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ECONOMIA

Professora Dra. Andréia Moreira da Fonseca Boechat


Professora Me. Daniela Carla Monteiro
Professor Me. Sidinei Silvério da Silva

GRADUAÇÃO

Unicesumar
Reitor
Wilson de Matos Silva
Vice-Reitor
Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor Executivo de EAD
William Victor Kendrick de Matos Silva
Pró-Reitor de Ensino de EAD
Janes Fidélis Tomelin
Presidente da Mantenedora
Cláudio Ferdinandi
NEAD - Núcleo de Educação a Distância
Diretoria Executiva
Chrystiano Mincoff
James Prestes
Tiago Stachon
Diretoria de Graduação
Kátia Coelho
Diretoria de Pós-graduação
Bruno do Val Jorge
Diretoria de Permanência
Leonardo Spaine
Diretoria de Design Educacional
Débora Leite
Head de Curadoria e Inovação
Tania Cristiane Yoshie Fukushima
Gerência de Processos Acadêmicos
Taessa Penha Shiraishi Vieira
Gerência de Curadoria
Carolina Abdalla Normann de Freitas
Gerência de de Contratos e Operações
Jislaine Cristina da Silva
Gerência de Produção de Conteúdo
Diogo Ribeiro Garcia
Gerência de Projetos Especiais
Daniel Fuverki Hey
Supervisora de Projetos Especiais
Yasminn Talyta Tavares Zagonel
Coordenador de Conteúdo
Silvio Silvestre Barczsz
Design Educacional
C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Fernando Henrique Mendes
Distância; BOECHAT, Andréia Moreira da Fonseca; MONTEIRO, Rossana Costa Giani
Daniela Carla; SILVA, Sidinei Silvério da.
Iconografia
Economia. Andréia Moreira da Fonseca Boechat; Daniela Isabela Soares Silva
Carla Monteiro; Sidinei Silvério da Silva. Projeto Gráfico
Reimpressão - 2020
Jaime de Marchi Junior
Maringá-Pr.: UniCesumar, 2016.
158 p. José Jhonny Coelho
“Graduação - EaD”. Arte Capa
Arthur Cantareli Silva
1. Economia. 2. Sociedade. 3. Microeconomia. 4. EaD. I. Título.
Editoração
ISBN 978-85-459-0732-9 Jaime de Marchi Junior
CDD - 22 ed. 330 Qualidade Textual
CIP - NBR 12899 - AACR/2
Hellyery Agda
Jaquelina Kutsunugi
Nayara Valenciano
Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário
Rhaysa Ricci Correa
João Vivaldo de Souza - CRB-8 - 6828
Susana Inácio
Impressso por: Ilustração
Robson Yuiti Saito
Viver e trabalhar em uma sociedade global é um
grande desafio para todos os cidadãos. A busca
por tecnologia, informação, conhecimento de
qualidade, novas habilidades para liderança e so-
lução de problemas com eficiência tornou-se uma
questão de sobrevivência no mundo do trabalho.
Cada um de nós tem uma grande responsabilida-
de: as escolhas que fizermos por nós e pelos nos-
sos fará grande diferença no futuro.
Com essa visão, o Centro Universitário Cesumar –
assume o compromisso de democratizar o conhe-
cimento por meio de alta tecnologia e contribuir
para o futuro dos brasileiros.
No cumprimento de sua missão – “promover a
educação de qualidade nas diferentes áreas do
conhecimento, formando profissionais cidadãos
que contribuam para o desenvolvimento de uma
sociedade justa e solidária” –, o Centro Universi-
tário Cesumar busca a integração do ensino-pes-
quisa-extensão com as demandas institucionais
e sociais; a realização de uma prática acadêmica
que contribua para o desenvolvimento da consci-
ência social e política e, por fim, a democratização
do conhecimento acadêmico com a articulação e
a integração com a sociedade.
Diante disso, o Centro Universitário Cesumar al-
meja ser reconhecida como uma instituição uni-
versitária de referência regional e nacional pela
qualidade e compromisso do corpo docente;
aquisição de competências institucionais para
o desenvolvimento de linhas de pesquisa; con-
solidação da extensão universitária; qualidade
da oferta dos ensinos presencial e a distância;
bem-estar e satisfação da comunidade interna;
qualidade da gestão acadêmica e administrati-
va; compromisso social de inclusão; processos de
cooperação e parceria com o mundo do trabalho,
como também pelo compromisso e relaciona-
mento permanente com os egressos, incentivan-
do a educação continuada.
Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está
iniciando um processo de transformação, pois quan-
do investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou
profissional, nos transformamos e, consequentemente,
transformamos também a sociedade na qual estamos
inseridos. De que forma o fazemos? Criando oportuni-
dades e/ou estabelecendo mudanças capazes de al-
cançar um nível de desenvolvimento compatível com
os desafios que surgem no mundo contemporâneo.
O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de
Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo
este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens
se educam juntos, na transformação do mundo”.
Os materiais produzidos oferecem linguagem dia-
lógica e encontram-se integrados à proposta pe-
dagógica, contribuindo no processo educacional,
complementando sua formação profissional, desen-
volvendo competências e habilidades, e aplicando
conceitos teóricos em situação de realidade, de ma-
neira a inseri-lo no mercado de trabalho. Ou seja, es-
tes materiais têm como principal objetivo “provocar
uma aproximação entre você e o conteúdo”, desta
forma possibilita o desenvolvimento da autonomia
em busca dos conhecimentos necessários para a sua
formação pessoal e profissional.
Portanto, nossa distância nesse processo de cres-
cimento e construção do conhecimento deve ser
apenas geográfica. Utilize os diversos recursos peda-
gógicos que o Centro Universitário Cesumar lhe possi-
bilita. Ou seja, acesse regularmente o AVA – Ambiente
Virtual de Aprendizagem, interaja nos fóruns e en-
quetes, assista às aulas ao vivo e participe das discus-
sões. Além disso, lembre-se que existe uma equipe de
professores e tutores que se encontra disponível para
sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de
aprendizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranqui-
lidade e segurança sua trajetória acadêmica.
AUTORES

Professora Dra. Andréia Moreira da Fonseca Boechat


Possui graduação em Ciências Econômicas pela Universidade Federal Rural
do Rio de Janeiro (2007), mestrado (2011) e doutorado em Economia pela
Universidade Estadual de Maringá. Professora colaboradora da Universidade
Estadual do Paraná (UNESPAR), do Centro Universitário Cesumar (UniCesumar)
e da Universidade do Norte do Paraná (UNOPAR), atuando no ensino
presencial e à distância.

Professora Me. Daniela Carla Monteiro


Possui graduação em Ciências Econômicas pela Universidade Estadual
de Maringá (UEM-2002), Especialização em Direito do Estado - área de
concentração em Direito Administrativo pela Universidade Estadual de
Londrina (UEL - 2006) e Mestrado em Economia Regional pela Universidade
Estadual de Londrina (UEL - 2013).

Professor Me. Sidinei Silvério da Silva


Possui Graduação em Ciências Econômicas pela Universidade Estadual de
Maringá (UEM-2002), Especialização em Consultoria Econômico-Financeira de
Empresas (UEM-2004) e Mestrado em Economia Regional pela Universidade
Estadual de Londrina (UEL-2012)..
APRESENTAÇÃO

ECONOMIA

Olá, caro(a) aluno(a), seja bem-vindo(a) ao livro de Economia. É com muito prazer que
apresentamos a você este livro, que é resultado de um trabalho conjunto. Somos os pro-
fessores Andréia Moreira da Fonseca Boechat, Daniela Carla Monteiro e Sidinei Silvério
da Silva, autores deste material e o preparamos com muito carinho para que você adqui-
ra conhecimentos sobre os principais elementos da teoria econômica e suas aplicações.
Assim sendo, ressaltamos que os assuntos que estudaremos nessa disciplina serão de gran-
de relevância para sua formação, ao passo que o conhecimento/domínio dos mesmos pro-
piciará a você uma nova maneira de pensar, haja vista que a economia é uma ciência social
que reúne política e ciência, cujo objeto de estudo é a sociedade (MANKIW, 2001).
Nosso objetivo, ao escrever este livro, foi criar condições/meios para que você com-
preenda da melhor maneira possível conceitos e aplicações da economia, já que tais
conceitos/aplicações o ajudarão a encontrar possíveis respostas às inúmeras questões
socioeconômicas com as quais nos deparamos cotidianamente, sejam elas de âmbito
pessoal e/ou profissional.
Em outras palavras, o contexto econômico reúne aspectos da vida e da sociedade. Logo,
seu conhecimento/compreensão se faz necessário para que você possa entender ade-
quadamente o mundo/país em que vive, de modo que tal conhecimento/compreensão
o ajude tanto no âmbito pessoal quanto no âmbito profissional a tomar decisões.
Diante disso, destacamos que no âmbito profissional praticamente todos os segmen-
tos rotineiramente utilizam/aplicam instrumentos/mecanismos da teoria econômica. É
o caso, por exemplo, da agricultura, da indústria e do comércio, ou seja, das atividades
primárias, secundárias e terciárias de produção. Nesse contexto, compreender/dominar
conceitos e aplicações da economia, além de propiciar maiores chances de sucesso nos
negócios, propicia aos agentes um diferencial fundamental.
Ademais, conforme nos explica Móchon (2007), conhecer/compreender o contexto eco-
nômico da sociedade em que vivemos expande expressivamente o conhecimento/com-
preensão sobre o mundo em que vivemos e mais especificamente sobre o nosso país.
Esse conhecimento/compreensão fará com que você se torne um participante mais há-
bil no sistema econômico, já que ao longo de sua vida pessoal e profissional você terá
que tomar muitas decisões.
Ainda nessa vertente, o conhecimento/compreensão em questão proporcionará a você
um melhor entendimento da política econômica, de modo que o exercício da cidadania
se solidifique/fortaleça. A título de exemplo, considere um cidadão que conheça/do-
mine o contexto econômico do país em que vive. Tal cidadão será capaz de julgar com
mais propriedade, em um período eleitoral, as propostas de viés socioeconômico dos
candidatos.
Ressaltamos que, embora o livro de Economia e Sociedade que preparamos para você
trate de modo introdutório e simplificado os principais conceitos e aplicações da teo-
ria econômica tanto na esfera microeconômica quanto na esfera macroeconômica, o
APRESENTAÇÃO

mesmo permite o entendimento de muitas questões. Conforme nos explica Mankiw


(2001), esta é uma matéria em que um ínfimo conhecimento/compreensão leva
bastante longe, então sugerimos que aproveite!
Em relação à estrutura geral, o livro foi organizado/produzido com o intuito de
atender a todos os cursos de graduação que tenham por objetivo introduzir, ainda
que simplificadamente, a ciência econômica na vida pessoal e profissional de seus
acadêmicos. Desse modo, a unidade I, escrita pela professora Daniela Carla Montei-
ro, corresponde a um curso de conceitos fundamentais em economia. As unidades
II e III, escritas pela professora Andréia Moreira da Fonseca Boechat, correspondem
a um curso de microeconomia, e as unidades IV e V, escritas pelo professor Sidinei
Silvério da Silva, a um curso de macroeconomia.
Por fim, vale relembrar que este livro, caro(a) aluno(a), foi especialmente organiza-
do/produzido para você. Nesse sentido, fique atento aos conteúdos que serão tra-
balhados e suas relações com as situações práticas existentes no mundo/país em
que vivemos.
Ademais, dedique-se a ler e a interagir com os textos, a fazer anotações, a anotar/
esclarecer suas dúvidas, a verificar as indicações de leitura, a realizar novas pesqui-
sas sobre os assuntos abordados, a responder às atividades de autoestudo, entre
outros. Lembre-se de que toda e qualquer informação/conhecimento adicional
contribui para a construção e a solidificação de sua formação.
É isso caro(a) aluno(a)! Esperamos que esta iniciação ao conhecimento da ciência
econômica, cujo objeto de estudo é a sociedade, seja de grande valia para a sua vida
pessoal e profissional.
Em caso de dúvidas, nos encontramos à sua disposição juntamente com a equipe
Unicesumar.
Um forte abraço!

Professora Dra. Andréia Moreira da Fonseca Boechat


Professora Me. Daniela Carla Monteiro
Professor Me. Sidinei Silvério da Silva
8-9

SUMÁRIO

UNIDADE I

CONCEITOS FUNDAMENTAIS EM ECONOMIA

15 Introdução

16 Problemas Econômicos de Todas as Sociedades

30 O Sistema Econômico Capitalista (ou Economia de Mercado)

36 Divisão da Ciência Econômica

38 Considerações Finais

UNIDADE II

INTRODUÇÃO À MICROECONOMIA

43 Introdução

43 Fundamentos da Teoria do Consumidor

50 Teoria da Demanda

59 Teoria da Oferta

66 Equilíbrio de Mercado

69 Consideraçôes Finais
SUMÁRIO

UNIDADE III

ESTRUTURAS DE MERCADO

75 Introdução

76 Os Mercados

81 Concorrência Perfeita ou Pura

83 Monopólio

86 Concorrência Monopolística

88 Oligopólio

92 Lei Antitruste

96 Considerações Finais

UNIDADE IV

MERCADO DE BENS E SERVIÇOS E O MERCADO MONETÁRIO

103 Introdução

104 Objetivos de Política Econômica

105 Crescimento e Desenvolvimento Econômico

108 Determinação do Produto Nacional

114 Política Fiscal, Inflação e Desemprego

120 A Moeda: Conceitos, Funções e Tipos

126 Política Monetária, Inflação e Desemprego

130 Considerações Finais


10 - 11

SUMÁRIO

UNIDADE V

SETOR EXTERNO E O MERCADO DE TRABALHO

137 Introdução

137 A Teoria das Vantagens Comparativas

139 Taxa de Câmbio

145 O Processo de Internacionalização da Economia (Globalização)

146 O Mercado de Trabalho

151 Considerações Finais

155 CONCLUSÃO
157 REFERÊNCIAS
Professora Me. Daniela Carla Monteiro

I
CONCEITOS

UNIDADE
FUNDAMENTAIS EM
ECONOMIA

Objetivos de Aprendizagem
■ Compreender por que a economia é uma ciência da escassez ou das
escolhas.
■ Reconhecer a contradição existente entre fatores de produção e
necessidades humanas.
■ Definir economia e suas atividades de produção ou setores da
economia.
■ Analisar a curva de possibilidades de produção nas combinações de
produtos que a economia pode produzir, dado os recursos existentes.
■ Entender o conceito de custo de oportunidade enquanto princípio
econômico.
■ Discutir os problemas econômicos fundamentais que todas as
sociedades enfrentam.
■ Explicar o funcionamento de um sistema econômico capitalista.

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■ Problemas econômicos de todas as sociedades
■ O sistema econômico capitalista (ou economia de mercado)
■ Divisão da ciência econômica
14 - 15

INTRODUÇÃO

Caro(a) aluno(a), nesta primeira unidade, você aprenderá que conhecer/domi-


nar conceitos fundamentais em economia é de extrema relevância para todos
aqueles que visam compreender, ainda que de forma geral, o mundo/sociedade
em que vivemos.
Segundo Mankiw (2001), a relevância desse conhecimento/domínio não ofe-
rece dúvidas, ao passo que continuamente concepções econômicas determinam
nos sistemas econômicos o modo como devem ocorrer os planejamentos, as exe-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

cuções, os procedimentos, os comportamentos, os desempenhos, entre outros,


tanto das unidades familiares e produtivas quanto dos governos e setor externo.
Nessa direção, discutiremos como tal conhecimento/domínio tende a forta-
lecer no âmbito pessoal e profissional as relações e/ou práticas econômicas que
são cotidianamente analisadas/discutidas e que, por conseguinte, direcionam/
estruturam as sociedades.
Vale ressaltar que, segundo Mankiw (2001), embora em algumas situações a
economia não seja determinante, ainda assim, de alguma maneira, a mesma tende
a exercer algum tipo de influência. Em outras palavras, passaremos a compreender
que as sociedades são movidas exclusivamente por interesses de natureza econômica.
Visando atingir os objetivos de aprendizagem já elencados, a unidade em
questão foi dividida em três tópicos, sendo eles: problemas econômicos de todas
as sociedades; o sistema econômico capitalista ou economia de mercado e divi-
são da ciência econômica.
No primeiro tópico, discutiremos como todas as sociedades enfrentam/
administram recursos produtivos escassos dadas as necessidades humanas ili-
mitadas. No segundo tópico, por sua vez, estudaremos a organização e os tipos
de sistemas econômicos, bem como suas características, funcionamento e pro-
blemas. Por fim, no terceiro tópico, veremos a divisão da ciência econômica em
duas grandes áreas, sendo elas a microeconomia e a macroeconomia.
Assim sendo, ao término desta unidade, você será capaz de compreender
conceitos fundamentais em economia que influenciam o dia a dia das unida-
des produtivas, das famílias, dos governos e do resto do mundo, ou seja, das
sociedades em geral.

Introdução
I

PROBLEMAS ECONÔMICOS DE
TODAS AS SOCIEDADES

Cotidianamente, independente da
classe de agentes econômicos à
qual pertencemos, somos leva-
dos a interagir com questões
econômicas, tais como formação
de preços, desemprego, inflação, osci-

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
k
erstoc
lações nas taxas de juros, déficit/superávit ©shutt

púbico, entre outros (MENDES, 2004).


Em outras palavras, as questões econômicas têm ao longo do tempo regu-
lado/orientado o nosso dia a dia e consequentemente o da sociedade. Assim
sendo, faz-se necessário estudar/conhecer tais questões, ao passo que uma boa
parte dos relevantes problemas que atualmente as sociedades enfrentam são
decorrentes delas (PASSOS; NOGAMI, 2003).
Tal procedimento propiciará conhecimentos que, além de nos ajudar a conhe-
cer melhor o mundo que nos cerca, “nos ajudará a formar opiniões a respeito
dos grandes problemas econômicos do nosso tempo, tornando-nos cidadãos de
fato em nossa sociedade” (PASSOS; NOGAMI, 2003, p.3)
Vale ressaltar que, embora grande parte dos agentes (empresas, consumido-
res, governos e setor externo) participem das atividades de natureza econômica,
poucos detêm “conhecimentos teóricos que lhes permitam analisar os proble-
mas econômicos que nos cercam” (PASSOS; NOGAMI, 2003, p. 3).
Ademais, estudar/conhecer tais questões ajudará no processo de tomada de
decisões, haja vista que a economia, segundo Mendes (2004, p. 3), “é o estudo
das escolhas feitas pelas pessoas diante de situações de escassez”.
Entende-se por escassez o cenário em que se encontram recursos produti-
vos limitados1 (terra ou recursos naturais; mão de obra ou trabalho e capital),
ou seja, que não existem em quantidade suficiente para atender a todas as neces-
sidades. Logo, devem ser utilizados de diferentes maneiras, de tal modo que se

1 Os recursos produtivos, fatores ou meios de produção serão descritos/discutidos mais adiante.

CONCEITOS FUNDAMENTAIS EM ECONOMIA


16 - 17

deve sacrificar uma coisa por outra (MENDES, 2004).


Por exemplo, uma unidade produtiva possui uma máquina que produz dois
diferentes produtos (parafusos do tipo A e parafusos do tipo B). Dada a escassez
de seus recursos, o empresário terá que escolher entre produzir algumas unida-
des a mais de um produto (parafusos do tipo A) e algumas unidades a menos
de outro (parafusos do tipo B).
Assim, em decorrência da escassez, os agentes econômicos se defron-
tam com situações que os levam sempre a escolher. Escolhe-se como gastar
tempo e dinheiro, como explorar espaços geográficos, como intensificar o
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

uso de uma máquina, como/onde empregar os recursos de um país, entre


outros (MENDES, 2004).
Vale destacar que, se por um lado, tem-se a escassez dos recursos, de outro,
tem-se as necessidades e/ou desejos dos agentes que são ilimitados2, ou seja,
sempre queremos e precisamos de mais bens e serviços (imóveis, automóveis, ali-
mentação, vestuário, lazer, assistência médica, transporte etc.). Logo, os agentes
econômicos se defrontam com recursos finitos e com desejos e/ou necessida-
des infinitas. Por conseguinte, a economia é o estudo das escolhas. As escolhas
realizadas pelos agentes resultam nas escolhas da sociedade (MENDES, 2004).
Em síntese, “o problema econômico está centralizado no fato de que os recursos
disponíveis ao homem para produzir bens e serviços são limitados, mas a sua neces-
sidade ou desejo desses bens e serviços varia e é insaciável” (MENDES, 2004, p. 3).
Tendo discutido/entendido o sentido econômico da escassez, passaremos
então a conhecer algumas das inúmeras definições de economia.
Segundo Passos e Nogami (2003, p. 5):
Em termos etimológicos a palavra “economia” vem do grego oikos
(casa) e nomos (norma, lei). Teríamos, então, a palavra oikonomia que
significa “administração de uma unidade habitacional (casa)”, podendo
também ser entendida como “administração da coisa pública” ou de
um Estado.

Nessa direção, em economia, estudam-se os meios/métodos pelos quais o sis-


tema econômico capitalista ou economia de mercado administram recursos

2 As necessidades e/ou desejos ilimitados serão descritos/discutidos mais adiante.

Problemas Econômicos de Todas as Sociedades


I

finitos, cuja finalidade é produzir bens e serviços que satisfaçam maior número
de necessidades da sociedade, haja vista que tais necessidades são ilimitadas
(PASSOS; NOGAMI, 2003).
Assim, se o foco é atender a um maior número de necessidades da sociedade
com recursos finitos, então a alocação desses recursos deve ser suficientemente
eficiente, de modo a economizar tais recursos.
Contudo, define-se economia como:
A Ciência Social que estuda como a sociedade decide empregar recur-
sos escassos, que poderiam ter utilização alternativa, na produção de

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
bens e serviços de modo a distribuí-los entre as várias pessoas e grupos
da sociedade, a fim de satisfazer as necessidades humanas (PASSOS;
NOGAMI, 2003, p. 5).

Nessa vertente, Mendes (2004, p. 3) argumenta ainda que:


A economia é uma ciência social, tanto quanto a ciência política, a psi-
cologia e a sociologia, podendo ser definida como o estudo da alocação
(utilização) dos recursos escassos na produção de bens e serviços para
a satisfação das necessidades ou dos desejos humanos.

Em suma, não há dificuldades na definição de economia, seja ela a economia de


uma cidade, estado, região, país, ou até mesmo do mundo. Em poucas palavras,
uma determinada economia corresponde apenas à interação cotidiana de um
grupo de pessoas (dado os recursos e as necessidades que tem), que estão sem-
pre em busca do melhor para a coletividade (MANKIW, 2001).

FATORES DE PRODUÇÃO

Os fatores de produção são os recursos empregados na produção de bens e servi-


ços. Durante o processo produtivo, suas combinações resultam numa diversificada
produção, que por sua vez será consumida pelas famílias ou empregadas novamente
pelas empresas no processo produtivo na forma de insumo (MOCHÓN, 2007).
De acordo com Mendes (2004), as principais características dos fatores de
produção são: escassez, versatilidade e combinações em proporções variáveis.

CONCEITOS FUNDAMENTAIS EM ECONOMIA


18 - 19

A escassez em sua quantidade, aliada ao contexto de que os fatores de pro-


dução podem ser empregados na produção de diversos bens e serviços, indica
que em determinadas situações as unidades produtivas devem abrir mão da pro-
dução de um bem ou serviço por outro.
A versatilidade por sua vez faz referência justamente ao emprego dos recursos
produtivos na produção de diferentes produtos. Por exemplo, o leite pode produzir
queijo, manteiga, creme de leite, requeijão, entre outros.
Já a combinação em proporções variáveis
refere-se à possibilidade de substituição entre
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

os fatores. Por exemplo, se um determinado


insumo nacional ficar muito caro, dada
a sua escassez, as unidades produtivas
poderão substituí-lo por um insumo
importado.
Segundo Móchon (2007), a tra-
dicional classificação dos fatores de
produção contempla três catego-
rias: a terra ou recursos naturais, a
mão de obra ou trabalho e o capital.
O quadro 1 nos apresenta uma breve
definição de cada um desses fatores.
©shutterstock

©shutterstock ©shutterstock

Problemas Econômicos de Todas as Sociedades


I

TERRA Consistem em todos os bens econômicos utilizados na


OU RECURSOS produção e que são obtidos diretamente da natureza,
NATURAIS como os solos (urbanos e agrícolas), os minerais, as águas
(dos rios, dos lagos, dos mares, dos oceanos e do subsolo),
a fauna, a flora, o sol e o vento (como fontes de energia),
entre outros. Esses recursos são um presente da natureza.
Para se referir a todos os tipos de recursos naturais, alguns
economistas utilizam o termo “terra”.
MÃO DE OBRA Incluem toda a atividade humana (esforço físico e/ou
OU TRABALHO mental) utilizada na produção de bens e serviços, como:
os serviços técnicos do advogado, do médico, do econo-

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
mista, do engenheiro, ou a mão de obra do eletricista, do
encanador. Há economistas que consideram o capital hu-
mano um quarto tipo de fator de produção. Por capital hu-
mano, considera-se o conhecimento e as habilidades que
as pessoas obtêm por meio da educação e da experiência
em atividades produtivas.
CAPITAL O fator de produção capital corresponde aos conjuntos
dos edifícios, máquinas, equipamentos e instalações que
a sociedade dispõe para efetuar a produção. Este conjunto
é denominado de estoque de capital da economia. Quan-
to mais bens de capital dispuser a economia, mais pro-
dutiva ela será (ou seja, mais bens e serviços poderá pro-
duzir). Observe que o conceito de capital como fator de
produção é um pouco diferente da palavra capital usada
na linguagem comum, quando é utilizada para designar
uma quantia em dinheiro (ou outro ativo financeiro) que
determinada pessoa possui para iniciar um determinado
negócio.
Quadro 1: Definição dos tradicionais fatores de produção
Fonte: Mendes (2004, p. 5) e Viceconti e Neves (2010, p. 6)

Em suma, os fatores de produção ou recursos produtivos (inputs), isto é, os solos,


os minerais, as águas, a fauna, a flora, o sol, o vento, os serviços técnicos espe-
cializados, a mão de obra do operário, os conjuntos dos edifícios, as máquinas,
os equipamentos, as instalações, entre outros, dadas suas principais caracterís-
ticas (escassez, versatilidade e combinações em proporções variáveis), quando
alocados, promovem ao longo do processo produtivo uma expressiva produção
(outputs), ou seja, promovem uma ampla gama de bens e serviços.

