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EMPRESARIAL
GRADUAÇÃO
Unicesumar
Reitor
Wilson de Matos Silva
Vice-Reitor
Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor Executivo de EAD
William Victor Kendrick de Matos Silva
Pró-Reitor de Ensino de EAD
Janes Fidélis Tomelin
Presidente da Mantenedora
Cláudio Ferdinandi
NEAD - Núcleo de Educação a Distância
Diretoria Executiva
Chrystiano Mincoff
James Prestes
Tiago Stachon
Diretoria de Graduação
Kátia Coelho
Diretoria de Pós-graduação
Bruno do Val Jorge
Diretoria de Permanência
Leonardo Spaine
Diretoria de Design Educacional
Débora Leite
Head de Curadoria e Inovação
Tania Cristiane Yoshie Fukushima
Gerência de Processos Acadêmicos
Taessa Penha Shiraishi Vieira
Gerência de Curadoria
Carolina Abdalla Normann de Freitas
Gerência de de Contratos e Operações
Jislaine Cristina da Silva
Gerência de Produção de Conteúdo
Diogo Ribeiro Garcia
Gerência de Projetos Especiais
Daniel Fuverki Hey
Supervisora de Projetos Especiais
Yasminn Talyta Tavares Zagonel
Coordenador de Conteúdo
Patrícia Rodrigues da Silva
Design Educacional
Giovana Cardoso
Iconografia
Isabela Soares Silva
Impresso por:
Em um mundo global e dinâmico, nós trabalhamos
com princípios éticos e profissionalismo, não so-
mente para oferecer uma educação de qualidade,
mas, acima de tudo, para gerar uma conversão in-
tegral das pessoas ao conhecimento. Baseamo-nos
em 4 pilares: intelectual, profissional, emocional e
espiritual.
Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois cursos
de graduação e 180 alunos. Hoje, temos mais de
100 mil estudantes espalhados em todo o Brasil:
nos quatro campi presenciais (Maringá, Curitiba,
Ponta Grossa e Londrina) e em mais de 300 polos
EAD no país, com dezenas de cursos de graduação e
pós-graduação. Produzimos e revisamos 500 livros
e distribuímos mais de 500 mil exemplares por
ano. Somos reconhecidos pelo MEC como uma
instituição de excelência, com IGC 4 em 7 anos
consecutivos. Estamos entre os 10 maiores grupos
educacionais do Brasil.
A rapidez do mundo moderno exige dos educa-
dores soluções inteligentes para as necessidades
de todos. Para continuar relevante, a instituição
de educação precisa ter pelo menos três virtudes:
inovação, coragem e compromisso com a quali-
dade. Por isso, desenvolvemos, para os cursos de
Engenharia, metodologias ativas, as quais visam
reunir o melhor do ensino presencial e a distância.
Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é
promover a educação de qualidade nas diferentes
áreas do conhecimento, formando profissionais
cidadãos que contribuam para o desenvolvimento
de uma sociedade justa e solidária.
Vamos juntos!
Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está
iniciando um processo de transformação, pois quando
investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou
profissional, nos transformamos e, consequentemente,
transformamos também a sociedade na qual estamos
inseridos. De que forma o fazemos? Criando oportu-
nidades e/ou estabelecendo mudanças capazes de
alcançar um nível de desenvolvimento compatível com
os desafios que surgem no mundo contemporâneo.
O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de
Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo
este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens
se educam juntos, na transformação do mundo”.
Os materiais produzidos oferecem linguagem dialógica
e encontram-se integrados à proposta pedagógica, con-
tribuindo no processo educacional, complementando
sua formação profissional, desenvolvendo competên-
cias e habilidades, e aplicando conceitos teóricos em
situação de realidade, de maneira a inseri-lo no mercado
de trabalho. Ou seja, estes materiais têm como principal
objetivo “provocar uma aproximação entre você e o
conteúdo”, desta forma possibilita o desenvolvimento
da autonomia em busca dos conhecimentos necessá-
rios para a sua formação pessoal e profissional.
Portanto, nossa distância nesse processo de cresci-
mento e construção do conhecimento deve ser apenas
geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos
que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita.
Ou seja, acesse regularmente o Studeo, que é o seu
Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos fóruns
e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe das dis-
cussões. Além disso, lembre-se que existe uma equipe
de professores e tutores que se encontra disponível para
sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de
aprendizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranqui-
lidade e segurança sua trajetória acadêmica.
CURRÍCULO
<http://lattes.cnpq.br/1815582404405502>.
APRESENTAÇÃO
LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL
SEJA BEM-VINDO(A)!
Olá, caro(a) aluno(a)! Com base neste livro didático, estudaremos algumas áreas do Di-
reito. A disciplina se propõe a fornecer as bases necessárias para que você possa enten-
der as matérias (Empresarial, Tributário, Trabalho e Consumidor) que serão estudadas e
que serão importantes no exercício de sua profissão.
O Direito está presente em todos os eventos do nosso cotidiano. Por exemplo, quando,
ao sairmos de casa, apagamos todas as luzes. Apesar de não percebermos, o que existe
nessa relação é um contrato de prestação de serviços fornecidos pela companhia de
energia elétrica. Por relações como essa, conhecer o Direito é essencial para a tomada
de decisões, tanto na vida pessoal quanto na vida profissional.
Neste livro, estudaremos grandes áreas do Direito, as quais são de suma importância para
o seu conhecimento e aplicação enquanto um(a) futuro(a) profissional de Administração.
Inicialmente, na Unidade I, faremos uma breve introdução sobre o que é o Direito, com-
preendendo a sua finalidade e seus objetivos, bem como divisões e classificações.
Na Unidade II, estudaremos o Direito Empresarial, analisando quem pode ser considerado
empresário ou não, de que forma a pessoa pode ser considerada empresária, bem como
as modalidades de sociedade e os títulos de crédito que existem na nossa legislação. A
seguir, na Unidade III, estudaremos o Direito Tributário, compreendendo que o tributo é
o gênero que se subdivide em espécies que são: imposto, taxa, contribuição de melhoria,
contribuição social e empréstimo compulsório e analisaremos cada uma delas.
Na Unidade IV, falaremos um pouco sobre Direito do Trabalho, a área de mais importân-
cia e grande discussão dentro de uma organização empresarial. Veremos a diferença en-
tre empregado e empregador, a forma de remunerar o empregado pela função desem-
penhada, em que medida vai o poder de direção do empregador, entre outros aspectos
relevantes e pertinentes ao conteúdo. Por fim, na Unidade V, estudaremos o Direito do
Consumidor, conhecendo um pouco melhor os direitos e deveres que o Código do Con-
sumidor criou tanto para o consumidor final quanto para o próprio fornecedor.
Espero que, por meio deste material, você possa conhecer um pouco mais sobre seus
direitos, bem como conhecer melhor a legislação para poder desempenhar o melhor
trabalho possível dentro de uma organização empresarial.
Bons estudos!
09
SUMÁRIO
UNIDADE I
15 Introdução
16 Conceito de Direito
20 Ramos do Direito
21 Fontes do Direito
26 Eficácia
31 Direito Constitucional
45 Considerações Finais
52 Referências
53 Gabarito
10
SUMÁRIO
UNIDADE II
DIREITO EMPRESARIAL
57 Introdução
62 Conceito de Empresa
68 Sociedades Comerciais
71 Títulos de Crédito
77 Direito Falimentar
80 Considerações Finais
88 Referências
89 Gabarito
UNIDADE III
DIREITO TRIBUTÁRIO
93 Introdução
94 Conceito e Denominação
94 Princípios Tributários
96 Tributo
11
SUMÁRIO
107 Lançamento
117 Referências
118 Gabarito
UNIDADE IV
DIREITO DO TRABALHO
121 Introdução
135 Empregado
140 Empregador
12
SUMÁRIO
145 Remuneração
166 Referências
167 Gabarito
UNIDADE V
DIREITO DO CONSUMIDOR
171 Introdução
172 Finalidade
173 Objetivo
177 Consumidor
178 Fornecedor
196 Referências
197 Gabarito
198 Conclusão
Professora Me. Mariane Helena Lopes
I
UNIDADE
CONSTITUCIONAL
Objetivos de Aprendizagem
■ Demonstrar a diferença entre Direito e Moral.
■ Compreender o Direito na sociedade.
■ Compreender a evolução do Direito Constitucional.
■ Analisar alguns tópicos relacionados à Constituição Federal brasileira.
■ Conhecer os direitos previstos na Constituição Federal.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■ Conceito de Direito
■ Direito Objetivo e Direito Subjetivo
■ Distinção entre Direito e Moral
■ Ramos do Direito
■ Fontes do Direito
■ Aplicação das Normas de Direito
■ Eficácia
■ Princípios Gerais do Direito
■ Direito Constitucional
■ Divisão dos Poderes
■ Direitos e Garantias Fundamentais
15
INTRODUÇÃO
mental, uma vez que, na maioria das vezes, as pessoas confundem os dois, pois
em muitas situações eles se completam. Veremos também a divisão do Direito
em ramos que facilitarão o nosso estudo e fazem com que a compreensão da
matéria seja mais fácil.
Analisaremos as fontes do Direito: as principais são leis, jurisprudência,
costume jurídico e doutrina jurídica, existindo outras fontes, mas de menor
importância para esta disciplina. Ainda, no Direito temos que conhecer a melhor
forma de se aplicar uma legislação a um caso concreto. Tal quesito será demons-
trado de duas maneiras: como pode ser feito tanto com a interpretação quanto
com a integração. Cabe chamarmos a atenção para a integração, pois ela, no caso
da equidade e da analogia, só pode ser feita pelo magistrado, no momento em
que o caso concreto é levado a seu conhecimento.
Após essa parte introdutória, passaremos a estudar o Direito Constitucional,
a principal e mais importante área do Direito. É a partir da Constituição Federal
que todas as demais fontes no nosso ordenamento jurídico devem ser criadas. Caso
alguma fonte seja criada em contradição com a Constituição Federal, esta não
pode ser aplicada em nossa sociedade, devendo ser considerada inconstitucional.
Por fim, veremos alguns direitos e deveres individuais e coletivos previstos
na Constituição Federal.
Bons estudos!
Introdução
16 UNIDADE I
CONCEITO DE DIREITO
A palavra direito vem do latim directu, que tem como significado colocado
em linha reta, alinhado, direito, reto, da qualidade do que é conforme a regra
(MARTINS, 2013). Existem vários significados para a palavra Direito, tais como
norma, lei, regra, faculdade, o que é devido à pessoa, fenômeno social entre
outros. Ao se falar em conceituar, significa que se procurará limitar o signifi-
cado, bem como o sentido de cada palavra posta.
Para Luis Alberto Warat, uma boa definição de Direito depende dos seguin-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
tes requisitos: “a) não deve ser circular; b) não deve ser elaborada em linguagem
ambígua, obscura ou figurada; c) não deve ser demasiado ampla, nem restrita;
d) não deve ser negativa quando puder ser positiva (WARAT, 1977, p. 6)
Muitas vezes, o conceito de Direito deve ser elaborado pela Filosofia do
Direito, podendo fazer críticas necessárias para esse fim. Aristóteles mencio-
nava que o homem é um animal político, destinado a viver em sociedade. Por
essa razão, havia a necessidade de regras para que pudesse viver em harmonia,
evitando a desordem em sociedade (MARTINS, 2013). Ou seja, para Aristóteles
as regras foram necessárias a fim de fazer com que a sociedade pudesse ser har-
mônica e ainda fosse possível em sua organização. Miguel Reale define o Direito
como “a vinculação bilateral atributiva da conduta para a realização ordenada
dos valores de convivência” (REALE, 1972, p. 617).
O Direito pode ser definido como o conjunto de princípios, regras e insti-
tuições destinados a regulamentar a vida humana em sociedade.
Conceito de Direito
18 UNIDADE I
O Direito tem três dimensões: 1º) os fatos que ocorrem na sociedade; 2º) a
valoração que se dá a esses fatos; 3º) a norma, que pretende regular as condutas
das pessoas, com base nos fatos e valores. Há uma interação dos fatos, valores e
normas. O Direito é uma ordem de fatos integrada em uma ordem de valores.
Dessa integração de um fato surge a norma (REALE, 1940), que seria a chamada
tridimensionalidade do Direito.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
DIREITO OBJETIVO E DIREITO SUBJETIVO
O Direito Objetivo, nas palavras de Sérgio Pinto Martins (2013, p. 5), “é o com-
plexo de normas que são impostas às pessoas, tendo caráter de universalidade,
para regular suas relações”. Ou seja, o Direito Objetivo é aquele criado pelo
Estado e aplicado a toda a coletividade. Independente da vontade do indivíduo,
ele existe. Podemos citar como exemplo o Direito Constitucional, que é apli-
cado igualmente a todos.
Já o Direito Subjetivo é a faculdade, a escolha de a pessoa postular seu direito,
objetivando a realização de seus interesses, uma vez que não foram cumpridos.
No caso do Direito Subjetivo, diferentemente do Direito Objetivo, ele depen-
derá da vontade do indivíduo para existir, ou seja, é necessária a manifestação
de vontade para a aplicação de um direito. O exemplo deste seria o Direito do
Consumidor. Quando se compra um produto e ele apresenta algum defeito,
dependerá da manifestação da vontade daquele que comprou para que o pro-
duto seja trocado ou o negócio seja desfeito.
