 Situação 2
A B C D
50 30 10 50 40 30 20 10
m m
50 50
40 40
30 30
20 20
10 10
A B C D
Figura 16 - Cortes longitudinais expressos em perfis topográficos
Fonte: adaptada de Sanchez (1975).
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Você pode realizar o download de diversas cartas topográficas, gratuita-
mente, no site do IBGE. Basta acessar o link disponível a seguir: https://www.
ibge.gov.br/geociencias-novoportal/cartas-e-mapas/folhas-topograficas/
15809-folhas-da-carta-do-brasil.html?edicao=16042&t=acesso-ao-produto.
Fonte: os autores.
d
E=
D
0,5cm 5mm i
E= → →
20m 20000mm 4000
Nesse caso, identificamos que o valor da escala vertical é de 1:4000. Para cal-
cular o exagero da escala vertical, basta dividir o valor dos denominadores da
escala horizontal pela vertical:
25000
Exagero = → 6, 25
4000
posição dos pontos onde ocorreram o cruzamento com alguma curva de nível.
No caso, pode-se usar o papel milimetrado para facilitar o procedimento, man-
tendo a escala original na transposição do corte AB e estabelecendo a escala
vertical de 1:4000, isto é, meio centímetro corresponde a uma variação de 20
metros de altitude, assim como está ilustrado na Figura 18. Muito cuidado neste
momento, caro(a) aluno(a), pois os pontos devem ser distribuídos verticalmente
na altitude correspondente:
980
960
metros
940
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
920
900
880
A B
980
960
metros
940
920
900
880
A B
N
Escala vertical: 1:4.000
Escala horizontal: 1:25.000
Figura 19 - Finalizando o perfil topográfico
Fonte: os autores.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nesta unidade, estudamos o que são as projeções cartográficas, quais são suas
propriedades e seus papéis no auxílio da Cartografia na representação da super-
fície curva do planeta Terra em uma superfície plana. Aprendemos que, a partir
da projeção de Mercator, diversas foram as soluções propostas para este pro-
blema, cada qual preservando e deformando alguma característica espacial: as
formas, os ângulos, as distâncias, as direções ou a distribuição de um erro con-
trolado entre todas essas propriedades.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
166
642
Rio do
s Ín
dio s
60
0
B
500
N
( ) A curva de nível de maior valor corresponde a de 640 metros.
( ) O fragmento apresenta duas curvas mestras e sete ordinárias.
( ) A amplitude do perfil AB é de 120 metros.
( ) A jusante do Rio dos Índios está orientada para o Sul.
( ) O perfil AB mostraria os mesmos valores das curvas de nível do perfil BA.
A sequência correta é:
a) V, V, F, V, F.
b) F, F, V, V, F.
c) V, F. F, V, V.
d) F, V, F, F, F.
e) V, V, F, F, V.
4. A cartografia busca representar graficamente a superfície terrestre, porém a
transformação dessa superfície real curva em uma superfície representada de
forma plana acaba gerando uma série de distorções de forma ou de ângulo nos
mapas. Para minimizar esses erros, foram criadas as projeções cartográficas,
sendo que cada tipo de projeção possui uma propriedade específica quanto
ao erro de representação. Liste e explique as propriedades de erros na projeção
cartográfica.
5. A representação do relevo é uma das principais preocupações da Cartografia.
Considerando as diferentes estratégias adotadas para a sua representação, in-
dique três vantagens que o traçado das curvas de nível possui em relação às
formas de representação mais antigas.
168
O site Map Projection Transition apresenta, de forma fácil e prática, como diferentes projeções
cartográficas transformam a representação da superfície terrestre.
Web: https://www.jasondavies.com/maps/transition/
Material Complementar
REFERÊNCIAS
REFERÊNCIAS ON-LINE
1 Em: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Mollweide_projection_SW.jpg.
Acesso em: 19 jul. 2019.
2 Em: https://brasilescola.uol.com.br/geografia/projecoes-cartograficas. Acesso
em: 19 jul. 2019.
3 Em: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/7/7a/NetzentwuerfePe-
ters.png. Acesso em: 19 jul. 2019.
4 Em: http://wikipedia.qwika.com/en2pt/Goode_homolosine_projection. Acesso-
em: 19 jul. 2019.
5 Em: http://linguagemgeografica.blogspot.com/2017/07/como-ler-as-curvas-de-
-nivel-de-uma.html. Acesso em: 14 jun. 2019.