CONCEITOS FUNDAMENTAIS EM ECONOMIA


20 - 21

NECESSIDADES HUMANAS ILIMITADAS

As necessidades humanas fazem parte da força que dá movimento à atividade


econômica, haja vista que nossas necessidades/desejos são ilimitadas, ou seja, “o
ser humano, pela sua própria natureza, nunca está satisfeito com o que possui e
sempre deseja mais coisas” (VICECONTI; NEVES, 2010, p.1).
Segundo Mendes (2004), todos os agentes econômicos querem alimentos,
bebidas, roupas, lugar/local para morar, acesso à educação, saúde etc. Ademais,
desejam carros, imóveis, viagens de férias, entre outros.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Nessa vertente, Mendes (2004, p.6) aponta “a alimentação, o vestuário, a habi-


tação, a saúde, o transporte, a educação, a segurança social, a previdência social,
a comunicação, a cultura, o esporte e o
lazer” como as principais necessidades
humanas, necessidades estas que, em
boa parte das economias, não são supri-
midas, mesmo que de modo ínfimo.
O autor esclarece ainda que entre
as principais necessidades humanas
destacam-se a alimentação, a habita-
ção, a saúde e o vestuário, haja vista
que as mesmas são apontadas pela
literatura econômica como necessi-
©shutterstock

dades primárias.
As demais fazem parte do grupo
que compõe as necessidades que são
consideradas necessidades secundá-
rias, necessidades estas que tendem a
mudar de acordo com o tempo e com o
espaço, já que estão sujeitas a inúmeras
influências, tais como: costumes, tradi-
ção, propagandas, marketing, inovação
etc. (MENDES, 2004).
©shutterstock

Problemas Econômicos de Todas as Sociedades


I

CURVA DE POSSIBILIDADE DE PRODUÇÃO

Em todos os dias de trabalho, milhões de pessoas desprendem seus esforços na


produção de inúmeros bens e serviços. Tal produção ocorre nas indústrias, no
campo, nas construtoras, nos bancos, nos shoppings, entre outros, situados em
todo o mundo (MENDES, 2004).
Como vimos, dada à escassez dos fatores de produção disponíveis, aliados à
tecnologia que temos e dominamos, a produção dos bens e serviços em questão
é limitada. Nessa direção, cabe às unidades produtivas escolher os bens e ser-

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
viços que serão produzidos. Vale ressaltar que, numa economia que conta com
milhares de produtos, as opções de escolha são inúmeras (MÓCHON, 2007).
A escolha em questão deve ser feita com base nas possíveis combinações/
alocações de produção. Segundo Mendes (2004), para determinar quais combi-
nações de produção são mais adequadas/possíveis, as unidades produtivas levam
em consideração duas questões: 1) os recursos produtivos são limitados; 2) não
é possível realizar mudanças tecnológicas, ou seja, o nível de tecnologia tam-
bém é limitado. Tal limite é ilustrado pela curva de possibilidades de produção.
De acordo com Móchon (2007, p.3):
A curva de transformação – ou fronteira de possibilidades de produção
(FPP) – mostra a quantidade máxima possível de bens ou serviços que
determinada economia pode produzir com os recursos e a tecnologia
de que dispõe e dadas as quantidades de outros bens e serviços que
também produz.

Para ilustrar a curva de possibilidade de produção num gráfico, por se tratar de


um conceito abstrato, vamos tentar por meio de um exemplo hipotético apro-
ximar o referido conceito a uma situação prática/real, baseado em Viceconti e
Neves (2010):
Suponhamos que uma determinada unidade produtiva possua os seguin-
tes fatores de produção: capital (30 máquinas) e mão de obra ou trabalho (120
trabalhadores), e que sua linha de produção esteja direcionada à produção de
apenas dois bens.
Ademais, suponhamos que não haja nenhuma inovação tecnológica no pro-
cesso de fabricação do produto e que a unidade produtiva não possa comprar

CONCEITOS FUNDAMENTAIS EM ECONOMIA


22 - 23

mais máquinas nem contratar mais trabalhadores, ou seja, os fatores de produ-


ção são fixos ou constantes.
Em suma, consideremos uma economia com conhecimento tecnológico
fixo ou constante, com fatores de produção fixos ou constantes (todos os fatores
são empregados na produção) e com capacidade de produção para apenas dois
bens: parafusos do tipo A e parafusos do tipo B.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

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Tipo Tipo B

Sequencialmente, consideremos que o gestor da empresa solicite ao engenheiro


de produção, um levantamento (vide Quadro 2) das possíveis possibilidades de
produção. Tais possibilidades devem levar em consideração a utilização plena e
eficiente dos recursos produtivos envolvidos no processo (nesse caso, 30 máqui-
nas e 120 homens).

PARAFUSO DO TIPO A PARAFUSO DO TIPO B


20 0
18 1
15 2
11 3
6 4
0 5
Quadro 2: Levantamento das possíveis possibilidades de produção
Fonte: Viceconti e Neves (2010, p. 2)

Problemas Econômicos de Todas as Sociedades


I

De acordo com o levantamento feito pelo engenheiro de produção, quando todos


os fatores produtivos (30 máquinas e 120 homens) forem empregados na produ-
ção dos parafusos do tipo A, 20 (vinte) unidades do mesmo serão produzidas.
Por outro lado, quando o emprego total dos recursos produtivos (30 máquinas
e 120 homens) forem empregados na produção dos parafusos do tipo B, serão
produzidas apenas 5 (cinco) unidades do mesmo.
As escolhas que visarem à produção de uma, duas ou mais unidades de
parafusos do tipo B, gerarão deslocamentos de fatores de produção alocados
na produção de parafusos do tipo A para a produção de parafusos do tipo B.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Tal procedimento resultará em perdas na produção de parafusos do tipo A.
Por exemplo, para produzir (1) uma unidade de parafusos do tipo B, com o des-
locamento dos fatores produtivos da produção de parafusos do tipo A para a
produção de parafusos do tipo B, abrir-se-á mão de (2) duas unidades de parafu-
sos do tipo A (diferença entre 20 e 18 = 2). Observe que aumentos na produção
de parafusos do tipo B levam a reduções na fabricação de parafusos do tipo A e
vice-versa, até que um ponto limite seja atingido.
O gráfico 1 nos mostra as possibilidades de produção contidas no levanta-
mento feito pelo engenheiro da hipotética empresa supracitada, colocando-se

5
(6,4)
4
(11,3)
3

(15,2)
2

(18,1)
1

A
0 6 11 15 18 20

Gráfico 1: Curva de possibilidade de produção


Fonte: Viceconti e Neves (2010, p. 3)

CONCEITOS FUNDAMENTAIS EM ECONOMIA


24 - 25

no eixo das abscissas (horizontal) a produção de parafusos do tipo A e no eixo


das ordenadas (vertical) a produção de parafusos do tipo B. A união das possi-
bilidades/combinações de produção por uma curva originam a então discutida
curva ou fronteira de possibilidades de produção.
Analisando, ainda que sucintamente, o Gráfico 1, podemos concluir que:
a. Sendo a produção máxima de parafusos do tipo A 20 (vinte) unidades e
a produção máxima de parafusos do tipo B 5 (cinco) unidades, produzir
parafusos do tipo B é mais difícil do que produzir parafusos do tipo A.
b. Os pontos sobre a curva ou fronteira de possibilidades de produção nos
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

mostram a produção máxima de um bem (parafusos do tipo A), dada a


produção do outro bem (parafusos do tipo B). Por exemplo, se a firma
optar por produzir 15 (quinze) unidades do parafuso tipo A, ela poderá
produzir, no máximo, 2 (duas) unidades do parafuso do tipo B.
c. Pontos internos a CPP (curva ou fronteira de possibilidade de produção) repre-
sentam produção menor do que as possibilidades de produção da empresa,
ou seja, a firma está operando com capacidade ociosa ou com recursos que
não estão sendo utilizados de modo eficiente (subutilização dos recursos pro-
dutivos). Por exemplo, suponha que a empresa em questão opte por produzir
11 (onze) unidades de parafusos do tipo A e 1 (uma) unidade de parafuso
do tipo B.
d. Pontos fora da CPP representam produção maior do que as possibilidades
de produção da empresa. Por exemplo, suponha que a referida empresa
opte por produzir 11 (onze) unidades de parafusos do tipo A e 4 (quatro)
unidades de parafusos do tipo B. De acordo com os pressupostos assumi-
dos, sabemos que essa combinação de produção é impossível, haja vista que
os recursos produtivos e a tecnologia que a unidade produtiva em ques-
tão dispõe são fixos ou constantes e insuficientes para tais quantidades.
e. A questão mais relevante a ser apontada é de que aumentos na produção
de um dos parafusos (por exemplo, do tipo B) só acontecerão em detri-
mento da produção do outro tipo de parafuso (por exemplo, do tipo A),
isto, se a empresa estiver em pontos situados na CPP. Em outras palavras,
para obterem-se mais dos parafusos do tipo B, seria necessário sacrificar
a produção dos parafusos do tipo A e vice-versa.

A quantidade perdida dos parafusos do tipo A que essa empresa precisa incorrer

Problemas Econômicos de Todas as Sociedades


I

para aumentar a produção de parafusos do tipo B (ou vice-versa) é denominada


de custo de oportunidade, que, segundo Mendes (2004, p. 8), é um dos “prin-
cípios fundamentais para a análise econômica”.
De acordo com Móchon (2007), o custo de oportunidade deve ser entendido
mediante a curva de possibilidades de produção como aquilo que renunciamos
para obter algo.
Em termos mais precisos,
O custo de oportunidade de uma decisão é aquilo a que se deve renun-
ciar para obter algo. Em outras palavras, o custo de oportunidade de

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
um bem ou serviço é a quantidade de outros bens ou serviços a que se
deve renunciar para obtê-lo (MÓCHON, 2007, p. 4).

No caso do Gráfico 1, denominamos custo de oportunidade de parafusos do tipo B


o número de parafusos do tipo A que é preciso deixar de produzir para produzi-lo.
Como mostra o Quadro 2, incrementos na produção de parafusos do tipo B elevam
cada vez mais o custo de oportunidade, ou seja, o custo de oportunidade é crescente.
O custo de oportunidade é crescente em decorrência da transferência de recursos
produtivos a uma “nova produção”, ao passo que tais recursos se mostram menos aptos
à nova atividade. Diante disso, a transferência dos recursos produtivos vai ficando
cada vez mais complexa e onerosa. Em outras palavras, os recursos produtivos não
são completamente adaptáveis em outras linhas de produção (VASCONCELLOS;
GARCIA, 2011).
Logo, os custos de oportunidade de se produzir uma unidade de parafusos do
tipo B são duas unidades de parafuso do tipo A (diferença entre 20 e 18). Observe
que o parafuso seguinte (do tipo B) tem um custo de oportunidade maior, ou seja,
de três parafusos do tipo A (intervalo entre 18 e 15) e assim sucessivamente.
Assim sendo, a curva de possibilidades de produção nos ilustra o problema da
escassez, haja vista que num dado período de tempo “empresas” possuem fatores
de produção e nível tecnológico constantes, de modo que a produção de um bem
advém das custas do outro.
Vale ressaltar que as análises e discussões aqui realizadas para esta empresa
hipotética podem ser empregadas também para uma economia qualquer em que
apenas dois bens pudessem ser produzidos e para a qual os fatores de produção e o
nível tecnológico fossem fixos ou constantes.

CONCEITOS FUNDAMENTAIS EM ECONOMIA


26 - 27

CLASSIFICAÇÃO DOS PRODUTOS

Segundo Mendes (2004), os meios de satisfação das necessidades humanas, ou


seja, os produtos, podem ser classificados de acordo com a sua natureza e de
acordo com o seu destino.
De acordo com sua natureza, são classificados em bens e serviços. De acordo
com seu destino, são classificados em bens e serviços de consumo ou finais e
em bens e serviços intermediários.
Entende-se por bens todos os produtos tangíveis (que podem ser tocados,
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

apalpados) como, por exemplo, alimentos, eletroeletrônicos, imóveis, automóveis,


entre outros. Já por serviços entende-se todos os produtos intangíveis (intocá-
veis), entre eles, assistência médica e educacional.

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Os bens e serviços de consumo ou finais são por sua vez aqueles de consumo
duráveis ou de consumo imediato, tais como refrigeradores, televisões, alimen-
tos, produtos de higiene pessoal etc.
Enfim, os bens e serviços intermediários são aqueles que são alocados na pro-
dução de outros bens e serviços. Tais bens e serviços são totalmente consumidos

Problemas Econômicos de Todas as Sociedades


I

durante o processo produtivo como, por exemplo, a matéria-prima ou insumos.


Vale destacar que os bens e serviços de produção ou bens de capital (máqui-
nas, equipamentos etc.) são aqueles que não são consumidos totalmente no
processo produtivo, embora se depreciem ao longo do tempo, assim, são consi-
derados bens e serviços finais e não bens e serviços intermediários.

ATIVIDADES DE PRODUÇÃO (OU SETORES DA ECONOMIA)

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Em todas as atividades de produção ou setores da economia estão inseridos os
fatores de produção ou recursos produtivos (terra ou recursos naturais, mão de
obra ou trabalho e capital) e as técnicas de produção (MENDES, 2004).
Destaca-se que, com base em Mendes (2004), dependendo da atividade de
produção, tais recursos e técnicas variam em intensidade, ou seja, em cada um
dos setores da economia são empregados recursos e técnicas em proporções
diferentes.
O quadro a seguir mostra os recursos utilizados em cada tipo de atividade.
O autor nos explica ainda que a intensidade/proporção de uso/emprego dos
fatores de produção ou recursos produtivos classifica as atividades de produção
ou setores da economia (vide Quadro 3) em atividades primárias, secundárias
e terciárias de produção.

Agricultura (lavouras permanentes, temporárias,


horticultura, floricultura); pecuária (criação e abate
ATIVIDADES PRIMÁRIAS
de gado, de suínos e aves, pesca e caça); extração
DE PRODUÇÃO
vegetal (produção florestal: silvicultura e refloresta-
mento).
Indústria extrativa mineral (minerais metálicos e
não metálicos); indústria de transformação (produ-
tos alimentícios, minerais não metálicos, metalur-
ATIVIDADES
gia, mobiliário, química, fiação e tecelagem, vestuá-
SECUNDÁRIAS DE
rio, calçados, material elétrico, de telecomunicações
PRODUÇÃO
e de transporte, produtos de matérias plásticas, be-
bidas, fumos), indústria da construção (obras públi-
cas, construções privadas).

CONCEITOS FUNDAMENTAIS EM ECONOMIA


28 - 29

Comércio (atacadista e varejista); transportes (ro-


doviários, ferroviários, hidroviários e aeroviários);
comunicações (telecomunicações, correios e telé-
grafos, radiofusão e TV); intermediação financeira
(bancos, seguradoras, distribuidoras e corretoras de
valores e bolsas de valores); imobiliárias (comércio
ATIVIDADES TERCIÁRIAS
imobiliário, administração e locação) hospedagem
DE PRODUÇÃO
e alimentação (hotéis, restaurantes, bares e lancho-
netes); reparação e manutenção (máquinas, veícu-
los e equipamentos); serviços pessoais (cabeleirei-
ros, barbeiros); outros serviços (assistência à saúde,
educação, cultura, lazer, culto religioso) e governo
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

(federal, estaduais e municipais).


Quadro 3: Classificação das atividades de produção ou setores da economia
Fonte: Mendes (2004, p.11)

Como mostra a tabela anterior, as atividades primárias são mais intensivas em


recursos naturais, a secundária no capital e o terciário em mão de obra ou tra-
balho (MENDES, 2004).

Participação da indústria no PIB é a menor desde 1955


28 de agosto de 2013 | 2h 10
Roger Marzochi – O Estado de S.Paulo.
A participação da indústria de transformação no Produto Interno Bruto (PIB)
foi de 13,3% em 2012, retrocedendo ao nível que o setor tinha na economia
em 1955, antes da implantação do Plano de Metas de Juscelino Kubitschek.
E, mantida as atuais condições de crescimento, essa participação deverá cair
para 9,3% em 2029.
(...)
Disponível em: <http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,participa-
cao-da-industria-no-pib-e-a-menor-desde-1955-,1068592,0.htm>. Acesso
em: 05 jan. 2013.

Problemas Econômicos de Todas as Sociedades


I

O SISTEMA ECONÔMICO CAPITALISTA (OU ECONOMIA


DE MERCADO)

Define-se sistema econômico como a forma na qual uma sociedade está planejada e/
ou organizada. O referido planejamento e/ou organização ocorre em termos econô-
micos, políticos e sociais. O principal objetivo de tal planejamento e/ou organização
é fazer crescer as atividades econômicas, que por sua vez são as atividades de pro-
dução, distribuição e consumo de bens e serviços (VICECONTI; NEVES, 2010).
As instituições que desenvolvem e/ou fazem crescer as atividades econômicas

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
são nominadas agentes econômicos e são divididas, de acordo com Viceconti e
Neves (2010), em quatro classes: unidades produtivas ou empresas, unidades fami-
liares ou famílias, setor público ou governo e setor externo ou resto do mundo.
As unidades produtivas ou empresas são as instituições responsáveis pela
produção de bens e serviços de uma nação. Diante disso, para realizar suas ativi-
dades, demandam ou procuram fatores de produção (terra ou recursos naturais;
mão de obra ou trabalho e capital), que são por sua vez recompensados por meio
de remuneração. O principal objetivo das unidades produtivas ou empresas em
uma economia de mercado é a obtenção de lucros.
As unidades familiares ou famílias são as instituições que oferecem os ser-
viços dos fatores de produção às unidades produtivas ou empresas. O principal
objetivo das unidades familiares ou famílias em uma economia de mercado é a
obtenção de remuneração. Destaca-se ainda que os proprietários das unidades
produtivas ou empresas fazem parte concomitantemente das duas instituições
supracitadas, ou seja, enquanto responsáveis pela produção, fazem parte da ins-
tituição unidades produtivas ou empresas e, enquanto proprietários dos fatores
de produção, das unidades familiares ou famílias. A tal instituição cabe ainda o
consumo dos bens e serviços produzidos na economia.
Compõem o Setor Público ou Governo os entes da administração direta, nos
âmbitos federal, estadual e municipal. O principal objetivo do Governo em uma
economia de mercado é oferecer bens e serviços à coletividade, de modo a satisfazer
o maior número de necessidades e assim elevar o bem-estar de todos. As empresas
públicas e as sociedades de economia mista, por objetivarem lucros, não são con-
sideradas nesta instituição e sim na instituição unidades produtivas ou empresas.

CONCEITOS FUNDAMENTAIS EM ECONOMIA


30 - 31

O setor externo ou resto do mundo


é composto por todas as instituições que
mantêm relações econômicas com o país/
economia que se está analisando e que
tenham sua estrutura física fora das fron-
teiras geográficas deste.
Assim sendo, visando desenvolver e/ou

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fazer crescer as atividades econômicas, cabe
a toda economia o estabelecimento de suas
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

normas. Normas estas que devem ser res-


peitadas/cumpridas por todos os agentes. Por exemplo, as unidades produtivas
devem ter autorizações específicas, entre elas, o alvará de funcionamento para
atuar, ou seja, para produzir e comercializar seus produtos. Essa é apenas uma
das normas que compõem as inúmeras existentes nas economias. Tais normas e
suas relações com as unidades produtivas e familiares, bem como com os setores
público e externo, formam o que chamamos de sistema econômico.
Os mais relevantes tipos de sistema econômico são: o capitalismo e o socia-
lismo3. Aqui, trataremos apenas do capitalismo, haja vista que o sistema econômico
em questão é o sistema no qual a maioria das economias está inserida. O referido
sistema econômico depende das forças de demanda (consumidores) e de oferta (pro-
dutores) para determinar preços, alocar recursos e distribuir a renda e a produção,
ao passo que o governo pouco se envolve na tomada de decisões (MENDES, 2004).
Determinados a obter lucros cada vez maiores, os proprietários dos fatores
de produção ou recursos produtivos (os fatores de produção ou recursos produ-
tivos são de propriedade privada) tomam as decisões de produção.
Destaca-se que os lucros e prejuízos que por ventura ocorram são resultados
das referidas decisões. Tais decisões tendem a afetar diretamente consumidores
e produtores, ao passo que os consumidores, dado seu nível de renda, buscam
maximizar suas satisfações, e os produtores, dados os seus fatores de produção
ou recursos produtivos, buscam maximizar seus lucros.

3 A base do socialismo, como um sistema econômico, é a propriedade coletiva ou estatal dos recursos produtivos, sendo
que o Estado toma as decisões. As indústrias são de propriedade da sociedade como um todo. O controle da propriedade
é mantido pelo Estado para o mútuo benefício da população (MENDES, 2004, p. 16).

O Sistema Econômico Capitalista (ou Economia de Mercado)


I

Nesse ínterim, os preços de mercado são os responsáveis por nortear as deci-


sões das firmas e dos indivíduos no quesito produção, distribuição e consumo.
Contudo, vale ressaltar que neste tipo de sistema econômico em todos os tipos
de atividades/segmentos a concorrência é extremamente acirrada.

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Domingo, julho 14, 2013
As manifestações no Brasil e a crise do capitalismo
Rall
(...)
Quando o capitalismo atinge o limite absoluto, as instituições criadas para
garantir o funcionamento dessa forma social passam a não responder, seja
na condução da economia, seja para mitigar os efeitos desastrosos sob as
condições de vida. Daí a percepção, ainda que difusa e não de todo cons-
ciente, de que os partidos políticos, os sindicatos, a justiça, a infraestrutu-
ra, o transporte, a educação, saúde e outros setores que desempenham as
chamadas funções de Estado, não mais funcionem ou funcionam precaria-
mente. O discurso ideológico que quer separar o Estado do mercado não
enxerga que ambos são partes da mesma totalidade, a sociedade produtora
de mercadorias. Foram construindo-se e redefinindo-se nos momentos de
bonança e crise, numa relação íntima, mesmo nos momentos em que o pri-
meiro parece soberano e ganha certa autonomia. A separação formal que
se faz é uma abstração, pode levar partidos e movimentos ao auto-engano,
acreditando no Estado enquanto um ente que pode se descolar das relações
capitalistas e fazer a revolução.
(...)
Fonte: <http://rumoresdacrise.blogspot.com.br/2013/07/as-manifestaco-
es-no-brasil-e-crise-do.html>. Acesso em: 21 out. 2013.

CONCEITOS FUNDAMENTAIS EM ECONOMIA


32 - 33

Em síntese, conforme nos mostra o Quadro 4, as principais características do


sistema econômico capitalista são:

PROPRIEDADE Dos fatores de produção, dos bens de consumo (duráveis e não


PRIVADA duráveis) e do dinheiro.
SISTEMA DE Responsável pelo controle do funcionamento da economia: se-
PREÇOS leção de bens e quantidades a serem produzidos; combinação
e distribuição dos fatores de produção; seleção de técnicas e
métodos de produção/organização e distribuição dos bens en-
tre membros da sociedade.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

LUCRO Incentivo à produção. Diferença entre Receita Total e Custo To-


tal de produção.
COMPETIÇÃO De grande importância. Entre as empresas e entre os proprie-
tários dos recursos, apesar da constante/crescente presença de
oligopólios e monopólios nos mercados.
GOVERNO Papel limitado, apesar da elevada participação do governo nas
atividades econômicas nos dias atuais.
Quadro 4: Principais características do Capitalismo
Fonte: Mendes (2004, pp-. 17-18)

Ainda que sejam inúmeras as críticas apontadas ao modo de produção em questão,


esse tipo de sistema econômico, até então, tem-se revelado a opção mais eficaz a
título de organização da atividade econômica. Segundo Mendes (2004, p. 18-19),
estudiosos do assunto apontam o “a) antagonismo entre o capital e o trabalho;
b) a presença de elementos monopolísticos e c) a não solução da justiça social”
como as mais relevantes falhas do sistema. Em contrapartida, apontam a aloca-
ção dos fatores de produção de modo eficiente como a mais relevante qualidade
do sistema em questão, ao passo que promove ganhos de produção e bem-es-
tar social. A eficiência na alocação dos recursos produtivos é consequência da
constante busca pelo aperfeiçoamento, em função da acirrada competição exis-
tente e da incitação ao lucro.

O Sistema Econômico Capitalista (ou Economia de Mercado)


I

PROBLEMAS BÁSICOS DE UM SISTEMA ECONÔMICO CAPITALISTA

Haja vista que as necessidades humanas são infinitas e os fatores de produção


são finitos, o sistema econômico capitalista, ao alocar recursos produtivos, con-
frontar-se-á, como nos descreve o Quadro 5, com três problemas básicos:

O QUE Sabe-se que diante do contexto de escassez dos recursos


PRODUZIR? produtivos, uma maior produção de um determinado bem/
serviço implicará em uma menor produção de outros bens/
serviços. Diante disso, cada sociedade deverá escolher o que

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
produzir. Indiretamente, tal escolha é feita pelos consumidores
quando gastam suas rendas adquirindo produtos cujos preços
estão dispostos a pagar.
COMO Como produzir refere-se à combinação/ajuste dos recursos
PRODUZIR? produtivos e à empregabilidade de técnicas que possibilitem
um determinado nível de produção ao menor custo possível.
Os preços dos recursos produtivos nesse processo são funda-
mentais ao passo que apontam os fatores de produção mais
escassos e que, portanto, devem ser poupados.
PARA QUEM Dependente do nível da renda pessoal e de sua distribuição,
PRODUZIR? para quem produzir diz respeito à distribuição dos bens/servi-
ços. Em outras palavras, quanto maior a renda de um indivíduo,
maior será seu consumo.
Quadro 5: Problemas básicos de um sistema econômico capitalista
Fonte: Mendes (2004)

Atuantes em diversos mercados, os agentes econômicos são os responsáveis, nas


economias capitalistas, pelas possíveis respostas a esses três questionamentos. As
unidades familiares ou famílias, por exemplo, escolhem que bens/serviços vão
adquirir, bem como o quanto vão poupar. As unidades produtivas ou empresas,
por sua vez, escolhem os bens/serviços que vão produzir e de que modo vão pro-
duzi-los. O setor público ou governo escolhe os projetos/programas que serão
implantados e como os mesmos serão financiados. Por fim, o setor externo ou
resto do mundo decide com quais países a economia em questão manterá rela-
ções comerciais (MOCHÓN, 2007).

CONCEITOS FUNDAMENTAIS EM ECONOMIA


34 - 35

FUNCIONAMENTO DE UM SISTEMA ECONÔMICO CAPITALISTA

As bases de um sistema econômico capitalista podem ser melhor discutidas por


meio de um modelo de economia de mercado que não considere interações com
o setor público ou governo e com o setor externo ou resto do mundo. Observe
que as instituições familiares e produtivas nesse modelo interagem em apenas
dois mercados, sendo eles o mercado de bens e serviços e o mercado de fato-
res de produção (MENDES, 2004).
Nessa direção, as unidades familiares oferecem no mercado de fatores de
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

produção recursos produtivos. As unidades produtivas, por sua vez, oferecem


no mercado de bens e serviços sua produção. Por outro lado, as unidades fami-
liares demandam no mercado de bens e serviços a produção das empresas, ao
passo que as unidades produtivas demandam no mercado de fatores de produ-
ção os recursos produtivos. Essa interação entre agentes econômicos e mercados
é chamada de fluxo real da economia (VASCONCELLOS, GARCIA, 2011).
Entretanto, tal interação só é possível com a presença da moeda, que é
empregada para remunerar as famílias pelo uso dos recursos produtivos, bem
como para o pagamento dos bens e serviços adquiridos. Diante disso, tem-se
um fluxo monetário. A união dos fluxos real e monetário da economia origina o
que chamamos de Fluxo Circular de renda. O Quadro 6 descreve sucintamente
as interações que compõem esse fluxo (VASCONCELLOS; GARCIA, 2011).

MERCADO DE BENS E MERCADO DE FATORES DE


ATIVIDADE
SERVIÇOS PRODUÇÃO
Produtos das empresas Os principais fatores de produção
Fluxo Real para satisfazer as necessi- são: Terra ou Recurso Natural, Mão
dades dos consumidores. de obra ou Trabalho e Capital.
As empresas remuneram as famílias
pelo uso dos fatores, por meio de:
As famílias transferem Salários (trabalho).
Fluxo parte de suas rendas às Dividendos (Capital).
Monetário empresas, ao adquirirem
seus produtos. Juros (Capital).
Lucros (Capital).
Aluguel (T ou RN).

O Sistema Econômico Capitalista (ou Economia de Mercado)


I

MERCADO DE BENS E MERCADO DE FATORES DE


ATIVIDADE
SERVIÇOS PRODUÇÃO
Exercida pelas instituições Exercida pelas instituições
Oferta
produtivas. familiares.
Exercida pelas instituições Exercida pelas instituições
Demanda
familiares. produtivas.
Por meio dos preços dos
Interação Por meio dos preços dos fatores.
produtos.
Quadro 6: Interações entre famílias e empresas nos mercados de bens e serviços e de fatores de produção
Fonte: Mendes (2004, p. 22)

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Destaca-se que, tanto no mercado de bens e serviços quanto no mercado dos fato-
res de produção, visando determinar os preços, as forças da oferta e da demanda
atuam em conjunto. Assim sendo, no mercado de bens e serviços, essa interação
forma os preços dos produtos, ao revés do mercado de fatores de produção, que
forma os preços dos recursos produtivos (VASCONCELLOS; GARCIA, 2011).
Por fim, vale ressaltar que as interações entre famílias e empresas, nesses
mercados, são limitadas pela escassez. Em outras palavras, as famílias, embora
tenham desejos ilimitados, possuem rendas limitadas ao passo que empre-
sas, devido a recursos produtivos finitos, incorrem em restrições de produção
(MENDES, 2004).

