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Separação e Purificação de Bioprodutos

Filtração

 A separação de partículas de uma fase líquida pode ser


obtida pelo:
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ִ movimento condicionado das partículas por um meio líquido,


sendo o movimento induzido pela força gravítica ou eléctrica.

No caso da força gravítica, a separação ocorre devido à diferença de


densidade entre as partículas e o meio líquido, por influência da
aceleração gravitacional ou centrífuga (e.g., sedimentação e
centrifugação).

Na situação da força eléctrica, as partículas são atraídas para uma


superfície de carga contrária, por imposição de uma diferença de
potencial eléctrico externo (e.g., precipitador eléctrico).

5.2

1
 No primeiro tipo de procedimento, exemplificado pela
filtração, a separação ocorre por contacto com uma
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superfície porosa – o filtro.

 O filtro actua como uma barreira semi-permeável que


permite o fluxo por entre a sua matriz porosa aos
solutos de menor dimensão e acumula as partículas e os
solutos de maior dimensão à sua superfície.

 Dependendo do mecanismo de retenção de partículas, a


filtração pode ser:
ִ em bolo,
ִ em leito poroso ou
ִ tangencial.

5.3

 A filtração em leito poroso é aconselhável quando o


teor em sólidos é inferior a 1 %:
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ִum leito espesso de material filtrante é empacotado (e.g., areia


e terra diatomáceas - diatomito) e usado com meio filtrante,
onde partículas sólidas suspensas são retidas

5.4

2
ִas partículas têm habitualmente uma dimensão característica
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algumas ordens de grandeza inferior à dimensão do


enchimento, o que lhes confere a capacidade de penetrarem até
alguma profundidade no enchimento até serem retidas. O
mecanismo de retenção pode ser:

 peneiração devida à estrutura do poro,


 sedimentação,
 difusão browniana,
 colisão com a superfície, ou
 interacção electroestática.

5.5

 A filtração em bolo é a operação mais comum para a


separação de partículas de uma suspensão
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 Na filtração em bolo, as partículas são retidas à


superfície de um filtro, onde se vão acumulando,
formando um bolo, que vai aumentando de espessura
com o tempo de filtração

 O bolo de partículas constitui o verdadeiro filtro e


contém nos seus poros filtrado

 Por vezes, pode ser necessário remover o excesso de


filtrado contido nos poros do bolo. Para o efeito aplicam-
-se forças externas (e.g., hidrodinâmicas, eléctricas e
mecânicas)

5.6

3
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5.7

 Quando o tamanho médio das partículas é da ordem do


micrómetro, a filtração convencional por bolo torna-se
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pouco eficaz, devido à formação de um bolo com


elevada perda de carga.

 Este obstáculo é ultrapassado pela filtração tangencial.

 Nesta filtração a suspensão flui tangencialmente ao


meio filtrante.

 As tensões de corte geradas pelo fluxo sobre o meio


filtrante reduzem a formação do bolo, por arrastamento
dos sólidos, sendo possível manter fluxos de filtração
elevados.

5.8

4
Separação e Purificação de Bioprodutos Separação e Purificação de Bioprodutos

Modelação da filtração em bolo


5.9

5
 Na filtração em bolo, os parâmetros relevantes para a
simulação ou para o projecto de filtros são:
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ִ a área de filtração – A,
ִ a queda de pressão no filtro – ∆p – e
ִ o tempo de filtração – t.

 Com o decorrer da filtração, as partículas em suspensão


que se vão acumulando à superfície do filtro formam um
bolo.

5.11

 A queda de pressão no filtro, para um bolo


incompressível, pode ser determinada pela expressão:
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 αω V 
∆ p = p a − pb =  + Rm  × µ v
 A 

µ  αωV  µαω
+ Rm  = 2 (V + Ve )
dt
= 
dV A∆p  A  A ∆p

5.12

6
 t = Tempo de filtração em cada ciclo de filtração
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 V = Volume de filtrado em cada ciclo de filtração


 µ = Viscosidade do meio líquido
 α = Resistência específica do bolo
 ω = Concentração da suspensão por volume de líquido
 A = Área de filtração efectiva
 ∆p = Queda de pressão no filtro
 Ve = Volume de filtrado equivalente à resistência da tela filtrante
5.13
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5.14