Tanto o direito subjetivo quanto o objetivo são aspectos da mesma realidade,
podendo ser encarada de uma ou de outra forma. O primeiro é a expressão da
vontade individual, enquanto o segundo é a vontade geral. Pode-se dizer que o
interesse também configura o direito subjetivo, já que se trata de um poder atri-
buído à vontade do indivíduo para a satisfação dos seus próprios interesses, que
são protegidos pela lei, vale dizer, pelo direito objetivo.
RAMOS DO DIREITO
Existe uma vasta classificação da ciência do Direito. A primeira que vamos tra-
balhar é a classificação em direito natural e direito positivo.
O Direito natural nasce a partir do momento em que surge o homem, apa-
recendo, portanto, naturalmente para regular a vida humana em sociedade, de
acordo com as regras da natureza (MARTINS, 2013). Pode-se dizer que seria
uma norma criada pela natureza e não pelo homem, logo não pode ser criada
pelo Estado. Seriam princípios gerais e universais para regular os direitos e
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
deveres do homem. O Direito natural é aquele que fixa regras de validade uni-
versal, não consubstanciadas em regras impostas ao indivíduo pelo Estado. Em
verdade, ele se impõe a todos os povos pela força dos princípios supremos dos
quais resulta, como, por exemplo, o direito de reproduzir, o direito de viver etc.
(FÜHRER; MILARÉ, 2009).
Já o Direito positivo compreende o conjunto de regras estabelecidas por
meio do poder político em vigor num determinado país e em uma determinada
época (FÜHRER; MILARÉ, 2009). Ou seja, “o Direito positivo é apenas a norma
legal, emanada pelo Estado e não de outras fontes do Direito. Ele estabelece o
que é útil, sendo conhecido por meio de uma declaração de vontade alheia, que
é a promulgação” (MARTINS, 2013, p. 8).
O Direito público é aquele que regula as relações em que o Estado é parte; o
segundo é o que disciplina as relações entre particulares, nas quais predomina,
de modo imediato, o interesse de ordem privada (REIS; REIS, 2006). Ainda,
pode-se definir o Direito público como o ramo que:
[...] regula as relações em que predominam os interesses gerais da so-
ciedade, considerada como um todo. Nas relações de Direito Público, o
Estado participa como sujeito ativo (titular do poder jurídico) ou como
sujeito passivo (destinatário do dever jurídico), mas sempre como
órgão da sociedade e, portanto, sem perder a posição de supremacia
ou poder de império. (REIS; REIS, 2006, p. 8).
FONTES DO DIREITO
Ao se falar em fontes, deve-se ter em mente as diversas formas pelas quais nasce o
Direito. Como visto, o Direito é uma criação do Estado, de acordo com as neces-
sidades da sociedade. Por essa razão, a própria sociedade determinará de onde
provém ou emanam as regras que a disciplinará.
As fontes primárias do Direito são: lei, costumes, doutrina e jurisprudência.
Passaremos a estudar cada uma delas.
Fontes do Direito
22 UNIDADE I
LEI
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
será obrigado a fazer ou deixar de
fazer alguma coisa senão em virtude
de lei”. Tal fonte é uma regra de con-
duta editada pelo Poder Legislativo,
no qual estão presentes os representantes do povo, ou seja, são os vereadores
(nível municipal), os deputados estaduais (nível estadual) e os deputados fede-
rais (nível federal).
A característica da lei é a generalidade. Ela se aplica de uma maneira geral
a todos, não fazendo qualquer tipo de distinção.
Para conhecer as leis que estão em vigor em nosso país, uma excelente fonte
de consulta é o site do Planalto. Nesse espaço você tem acesso a todo o ma-
terial legislativo produzido em nosso país. Além disso, consegue também
se manter informado sobre as alterações legislativas, leis que deixaram de
existir (revogadas) e leis que passaram a existir (vigentes) em nossa socie-
dade. Para consultar acesse o link: <http://www2.planalto.gov.br/acervo/
legislacao>.
Fonte: a autora.
COSTUME
DOUTRINA
Fontes do Direito
24 UNIDADE I
JURISPRUDÊNCIA
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
seu pedido.
Ao aplicar uma lei, o juiz busca atender aos fins sociais a que ela se dirige e às
exigências do bem comum. Passaremos a estudar a interpretação e a integração
das normas, compreendendo assim como se aplica uma lei ao caso concreto.
INTERPRETAÇÃO
INTEGRAÇÃO
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Já os princípios gerais do direito serão analisados separadamente no decor-
rer desta unidade, devido à sua complexidade.
EFICÁCIA
EFICÁCIA NO TEMPO
Significa a entrada da lei em vigor, ou seja, quando a lei passará a existir na socie-
dade. Geralmente, a lei entra em vigor na data de sua publicação no Diário Oficial
da União (DOU). Caso a lei não apresente nenhum prazo, esta começará a vigo-
rar 45 dias depois de oficialmente publicada. (MARTINS, 2013).
Eficácia
28 UNIDADE I
EFICÁCIA NO ESPAÇO
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
A eficácia no espaço diz respeito ao território em que será aplicada a norma. “Ela
se aplica ao Brasil, tanto para os natos como para os estrangeiros que aqui resi-
dam” (MARTINS, 2013, p. 27). A eficácia no espaço também resolverá os casos
em que acontecer alguma atitude contrária à lei, analisando se naquele territó-
rio será aplicada a lei brasileira ou uma lei estrangeira.
Para ilustrar, imagine a seguinte situação: o indivíduo A entrou na embai-
xada brasileira na Holanda e acabou matando o sujeito B. Nesse caso, ainda que
a embaixada esteja localizada na Holanda, será aplicada a lei brasileira, pois o
órgão oficial é brasileiro, sendo considerada uma extensão do nosso território.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
3º) Princípio da razoabilidade: as pessoas devem agir com razoabilidade,
o que também acontece com as normas jurídicas.
4º) Princípio da proporcionalidade: não se pode impor condutas a não
ser que seja em estrito cumprimento do interesse público. Não se pode
agir com excessos, nem de forma insuficiente.
5º) Princípio do enriquecimento sem causa: uma pessoa não poderá
locupletar-se de outra, enriquecendo às custas dela, sem que haja causa
para tanto.
6º) Princípio da proibição do abuso do direito ou do lícito exercício regu-
lar do próprio direito: tal princípio é fundamental ao Direito. Nesse caso,
não se constituem atos ilícitos os praticados no exercício regular de um
direito reconhecido.
DIREITO CONSTITUCIONAL
Direito Constitucional
32 UNIDADE I
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
soas, tendo, geralmente, uma linguagem comum e não técnica para que todos
possam compreender.
PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
Quando se fala em preâmbulo, deve-se entender como uma indicação das inten-
ções da Constituição brasileira.
Os fundamentos da República Federativa do Brasil são: a) soberania; b) cida-
dania; c) dignidade da pessoa humana; d) valores sociais do trabalho e da livre
iniciativa; e) pluralismo político, sendo vedada a existência de um partido único.
Já os objetivos fundamentais são: a) construir uma sociedade livre, justa e
solidária; b) garantir o desenvolvimento nacional; c) erradicar a pobreza e a mar-
ginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; d) promover o bem
de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras
formas de discriminação.
Direito Constitucional
34 UNIDADE I
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
A base da organização do governo está no Art. 2º da Constituição Federal, que
prevê: “são poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo,
o Executivo e o Judiciário” (BRASIL, 1988).
Qual é a função dos poderes? Segundo Führer e Milaré (2009, p. 73). “Os
Poderes são os órgãos que realizam as diversas funções atribuídas ao Estado,
quais sejam, as funções: legislativas, administrativas e jurisdicionais”. A fórmula
ideal para o funcionamento do Estado é de que suas operações fundamentais
sejam repartidas entre vários órgãos autônomos, cada um atuando na sua esfera
de atribuição.
PODER EXECUTIVO
dois terços de aprovação na Câmara dos Deputados e, após isso, será subme-
tido a julgamento perante o Supremo Tribunal Federal, nas infrações penais
comuns, ou perante o Senado Federal, nos crimes de responsabilidade (Art. 86
da Constituição Federal).
Para ser eleito, o candidato a presidente e vice-presidente da República deve-
rão ter a idade mínima de 35 anos. O governador e o vice-governador de Estado
e Distrito Federal deverão ter no mínimo 30 anos. O prefeito e o vice-prefeito
deverão ter no mínimo 21 anos.
PODER JUDICIÁRIO
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
serão aplicadas. Desse modo, assim
ele demonstrará a forma correta de
interpretação das leis existentes em
nosso ordenamento jurídico.
PODER LEGISLATIVO
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
prestação alternativa, fixada em lei;
sociado;
26. A pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que tra-
balhada pela família, não será objeto de penhora para pagamento
de débitos decorrentes de sua atividade produtiva, dispondo a lei
sobre os meios de financiar o seu desenvolvimento;
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Código de Defesa do Consumidor é a Lei nº 8.078/90;
39. Não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia
cominação legal;
47. Não haverá penas: (a) de morte, salvo em caso de guerra declarada;
(b) de caráter perpétuo; (c) de trabalhos forçados; (d) de banimen-
to; (e) cruéis;
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
54. Ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido
processo legal;
61. Ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem es-
crita e fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo
nos casos de transgressão militar ou crime propriamente militar,
definidos em lei;
64. O preso tem direito à identificação dos responsáveis por sua prisão
ou por seu interrogatório policial;
66. Ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admi-
tir a liberdade provisória, com ou sem fiança;
67. Não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo ina-
dimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e
a do depositário infiel;
73. Qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que
vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de
que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio am-
biente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo
comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucum-
bência.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
de sua tramitação (BRASIL, 1988, art. 5).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
uma vez que nela, por termos pessoas, origens e crenças diferentes, os conflitos
podem existir, necessitando assim de uma regulamentação para resolver esses
pequenos conflitos.
Para que o Direito seja conhecido por todos da sociedade, ele possui fon-
tes de consulta em que as pessoas podem assim conhecer e se informar sobre as
leis vigentes em nosso país, bem como a posição adotada pelos nossos tribunais.
Visto isso, passamos a analisar o Direito Constitucional. Esse ramo do Direito
é importante, visto que serve como base para todos os demais ramos jurídicos,
ou seja, uma vez que alguma norma é criada contrária à Constituição Federal,
ela é considerada inconstitucional, não podendo existir em nossa sociedade, até
porque não deveria nem mesmo ter sido criada.
Na sequência, analisamos os Poderes do nosso Estado, que são previstos
também pela Constituição Federal. São eles: Executivo, Legislativo e Judiciário.
Cada um tem sua limitação de poder, seu campo de atuação e seu responsável,
sendo sempre fiscalizado pelos demais.
Vimos ainda que a Constituição brasileira traz uma série de artigos, prevendo
um pouco de cada ramo do Direito. Ela aborda quais são os fundamentos e os
objetivos do nosso Estado e, por fim, os direitos e garantias fundamentais pre-
vistos no Art. 5º da Carta Magna.
Vamos nos aprofundar ainda mais na Legislação Empresarial?
Considerações Finais
46
2. O Direito é uma ciência bilateral, pois precisa de duas pessoas para existir, além
de impor um comportamento do indivíduo na sociedade e, quando for descum-
prido, haverá uma sanção por parte do Estado. Já que o Direito é uma ciência,
existe uma vasta classificação do mesmo. Com relação a essa classificação,
analise as afirmativas abaixo e assinale a alternativa correta.
I. O Direito Natural nasce a partir do momento em que surge o homem, apare-
cendo naturalmente para regular a vida humana em sociedade.
II. O Direito Positivo é um conjunto de regras estabelecidas por meio do poder
político em vigor num determinado país e numa determinada época.
III. O Direito Público envolve a organização de um Estado, onde são estabelecidas
as normas de ordem pública.
IV. O Direito Privado diz respeito ao interesse dos particulares, decorrente da ma-
nifestação de vontade dos interessados.
47
3. Ao aplicar uma lei, o juiz busca atender aos fins sociais a que ela se dirige e às exi-
gências do bem comum. Para se aplicar uma norma, muitas vezes o juiz precisa
analisar o caso e interpretar a norma com o intuito de compreender o que o le-
gislador quis dizer com sua criação. Sobre as formas de interpretação, analise
as afirmativas abaixo e assinale a alternativa correta:
I. Histórica: constata-se a realidade e a necessidade social na elaboração da lei e
em sua aplicação.
II. Restritiva: é aquela realizada pelo próprio órgão que criou a lei, no momento
em que ela declara o sentido, alcance e conteúdo por meio de norma.
III. Lógica: estabelece-se uma conexão entre vários textos legais a serem interpre-
tados e aplicados ao caso concreto.
IV. Gramatical: é a verificação do sentido gramatical da norma criada.
4. Como o próprio nome diz, o princípio é a base de tudo. Pode-se dizer que ele é
o alicerce do Direito. A atuação do princípio no Direito se inicia antes de a regra
ser feita, ou numa fase pré-jurídica. Ou seja, em verdade os princípios acabam in-
fluenciando a elaboração da regra. Em nossa disciplina estudamos alguns princí-
pios gerais de Direito. Sobre esses princípios, assinale a alternativa incorreta:
48
5. A Constituição Federal, em seu art. 2º, prevê que “são poderes da União, indepen-
dentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário”. A fórmula
ideal para o funcionamento do Estado é que suas operações fundamentais se-
jam repartidas entre vários órgãos autônomos, cada um atuando em sua esfera
de atribuição. No Brasil existem três poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário.