DIVISÃO DA CIÊNCIA ECONÔMICA

Devido a fins metodológicos para estudos econômicos, divide-se a ciência eco-


nômica em duas grandes áreas, sendo elas a microeconomia e a macroeconomia.
A microeconomia, segundo Viceconti e Neves (2010, p. 9), “é o ramo da
teoria econômica que estuda o funcionamento do mercado de um determinado
produto ou grupo de produtos”. Em outras palavras, estuda a interação entre
compradores e vendedores em determinados mercados como, por exemplo, no
mercado de produtos alimentícios.
Assim sendo, o estudo da microeconomia está voltado, entre outros, para:

CONCEITOS FUNDAMENTAIS EM ECONOMIA


36 - 37

a) instituições individualizáveis, isoladamente ou em grupos homogêneos; b)


comportamento dos consumidores; c) comportamento das empresas; d) estru-
turas e mecanismos de funcionamento dos mercados; e) funções e imperfeições
dos mercados; f) remuneração paga aos agentes e à repartição funcional da renda
nacional e g) preços que as empresas recebem por suas produções (ROSSETTI,
2008). Nas unidades II e III, serão abordadas as noções básicas que envolvem
essa área da Teoria Econômica.
A macroeconomia por sua vez “é o ramo da teoria econômica que estuda
o funcionamento da economia como um todo, procurando identificar e medir
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

inúmeras variáveis”, tais como: nível de produção total, investimento agregado,


poupança agregada, nível de emprego, nível geral de preços, etc. (VICECONTI;
NEVES, 2010, p. 9).
Dessa forma, o estudo da macroeconomia está voltado, entre outros, para:
a) a economia em seu conjunto; b) o desempenho total da economia, dado as
causas e os mecanismos de correção das flutuações; c) os agregados macroeco-
nômicos, tais como PIB e RN; d) as relações entre macrovariáveis, tais como
investimento e nível de emprego; e) as medidas de tendência central, tais como
taxas de juros e de câmbio; f) as trocas internacionais e g) o crescimento e desen-
volvimento das economias (ROSSETTI, 2008). As noções básicas que envolvem
essa área da teoria econômica serão tratadas nas unidades de número IV e V.

Macroeconomia e microeconomia: a convergência de seus conteúdos.


É evidente que as metas básicas macroeconômicas e microeconômicas são
compatíveis: o máximo de bem-estar para a população como um todo, cuja
realização é o objetivo primordial da política econômica somente pode ser
conseguido com a conjunção da plena utilização com a alocação ótima. São,
assim, convergentes os focos e os conteúdos da macro e da microeconomia.
Fonte: Shapiro (1991 apud ROSSETTI, 2008, p. 72)

Divisão da Ciência Econômica


I

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Para concluir o conteúdo abordado e as discussões propostas nesta unidade,


por meio do saiba mais, reflita e atividade de autoestudo, vamos relembrar aqui,
ainda que brevemente, tudo o que estudamos.
Você se lembra que, num primeiro momento, aprendemos/discutimos sobre
os problemas econômicos que todas as sociedades enfrentam? Pois bem, nesse
contexto, nos concentramos em entender os tradicionais fatores de produção;
as necessidades humanas ilimitadas; a curva de possibilidades de produção; a

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
classificação dos produtos e as atividades de produção ou setores da economia.
Sequencialmente, aprendemos/discutimos o sistema econômico capitalista
ou economia de mercado, mais especificamente, os problemas básicos e o fun-
cionamento de um sistema econômico capitalista.
Por fim, aprendemos/discutimos sobre a divisão da ciência econômica em
duas grandes áreas, sendo elas a Microeconomia e a Macroeconomia, que decorre
de fins metodológicos para estudos econômicos.
Em outras palavras, agora você compreende por que a economia é uma ciên-
cia da escassez; reconhece a contradição existente entre fatores de produção e
necessidades humanas; define economia e suas atividades de produção; analisa
a C.P.P. (curva ou fronteira de possibilidades de produção); entende o conceito
de custo de oportunidade; discute os problemas econômicos fundamentais e
explica o funcionamento de um sistema econômico capitalista.
Em suma, você domina/conhece conceitos fundamentais em economia e está
apto a compreender/analisar, ainda que de modo geral, o mundo/sociedade em
que vivemos principalmente no âmbito dos negócios, cenário onde a economia
se faz presente continuamente.

CONCEITOS FUNDAMENTAIS EM ECONOMIA


38 - 39

1. Por que a economia é uma ciência da escassez ou das escolhas?


2. O que a curva de possibilidades de produção explica?
3. O que é custo de oportunidade? Exemplifique.
4. Explique os três problemas econômicos fundamentais que todas as sociedades
enfrentam.
5. De que modo se constitui o fluxo circular de renda?
MATERIAL COMPLEMENTAR

Introdução à Economia: Princípios de Micro e Macroeconomia


MANKIW, N. Gregory
Editora: Campus
Sinopse: Esta é uma introdução à economia totalmente voltada para
os estudantes da graduação. Com questões e conteúdos atuais, o livro
mostra a relação entre economia, política e atualidade e busca dar ao
estudante uma base sólida de conhecimentos dos principais tópicos
da Economia. O objetivo desse livro é ajudar os estudantes a aprender
as lições fundamentais de economia e mostrar-lhes que essas lições
podem ser aplicadas ao mundo em que vivem.

CONCEITOS FUNDAMENTAIS EM ECONOMIA


Professora Dra. Andréia Moreira da Fonseca Boechat

INTRODUÇÃO À

II
UNIDADE
MICROECONOMIA

Objetivos de Aprendizagem
■ Discutir os fundamentos da teoria do consumidor.
■ Entender a teoria da demanda.
■ Estudar a teoria da oferta.
■ Compreender o equilíbrio de mercado.

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■ Fundamentos da teoria do consumidor
■ Teoria da demanda
■ Teoria da oferta
■ Equilíbrio de mercado
42 - 43

INTRODUÇÃO

Olá, caro(a) acadêmico(a),


Seja bem-vindo(a) à segunda unidade do nosso livro Economia e Sociedade.
Agora que você já conhece alguns conceitos básicos e fundamentais para o enten-
dimento da economia e já sabe que esta ciência tão fantástica é dividia em duas
grandes áreas, microeconomia e macroeconomia, poderemos dar início ao estudo
da primeira grande área, a qual irá fazer uma introdução à microeconomia.
Então, nesta segunda unidade, irei apresentar a você como os agentes eco-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

nômicos família e empresa tomam suas decisões de compra e venda de bens e


serviços e como o preço e quantidade são formados. Para atingir o objetivo prin-
cipal, a unidade está dividida em quatro tópicos.
No primeiro tópico, discutiremos os fundamentos da teoria do consumi-
dor, que mostra como os consumidores escolhem quais são os bens e serviços
que irão demandar e em qual quantidade. Na segunda parte, apresentarei a tão
famosa teoria da demanda, onde definiremos demanda e veremos quais são os
fatores que afetam a demanda, tanto aumentando-a quanto reduzindo-a.
No terceiro tópico, estudaremos o outro lado da relação, ou seja, a lei da
oferta. Aqui será apresentado o lado da empresa e o que faz com que ela aumente
ou reduza a quantidade que ela deseja produzir e vender. E para finalizar a uni-
dade, veremos as curvas de demanda e de oferta atuando conjuntamente. E é
nesta relação que o preço e quantidade que conhecemos são formados.
Bons estudos e um forte abraço,
Prof.ª Dra. Andréia Moreira da Fonseca Boechat

FUNDAMENTOS DA TEORIA DO CONSUMIDOR

Na unidade I, foi apresentado que família e empresa são agentes econômicos e


fazem parte do sistema econômico. Neste tópico, estudaremos apenas as famí-
lias, que são os consumidores e seus comportamentos em relação às decisões

Introdução
II

de consumo. Você saberia me dizer


quais são os fatores que os consu-
midores levam em consideração ao
escolher um determinado conjunto
de bens e serviços?
No geral, os consumidores pos-
suem algumas características na
relação entre a renda disponível e
a escolha por bens e serviços. Você

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
saberia me dizer quais são estas
características? Você, por exemplo,
como escolhe um determinado bem
ou serviço?
As características que a maioria
dos consumidores tem são, segundo
©shutterstock

Mendes (2009):
■ Excluindo a poupança, os consumidores gastam toda sua renda em bens
e serviços.
■ Os consumidores gastam sua renda em mais de um bem ou serviço, ou
seja, possuem cestas de bens, que veremos mais para frente.
■ Como vimos, as necessidades humanas são ilimitadas, por este motivo,
os consumidores raramente estão satisfeitos com a quantidade de pro-
dutos comprados.
■ Os consumidores procuram maximizar1 a satisfação total, dado sua renda
e os preços dos bens.

A partir dessas características, sabemos que as pessoas têm preferência por alguns
bens e serviços em relação a outros, ou seja, os consumidores, também conheci-
dos como famílias, são capazes de colocar as cestas de bens e serviços em ordem,
de acordo com suas preferências. Estas cestas serão compostas por quantidades
somente de dois bens e ou serviços. Essa situação pode ser representada a seguir:

1 Maximizar significa atribuir um valor mais alto possível.

INTRODUÇÃO À MICROECONOMIA
44 - 45

C = (Q1, Q2)

Onde:
C = cesta de bens e serviços
Q1 = quantidade do bem ou serviço 1
Q2 = quantidade do bem ou serviço 2
Mas como essa escolha por determinada cesta de bens e serviços é feita? A esco-
lha que o consumidor faz por determinadas cestas de bens e serviços em relação
a outras é feita à partir de três pressupostos2:
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

■ Mais é melhor do que menos – os consumidores preferem maiores quan-


tidades a menores.
■ A preferência é completa – os consumidores são capazes de comparar
duas ou mais cestas de bens e serviços e escolher a que mais o agrada.
■ A preferência é transitiva – dados três cestas, A, B e C, e comparando duas
cestas por vez, entre A e B, o consumidor prefere a cesta A. Entre B e C, o
consumidor prefere a cesta B. Então, entre A e C, o consumidor irá pre-
ferir a cesta A. Essa situação pode ser vista no esquema abaixo.

A>B
Então, A >C
B>C

Para melhor entender o terceiro pressuposto, vamos pensar no seguinte exem-


plo: José, nosso consumidor, possui três cestas de bens e serviços disponíveis, A,
B e C, dado a sua renda e o preço dos bens, conforme situação abaixo.
Cesta A = (2 canetas, 3 borrachas)
Cesta B= (1 caneta, 2 lápis)
Cesta C = (1 lápis e 2 borrachas)

Entre a cesta A e a cesta B, José prefere a cesta A. Entre a cesta B e a cesta C, ele
escolherá a cesta B. Então, como a A ganhou da B, e a B ganhou da C, se com-
pararmos as cestas A e C, José preferirá a A.

2 Pressuposto é uma hipótese, ou seja, estamos partindo do princípio de alguma coisa.

Fundamentos da Teoria do Consumidor


II

UTILIDADE

Os pressupostos da teoria do consumidor mostram as preferências de um deter-


minado consumidor através de uma função, a chamada função utilidade, que
é definida por Mendes (2009) como sendo o benefício ou satisfação que o con-
sumo de um bem ou serviço poderá gerar a uma pessoa. A função utilidade pode
ser representada como sendo:

U = f (Q1, Q2)

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Onde:
U = utilidade
f = uma representação matemática que significa “em função de que”
Q1 = quantidade do bem 1
Q2 = quantidade do bem 2

Existem dois tipos de utilidade, a total e a marginal. A utilidade total é a satisfa-


ção completa (total) pelo consumo de todas as quantidades consumidas de um
determinado bem ou serviço. A utilidade total é crescente até um certo ponto, o
chamado ponto de saturação, após esse ponto, ela vai decrescendo.
Diferente da utilidade total, a utilidade marginal é a satisfação gerada pelo
consumo de uma unidade a mais de um determinado bem ou serviço. A utili-
dade marginal explica uma das características que foram citadas no início desta
unidade, a que o consumidor não gasta toda a sua renda em um único bem ou
serviço, pois, se formos explicar de forma bem radical, ele enjoa.
Diferente da utilidade total, a utilidade marginal é decrescente, ou seja, reduz
à medida que a pessoa vai consumindo quantidades adicionais de um bem ou
serviço, mantendo os demais constantes.
Para melhor entendimento da diferença entre utilidade total e marginal,
Mendes (2009) apresenta um exemplo que iremos utilizar com algumas altera-
ções. Imagine José, nosso consumidor, no deserto do Saara, morrendo de sede.
Ele encontra um vendedor de água e como está com sede e tem dinheiro com-
prará copos de água. Para o primeiro copo, José está disposto a pagar um valor

INTRODUÇÃO À MICROECONOMIA
46 - 47

muito alto pela água, por exemplo, 70 reais, pois o grau de satisfação que o con-
sumo deste copo trará é muito alto. Já, no segundo, José está disposto a pagar um
valor ainda alto, mas não tão alto quanto pagou pelo primeiro copo, por exem-
plo, 50 reais. E assim sucessivamente, até chegar ao décimo copo, no qual José
não está mais disposto a pagar nada pela água, pois o décimo copo não trará
mais benefícios ao nosso consumidor. E se continuarmos analisando cada pos-
sível copo consumido chegaremos a um valor negativo, ou seja, o consumo, por
exemplo, do décimo primeiro copo gera uma repulsa.
Colocando essa situação na tabela abaixo.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

QUANTIDADE DE COPOS DE ÁGUA UTILIDADE TOTAL UTILIDADE MARGINAL


0 0 -
1 70 70
2 120 50
3 165 45
4 190 25
5 210 20
6 225 15
7 235 10
8 240 5
9 242 2
10 243 1
Tabela 1: Utilidades Total e Marginal do consumo de copos de água por José
Fonte: Mendes (2009)

A Tabela 1 representa as utilidades total e marginal de José ao consumir os


copos de água. Como você vê, o valor que José está disposto a pagar por cada
copo reduz à medida que o consumo aumenta, sendo o primeiro copo 70 reais,
e o décimo copo, apenas um real. Então, você percebeu que a utilidade mar-
ginal foi caindo, ou seja, o grau de satisfação de José por cada copo de água
reduz ao longo do consumo. Já a utilidade total, que é a soma de todas as uti-
lidades, aumentou.
Para melhor visualizar esta situação, vamos representá-la em um gráfico.

Fundamentos da Teoria do Consumidor


II

U Utilidade Total

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Utilidade marginal

Q
Gráfico 2: Representação das curvas de utilidades total e marginal
Fonte: elaborado pela autora

O Gráfico 2 confirmou o que eu vinha afirmando até agora sobre a função utili-
dade: a utilidade total aumenta conforme aumenta a quantidade consumida de
um determinado bem ou serviço, e a utilidade marginal decresce à medida que
aumenta o consumo de um determinado bem ou serviço.

Nada é mais útil do que a água, mas dificilmente, ela nos permitirá comprar
algo escasso... Um diamante, em contraste, em escasso de valor de uso, mas
uma grande quantidade de outros bens, frequentemente, ser trocada por ele.
Smith (1976, apud CARVALHO et al. 2008)

Na prática, essa situação acontece em um rodízio de pizzas ou carnes, por exem-


plo: quando chegamos ao restaurante, estamos com tanta fome que o primeiro
pedaço de pizza gera um grau de satisfação enorme. Porém, conforme vamos
comendo, nossa fome vai acabando, e a satisfação gerada vai reduzindo até chegar

INTRODUÇÃO À MICROECONOMIA
48 - 49

ao ponto em que não queremos mais pizza e


pedimos ao garçom para não oferecer mais
(utilidade marginal negativa).
É importante observar que represen-
tei a utilidade tanto total como marginal,
através de dinheiro, mas apenas para faci-
litar o entendimento. Como a utilidade é a
©shutterstock

satisfação gerada pelo consumo de bem ou


serviço, não é fácil quantificar, pois o grau de satisfação é diferente para cada pessoa.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Então, utilidade não é medida através de números e sim pelo grau de satisfação.

CURVA DE INDIFERENÇA

Outra curva importante que deve ser analisada, antes de estudarmos a teoria da
demanda de fato, é a curva de indiferença, que mostra as cestas que o consumi-
dor considera indiferente, ou seja, as possíveis cestas que o consumidor desejaria
adquirir, de acordo com os pressupostos que estudamos no início da unidade.
Claro que irei apresentar a curva de indiferença de forma simplificada, pois este
é um livro de introdução à economia.
Vamos supor que José consuma refrigerante e pipoca, conforme a sua renda
e o preço destes bens, existem quatro cestas disponíveis.

CESTA QUANTIDADE DE REFRIGERANTES QUANTIDADE DE PIPOCAS


C1 (1,4) 1 4
C2 (2,3) 2 3
C3 (3,2) 3 2
C4 (4,1) 4 1
Tabela 2: Cestas de José compostas por refrigerantes e pipocas
Fonte: elaborada pela autora

A tabela 2 mostra quatro cestas compostas por refrigerantes e pipocas que José
pode adquirir observando a sua renda e o preço dos bens. Representando a tabela
2 em gráfico para melhor visualização:

Fundamentos da Teoria do Consumidor


II

Refrigerantes

4 c1

3 c2

2 c3

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Curva de indiferença
1 c4

0 Pipocas
1 2 3 4

Gráfico 3: Curva de indiferença de José para refrigerantes e pipocas


Fonte: elaborado pela autora

Conforme pode ser visto no Gráfico 3, qualquer cesta sobre a curva de indife-
rença é, como o nome já diz, indiferente para José adquirir. Podemos ver também
que, assim como na curva de utilidade marginal, a curva de indiferença é nega-
tivamente inclinada. O motivo é que, de acordo com os pressupostos da teoria
do consumidor, “mais é melhor do que menos”.

TEORIA DA DEMANDA

Agora vamos começar o estudo da teoria de demanda, pois até este momento
vimos os fundamentos da teoria do consumidor. A teoria da demanda tem como
objetivo tratar das necessidades dos consumidores, ou seja, procura explicar o
comportamento do consumidor ao escolher bens e serviços.
Na unidade I, você viu que qualquer economia procurar responder a quatro
perguntas básicas: O que produzir? Quanto produzir? Para quem produzir? Como

INTRODUÇÃO À MICROECONOMIA
50 - 51

produzir? Destas, as três primeiras são respondidas pela teoria do consumidor.


Mas o que é demanda?
Passos e Nogami (2012) definem demanda como sendo a quantidade de
um determinado bem ou serviço que um consumidor deseja e está capacitado
a comprar, por unidade de tempo. A palavra “deseja” está em destaque porque a
demanda é uma intenção de compra e não a compra efetiva.
Outros três elementos devem ser discutidos sobre a definição de demanda:
a. Só existe demanda se a pessoa puder pagar pelo bem ou serviço. Se não
puder pagar, não há demanda. Então, sonho de consumo que muitas vezes
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

temos não é considerado demanda, pois não podemos pagar por ele.
b. O conceito de demanda está relacionado à ideia de utilidade. Isto mesmo,
aquela utilidade que vimos no tópico 1 desta unidade. Só existirá demanda
se aquele bem ou serviço gerar algum tipo de satisfação para o consumi-
dor. Se não gera satisfação, não há demanda, pois quem irá desejar um
bem ou serviço sem utilidade?
c. A demanda vem sempre acompanhada da unidade tempo, pois a
demanda altera com o tempo. Se a demanda é uma intenção de com-
pra conforme a renda e o preço do bem, com o tempo o preço altera e
a renda também, então, a demanda é alterada. Podemos concluir então
que a demanda é dinâmica!

Agora que você já sabe o conceito de demanda, vamos representá-la grafica-


mente? A curva de demanda é representada, conforme Gráfico 4.

Gráfico 4: Representação da curva de demanda


Fonte: elaborado pela autora

Teoria da Demanda
II

Conforme visto no Gráfico 4, a curva de


demanda (D) é a relação entre preço (P) e quan-
tidade (Q) e é negativamente inclinada. Você
sabe me responder por que a curva de demanda é nega-
tivamente inclinada?
A curva de demanda é negativamente inclinada
porque conforme o preço aumenta, a quantidade que

©shutterstock
os consumidores estão dispostos a adquirir reduz,
pois se o preço aumentar os consumidores irão subs-

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
tituir o consumo de um bem pelo seu substituto. Esse
efeito é chamado de efeito substituição.
Outro motivo que faz com que a curva de
demanda seja negativamente inclinada é o cha-
mado efeito renda, que nos diz que, ao aumentar
a renda, o consumidor irá demandar quantidades
maiores de um determinado bem.
Então, a utilidade marginal que estudamos explica que a curva de demanda é
negativamente inclinada, pois, conforme o preço altera, a quantidade demandada
altera também (efeito substituição), e alterações na renda alteram a quantidade
demandada (efeito renda).
Para facilitar a explicação acima, vou mostrar um exemplo. José, nosso con-
sumidor, deseja ir ao cinema ver os filmes que acabaram de ser lançados. Nesse
exemplo, cinema é nosso bem. Dependendo do preço do ingresso, José está dis-
posto a ir mais de uma vez ao mês ao cinema, conforme Tabela 3.

PREÇO DO INGRESSO QUANTIDADES DE IDA AO CINEMA


15 1
12 2
10 3
7 4
5 5
Tabela 3: Demanda por ingressos para cinema de José
Fonte: elaborada pela autora

INTRODUÇÃO À MICROECONOMIA
52 - 53

Analisando a tabela 3 e a representando graficamente, podemos ver que, con-


forme o preço do ingresso para o cinema se reduz, a quantidade demandada, ou
seja, a quantidade de vezes que José está disposto a ir ao cinema aumenta, o que
faz com que a curva de demanda seja negativamente inclinada.

15

12
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

10

Q
0 1 2 3 4 5

Gráfico 5: Representação da curva de demanda de José para ingressos de cinema.


Fonte: elaborado pela autora

Claro que o gráfico representa a curva de demanda de apenas um consumidor,


mas também temos a curva de demanda de mercado, que é a soma das curvas
de demanda individuais de um determinado bem que está sendo vendido a um
determinado preço. Independente de ser curva de demanda individual ou de mer-
cado, ela será sempre negativamente inclinada, pelos motivos que já explicamos.

FATORES QUE AFETAM A CURVA DE DEMANDA

Após entender o conceito de demanda e o que de fato significa para a ciência eco-
nômica, vou apresentar a você alguns fatores que afetam a curva de demanda, tanto
positiva quanto negativamente, ou seja, fatores que fazem com que a demanda
aumente ou diminua e um fator que determina a demanda.
O fator que determina a demanda é o preço do bem ou serviço em questão.
Neste caso, como discutimos até agora, um aumento do preço faz com que a
quantidade que os consumidores estão dispostos a consumir reduza e vice-versa.

Teoria da Demanda
II

Assim, não há um deslocamento da curva de demanda, apenas os pontos sobre


a curva que deslocam, nós chamamos isso de alteração na quantidade deman-
dada e não alteração na demanda.
Já os fatores que a afetam, e portanto deslocam a curva de demanda para
a direita ou para a esquerda, são diversos e irei apresentar a você alguns deles.
a. Renda.
b. Preço dos bens complementares.
c. Preço dos bens substitutos.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
d. Propaganda.
e. Expectativa sobre o futuro.
f. Fatores Climáticos.
g. Hábitos/costumes.
h. Entre outros.
Vamos ver cada um deles?

a) Renda
A renda é um dos principais fatores que afetam a curva de demanda. Então, de
acordo com a renda, os consumidores irão escolher qual das cestas de produtos
disponíveis irá demandar. A partir da variação da renda e do impacto que esta
variação causa na quantidade demandada, os bens podem ser classificados em:
■ Normal – quando há um aumento de renda, a quantidade demanda do
bem ou serviço aumenta. A maioria dos bens são normais, pois quando
a pessoa tem um aumento de renda, ela passa a demandar mais daquele
bem. Neste caso, a curva de demanda se desloca para a direita, ou seja,
para cima.
■ Inferior – quando há aumento da renda, a pessoa passa a consumir menos
daquele bem. Por exemplo, se José, nosso consumidor, tiver um aumento
de salário, ele passará a consumir mais carne de primeira. Nesse caso, a
curva de demanda para carne de segunda se desloca para a esquerda, ou
seja, para baixo.

INTRODUÇÃO À MICROECONOMIA
54 - 55

■ Consumo saciado – independe da renda, a quantidade de demanda será


a mesma, ou seja, mesmo que José passe a receber um salário maior ou o
preço do bem reduza, ele não irá demandar mais ou menos quantidades,
por exemplo, de sal. Nesse caso, a curva de demanda não se desloca, pois
não há aumento ou redução da demanda.

b) Preço dos bens complementares


Bens complementares são os bens que são consumidos juntos como, café e açú-
car, arroz e feijão, pão e manteiga etc. Então, se o preço de um bem aumentar
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

(café), a quantidade demandada de café e do seu complementar, que é o açúcar,


reduzirá, deslocando a curva de demanda para a esquerda.

c) Preço dos bens substitutos


Bens substitutos são aqueles bens que têm, praticamente, as mesmas caracte-
rísticas e por esse motivo podem ser substituído um pelo outro. Por exemplo,
bolo de chocolate e bolo de coco; manteiga e margarina; pão francês e pão de
forma, entre outros.
Como são bens que podem ser substituídos, quando o preço de um aumentar,
por exemplo, da manteiga, a quantidade demandada de manteiga cairá e a quan-
tidade demandada do seu substituto, no caso, da margarina, aumentará. Neste
caso, a curva de demanda de manteiga se desloca para a esquerda, ou seja, para
baixo e a curva de demanda de margarina se desloca para a direita.

d) Propaganda/Marketing
A propaganda/marketing cria uma necessidade de consumo. Então, é um instru-
mento muito utilizado para aumentar a quantidade demanda de determinados
bens e serviços, deslocando a curva de demanda para a direita.

e) Expectativa sobre o futuro


Outro fator que afeta a curva de demanda é a expectativa que o consumidor tem
em relação ao futuro. Se José acredita que receberá um aumento daqui a noventa
dias, a demanda dele aumentará hoje, caso contrário, se ele está em aviso pré-
vio, a demanda dele reduzirá.

Teoria da Demanda
II

IMPORTÂNCIA DO MARKETING NA ECONOMIA


A economia está diretamente ligada ao marketing e, cada vez mais, esta li-
gação será mais forte, pois a movimentação financeira é consequência do
consumismo, que ganha força através do marketing e da propaganda.
Para ler a reportagem na íntegra, acesse: <http://www.agencianoticias.com.
br/2012/03/01/importancia-do-marketing-na-economia/>.

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f) Fatores Climáticos
O clima é outro fator que afeta a curva de demanda. No inverno, a demanda
por biquínis reduz, enquanto a demanda por calças aumenta. Outro exemplo,
a demanda de aquecedor na região Norte do Brasil é quase nula, pois não tem
clima para utilizar esse tipo de aparelho, enquanto a demanda por ar condicio-
nado na Noruega é baixa.

g) Hábitos/costumes
A demanda de alguns bens varia conforme o hábito e costume da região. Por
exemplo, na Índia a vaca é sagrada, então a demanda por carne bovina é quase
nula, enquanto no Brasil é alta.

h) Entre outros
Citei alguns fatores que afetam a curva de demanda, mas temos diversos outros.
É importante lembrar que qualquer fator que aumente a demanda deslocará a
curva de demanda para a direita, conforme Gráfico 6. Em compensação, qual-
quer fator que reduz a demanda desloca a curva de demanda para a esquerda,
conforme Gráfico 7.
O Gráfico 6 mostra o deslocamento da curva de demanda para direita, ou
seja, quando algum dos fatores que estudados acima aumenta a demanda, por
exemplo, aumento da renda, aumento do preço do bem substituto etc.
O Gráfico 7 mostra o deslocamento da curva de demanda para esquerda,
ou seja, quando alguns dos fatores que estudados acima reduz a demanda, por
exemplo, redução da renda, redução do preço do bem complementar, etc.

