Em uma cidadezinha do interior havia uma figueira carregada dentro do cemitério.
Dois amigos decidiram entrar lá à noite (quando não havia vigilância) e pegar todos os figos. Eles pularam o muro, subiram a árvore com as sacolas penduradas no ombro e começaram a distribuir o ‘prêmio’. - Um pra mim, um pra você. - Um pra mim, um pra você. - Pô, você deixou esse dois caírem do lado de fora do muro! - Não faz mal, depois que a gente terminar aqui pega os outros. - Então ta, mais um pra mim, um pra você. Um bêbado, passando do lado de fora do cemitério, escutou esse negócio de ‘um pra mim e um pra você’ e saiu correndo para a delegacia. Chegando lá, virou para o policial: - Seu guarda, vem comigo! Deus e o diabo estão no cemitério dividindo as almas dos mortos! - Ah, cala a boca bêbado! - Juro que é verdade, vem comigo. Os dois foram até o cemitério, chegaram perto do muro e começaram a escutar… - Um para mim, um para você. O guarda assustado: - É verdade! É o dia do apocalipse! Eles estão dividindo as almas dos mortos! O que será que vem depois? Lá dentro, os dois amigos já estavam quase terminando… - Um para mim, um para você. Pronto, acabamos aqui. E agora? - Agora a gente vai lá fora e pega os dois que estão do outro lado do muro… Fato é o que acontece realmente. É o ato, a ação do momento. E inferência são as deduções que fazemos dos fatos, nossas conclusões. Muitas das vezes assistimos um determinado fato e criamos histórias e conclusões próprias a respeito e transmitimos às pessoas uma versão que não condiz com os fatos… Atitudes como estas de pré-julgamento e inferências podem ter conseqüências desastrosas… é preciso ter cuidado e medir nossas atitudes. Na esquina, um acidente de carro. O automóvel acerta o poste de frente. E ao ser consultado o cidadão exclama: “- O motorista, em alta velocidade, não conseguiu desviar do poste”. Mas… Ao ser questionado se fora testemunha do fato, se estava ali no momento do acidente este informa que havia chegado naquele momento. Ora, se não estava… como poderia dizer que o carro estava em alta velocidade? Já um outro… afirmava veemente a tudo que havia assistido. E narrava a cena energicamente: “- O carro fez uma curva muito fechada, o motorista bêbado não teve um bom reflexo para consegui desviar do poste.” “- Mas o motorista estava realmente bêbado?” “-Claro que sim, ele saiu do carro cambaleante…” Ora, mas se o motorista do veículo havia levado uma pancada na cabeça… Como ele poderia sair do carro de outra forma? Será que estaria realmente bêbado? Ou foi apenas uma inferência do homem que contava o ocorrido? Certas pessoas ao se depararem com um acidente tiram conclusões baseadas totalmente na bagagem informativa que já possui. De tanto ouvir narrativas de acidentes onde o motorista, culpado, estava alcoolizado, este já conclui precipitadamente o estado do mesmo. Dentro da empresa temos que tomar muito cuidado ao repassarmos informações, instruções, fatos ocorridos, instruções… para que nossas conclusões pessoais não interfiram na comunicação vindo, assim, gerar problemas àqueles que nos escutam. Uma piada clássica é a do chefe que consulta seu subordinado dizendo: - Almeida, qual o número deste pedido? Um outro colaborar que passa e só ouve o final da frase já anuncia a “bomba” aos demais colegas: “-Pessoal, o Almeida foi despedido, será que vão ter outras demissões”? Portanto, da próxima vez que tiver que passar informações aos seus subordinados, colegas, clientes… peça feedback do que você disse, pergunte se entendeu, se foi claro. E faça o mesmo quando receber mensagens confirme o que lhe foi dito. Diga frases como: “- Bem, vejamos se entendi direito: você quer dizer que…”, “-Então o prazo para entrega será de 15 dias?”