7
 A resistência específica do bolo – α – depende:
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 do tamanho das partículas,


 da sua forma, e
 da distribuição no bolo

 Para bolos incompressíveis α é independente da


pressão, enquanto, para bolos compressíveis, α
depende da queda de pressão:

α = α 0 × ∆p s
5.15

 A aplicação da equação de projecto requer o


conhecimento do modo de operação de filtros, isto é, se
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o filtro opera a queda de pressão constante, ou a caudal


de filtrado constante, ou com ambos a variar
µαω
= 2 (V + Ve )
dt
dV A ∆p

 A integração da equação anterior, a queda de pressão


constante e a caudal de filtrado constante resulta nas
equações:

5.16

8
 ∆p = constante
µαω  V
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t 
= 2  + Ve 
V A ∆p  2 

dV
Q = = constante
dt
µαω
∆p = × Q × (V + Ve )
A2

5.17

 Exemplo 5.1
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ִ A tabela seguinte apresenta o resultado de ensaios


laboratoriais de filtração a pressão constante, de uma
suspensão aquosa contendo 23,5 gramas de sólido
por litro de água. A área de filtração é de 440 cm2.

 Determine a resistência específica do bolo e a resistência


da tela filtrante

5.18

9
Separação e Purificação de Bioprodutos

5.19

1. O primeiro passo, passa pela verificação da


conformidade entre as unidades das diferentes variáveis
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envolvidas. No que se refere à queda de pressão, notar


que:

1 lbf/in2 = 6,89473 x 103 N/m2 = (6,89473 x 103) / 1,01325 x 10-5 atm

2. De seguida, há que ajustar a equação de projecto aos


dados experimentais:

µαω
t
= (V + 2Ve )
V 2 A 2 ∆p

Quais são os parâmetros de ajuste? 5.20

10
3. A partir da ordenada na origem ( µαω Ve ) e do
µαω A2 ∆p
), calcular Ve e α.
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declive (
2 A 2 ∆p

2 × (ordenada)
Ve =
(declive)

2 × ( declive ) × A 2 ∆P (ordenada ) × A 2 ∆P
α= =
µw µwVe

5.21
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5.22

11
∆P declive ordenada Ve alfa
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lbf/in2 N/m2 s/l2 s/l l m/kg

6,7 46194,69 13,02 28,21 4,33 1,12E+11

16,2 111694,6 7,24 21,11 5,83 1,50E+11

28,2 194431,4 4,51 9,43 4,18 1,63E+11

36,3 250278,7 3,82 7,49 3,92 1,78E+11

49,1 338531,2 3 6,35 4,23 1,89E+11

média 4,50

desvio 0,76

5.23

4. ajustar aos pares de valores ( ∆p , α) a equação:


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α = α 0 × ∆p s

5. linearizando a equação:
ln α = ln α 0 + s × ln ∆p

5.24

12
26
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25,9
25,8
25,7
25,6

ln (alfa)
25,5
25,4
25,3
25,2
25,1
25
10,5 11 11,5 12 12,5 13
ln (DP)

ln α = 22,7 + 0,259 × ln ∆p

α = 7,11 × 109 × ∆p 0, 258

5.25

 Aumento de escala
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ִ para o projecto (ou a simulação) de filtros industriais é


necessários ter informação sobre:
 o comportamento do leito de sólido filtrado (i.e., o bolo) - α
 o comportamento do tela filtrante - Ve

ִ estes valores são, normalmente obtidos experimentalmente em


filtros à escala laboratorial ou piloto e depois extrapolados para
a escala real

ִ Como?