INTRODUÇÃO À MICROECONOMIA
56 - 57

P
P


D
D

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Q Q
Gráfico 6: Deslocamento da curva de Gráfico 7: Deslocamento da curva de demanda
demanda para a direita para a esquerda
Fonte: elaborado pela autora Fonte: elaborado pela autora

Não podemos deixar de observar que, quando falamos em uma alteração na


quantidade demandada em função de uma variação no preço do próprio bem,
a curva de demanda não se desloca, alterando apenas os pontos sobre a curva.

ELASTICIDADES

Outro conceito muito importante no estudo da teoria do consumidor é a elas-


ticidade, que pode ser definida, segundo Mendes (2009), como uma medida
de resposta que compara a mudança percentual de uma variável devido a uma
mudança percentual em outra variável, em outras palavras, sabemos, por exem-
plo, que a redução do preço de um bem aumenta a demanda deste bem, mas
não sabemos em exatamente quanto. E é esse impacto que a elasticidade mostra.
Existem três tipos de elasticidades:

a) Elasticidade preço
A elasticidade preço mostra o impacto da variação do preço na quantidade
demanda de um determinado bem ou serviço. Neste caso, os bens ou serviços
podem ser classificados em:

Teoria da Demanda
II

i. Elásticos, quando a elasticidade preço for maior do que 1.


Isto significa que conforme o preço aumenta, a quantidade de demanda
reduz. Por exemplo, se o preço aumentou em 1%, a quantidade deman-
dada reduzirá em mais do que 1%.
Em geral, bens não muito essenciais são elásticos, como lazer e vestuário.
ii. Inelásticos, quando a elasticidade preço for menor do que 1.
Isto significa que conforme o preço aumenta, a quantidade demandada
não reduz de forma significativa, permanecendo mais ou menos cons-
tante. Por exemplo, se o preço aumentar em 1%, a quantidade demandada

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
reduz em menos do que 1%.
Em geral, os bens mais essenciais são inelásticos, como combustível e
alimentos.
iii. Elasticidade unitária, quando a
elasticidade preço for igual a 1.
Isto significa que um aumento no
preço reduz a quantidade deman-
dada na mesma proporção, ou
seja, um aumento de 1% no preço
acarreta uma redução de 1% na
quantidade demandanda. Um
exemplo é o sal. ©shutterstock

Alguns fatores fazem com que o bem ou serviços sejam mais elásticos do
que outros. Podemos citar, de acordo com Mendes (2008):
■ Grau de essencialidade do produto.
Quanto mais essencial ou necessário for o bem, mais inelástico ele será
como, por exemplo, a água. Mesmo que o preço aumente, não tem
como substitui a água tão facilmente, então, a quantidade de demanda
não alterará.
■ Disponibilidade de produtos substitutos para o bem considerado.
Quanto maior for o número de bens substitutos para o produto em
questão, mais elástico ele será. Por exemplo, refrigerantes. Caso o preço
do refrigerante aumente, podemos substituí-lo por suco, água, outra
marca de refrigerante.
■ Número de utilizações que se pode dar ao produto.
Quanto maior for o uso do produto, maior será a elasticidade. Por

INTRODUÇÃO À MICROECONOMIA
58 - 59

exemplo, a soja. Se o preço do óleo de


soja varia, a soja poderá ser utilizada
para outros fins, como farelo.
■ Proporção da renda gasta com produtos
Quanto maior for a renda proporcional
gasta com um produto, mais elástico ele
será. Por exemplo, se o preço de uma

©shutterstock
televisão aumenta, a demanda redu-
zirá mais do que se o preço do açúcar
aumentar, mantendo a renda constante.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

b) Elasticidade preço cruzada


A elasticidade preço cruzada mede o impacto da variação do preço de um bem
na quantidade de demanda do outro bem. Neste caso, os bens podem ser subs-
titutos ou complementares.
Se após o cálculo da elasticidade preço cruzada, o valor for positivo, os bens
ou serviços analisados são substitutos. Se for negativo, os bens ou serviços são
complementares.

c) Elasticidade renda
A elasticidade renda mede o impacto da variação da renda na quantidade deman-
dada de um determinado bem. Como já estudados, se a renda aumenta e a
quantidade demandada também aumenta, o bem é normal e neste caso, o coefi-
ciente será positivo. Caso contrário, o bem é inferior, e o resultado da elasticidade
renda é negativo.

TEORIA DA OFERTA

No início da segunda unidade, na teoria da demanda, estudamos o lado do consu-


midor na teoria da demanda, agora iremos analisar o outro lado, o do produtor, em
outras palavras, a oferta. Então, a teoria da oferta analisa os principais aspectos rela-
cionados à oferta de mercado, ou melhor, estuda o comportamento das empresas.

Teoria da Oferta
II

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
©shutterstock

Sintetizando, a teoria da oferta estuda a resposta do produtor aos incentivos de


mercado, incentivos esses relacionados à quantidade demandada, custos, incen-
tivos governamentais, disponibilidade de fatores de produção etc.
Mas, então, o que é oferta? A oferta pode ser definida, segundo Passos e
Nogami (2012), como a quantidade de um bem ou serviço que uma determi-
nada empresa deseja vender, por unidade de tempo. Mais uma vez, a palavra
“deseja” está em negrito, isto porque, dependendo do preço do bem, as empre-
sas têm um incentivo para aumentar a produção, mas não significa que de fato
aumentem, pois aumentar a produção depende de outros fatores e não somente do
preço que a empresa deseja vender
P
seu produto, até porque nem sem-
pre o preço desejado é o preço pelo
qual o produto é vendido de fato.
Outra observação se dá em rela- O
ção à “unidade de tempo”. Vimos na
teoria da demanda que esta se altera
com o tempo. A oferta tem o mesmo
funcionamento, com o tempo, ela
poderá ser alterada.
Q
E como a curva de oferta é
representada? A curva de oferta é
Gráfico 8: Representação da curva de oferta
representada conforme Gráfico 8. Fonte: elaborado pela autora

INTRODUÇÃO À MICROECONOMIA
60 - 61

Você percebeu que o formato da curva de oferta é oposto da curva de


demanda, já que a curva de oferta é positivamente inclinada! Vamos ver o motivo?
Imagine uma empresa que venda sanduíches congelados e que tem a
seguinte oferta:

PREÇO POR SANDUÍCHE QUANTIDADE OFERTADA (MILHÕES DE SANDUÍCHES)


5 18
4 16
3 12
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

2 7
1 0
Tabela 4: Oferta de uma empresa hipotética de títulos de capitalização
Fonte: elaborada pela autora

Pela tabela 4, você percebeu que, conforme o preço do sanduíche congelado reduz,
a quantidade que a empresa deseja vender diminuiu também, fazendo com que
a curva seja positivamente inclinada. Transformando a tabela 4 em um gráfico:

4 O

Q
0 7 12 16 18

Gráfico 9: Representação da curva de oferta para empresa hipotética de sanduíches congelados.


Fonte: elaborado pela autora

O gráfico 9 confirmou o que a tabela 4 mostrou, conforme o preço do sanduíche


congelado reduziu, a quantidade que a empresa deseja vender também diminuiu,

Teoria da Oferta
II

chegando ao ponto que a R$1,00 a empresa não está


disposta a vender nenhum sanduíche
Qual a explicação para que, ao preço de R$
1,00 a empresa não esteja disposta a ven-
der o produto?
A preços muito baixos, as empresas não
têm incentivo para aumentar sua produção
e poderão ofertar outro tipo de produto, no
caso, outro tipo de lanche congelado, como

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
um cachorro-quente que tenha um preço ©Shutterstock

de mercado mais alto.

FATORES QUE AFETAM A CURVA DE OFERTA

Agora que você conhece o conceito de oferta, vou apresentar alguns fatores que
afetam positiva e negativamente a curva de oferta. Assim como na demanda,
o preço do bem ou serviço afeta a curva de oferta, mas não a desloca. Quanto
maior for o preço, maior será a quantidade ofertada. Caso contrário, se o preço
diminuiu, a quantidade ofertada também diminuiu.
Já os fatores que afetam e deslocam a curva de oferta, segundo Mendes
(2009), são:

a) Preço dos insumos


Um aumento no preço dos insumos aumenta os custos da empresa e podem
reduzir a produção, pois caso não seja repassado ao preço final, a empresa terá
menos lucro, deslocando a curva de oferta para a esquerda.

b) Tecnologia
A tecnologia é uma ótima forma de aumentar a produção, utilizando a mesma
quantidade de fatores de produção, assim, reduzindo os custos e aumentando a
oferta, deslocando a curva de oferta para a direita.

INTRODUÇÃO À MICROECONOMIA
62 - 63

c) Preço dos produtos competitivos


Quando falamos em produtos competitivos nos referimos a produtos alter-
nativos do processo de produção, ou seja, são produtos que utilizam mais ou
menos o mesmo processo produtivo. Neste caso, a empresa escolherá pro-
duzir e vender aquele produto
que tem um preço de mercado
mais alto. Essa foi a situação no
nosso exemplo da empresa hipo-
tética de sanduíches congelados,
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

no qual ao preço de R$1,00 a


empresa optaria em oferta outro
tipo de sanduíche.
Além dos fatores citados
acima, ainda temos: ©shutterstock

d) Políticas do governo
Dependendo da política pública do governo, a empresa tem incentivo para
aumentar ou reduzir a produção. Por exemplo, subsídio3 é um incentivo para
as empresas aumentarem a produção. Os subsídios acontecem principalmente
no setor agropecuário.

e) Influências especiais
As influências especiais, como
uma condição meteorológica,
afeta alguns setores, e fazem com
que as empresas aumentam ou
reduzem a produção. Por exemplo,
uma chuva causa uma redução na
produção dos agricultores, redu-
©shutterstock

zindo a oferta.

3 Subsídio é um tipo de imposto negativo, onde a governo paga uma parte dos custos de produção para os produtores
aumentarem ou passarem a produzir aquele produto que o governo quer desenvolver o setor.

Teoria da Oferta
II

Como vimos, alguns fatores afetam a deslocam e curva de oferta para a direita
ou para a esquerda. Qualquer fator que reduza custos, é um incentivo para a
empresa aumentar a produção, deslocando a curva de oferta para a direita, essa
situação pode ser vista no Gráfico 10.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Gráfico 10: Deslocamento da curva de oferta para a direita.


Fonte: elaborado pela autora

Agora qualquer fator que aumente o custo, ou que reduza o lucro, é um incen-
tivo para a empresa reduzir a produção, deslocando a curva de oferta para a
esquerda, conforme Gráfico 11.

Gráfico 11: Deslocamento da curva de oferta para a esquerda


Fonte: elaborado pela autora

INTRODUÇÃO À MICROECONOMIA
64 - 65

Não posso deixar de observar que, quando falamos em uma alteração na quan-
tidade ofertada, em função de uma variação no preço do próprio bem, a curva
de oferta, assim como a curva de demanda, não se desloca, alterando apenas os
pontos sobre a curva, do mesmo que a curva de demanda.

ELASTICIDADE PREÇO DA OFERTA

Como vimos no subtópico acima, o produto responde a alterações no preço e


Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

esta resposta pode ser medida através da elasticidade-preço da oferta. Então,


Mendes (2009) define elasticidade-preço da oferta como mudança percentual
na quantidade ofertada de um bem ou serviço em resposta a uma variação no
preço, mantendo os demais fatores constantes.
Assim como na demanda, a elasticidade-preço da oferta pode ser de três tipos:
■ Elástica
Uma oferta é elástica quando o coeficiente é maior do que 1. Então, um
aumento nos preços em 1% faz com que a quantidade ofertada aumente
mais do que 1%.
■ Inelástica
Uma oferta é inelástica quando o coeficiente é menor do que 1. Então, um
aumento nos preços em 1% faz com que a quantidade ofertada aumente
menos do que 1%.
■ Elasticidade Unitária
Uma oferta tem elasticidade unitária quando o coeficiente é igual a 1.
Então, um aumento nos preços em 1% faz com que a quantidade ofer-
tada aumente exatamente 1%.

Teoria da Oferta
II

EQUILÍBRIO DE MERCADO

Até aqui, estudamos o comportamento dos consumidores e das empresas sepa-


radamente, mas sabemos que no mundo real, a oferta e a demanda atuam
conjuntamente, e o preço e a quantidade que são vendidas no mercado se dá
quando as duas curvas (oferta e demanda) se interceptam.
Agora irei apresentar a você o equilíbrio em mercados competitivos, ou seja,
mercados que são formados por um grande número de compradores e vendedo-
res. Observei que o equilíbrio discutido aqui ocorre em mercados competitivos,

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
pois temos outros mercados, como os poucos competitivos e os sem competi-
ção, no qual o equilíbrio se dá em outro ponto, ou seja, funciona de outra forma
a relação entre demanda e oferta, sendo o preço formado em um ponto mais
alto, mas isto será visto na Unidade III no nosso livro.
O equilíbrio em mercados competitivos pode ser visto no Gráfico 12 a seguir.


E

Q

Gráfico 12: Equilíbrio em um mercado competitivo


Fonte: elaborado pela autora

Analisando o Gráfico 12, podemos perceber que o ponto onde as curvas de oferta
(O) e demanda (D) se encontram é o ponto de equilíbrio (E), e este ponto mostra
o preço e quantidade negociadas no mercado, P’ e Q’ respectivamente. Qualquer
preço acima de P’, significa que haverá mais oferta do que demanda, ou seja, tere-
mos um excesso de oferta e, pela lei da oferta e da demanda, oferta maior que

INTRODUÇÃO À MICROECONOMIA
66 - 67

demanda faz com que o preço abaixe. Então, pontos acima de P’ fazem com que
sobrem produtos no mercado e o preço automaticamente reduzirá.
Agora, temos o caso contrário também, qualquer ponto abaixo de P’, significa
que teremos um excesso de demanda, ou seja, mais pessoas desejando adqui-
rir o bem ou serviço do que empresas dispostas de vender. Nesse caso, o preço
aumentará, de modo a chegar o ponto E, que é o ponto de equilíbrio.
Todos os fatores que estudamos nos tópicos anteriores e que afetam as cur-
vas de demanda, como renda, preço dos produtos complementares e substitutos,
expectativa sobre o futuro, entre outros e todos os fatores que vimos que afetam
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

a curva de oferta como, tecnologia, preço dos produtos relacionados, interferên-


cia governamental etc. afetam o ponto de equilíbrio.
O governo também pode afetar o ponto de equilíbrio, através de:

A) FIXAÇÃO DE PREÇOS MÍNIMOS

Acontece quando o governo fixa o preço mínimo que seria vendido no mercado.
Esse instrumento tem como objetivo beneficiar o produtor, de forma a garantir
um nível de preço superior ao preço de equilíbrio. Um exemplo seria o mercado

PREÇO MÍNIMO DA CARNE SUÍNA SERÁ APROVADO NESTE ANO.


Ainda em 2013, um programa para fixação do preço mínimo da carne suí-
na deve ser aprovado no Brasil. De acordo com o Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento (MAPA), a política de garantia de preços mínimos
para a carne suína deve estar no mesmo modelo do preço mínimo da laran-
ja, que foi aprovado a pouco tempo. A Associação Brasileira dos Criadores
de Suínos se pronunciou sobre o programa e disse que a medida é funda-
mental para o crescimento do setor.
Resumo do texto extraído de <http://www.portaldoagronegocio.com.br/
noticia/preco-minimo-da-carne-suina-sera-aprovado-neste-ano-diz-neri-
geller-100195>. Acesso em: 17 nov. 2013

Equilíbrio de Mercado
II

de trabalho, através de fixação do salário mínimo. Outro mercado que participa


dessa política é o mercado agrícola, no qual o governo se compromete a adqui-
rir a produção caso o preço de mercado esteja abaixo do preço fixado.

B) FIXAÇÃO DE PREÇOS MÁXIMOS

Acontece quando o preço vendido no mercado está muito alto e o governo, com
o objetivo de defender o consumidor, estabelece um preço máximo que as empre-

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
sas podem vender seus produtos. O preço máximo será sempre menor do que
o preço de equilíbrio, ou seja, abaixo de P’.

C) SUBSÍDIOS

Neste caso, o governo, com o objetivo muitas vezes de desenvolver determina-


dos setores, paga uma parte dos custos produtivos da empresa, que terá incentivo
para aumentar a quantidade ofertada e ou reduzir preço. Com subsídio o preço
fica abaixo de P1.

D) CONGELAMENTO E TABELAMENTO DE PREÇOS

Muito utilizado na década de 1980 e no início da década de 1990 para comba-


ter a inflação. O governo congela preços e ou salários, de forma a definir o P’.

INTRODUÇÃO À MICROECONOMIA
68 - 69

CONSIDERAÇÔES FINAIS

Estamos terminando a nossa segunda unidade do livro Economia e Sociedade.


Nesta unidade, você aprendeu um pouco sobre os fundamentos da teoria do con-
sumidor e a teoria da demanda, que procuram explicar os motivos que fazem
com que os consumidores, ou melhor, as famílias demandem/procurem por
determinados bens e serviços ao invés de outros.
Depois, estudamos o outro lado da relação, que é o lado da oferta, ou seja, o
lado da empresa. Vimos os motivos que incentivam as empresas a aumentarem
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

sua produção e, portanto, a oferta. Após entender demanda e oferta, você viu
que os objetivos do produtor e do consumidor são totalmente diferentes, diria,
opostos. Enquanto o consumidor deseja adquirir bens e serviços em quantidade
grande, a preços baixos e por que não dizer, com excelente qualidade, as empre-
sas desejam obter lucro e, por isto, desejam vender seus produtos a um preço
mais alto possível.
Mas sabemos que na “vida real” nem somente a vontade do consumidor é
satisfeita nem somente a da empresa, e sim existe um acordo não formal entre
consumidores e empresas para formar o preço e a quantidade dos bens e servi-
ços que serão negociados. Essa situação chamamos de equilíbrio de mercado,
equilíbrio este que é alterado a toda hora por diversos fatores que foram expli-
cados ao longo da unidade.
Então, a partir de agora você, de fato, é capaz de explicar a tão famosa lei da
economia, que é a lei da oferta e da demanda e como esta lei afeta nossas vidas,
desde quando nascemos até ao final de nossas vidas. A lei da oferta e da demanda
é importante também para o estudo de outras áreas da economia, como a macro-
economia, que você estudará nas unidades IV e V do nosso livro.
Espero que esta segunda unidade tenha sido proveitosa e que você tenha se
encantando ainda mais com esta fantástica ciência, que é e economia.
Um forte abraço!

Prof.ª Dra. Andréia Moreira da Fonseca Boechat

Consideraçôes Finais
1. Explique os pressupostos da teoria do consumidor.
2. Discuta, com suas palavras, o conceito de utilidade marginal e sua importância
para o estudo da economia.
3. Faça o gráfico da curva de demanda e explique três fatores que fazem com que
a curva de demanda se desloque.
4. O que significa dizer que a elasticidade preço da oferta é maior do que 1.
5. Explique, com suas palavras, duas formas que o governo tem para alterar o pon-
to de equilíbrio de mercado.
70 - 71

MATERIAL COMPLEMENTAR

Microeconomia
Robert S. Pindyck e Daniel L. Rubinfeld
Editora: Saraiva
Sinopse: Para quem quiser se aprofundar ainda mais nos conhecimentos
sobre microeconomia, sugiro este livro, que é um clássico e muito
utilizado em economia.

Roger e Eu
Diretor: Michael Moore
Ano: 1989
Sinopse: Um documentário muito interessante que mostra o impacto
do desemprego na relação entre oferta e demanda de toda uma
comunidade é o filme Roger e Eu. Este é um documentário sobre o
fechamento de 11 fábricas da GM, em Flit, no estado do Michigan, nos
EUA, da década de 1980, o que gerou 30 mil desempregos e afetou a
vida econômica da cidade.

Material Complementar
II






























INTRODUÇÃO À MICROECONOMIA
Professora Dra. Andréia Moreira da Fonseca Boechat

III
UNIDADE
ESTRUTURAS DE MERCADO

Objetivos de Aprendizagem
■ Definir mercado.
■ Apresentar as quatro principais estruturas de mercado.
■ Discutir as práticas ilegais que prejudicam a competição.
■ Estudar a política antitruste brasileira.

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■ Definição de mercado
■ Concorrência perfeita
■ Monopólio
■ Concorrência monopolística
■ Oligopólio
■ Práticas ilegais contra a competição
■ Política antitruste
74 - 75

INTRODUÇÃO

Na unidade II, vimos a teoria da demanda e a teoria da oferta separadas e depois,


ao final da unidade, discutimos o equilíbrio de mercado, ou seja, como a demanda
e a oferta atuam juntas. Porém, analisamos esta relação apenas em mercados
competitivos. Agora, vamos analisar a relação entre demanda e oferta dentro
das estruturas de mercado, que engloba as características que influenciam no
tipo de concorrência e na formação de preço.
As características citadas são o grau de concentração, ou seja, o tamanho
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

do mercado (número de vendedores e compradores); o grau de diferenciação


dos produtos (os produtos podem ser considerados homogêneos ou diferencia-
dos); e as barreiras à entrada (grau de dificuldade que uma nova empresa tem
em fazer parte no mercado em questão).
Com base nestas características, os mercados podem ser classificados em
competitivos (concorrência perfeita e concorrência monopolística), pouco com-
petitivo (oligopólio) e sem competição (monopólio).
Para atingir o objetivo, inicialmente, definiremos mercado, que é fundamen-
tal para entender as estruturas de mercado e suas características. Em seguida,
discutiremos quatro das principais estruturas de mercado, que são concorrên-
cia perfeita, monopólio, oligopólio e concorrência monopolística. Sendo as duas
primeiras situações extremas, e as demais situações intermediárias.
Para finalizar a unidade, serão apresentadas algumas práticas empresariais
consideradas ilegais pela legislação brasileira, como cartel, venda casada, fixação
de preço de revenda e preços predatórios e, por último, falarei um pouco sobre
a lei antitruste, que tem como objetivo principal assegurar a livre competição,
que é fundamental para garantir o bem-estar do consumidor.
Vamos conhecer cada uma dessas estruturas de mercado?
Bons estudos!

Introdução
III

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
©shutterstock

OS MERCADOS

Com a interação entre oferta e demanda, três pressupostos1 precisam ser leva-
dos em consideração, que são:
a. Livre mercado
Por livre mercado entendemos que o mercado não sofre nenhuma influ-
ência externa como, uma política governamental, em outras palavras, as
forças de oferta e demanda atuam livremente.
b. Maximização de lucro por parte da empresa
Esse segundo pressuposto significa que as empresas desejam sempre obter
lucro. Porém, nem sempre é verdade. Muitas empresas, dependendo da sua
estratégia naquele momento, possuem outros objetivos, como aumentar
sua participação no mercado, aumentar a produção ou apenas sobrevi-
ver, como no caso de algums empresas familiares.
c. Maximização da satisfação por parte do consumidor
O terceiro pressuposto está ligado diretamente ao consumidor, ou seja,
a demanda. Esse pressuposto parte do princípio de que os consumido-
res, ou como vimos na unidade I, as famílias, maximizam sua satisfação

1 Pressuposto pode ser entendido como algo que estamos partindo do princípio de algo.

ESTRUTURAS DE MERCADO
76 - 77

através da compra de diversos produtos, e a escolha dos bens e serviços é


feita através do preço e da qualidade. Então, a satisfação acontece quando
o consumidor adquire bens e serviços de qualidade alta a preços baixos.

Tendo como base as suposições anteriores, podemos definir mercado. Mercado


pode ser entendido como um espaço, físico ou virtual, no qual as decisões dos
compradores afetam diretamente as decisões dos vendedores e vice-versa. Nesse
sentido, Mendes (2009) define mercado como um “arranjo” que aproxima com-
pradores e vendedores e onde há troca de bens e serviços por moeda (dinheiro).
Então, mercado possui duas características principais: processo de troca e
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

formação de preços, em outras palavras, é no mercado que os preços dos bens


e serviços são formados e onde estes bens e ser-
viços são trocados por dinheiro.
Os limites do mercado são defini-
dos, segundo Mendes (2009), pelo
grau de interdependência entre com-
pradores e vendedores, em outras

©shutterstock
palavras, o tamanho do mercado
depende do ponto onde as deci-
sões dos compradores afetem as
decisões dos vendedores, con-
forme já discutimos anteriormente.
A partir dessa interdependência, os
mercados podem ser:
a. Geográfico
O mercado geográfico nos dá a ideia de lugar. Então, quando estamos
analisando o mercado geográfico, estamos analisando o espaço no qual
os vendedores e compradores se relacionam, por exemplo, o mercado
brasileiro. O mercado geográfico é divido em:
- Local: pode ser um bairro ou uma cidade.
- Regional : está relacionada à ideia de região, por exemplo, região Sul
do Brasil.
- Nacional: no nosso caso, o mercado nacional é o Brasil.
- Internacional: mercado internacional é o mundo, por exemplo, a abran-

Os Mercados
III

gência das lojas virtuais. Nós podemos acessar a internet neste momento
e comprar um livro de uma livraria americana, por exemplo.
b. Produto
O mercado produto está relacionado à forma. Então, quando analisamos
o mercado produto, estamos analisando um determinado bem ou ser-
viço, por exemplo, computadores, soja, entre outros.
c. Temporal
O último mercado é o temporal, e está relacionado a ideia de tempo. Esse
é um mercado que, ao ser feita a análise, deve ser acompanhado de um

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
produto ou uma região. Como exemplo de mercado temporal podemos
citar bens e serviços em dezembro ou na Páscoa.

É importante observar que a escolha do mercado depende da análise a ser feita. Para
uma análise mais completa, é interessante delimitar muito bem o mercado, tanto geo-
gráfico quanto produto e temporal. Por exemplo, podemos analisar o mercado de
panetones, em dezembro, em São Paulo. No caso do exemplo citado, panetones é o
mercado produto, dezembro é o mercado temporal e São Paulo é o mercado geográfico.
Esse foi apenas um exemplo, outro pode ser o mercado de soja no primeiro
semestre do ano de 2013 na região Centro-Oeste brasileira. Nesse caso, soja é
o mercado produto, primeiro semestre de 2013 é o mercado temporal e região
Centro-Oeste é o mercado geográfico.
A partir dos exemplos citados, você percebeu como é importante delimitar
muito bem o mercado, pois é uma forma de verificar, exatamente, o limite onde
as decisões dos vendedores e dos compradores afetam umas as outras e também
verificar os concorrentes. Além disto, é importante para o governo criar políticas
públicas, como a política antitruste que veremos no último tópico desta unidade,
para assegurar a competição e ou regular mercados.