Sobre esses poderes, assinale a alternativa incorreta:
a. O Poder Executivo é exercido pelo Presidente da República, auxiliado pelos
Ministros de Estado.
b. O Poder Judiciário dirá como as normas serão aplicadas, e assim demonstrará
qual a forma correta de interpretação das leis.
c. O Poder Legislativo é exercido pelo Congresso Nacional, que é composto so-
mente pelo Senado Federal, sendo eleito pelos habitantes dos respectivos es-
tados.
d. Os deputados são escolhidos pelo sistema proporcional e cada estado da fe-
deração, bem como o Distrito Federal, não poderá ter menos de oito e mais de
70 representantes.
Estado de direito - A lei não pode prejudicar o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e
a coisa julgada. É reconhecida a instituição do júri, assegurando-se a plenitude de defe-
sa; o sigilo das votações; a soberania dos veredictos e a competência para o julgamento
dos crimes dolosos contra a vida. Não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena
sem prévia determinação legal. A lei penal não pode retroagir, salvo para beneficiar o
réu.
Racismo - Constitui crime inafiançável e imprescritível.
Crimes hediondos - A lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou
anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo
e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os execu-
tores e os que, podendo evitá-los, se omitirem.
Delitos e penas - Não haverá penas de morte, de caráter perpétuo, de trabalhos força-
dos, de banimento e cruéis. A pena é cumprida em estabelecimentos distintos, de acor-
do com a natureza do delito, a idade e o sexo do condenado. É assegurado aos presos o
respeito à integridade física e moral. Serão asseguradas às presidiárias condições para
que possam permanecer com seus filhos durante a amamentação.
Extradição - Nenhum brasileiro nato será extraditado. Não será concedida extradição de
estrangeiro por crime político ou de opinião.
O Náufrago
Ano: 2001
Sinopse: narra a história de um empregado da FedEx
que sofre um acidente aéreo e vai parar numa ilha
desabitada no meio do Pacífico Sul. É incomum no
cinema em Hollywood que, durante a maior parte do
filme, só haja um personagem humano.
Comentário: o filme é um bom exemplo de onde existe
o Direito, de fato. No momento em que Tom Hanks fica
sozinho na ilha, não existe nenhuma regulamentação
sobre a vida em sociedade. A partir do momento
em que ele volta para a civilização, deve se adaptar
novamente à regulamentação que ali existe
Material Complementar
REFERÊNCIAS
FUHRER, M. C. A.; MILARÉ, É. Manual de Direito Público e Privado. São Paulo: R dos
Tribunais, 2009.
REFERÊNCIAS ON-LINE
1
Em: <https://www.senado.gov.br/noticias/jornal/cidadania/DireitosCidadao/
not01.htm>. Acesso em: 03 dez. 2016.
53
GABARITO
1. A
2. E
3. D
4. E
5. C
Professora Me. Mariane Helena Lopes
II
UNIDADE
DIREITO EMPRESARIAL
Objetivos de Aprendizagem
■ Compreender o Direito Empresarial.
■ Analisar modelos societários.
■ Analisar títulos de crédito.
■ Conhecer o direito falimentar.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■ Desenvolvimento do Direito Empresarial no Brasil
■ Autonomia, importância e conceito de Direito Empresarial
■ Objeto do Direito Empresarial
■ Conceito e Caracterização do Empresário
■ Conceito de empresa
■ Capacidade para ser empresário
■ Sociedades comerciais
■ Títulos de crédito
■ Direito falimentar
57
INTRODUÇÃO
tários que podem ser escolhidos pelos futuros empresários, bem como de que
forma cada uma delas funcionará. Vamos ver que cada modelo possui um limite
de responsabilidade diferente. Como verificaremos ao longo da unidade para
que a sociedade comece a existir ela deve ser devidamente registrada no órgão
competente.
O registro de uma sociedade empresarial é importante visto que, a partir do
momento que o registro é feito, o patrimônio da empresa passa a ser separado da
pessoa que o criou. Ou seja, como o patrimônio da pessoa jurídica é separado
ele responderá somente pelas dívidas da empresa e vice e versa.
Veremos ainda que os títulos de crédito existentes poderão ser emitidos em
situações, momentos e ocasiões diferentes. Até mesmo em alguns casos, o que é
feito na prática não existe na teoria. Contudo, eles não necessitam de compro-
vação da obrigação para que tenham validade. Basta o título propriamente dito.
Por fim, verificaremos como funciona o direito falimentar, que se divide em
recuperação extrajudicial, judicial e falência. Quando uma empresa está passando
por dificuldades, ela pode solicitar sua recuperação, fazendo de tudo para que
não feche e, se ainda assim não conseguir continuar com a atividade, poderá,
em último caso, decretar a sua falência.
Bons estudos!
Introdução
58 UNIDADE II
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
pole, abrem-se plenamente para o comércio (TEIXEIRA, 2011).
Na sequência, de acordo com Ricardo Teixeira (2011), surgiram a Real Junta
de Comércio, Agricultura, Fábricas e Navegações e o Banco do Brasil, entre outras
determinações legais. Com a Proclamação da Independência, foi convocada a
Assembleia Legislativa de 1823, ficando determinada a vigência, no Brasil, das
leis portuguesas, com a possibilidade de invocar leis mercantis. Assim, o Código
Comercial francês de 1807, o espanhol de 1829 e o português de 1833 foram ver-
dadeiras fontes legislativas para o Brasil (TEIXEIRA, 2011).
O espírito de soberania no Brasil exigia uma legislação própria. Em 1834, foi
elaborado um projeto de Código de Comércio, que tramitou na Câmara até ser
sancionado em 1850 como Lei nº 556, sendo conhecida como Código Comercial
brasileiro (VERÇOSA, 2004).
O Código Comercial brasileiro de 1850 adotava a teoria dos atos de comér-
cio. Na segunda metade do século XX, tanto a jurisprudência quanto a doutrina
começaram a perceber que tal teoria era insuficiente, passando a admitir a teo-
ria da empresa. Tal afirmação pode ser percebida na Lei nº 8.078/90, também
conhecida como Código de Defesa do Consumidor (TEIXEIRA, 2011).
Com a vigência do Código Civil de 2002, a primeira parte do Código
Comercial de 1850 foi revogada. A partir desse momento, o Direito Empresarial
deixou de ter como fonte principal o Código Comercial, passando a ser regu-
lado pelo Código Civil.
DIREITO EMPRESARIAL
59
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
vanca ao desenvolvimento dos negócios, em razão dos instrumentos que coloca
à disposição para as operações, atendendo, assim, às necessidades dos empresá-
rios com suas normas e diversos tipos de contratos (TEIXEIRA, 2012).
De acordo com o art. 966 do Código Civil de 2002, empresário é aquele que exerce
profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou circu-
lação de bens ou de serviços. O artigo citado é reflexo do art. 2.082 do Código
Civil italiano (apud VIVANTE, 1936), que dispõe: “é empreendedor quem exerce
profissionalmente uma atividade econômica organizada para o fim da produção
ou da troca de bens ou de serviços”.
O empresário é um ativador do sistema econômico. Ele funciona como um
intermediário, pois de um lado estão os que oferecem capital e/ou força de tra-
balho e, de outro, os que demandam satisfazer suas necessidades (TEIXEIRA,
2012). Para melhor entender o conceito de empresário, bem como analisar os
elementos que o compõem, dividiremos nosso estudo em cinco grupos:
DIREITO EMPRESARIAL
61
EMPRESÁRIO INDIVIDUAL
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
des empresárias (TEIXEIRA, 2012).
Sérgio Campinho (2009) nos atenta para o fato de que o empresário indivi-
dual é a pessoa física titular de uma atividade empresarial, que por sua vez não
se confunde com o sócio da sociedade empresária. O sócio não é empresário,
mas um integrante do quadro social de uma sociedade empresária.
CONCEITO DE EMPRESA
DIREITO EMPRESARIAL
63
Com base no exposto, pode-se dizer que empresa significa atividade. Ela é um
conjunto de atos coordenados pelo empresário com habilidade.
De acordo com o art. 972 do Código Civil, qualquer pessoa pode exercer a ati-
vidade empresarial, desde que esteja em pleno gozo da sua capacidade civil, não
sendo impedida por lei. Para que uma pessoa realize o exercício da atividade
empresarial, pressupõe-se a capacidade civil do sujeito que irá exercê-la. Essa
capacidade ocorre quando a pessoa atinge a maioridade – completa 18 anos – e
possui sanidade mental. Assim, vamos entender melhor como funciona a capa-
cidade no Direito brasileiro.
O Art. 1º do Código Civil prevê que “toda pessoa é capaz de direitos e deve-
res na ordem civil”, implicando a capacidade de ser parte. Existem duas espécies
de capacidade. São elas: a de gozo ou de direito e a de exercício ou de fato. A pri-
meira é a aptidão da pessoa gozar seus direitos. Ela é inerente ao ente humano
e toda pessoa a possui, enquanto a segunda é a aptidão de exercitar direitos.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
c. Os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade.
É o que ocorre com a pessoa embriagada ou com alguém entorpecido por
drogas alucinógenas.
Contudo, no ano de 2015, foi sancionada a Lei nº 13.146, que trouxe modifica-
ções com relação aos absolutamente incapazes. Por essa modificação, não existe
mais, no Direito Privado, pessoa absolutamente incapaz que seja maior de idade.
Como consequência, não há que se falar mais em uma ação de interdição abso-
luta no nosso sistema civil, visto que os menores não são interditados. Todas as
pessoas com deficiência, das quais tratava o comando anterior, passam a ser, em
regra, plenamente capazes para o Direito Civil, o que visa a sua plena inclusão,
em prol de sua dignidade (TARTUCE, 2015, on-line)1.
Os relativamente incapazes são aqueles que devem ser assistidos por seus pais
ou representantes. Eles são incapazes relativamente a certos atos, ou à maneira
de exercê-los. De acordo com o Art. 4º do Código Civil, são eles:
a. Os maiores de 16 e menores de 18 anos;
b. Os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por deficiência men-
tal, tenham o discernimento reduzido;
c. Os pródigos são as pessoas que gastam desordenadamente, que dissipam
ou dilapidam seu patrimônio sem justificativa.
DIREITO EMPRESARIAL
65
2015, on-line)1. Por fim, os plenamente capazes ou que possuem capacidade abso-
luta são os maiores de 18 anos, que ficam habilitados para a prática de todos os
atos da vida civil.
EMANCIPAÇÃO
O Art. 1.634, V do Código Civil dispõe que, até os 16 anos, os filhos menores
devem ser representados por seus pais. A partir dos 16 anos e até os 18 anos eles são
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
No caso da emancipação, esta não pode ser revogada. Mesmo com a mudança
dos sujeitos considerados absolutamente incapazes e relativamente incapazes,
em nada foi modificada a emancipação. O que se pode observar é que, em algu-
mas situações, a emancipação caiu em desuso, ou seja, não acontece mais em
nossa sociedade.
IMPEDIMENTOS E INCAPACIDADE
Existem alguns casos onde uma pessoa pode ser plenamente capaz civilmente,
não podendo exercer a atividade empresarial caso esteja impedida por lei. Tal
fato acontece por ser uma proibição legal. Entre esses impedimentos, podem ser
citados: falido não reabilitado, funcionário público, militar, devedor do INSS,
estrangeiro e incapacidade superveniente.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Os impedimentos e a incapacidade do sujeito impedem que ele tenha uma
empresa, de acordo com o que estudamos e com a legislação vigente. Para
saber mais sobre os impedimentos e a incapacidade leia o texto de Vanessa
Diniz Mendonça Miranda, intitulado O exercício da atividade empresarial pelo
incapaz nos termos no Código Civil de 2002, disponível em <http://www.fest.
edu.br/data/fckfiles/file/nepe/2009_2fest_revistatransversalidades_issn.
pdf#page=121>.
Fonte: a autora
ESTABELECIMENTO
DIREITO EMPRESARIAL
67
NOME EMPRESARIAL
bem como a razão social podem ser usadas tanto na sociedade limitada como na
sociedade em comandita por ações. No caso da sociedade em que houver sócios
de responsabilidade ilimitada, operará sob firma, na qual somente os nomes
daqueles poderão figurar, bastando para formá-la aditar ao nome de um deles a
expressão e companhia ou sua abreviatura.
Com relação ao nome empresarial, este não pode ser objeto de alienação. O
que pode ser feito é que o adquirente de estabelecimento, por ato entre vivos, se
o contrato permitir, pode usar o nome do alienante, precedido de seu próprio,
com a qualificação de sucessor (MARTINS, 2013).
No caso de o sócio falecer, for excluído ou ainda se retirar da sociedade, o
nome não poderá ser conservado na firma social. Segundo Sérgio Pinto Martins
(2013), a inscrição do nome empresarial poderá ser cancelada, a requerimento
de qualquer interessado, quando cessar o exercício da atividade para que foi ado-
tado ou quando ocorrer a liquidação da sociedade que o inscreveu.
SOCIEDADES COMERCIAIS
Dispõe o art. 981 do Código Civil que podem celebrar contrato de sociedade as
pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir, com bens ou serviços, para
o exercício de atividade econômica e partilha, entre si, dos resultados. A socie-
dade é considerada empresária quando tem por objeto o exercício de atividade
própria de empresário sujeito a registro. Ela visa à produção ou circulação de
bens ou serviços para o mercado com o objetivo de lucro. Exemplos dessa forma
de sociedade são: anônima, comandita por ações, em nome coletivo, limitada
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
e em comandita simples. Todas devem ser registradas na Junta Comercial, de
acordo com o art. 1.150 do Código Civil.