GABARITO
1. B.
2. D.
3. E.
4. As projeções podem ser classificadas, de acordo com os erros, em: conformes,
equivalentes, equidistantes e afiláticas. Nas projeções conformes, os ângulos
serão conservados, mas as áreas exibirão deformações incompatíveis com a su-
perfície terrestre. Já as projeções equivalentes preservam as áreas do desenho,
porém os ângulos serão deformados. Nas projeções equidistantes, são preserva-
das as distâncias entre alguns pontos. Já nas projeções afiláticas, os ângulos e as
áreas são deformados, mas dentro de um limite de erro.
5. Permitem calcular com exatidão a declividade do terreno. Além disso, possibili-
tam identificar, com um nível alto de detalhamento, as altitudes do relevo, bem
como permitem elaborar representações alternativas, como o perfil topográfico,
para complementar a visualização das altitudes.
Prof. Me. Estevão Pastori Garbin
Prof. Me. Thiago César Frediani Sant’Ana
V
FUSOS HORÁRIOS E
UNIDADE
SISTEMAS DE INFORMAÇÃO
GEOGRÁFICA
Objetivos de Aprendizagem
■■ Compreender o princípio e o cálculo dos fusos horários.
■■ Compreender o papel e as potencialidades dos Sistemas de
Informação Geográfica (SIG).
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ Fusos Horários
■■ O papel dos Sistemas de Informação Geográfica (SIG)
175
INTRODUÇÃO
Caro(a) aluno(a), nesta última unidade, estudaremos dois conteúdos muito pre-
sentes no ensino de Geografia e que, pelo crescente processo evolutivo dos meios
tecnológicos e de transporte, têm se tornado mais concretos para um número cada
vez maior de pessoas: os fusos horários e os Sistemas de Informação Geográfica.
Os fusos horários são recursos desenvolvidos e disseminados no século XIX,
na Europa e nos Estados Unidos, como uma forma de integrar, em um sistema
internacional, os horários e as datas, de acordo com a distância aparente do Sol
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Introdução
176 UNIDADE V
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
FUSOS HORÁRIOS
graus, da esfera terrestre (360º) pelas 24 horas do dia legal e se determinou que,
a cada hora, a Terra realiza um movimento de rotação de, aproximadamente,
15º. Como você deve se lembrar, cada ponto da superfície terrestre que varia no
sentido leste-oeste apresenta um valor de longitude diferente, sendo, os fusos
horários, formados por intervalos de 15° que variam longitudinalmente, inde-
pendentemente do valor da latitude (variação no eixo norte-sul), assim como
você pode conferir na Figura 1:
Fuso Horário Civil - 2018
90°
Reykjavik
60°
Moscou
Is.Aleutas
Vancouver Londres
Berlim
Ottawa Paris Astana
Madrid Bucareste
Nova Iorque Beijing Seul
Açores Argel
Washington
Los Angeles Is. Madeira Trípole Teerã Tóquio
Cairo 30°
Is. Canárias Riad Nova
Délhi
Hong Kong
Is.Havaí Cidade do
México Cabo Verde Dacar Manila
Niamei
Georgetown Adis Abeba
Bogotá
0°
Nairóbi
Meridiano de Greenwich (GMT)
Is.Galápagos
Luanda Jacarta
Lima Is.Fiji
Brasília
Is.Tonga
Is.Pitcairn Maputo
30°
Cidade Sydney
Buenos Aires do Cabo
Melbourne
Is. Malvinas
60°
90° 70 0 140km
Figura 1- Os fusos horários no mundo Fonte: 1. World map of time zones. Taunton: United Kingdom Hydrographic Office, HM Nautical Almanac Office - HMNAO, Aug. 2018.
Disponível em: <http://astro.ukho.gov.uk/nao/miscellanea/WMTZ/>. Acesso em: out. 2018. 2. Atlas geográfico. 3. ed. Rio de Janeiro: IBGE, 1986
www.ibge.gov.br 0800 721 8181
Fonte: adaptado de IBGE (2018, on-line)1.
Como você pode perceber, caro(a) aluno(a), os fusos horários não são estabelecidos
de maneira absolutamente linear, sobretudo quando passa por áreas continentais.
Isso acontece para facilitar a organização e a sincronicidade dos horários em um
mesmo país ou região, pois a divisão de um território nacional, por exemplo, com
mais de um horário legal, pode dificultar a dinâmica econômica, espacialmente.