ESTRUTURAS DE MERCADO

A interação entre oferta e demanda acontece no mercado (este mesmo que estu-
damos no tópico Equilíbrio de Mercado) e forma o preço. Essa interação muda
para cada estrutura de mercado. Então, Mendes (2009) define estrutura de

ESTRUTURAS DE MERCADO
78 - 79

mercado como sendo: “Estrutura de mercado se refere às características organi-


zacionais de um mercado, ou seja: grau de concentração, grau de diferenciação
do produto, grau de dificuldade ou barreira à entrada” (MENDES, 2009, p. 103).
Como você viu, a estrutura de mercado engloba três características. Vamos
entender cada uma delas?

a) Grau de concentração
É o tamanho do mercado, em outras palavras, número de vendedores e compra-
dores que fazem parte daquele mercado. Dependendo da quantidade de empresas
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

e consumidores, dizemos que o mercado é concentrado ou competitivo. Uma


forma de medir é através dos índices de mercado.
Quando as quatro maiores empresas que fazem parte deste mercado detêm,
pelo menos 75% da quantidade comercializada, dizemos que este é um mercado
altamente concentrado.
Um dos maiores problemas de mercado muito concentrado é que as empresas
conseguem definir o preço pelo qual seu produto será vendido, e este preço, em
geral, é mais alto do que em mercados competitivos. Outros problemas podem
estar relacionados à quantidade e à qualidade do produto.

b) Grau de diferenciação do produto


O grau de diferenciação do produto refere-se a quanto um bem ou serviço que
está sendo negociado no mercado é diferente. Pela visão da economia, quanto
mais heterogêneo for um bem, ou seja, quanto mais diferente o bem for, menos
produtos substitutos teremos para este produto e, portanto, mais inelástico ele
será. Em outras palavras, um bem ou serviço heterogêneo, mesmo que tenha
seu preço aumentado, terá a quantidade de demanda mantida, pois não há subs-
titutos próximos.
A diferenciação pode ser obtida de diferentes formas. Mendes (2009) cita:
ingredientes de qualidade superior, prêmios oferecidos, serviços especiais, como
entrega delivery e embalagens especiais como formas de a empresa diferenciar
seu produto e, portanto, aumentar seu preço.
Você saberia me dar um exemplo de um produto homogêneo e um dife-
renciado? Em geral, produtos agropecuários, como soja e milho in natura são

Os Mercados
III

produtos homogêneos, pois a soja do produtor A é igual à soja do produtor B.


Como produtos diferenciados, podemos citar os produtos semi-industrializados
e os industrializados, como comida congelada, roupas, sapatos etc.

c) Barreiras à entrada
Barreiras à entrada pode ser definida como o grau de dificuldade que uma nova
empresa tem em fazer parte do mercado. E podem ser:
■ Economia de escala – acontecem quando a empresa aumenta a quan-
tidade produzida e consegue reduzir seu custo médio no longo prazo.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Existem diversas formas de conseguir gerar economia de escala, como
especialização da mão de obra, utilização de tecnologia, compra de fato-
res de produção em grandes quantidades, entre outros.
■ Desvantagens de custo – quando a empresa que deseja fazer parte do mer-
cado tem alguma desvantagem em custo, como pouca experiência no setor,
pouco domínio tecnológico ou ainda grande necessidade de propaganda.
Com base no que foi discutido, os mercados podem ser classificados, quanto à
competitividade, em:
■ Competitivos – concorrência perfeita e concorrência monopolística
■ Pouco competitivos – oligopólio
■ Sem competição – monopólio

O Quadro 7 mostra, de forma simplificada, como os mercados podem ser clas-


sificados quanto ao número de empresas e ao tipo de produto, ou seja, nas
características que discutimos acima.

NÚMERO DE EMPRESAS TIPO DE PRODUTO ESTRUTURA DE MERCADO


Muitas Homogêneo Concorrência perfeita
Muitas Diferenciados Concorrência monopolística
Poucas Homogêneo ou diferen- Oligopólio
ciado
Uma Diferenciado Monopólio
Quadro 7: Classificação dos mercado
Fonte: baseado em Mendes (2009)

ESTRUTURAS DE MERCADO
80 - 81

Conforme podemos visualizar no Quadro 7, quando existem um grande número


de empresas e o produto comercializado é homogêneo, ou seja, idêntico, este mer-
cado é de concorrência perfeita. Agora, se forem muitas empresas que vedam
produtos diferenciados, o mercado é concorrência monopolística.
Por outro lado, se tivermos poucas empresas, mesmo que vendam produ-
tos idênticos ou não, estamos nos referindo a um oligopólio e, se for uma única
empresa que comercializa um produto altamente diferenciado, é um monopó-
lio. Cada uma dessas estruturas veremos agora.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

CONCORRÊNCIA PERFEITA OU PURA

Para iniciar nossos estudos sobre as estruturas de mercado, discutiremos,


inicialmente, a concorrência perfeita ou também como é conhecida, a concor-
rência pura. Esta é, com absoluta certeza, a estrutura de mercado menos real,
pois, como você verá pelas características, é muito difícil achar um setor ou
uma empresa que apresente todas as características para que possa ser inclu-
ída na concorrência perfeita.
Depois da minha declaração, você deve estar se perguntando por que apre-
sentarei a você a concorrência perfeita, já que esta não é real. É importante
estudarmos essa estrutura de mercado, pois é considerada, apesar de não muito
real, a estrutura ideal, em termos de concorrência.
Um mercado em concorrência perfeita ou pura tem como características:

GRANDE NÚMERO DE COMPRADORES E VENDEDORES

O número de vendedores e compradores neste mercado é tão grande que as


decisões, individuais, não influenciam o preço. Então, dizemos que na concor-
rência perfeita o preço é determinado no mercado, através da oferta e demanda
e é praticamente o mesmo para todos os vendedores.

Concorrência Perfeita ou Pura


III

PRODUTOS HOMOGÊNEOS

Os produtos são homogêneos ou idênticos, de forma que o bem do vendedor A


é substituto perfeito do bem do vendedor B. Por esta razão que o preço é pra-
ticamente constante, já que, como os produtos são idênticos, se um vendedor
aumentar seu preço, os consumidores irão comprar no outro produtor.

AUSÊNCIA DE RESTRIÇÕES ARTIFICIAIS (LIVRE MERCADO)

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Dizemos que na concorrência perfeita ou pura, o governo não deve intervir no
mercado, por exemplo, através de congelamentos e tabelamentos de preços. Em
outras palavras, o mercado deve funcionar livremente.

AUSÊNCIA DE BARREIRAS À ENTRADA

Como já discutimos, barreiras à entrada é o grau de dificuldade que uma nova


empresa tem em entrar no mercado. Na concorrência perfeita ou pura, não há
barreiras à entrada, ou seja, qualquer empresa pode fazer parte do mercado, sem
maiores custos ou dificuldades.

PERFEITO CONHECIMENTO

Como os produtos são homogêneos, uma empresa conhece todas as informa-


ções dos seus concorrentes, como preços: processos produtivos etc.
As quatro primeiras características caracterizam a concorrência pura e, ao
incluir a quinta característica, falamos em concorrência perfeita. Como estamos
em um curso de graduação, trabalharemos com a concorrência perfeita.
Como já falei, na realidade, concorrência perfeita ou pura seria uma situa-
ção ideal que de fato não acontece. O mercado que mais se aproxima desse tipo
de estrutura de mercado é o agropecuário.

ESTRUTURAS DE MERCADO
82 - 83

MONOPÓLIO

O monopólio é, assim como a concorrência perfeita, uma situação extrema, mas


real. Situação esta indesejável, pois pode prejudicar o consumidor, já que não
temos concorrência. As características do monopólio são:

UMA ÚNICA EMPRESA


Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Como o próprio nome já diz, no monopólio só temos uma única empresa.

PRODUTOS ALTAMENTE DIFERENCIADOS

Os produtos são altamente diferenciados, ou seja, são únicos. Nesse caso, o con-
sumidor não consegue substituí-lo por outro.

NÃO HÁ CONCORRÊNCIA

Se só temos uma única empresa, não existe concorrência no mercado monopolista.

CONSIDERÁVEL CONTROLE DE PREÇO POR PARTE DA EMPRESA

A empresa monopolista é formadora de preços, ou seja, como ela é única, ela


consegue controlar e definir qual será o preço praticado no mercado. Por essa
razão, o governo se preocupa com as práticas dos monopolistas. De acordo com
Mendes (2009), o governo pode controlar o monopólio de duas formas:

a) Controle de preço
Ocorre quando o governo exige que a empresa produza até o ponto no qual o
custo marginal se iguale ao preço. Essa é uma prática difícil, pois o governo pre-
cisaria conhecer toda a estrutura de custo da empresa.

Monopólio
III

b) Política de taxação
O governo pode taxar o monopolista de forma a reduzir seu lucro. A taxação
pode ocorrer de três formas:
■ Pagamento de uma licença anual.
■ Tributação sobre lucro.
■ Imposto sobre vendas.

As duas primeiras afetam o custo fixo, reduz ou até mesmo elimina o lucro da

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
empresa e mantêm o preço para o consumidor. Já o imposto sobre vendas afeta
os custos variáveis e reduz a quantidade produzida.
É importante observar que, mesmo sendo uma única empresa, se o mono-
polista quiser aumentar sua venda, ele deverá reduzir o preço do seu produto. E
uma estratégia utilizada pelo monopolista para vender mais é através da política
de discriminação de preços. Esta é uma prática que ocorre quando um mono-
polista vende o mesmo produto, a consumidores diferentes e a preços diferentes.
Para isto, é necessário:
1. Separar os mercados fisicamente, de modo que um consumidor não con-
siga comprar em outro mercado.
2. Verificar a elasticidade-preço da demanda de cada mercado. No mer-
cado/consumidor mais elástico, o monopolista coloca um preço mais
baixo e para o mercado mais inelástico, o preço é mais alto. Desse modo,
a empresa monopolística consegue aumentar sua receita.

Podemos citar como exemplo de prática de discriminação de preços:


■ Tarifa de energia elétrica residencial, comercial, industrial e rural.
■ Ligação telefônica de dia e a noite.
■ Passagens aéreas em baixa e alta temporada.
■ “Meia entrada” em cinemas, teatros, shows para estudantes e idosos.
■ Entre outros.

ESTRUTURAS DE MERCADO
84 - 85

Então você percebeu, pelos exemplos, que não é somente uma empresa mono-
polística que pratica a discriminação de preços, esta é uma prática comum em
outras estruturas de mercado também.

ALTAS BARREIRAS À ENTRADA

A última característica do monopólio são as altas barreiras à entrada. O grau


de dificuldade que uma nova empresa tem em fazer parte do mercado é muito
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

grande e, muitas vezes, não é economicamente viável termos uma concorrente,


como é o caso nos monopólios
naturais. Então, os monopólios sur-
gem por diversas razões, entre elas,
regulamentações do governo e pelo
processo de produção.
Para finalizar este tópico, vou
citar alguns setores monopolizados,
que são os setores de rodovias peda-
giadas, setor elétrico, saneamento
básico, extração de petróleo, em
algumas cidades, transporte cole-
©shutterstock

tivo (ônibus), entre outros.


O maior problema do monopólio é que, como não há concorrentes, a empresa
pode cobrar um preço muito alto ou ofertar uma quantidade baixa. Além de não
se preocupar com a qualidade. Por esses motivos, o governo sempre acompanha
e regula as empresas pertencentes ao monopólio.
Claro que em alguns setores o monopólio é essencial, pois não é econo-
micamente viável ter uma concorrente, como nos setores de energia elétrica e
saneamento básico. Nesse caso, chamamos o monopólio de monopólio natural,
já que é mais viável ter apenas uma empresa ofertando aquele produto.

Monopólio
III

CONCORRÊNCIA MONOPOLÍSTICA

Entre a concorrência perfeita e o monopólio, temos uma estrutura de mercado


conhecida como concorrência monopolística, que é uma mistura das duas estru-
turas estudadas acima e tem como características:

GRANDE NÚMERO DE EMPRESAS

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Temos no mercado um grande número de pequenas empresas, pequenas se com-
pararmos com o tamanho do mercado.

PRODUTOS DIFERENCIADOS

Os produtos são sempre diferenciados. A diferenciação pode vir através de um


ingrediente de qualidade superior, serviços, embalagens especiais etc. Tal pro-
duto será diferente, mesmo que pouca coisa, do seu concorrente.

PEQUENO CONTROLE DE PREÇO POR PARTE DA EMPRESA

Como são muitas empresas que fazem parte do mercado, a concorrência é enorme,
então, a empresa consegue controlar (definir), um pouco, seu preço em razão
dos produtos serem diferenciados, mas esse controle é pequeno.

CONCORRÊNCIA ACONTECE VIA MARCAS, SERVIÇOS ESPECIAIS E


PROPAGANDA

A concorrência é, principalmente, extrapreços, ou seja, via diferenciação do pro-


duto. Quanto maior for a diferença do bem, maior será o preço. É importante
observar a importância da propaganda/marketing na concorrência monopolística,

ESTRUTURAS DE MERCADO
86 - 87

pois, como os produtos são diferenciados e temos um grande número de empre-


sas, é necessário “mostrar” ao consumidor que o bem ou serviço é melhor do
que da concorrente.

Para conhecer um pouco mais sobre a importância da propaganda para a


concorrência e como esta é uma forma de aumentar as vendas e o preço
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

dos bens, acesse:


<http://www.sebrae.com.br/customizado/acesso-a-mercados/divulgue-
-seus produtos/propaganda>.

BAIXAS BARREIRAS À ENTRADA

O grau de dificuldade que uma nova empresa tem em fazer parte deste mercado
é baixo, ou seja, existe uma barreira à entrada, mas esta é bem baixa.
A maioria das empresas no mundo real pertence a esta estrutura de mercado.
Podemos citar restaurantes, padarias, lojas de roupas, lanchonetes, entre outros.

©shutterstock

Concorrência Monopolística
III

OLIGOPÓLIO

É outra estrutura de mercado intermediária, ou seja, é um mercado pouco com-


petitivo que tem como características:

PEQUENO NÚMERO DE EMPRESAS

São poucas empresas que fazem parte do mercado, podemos contá-las. Não existe

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
um número exato que define se um setor faz parte do oligopólio ou não, ape-
nas sabemos que são poucas empresas que ofertam produto naquele mercado.

AS EMPRESAS SÃO INTERDEPENDENTES

Como são poucas empresas, elas são interdependes, ou seja, a decisão de uma
afeta diretamente a decisão da concorrente, incluindo a decisão de preços. Então,
se uma empresa variar seu preço, as demais reagirão de duas formas:
1. Aumento de preço faz com que as firmas concorrentes não aumentem o
preço e a empresa perderá mercado.
2. Redução de preços faz com que as firmas concorrentes também reduzam
os preços e a parcela de mercado de todas as empresas ficará, pratica-
mente, constante. Nesse caso, somente o consumidor é beneficiado.

Pelas possíveis reações citadas, os preços de todas as empresas oligopolistas são


praticamente os mesmos e não são alterados, de forma significativa, ao longo do
tempo. Podemos citar um exemplo bem real desta situação, que são as empresas
aéreas. Todas as vezes que uma empresa aérea faz uma promoção, as suas con-
correntes também fazem.
Em outras palavras, como são poucas empresas neste mercado, quando o
preço de uma delas variar, as demais irão reagir rapidamente. Por exemplo, vamos
supor um mercado composto por três empresas, A, B e C e que a empresa A
resolveu, como estratégia, abaixar seu preço em 10%. Como são poucas empresas

ESTRUTURAS DE MERCADO
88 - 89

no mercado, imediatamente as empresas B e C abaixarão também seu preço e a


parcela de mercado2 continuará a mesma para todas três.
Agora, se a empresa A resolver aumentar seu preço em 10%, e as empresas
B e C não aumentam, a empresa A perderá mercado. Por esses motivos, o preço
no oligopólio é constante e parecido para todas as empresas.

MÉDIAS BARREIRAS À ENTRADA


Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

O grau de dificuldade que uma nova empresa tem em fazer parte do mercado é
médio, em outras palavras, existe um certo grau de dificuldade, mas não chega
a ser tão alto como no caso do monopólio.

OS PRODUTOS PODEM OU NÃO SER DIFERENCIADOS

No oligopólio, os produtos podem ser homogêneos como, o combustível ou bens


diferenciados, que é o caso dos automóveis.

A CONCORRÊNCIA É VIA
DIFERENCIAÇÃO DO PRODUTO

Como temos poucas empresas e elas são


interdependentes, a concorrência não
será via preços, pois como discutimos,
se uma empresa alterar seus preços, as
demais reagirão. Então, a concorrência
é extra-preços, ou seja, via diferencia-
ção do produto.
©shutterstock

2 Parcela de mercado refere-se à porcentagem da quantidade que cada empresa vende naquele mercado.

Oligopólio
III

Podemos citar como exemplos de empresas oligopolistas os setores de tele-


comunicações, planos de saúde, aéreo e distribuição de combustível.
O Quadro 8 mostra, de forma resumida, as características de cada estru-
tura de mercado.

CONCORRÊNCIA CONCORRÊNCIA
CARACTERÍSTICAS OLIGOPÓLIO MONOPÓLIO
PERFEITA MONOPOLÍSTICA
Nº de empresas Muitas Muitas Poucas Uma
Homogêneo Altamente
Tipo de produto Homogêneo Diferenciado
ou diferenciado diferenciado

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Controle de
Nenhum Pequeno Considerável Grande
preços
Condição de Médias bar- Altas
Sem barreiras Baixas barreiras
entrada reiras barreiras
Produtos Restaurantes, Automóveis, Água, energia
Exemplos
agrícolas lojas de varejo aviação elétrica
Quadro 8: Características das quatro estruturas de mercado
Fonte: baseado em Mendes (2009)

Como você pode visualizar no Quadro 8, temos quatro estruturas de mercado


(concorrência perfeita, concorrência monopolística, oligopólio e monopólio), e
cada estrutura possui características que as diferenciam.

POLÍTICAS PÚBLICAS QUANTO AOS OLIGOPÓLIOS

Como são poucas as empresas no oligopólio, não é difícil ter acordos de pre-
ços e quantidades, acordos estes que devem ser evitados. São indesejáveis, pois
levam a uma produção baixa e a preços altos, ou seja, nessa situação as empesas
se comportam como no monopólio. Por isto, o governo deve coibir acordos entre
empresas e, no Brasil, temos uma lei específica para isto, que é a lei antitruste.
Algumas práticas empresariais que são proibidas pelo governo brasileiro:
a. Cartel – empresas fazem acordos de preços e quantidades, aumentando
o preço e/ou reduzindo a quantidade ofertada. De qualquer forma pre-
judica o consumidor final.

ESTRUTURAS DE MERCADO
90 - 91

b. Fixação de preço de revenda – acontece quando uma empresa produ-


tora/distribuidora exige que um estabelecimento venda um produto a um
preço fixado por ela. Vale lembrar que preço sugerido não é proibido, pois
a empresa só está sugerindo um preço e não obrigando os estabelecimen-
tos a vender o bem por aquele preço pré-definido.
c. Preços predatórios – é uma situação em que uma grande empresa define
seus preços abaixo do custo de produção para eliminar a concorrente
que, em geral, é uma empresa menor, para depois aumentar seus preços.
d. Vendas casadas – situação na qual dois produtos só são vendidos jun-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

tos, ou seja, o consumidor não consegue comprar os bens separadamente.


Lembrando que promoções e produtos tipo combo (TV por assinatura +
internet banda larga) não são considerados venda casada, pois o consu-
midor pode adquirir os produtos/serviços separadamente, mesmo que
a um preço maior.

Temos que ter muito cuidado ao analisar uma possível prática ilegal, como
as vendas casadas e fixação de preço de revenda, pois a “indução” não é
ilegal, o que não pode acontecer é o consumidor não ter escolhas. Na hora
que existe escolha, a prática passa a ser legal.

Oligopólio
III

LEI ANTITRUSTE

A política de concorrência brasileira tem seu fundamento na Constituição Federal


promulgada em 1988, que no artigo 173 §4 determina que “a lei reprimirá o
abuso do poder econômico que vise à dominação dos mercados, à eliminação
da concorrência e ao aumento arbitrário dos lucros” (BRASIL, 1988). Porém,
nos moldes atuais, a política de concorrência no Brasil começou em meados da
década de 1990, com a transição do país para uma economia aberta e com a pro-
mulgação da Lei Antitruste no.8.884/94, que criou o Sistema Brasileiro de Defesa

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
da Concorrência – SBDC.
Segundo Pereira Neto e Sampaio (2008), a Lei Antitruste brasileira introduz,
primeiramente, a prevenção, passando a controlar fusões e aquisições, depois
aprimora a legislação repressiva contra o abuso econômico, especialmente a
repressão a cartéis e a outras condutas anticompetitivas que não estavam pre-
vistas na legislação anterior, em terceiro lugar, passa a prever a intervenção da
teoria econômica, o que antes era exclusiva dos advogados. Podem ser citados
também outros aspectos importantes da nova lei, tais como: a reforma total do
papel CADE, tornando-o a autoridade administrativa finalista em termos de
defesa da concorrência, autônoma administrativa e financeiramente; introdução
do conceito de posição dominante no mercado, seguindo a doutrina europeia;
criação do compromisso de cessação de condutas infrativas3 à concorrência;
definição do aumento abusivo de preços não justificados por aumento de cus-
tos; definição do papel do Ministério da Fazenda que passa a ser responsável por
fazer pareceres econômicos em processos de fusões e aquisições e em condu-
tas anticompetitivas. Forgioni (1998) acrescenta ainda que o sistema antitruste
brasileiro, oriundo da Lei nº. 8.884/94, é híbrido, que aproveita o sistema euro-
peu no que tange à caracterização do ilícito pelo objeto ou efeito, mas supera
tanto esta tradição quanto a norte-americana no que tange à tipificação dos atos.
Mesmo depois da criação da nova lei antitruste em 1994, continuam ocor-
rendo outras mudanças na lei e na forma de as instituições encarregadas aplicar
a lei. As principais mudanças que ocorreram são: publicação, por parte da SEAE,

3 São atos que não estão de acordo com a legislação vigente.

ESTRUTURAS DE MERCADO
92 - 93

da portaria que passou a adotar o Guia para Análise de Atos de Concentração


Horizontal em 1999; em 2001, foi publicada a portaria conjunta nº. 50/2001 onde
o Guia de Análise foi aperfeiçoado e as análises da SDE e da SEAE passaram a
ser adotadas. Esse Guia, à semelhança de guias de outras jurisdições antitruste,
informa, clara e transparentemente, os procedimentos ao sistema. Outras porta-
rias importantes foram publicadas em 1999. As portarias nº. 45/99 e a nº. 305/99
atribui à SEAE a capacidade de aplicar multas às empresas pelo não cumpri-
mento no prazo da entrega dos documentos necessários à análise dos atos de
concentração e amplia o poder de investigação da SEAE nos casos de condutas
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

anticompetitivas, respectivamente.

O SISTEMA BRASILEIRO DE DEFESA DA CONCORRÊNCIA

O Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência – SBDC – foi criado em 1962 a


partir da lei nº. 4.137, com o surgimento do Conselho Administrativo de Defesa
da Concorrência – CADE. Porém, a estrutura econômica brasileira na época
era marcada por controle de preços, elevados índices de inflação e alto nível de
proteção à indústria nacional, não sendo compatíveis com uma política eficaz
antitruste. “No entanto, a Constituição Federal de 1988, estabelecendo os prin-
cípios gerais da ordem econômica (art.170 a 173 da Carta Magna), forneceu a
base legal para o desenvolvimento para uma política antitruste de maior soli-
dez através da criação da Lei n.º 8.884 em 1994” (BARBOSA, 2006, p.26), que
transformou o CADE em autarquia. Com a mudança das políticas econômicas
que caracterizavam as décadas anteriores, o Brasil passou a ter nova estrutura
de mercado com a queda da inflação, com o abandono das medidas de controle
de preços e com maior abertura ao mercado externo, entre outras, proporcio-
nando, em 1994, a formulação da nova Lei Antitruste (lei nº. 8.884/94), fazendo
uma reformulação no SBDC, que passou a ter grande importância nas políticas
públicas. Segundo Barbosa (2006), o SBDC atual tem como principal objetivo a
promoção de uma economia competitiva por meio da prevenção e da repressão
de ações que possam limitar ou prejudicar a concorrência, com base na lei anti-
truste (Lei nº. 8.884/94), ou seja, tornar máximo o nível de bem-estar da sociedade.

Lei Antitruste
III

A atuação do SBDC é dividida em três vertentes (CADE, 2010):


1. Controle de concentrações ou controle de estruturas de mercado, onde
os casos de fusões, aquisições e incorporações de empresas são julgados,
sendo regidos pelo art. 54 da Lei Antitruste (Lei nº. 8.884/94), analisa-se
também antecipadamente se uma concentração entre empresas poderá
causar efeitos que prejudiquem a concorrência.
2. Repressão a condutas anticoncorrenciais, que tem como função apu-
rar as condutas das empresas que podem infringir a ordem econômica.
Os acordos de exclusividade, a prática de cartel e as vendas casadas são

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
exemplos de condutas anticoncorrenciais.
3. “Advocacia” da concorrência, que se refere ao papel de, direta ou indi-
retamente, influenciar a formulação das políticas públicas para garantir
a concorrência.
O Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência é composto por três órgãos
(CONSELHO ADMINISTRATIVO DE DEFESA ECONÔMICA, 2007):
a. Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE), que é vincu-
lado ao Ministério da Justiça e tem como finalidade “orientar, fiscalizar,
prevenir e apurar abusos de poder econômico, exercendo papel tutela-
dor da prevenção e repressão do mesmo” (CADE, 2007), ou seja, julgar
os casos que pertencem ao SBDC.
b. Secretaria de Acompanhamento Econômico (SEAE), que é vinculada ao
Ministério da Fazenda e tem como principal atividade dentro do SBDC
a promoção e a defesa da concorrência, ou seja, fornecendo dados eco-
nômicos ao SBDC.
c. Secretaria de Direito Econômico (SDE), que é vinculada ao Ministério
da Justiça e é responsável, entre outras funções, por exercer as compe-
tências da lei antitruste.

ESTRUTURAS DE MERCADO
94 - 95

OBJETIVOS DA POLÍTICA DE DEFESA DA CONCORRÊNCIA


BRASILEIRA

A Política de Defesa da Concorrência pode ser entendida como um conjunto


de normas jurídicas e sociais que tem como objetivo restringir atos e práticas
que prejudicam o processo concorrencial (GAMA, 2005). A lei nº. 8.884/94
prevê dois tipos de ações para a política de defesa da concorrência: uma de
caráter repressivo às condutas anticompetitivas4 e outra de caráter preven-
tivo à concentração das estruturas de mercado. Como dito anteriormente, o
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

presente estudo tem como objetivo a análise de caráter preventivo, ou seja, os


atos de concentração.
A partir dos objetivos já citados, a Política de Defesa da Concorrência busca
atuar sobre as condições de operação dos mercados, seja pela influência direta
sobre as condutas dos agentes, seja por meio de ações que afetam os parâmetros
estruturais que as condicionam (POSSAS et al., 1995).
Tanto as condutas quanto os atos de concentração são classificados em práticas
horizontais, que reduzem a intensidade da concorrência afetando as interações
entre os mercados e práticas verticais, que limitam as ações dos agentes que se
relacionam como compradores e vendedores ao longo de uma cadeia produtiva
(BARBOSA, 2006). O presente estudo analisa os atos de concentração horizon-
tal, ou seja, a concentração de empresas que são competidoras entre si e que
ofertam o mesmo produto em um determinado mercado relevante, sendo que
no presente caso, como será visto em outra unidade, o produto é carne bovina
in natura e o mercado relevante é nacional.

Para conhecer um pouco mais sobre a Lei Antitruste brasileira, acesse:


http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/Lei/L12529.htm

4 Consiste na apuração de condutas nocivas à concorrência levadas a cabo por empresas que detêm poder
sobre determinado mercado, das quais são exemplo a prática de cartel, a prática de preços predatórios, as
vendas casadas, os acordos de exclusividade, a discriminação de preços, a fixação de preços de revenda e
as restrições territoriais.
Lei Antitruste
III

ESTUDO DE CASO
Fusão das empresas X e Y pode criar maior instituição privada de ensi-
no do mundo
Enquanto apenas 14% dos jovens estão no ensino superior, observa-se o au-
mento cada vez mais rápido da fusão de instituições privadas e a maior in-
fluência do capital estrangeiro, que passa a dominar o setor educacional bra-
sileiro. Nesse contexto, as empresas X Educacional e Y Educacional aguardam
a aprovação de sua junção pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica
(Cade). Se a operação financeira de R$ 12 bilhões for aprovada pelo Cade,

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
que é uma autarquia vinculada ao Ministério da Justiça Brasileiro, o novo
grupo passará a ser responsável pela formação de quase um milhão de alu-
nos (486 mil cursando o ensino presencial e 516 mil em regime de ensino a
distância), em mais de 800 unidades de ensino superior.
Parte do trecho extraído de: <http://www.observatoriodaeducacao.org.br/
index.php/sugestoes-de-pautas/48-sugestoes-de-pautas/1217-fusao-das-
-empresas-kroton-e-anhanguera-pode-criar-maior-instituicao-privada-de-
-ensino-do-mundo>. Acesso em: 03 dez 2013.