5.26

13
 Se se passar deste filtro laboratorial para um filtro
industrial, o que sucede aos parâmetros α e Ve ?
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ִ ____________________________________
ִ ____________________________________

 Ve
ִ ____________________________________
ִ ____________________________________

5.27
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Processos membranares

14
 Nos processos membranares ocorre a transferência de
um soluto de uma corrente líquida para outra
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 Há 2 categorias principais, baseadas na razão entre a


convecção e a difusão (definido pelo número de Péclet)

<v> N
Pe = ,P = i
P ∆Ci

 onde <v> é a velocidade observado de fluxo transmembranar de


solvente e P é a permeabilidade da membrana ao soluto. A
permeabilidade é a razão entre a velocidade molar de transporte
do soluto pela membrana e o gradiente de concentrações.
vdρ Cpµ vdρC p 5.29
Pe = Re× Pr = × =
µ k k

 Sistemas onde há um forte fluxo transmembranar de


solvente (isto é, transporte convectivo) têm um Pe
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elevado (e.g., ultrafiltração, microfiltração, osmose


inversa)

 Sistemas com baixo fluxo transmembranar de solvente


têm um Pe baixo (e.g., dialisadores)

t=τ

t=0

t=τ 5.30

15
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Processos membranares
Ultrafiltração e Microfiltração

 A ultrafiltração (UF) é um processo pelo qual se


consegue separar partículas micrométricas e
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macromoléculas de suspensões ou solução líquidas


(normalmente aquosas).

 A UF é particularmente utilizada para a separação ou


concentração de soluções contendo macromoléculas,
colóides, sais ou açúcares.

 A membrana de UF pode ser descrita como um peneiro,


onde os poros apresentam dimensões médias desde
uma ordem de grandeza molecular até alguns (poucos)
micrómetros.

5.32

16
 Estas membranas são normalmente construídas de
material polimérico, assimétricas, projectadas para
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elevados fluxos de permeado e resistentes à colmatação

 A configuração por que estas membranas são


comercializadas pode ser:
ִ placas planas,
ִ de microtubos paralelos (hollow fibres) ou
ִ de tubos concêntricos

 Dependendo da aplicação da membrana existem formas


mais aconselháveis

5.33
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5.34

17
 As unidades de UF podem ser operadas de forma
descontínua ou contínua.
Separação e Purificação de Bioprodutos

 Na forma descontínua o retentado é recirculado para o


tanque de alimentação até o produto final desejado ser
obtido. Este é o modo mais rápido de concentração e o
que requer a menor área de filtração.

5.35

 Para determinar a área superficial da membrana de UF –


A – é necessário conhecer:
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 o fluxo – J – que é uma medida da produtividade da membrana;


 o permeado – Vp – volume de líquido que atravessa a membrana;
 o retentado – Vr – volume de líquido/suspensão retido pela
membrana.

 No decurso da operação em descontínuo, o fluxo vai


decrescendo devido ao aumento da concentração da
alimentação recirculada.

 Ocorre, ainda, o fenómeno da polarização (aumento da


concentração de solutos à superfície da membrana que
faz baixar o fluxo por efeito sobre a pressão osmótica).

5.36

18
 no projecto de unidades de UF é utilizado um fluxo
médio estimado por:
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J m = J f + 0,33 × (J i − J f )
Va
 O factor de concentração define-se por:
Vr

 A área de filtração estima-se por:

A=
(Va − Vr )
Jm

5.37

 Exemplo 5.2
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ִ Estimar a área superficial necessária para a concentração de


uma solução, com um fluxo de produto concentrado de 2 000
l/h, por um processo de UF descontínuo. O filtro opera a 120 °F,
a uma velocidade de 1,0 m/s, com um factor de concentração
de 4,0, variando o fluxo de filtrado de 50 l/m2/h, no início, até
20 l/m2/h, no final da operação.

 Compare a área determinada com a necessária se se operar o


filtro em contínuo.

5.38

19
1. Calcular o fluxo médio

J m = J f + 0,33 × (J i − J f ) = 20 + 0,33 x (50 − 20 ) = 29,9l / m 2 / h


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2. Calcular o fluxo da alimentação


Va
= 4 ⇒ Va = 4 xVr = 4 x 2000 = 8000l / h
Vr

3. Calcular o fluxo de permeado


V p = Va − Vr = 8000 − 2000 = 6000l / h

4. Finalmente
A=
(Va − Vr ) = 6000 = 200,7 m 2
Jm 29,9
5.39

5. Operando o filtro de um modo contínuo, a área seria


calculada utilizando o fluxo de filtrado final, no que
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resultaria:

A=
(V a − Vp ) = 6000 = 300 m 2
Jf 20

5.40

20
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Processos membranares
Diálise, Osmose Inversa,
Electrodiálise