Evidentemente, países com grandes dimensões longitudinais, como o Brasil, os
Estados Unidos e a Rússia, adotam mais de um fuso horário para seus territórios,
para evitar disparidade significativa na posição do sol no horizonte.
Fusos Horários
178 UNIDADE V
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Atualmente, o Brasil apresenta quatro fusos horários em seu território. O pri-
meiro fuso horário compreende as ilhas oceânicas à leste da costa brasileira,
como é o caso do arquipélago de Fernando de Noronha, por exemplo. O segundo
fuso horário compreende as regiões sul, sudeste, nordeste, os estados de Goiás,
Tocantins, Pará e Amapá, bem como o Distrito Federal. O terceiro fuso horário
compreende os estados de Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Rondônia, Roraima
e quase todo o estado do Amazonas. Por fim, o quarto fuso horário brasileiro
corresponde ao estado do Acre e parte do estado do Amazonas. Ele foi extinto
em 2008 e recriado em 2013.
Cada país tem autonomia para determinar a quantidade de fusos e qual é o
limite exato de um fuso horário em seu território, mas todos os fusos estão organiza-
dos dentro de um sistema internacional para a determinação da data. Nesse sistema,
considera-se que o meridiano de referência para o cálculo do horário corresponde ao
fuso do Meridiano de Greenwich (0º), de tal modo que seu antimeridiano, que cor-
responde ao de 180º, seja denominado de Linha Internacional de Mudança de Data.
Se nos deslocarmos do meridiano de origem para o sentido leste, convencio-
nou-se que as horas legais devem ter uma hora de acréscimo a cada um dos 12
fusos, sendo o número de horas acrescidas após a sigla GMT (Greenwich Mean
Time ou Hora Média de Greenwich) com um sinal de “+”. Se nos deslocarmos
para oeste, subtrai-se uma hora a cada um dos 12 fusos, indicado pela sigla GMT
com um sinal de “-” e a quantidade de fusos percorridos. Logo, percebemos
que há um intervalo de 24 horas de um extremo do último fuso de leste (GMT
+12) com o último fuso a oeste (GMT -12), cujo limite coincide com a Linha
-4), enquanto o quarto fuso está com cinco horas de atraso (GMT -5), assim
como mostra a Figura 2:
Fuso horário civil - 2018
70° O VENEZUELA 60° O GUIANA 50° O 40° O 30° O
FRANCESA N
SURINAME
O O L
COLÔMBIA GUIANA CE S
AMAPÁ
AN Arquipélago
PIAUÍ PARAÍBA
PENAMBUCO
ACRE
ALAGOAS
10° S TOCANTINS 10° S
SERGIPE
RONDÔNIA
MATO BAHIA
PERU GROSSO
DISTRITO
FEDERAL
GOIÁS
BOLIVIA MINAS
GERAIS
MATO ESPÍRITO
GROSSO SANTO
20° S DO SUL 20° S
SÃO Ilha de Trindade
PARAGUAI PAULO RIO DE Ilha de
JANEIRO Martin Vaz
Capric órnio
Trópico de
O
CHILE
PARANÁ I
C
NT
PACÍFICO
OCEANO
SANTA
LÂ
CATARINA
AT
ARGENTINA RIO GRANDE O
DO SUL N
A
E
30° S
C
130 0 260 km
30° S
O
O Brasil faz parte do grupo de países que alteram seus fusos horários para maior
aproveitamento da luz solar durante os meses do verão. Atualmente, o Horário
Brasileiro de Verão pode ser adotado pelos estados e, onde é adotado, tem início
no terceiro domingo de outubro e encerra-se no terceiro domingo de fevereiro,
Fusos Horários
180 UNIDADE V
Será que os ganhos econômicos causados pelo horário de verão são real-
mente significativos nos dias de hoje?
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CALCULANDO OS FUSOS-HORÁRIOS
O cálculo do horário legal em fusos horários diferentes não é uma tarefa matemati-
camente complexa, mas exige certa atenção e cuidado na interpretação e resolução
do problema. Assim, alguns pressupostos básicos devem estar bem fixados:
1. Todas as localidades dentro de um mesmo fuso compartilham um mesmo
horário legal.
Fusos Horários
182 UNIDADE V
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
deve-se diminuir 1 dia no cálculo da data, ao
passo que se for atravessada no sentido oeste-
-leste, deve-se acrescentar 1 dia no cálculo da
data. No entanto, atenção: lembre-se de que a
posição leste e oeste não é organizada entre o
ponto de origem e de destino, mas em relação
ao Meridiano de Greenwich e hemisférios que
variam 180º para leste e 180º para oeste. Por
exemplo: observe as localidades A (GMT+12)
e B (GMT-12) indicadas no mapa a seguir.