ESTRUTURAS DE MERCADO
96 - 97

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Estamos terminando nossa terceira unidade e, consequentemente, a área de eco-


nomia conhecida como microeconomia. Nesta terceira unidade, discutimos a
relação entre demanda e oferta atuando juntas dentro das estruturas de mer-
cado, ou seja, a formação de preço depende da estrutura de mercado em que a
empresa está inserida.
Neste contexto, temos quatro estruturas de mercado: concorrência perfeita
ou pura, que como vimos é uma situação difícil de ser encontrada no “mundo
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

real” e tem como características principais um grande número de vendedores e


compradores negociando produtos homogêneos a preços mais baixos; o mono-
pólio, no qual apenas uma empresa produz e comercializa um único produto
altamente diferenciado a preço mais alto; a concorrência monopolística, que pos-
sui características tanto da concorrência perfeita ou pura quanto do monopólio;
e o oligopólio, onde existem poucas empresa que são interdependentes, o que
faz com que o governo se preocupe com as possíveis práticas que essas empre-
sas possam fazer como, instituir o cartel.
Após estudar as estruturas de mercado, vimos as possíveis práticas que
as empresas, principalmente no oligopólio, podem fazer, como cartel, vendas
casadas, preços predatórios e fixação de preços de revenda. Práticas essas que
o governo, através da lei antitruste tenta coibir. A lei antitruste também é a res-
ponsável por julgar e autorizar as fusões e aquisições que estão acontecendo nas
últimas décadas, sempre com o objetivo principal de assegurar a concorrência
e eficiência do mercado.
Agora você já sabe por que alguns setores conseguem cobrar preços mais
altos do que outros e como o governo interfere nessa relação. Estudar estrutura
de mercado é fascinante e complexo.
Um forte abraço,
Prof.ª Dra. Andréia Moreira da Fonseca Boechat

Considerações Finais
1. Defina mercado e apresente suas classificações.
2. Explique como e onde acontece a formação de preços na concorrência perfeita
ou pura.
3. Explique a prática de discriminação de preços e cite dois exemplos do seu dia a
dia.
4. Cite e explique as práticas ilegais contra a concorrência.
5. Defina política antitruste e discuta sua importância para a livre competição.
98 - 99

MATERIAL COMPLEMENTAR

Microeconomia: Princípios Básicos


Hal R. Varian
Editora: Campus
Sinopse: Este é outro livro clássico dos cursos de
economia que apresenta, de forma completa, as
estruturas de mercado.

Material Complementar
III






























ESTRUTURAS DE MERCADO
Professor Me. Sidinei Silvério da Silva

IV
MERCADO DE BENS E

UNIDADE
SERVIÇOS E O MERCADO
MONETÁRIO

Objetivos de Aprendizagem
■ Apresentar uma visão geral dos agregados econômicos que descrevem
o funcionamento de uma economia, como a produção agregada (PIB) e
o preço médio de todos os bens (nível de preços agregado).
■ Explicar o funcionamento do mercado de bens e serviços e as variáveis
macroeconômicas nele determinadas.
■ Entender o mercado monetário e sua influência sobre o lado real e
monetário da economia.
■ Compreender por que alguns países são tão ricos e outros pobres.
■ Discutir o papel das políticas fiscal e monetária na busca do pleno
emprego e da estabilidade no nível geral de preços (controle da inflação).

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade
■ Objetivos de política econômica
■ Crescimento e Desenvolvimento Econômico
■ Determinação do Produto Nacional
■ Política fiscal, inflação e desemprego
■ A moeda: conceitos, funções e tipos
■ Oferta de Moeda
■ Demanda de Moeda
■ O papel das taxas de juros
■ Política monetária, inflação e desemprego
102 - 103

INTRODUÇÃO

Caro(a) aluno(a), nesta quarta unidade, você entenderá que a economia divide-se
tradicionalmente em dois amplos subcampos, a microeconomia (estudo de
como famílias e empresas tomam decisões) e a macroeconomia que estuda os
fenômenos que englobam toda a economia, incluindo inflação, desemprego e
crescimento econômico.
O estudo da macroeconomia moderna passa pela revolução keynesiana, com
a publicação, em 1936, do Livro Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda,
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

de John Maynard Keynes, que dá ênfase à demanda efetiva – o que chamamos


hoje de demanda agregada.
Blanchard (2011) afirma que em curto prazo, segundo Keynes, a demanda
efetiva determina o Produto Interno Bruto (PIB), mesmo se o produto voltar a
seu nível natural no longo prazo, o processo será lento.
Mas, afinal, o que é a macroeconomia?
Segundo Abel, Bernanke e Croushore (2008), a macroeconomia é o estudo
da estrutura e do desempenho das economias nacionais e das políticas que os
governos utilizam para tentar influir no desempenho econômico.
Nessa direção, Blanchard (2011) aponta que a macroeconomia é o resul-
tado de um processo de elaboração contínua, de uma interação de ideias e
acontecimentos. De forma geral, a macroeconomia procura responder questio-
namentos práticos e debatidos diariamente pelo governo, empresários, políticos,
pela imprensa e pelo público em geral. Entre essas questões, Abel, Bernanke e
Croushore (2008) destacam as seguintes:
■ O que determina o crescimento econômico de longo prazo de um país?
■ O que leva a atividade econômica do país flutuar?
■ O que provoca o desemprego?
■ O que faz os preços subirem?
■ Como as economias nacionais são afetadas por fazerem parte de um sis-
tema econômico global?
■ As políticas governamentais podem ser usadas para melhorar o desem-
penho econômico do país?

Introdução
IV

Nesse contexto, as escolas que dominam o pensamento macroeconômico são


a clássica e a keynesiana. Para os clássicos, as políticas econômicas não afetam
o lado real da economia (mercado de bens e serviços e mercado de trabalho),
gerando apenas inflação no longo prazo. Os keynesianos, por sua vez, defendem
a tese de que o lado real da economia é afetado pelas políticas econômicas, fun-
damentalmente pela política fiscal.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
OBJETIVOS DE POLÍTICA ECONÔMICA

Abel, Bernanke e Croushore (2008) afirmam que o desempenho econômico de


um país depende de diversos fatores, dentre os quais se sobressaem recursos
naturais e humanos, estoque de capital (edifícios, máquinas e softwares), tecno-
logia e escolhas econômicas.
No que se refere às políticas macroeconômicas que afetam o desempenho
da economia como um todo, os dois grandes tipos de política são a política fis-
cal e a política monetária.
Para Blanchard (2011), um dos motivos pelos quais os macroeconomistas
divergem é porque atribuem pesos diferentes a objetivos diversos. Por exemplo,
uns se preocupam mais com o desemprego, outros
com a inflação; suas recomendações diferirão de
acordo com a orientação de cada um.
Assim, quais são os passos básicos de uma polí-
tica econômica?
Primeiramente é necessária a especificação das
metas de política econômica, buscando
a maximização do bem-estar
social. As metas macroeconô-
micas, geralmente aceitas, são
o pleno emprego e a inflação
zero (COSTA, 2011).

MERCADO DE BENS E SERVIÇOS E O MERCADO MONETÁRIO


104 - 105

O segundo passo é a identificação dos instrumentos políticos disponíveis


para atingir as metas, de modo geral: a política fiscal e a política monetária, que
devem ser compatibilizadas com a política cambial, isto é, com os distintos regi-
mes cambiais e graus de mobilidade de capital.
Há a necessidade de coordenação das políticas econômicas?
Segundo Costa (2011), os vários instrumentos políticos estão sob controle
de diversas autoridades: por exemplo, a política monetária sob o banco central e
a política fiscal sob os ministérios do executivo e o poder legislativo. Uma suges-
tão seria atribuir cada meta ao instrumento e, portanto, à autoridade – que tem
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

efeito relativamente mais forte sobre essa meta, numa combinação ideal de polí-
ticas executadas de forma descentralizada.
Destaca-se que, na política econômica, há distinção entre:
■ Teoria normativa: analisa como as autoridades políticas devem agir.
■ Teoria positiva: estuda o que as autoridades fazem na realidade.

Mankiw (2009) afirma que as declarações positivas e normativas são funda-


mentalmente diferentes, mas frequentemente estão intimamente interligadas
no conjunto de crenças de um indivíduo. Uma visão positiva do mundo afeta a
visão normativa sobre quais políticas são necessárias.
Convém ressaltar que, quando ouvir economistas fazendo declarações nor-
mativas, você saberá que falam como consultores políticos, não como cientistas.

CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO

Jones (2000) argumenta que o sistema econômico mundial é formado por eco-
nomias de todos os tamanhos, com a existência de países muito ricos e outros
muito pobres. Além disso, algumas economias crescem rapidamente e outras
simplesmente não crescem, conforme Quadro 9.

Crescimento e Desenvolvimento Econômico


IV

PIB PER CAPITA, TAXA MÉDIA ANUAL DE ANOS NECESSÁRIOS


PAÍSES
1990 (EM US$) CRESCIMENTO, 1960-90 (%) PARA DUPLICAR O PIB

EUA 18.073 1,4 51

Alemanha 14.331 2,5 28


Países Ricos

Japão 14.317 5,0 14

França 13.896 2,7 26

Reino Unido 13.223 2,0 35

China 1.324 2,4 29


“Pobres”

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Países

Índia 1.262 2,0 35

Zimbabwe 554 0,2 281

Hong Kong 14.854 5,7 12


Crescimento”
“Milagres de

Cingapura 11.698 5,3 13

Taiwan 8.067 5,7 12

Coréia do Sul 6.665 6,0 12

Venezuela 6.070 -0,5 -136


“Desastres de
Crescimento”

Madagascar 675 -1,3 -52

Mali 530 -1,0 -70

Quadro 9: Estatísticas de Crescimento e Desenvolvimento Econômico Mundial


Fonte: adaptado de Jones (2000)

As percepções sobre o desempenho da economia tendem a ser dominadas pelas


flutuações anuais do nível de atividade. Todavia, se olharmos para trás e exa-
minarmos a atividade por períodos mais longos (muitas décadas), o quadro se
altera, com as flutuações perdendo a importância e o crescimento (o aumento
constante do produto agregado ao longo do tempo) tornando-se o fator domi-
nante (BLANCHARD, 2011).
Quais são as fontes do crescimento?
Podemos considerar o crescimento proveniente da acumulação de capital e/ou
do progresso tecnológico, em que a função de produção agregada implica que
os aumentos do produto por trabalhador podem provir tanto de aumentos do
capital por trabalhador quanto de melhoras no estado da tecnologia.

MERCADO DE BENS E SERVIÇOS E O MERCADO MONETÁRIO


106 - 107

Os primeiros modelos de crescimento econômico datam dos anos 1950,


com a publicação de dois artigos famosos de Robert Solow, do Massachusetts
Institute of Technology. Essas teorias ajudaram a esclarecer o papel da acumu-
lação de capital físico e destacaram a importância do progresso técnico como
o motor fundamental do crescimento econômico sustentado (JONES, 2000).
Nesse sentido, a capacidade de um país em fornecer melhores padrões de
vida para sua população depende decisivamente de sua taxa de crescimento eco-
nômico de longo prazo.
Conceitualmente, o crescimento econômico pode ser entendido como o cres-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

cimento contínuo do Produto Interno Bruto (PIB) e da renda per capita ao longo
do tempo (análise quantitativa). O desenvolvimento econômico, por seu turno,
engloba além do crescimento econômico, a melhora em indicadores de bem-
-estar econômico e social, tais como pobreza, desemprego, saúde, alimentação,
entre outros (análise qualitativa). E o desenvolvimento econômico sustentável
considera o crescimento econômico acompanhado da melhora em indicado-
res de bem-estar econômico e social e da manutenção no equilíbrio
ecológico (sustentabilidade de longo prazo).
Em relação à variação real do Produto Interno Bruto (PIB) bra-
sileiro, no período 1986 a 2012, verificamos um crescimento
médio de 2,77% ao ano. A evolução desse indicador revela
um crescimento econômico não sustentado ao longo
do horizonte temporal, haja vista problemas
estruturais da nossa economia (Tabela 5).

Crescimento e Desenvolvimento Econômico


IV

ANO % A.A. ANO % A.A.


1986 7,49 2000 4,31
1987 3,53 2001 1,31
1988 -0,06 2002 2,66
1989 3,16 2003 1,15
1990 -4,35 2004 5,71
1991 1,03 2005 3,16
1992 -0,47 2006 3,96

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
1993 4,67 2007 6,09
1994 5,33 2008 5,17
1995 4,42 2009 -0,33
1996 2,15 2010 7,53
1997 3,38 2011 2,73
1998 0,04 2012 0,87
1999 0,25 Média 2,77
Tabela 5: Produto Interno Bruto (PIB), variação real anual (% a.a.), Brasil, 1986 a 2012
Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)

Entenda como a desaceleração da economia mundial afeta os BRICs, assis-


tindo à reportagem disponível em <http://globotv.globo.com/globo-news/
sem-fronteiras/t/todos-os-videos/v/entenda-como-desaceleracao-da-eco-
nomia-mundial-afeta-os-brics/2730861/>.

MERCADO DE BENS E SERVIÇOS E O MERCADO MONETÁRIO


108 - 109

DETERMINAÇÃO DO PRODUTO NACIONAL

A medida mais ampla da atividade econômica agregada é o Produto Interno


Bruto (PIB), que pode ser mensurado pela abordagem do produto, da demanda
e da renda.
Devido à equivalência das três abordagens, durante um período qualquer de
tempo estipulado, temos: produção total = renda total = demanda total.
Segundo Blanchard (2011), a interação entre produção, renda e demanda
agregada é central ao acompanhamento das variações anuais da atividade eco-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

nômica. As variações da demanda por bens provocam alterações na produção.


Estas, por sua vez, conduzem a alterações na renda que, por seu turno, alteram
a demanda por bens.

PRODUTO INTERNO BRUTO (PIB) NA ÓTICA DA PRODUÇÃO


AGREGADA

De acordo com Abel, Bernanke e Croushore (2008), a abordagem do produto


define o Produto Interno Bruto (PIB) do país como o valor de mercado de bens
e serviços finais produzidos durante um período de tempo.

PRODUTO INTERNO BRUTO (PIB) NA ÓTICA DA RENDA AGREGADA

O Produto Interno Bruto (PIB) nessa abordagem é calculado pela soma das rendas
recebidas pelos produtores, incluindo os lucros e os impostos pagos ao governo,
cujo conceito chave é a renda nacional (ABEL; BERNANKE; CROUSHORE,
2008). No cômputo da renda nacional, estão inclusas a:
■ Remuneração dos empregados.
■ Renda dos proprietários.
■ Renda pessoal com aluguel.

Determinação do Produto Nacional


IV

■ Lucros empresariais.
■ Juros líquidos.
■ Impostos sobre a produção e as importações.
■ Pagamentos (líquidos) de transferências correntes das empresas.
■ Superávit corrente de empreendimentos governamentais.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
PRODUTO INTERNO BRUTO (PIB) NA ÓTICA DA DEMANDA
AGREGADA

Essa seção está baseada em


Blanchard (2011).
O Produto Interno Bruto (PIB)
nessa ótica é obtido pela soma do
total despendido em bens e servi-
ços finais. A seguir, apresentamos
os componentes do PIB na aborda-
gem da demanda agregada:
■ Consumo (C). São os bens
e serviços comprados pelos
consumidores e que variam de alimentos a passagens aéreas, passando
pelas férias, pelo carro novo e assim por diante. O consumo é o maior
componente do PIB.
■ Investimento (I). Também chamado de investimento fixo. Pode ser não
residencial, que é o gasto feito pelas empresas em estruturas, equipa-
metos e software; e residencial, que é o gasto na construção de novas
casas e edifícios.
■ Gastos do Governo (G). São os bens e serviços comprados pelos gover-
nos federal, estadual e municipal.
■ Exportações Líquidas (NX). É a diferença entre as exportações e as impor-
tações, ou seja, é o saldo da balança comercial em dado período.

MERCADO DE BENS E SERVIÇOS E O MERCADO MONETÁRIO


110 - 111

A equação para determinar o PIB é

Y = C + I + G + NX

Onde,
Y = PIB = produção total = renda total = despesa total;
C = consumo;
I = investimento;
G = compras de bens e serviços pelo governo;
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

NX = exportações (X) – importações (M) = exportações líquidas de bens e


serviços.

Podemos concluir que um aumento na demanda, como uma elevação nos gastos
de consumo, conduz ao aumento da produção e da renda. Esse aumento da renda
leva a mais uma elevação da demanda, que provoca novo aumento da produção
e assim por diante. O resultado final é um aumento maior do produto do que o
deslocamento inicial da demanda, por um fator correspondente ao multiplicador.
O Gráfico 13 mostra que o consumo cresce quando a renda disponível
aumenta, porém em proporção menor.
Consumo, C

Função consumo
C = C0 + C1 YD

Declividade = C1
CO

Renda disponível, YD
Gráfico 13: O consumo depende da renda disponível
Fonte: Blanchard (2011)

Determinação do Produto Nacional


IV

Outras equações do mercado de bens e serviços. Em relação à função consumo,


temos:

C = c0 + c1 (Y – T)

Onde,
C = consumo total;
c0 = consumo autônomo (que não depende da renda);
c1 = propensão marginal a consumir;

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Y = PIB = renda total = produção total = despesa total;
T = tributos.
Em relação ao multiplicador do consumo, temos:

1
Mc =
1 - c1

Onde,
MC = multiplicador do consumo;
c1 = propensão marginal a consumir.

PIB REAL VERSUS PIB NOMINAL

O PIB nominal é a produção de bens e serviços avaliada a preços correntes.


O PIB real é a produção de bens e serviços avaliada a preços constantes.
O deflator do PIB é uma medida do nível de preços calculada como a razão
entre o PIB nominal e o PIB real multiplicada por cem.
Exemplo:
Suponha uma economia hipotética que produza etanol e gasolina, con-
forme segue:

MERCADO DE BENS E SERVIÇOS E O MERCADO MONETÁRIO


112 - 113

PREÇO DO QUANTIDADE DE PREÇO DA QUANTIDADE


ANO
ETANOL ETANOL GASOLINA DE GASOLINA
2009 $ 1,50 100 $ 2,00 50
2010 $ 2,50 150 $ 2,50 100
2011 $ 3,00 200 $ 3,00 150
2012 $ 3,50 250 $ 4,00 200

Calculando o PIB Nominal,

ANO CÁLCULO DO PIB NOMINAL PIB NOMINAL


Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

2009 (1,50 x 100) + (2,00 x 50) $ 250


2010 (2,50 x 150) + (2,50 x 100) $ 625
2011 (3,00 x 200) + (3,00 x 150) $ 1.050
2012 (3,50 x 250) + (4,00 x 200) $ 1.675

Calculando o PIB Real, tendo 2009 como ano-base,

ANO CÁLCULO DO PIB REAL PIB REAL


2009 (1,50 x 100) + (2,00 x 50) $ 250
2010 (1,50 x 150) + (2,00 x 100) $ 425
2011 (1,50 x 200) + (2,00 x 150) $ 600
2012 (1,50 x 250) + (2,00 x 200) $ 775

Calculando o Deflator do PIB,

ANO CÁLCULO DO DEFLATOR DO PIB DEFLATOR


2009 (250 / 250 ) x 100 100
2010 (625 / 425) x 100 147
2011 (1.050 / 600) x 100 175
2012 (1.675 / 775) x 100 216

Determinação do Produto Nacional


IV

POLÍTICA FISCAL, INFLAÇÃO E DESEMPREGO

Segundo Mankiw (2009), a política fiscal refere-se ao estabelecimento dos níveis


dos gastos do governo e dos impostos pelos formuladores de políticas, que visam
influenciar o comportamento da economia.
Para Blanchard (2011), as decisões dos formuladores de política fiscal tem
influência em curto e longo prazo sobre a demanda agregada:
■ No curto prazo, o déficit orçamentário tende a aumentar a demanda e,
portanto, o produto. A força do impacto inicial sobre o produto depende

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
muito das expectativas.
■ No longo prazo, o produto retorna a seu nível natural, mas o próprio
nível natural de produto pode ser afetado pela política fiscal. Se os défi-
cits provocarem a queda do investimento, um menor estoque de capital
no longo prazo implica também um produto menor.

A política fiscal pode ser expansionista ou contracionista. Um aumento nos gas-


tos do governo ou uma redução nos impostos deslocam a curva de demanda
agregada para a direita, provocando expansão fiscal. Por outro lado, uma redu-
ção nos gastos do governo ou um aumento nos impostos deslocam a curva de
demanda agregada para a esquerda, provocando uma contração fiscal.

Expansão Fiscal

Nível Geral de Preços (P) Oferta Agregada (OA)

P1 B

A
P0 DA´´

DA´ Demanda Agregada (DA)


0
Y0 Y1 PIB (Y)

MERCADO DE BENS E SERVIÇOS E O MERCADO MONETÁRIO


114 - 115

Contração Fiscal

Nível Geral de Preços (P) Oferta Agregada (OA)

P0 A

B
P1 DA´

DA´´ Demanda Agregada (DA)


0
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Y1 Y0 PIB (Y)

Gráfico 14: Efeitos da expansão e da contração fiscal sobre a demanda agregada


Fonte: elaboração própria

Mankiw (2009) destaca que, quando o governo altera gastos públicos ou impos-
tos, o deslocamento da demanda agregada resultante pode ser maior ou menor
do que a alteração fiscal. O efeito multiplicador tende a amplificar os efeitos da
política fiscal sobre a demanda agregada.
A política fiscal como a política monetária são instrumentos de política eco-
nômica para estabilizar a economia.
Uma das ações fiscais para equacionar e estabilizar a relação dívida pública/
PIB é a geração de resultados fiscais primários superavitários. A Tabela 6 mostra
a evolução dos resultados fiscais (primário e nominal) da economia brasileira, no
período 1986 a 2009, em que se observa a importância dos superávits primários
para o pagamento dos juros nominais da dívida pública e, consequentemente, a
estabilização da mesma, a partir do Plano Real.

ANO RESULTADO NOMINAL RESULTADO PRIMÁRIO


1986 -11,22 1,59
1987 -31,89 -0,99
1988 -53,73 0,91
1989 -85,43 -1,03
1990 -30,15 4,69
1991 -26,75 2,71

Política Fiscal, Inflação e Desemprego


IV

ANO RESULTADO NOMINAL RESULTADO PRIMÁRIO


1992 -45,75 1,58
1993 -64,83 2,18
1994 -26,97 5,64
1995 -7,28 0,26
1996 -5,87 -0,10
1997 -6,11 -0,96
1998 -7,93 0,02
1999 -9,98 3,23

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
2000 -4,48 3,47
2001 -4,76 3,38
2002 -9,61 3,21
2003 -3,79 3,34
2004 -2,62 3,81
2005 -3,17 3,93
2006 -3,45 3,24
2007 -2,59 3,37
2008 -2,01 3,54
2009 -3,23 2,05
Média -28,73 2,61
Tabela 6: Resultados Fiscais em Proporção do PIB, Setor Público Consolidado, Brasil, 1985 a 2009
Fonte: Banco Central do Brasil, Boletim, Seção Finanças Públicas
Obs.: Compreende governo federal e Banco Central, governos estaduais, governos municipais e empresas
estatais (federais, estaduais e municipais).

Segundo Blanchard (2011), os déficits têm efeitos adversos de longo prazo sobre
a acumulação de capital e o produto, porém, não implica que os mesmos não
devam ser utilizados para estabilizar o produto. Ao contrário, os déficits durante
as recessões devem ser compensados pelos superávits das fases de crescimento
acelerado, de modo a não levar a um aumento constante da dívida.
No caso brasileiro, apesar da evolução nominal da dívida líquida total do
setor público e da dívida mobiliária federal fora do banco central (Tabela 7), a
relação dívida/PIB está estabilizada.

MERCADO DE BENS E SERVIÇOS E O MERCADO MONETÁRIO


116 - 117

ANO DÍVIDA MOBILIÁRIA DÍVIDA LÍQUIDA DÍVIDA LÍQUIDA EM % DO PIB


1985 0,0001 0,0004 -
1986 0,0001 0,0007 -
1987 0,0008 0,0031 -
1988 0,0115 0,0337 -
1989 0,2570 0,7214 -
1990 0,8044 7,5131 -
1991 4,4932 56,0700 38,1
1992 163,9739 678,3300 37,1
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

1993 4.987,5593 17.714,6500 32,6


1994 61.782,3143 153.162,9200 30,0
1995 108.485,5557 208.460,2700 28,0
1996 176.210,9625 269.193,4300 30,7
1997 255.509,0111 308.426,2500 31,8
1998 323.859,6991 385.869,6300 38,9
1999 414.901,1840 516.578,6700 44,5
2000 510.697,6128 563.163,1400 45,5
2001 624.084,3648 677.430,8300 48,4
2002 623.190,6325 892.291,8400 50,5
2003 731.858,0881 932.137,5300 52,4
2004 810.264,3212 982.508,8100 47,0
2005 979.662,4619 1.040.046,1200 46,5
2006 1.093.495,2969 1.120.052,6300 44,0
2007 1.224.870,5794 1.211.762,2500 41,0
2008 1.264.823,2748 1.168.238,3400 34,6
2009 1.398.415,4936 1.362.710,7200 -
2010 1.603.940,0454 1.475.820,1800 -
2011 1.783.060,6357 1.508.546,9089 -
2012 1.916.709,2763 1.550.083,0782 -
Tabela 7: Dívida líquida total do setor público e Dívida mobiliária interna federal – títulos fora do Banco
Central – fim período, 1985 a 2012, valores em R$ (milhões).
Fonte: Banco Central do Brasil, Boletim, Seção Finanças Públicas

Política Fiscal, Inflação e Desemprego


IV

Na existência de desemprego, o Governo pode lançar mão da política fiscal


para estimular a demanda agregada e alcançar o pleno emprego. Uma política
fiscal expansiva consiste no aumento dos gastos e/ou redução da tributação do
Governo, sem que se altere a oferta monetária.
Em que pese a preocupação no combate ao desemprego, as expansões fiscais
podem provocar a elevação no nível geral de preços, comumente chamada inflação.
Para Viceconti e Neves (2005), a inflação é definida como sendo uma alta
persistente e generalizada dos preços da economia. Enquanto a inflação é o cres-
cimento dos preços, a taxa de inflação mede o ritmo desse crescimento. Quando

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
a taxa de inflação é decrescente, diz-se que está ocorrendo uma desinflação. Se
os preços diminuírem abaixo de zero, diz-se que ocorreu uma deflação.
Dentre as consequências de um processo inflacionário, podemos destacar:
■ A perda do poder aquisitivo dos salários e outras rendas fixas.
■ Desorganização do mercado de capitais e aumento por procura por ati-
vos reais.
■ Surgimento de déficits no balanço de pagamentos.
■ E dificuldades para financiamento do setor público.

Viceconti e Neves (2005) apresentam os seguintes tipos de inflação:


■ Inflação de Demanda. É causada por um aumento na demanda agre-
gada via aumento dos investimentos; aumento dos gastos do governo;
aumento das exportações; redução dos tributos; redução das importa-
ções; e/ou aumento da oferta de moeda.
■ Inflação de Custos. É provocada por uma diminuição da oferta agregada
via aumentos de salários acima de aumentos da produtividade; aumen-
tos autônomos das margens de lucros das empresas; aumentos dos preços
agrícolas em função de intempéries climáticas; elevação autônoma de pre-
ços de produtos importados que sejam matérias-primas importantes na
produção de bens na economia; e desvalorização real da taxa de câmbio.
■ Inflação Inercial. Resulta da indexação da economia. A indexação é ado-
tada como forma de convivência da economia com a inflação crônica. O
seu principal defeito é a perpetuação da taxa de inflação a níveis elevados.