Diálise

 A diálise, a osmose inversa e a separação de gases


separa componentes de peso molecular até 1000 Da
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 O processo de difusão através da membrana –


conhecido por permeabilidade – decorre da partição dos
solutos entre a solução e a membrana e a sua difusão
dentro desta

 O desempenho de membranas é medido pela sua


permeabilidade para os solutos desejados e pela sua
selectividade para o soluto desejado. Estas membranas
são disponibilizadas em três formas: tubular, placas
paralelas ou microtubos paralelos
5.42

21
Diálise

 Os processos de diálise são particularmente eficientes


nas situações em que há uma elevada concentração de
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soluto, com PM a diferir significativamente do solvente

 A força motriz para a separação é o gradiente de concen-


tração, o que torna a sua aplicação adequada a sistemas
sensíveis a elevadas tensões de corte e/ou pressões

 A aplicação mais nobre da diálise é o tratamento de


pacientes com problemas renais sérios, onde são
removidos do sangue compostos indesejáveis de
pequeno e médio PM

 A diálise é utilizada na indústria biotecnológica, na


recuperação de biomoléculas de culturas celulares, e na
indústria alimentar
5.43

Diálise

 As membranas de diálise são predominantemente de


celulose regenerada
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 A estabilidade é obtida por introdução de um agente


plastificante (e.g., metacrilatos ou policarbonatos), que
previne o colapso da membrana quando seca.

 os agentes plastificantes são hidrofóbicos, o que os


torna pouco compatíveis com tecidos biológicos, como o
sangue

 o desenvolvimento de membranas tipo microtubos


paralelos tem sofrido uma maior atenção, pelas suas
elevadas áreas superficiais.
ִUm hemodialisador típico, com este tipo de membranas, opera
com fluxo laminar da alimentação e uma queda de pressão de
0,1 MPa através da membrana. 5.44

22
Diálise

 A diferença de mobilidade entre solutos através de


membranas pode ser explorada utilizando membranas
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semi-permeáveis

ִNesta situação a membrana separa duas correntes, uma


alimentação contendo o(s) soluto(s) e uma corrente dialisada
pobre em soluto(s). Devido à diferença de potencial químico
entre as duas faces da membrana ocorre a difusão do(s)
soluto(s)

 Quando é adicionada pressão hidráulica para acelerar o


processo (diálise assistida por pressão), pode ocorrer
transporte convectivo devido a efeitos de pressão
osmótica

5.45

Diálise

 Em polímeros bastante porosos e hidratados, os


coeficientes de difusão são pouco sensíveis a diferenças
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de peso molecular, pelo que a diálise só permite a


segregação de compostos com pesos moleculares
significativamente diferentes

 A força motriz para a separação reside nas diferenças de


potencial criadas pelo gradiente de concentrações entre
retentado e permeado, pelo que a diálise não é eficiente
para a separação de solutos diluídos (i.e., com baixos
gradientes de potencial químico)

 Com o curso da diálise, o soluto é removido da


alimentação por transporte através de um filme
estagnado à superfície da membrana

5.46

23
Diálise

 A concentração de soluto no filme é restabelecida por


difusão da solução de alimentação.
Separação e Purificação de Bioprodutos

ִQuando o fluxo é laminar – caso corrente quando a membrana


é do tipo microtubos paralelos – a reposição de soluto por
convecção não ocorre. Existe, assim, um gradiente de
concentrações entre a alimentação e a superfície da membrana.

 Depois do soluto atravessar a membrana, este terá de


ser removido da superfície desta, para manter o
gradiente de concentrações através da membrana

 Do lado do dialisado ocorre um gradiente de


concentrações no filme estagnado em tudo idêntico ao
gradiente do lado do retentado
ִO transporte de soluto neste filme estagnado irá depender o
fluxo transmembranar e da concentração de soluto no dialisado

5.47

Diálise

 A resistência global à transferência de soluto entre a


alimentação e o dialisado pode ser associada ao
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somatório de três termos:


1 1 1 1
= + +
k t k A PM k D

 O caso mais simples de diálise consiste no fluxo em


contracorrente entre a alimentação e o dialisado, com
pressão transmembranar (ou convecção) desprezável.
ִ o balanço material resulta em:

m = Q A × (C Ae − C As ) = Q D × (C Ds − C De )