As sociedades simples são as demais, como a cooperativa. Ela não tem
por objetivo a produção ou a circulação de bens ou serviços para o mercado
(MARTINS, 2013).
DIREITO EMPRESARIAL
69
SOCIEDADE PERSONIFICADA
Sociedades Comerciais
70 UNIDADE II
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
O comanditário poderá participar das deliberações da sociedade e fiscali-
zar suas operações, não podendo praticar qualquer ato de gestão, nem podendo
ter o nome na firma social, sob pena de ficar sujeito à responsabilidade solidá-
ria e ilimitada.
DIREITO EMPRESARIAL
71
TÍTULOS DE CRÉDITO
Títulos de Crédito
72 UNIDADE II
■ Princípio da Literalidade:
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
se exonerar de pagar o valor total, caso ela seja transferida a terceiro de boa-fé.
Isso por que “o princípio da literalidade projeta consequências favoráveis e con-
trárias, tanto para credor como para devedor. Por um lado, nenhum credor pode
pleitear mais direitos do que os resultantes exclusivamente do conteúdo do título
de crédito”. (COELHO, 2013, p. 122)
Isso ocorre para que o devedor não seja obrigado a pagar mais do que está
no documento. “De outro lado, o titular do crédito pode exigir todas as obriga-
ções decorrentes das assinaturas constantes, o que representa para os obrigados o
dever de satisfazer exatamente o que está no título” (COELHO, 2013, p. 122-123).
DIREITO EMPRESARIAL
73
ENDOSSO
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
AVAL
Títulos de Crédito
74 UNIDADE II
Dessa forma, pode-se analisar que o aval é uma garantia com relação à pessoa
do devedor, enquanto a fiança é uma garantia relacionada ao contrato realizado.
O aval é feito no verso ou anverso do próprio título. Para a sua validade, quando
for feito no anverso do título, é a simples assinatura do avalista.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
ESPÉCIES DE TÍTULOS DE CRÉDITO
■ Letra de Câmbio
LETRA DE CÂMBIO
Significa que vencerá no 2º dia que o sacado
aceitar/assinar a letra
Endereço: Rua das Flores, nº 99 - apto. 09 - Bl. 9 - CEP: 9999-999 - Bairro: Vila Raiz
Cidade: Nome da Comarca Estado: SP
Documentos: Local e data do saque
CNPJ / DPF: 99.999.999/9999-49 Nome da Comarca 09 de novembro de 2003
Outros dos.: João da Silva
DIREITO EMPRESARIAL
75
A letra de câmbio é uma ordem de pagamento, sendo sacada por um credor con-
tra o seu devedor, favorável a alguém, que pode ser um terceiro ou o próprio
sacador (COELHO, 2013). O saque é a emissão do título e quem o faz é o saca-
dor. Já o sacado é o devedor contra quem foi emitida a letra de câmbio. Ele tem
24 horas para aceitar ou não o título (MARTINS, 2013). O endossante é o pro-
prietário do título, que o transfere para outrem conhecido como endossatário.
■ Nota Promissória
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
ENDEREÇO
CPF/CNPJ
CPF/CNPJ
Títulos de Crédito
76 UNIDADE II
■ Cheque
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Figura 3 - Cheque
Fonte: a autora.
O cheque é uma ordem de pagamento à vista sacada por uma pessoa contra um
banco. É chamada de emissor ou emitente a pessoa que assina o cheque e deter-
mina a ordem de pagamento. Já o beneficiário ou portador é a pessoa destinatária
da ordem de pagamento (MARTINS, 2013; COELHO, 2013; TEIXEIRA, 2012).
Essa modalidade de título de crédito, diferentemente do que muitas pes-
soas acreditam, em lei, nada prevê a modalidade à prazo. Contudo, o cheque
pré-datado (nome dado pela prática comercial), ou ainda à prazo ou pós-da-
tado, é aceito pelo comércio, possibilitando assim a circulação de mercadorias,
fazendo com que exista uma movimentação no comércio e um consumo dos
produtos e bens produzidos.
Além disso, caso o cheque pré-datado seja apresentado antes da data acor-
dada, o emissor terá direito a uma indenização por danos morais, visto que há
uma quebra de acordo verbal realizado entre as partes.
O cheque cruzado é aquele que contém duas linhas paralelas em seu anverso.
Tal cruzamento indica que ele só poderá ser pago pelo banco, devendo ser depo-
sitado. Caso o título tenha o nome do referido banco, só este paga o cheque
(MARTINS, 2013).
DIREITO EMPRESARIAL
77
■ Duplicata
DIREITO FALIMENTAR
Direito Falimentar
78 UNIDADE II
RECUPERAÇÃO EXTRAJUDICIAL
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
RECUPERAÇÃO JUDICIAL
DIREITO EMPRESARIAL
79
inclusive no que diz respeito aos encargos, salvo se, de modo diverso, ficar esta-
belecido no plano de recuperação judicial (MARTINS, 2013).
FALÊNCIA
Direito Falimentar
80 UNIDADE II
Nota-se, assim, que a falência ocorre quando a empresa não tem mais
possibilidade de continuar exercendo suas atividades, impossibilitando seu fun-
cionamento, bem como a continuação da atividade escolhida pelo empresário.
Uma vez decretada a falência, quando houver necessidade, poderá ser decretada
a despersonificação da pessoa jurídica criada para a existência da sociedade, a
fim de se atingir o patrimônio dos sócios, possibilitando assim o pagamento das
dívidas não cumpridas. Por fim, nesse caso, sempre deverá ser dada a preferên-
cia para o pagamento de dívidas trabalhistas, depois de acidentes de trabalho,
dívidas tributárias e, por último, dos demais credores.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
DIREITO EMPRESARIAL
81
o próprio nome diz, é aquela que acontece antes de se ingressar com uma ação
judicial, enquanto a judicial já há o ingresso da ação.
Considerações Finais
82
5. O art. 981 do Código Civil dispõe que pode celebrar contrato de sociedade às
pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir, com bens ou serviços, para
o exercício de atividade econômica e a partilha, entre si, dos resultados. Sobre a
sociedade não personificada, analise as assertivas abaixo:
I. A sociedade em comum é uma formação ou organização. Os sócios só po-
dem provar a existência da sociedade por escrito, mas os terceiros podem
provar a existência da mesma de qualquer forma.
II. Os bens da sociedade em comum não responderão pelos atos de gestão pra-
ticados por qualquer dos sócios.
III. A sociedade em conta de participação não é uma pessoa jurídica, não tem
personalidade jurídica, mas representa um contrato entre os sócios.
IV. Na sociedade em conta de participação o contrato social não produz efeito
somente entre os sócios, e a inscrição de seu instrumento em qualquer regis-
tro não confere personalidade jurídica a ela.
Assinale a alternativa em que as assertivas corretas são:
a. ( ) I e II
b. ( ) II e III
c. ( ) I e IV
d. ( ) I e III
e. ( ) II e IV
MATERIAL COMPLEMENTAR
Para saber mais sobre o direito falimentar, leia o texto Noções a respeito da Falência, de André
Abatayguara Trindade, disponível em: <http://www.jurisway.org.br/v2/dhall.asp?id_dh=10580>.
Material Complementar
86
ALMEIDA, A. P. de. Curso de Falência e Concordata. 23. ed. São Paulo: Saraiva, 2007.
ASQUINI, A. Perfis da empresa. Profili dell’impresa. Rivista del Diritto Commerciale,
1943, v. 41, I. Tradução de Fábio Konder Comparato. In: Revista de Direito Mercan-
til, Industrial, Econômico e Financeiro. São Paulo, RT, n. 104, out/dez., p.109-126,
1996.
BARRETO FILHO, O. Teoria do Estabelecimento Comercial. São Paulo: Max
Limonad, 1969.
BRASIL. Código Civil, Lei 10.406, de 10 de janeiro de 2002. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2002.
______. LEI Nº 11.101, DE 9 DE FEVEREIRO DE 2005. Regula a recuperação judicial,
a extrajudicial e a falência do empresário e da sociedade empresária. Disponível
em: <hhttp://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11101.htm>.
Acesso em: 10 mar. 2017.
______. LEI Nº 13.146, DE 6 DE JULHO DE 2015. Institui a Lei Brasileira de Inclu-
são da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência). Disponível
em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm>.
Acesso em: 10 mar. 2017.
CAMPINHO, S. O Direito de Empresa à Luz do Novo Código Civil. 10. ed. São Pau-
lo: Renovar, 2009.
COELHO, F. U. Curso de Direito Comercial: Direito de Empresa. 12. ed. São Paulo:
Saraiva, 2008.
MARTINS, F. Títulos de Crédito. 16. ed. Rio de Janeiro, Forense, 2013.
REQUIÃO, R. Curso de Direito Comercial. v. 1. São Paulo: Saraiva, 2008.
TEIXEIRA, T. Direito Empresarial Sistematizado. São Paulo: Saraiva, 2012.
VERÇOSA, H. M. D. Curso de Direito Comercial. v. 1. São Paulo: Malheiros, 2004.
VIVANTE, C. Elementi di diritto commerciale. Milano: Ulrico Hoepli. 1936.
REFERÊNCIAS ON LINE
¹ Em: <http://www.migalhas.com.br/FamiliaeSucessoes/104,MI224217,21048-Al
teracoes+do+Codigo+Civil+pela+lei+131462015+Estatuto+da+Pessoa+com>.
Acesso em: 10 jan. 2017.
² Em: <http://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI7991,91041-
Direito+Falimentar+Brasileiro>. Acesso em: 10 jan. 2017.
89
GABARITO
1. D
2. D
3. D
4. A
5. D
Professora Me. Mariane Helena Lopes
III
UNIDADE
DIREITO TRIBUTÁRIO
Objetivos de Aprendizagem
■ Compreender o Direito Tributário.
■ Analisar de que forma funciona o Direito Tributário.
■ Demonstrar a diferença entre tributo e suas modalidades.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■ Conceito e denominação
■ Princípios tributários
■ Tributo
■ Limitações constitucionais ao poder de tributar
■ Fato gerador
■ Sujeito ativo e sujeito passivo
■ Obrigação tributária
■ Crédito tributário
■ Lançamento
■ Exclusão do crédito
■ Dívida ativa
93
INTRODUÇÃO
Introdução
94 UNIDADE III
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
CONCEITO E DENOMINAÇÃO
O Direito Tributário, nas palavras de Sérgio Pinto Martins, pode ser definido
como “o conjunto de princípios, de regras e de instituições que regem o poder
fiscal do Estado e suas relações” (2012, p. 11).
Para tal ramo do Direito, podemos citar inúmeras denominações, tais como:
Direito Financeiro, Direito Fiscal, Direito Tributário e Direito do Imposto. Em verdade,
a melhor denominação é Direito Tributário, pois ele diz respeito ao gênero tributo.
PRINCÍPIOS TRIBUTÁRIOS
Com relação ao Direito Tributário, os princípios aos quais devemos dar impor-
tância e estudar são: da legalidade, da anterioridade da lei, da igualdade tributária,
da vedação do confisco e, por fim, mas não menos importante, da uniformidade.
O princípio da legalidade nos mostra que só existirá tributo se houver uma
prévia determinação legal. Pelo art. 150, I da Constituição Federal, é vedado ao ente
DIREITO TRIBUTÁRIO
95
Já o princípio da igualdade tributária dispõe que todos são iguais perante a lei
para efeito de tributação, não podendo haver exceção entre pessoas que estejam
na mesma situação. É uma aplicação específica prevista no art. 5º da Constituição
Federal. Com relação a tal princípio, reza o art. 150, II da Constituição que é
vedado ao sujeito ativo instituir tratamento desigual entre contribuintes que este-
jam em situação equivalente, proibida qualquer distinção em razão de ocupação
profissional ou função por eles exercida, sendo independentemente da denomi-
nação jurídica dos rendimentos, títulos ou direitos.
O quarto princípio, que é o da vedação do confisco, indica que os tributos não
podem ser utilizados com efeitos de confisco. Ou seja, a tributação não pode exigir
exação em percentual superior a 50% do patrimônio da pessoa (MARTINS, 2012).
Princípios Tributários
96 UNIDADE III
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
TRIBUTO
DIREITO TRIBUTÁRIO
97
Aqui devemos lembrar que analisaremos o que compreende cada uma das
espécies tributárias. Contudo, não teremos como discutir os tributos de
cada um dos Estados, muito menos dos Municípios. Por essa razão, deve
ser observado que cada um dos entes federados pode possuir uma alíquota
diferente, bem como um tributo diferente.
Fonte: a autora.
IMPOSTO
De acordo com o art. 16 do CTN, o imposto é o tributo que tem por fato gera-
dor uma situação independente de qualquer atividade estatal específica, relativa
ao contribuinte. Ele é genérico, pois atende aos interesses gerais da coletividade.
O imposto não tem uma prestação vinculada a sua cobrança, sendo assim um
tributo geral.
Na medida do possível, os impostos têm caráter pessoal e serão computa-
dos de acordo com a capacidade econômica do contribuinte.
Tributo
98 UNIDADE III
TAXA
Pelo art. 77 do CTN, a taxa tem por fato gerador o exercício regular do poder
de polícia, ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviço público específico e
divisível, prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição. A taxa pode ser
classificada em duas formas: de polícia ou de serviços. A primeira é aquela que
decorre do poder de polícia da Administração Pública. Esse poder é considerado
como uma atividade da administração que limita ou disciplina direito, interesse ou
liberdade, regulando a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
público relacionado à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina
da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes
de concessão ou autorização do Poder Público, à tranquilidade pública ou ao
respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos, conforme o art.