MERCADO DE BENS E SERVIÇOS E O MERCADO MONETÁRIO


118 - 119

O combate a essa patologia econômica por meio da política fiscal é considerado


um remédio keynesiano.
O Plano Real, concebido com base numa âncora cambial, foi bem-sucedido no
combate ao processo inflacionário brasileiro, conforme evidenciado na Tabela 8.

ANO IGP-M IPCA


1990 1.699,70 1.620,97
1991 458,37 472,70
1992 1.174,47 1.119,10
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

1993 2.567,46 2.477,15


1994 1.246,62 916,46
1995 15,25 22,41
1996 9,20 9,56
1997 7,74 5,22
1998 1,78 1,65
1999 20,10 8,94
2000 9,95 5,97
2001 10,38 7,67
2002 25,31 12,53
2003 8,71 9,30
2004 12,41 7,60
2005 1,21 5,69
2006 3,83 3,14
2007 7,75 4,46
2008 9,81 5,90
2009 -1,72 4,31
2010 11,32 5,91
2011 5,10 6,50
2012 7,82 5,84
Tabela 8: Índice Geral de Preços (IGP-M) e Índice de Preços ao
Consumidor Ampliado (IPCA), % a.a., 1990 a 2012
Fonte: Fundação Getúlio Vargas (FGV) e Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE)

Política Fiscal, Inflação e Desemprego


IV

Para conhecer os principais planos de estabilização econômica implementa-


dos na economia brasileira, acesse os links a seguir:
Plano Cruzado.
http://globotv.globo.com/rede-globo/memoria-globo/v/plano-cruza-
do-1986/2335467/
Plano Real

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
http://globotv.globo.com/rpc/bom-dia-parana/v/a-preparacao-para-o-pla-
no-real/2281350/

A MOEDA: CONCEITOS, FUNÇÕES E TIPOS

O QUE É MOEDA?

Segundo Mankiw (2009), moeda é o conjunto de ativos na economia que as


pessoas usam regularmente para comprar bens e serviços de outras pessoas. A
mesma tem três funções básicas:
■ Meio de Troca: um meio de troca é algo que os compradores dão aos ven-
dedores quando compram bens e serviços.
■ Unidade de Conta: uma unidade de conta é um padrão de medida que
as pessoas usam para anunciar preços e registrar débitos.
■ Reserva de Valor: uma reserva de valor é algo que as pessoas podem usar
para transferir poder de compra do presente para o futuro.

De acordo com Blanchard (2011), em países com mercados financeiros moder-


nos, as pessoas podem escolher entre milhares de ativos financeiros diferentes,
da moeda aos títulos de dívida, ações e fundos mútuos.
Enquanto a moeda pode ser utilizada para transações e paga juros zero, os

MERCADO DE BENS E SERVIÇOS E O MERCADO MONETÁRIO


120 - 121

títulos de dívida, que não podem ser utilizados para transações, pagam uma
taxa de juros positiva.
Os economistas usam o termo liquidez para descrever a facilidade com que
um ativo pode ser convertido em meio de troca da economia. A moeda é o ativo
mais líquido dos ativos disponíveis.
Mankiw (2009) menciona os seguintes tipos de moeda:
■ Moeda-mercadoria: moeda que toma a forma de uma mercadoria com
valor intrínseco, como o ouro e os cigarros.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

■ Moeda de curso forçado: moeda sem valor intrínseco que é usada como
moeda por decreto governamental.

O controle monetário nas economias é responsabilidade do banco central, que


se trata de uma instituição planejada para supervisionar o sistema bancário e
regular a quantidade de moeda na economia.

OFERTA DE MOEDA

O que é oferta de moeda?


Oferta de moeda é a quantidade de moeda disponível na economia, também
chamada de meios de pagamento.
Segundo Vasconcellos e Garcia (2009), os meios de pagamento constituem o
total de moeda à disposição do setor privado não bancário, de liquidez imediata,
ou seja, é o somatório do papel moeda em poder do público e dos depósitos à
vista nos bancos comerciais.
Os bancos são intermediários financeiros que recebem recursos das pessoas
e empresas e utilizam esses recursos para fazer empréstimos e comprar títulos
de dívida.
O Banco Central do Brasil classifica os meios de pagamento da seguinte forma
■ M1 = papel moeda em poder do público + depósitos à vista nos bancos
comerciais (moeda de liquidez imediata).
■ M2 = M1 + depósitos de poupança + títulos privados (depósitos a prazo,
letras cambiais, hipotecárias e imobiliárias).

A Moeda: Conceitos, Funções e Tipos


IV

■ M3 = M2 + fundos de renda fixa + operações compromissadas com títu-


los federais.
■ M4 = M3 + títulos públicos federais, estaduais e municipais.
No que se refere à economia brasileira, a expansão da base monetária e do meio
de pagamento 1 (M1) tiveram o mesmo comportamento no período 1986 a
2012, conforme Tabela 9.

ANO BASE MONETÁRIA VARIAÇÃO % M1 VARIAÇÃO %


1986 0,0001 - 0,0002 -

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
1987 0,0002 100,0% 0,0004 100,0%
1988 0,0013 550,0% 0,0025 525,0%
1989 0,0245 1784,6% 0,0375 1400,0%
1990 0,5896 2306,5% 0,9128 2334,1%
1991 2,3062 3911365,4% 3,9315 4306977,1%
1992 25,1674 991,3% 38,0273 867,2%
1993 516,7291 1953,2% 847,7800 2129,4%
1994 17.684,5510 3322,4% 22.772,6640 2586,2%
1995 21.681,5910 22,6% 28.492,9030 25,1%
1996 19.795,6970 -8,7% 29.807,4830 4,6%
1997 31.828,3320 60,8% 47.362,7220 58,9%
1998 39.184,3780 23,1% 50.707.2660 7,1%
1999 48.430,1570 23,6% 62.744.4410 23,7%
2000 47.686,2130 -1,5% 74.352.4680 18,5%
2001 53.255,9710 11,7% 83.706.7030 12,6%
2002 73.302,2720 37,6% 107.845,9400 28,8%
2003 73.219,1360 -0,1% 109.648,3880 1,7%
2004 88.732,6770 21,2% 127.946,4010 16,7%
2005 101.247,2350 14,1% 144.778,1650 13,2%
2006 121.102,0010 19,6% 174.345,2950 20,4%
2007 146.616,8670 21,1% 231.429,7990 32,7%
2008 147.549,7050 0,6% 223.439,9380 -3,5%

MERCADO DE BENS E SERVIÇOS E O MERCADO MONETÁRIO


122 - 123

ANO BASE MONETÁRIA VARIAÇÃO % M1 VARIAÇÃO %


2009 166.072,8350 12,6% 250.234,2750 12,0%
2010 206.853,3220 24,6% 281.875,8970 12,6%
2011 214.235,3110 3,6% 285.376,9020 1,2%
2012 233.371,4520 8,9% 324.482,8092 13,7%
Tabela 9: Base Monetária e Meio de Pagamento 1, fim de período, valores em R$ (milhões), 1986 a 2012
Fonte: Banco Central do Brasil, Boletim, Seção Moeda e Crédito
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

O QUE É MONETIZAÇÃO E DESMONETIZAÇÃO DA ECONOMIA?

Monetização é o aumento da quantidade de moeda sobre o total de ativos finan-


ceiros, e desmonetização é diminuição da quantidade de moeda sobre o total de
ativos financeiros.
O grau de monetização ou desmonetização pode ser medido pela razão M1/
M4. Quando M1 aumenta em relação a M4, há monetização; quando M1 cai
relativamente a M4, ocorre a desmonetização.

COMO OCORRE A CRIAÇÃO E DESTRUIÇÃO DE MOEDA?

Para Vasconcelos e Garcia (2009), ocorre a criação de moeda quando há aumento


do volume de meios de pagamento e a destruição de moeda quando se faz uma
redução dos meios de pagamento. Por exemplo:
■ Aumento dos empréstimos ao setor privado é criação de moeda.
■ Resgate de um empréstimo no banco é destruição de moeda.
■ Quando o depositante retira depósito à vista e o coloca em depósito a
prazo (CDB), ocorre a destruição de moeda.

A Moeda: Conceitos, Funções e Tipos


IV

DEMANDA DE MOEDA

A demanda de moeda pela coletividade corresponde à quantidade de moeda que


o setor privado não bancário retém.

Quais são os motivos para demandar moeda?


De acordo com Keynes, são três as razões para demandar moeda:
■ Demanda de moeda para transações: as pessoas e empresas precisam de
dinheiro para suas transações do dia a dia, para alimentação, transporte,

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
aluguel etc.;
■ Demanda de moeda por precaução: o público e as empresas precisam ter
certa reserva monetária para fazer frente a pagamentos imprevistos ou
atrasos em recebimentos esperados;
■ Demanda de moeda por especulação (ou por portfólio): dentro de sua car-
teira de aplicações (portfólio), os investidores devem deixar uma “cesta”
para a moeda, observando o comportamento da rentabilidade dos vários
títulos, para fazer algum novo negócio. Ou seja, a moeda, embora não
apresente rendimentos, tem a vantagem de ter liquidez imediata e pode
viabilizar novas aplicações.
As duas primeiras razões dependem diretamente do nível de renda. É de espe-
rar que, quanto maior a renda, maior a necessidade de moeda para transações
e por precaução.

O PAPEL DAS TAXAS DE JUROS

Vasconcellos e Garcia (2009) argumentam que a taxa de juros tem um papel


estratégico nas decisões dos mais variados agentes econômicos.
Segundo Blanchard (2011), a taxa de juros deve ser tal que a oferta de moeda
(que é independente da taxa de juros) seja igual à demanda por moeda (que
depende da taxa de juros), conforme Gráfico 15.

MERCADO DE BENS E SERVIÇOS E O MERCADO MONETÁRIO


124 - 125

Oferta de moeda
Ms

Taxa de juros, i

Demanda por moeda


Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Md

M
Moeda, M

Gráfico 15: A Determinação da taxa de juros


Fonte: Blanchard (2011)

O Gráfico 16 mostra que o aumento da renda nominal provoca o aumento da


taxa de juros. Isso ocorre porque o aumento da renda nominal eleva o nível de
transações e, portanto, aumenta a demanda por moeda a qualquer nível da taxa
de juros. A curva de demanda por moeda se desloca para a direita e o equilíbrio
se move de A para A’.
Ms
Taxa de juros, i

i´ A´

i A

Md’
Md ($Y’ > $Y)

M
Moeda, M

Gráfico 16: Efeitos do Aumento da Renda Nominal sobre a Taxa de Juros


Fonte: Blanchard (2011)

A Moeda: Conceitos, Funções e Tipos


IV

Os efeitos do aumento na oferta de moeda sobre a taxa de juros é retratado no


Gráfico 17. Um aumento da oferta de moeda leva a uma diminuição da taxa de
juros, com o deslocamento da curva de oferta de moeda para a direita e o equi-
líbrio passando de A para A’.

MS MS´

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
i A
Taxa de juros, i

i´ A´

Md

M M´

Moeda, M

Gráfico 17: Efeitos do Aumento na Oferta de Moeda sobre a Taxa de Juros


Fonte: Blanchard (2011)

Tanto consumidores como empresários exercerão um maior poder de com-


pra à medida que as taxas de juros diminuírem, e ao contrário, se as taxas
de juros aumentarem.

POLÍTICA MONETÁRIA, INFLAÇÃO E DESEMPREGO

A política monetária enfatiza sua atuação sobre os meios de pagamento,


títulos públicos e taxas de juros, modificando o custo e o nível de oferta de

MERCADO DE BENS E SERVIÇOS E O MERCADO MONETÁRIO


126 - 127

crédito. Esta política é executada pelo Banco Central, que possui poderes
e competência próprios para controlar a quantidade de moeda na econo-
mia (ASSAF NETO, 2008).
Segundo Blanchard (2011), a política monetária envolve duas decisões bási-
cas. A primeira é a escolha de uma taxa média de inflação e, portanto, de uma
taxa média correspondente para expansão monetária. A segunda é a escolha de
quanto se desviar dessa média para reduzir as flutuações do produto. Nesse con-
texto, é importante considerar o horizonte temporal:
■ No curto e médio prazo, a política monetária afeta tanto o produto quanto
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

sua composição. A expansão monetária provoca a queda das taxas de


juros e a depreciação da moeda, que por sua vez, provocam o aumento
da demanda por bens e o aumento do produto.
■ No longo prazo, a política monetária é neutra. Variações do estoque de
moeda acabam por provocar aumentos proporcionais dos preços, dei-
xando inalterados o produto e o desemprego.

QUAIS SÃO OS INSTRUMENTOS DE POLÍTICA MONETÁRIA?

Segundo Mankiw (2009), para controlar a oferta de moeda na economia, o Banco


Central utiliza os seguintes instrumentos de controle monetário:
■ Controle das emissões: o Banco Central controla, por força de lei, o
volume de moeda manual da economia, cabendo a ele as determinações
das necessidades de novas emissões e respectivos volumes.
■ Depósitos compulsórios ou reservas obrigatórias: regulamentação que
diz respeito ao montante mínimo de reservas que os bancos devem man-
ter sobre seus depósitos.
■ Operações com mercado aberto (open market): são a compra e a venda
de títulos públicos.
■ Taxa de redesconto: é a taxa de juros sobre os empréstimos que o Banco
Central concede aos bancos.

Política Monetária, Inflação e Desemprego


IV

COMO OCORRE UMA EXPANSÃO E/OU CONTRAÇÃO MONETÁRIA?

Uma expansão monetária ocorre com um aumento na oferta de moeda (M1),


tendo como consequência a redução na taxa de juros e aumento na demanda
agregada. Exemplos:
■ Redução nos depósitos compulsórios.
■ Compra de títulos públicos no mercado aberto.
■ Redução nas taxas de redesconto.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Uma contração monetária ocorre com uma redução na oferta de moeda (M1),
tendo como consequência um aumento na taxa de juros e redução na demanda
agregada. Exemplos:
■ Aumento nos depósitos compulsórios.
■ Venda de títulos públicos no mercado aberto.
■ Aumento nas taxas de redesconto.

Expansão Monetária

Nível Geral de Preços (P) Oferta Agregada (OA)

P1 B

A
P0 DA´´

DA´ Demanda Agregada (DA)


0
Y0 Y1 PIB (Y)

Contração Monetária

Nível Geral de Preços (P) Oferta Agregada (OA)

P0 A

B
P1 DA´
Gráfico 18: Efeitos da
expansão e da contração
DA´´ Demanda Agregada (DA) monetária sobre a
0 demanda agregada
Y1 Y0 PIB (Y) Fonte: elaborado pelo
autor

MERCADO DE BENS E SERVIÇOS E O MERCADO MONETÁRIO


128 - 129

EXISTE UM TRADE-OFF ENTRE DESEMPREGO E INFLAÇÃO?

A relação empírica negativa entre desemprego e inflação é conhecida como a


Curva de Phillips (Gráfico 19), em homenagem ao economista A. W. Phillips,
que examinou, em 1958, dados sobre o desemprego e o crescimento do salário
nominal durante 97 anos na Grã-Bretanha.

Taxa de
inflação
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

B
Curva de Phillips

Taxa de desemprego
Gráfico 19: Curva de Phillips
Fonte: Viceconti e Neves (2008)

Segundo Abel, Bernanke e Croushore (2008), a ideia original da Curva de Phillips


é que, para reduzir a inflação, a economia deve tolerar desemprego alto, ou então,
para reduzir o desemprego, é necessário aceitar que haja mais inflação.
Embora a Curva de Phillips parecesse descrever
adequadamente a relação inflação-desem-
prego nos Estados Unidos nos anos 1960,
durante a segunda metade da década,
os economistas Milton Friedman e
Edmund Phelps (ganhadores do
Nobel de Economia) questionaram
a lógica da curva de Phillips. Eles provaram que
deve existir, na verdade, uma relação negativa
entre inflação não prevista (a diferença entre as
taxas de inflação real e esperada) e desemprego
©shutterstock

Política Monetária, Inflação e Desemprego


IV

cíclico (a diferença entre as taxas de desemprego real e natural).


Viceconti e Neves (2008) afirmam que, modernamente, a Curva de Phillips
é utilizada como uma forma de descrever o ajustamento dinâmico dos preços da
economia em função do desvio do produto real em relação ao produto poten-
cial (produto de pleno emprego).
Em que pese os inconvenientes da inflação, Blanchard (2011) argumenta
que a inflação não é completamente ruim, identificando três benefícios propor-
cionados por ela:
1. Senhoriagem. A emissão de moeda – fonte última da inflação, é uma das

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
formas pela qual o governo pode financiar seus gastos.
2. A opção de taxas reais de juros negativas. Uma taxa de inflação positiva
permite que a autoridade monetária alcance taxas reais de juros negati-
vas, opção que pode ser útil quando a economia se encontra em recessão.
3. A ilusão monetária revisitada. Há um argumento razoável de que a ilusão
monetária na realidade propicia a defesa de uma taxa de inflação positiva.

O combate à inflação de demanda por meio da política monetária é considerado


um remédio monetarista.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nesta unidade, iniciamos o estudo dos agregados econômicos e suas relações


entre os agentes econômicos e o governo.
Foram discutidos os principais objetivos de política macroeconômica, ana-
lisando as influências de curto e longo prazo das políticas fiscal e monetária
sobre a economia.
Verificamos os fatores que determinam o crescimento econômico de longo
prazo de um país, as causas que levam a atividade econômica do país flutuar, os
fatores que provocam desemprego e a elevação dos preços.

MERCADO DE BENS E SERVIÇOS E O MERCADO MONETÁRIO


130 - 131

Foram apresentadas as abordagens de mensuração do produto interno bruto


(produção, renda e dispêndio), com destaque para a ótica da demanda agregada
em que o componente consumo representa aproximadamente 70% do produto
interno bruto.
Relacionamos as políticas fiscal e monetária com o combate à inflação e ao
desemprego, destacando o papel das taxas de juros nas tomadas de decisões de
investimento e consumo.
Trabalhamos os métodos de determinação da renda de equilíbrio, conceitu-
ando e diferenciando os conceitos crescimento e desenvolvimento econômico,
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

bem como os conceitos de PIB nominal e PIB real.


Finalmente, identificamos que o desempenho econômico de um país
depende de diversos fatores, dentre os quais se sobressaem recursos naturais
e humanos, estoque de capital (edifícios, máquinas e softwares), tecnologia e
políticas econômicas.

“Homens práticos, que se julgam absolutamente imunes a quaisquer influên-


cias intelectuais, em geral, são escravos de algum economista já falecido.”
Essa frase é de John Maynard Keynes, economista cujas ideias influenciaram
políticas econômicas entre as décadas de 1940 e 1970.

Considerações Finais
1. Defina política econômica e sintetize os seus objetivos finais.
2. Qual a diferença entre política econômica normativa e positiva?
3. Quais são os instrumentos de política econômica? Resuma-os.
4. Sobre o conceito de moeda:
a) Defina moeda e suas funções.
b) Diferencie moeda fiduciária de moeda lastreada.
c) Defina política monetária expansionista e restritiva (contracionista).
5. Quais são os instrumentos de política monetária (controle monetário)?
6. Qual o papel do sistema de crédito para o desenvolvimento econômico?
7. Quais são os motivos para demandar moeda segundo Keynes (preferência pela
liquidez)? Defina-os.
8. Coloque-se na posição de uma autoridade monetária e apresente dois instrumen-
tos de política monetária para cada um dos objetivos a seguir:
a) Expansão do nível de atividade econômica.
b) Política anti-inflacionária.
9. Suponha que uma pessoa com uma riqueza de R$ 50.000,00 e uma renda anual
de R$ 90.000,00 tenha a seguinte função de demanda por moeda:
Md = $Y (0,5 - i)
a) Qual é a demanda por moeda da pessoa quando a taxa de juros é de 10%? E
quando é de 15%?
b) Qual é a demanda por títulos de dívida da pessoa quando a taxa de juros é de
10%? E quando é de 15%?
Bd = W - M d
c) Qual é a relação entre a demanda por títulos de dívida e a demanda por moeda,
quando ocorrem alterações na taxa de juros?
10. Defina o Produto Interno Bruto (PIB) nas óticas da produção, da demanda e da
renda agregada.
11. Quais são as diferenças entre crescimento e desenvolvimento econômico?
132 - 133

MATERIAL COMPLEMENTAR

Macroeconomia
Olivier Blanchard
Editora: Pearson Education, 2011
Sinopse: O livro apresenta os principais
conceitos, teorias e aplicações da
macroeconomia, com ênfase no cenário
econômico mundial contemporâneo,
como o rápido crescimento econômico
da China e a crise econômica mundial
ocorrida em 2008.

Links para informações sobre indicadores


macroeconômicos.
Dados sobre países em desenvolvimento no site do World
Bank (Banco Mundial)
<www.worldbank.org/data>.
Fotos da história da moeda norte-americana
<http://www.frbsf.org/education/teacher-resources/
american-currency-exhibit>.
Revista semanal de notícias The Economist
<www.economist.com> .
Banco Central do Brasil
<www.bcb.gov.br >.
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
<www.ibge.gov.br >.
Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – Ipea. Fonte de
relatórios e artigos analíticos sobre a economia brasileira.
<www.ipedata.gov.br>
IpeaData, grande banco de dados mantido pelo Ipea com
dados de terceiros e dados próprios.
<www.ipeadata.gov.br >.
Jornal Valor Econômico
<www.valoronline.com.br>.
Portal Exame de Economia e Finanças
<www.portalexame.abril.com.br>.
Revista Conjuntura Econômica
<www.fgv.br/ibre/cecon>.

Material Complementar
IV






























MERCADO DE BENS E SERVIÇOS E O MERCADO MONETÁRIO


Professor Me. Sidinei Silvério da Silva

SETOR EXTERNO E O

V
UNIDADE
MERCADO DE TRABALHO

Objetivos de Aprendizagem
■ Compreender as razões pelas quais os países realizam o comércio
internacional.
■ Entender a Teoria das Vantagens Comparativas.
■ Analisar as relações existentes entre os regimes cambiais e a
determinação da taxa de câmbio.
■ Mensurar os pontos positivos e negativos da globalização econômica
e financeira.
■ Conhecer as principais variáveis de estudo do mercado de trabalho

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade
■ A Teoria das Vantagens Comparativas
■ Regimes Cambiais e a Determinação da Taxa de Câmbio
■ As políticas cambial e comercial e seus impactos sobre o comércio
internacional
■ O processo de internacionalização da economia (globalização)
■ O Mercado de Trabalho
136 - 137

INTRODUÇÃO

Caro(a) aluno(a), nesta quinta unidade, você conhecerá uma das teorias que
explicam por que o comércio internacional ocorre, a influência da taxa de
câmbio sobre as transações internacionais, os efeitos da globalização sobre
os negócios e economias nacionais, bem como as transformações ocorridas
no mercado de trabalho.
De forma geral, as transações internacionais acontecem tendo em vista o
tamanho dos mercados e a distância entre eles; as diferenças em força de trabalho,
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qualificações, capital físico, recursos naturais e tecnologia criam vantagens produ-


tivas para os países e as economias de escala (uma escala maior é mais eficiente).
A política cambial juntamente com as políticas fiscal e monetária são os prin-
cipais instrumentos de política econômica que os governos utilizam para atingir
e manter os equilíbrios interno e externo das economias nacionais.
Nesse contexto, conhecer o funcionamento das economias abertas auxiliará
você a entender as nuances dos negócios internacionais.

A TEORIA DAS VANTAGENS COMPARATIVAS

Segundo Krugman e Obstfeld (2005), a maior parte das teorias sobre comér-
cio internacional trata dos determinantes básicos dos padrões de comércio de
bens e das implicações do comércio sobre o bem-estar. Argumentam eles que
as principais teorias de comércio internacional baseiam-se, em sua maioria, no
princípio da vantagem comparativa, ou seja, supõem serem as trocas interna-
cionais de bens o resultado das diferenças entre os países em termos de custos
relativos e, consequentemente, de preços relativos.
Essa seção de estudo está baseada em Krugman e Obstfeld (2005), Mankiw
(2009), Blanchard (2011) e Abel, Bernanke e Croushore (2008).
Na origem do princípio das vantagens comparativas temos o modelo ricar-
diano de comércio internacional, baseado na teoria clássica do valor trabalho. De

Introdução
V

acordo com esse modelo, os custos comparativos são determinados pela produti-
vidade relativa do trabalho. Variações nessa produtividade entre os países adviriam
principalmente de diferenças tecnológicas entre eles. A análise ricardiana começa
com uma crítica ao princípio das vantagens absolutas de Adam Smith, ou seja, de
que o comércio internacional seja determinado por diferenças absolutas na produ-
tividade do trabalho. Em seu modelo, Ricardo supôs que as funções de produção
são diferentes entre países e que elas apresentam retornos constantes de escala.

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VANTAGEM COMPARATIVA E CUSTO DE OPORTUNIDADE

O modelo ricardiano usa os conceitos de custo de oportunidade e vantagem


comparativa.
O custo de oportunidade de produzir alguma coisa mede o custo de não ser
capaz de produzir outra coisa porque os recursos já foram utilizados.
Os países enfrentam os custos de oportunidade quando emprega recursos
para produzir bens e serviços. Por exemplo, um número limitado de trabalha-
dores pode ser empregado para produzir bananas ou computadores.
Desta forma, o custo de oportunidade de fabricar computadores equivale à
quantidade de bananas não produzidas, e o custo de oportunidade de produzir
bananas equivale à quantidade de computadores não fabricados.
Um país enfrenta um dilema: quantos computadores ou tonela-
das de bananas deve produzir com os recursos limitados que possui?
Um país possui uma vantagem comparativa na produção de
um bem, se o custo de oportunidade ©s
hu
tte
rst
oc
k
desse bem é inferior no país do que
em outros países.
Assim, a teoria das vantagens comparativas
(David Ricardo, 1817) sugere que cada país deve se especiali-
zar na produção da mercadoria em que é relativamente mais eficiente
(ou que tenha um custo relativamente menor).
Determinado país deverá importar bens cuja produção impli-
car um custo relativamente maior.

SETOR EXTERNO E O MERCADO DE TRABALHO


138 - 139

Exemplo

HORAS DE TRABALHO PARA PRODUZIR


VINHO TECIDO
Portugal 11 22
Inglaterra 55 55
Tabela 10: Produção de vinho e tecido na Inglaterra e Portugal
Fonte: elaboração do autor a partir de dados hipotéticos

De acordo com os dados da Tabela 10, em Portugal, é possível produzir tanto


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vinho quanto tecidos com menos trabalho do que na Inglaterra. Entretanto, o


custo relativo de se produzir tecido na Inglaterra é menor do que em Portugal.
Logo, com base nas vantagens comparativas, Portugal deve se especializar na
produção de vinho e a Inglaterra na produção de tecido e, por meio do comér-
cio internacional, realizarem as trocas mutuamente benéficas, melhorando o
bem-estar econômico e social de ambos os países.

TAXA DE CÂMBIO

O preço de uma moeda em termos de outra é denominado taxa de câmbio. Por


causa de sua forte influência sobre as transações correntes e outras variáveis
macroeconômicas, as taxas de câmbio estão entre os preços mais importantes
das economias abertas.
Como a taxa de câmbio, correspondente ao preço da moeda de um país em
termos da moeda de outro, é também o preço de um ativo, os princípios que
governam o comportamento dos preços de outros ativos também governam o
comportamento das taxas de câmbio.
De modo geral, a taxa de câmbio de HOJE está intimamente relacionada às
expectativas das pessoas sobre o nível FUTURO dessa taxa.
Assim como o preço das ações aumenta imediatamente após notícias favo-
ráveis sobre as perspectivas futuras da empresa, as taxas de câmbio respondem

Taxa de Câmbio
V

imediatamente a quaisquer notícias referentes aos valores futuros das moedas.