5.48

24
Diálise

 O desempenho de dialisadores pode ser quantificado


pela razão entre o fluxo de soluto através da membrana
Separação e Purificação de Bioprodutos

e a diferença de concentrações à entrada, isto é:

Ni
P=
∆ Ci

 Ou, pela ‘Clearance’ (Cl)

Cl = fC Ae Q

5.49

Osmose Inversa

 As membranas de (OI) caracterizam-se por um elevado


fluxo de água e uma elevada retenção de sais,
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combinados com estabilidade hidrolítica e química.

 Tradicionalmente, as membranas de OI eram fabricadas


de acetato de celulose mas, recentemente, foram
introduzidas membranas de outros materiais, como as
de poliamidas.
ִ as primeiras contêm grupos C=O
ִ estas últimas são fabricadas de materiais compósitos, usando
membranas de UF como suporte poroso.

 A OI encontra a sua maior aplicação na dessalinização


de água do mar

5.50

25
Osmose Inversa

 As unidades de OI são normalmente encontradas com


qualquer uma das configurações apresentadas na Figura
Separação e Purificação de Bioprodutos

 Numa unidade OI, a alimentação é filtrada e estabilizada


do ponto de vista biológico, antes de ser bombeada
para a membrana de OI.

 A pressão típica de operação destas unidades varia de 1


a 5 MPa, o que requer a utilização de bombas de
elevada pressão (grandes consumos energéticos e a
inviabilidade de muitas aplicações da OI).

5.51

Osmose Inversa

 A OI é um processo de separação por difusão, numa


membrana, onde se aplica uma pressão que faz o
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potencial químico do solvente vencer a pressão osmótica


da solução a purificar.

 Para baixas concentrações de soluto, a pressão


osmótica π (Pa) de uma solução à temperatura T (K) e
com uma concentração de soluto Cs (mol cm-3) é dada
por:

π = Cs RT

5.52

26
Osmose Inversa

O fluxo molar de solvente (água) através da membrana


N (mol/(cm2s)) é proporcional à diferença entre as
Separação e Purificação de Bioprodutos

diferenças de pressão aplicada e de pressão osmótica


através da membrana:

Cág Dág vág  ∆p − ∆π 


N ág =  
RT  l 

onde Cág é a concentração de água na membrana (mol/ cm3), Dág é a


difusividade da água na membrana (cm2/s) e vág é o volume molar
parcial da água (cm3/mol)

5.53

Osmose Inversa

 O fluxo molar de soluto (mol/(cm2s)) é dado por:


Separação e Purificação de Bioprodutos

Ds S s ∆Cs
Ns =
l

onde ∆Cs é a diferença de concentração de soluto entre


compartimentos (mol/cm3), Ds é a difusividade do soluto na
membrana (cm2/s), Ss é o coeficiente de partição (adimensional)
para o soluto na membrana e l a espessura da membrana (cm)

5.54

27
Osmose Inversa

 Pela observação das equações anteriores pode ver-se:


Separação e Purificação de Bioprodutos

ִo fluxo de água (solvente) aumenta com o aumento da pressão


do lado da alimentação,

ִo fluxo de soluto mantêm-se inalterado,

ִO factor de rejeição de soluto pode ser superior a 99%, uma


vez que o fluxo de água pode ser aumentado sem alterar
significativamente o gradiente de concentrações de soluto.

5.55

 Exemplo 5.3
Separação e Purificação de Bioprodutos

1. Num processo de osmose inversa

1. a remoção de água é proporcional à diferença entre a


queda de pressão aplicada e a pressão osmótica............. 

2. a remoção de soluto é proporcional à diferença entre a


queda de pressão aplicada e a pressão osmótica............. 

3. a remoção de soluto é independente do gradiente de


concentração.................................................................

5.56

28
Electrodiálise

 O processo de diálise pode ser modificado com vista a


aumentar a sua eficácia utilizando-se membranas
Separação e Purificação de Bioprodutos

selectivas

ִ estas membranas seleccionam os iões que as podem atravessar


(permear)

ִ estas membranas não permitem a passagem de água (são


semi-permeáveis)

ִ como?