78 do CTN. Como exemplo, temos as taxas de vistoria, de licença e de funcio-
namento, entre outros.
Já a taxa de serviço é dependente de serviço prestado ou posto à disposição
daqueles que contribuem. Um exemplo seria a taxa de limpeza pública.
CONTRIBUIÇÃO DE MELHORIA
DIREITO TRIBUTÁRIO
99
Tributo
100 UNIDADE III
CONTRIBUIÇÃO SOCIAL
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e 74 da Lei 3.807, de 26 de agosto de 1960 com as alterações deter-
minadas pelo art. 34 da Lei 4.863, de 29 de novembro de 1965, que
integram a contribuição da União para a previdência social (...)
DIREITO TRIBUTÁRIO
101
EMPRÉSTIMO COMPULSÓRIO
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Tributo
102 UNIDADE III
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
III. estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária,
especialmente sobre:
a) definição de tributos e suas espécies, bem como em relação aos
impostos discriminados nesta Constituição, dos respectivos fatos
geradores, bases de cálculo e contribuintes;
b) obrigação, lançamento, crédito, prescrição e decadência tributários;
c) adequado tratamento tributário ao ato cooperativo praticado
pelas sociedades cooperativas;
d) definição de tratamento diferenciado e favorecido para as micro-
empresas e para as empresas de pequeno porte, inclusive regimes
especiais ou simplificados de ICMS, da contribuição da empresa
destinada ao custeio da seguridade social e do PIS (BRASIL, 1988,
art. 146)
DIREITO TRIBUTÁRIO
103
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
FATO GERADOR
O fato gerador pode ser definido como “o conjunto dos pressupostos abstratos
descritos na norma de direito material, de cuja concreta realização decorrem os
efeitos jurídicos previstos” (NOGUEIRA, 1987, p. 154). De acordo com o art.
114 da Constituição Federal, o fato gerador da obrigação principal é a situação
definida em lei como necessária e suficiente à sua ocorrência. No que diz respeito
ao fato gerador da obrigação acessória, pode-se dizer que ocorre em qualquer
situação que impõe a prática ou a abstenção de ato que não é configurado como
uma obrigação principal.
DIREITO TRIBUTÁRIO
105
OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA
Ela pode ser principal ou acessória. A obrigação principal, de acordo com o art.
113, §1º do CTN, surge com a ocorrência do fato gerador, tendo por objeto o
pagamento de tributo ou penalidade pecuniária, extinguindo-se juntamente com
o crédito dela decorrente.
Já a obrigação acessória é decorrente da legislação tributária. Tendo por
objeto as prestações positivas ou negativas nela previstas, no interesse da arre-
cadação ou da fiscalização dos tributos. Pelo simples fato da inobservância da
obrigação acessória, pode-se convertê-la em obrigação principal relativamente
à penalidade pecuniária (MARTINS, 2013).
Obrigação Tributária
106 UNIDADE III
CRÉDITO TRIBUTÁRIO
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Percebe-se que existem situações previstas pelo CTN em que o crédito tri-
butário poderá ter sua exigibilidade suspensa. Tais situações estão previstas no
art. 151 do CTN (2012), que são:
[...] I. pela moratória; II. pelo depósito de seu montante integral; III.
pelas reclamações e recursos, nos termos das leis reguladoras do pro-
cesso tributário administrativo; IV. pela concessão de medida liminar
em mandado de segurança (BRASIL, 2012, art.151).
DIREITO TRIBUTÁRIO
107
LANÇAMENTO
nistrativa”, conforme previsto no art. 145 do CTN. Ele pode ser feito de três
formas diferentes: por declaração, por ofício e por homologação. O crédito tri-
butário pode ser extinto pelos seguintes motivos:
a) o pagamento; b) a compensação; c) a transação; d) a remissão; e)
a prescrição e a decadência; f) a conversão do depósito em renda; g)
o pagamento antecipado e a homologação do lançamento; h) a con-
signação em pagamento; i) a decisão administrativa irreformável; j) a
decisão judicial passada em julgado; k) a dação em pagamento em bens
imóveis, na forma e condições estabelecidas em lei (BRASIL, 2012, art.
156).
Lançamento
108 UNIDADE III
da vigência da lei que a concede. A anistia pode ser de caráter geral, abrangendo
penalidades, sem qualquer condição (MARTINS, 2013).
A anistia diferencia-se da remissão, pois esta é o perdão da dívida, pelo fato
do crédito tributário já estar constituído. A remissão abrange tanto o tributo como
a penalidade, enquanto a anistia diz respeito somente às penalidades.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
DÍVIDA ATIVA
DIREITO TRIBUTÁRIO
109
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Considerações Finais
110 UNIDADE III
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
DIREITO TRIBUTÁRIO
111
2. Pelo art. 3º do Código Tributário Nacional (CTN), o tributo é toda prestação pe-
cuniária, compulsória, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e
cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada. Sobre o tri-
buto, assinale a alternativa correta:
a. Ele é uma prestação pecuniária que não pode ser exigida em moeda ou em
valor que nela possa se exprimir.
b. Ele não é compulsório, pois não depende da vontade da pessoa do contribuin-
te.
c. Ele deve ter previsão em lei para que possa ser cobrado de acordo com o prin-
cípio da legalidade tributária.
d. A natureza do tributo não é determinada pelo fato gerador da respectiva obri-
gação, sendo relevante para qualificá-la: a) a denominação e demais carac-
terísticas formais adotadas pela lei; b) a destinação legal do produto de sua
arrecadação.
e. Nenhuma das alternativas anteriores.
112
Diante dessa breve diferenciação, cumpre indagar: o instituto protesto poderia ser utili-
zado em face de créditos tributários devidamente inscritos em Dívida Ativa?
[...]
REFERÊNCIAS ON LINE
1
Em: <http://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI24233,31047-O+protesto+da+-
divida+ativa+como+alternativa+a+execucao+fiscal>. Acesso em: 13 jan. 2017.
GABARITO
1. D
2. C
3. B
4. A
5. D
Professora Me. Mariane Helena Lopes
IV
UNIDADE
DIREITO DO TRABALHO
Objetivos de Aprendizagem
■ Compreender a evolução e a hierarquia das normas no Direito do
Trabalho.
■ Compreender por que o Direito do Trabalho recebe essa
denominação.
■ Analisar os princípios mais importantes para o Direito do Trabalho.
■ Conhecer as fontes do Direito do Trabalho e sua importância.
■ Diferenciar empregado de empregador.
■ Analisar as espécies de empregado.
■ Compreender os poderes de direção do empregador.
■ Compreender o que é a remuneração.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■ A evolução no Brasil
■ Autonomia do Direito do Trabalho
■ Princípios do Direito do Trabalho
■ Direito Individual do Trabalho
■ Contrato de trabalho pela Consolidação das Leis do Trabalho
■ Empregado
■ Empregador
■ Remuneração
■ Formas de rescisão de contrato de trabalho e direitos do empregado
121
INTRODUÇÃO
Introdução
122 UNIDADE IV
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
A EVOLUÇÃO NO BRASIL
DIREITO DO TRABALHO
123
A Evolução no Brasil
124 UNIDADE IV
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
cificadas” (DELGADO, 2011, p. 51).
A palavra conjunto revela que o Direito do Trabalho é composto por várias
partes organizadas, formando um sistema, um todo. Contém o Direito do Trabalho
princípios que são proposições genéricas das quais derivam as demais normas.
Com o conhecimento dos princípios do Direito do Trabalho, notamos um tra-
tamento científico dado à disciplina, justificando também sua autonomia.
O objeto do Direito do Trabalho é o trabalho subordinado, visto que será
regido pela CLT. Para conceituarmos a matéria objeto de estudo, precisamos
analisar duas teorias: a subjetiva e a objetiva.
A primeira tem por base os tipos de trabalhadores a que se aplica o Direito do
Trabalho. Não se pode conceber, porém, que qualquer trabalhador será amparado
pelo Direito do Trabalho, como ocorre com o funcionário público e o trabalha-
dor autônomo, que são espécies do gênero trabalhadores, não sendo assistidos
por nossa matéria. A segunda analisa a matéria e não as pessoas envolvidas.
Ao falarmos em “situações análogas”, estamos tratando daquelas que tenham
semelhança com o trabalho subordinado, mas que não precisam ser necessa-
riamente iguais a ele. A finalidade do Direito do Trabalho é assegurar melhores
condições de trabalho, porém não só essas situações, mas também condições
sociais ao trabalhador. Assim, o Direito do Trabalho tem por fundamento melhorar
as condições de trabalho dos obreiros e também suas situações sociais, assegu-
rando que o trabalhador possa prestar seus serviços em um ambiente salubre,
podendo, por meio de seu salário, ter uma vida digna para que possa desempe-
nhar seu papel na sociedade.
DIREITO DO TRABALHO
125
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
PRINCÍPIOS DO DIREITO DO TRABALHO
PRINCÍPIO DE PROTEÇÃO
DIREITO DO TRABALHO
127
economicamente ativa vive apenas de seu trabalho. Por essa razão, tal princípio
propõe, como regra geral, o contrato trabalhista por tempo indeterminado, uma
vez que este é o que melhor concretiza o direcionamento pela continuidade da
relação empregatícia (DELGADO, 2011).
Com relação ao Direito do Trabalho, deve optar o operador do Direito pela regra
mais favorável ao empregado. Deve-se buscar a norma mais favorável enfocando
globalmente o conjunto de regras componentes do sistema.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
PRINCÍPIO DA INDISPONIBILIDADE DOS DIREITOS
TRABALHISTAS
DIREITO DO TRABALHO
129
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
A relação de trabalho é o gênero que compreende o trabalho autônomo,
eventual, avulso, dentre outros. Já a relação de emprego trata do trabalho subor-
dinado do empregado em relação ao empregador. O contrato de trabalho é
gênero, compreendendo o contrato de emprego. O primeiro poderia compreen-
der qualquer trabalho, como do autônomo, do eventual, do avulso, entre outros.
Já o segundo diz respeito à relação entre empregado e empregador e não a outro
tipo de trabalho.
O contrato de trabalho tem natureza contratual. O art. 442 da CLT estabe-
lece que o contrato de trabalho é o acordo, tácito ou expresso, correspondente
à relação de emprego. O contrato de trabalho é o negócio jurídico entre uma
pessoa física (empregado) e uma pessoa física ou jurídica (empregador) sobre
condições de trabalho.
O empregado só fará parte de uma organização empresarial se assim o dese-
jar, visto que o contrato de trabalho deve ser um ajuste de vontade entre as partes.
DIREITO DO TRABALHO
131
OBJETO
REQUISITOS
(a) Continuidade
O trabalho deve ser prestado com continuidade. Aquele que presta serviços
eventualmente não é empregado. O contrato de trabalho não se exaure com uma
única prestação, pois há um trato sucessivo na relação entre as partes, que per-
dura no tempo. A continuidade é da relação jurídica da prestação de serviços.
(b) Subordinação
Esse é considerado o requisito de maior relevância na caracterização da rela-
ção de emprego. O empregado deve seguir as suas determinações e orientações,
estabelecidas dentro dos limites legais. Os riscos da atividade exercida são inte-
gralmente do empregador. Já o empregado presta serviços por conta alheia.
(c) Onerosidade
O contrato de trabalho não é gratuito, mas oneroso, ou seja, envolve um valor
econômico. O empregado sempre receberá um salário pelo serviço prestado ao
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
empregador.
(d) Pessoalidade
O contrato de trabalho deve ser realizado por certa e determinada pessoa. Tal
requisito pode ser chamado também de “intuito personae” (MARTINS, 2011). O
empregado somente poderá ser pessoa física, pois não existe contrato de traba-
lho em que o trabalhador seja pessoa jurídica, podendo ocorrer, no caso, locação
de serviços, empreitada etc.
(e) Alteridade
No decorrer do contrato de trabalho, o serviço prestado pelo empregado é carac-
terizado como por conta alheia, ou seja, é um trabalho em que não deve causar
nenhum tipo de risco ao empregado. Ele poderá participar dos lucros da empresa,
mas não dos prejuízos.
DIREITO DO TRABALHO
133
DURAÇÃO
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
siderados por tempo determinado os seguintes contratos: de safra (parágrafo único
do art. 14, da Lei nº 5.889/73); de atleta profissional (art. 30 da Lei nº 9.615/98); de
artistas (art. 9º da Lei nº 6.533/78); de técnico estrangeiro (Decreto-lei nº 691/69); de
obra certa (Lei nº 2.959/56); de aprendizagem (art. 428 da CLT), da Lei nº 9.601/98.
Atualmente, o contrato de trabalho não pode ser superior a dois anos.
Mesmo que o contrato de trabalho seja prorrogado, não pode exceder o prazo
de dois anos, devendo se observar o art. 451 da CLT. A prorrogação nada mais
é do que a continuação do contrato anterior e não um novo contrato. Logo, não
poderia haver a prorrogação do contrato de trabalho por tempo determinado
fixado em dois anos, por igual período, ou seja, por mais dois anos. Nesse caso,
teremos um contrato de trabalho por prazo indeterminado.