As taxas de câmbio desempenham um papel central no comércio interna-
cional porque nos permitem comparar os preços de bens e serviços produzidos
em diferentes países.
Se conhecemos a taxa de câmbio entre as moedas de dois países, podemos
calcular o preço das exportações de um em relação à moeda do outro.
Mudanças nas taxas de câmbio são descritas como depreciações ou apre-
ciações. Uma depreciação do Real em relação ao Dólar significa uma queda no
preço em dólares dos reais.

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US$ 1 = R$ 1,25 / US$ 1 = R$ 1,50
Permanecendo tudo o mais constante, uma DEPRECIAÇÃO da moeda de um
país torna seus bens mais baratos para os estrangeiros.
Uma elevação no preço do Real em relação ao Dólar significa uma aprecia-
ção do Real em relação ao Dólar.
US$ 1 = R$ 1,50 / US$ 1 = R$ 1,25
Permanecendo tudo o mais constante, uma APRECIAÇÃO da moeda de um
país torna seus bens mais caros para os estrangeiros.
Conclusivamente, quando a moeda de um país se deprecia, os estrangeiros
descobrem que suas exportações estão mais baratas e os residentes domésticos
constatam que as importações do exterior estão mais caras. Uma apreciação tem
efeito oposto: os estrangeiros pagam mais pelos produtos do país, e os consumi-
dores domésticos pagam menos pelos produtos estrangeiros
Taxa de Câmbio Nominal X Taxa de Câmbio Real
Taxa de Câmbio Nominal = é preço de uma moeda em termos de outra.
Exemplo: preço do dólar em reais.

Taxa de Câmbio Real = é a razão entre os preços estrangeiros e preços domés-


ticos, medidos na mesma moeda. Ela mede a competitividade de um país no
comércio internacional.
Se a taxa de câmbio real é igual a 1, então as moedas estão na paridade do
poder de compra (duas moedas estão na paridade do poder de compra quando

SETOR EXTERNO E O MERCADO DE TRABALHO


140 - 141

uma unidade de moeda doméstica pode comprar a mesma cesta de bens no Brasil
e no exterior). Se a taxa de câmbio real do Brasil aumenta para acima de 1, isso
significa que os bens no exterior são mais caros que os bens no Brasil. Tudo o
mais constante, isso implica que as pessoas – tanto no Brasil quanto no exterior –
provavelmente trocarão parte de seus gastos por bens produzidos no Brasil. Isso
frequentemente é descrito como um aumento da competitividade dos produ-
tos brasileiros. À medida que a taxa de câmbio real é maior do que 1, esperamos
que a demanda relativa por bens produzidos domesticamente se eleve. Por fim,
isso deveria ou aumentar os preços domésticos ou diminuir a taxa de câmbio,
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levando-nos para mais próximo da paridade do poder de compra.


As forças de mercado evitam que a taxa de câmbio mude para muito longe
da PPC ou que permaneçam longe da PPC indefinidamente.
A taxa de câmbio real é definida por:

Onde:
= taxa de câmbio real
E = taxa de câmbio nominal
P* = índice de preços do país estrangeiro
P = índice de preços doméstico

REGIME DE CÂMBIO FIXO

Segundo Vasconcelos e Garcia (2011), nesse regime o Banco Central fixa ante-
cipadamente a taxa de câmbio com a qual o mercado deve operar. Pelas regras
fixadas pelo sistema financeiro internacional, se um país fixa sua taxa de câm-
bio, ele se obriga a disponibilizar as reservas para o mercado quando requisitadas
(seja pelos exportadores, turistas ou saídas de capital financeiro). As desvanta-
gens desse regime cambial são a vulnerabilidade a elevações na demanda por
moeda estrangeira; elevadas taxas de juros para evitar a saída de reservas; e polí-
tica monetária completamente amarrada à questão cambial.

Taxa de Câmbio
V

REGIME DE CÂMBIO FLUTUANTE (FLEXÍVEL)

Nesse regime cambial, a taxa de câmbio é determinada pelo mercado de divisas,


ou seja, pela oferta e demanda de moeda estrangeira. Diferentemente do sistema
de câmbio fixo, o Banco Central não é obrigado a disponibilizar suas reservas
cambiais. Vantagem: defesa das reservas cambiais; política monetária direcionada
para outros objetivos. Desvantagem: volatilidade – mercado financeiro – nacio-
nal/internacional, inclusive especulativas (VASCONCELLOS; GARCIA, 2011).

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BALANÇO DE PAGAMENTOS

Segundo Sandroni (1999), o Balanço de Pagamentos é o registro de todas as tran-


sações de caráter econômico-financeiro realizadas por residentes de um país com
residentes dos demais países, conforme Figura 1.

BALANÇO DE PAGAMENTOS

a) Balanço Comercial (Mercadorias)


• Importações FOB (débito)
• Exportações FOB (crédito)

b) Serviços e Rendas
• Viagens internacionais (turismo)
• Transportes (fretes)
• Seguros
• Rendas de capitais (juros, remessa de lucros, dividendos e lucros reinvestidos
pelas multinacionais)
• Serviços diversos (royalties, assistência técnica)
• Serviços governamentais (embaixadas)

c) Transferências Unilaterais Correntes (Donativos em Divisas ou Mercadorias)

d) Balanço de Transações Correntes ou Saldo em Conta Corrente (Resultado


Líquido de A + B + C)

SETOR EXTERNO E O MERCADO DE TRABALHO


142 - 143

BALANÇO DE PAGAMENTOS

e) Conta Capital e Financeira


• Investimentos diretos líquidos (novas firmas estrangeiras)
• Reinvestimentos (multinacionais já instaladas no país)
• Empréstimos e financiamentos (Banco Mundial, BID, bancos privados e oficiais
estrangeiros)
• Amortizações de empréstimos
• Capitais de curto prazo
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f) Erros e Omissões

g) Saldo do Balanço de Pagamentos (Resultado Líquido de D + E + F)

h) Variação das Reservas


Figura 1: Estrutura do Balanço de Pagamentos
Fonte: Krugman e Obstfeld (2005)

Dependendo da natureza da transação econômica ou financeira, que dá lugar


à receita ou despesa de divisas, podem ser classificadas como operações em
transações correntes (A+B+C) ou movimento de capitais (E). As transações
correntes incluem as contas de comércio, serviços, rendas e as transferências
unilaterais. O movimento de capitais constitui uma conta também chamada
de conta capital e financeira.
O resultado global do Balanço de Pagamentos (G) indica que, se as recei-
tas totais (entradas de divisas) superarem as despesas totais (saída de divisas),
o balanço de pagamentos apresentará um superávit; se ocorrer o inverso,
haverá um déficit e, se os valores forem equivalentes, o balanço de pagamen-
tos estará equilibrado.
Para ilustrar, apresentamos na Tabela 11 o saldo da balança comercial, do
balanço de pagamentos e das reservas internacionais concernentes à economia
brasileira no período 1986 a 2012.

Taxa de Câmbio
V

ANO BC BP RESERVAS
1986 8.304,2990 -3.835,7000 6.760,0000
1987 11.173,0980 1.014,6000 7.458,0000
1988 19.184,1113 1.248,9000 9.140,0000
1989 16.119,1870 886,1000 9.679,0000
1990 10.752,3940 480,7000 9.973,0000
1991 10.579,9687 -369.0000 9.406,0000
1992 15.238,8948 14.670,2000 23.754,0000
1993 13.298,7681 8.708,8000 32.211,0000

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
1994 10.466,4721 7.215,2000 38.806,0000
1995 -3.465,6150 12.918,9000 51.840,0000
1996 -5.599,0410 8.666,1000 60.110,0000
1997 -6.752,8870 -7.907,1591 52.173,0000
1998 -6.574,5020 -7.970,2074 44.556,4437
1999 -1.198,8680 -7.822,0400 36.342,2753
2000 -697,7475 -2.261,6544 33.011,0000
2001 2.650,4670 3.306,6005 35.866,4150
2002 13.121,2970 302,0872 37.823,4564
2003 24.793,9241 8.495,6505 49.296,2022
2004 33.640,5407 2.244,0298 52.934,8431
2005 44.702,8783 4.319,4639 53.799,2851
2006 46.456,6287 30.569,1174 85.838,8644
2007 40.031,6266 87.484,2457 180.333,6087
2008 24.835,7524 2.969,0721 206.806,0462
2009 25.289,8057 46.650,9878 239.054,1056
2010 20.146,8579 49.100,5036 288.574,6036
2011 29.793,6766 58.636,8072 352.012,0740
2012 19.430,6454 18.899,5524 378.613,4969
Tabela 11: Saldo da Balança Comercial (FOB), Resultado Global do Balanço de Pagamentos e Reservas
Internacionais (liquidez internacional), Brasil, 1986 a 2012, valores em US$ (milhões)
Fonte: Banco Central do Brasil, Boletim, Seção Balanço de Pagamentos

SETOR EXTERNO E O MERCADO DE TRABALHO


144 - 145

O resultado apresentado evidencia os efeitos da volatilidade no mercado de divi-


sas e os reflexos das crises do México (1995), da Rússia (1998) e da Argentina
(1999) sobre o movimento de capitais no Brasil.

O PROCESSO DE INTERNACIONALIZAÇÃO DA
ECONOMIA (GLOBALIZAÇÃO)
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Nas últimas décadas, houve grandes mudanças de caráter tecnológico-organi-


zacional que provocaram a aceleração dos processos de internacionalização e
globalização mundial.
Segundo Sandroni (1999), a globalização designa o fim das economias nacio-
nais e a integração cada vez maior dos mercados, dos meios de comunicação e
dos transportes. Um dos exemplos mais interessantes do processo de globalização
é o abastecimento de uma empresa por meio de fornecedores que se encontram
em várias partes do mundo, cada um produzindo e oferecendo as melhores con-
dições de preço e qualidade naqueles produtos que têm
maiores vantagens comparativas.
Para Vasconcellos e Garcia (2011), entende-se
por globalização produtiva a produção e distri-
buição de valores dentro de redes em escala
mundial, com o acirramento da concorrên-
cia entre grandes grupos multinacionais. Por
seu turno, entende-se por globalização finan-
ceira a negociação entre os diversos mercados
de capitais do mundo.
A crescente integração financeira e o significativo
aumento no número de crises cambiais levanta outra
questão que é como a crise de um país afeta outros paí-
ses, o chamado efeito contágio em que os efeitos das
crises cambiais em um país se espalham para outros
©shutterstock

O Processo de Internacionalização da Economia (Globalização)


V

países. Essa possibilidade decorre da chamada “globalização financeira”.


Em relação aos aspectos negativos e positivos da globalização, podemos
mencionar o que segue:
■ Pontos negativos. Os principais aspectos negativos da globalização são
o desemprego, crises mundiais, especulação financeira, problemas cam-
biais e enfraquecimento das economias nacionais.
■ Pontos positivos. Os principais aspectos positivos da globalização são
a geração de empregos em países em desenvolvimento, favorecimento à
transferência de empregos e empresas, ganhos econômicos (redução de

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custos), ganhos culturais e ganhos científicos.

A ascensão recente da China enquanto potência mundial a coloca num pa-


tamar de rivalizar com os Estados Unidos a hegemonia econômica do pla-
neta. Segundo a economista de Oxford, Prof.ª Ngaire Woods, estaria a China
destinada a substituir o Império Americano? Assista ao vídeo disponível em:
<http://www.youtube.com/watch?v=RW4MuzPMAxM> e tire suas conclusões!

O MERCADO DE TRABALHO

O mercado de trabalho é um dos cinco mercados em que a macroeconomia


normalmente divide a economia. Nesse mercado, se determinam a quantidade
utilizada de trabalho (N) e o salário nominal do trabalhador (W).
Com base em Bacha e Lima (2006), serão definidos conceitos fundamentais
para entender o funcionamento do mercado de trabalho:
■ População residente é o total de pessoas vivendo em um certo país em
certo momento do tempo, independente de sua idade e se está ou não
trabalhando, procurando trabalho ou apenas é ociosa. A população resi-
dente se divide em População Economicamente Ativa (PEA), População
Não Economicamente Ativa e Pessoas Incapacitadas ao trabalho.

SETOR EXTERNO E O MERCADO DE TRABALHO


146 - 147

■ População Economicamente Ativa (PEA) são as pessoas acima de certa


idade (por exemplo, com 10 ou mais anos de idade) que são aptas e dese-
jam trabalhar, independente de estarem ou não trabalhando. Esta categoria
inclui as pessoas que estão trabalhando e os que estão desempregados,
mas procuram emprego.
■ População Não Economicamente Ativa são as pessoas aptas a traba-
lhar, mas que não estão trabalhando e nem procurando emprego. Nessa
categoria se incluem os trabalhadores desalentados (dispostos a traba-
lhar, mas desestimulados a procurar trabalho), as pessoas dedicadas às
atividades do lar, os estudantes, os aposentados, os pensionistas, os ren-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

tistas, por exemplo.


■ Pessoas Incapacitadas ao Trabalho são aquelas abaixo de certa idade
(por exemplo, 10 anos), as inválidas física e/ou mentalmente para traba-
lhar, idosos, réus e outros não classificados na PEA ou na População Não
Economicamente Ativa.
A soma da PEA com a população não economicamente ativa fornece a popula-
ção em idade ativa (PIA).
Define-se a taxa de participação (tp) como sendo a relação entre PEA e PIA.
■ A força de trabalho (FT) em dado país é a PEA do País. Observe que essa
PEA se decompõe em pessoas ocupadas e pessoas procurando emprego.
■ Pessoas ocupadas são aquelas exercendo atividades outras do que as
domésticas no próprio lar, e que recebem ou não remuneração (monetá-
ria ou em espécie).

As pessoas procurando emprego são classificadas como


sendo desempregadas.
■ Taxa de desemprego é a percentagem da força de traba-
lho que está desocupada e procurando emprego.

Em relação ao mercado de traba-


lho brasileiro, conforme Tabela 12,
de 1993 a 2004, a taxa de partici-
pação manteve-se estável, ou seja,
em torno de 61%.
©shutterstock

O Mercado de Trabalho
V

POPULAÇÃO PEA COM 10 PESSOAS TAXA DE


PESSOAS DESEM- POP. NÃO ECONOMI-
ANO RESIDENTE ANOS OU OCUPADAS PARTICIPA-
PREGADAS (MIL) CAMENTE ATIVA (MIL)
(MIL) MAIS (MIL) (MIL) ÇÃO (%)

1993 148.217 70.965 66.570 4.396 45.123 61,1


1995 152.375 74.138 69.629 4.510 46.763 61,3
1996 154.361 73.120 68.040 5.080 50.459 59,2
1997 156.128 75.213 69.332 5.882 49.833 60,1
1998 158.232 76.886 69.963 6.923 50.804 60,2
1999 164.133 81.176 73.346 7.830 51.952 61,0
2001 169.370 83.243 75.458 7.785 54.427 60,5

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
2002 171.668 86.056 78.180 7.876 54.285 59,0
2003 175.988 88.803 80.163 8.640 55.819 61,4
2004 178.605 91.035 82.820 8.218 56.156 61,9

Tabela 12: Dados sobre população e emprego, Brasil, anos selecionados


Fonte: Bacha e Lima (2006)

COMO OS SALÁRIOS SÃO DETERMINADOS?

Blanchard (2011) afirma que a fixação de salários é feita de várias formas. A por-
centagem de empregados cobertos por acordos coletivos de trabalho não chega
a atingir 25%. Os demais salários são determinados pelos empregadores ou por
acordos bilaterais entre o empregador e o empregado.

NEGOCIAÇÕES

Muitos trabalhadores empregados têm algum poder de barganha. O nível do


poder de barganha de um trabalhador depende claramente da natureza do seu
trabalho. Além disso, as condições de trabalho também afetam o poder de bar-
ganha dos trabalhadores. Se a taxa de desemprego é baixa, a empresa encontrará
maior dificuldade para encontrar um substituto aceitável. Isso, por sua vez,
aumenta o poder de barganha dos trabalhadores empregados, que conseguirão
obter maiores salários.

SETOR EXTERNO E O MERCADO DE TRABALHO


148 - 149

SALÁRIOS DE EFICIÊNCIA

As próprias empresas podem desejar pagar mais do que os salários de restrição.


As empresas querem que seus trabalhadores sejam produtivos e o salário pode
ajudá-las a atingir essa meta.

TAXA NATURAL DE DESEMPREGO


Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

A taxa natural de desemprego é tal que o salário real decorrente da determinação


dos salários é igual ao salário real decorrente da fixação de preços. Um aumento
nos benefícios-desemprego leva a um aumento da taxa natural de desemprego.
A redução do markup leva a um decréscimo da taxa natural de desemprego
(BLANCHARD, 2011).

CONSEQUÊNCIAS DA GLOBALIZAÇÃO SOBRE O MERCADO DE


TRABALHO

Com a abertura da economia brasileira, iniciada no Governo Fernando Collor


de Mello, houve um aumento da competitividade no setor industrial brasileiro,
e as empresas precisaram criar estratégias para continuar no mercado. Dentre
essas estratégicas, podemos destacar a diversificação de produtos, a terceiriza-
ção da produção e a criação de programas de qualidade.
Especificamente sobre o mercado de trabalho, o aumento do desemprego
estrutural pode ser apontado como um dos aspectos perversos da globalização.
Ademais, implantado pela globalização, o novo paradigma tecnológico requer mão
de obra qualificada, marginalizando assim parcela significativa de trabalhadores.
No que se refere ao comportamento da taxa média de desemprego, no Brasil,
de 2003 a 2012, constatamos uma boa situação de empregabilidade em meio a
um cenário adverso vivido por muitas economias ao redor do mundo (Figura 2).

O Mercado de Trabalho
V

12,2 12,3

10,3 10,1
9,9

8,6
8,3

7,3

6,3
5,9
5,7

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013

Figura 2: Taxa Média de Desemprego no 1º Semestre, em %, 2003-2013


Fonte: IBGE

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que


o primeiro semestre de 2013 apresentou a menor taxa média de desemprego
para o período nos últimos 10 anos. De janeiro a junho deste ano, a taxa média
de desemprego foi 5,7%. Já nos primeiros seis meses de 2003, a taxa média de
desemprego era 12,2%. Uma queda de 6,5% em todo o período.
Apesar do desempenho apresentado, um dos problemas do mercado de tra-
balho se caracteriza pela qualidade dos postos de trabalho que têm sido gerados
na economia brasileira. A separação do emprego formal e informal para a aná-
lise proposta se faz importante à medida que mais da metade da PEA nacional
se enquadra no mercado de trabalho informal. Considerando que a informali-
dade afeta tanto as pessoas, que ficam desabrigadas dos benefícios trabalhistas,
quanto o crescimento econômico, ao dificultar a arrecadação de impostos pelo
governo e desestimular novos investimentos do setor formal, fica clara a necessi-
dade de políticas públicas que desonerem a criação de postos formais de trabalho
no Brasil.

SETOR EXTERNO E O MERCADO DE TRABALHO


150 - 151

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nesta unidade, finalizamos o estudo dos agregados econômicos com a apre-


sentação da Teoria das Vantagens Comparativas, dos regimes cambiais, da
determinação da taxa de câmbio, do processo de internacionalização da econo-
mia e do mercado de trabalho.
Constatamos que a taxa de câmbio exerce uma influência considerável sobre
a balança comercial e os fluxos de capitais, em que a crescente integração finan-
ceira e o significativo aumento no número de crises cambiais sugerem uma
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

interdependência cada vez maior entre os países.


Concluímos que dadas a heterogeneidade e a complexidade dos determinan-
tes do comércio internacional (elementos de oferta e de demanda, influências
econômicas, determinantes específicos relativos ao produto, empresa, setor de
atividades ou país), não é possível ter-se uma teoria geral que possa ser aplicada
a todos os casos e a qualquer momento.
Finalmente, verificamos que a globalização provocou inúmeras transforma-
ções no mercado de trabalho, principalmente com o aumento do desemprego
estrutural em muitos países e pelo novo paradigma tecnológico, que requer mão
de obra qualificada, marginalizando parcela significativa de trabalhadores.

“É, contudo, o produtor que, via de regra, inicia a mudança econômica, e


os consumidores, se necessário, são por ele ‘educados’; eles são, por assim
dizer, ensinados a desejar novas coisas, ou coisas que diferem de alguma
forma daquelas que têm o hábito de consumir.” Essa frase é de Joseph Alois
Schumpeter, economista que nasceu em Triesch, na Moravia, província aus-
tríaca hoje pertencente à República Checa. Prescrever a “destruição criado-
ra”, ou seja, a substituição de antigos produtos e hábitos de consumir por
novos, foi um passo que Schumpeter rapidamente deu ao descrever o pro-
cesso do desenvolvimento econômico.

Considerações Finais
1. O que é taxa de câmbio?
2. Diferencie regime de câmbio fixo de câmbio flutuante.
3. Quais os efeitos de uma apreciação ou valorização cambial sobre o comércio
internacional?
4. Quais os efeitos de uma depreciação ou desvalorização cambial sobre o comér-
cio internacional?
5. Defina globalização produtiva e globalização financeira.
6. O que é taxa de ocupação e taxa de desemprego?
7. Diferencie emprego formal de emprego informal.
8. Quais as consequências do processo de globalização econômica e financeira so-
bre o mercado de trabalho brasileiro?
152 - 153

MATERIAL COMPLEMENTAR

Trabalho escravo
Para saber mais sobre o trabalho escravo, assista à reportagem que aborda a escravidão
contemporânea de forma grave e lucrativa segundo a Organização Mundial do Trabalho.
http://globotv.globo.com/globo-news/sem-fronteiras/t/todos-os-videos/v/escravidao-
contemporanea-e-grave-e-lucrativa-segundo-a-organizacao-mundial-do-trabalho/2941782/

Princípios de Macroeconomia
N. Gregory Mankiw
Editora: Cengage Learning
Sinopse: O livro apresenta o mundo da macroeconomia de forma clara
e atraente, despertando o interesse do aluno em aprender economia,
com o entendimento do mundo em que vive, por meio de diversas
ferramentas de aprendizado, como Sumário dos capítulos, Saiba Mais
Sobre, Estudo de Caso, Notícias, Conceitos-Chave, Testes Rápidos,
Resumos, Questões para Revisão, Problemas e Aplicações e Glossário.

Material Complementar
154 - 155

CONCLUSÃO

Caro(a) aluno(a), chegamos ao final do livro de Economia e Sociedade. Neste livro,


procuramos levar a você conhecimentos (básicos, no entanto essenciais tanto para
a esfera pessoal quanto para a esfera profissional) acerca dos principais elementos
da teoria econômica e suas aplicações.
Voltamos a frisar que nosso objetivo ao escrever este livro foi criar condições/meios
para que você pudesse compreender da melhor maneira possível conceitos e apli-
cações da economia, já que tais conceitos/aplicações o ajudarão a encontrar possí-
veis respostas às inúmeras questões socioeconômicas com as quais nos deparamos
cotidianamente, sejam elas de âmbito pessoal e/ou profissional.
Assim sendo, esperamos ter despertado em você curiosidades e vontade de com-
preender ainda mais a economia na prática!
Vale lembrar que a construção do conhecimento acerca dos conceitos e aplicações
da economia neste livro foram estruturadas em cinco unidades. Na unidade I, escri-
ta pela professora Daniela Carla Monteiro, tratamos sobre conceitos fundamentais
em economia.
O estudo desta unidade lhe permitiu a) compreender por que a economia é uma
ciência da escassez; b) reconhecer a contradição existente entre fatores de produ-
ção e necessidades humanas; c) definir economia e suas atividades de produção; d)
analisar a curva ou fronteira de possibilidades de produção (CPP); e) entender o con-
ceito de custo de oportunidade; f ) discutir os problemas econômicos fundamentais
e, g) explicar o funcionamento de um sistema econômico capitalista.
Sinteticamente, agora você conhece/domina conceitos fundamentais em economia
e está apto a compreender/analisar, ainda que de modo geral, o mundo/sociedade
em que vivemos.
Sequencialmente, nas unidades II e III, escritas pela professora Andréia Moreira
da Fonseca Boechat, introduzimos a microeconomia, ou seja, tratamos sobre de-
manda, oferta e equilíbrio de mercado e estruturas de mercado respectivamente.
O estudo da unidade II lhe permitiu compreender a lei geral da demanda e a lei ge-
ral da oferta, que procuram explicar os motivos que fazem com que consumidores
e produtores demandem/ofertem determinados bens e serviços, bem como de que
modo objetivos opostos entre produtores e consumidores são acordados. Nunca
se esqueça de que tais acordos são informais e que os mesmos formam preços e
quantidades que garantem equilíbrio ao mercado.
No estudo da unidade III, por sua vez, o aprendizado/compreensão refere-se ao
modo como as diversas empresas existentes se organizam no mercado. Vimos que
esse modo de organização é denominado pela microeconomia de estruturas de
mercado e que as principais estruturas de mercado são: concorrência perfeita, mo-
nopólio, oligopólio e concorrência monopolística. Agora você compreende que o
número de empresas que compõem um mercado, que o tipo de produto, sendo
eles homogêneo ou diferenciado, e que a existência ou não de barreiras à entra-
CONCLUSÃO

da de novas empresas são características que darão forma ou que estruturarão um


dado mercado.
E para finalizar, nas unidades IV e V, escritas pelo professor Sidinei Silvério da Sil-
va, introduzimos a macroeconomia, ou seja, tratamos sobre os mercados de bens/
serviços e monetário e setor externo e mercado de trabalho respectivamente.
O estudo da unidade IV lhe permitiu compreender os agregados econômicos e
suas relações entre os agentes econômicos e o governo. Ademais, avançamos nos
estudos/compreensão sobre: a) objetivos da política macroeconômica; b) fatores
que determinam o crescimento econômico de um país; c) abordagens de mensu-
ração do produto interno bruto; d) políticas fiscal e monetária como instrumento
de combate à inflação e ao desemprego; e) métodos de determinação da renda
de equilíbrio; e f ) dependência de diversos fatores, dentre os quais se sobressaem
recursos naturais e humanos, estoque de capital, tecnologia e políticas econômicas,
para que os países se desenvolvam. 
Já o estudo da unidade V, última unidade do nosso livro, lhe permitiu compreender
a teoria das vantagens comparativas; os regimes cambiais; o modo como a taxa de
câmbio é determinada; o processo de internacionalização da economia; e o merca-
do de trabalho.
Agora você sabe que não é possível ter uma teoria geral de comércio internacional
que se aplique a todos os casos e a qualquer momento; que a taxa de câmbio exer-
ce uma influência considerável sobre a balança comercial e os fluxos de capitais;
bem como que o processo de internacionalização da economia provocou inúmeras
transformações no mercado de trabalho, principalmente por meio do aumento do
desemprego estrutural.
Assim sendo, esperamos/desejamos que os conteúdos trabalhados nesta disciplina
proporcionem a você relevantes ganhos em termos de uma maior compreensão
da economia e de como ela pode afetar a sociedade. Além disso, esperamos/dese-
jamos que você se torne um participante mais hábil no sistema econômico, já que
agora você compreende conceitos e aplicações da economia.
Nos despedimos com o que escreveu Adam Smith (1723-1790) – Economista Esco-
cês considerado o pai do liberalismo econômico e da ciência econômica moderna:
“A ambição universal dos homens é viver colhendo o que nunca plantaram”.
Até a próxima!

Professora Me. Andréia Moreira da Fonseca Boechat


Professora Me. Daniela Carla Monteiro
Professor Me. Sidinei Silvério da Silva
156 - 157

REFERÊNCIAS

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VICECONTI, Paulo E. V; NEVES, Silvério das. Introdução à Economia. 7. ed. São Paulo:
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