5.57

ִ as membranas contêm grupos


iónicos na sua estrutura
Separação e Purificação de Bioprodutos

Água ִ membranas de troca aniónica


e catiónica alternadas

ִ espaços de 0,5 a 1 mm entre


membranas
Concentrado salino
ִ membranas de troca aniónica
+ - + - são produzidas com poliestire-
no e amónia (NH4+)
+ + + + +
+ - ִ membranas de troca catiónica
são produzidas com poliestire-
- - - - no e sulfatos (SO42-)

alimentação 5.58

29
Electrodiálise

 a energia consumida no processo de electrodiálise


pode ser calculada por:
Separação e Purificação de Bioprodutos

E = I 2 nRt

onde E é a energia (J), I a corrente eléctrica (A), n o número de


células, R a resistência (Ω), e t o tempo (s)

5.59

Electrodiálise

 a corrente eléctrica pode ser calculada por:


Separação e Purificação de Bioprodutos

zFQ∆Cc
I=
U

onde z é a valência electroquímica, F a constante de Faraday


(96500 A/s), Q o caudal de alimentação (L/s), ∆C a diferença de
concentração, e U o factor de utilização de corrente

5.60

30
Electrodiálise

 o consumo de energia é proporcional à concentração


de sais na alimentação
Separação e Purificação de Bioprodutos

 economicamente, em aplicações domésticas, a


electrodiálise é viável (actualmente) para valores de
concentração de sal de 1000 a 5000 mg/L, reduzindo-se
a concentração até 500 mg/L

 economicamente, em outras aplicações (como a água


para hemodiálise), a electrodiálise pode constituir uma
alternativa viável
5.61
Separação e Purificação de Bioprodutos

Estudo de caso:
Hemodiálise

31
 Desde o início do processo de terapia por diálise que a
difusão molecular e a convecção têm sido combinadas
Separação e Purificação de Bioprodutos

numa tentativa de substituir a função renal.

 Os conhecimentos sobre o fenómeno da difusão vêm da


engenharia química, sendo os dialisadores considerados
os permutadores de massa em contra-corrente ideais.

 Mais tarde, também a convecção foi explorada em


aplicações clínicas, com vantagens no seu potencial
depurativo.

5.63
Separação e Purificação de Bioprodutos

5.64

32
Separação e Purificação de Bioprodutos

5.65

O fluxo de sangue afecta


predominantemente o transporte de
moléculas pequenas, como a ureia
Separação e Purificação de Bioprodutos

A remoção máxima de
solutos é uma função
da área de filtração do
dialisador

o fluxo de filtrado afecta mais a remoção


de moléculas de elevado peso molecular,
5.66
como as inulinas

33
Difusão e convecção

 A difusão é um processo pelo qual as moléculas se


movem livremente em todas as direcções. Estatistica-
Separação e Purificação de Bioprodutos

mente este movimento resulta na passagem do soluto


de zonas de maior concentração para zonas de menor
concentração.

 O fluxo por difusão, Jd, de um soluto através de uma


membrana semi-permeável depende:
 temperatura, T
 área superficial da membrana, A
 dC 
 gradiente de concentrações, dC Jd = D × A×T  
 difusividade, D, e  dx 
 espessura da membrana, dx.

5.67

 O processo convectivo requer o movimento do fluido,


gerado por um gradiente de pressão transmembranar
Separação e Purificação de Bioprodutos

 O fluxo convectivo do soluto, Jc, depende de:


ִfluxo de filtrado, Jf
ִconcentração de soluto no plasma sanguíneo, Cs, e
ִum coeficiente de separação, S
Em condições ideais, este coeficiente de separação aproxima-se de
1-σ, sendo σ o coeficiente de reflexão da membrana.

J c = J f × Cs × S
5.68

34
 Actualmente, apesar de os fluxos de UF utilizados serem
baixos, a utilização de membranas com elevada
Separação e Purificação de Bioprodutos

permeabilidade permite a remoção de solutos de peso


molecular moderado (até alguns milhares de Da),
utilizando predominantemente a convecção.