Considerando que, na localidade A, são 08:00
do dia 30 de outubro, qual é o horário e a data
local do ponto B?
Figura 3 - Pontos A e B separados pela
Linha Internacional de Mudança da Data
Fonte: adaptada de Wikimedia Commons
([2019], on-line)3.
Fusos Horários
184 UNIDADE V
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
O PAPEL DOS SISTEMAS DE INFORMAÇÃO
GEOGRÁFICA (SIG)
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
uma natureza do tipo vetorial ou do tipo matricial.
O modelo vetorial é o mais utilizado dentro da Cartografia e consiste em
representar os elementos a partir de vetores (indicando a posição e a direção
do fenômeno) com o uso de pontos, linhas e áreas, permitindo que as posições
e formas sejam as mais exatas possíveis. Já o modelo matricial é caracterizado
por condicionar as informações espaciais a uma grade pré-definida por células
de tamanhos fixos, limitando que os fenômenos espaciais sejam condicionados
as feições das células.
Dados Temáticos
Dados Cadastrais
PIB Pop
País
(US$ bn) (milhões)
Argentina 295 34
Chile 45 14
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Figura 5 - Dados temáticos do PIB e da População de alguns países da América do Sul
Fonte: Câmara e Davis (2001).
Redes
Imagem
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geomorfologia e erodibilidade.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
origem do sistema.
Em seguida, estudamos o papel dos Sistemas de Informação Geográfica
(SIG) como um componente significativo da Cartografia digital, que, desde os
anos 1960, tem se aprimorado e ganhado maior relevância nas atividades que
envolvem geoinformações. Inicialmente, esses sistemas eram pouco integrados,
desempenhando de maneira pouco eficaz suas tarefas, mas apresentou uma forte
evolução a partir da década de 1980, sendo capaz de armazenar dados espaciais,
realizar análises complexas e produzir mapas em uma velocidade significativa-
mente elevada.
Embora o geoprocessamento se figure como “a última tendência” nos estudos
envolvendo mapas, é importante ressaltar que todo o conhecimento teórico se
faz necessário para que essa atividade não seja conduzida de maneira irrespon-
sável ou até mesmo errônea. Embora as interfaces de usuário e a popularização
dos computadores atraiam um número cada vez maior de usuários para esses
softwares, isso não significa que eles saibam os conteúdos básicos para criarem
produtos cartográficos corretos e consistentes, tanto do ponto de vista cartomé-
trico quanto semântico.
Esperamos que essas discussões sejam relevantes para que você, caro(a)
aluno(a), possa realizar as análises espaciais com o auxílio de SIGs da melhor
maneira possível.
5. Os fusos horários têm como objetivo organizar o sistema do tempo civil e sur-
giu a partir do desenvolvimento dos meios de transporte oriundos da Revo-
lução Industrial. Sobre sua organização, julgue as afirmativas a seguir com (V)
para as Verdadeiras e (F) para as Falsas:
( ) Os fusos horários variam latitudinalmente.
( ) A Linha Internacional de Mudança da Data corresponde ao antimeridiano
de Greenwich.
( ) O Brasil está todo a oeste de Greenwich, isto é, seu horário está sempre atra-
sado em relação aos países orientais.
( ) Os fusos horários correspondem a uma convenção humana sem qualquer
relação com os movimentos da Terra.
( ) Atravessando a LID no sentido oeste–leste, subtrai-se 1 dia na data
A sequência correta é:
a) V, F, V, F, V.
b) F, V, F, V, F.
c) V, V, F, F, F.
d) F, F, F, V, V.
e) F, V, V, F, F.
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REFERÊNCIAS ON-LINE
1 Em: https://atlasescolar.ibge.gov.br/images/atlas/mapas_mundo/mundo_fuso_
hor%C3%A1rio_civil.pdf. Acesso em: 25 jul. 2019.
2 Em: https://atlasescolar.ibge.gov.br/images/atlas/mapas_brasil/brasil_fuso_hora-
rio.pdf. Acesso em: 26 jul. 2019.
3 Em: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/6/61/International_
Date_Line.png. Acesso em: 22 jul. 2019.
4 Em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Bacia_hidrogr%C3%A1fica#/media/File:The_
Source_of_the_Amazon_River.jpg. Acesso em: 22 jul. 2019.
GABARITO