CONTRATO DE EXPERIÊNCIA
DIREITO DO TRABALHO
135
EMPREGADO
O art. 3º da CLT dispõe que “considera-se empregado toda pessoa física que pres-
tar serviços de natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e
mediante salário”. Em verdade, empregado é todo trabalhador que presta serviço
ao empregador. Cabe ressaltar que o empregado é sempre uma pessoa física ou
natural, que presta serviços com subordinação, não eventualidade, onerosidade
e pessoalidade, sendo que esses já foram estudados anteriormente.
Empregado
136 UNIDADE IV
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ESPÉCIES DE TRABALHADORES
Empregado Em Domicílio
DIREITO DO TRABALHO
137
Empregado Doméstico
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Empregado
138 UNIDADE IV
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
ainda há dúvidas quanto à melhor forma de aplicação dos mesmos, leia “Di-
reitos do Empregado Doméstico”, disponível em <http://www3.mte.gov.br/
trab_domestico/trab_domestico_direitos.asp>.
Fonte: a autora.
Empregado rural
DIREITO DO TRABALHO
139
agrários in natura sem transformá-los em sua natureza (art. 2º, §4º, do Decreto
73.626/1974. A indústria rural, em que o empregador também é considerado
rural, é aquela em que o produto agrário recebe o primeiro tratamento, desde
que não ocorra a transformação de sua natureza in natura.
Empregado aprendiz
Empregado
140 UNIDADE IV
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
e a compensação de jornada. Entretanto, tal limite pode ser de até oito horas diá-
rias para os aprendizes que já tiverem completado o ensino fundamental, se nelas
forem computadas as horas destinadas à aprendizagem teórica (art. 432 da CLT).
Quanto à remuneração, salvo condição mais favorável, será garantido o salá-
rio mínimo hora (§2º do art. 428 da CLT). Ou seja, o empregado aprendiz faz
jus ao salário mínimo proporcional às horas trabalhadas.
Por fim, em razão do contrato de aprendizagem ser um contrato a prazo
certo, ele se extingue no seu termo, ou quando o aprendiz completar 24 anos,
ressalvada a hipótese dos aprendizes portadores de deficiência (art. 433, da CLT).
EMPREGADOR
DIREITO DO TRABALHO
141
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Dessa forma, há aqueles que, mesmo exercendo atividade econômica não são con-
siderados empresários, seja por expressa exclusão prevista em lei, seja pela ausência
de organização dos fatores de produção ao desenvolver a atividade. Deve-se obser-
var que o empresário tanto pode ser pessoa jurídica quanto pessoa física.
No âmbito da CLT, o empregador é considerado como a própria empresa.
Contudo, pode-se dizer que empregador é toda pessoa jurídica, pessoa natural ou
ente despersonalizado que contrate empregado, mantendo relação jurídica com este,
ou seja, todo ente que se utilize de empregados para a realização de seu objetivo social.
SUCESSÃO TRABALHISTA
Empregador
142 UNIDADE IV
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
PODER DE DIREÇÃO DO EMPREGADOR
O poder de direção, que tem como fundamento o art. 2º da CLT, pode ser concei-
tuado como aquele que autoriza o empregador a organizar, controlar e disciplinar
a prestação de serviços pelo empregado, a que ocorre, de forma subordinada. O
abuso no exercício do poder de direção não deve ser aceito, o que faz com que o
empregado possa a ele se opor, fazendo jus à reparação ou prevenção da decor-
rente lesão, na esfera material e moral.
a) Poder de Organização
O empregador tem o direito de organizar o seu empreendimento quanto aos
diferentes fatores de produção, no caso, o trabalho prestado pelos empregados,
distribuindo e determinando as funções a serem exercidas, o local de trabalho,
horário entre outros.
DIREITO DO TRABALHO
143
b) Poder de Controle
Por meio deste, autoriza-se que o empregador gerencie a atividade laboral dos
empregados, no que tange à prestação de serviços. Assim, o empregador pode,
dentro dos limites previstos em lei, verificar se os empregados estão respeitando
as exigências e diretrizes estabelecidas para o desempenho da atividade laborativa.
c) Poder disciplinar
Permite que o empregador aplique penalidades ao empregado que não observe
as ordens e regras impostas à atividade desempenhada. No caso, a punição apli-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Com relação ao tema, entende-se que, caso o e-mail seja privativo (particular) do
empregado, encontra-se coberto pela garantia de proibição de violação do sigilo
das comunicações e de dados. No caso do e-mail corporativo, que é disponibili-
zado pelo empregador, as polêmicas aumentam, pois alguns autores entendem que,
mesmo assim, a mencionada vedação da violação do sigilo incide normalmente.
Por se tratar de uma ferramenta de trabalho e tendo o empregador avisado
previamente, pode-se entender que, quanto à possibilidade de seu controle, de
forma impessoal, na esfera da empresa, e estando em jogo algum valor de ordem
fundamental, pode-se autorizar a verificação no equipamento de informática, res-
guardando a sua eventual responsabilidade, o que não pode ser confundido com
interceptação da mensagem quando em seu caminho de destino (GARCIA, 2011).
Empregador
144 UNIDADE IV
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
REGULAMENTO DE EMPRESA
O regulamento de empresa irá prever uma série de direitos e deveres dos empre-
gados e do empregador, sendo uma manifestação do uso do poder de direção do
empregador. Tal regulamento pode ser unilateral quando elaborado apenas pelo
empregador ou bilateral quando estabelecido em conjunto com os empregados.
O regulamento da empresa acaba sendo um termo complementar ao contrato
de trabalho, o que para todos os efeitos se torna parte integrante ao contrato
individual de trabalho. Algumas empresas chamam o regulamento interno de
Manual do Colaborador.
REVISTAS PESSOAIS
O art. 373-A, inciso VI, da CLT, proíbe as “revistas íntimas nas empregadas ou
funcionárias”. Contudo, considerando o princípio da igualdade, o artigo citado
é totalmente aplicável também aos empregadores do sexo masculino.
A revista íntima é aquela que apresenta invasão à intimidade do(a) empre-
gado(a), violando a sua integridade física, psíquica e moral. Já a revista pessoal,
com a intenção de evitar lesões ao patrimônio empresarial, dependendo da ati-
vidade desempenhada pelo empregador, este teria o direito de realizar revistas
nos empregados, desde que de forma não abusiva e sem caracterizar afronta a
sua intimidade, não podendo ser de forma de perseguição ou discriminação
contra certos trabalhadores.
DIREITO DO TRABALHO
145
Sendo assim, a revista deveria ser feita de forma aleatória, moderada, res-
peitosa, por pessoa do mesmo sexo, sem exposição desnecessária ou abusiva
do empregado revistado. Caso haja conflito entre o direito de propriedade (do
empregador) e os direitos à intimidade e privacidade (do empregado), devem
prevalecer estes últimos, uma vez que estão ligados ao preceito magno de dig-
nidade da pessoa humana, conforme ponderação dos valores em confronto.
Quanto aos objetos, bens e locais reservados ao empregado, estão abrangi-
dos no conceito constitucional de domicílio, só podendo “sofrer revista no caso
de flagrante delito ou por determinação judicial” (art. 5º, inciso XI, CF/1988).
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
REMUNERAÇÃO
Remuneração
146 UNIDADE IV
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Contudo, essa modalidade é injusta pois é imprecisa, já que remunera da
mesma forma qualquer classe e quantidade de trabalho e também é injusto por-
que remunera igualmente esforços desiguais.
DIREITO DO TRABALHO
147
d) Salário em dinheiro
O salário deve ser pago em dinheiro, em moeda de curso forçado. O objetivo
principal do pagamento em dinheiro é evitar o pagamento em vales, cupons,
bônus entre outros, e também o pagamento em moeda estrangeira.
Entretanto, há exceção: se a obrigação tiver que ser cumprida no exterior,
não será vedado o pagamento do salário em moeda estrangeira. A conversão
deverá ser feita tomando por base a taxa de câmbio vigente na data da contrata-
ção, aplicando-se daí em diante os reajustes legais ou convencionais.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
e) Salário em utilidades
Essa forma de pagamento irá decorrer do contrato ou do costume. O art. 458
da CLT permite o pagamento em utilidades, ou seja, além do pagamento em
dinheiro, o empregador poderá fornecer utilidades ao empregado, como alimen-
tação, habitação, vestuário ou outras prestações in natura.
Para configuração da utilidade, dois critérios básicos são necessários: i)
habitualidade, que inclusive será indicada no art. 458 da CLT. Se a utilidade for
fornecida uma vez ou outra, eventualmente, provisoriamente, não será consi-
derada salário in natura; ii) gratuidade. O salário-utilidade é uma prestação
fornecida gratuitamente ao empregado. A utilidade não deixa de ter um aspecto
de compensação econômica pelo trabalho prestado, ainda que seja fornecida
gratuitamente. Havendo cobrança da utilidade pelo empregador, deixará de ter
natureza salarial a prestação fornecida ao empregado.
Se a utilidade não fosse fornecida, o empregado teria que comprá-la ou des-
pender numerário próprio para adquiri-la, mostrando que se trata realmente de
um pagamento ou de um ganho para o trabalhador, uma vantagem econômica.
Todavia, o salário-utilidade deve ser fornecido gratuitamente ao empregado,
pois se a utilidade for cobrada não deverá se falar em salário (MARTINS, 2011).
Não representa salário-utilidade o fornecimento de bebidas alcoólicas ou
drogas nocivas (art. 458, parte final, da CLT). Os vestuários, equipamentos e
outros acessórios fornecidos ao empregado e utilizados apenas no local de tra-
balho para a prestação de serviços não serão considerados como salário. Se o
uniforme não é usado apenas no emprego, ou o veículo é usado também nos
finais de semana e férias do empregado, representando vantagem concedida
Remuneração
148 UNIDADE IV
pelo trabalho e não apenas para o trabalho, serão considerados como salário in
natura (MARTINS, 2011).
Dessa forma, com base no §2º do art. 458 da CLT, é possível distinguir entre a
prestação fornecida pela ou para a prestação dos serviços. Se a utilidade é fornecida
pela prestação dos serviços, terá natureza salarial. Decorre da contraprestação do
trabalho desenvolvido pelo empregado, representando remuneração. Tem cará-
ter retributivo. Se a utilidade for fornecida para a prestação de serviços, estará
descaracterizada a natureza salarial, como ocorre com os equipamentos de pro-
teção individual, que servem para ser utilizados apenas no serviço.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
f) Salário-condição
É o pagamento feito pelo empregador ao empregado, em decorrência do con-
trato de trabalho, dependente do estabelecimento de condições específicas que
devem ser cumpridas pelo trabalhador. São espécies de salário-condição: adicio-
nais (horas extras, noturno, periculosidade, insalubridade, por tempo de serviço,
transferência etc.), prêmios e gratificações ajustadas.
A condição poderá deixar de ser pago caso o serviço não seja prestado de
acordo com a condição que foi colocada. Caso a condição seja permanente, o
salário do empregado não poderá ser reduzido ou suprimido. Se a condição for
temporária, ao final do período em que ela existir, o pagamento será cessado,
salvo se houver habitualidade no pagamento, que passará a ter natureza salarial,
sendo então incorporada ao salário.
• Abonos
Abono, no caso do Direito do Trabalho quando falamos em verbas trabalhis-
tas, tem o significado de adiantamento em dinheiro, ou seja, uma antecipação
salarial. As situações de momento criam certas necessidades para as quais serão
estabelecidas medidas transitórias.
DIREITO DO TRABALHO
149
• Adicionais
Quando falamos em adicional, significa que vamos acrescentar algo. Aqui então
podemos entender que os adicionais serão acréscimos salariais que têm como
causa o trabalho realizado em condições mais gravosas. Pode ser dividido em
adicional de horas extras, noturno, de insalubridade, de periculosidade, de
transferência.
sobre a hora normal (art. 7º, XVI, da Constituição Federal). Se as horas extras
são pagas com habitualidade, integram o cálculo de outras verbas, como indeni-
zação, 13º salário, FGTS, aviso prévio indenizado, gratificações semestrais, férias
e descanso semanal remunerado.
A lei trabalhista não define o que é habitualidade para efeito de reflexos de
horas extras. Pode-se entender que é habitual o que foi pago na maior parte do
contrato de trabalho. Se o contrato de trabalho teve duração de seis meses, por
exemplo, e as horas extras foram pagas por quatro meses, houve habitualidade.
Também pode ser considerado habitual o que foi pago por mais de seis meses,
correspondendo à maior parte do ano.
b) Adicional Noturno
Essa forma de adicional é devido ao empregado urbano que trabalhar no perí-
odo entre 22 horas e 5 horas. O trabalhador rural terá direito no período de 21
horas de um dia às 5 horas do dia seguinte, na lavoura; entre as 20 horas de um
dia às 4 horas do dia seguinte, na pecuária. O adicional será de 20% sobre a hora
diurna para o empregado urbano (art. 73 da CLT) e de 25% sobre a remunera-
ção normal para o empregado rural (art. 7º, parágrafo único da Lei nº 5.889/73)
Se o adicional for pago com habitualidade, integra o cálculo do salário do
empregado para todos os efeitos.
Remuneração
150 UNIDADE IV
c) Adicional de Insalubridade
Insalubre é o prejudicial à saúde, que dá causa à doença. Para a caracterização
da insalubridade, é preciso: i) exposição a agentes nocivos à saúde do trabalha-
dor; ii) que essa exposição seja acima dos limites de tolerância fixados em razão
da natureza e da intensidade do agente e do tempo de exposição.
Antes do Projeto de Lei da Câmara nº 38 de 2017, conhecido como Reforma
Trabalhista, as mulheres grávidas ou lactantes eram proibidas de trabalhar em
lugares com condições insalubres. Após a aprovação da Reforma, passou a ser
permitido que mulheres grávidas realizem atividades laborais em ambientes
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
considerados insalubres, desde que a empresa apresente atestado médico que
garanta que não há risco ao bebê nem a mãe. (BRASIL, 2017)
O adicional é devido ao empregado que presta serviços em atividades insa-
lubres, sendo calculado à razão de 10% (grau mínimo), 20% (grau médio) e 40%
(grau máximo) sobre o salário mínimo.
d) Adicional de Periculosidade
Tal modalidade é devida ao trabalhador que presta serviços em contato per-
manente com elementos inflamáveis ou explosivos. Quando se fala em contato
permanente, entende-se como diário. Esse adicional é de 30% sobre o salário do
empregado, sem os acréscimos resultantes de gratificações, prêmios ou partici-
pações nos lucros da empresa. Caso esse adicional seja pago com habitualidade,
ele integrará as férias, 13° salário, aviso prévio, FGTS e indenização.
e) Adicional de Transferência
O adicional de transferência é devido ao trabalhador quando for transferido pro-
visoriamente para outro local, desde que importe mudança de sua residência.
Não é devido nas transferências definitivas. Esse adicional dura enquanto existir
o fato gerador, que é a transferência provisória, não incorporando-se ao salário.
DIREITO DO TRABALHO
151
• Comissões
É frequente, nos empregos de comércio, a retribuição com base em percentuais
sobre os negócios que o vendedor efetua. Percebendo o trabalhador apenas comis-
sões, não tendo salário fixo, o empregador deve assegurar ao mesmo pelo menos
um salário mínimo no mês em que as comissões não atingirem essa importância.
• Gratificações
Gratificações são liberalidades do empregador que pretende gratificar o empregado
por ocasião das festas de fim de ano. A gratificação pode ter várias finalidades:
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Remuneração
152 UNIDADE IV
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
FORMAS DE RESCISÃO DE CONTRATO DE
TRABALHO E DIREITOS DO EMPREGADO
DIREITO DO TRABALHO
153
ticada pelo empregado. O empregado tem direito a receber: férias vencidas com
1/3, décimo terceiro salário vencido, saldo salarial referente aos dias trabalhados.
A rescisão do contrato de trabalho por justa causa exige o estudo das diversas
hipóteses previstas em lei, vistas a seguir.
6ª) Desídia:
Refere-se à falta de atenção, negligência, desinteresse e desleixo do empregado
quanto à prestação dos serviços.
É frequente a reiteração de pequenas faltas, as quais, no conjunto, revelam
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
comportamento desidioso e grave do empregado, autorizando a sua dispensa
com justa causa.
DIREITO DO TRABALHO
155
C) Culpa Recíproca
Ocorre quando se verificam condutas faltosas tanto do empregado quanto do
empregador. As faltas devem ser simultâneas, graves e conexas. Dessa forma, não
é tão frequente a verificação de culpa recíproca na prática, pois não se configura
em face de atos faltosos praticados, de forma autônoma, pelo empregado e pelo
empregador. Na culpa recíproca, são devidas férias vencidas com 1/3, décimo
terceiro salário vencido e saldo salarial, por se tratar de direitos já adquiridos.
D) Demissão
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Ela ocorre quando o empregado decide pelo término do vínculo de emprego,
avisando o empregador quanto a tal deliberação, não tendo de justificar a medida.
Nesse caso, o empregado tem direito a férias vencidas com 1/3; férias proporcio-
nais; décimo terceiro salário vencido; décimo terceiro salário proporcional; saldo
salarial referente aos dias trabalhados. O empregado tem o dever de comunicar
o empregador da referida decisão por meio do aviso prévio. Essa regra existia
antes da Reforma Trabalhista ser aprovada.
Com a aprovação da citada reforma, agora o contrato de trabalho poderá ser
extinto de comum acordo, com pagamento de metade do aviso prévio e metade
da multa de 40% sobre o saldo do FGTS. Ainda o empregado poderá movimen-
tar até 80% do valor depositado pela empresa na conta do FGTS, contudo, não
terá mais direito ao seguro-desemprego. (BRASIL, 2017)
E) Despedida Indireta
Caracteriza-se por deliberação do empregado, mas ela ocorre em razão de justa
causa praticada pelo empregador, tornando inviável ou indesejada a continui-
dade do vínculo de emprego. Aqui a falta grave é praticada pelo empregador, e
quem decide pôr fim ao contrato de trabalho é o empregado.
O empregado tem direito às verbas rescisórias equivalentes às da dispensa
sem justa causa, ou seja: aviso prévio; férias vencidas e proporcionais com 1/3;
décimo terceiro salário vencido e proporcional; saldo salarial referente aos dias
trabalhados; indenização de 40% do FGTS; levantamento dos depósitos do FGTS;
guias de seguro-desemprego.
DIREITO DO TRABALHO
157
Nesse caso, o empregado terá direito de receber: saldo salarial; férias ven-
cidas e proporcionais com 1/3; décimo terceiro salários vencido e proporcional;
indenização compensatória de 20% do FGTS; saque dos depósitos do FGTS;
guias do seguro-desemprego.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
ro-desemprego. Se o empregado é quem se desliga, sem justa causa, terá direito
a saldo salarial; férias vencidas e proporcionais com 1/3 e décimo terceiro salá-
rios vencidos e proporcionais.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Caro (a) aluno(a), esta unidade tratou sobre como a legislação trabalhista é divi-
dida e suas principais observâncias. O que são os princípios do Direito, o que
se aplica no dia a dia dos que necessitam do amparo legal para executarem suas
atividades. Dizer que esses conhecimentos são suficientes ou são receitas pron-
tas para o seu sucesso como gestor não é o objetivo, visto que seria impossível
tratar desse assunto com profundidade. Entretanto, espera-se ter despertado
curiosidades e a vontade de compreender a prática, contribuindo com a Justiça.
Estudamos os sujeitos que fazem parte da relação de emprego: empregado e
empregador. O primeiro é a parte mais frágil da relação, sendo necessário, para
a sua caracterização, que seja pessoa física, que não preste serviços eventual-
mente, que dependa do empregador, inclusive mediante pagamento de salário
pelo serviço prestado, sendo que este deve ser de forma pessoal, não podendo
outra pessoa realizar o trabalho em seu lugar.
DIREITO DO TRABALHO
159
Visto isso, analisamos alguns empregados específicos que, além das caracterís-
ticas citadas anteriormente, possuem características próprias para a configuração
da sua relação como empregado. Estudamos ainda alguns trabalhadores que são
de relevância para o Direito do Trabalho, mesmo não sendo considerados empre-
gados propriamente ditos.
A seguir, passamos a estudar o empregador, que pode ser tanto pessoa física
quanto pessoa jurídica. Ele assume os riscos do contrato de trabalho. Definidas
as partes do contrato de trabalho, demonstramos a diferença entre remunera-
ção e salário para o Direito do Trabalho. A partir dessa definição, analisamos as
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Considerações Finais
160
2. Marines dos Santos foi contratada como empregada de uma indústria de cos-
méticos. Quando foi chamada para assinar o contrato de trabalho, o horário que
constava no mesmo era das 7hs às 17hs, com 1 hora de intervalo. Contudo, no
final do ano, devido ao aumento da produção, Marines precisou trocar sua jor-
nada de trabalho por dois dias da semana, para das 17hs às 1hs do dia seguinte,
permanecendo com uma 1 hora de intervalo, retornando ao trabalho normal-
mente assim que foi completado o quadro de funcionários da empresa. Nessa
situação hipotética, assinale a alternativa correta.
a) Quanto ao cumprimento da jornada, ela foi devidamente cumprida. Por essa
razão, Marines não tem nenhum direito relacionado a troca de horário.
b) Com relação ao trabalho realizado na semana em que foi necessária a troca
de turno, Marines tem direito ao pagamento de horas extras por não ter sido
observado o seu intervalo determinado por lei.
c) Em verdade, é devido o pagamento de adicional noturno, por ter sido realiza-
do o trabalho no período da noite.
d) Na realidade Marines não tem direito nem a adicional noturno nem ao paga-
mento de horas extras pois realizou sua atividade normalmente.
e) Nenhuma das alternativas anteriores.
161
Material Complementar
REFERÊNCIAS
Referência on-line:
1
Em: <http://www.brasil.gov.br/cidadania-e-justica/2015/10/fgts-e-obrigatorio-
-para-domesticos-a-partir-de-hoje-saiba-mais>. Acesso em: 21 mar. 2017.
167
GABARITO
1) A
2) B
3) C
4) C
5) D
MATERIAL COMPLEMENTAR
Direito do Trabalho
Sérgio Pinto Martins
Editora: Atlas
Sinopse: a presente obra expõe, de forma didática,
objetiva e prática o programa completo do Direito
do Trabalho, com base na Constituição Federal, nas
leis, tratados e convenções vigentes. O autor não
só discute os temas propostos, indicando posições
jurisprudenciais, como também propõe soluções para
os problemas do dia a dia das empresas e dos sindicatos
na aplicação da legislação trabalhista.
Para saber como fazer os cálculos necessários no caso de rescisão de contrato, assista ao vídeo
disponível no endereço: <http://www.youtube.com/watch?v=lxG0vUKOUGs>.
Professora Me. Mariane Helena Lopes
V
UNIDADE
DIREITO DO CONSUMIDOR
Objetivos de Aprendizagem
■ Compreender o Direito do Consumidor.
■ Conhecer a importância do ramo estudado.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■ Finalidade
■ Objetivo
■ Princípios do Direito do Consumidor
■ Consumidor
■ Fornecedor
■ Responsabilidade civil nas relações de consumo
■ Responsabilidade pelo vício do produto e do serviço
171
INTRODUÇÃO
Sendo assim, o Direito do Consumidor veio para proteger essa parte mais
fraca, visando regulamentar a relação entre consumidor e fornecedor, bem como
os direitos básicos previstos no instrumento legal, analisando as formas de res-
ponsabilização pelos vícios apresentados pelo produto ou serviço. Além disso,
o Direito do Consumidor também serve para mostrar a importância do mesmo
em conhecer os produtos e serviços que adquire, proporcionando um melhor
uso do que se tem disponível.
Verificaremos então quais são os direitos básicos do consumidor, bem como
de que forma o indivíduo é caracterizado como consumidor e fornecedor. Veremos
que o consumidor pode ser até mesmo uma pessoa jurídica, desde que seja o
receptor final do produto. Analisaremos também que o Direito do Consumidor
possui princípios específicos e que procuram proteger o indivíduo em toda a
sua insuficiência econômica e técnica, possibilitando que o mesmo tenha uma
proteção maior do que o fornecedor, visto que este possui toda a tecnologia e o
poder aquisitivo a seu alcance. Dessa forma, a relação entre consumidor e for-
necedor acontecerá de forma justa para ambas as partes.
Por fim, conheceremos as formas de responsabilização por danos causados
nas relações de consumo, seja por um vício no produto ou serviço, ou por um
erro com relação à quantidade e qualidade.
Bons estudos!
Introdução
172 UNIDADE V
FINALIDADE
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
se tornou vulnerável em face do fornecedor, sendo ela técnica, fática e jurídica
(CAVALIERI FILHO, 2011).
A vulnerabilidade é um requisito essencial para a formulação de um con-
ceito de consumidor; está na origem da elaboração do Direito do Consumidor,
sendo a espinha dorsal que sustenta toda a sua filosofia. Sendo assim, reconhe-
ce-se a desigualdade existente, buscando estabelecer uma igualdade real entre
as partes nas relações de consumo.
DIREITO DO CONSUMIDOR
173
OBJETIVO
Contudo, essa Política Nacional de Consumo não tem caráter paternalista, tam-
pouco de ilimitado favoritismo do consumidor. Essa é uma visão equivocada que
tem levado muitos a apontar o Código como um elemento desestabilizador do
mercado, ou como ditadura do consumidor, entre outros. Em verdade, a política
normativa traçada pelo CDC desenvolve um projeto de ação destinado a alcan-
çar a harmonia das relações de consumo (CAVALIERI FILHO, 2011).
De acordo com Humberto Theodoro Júnior (2002, p. 2),
O jurista, portanto, ao interpretar o Código de Defesa do Consumidor
não pode deixar de enfocá-lo em todas as suas dimensões: não pode
tê-lo como se fosse somente uma declaração paternalista em prol de
contratantes incapazes de autogerirem seus próprios negócios. Da boa
e correta aplicação das leis de consumo depende o desenvolvimento
econômico e social que está por trás das relações de mercado e de cujo
êxito pressupõe o progresso da sociedade brasileira como um todo.
Objetivo
174 UNIDADE V
O princípio significa início, começo, ponto de partida de algo. Com base nos
princípios, pode-se iniciar uma análise do ordenamento jurídico, se aferindo
para onde ele norteia. A partir dessa ideia de princípio, passaremos a estudar
aqueles que são pertinentes para o Direito do Consumidor.
PRINCÍPIO DA BOA-FÉ
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Com o Código de Defesa do Consumidor, o termo boa-fé passou a ser utilizado
com uma nova e moderna significação, indicando os valores éticos que estão à
base da sociedade organizada e desempenham uma função de sistematização da
ordem jurídica. Seria a chamada boa-fé objetiva.
Na lição de Cláudia Lima Marques (2006, p. 216), a boa-fé objetiva
Significa atuação refletida, uma atuação refletindo, pensando no outro,
no parceiro contratual, respeitando-o, respeitando seus interesses legí-
timos, suas expectativas razoáveis, seus direitos, agindo com lealdade,
sem abuso, sem obstrução, sem causar lesão ou desvantagem excessiva,
cooperando para atingir o bom fim das obrigações: o cumprimento do
objetivo contratual e a realização dos interesses das partes.
Percebe-se assim que a boa-fé passou a ser considerada como um cinto de segu-
rança da ordem jurídica.
PRINCÍPIO DA TRANSPARÊNCIA
DIREITO DO CONSUMIDOR
175
PRINCÍPIO DA VULNERABILIDADE
Tal princípio está expresso no art. 4º, I do CDC, sendo considerado estrutu-
rante do Direito do Consumidor. Nas relações de consumo, o sujeito vulnerável
é aquele que pode ser prejudicado, ofendido, frágil, ou pode ser atacado. Esse é
o consumidor. Tais características mostram que o consumidor não ostenta os
mecanismos de controle do processo produtivo (produção, distribuição, comer-
cialização) e dele participando apenas em sua última etapa, que é o consumo.
Para Thereza Arruda Alvim e James Martins Eduardo Alvim (1995, p. 45):
A vulnerabilidade é qualidade intrínseca, ingênita, peculiar, imanente e
indissolúvel de todos que se colocam na posição de consumidor, pouco
importando sua condição social, cultural ou econômica [...]. É incin-
dível do contexto das relações de consumo, não admitindo prova em
contrário por não se tratar de mera presunção legal.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
próprio Código, como, por exemplo, a previsão de inversão do ônus da
prova – art. 6º, VIII.
DIREITO DO CONSUMIDOR
177
CONSUMIDOR
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
O art. 2º do CDC prevê que “o consumidor é toda pessoa física ou jurídica que
adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final”. A única caracte-
rística restritiva é a expressão “destinatário final”. As características marcantes
do consumidor são (CAVALIERI FILHO, 2011):
a. Posição de destinatário fático e econômico quando da aquisição de um
produto ou da contratação de um serviço: não está incluído no conceito
de consumidor padrão.
b. Aquisição de um produto ou a utilização de um serviço para suprimento
de suas próprias necessidades, de sua família, ou dos que se subordinam
por vinculação doméstica ou protetiva a ele, não desenvolvendo outra
atividade negocial.
c. Não profissionalidade entendida, como regra geral, a aquisição ou a uti-
lização de produtos ou serviços sem querer prolongar o ciclo econômico
desses bens ou serviços no âmbito de um comércio ou de uma profissão.
Consumidor
178 UNIDADE V
E a pessoa jurídica? Pode ser considerada uma consumidora? Para que tal ques-
tionamento se torne uma afirmação, a pessoa jurídica deve ostentar a mesma
característica que marca o consumidor pessoa física, que seria a vulnerabilidade.
Posteriormente, é preciso que os bens adquiridos por ela sejam bens de consumo
e que a pessoa jurídica esgote a sua destinação econômica.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
FORNECEDOR
DIREITO DO CONSUMIDOR
179
FORNECEDOR
180 UNIDADE V
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Esse é um dos mais importantes. Tal direito é um reflexo ou consequência do
princípio da transparência, encontrando-se umbilicalmente ligado ao princípio
da vulnerabilidade. Assim, pode-se dizer que o direito à informação é um ins-
trumento de igualdade e de reequilíbrio da relação de consumo. Isso porque o
consumidor não tem conhecimento algum sobre o produto ou serviço de que
necessita, pois quem é o detentor desse conhecimento é o fornecedor, por ter
um total conhecimento do processo produtivo. Uma outra característica é ele ter
por finalidade garantir ao consumidor o exercício de outro direito ainda mais
importante, o de escolher conscientemente. Tal escolha propicia ao consumi-
dor diminuir os riscos e alcançar suas legítimas expectativas. Por fim, a terceira
característica é a sua abrangência, fazendo-se presente em todas as áreas de con-
sumo, atuando desde antes da formação da relação de consumo, durante e até
depois do seu exaurimento, de acordo com o próprio CDC.
DIREITO DO CONSUMIDOR
181
Deve ser considerado como abusivo tudo aquilo que afronta a principiologia e
a finalidade do sistema protetivo do consumidor, bem como que se relacione
à noção de abuso do direito (art. 187, Código Civil c/c art. 7º, caput, CDC),
valendo tanto para a relação fornecedor-consumidor quanto para a relação dos
fornecedores, entre si.
Os referidos comportamentos são considerados ilícitos, não havendo neces-
sidade de que o consumidor seja efetivamente lesado ou, até que se sinta lesado,
como o caso de um cartão de crédito recebido sem a solicitação. Os artigos 39,
40 e 41 descrevem algumas práticas consideradas abusivas, não esgotando o rol
como enquadráveis, ou seja, podem existir outras formas de publicidade abu-
siva além das que estão previstas no CDC.
FORNECEDOR
182 UNIDADE V
O art. 6º, V do CDC prevê duas formas de intervenção do Estado nos contratos,
ao prever que é direito básico do consumidor “a modificação das cláusulas con-
tratuais que estabeleçam prestações desproporcionais ou sua revisão em razão
de fatos supervenientes que as tornem excessivamente onerosas”.
No primeiro caso, a intervenção decorre de uma lesão congênere, ou seja,
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
da existência de cláusulas abusivas, desde o momento da celebração do contrato.
Já no segundo caso, a intervenção decorre de superveniente e excessiva onero-
sidade, ou seja, embora não se questione a validade das cláusulas contratuais,
hígidas e perfeitas, fato posterior à formação do negócio jurídico rompe com o
equilíbrio econômico-financeiro daquela relação jurídica, necessitando assim
da intervenção judicial para restaurá-lo (CAVALIERI FILHO, 2011). Assim, na
relação contratual, devem imperar a harmonia de interesses e o equilíbrio entre
as prestações, nem que para isso deva intervir o Estado.
DIREITO DO CONSUMIDOR
183
FORNECEDOR
184 UNIDADE V
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
RESPONSABILIDADE CIVIL NAS RELAÇÕES DE
CONSUMO
DIREITO DO CONSUMIDOR
185
O serviço pode ser considerado defeituoso quando não fornece a segurança que
o consumidor dele pode esperar, levando em conta as circunstâncias relevantes,
tais como o modo do seu fornecimento, o resultado e os riscos que razoavelmente
dele se esperam e a época em que foi fornecido (art. 14, §1º, CDC).
Tal responsabilidade tem como fundamento o dever de segurança. A principal
diferença entre esta e a responsabilidade citada anteriormente está na designa-
ção dos agentes responsáveis. No art. 12 do CDC, fala-se como responsáveis o
fabricante, o produtor, o construtor e o incorporador, excluindo o comerciante.
Já o art. 14 do CDC fala apenas em fornecedor, incluindo-se todos que fazem
parte da cadeia produtiva.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
o vício. O defeito é o vício acrescido de um problema extra, alguma coi-
sa extrínseca ao produto ou ao serviço, que causa um dano maior que
simplesmente o mau funcionamento ou não funcionamento.
O vício redibitório são aqueles defeitos ocultos da coisa, de acordo com o art.
441 do Código Civil. Já os vícios de qualidade ou de quantidade de bens e ser-
viços podem ser ocultos ou aparentes. Para a configuração do vício redibitório,
é necessário, ainda, que a coisa seja recebida em virtude de relação contratual,
que o defeito seja grave e contemporâneo à celebração do contrato. Os defeitos
de pequeno dano ou superveniente à realização do negócio não afetam o prin-
cípio da garantia. Tais requisitos são irrelevantes para a configuração do vício do
produto, já que o CDC não faz qualquer distinção quanto à gravidade do vício,
quanto a ser ele anterior, contemporâneo ou posterior a entrega do bem, e nem
se ela se deu em razão de contrato (CAVALIERI FILHO, 2011).
DIREITO DO CONSUMIDOR
187
VÍCIOS DO SERVIÇO
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
As medidas reparatórias para os vícios do serviço, à escolha do consumi-
dor, estão previstas no art. 20 e são as seguintes: I – a reexecução dos serviços,
sem custo adicional e quando cabível; II – a restituição imediata da quantia paga,
monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos; III – o
abatimento proporcional do preço.
Os responsáveis por tal reparação são todos os fornecedores, solidariamente,
inclusive o comerciante.
Assim como ocorre na responsabilidade pelo fato do serviço, o número de
casos de vício do serviço é superior ao do vício do produto, tais como serviços
públicos, serviços profissionais de todo gênero, serviços bancários, financeiros,
securitários, médico hospitalares entre outros.
DIREITO DO CONSUMIDOR
189
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Considerações Finais
190
Existem vários tipos de publicidades que enganam o consumidor, oferecendo, por exemplo,
produtos que não cumprem o que prometem. Saiba o que fazer em cada caso
Muitas vezes o consumidor se sente enganado com propagandas em que o divulgado
parece muito mais interessante do que é na realidade. Mas em todas as situações isso é
considerado propaganda enganosa? Entenda as diferenças das publicidades descritas
como enganosas pelo Código de Defesa do Consumidor (CDC) e saiba o que fazer em
cada caso.
Publicidade enganosa
Publicidade abusiva
No artigo 37, parágrafo segundo, também é descrita a publicidade abusiva, esta que é
considera imprópria por incitar à violência, desrespeitar o meio ambiente e se aproveitar
da deficiência de julgamento e experiência de crianças.
A ideia da publicidade abusiva está ligada à valores morais e atuais acontecimentos
da sociedade. Em geral, é a publicidade que contém objetiva ou subjetivamente um
discurso discriminatório ou preconceituoso, ou que incita prática imorais ou a violação
de direitos humanos.
Assim como nas demais hipóteses, a abusividade constatada em uma propaganda pode
ser denunciada ao Procon. Na possibilidade da publicidade ser considerada abusiva, o
órgão tomará as medidas necessárias para que ela deixe de ser exibida ou veiculada,
além da aplicação de sanções pelas infrações cometidas.
Em março deste ano, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) julgou como abusiva uma pro-
paganda da Bauducco por associar a venda de um biscoito a um relógio com perso-
nagem infantil. A decisão da corte que deve impactar julgamentos semelhantes, teve
como base o CDC, e está alinhado com a resolução 163/2014 do Conselho Nacional dos
Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda).
Fonte: IDEC (2017, on-line)1.
MATERIAL COMPLEMENTAR
1. O Direito do Consumidor veio para proteger essa parte mais fraca, visando a re-
gulamentar a relação entre consumidor e fornecedor, bem como os direitos bá-
sicos previstos no instrumento legal e também analisar as formas de responsa-
bilização pelos vícios apresentados pelo produto ou serviço. O objetivo do ramo
estudado foi implantar uma Política Nacional de Consumo, por meio de normas
de ordem pública e interesse social. Com relação aos princípios do Direito do
Consumidor, analise as assertivas abaixo:
I. O princípio da boa-fé passou a ser utilizado com uma nova e moderna signi-
ficação, indicando valores éticos que estão à base da sociedade organizada e
desempenham uma função de sistematização da ordem jurídica.
II. O princípio da transparência é o dever do fornecedor em informar e, de outro
lado, o direito à informação do consumidor. Isso implica na proibição da cria-
ção artificial de barreiras à informação com intuito de ocultar desvantagens
para o outro, ou ainda, forjar uma enganosa valorização das vantagens que o
contrato poderá proporcionar.
III. O princípio é o início de tudo, o começo, o ponto de partida de algo.
IV. O princípio da vulnerabilidade é um estado da pessoa, uma situação perma-
nente ou provisória que fragiliza o consumidor.
Assinale a alternativa correta:
a. I e II.
b. II e IV.
c. II e III.
d. I, II, III e IV.
e. Nenhuma das alternativas anteriores.
3. Os direitos básicos do consumidor estão previstos no art. 6 do CDC. Tal rol não é
exaustivo, ou seja, podem existir outros direitos diferentes dos que estão elen-
cados no artigo. Com relação a esses direitos, assinale a alternativa correta:
a. O direito à educação para o consumo é um dos mais importantes. Ele é um
reflexo ou consequência do princípio da transparência, encontrando-se umbi-
licalmente ligado ao princípio da vulnerabilidade.
b. O direito à informação é que o consumidor tem como direito básico a prote-
ção contra a publicidade enganosa e/ou abusiva, consolidando assim o enten-
dimento de que o princípio da boa-fé antecede a prática de qualquer relação
jurídica de consumo.
c. A efetiva prevenção e reparação de danos garante ao consumidor o acesso aos
órgãos judiciários e administrativos, tanto para a prevenção quanto para a ob-
tenção de reparação de danos, sejam eles patrimoniais ou morais, individuais,
coletivos ou difusos.
d. A proteção contra as práticas e cláusulas abusivas é que deve ser considerado
como abusivo tudo aquilo que afronta a principiologia e a finalidade do siste-
ma protetivo do consumidor, bem como que se relacione à noção de abuso
do direito.
e. Nenhuma das alternativas anteriores.
REFERÊNCIAS ON-LINE
1
<http://www.idec.org.br/consultas/dicas-e-direitos/saiba-o-que-fazer-diante-de-
-propagandas-enganosas>. Acesso em: 24 mar. 2017.
197
GABARITO
1. D
2. B
3. D
4. D
5. D
CONCLUSÃO