 Com o aumento progressivo da diferença de pressão


transmembranar, o fluxo de UF aumenta até um
determinado valor, independente de novos aumentos de
diferença de pressão.
Este comportamento decorre do efeito de polarização gerado por
proteínas que se acumulam na interface membrana-sangue.

 A previsão do fluxo de UF – Jf – reduz-se ao problema


de estimar o fenómeno de polarização.
5.69

 Alguns autores propõem a seguinte expressão para a


previsão de Jf
Separação e Purificação de Bioprodutos

C pm
J f = k × ln
C ps

onde k representa o coeficiente de transferência de massa da


interface da membrana para o sangue (plasma) das espécies
acumuladas na interface, Cpm e Cps representam, respectivamente,
a concentração das mesmas espécies na interface e no sangue

5.70

35
Membranas, difusividade e coeficiente de
separação

 Em terapia extracorporal, são utilizadas diferentes


membranas.
Separação e Purificação de Bioprodutos

ִAs membranas originais em fibra de polissulfona eram


constituídas por uma fina película interna, rodeada por uma
estrutura macroporosa com uma espessura total de 100 µm.
Este polímero é hidrofóbico, o que não é favorável à difusão de
solutos.

ִAs membranas celulósicas que se lhe seguirão, e.g.,


Cuprophan®, são hidrofílicas e a espessura ronda os 10 µm.
Estas membranas apresentam eficiências de difusão superiores,
mas os coeficientes de separação são baixos.

ִRecentemente, foram introduzidas membranas sintéticas


parcialmente hidrofílicas, com espessura bastante reduzida e
que combinam de forma melhorada a difusão e a convecção.
5.71

 A resistência ao transporte de solutos de > peso


molecular pode ser ultrapassada pelo recurso a
Separação e Purificação de Bioprodutos

tratamentos com um > peso do transporte por convecção

 O fluxo convectivo é determinado pela permeabilidade da


membrana, que, por sua vez, é caracterizado pelo
coeficiente de separação (S)
ִEste S é definido como a razão entre a concentração de soluto no
filtrado (dialisado) e no sangue (retentado) na ausência de
gradientes de difusão

 Contudo, a distribuição de solutos do lado do sangue não


é uniforme. Com o curso da UF, o soluto tem tendência a
acumular na interface membrana-sangue, criando um
gradiente favorável à difusão para o compartimento do
sangue e, através da membrana, para o compartimento
do dialisado
5.72

36
A membrana e o compartimento do sangue
Separação e Purificação de Bioprodutos

 A formação deste filme de proteínas à superfície da membrana


depende de várias variáveis, particularmente da taxa de corte (shear
rate) na interface.

 Esta, por sua vez, é uma função da viscosidade e da tensão de corte


(shear stress). Para fluidos Newtonianos, a taxa de corte correlaciona-
se linearmente com tensão de corte e o perfil de velocidades é
geralmente parabólico. O sangue apresenta um comportamento
Newtoniano para valores de taxa de corte > 200 s-1.
5.73

O compartimento do dialisado

 A optimização da operação de equipamentos de


hemodiálise tem centrado esforços no desempenho do
Separação e Purificação de Bioprodutos

compartimento do sangue

 Pouco tem sido feito pela optimização do compartimento


do dialisado

 Na prática, a distribuição de dialisado pelo compartimento


não é homogénea, formando-se frequentemente canais
preferenciais de circulação de dialisado, afectando
negativamente o seu desempenho

 Os esforços e inovações que têm sido introduzidas,


resumem-se a tentativas de espaçar mais as fibras para
criar um maior espaço livre para circulação do dialisado, o
que contribui para uma maior homogeneidade do
dialisado.
5.74

37
Separação e Purificação de Bioprodutos Separação e Purificação de Bioprodutos

Anexos

5.76
5.75

38
ִCom o aumento do peso molecular de solutos, há uma tendência
para a diminuição da sua difusividade
Separação e Purificação de Bioprodutos

ִA permeabilidade das membranas permite separar solutos de PM


entre os 5 000 a 20 000 Da, apenas por difusão molecular

ִNa prática, a difusão destes solutos é predominantemente limitada


pela baixa difusividade e não pela reflecção da membrana

ִEm membranas sintéticas, a difusividade de compostos de baixo


peso molecular é elevada, sendo expectável um processo rápido
de difusão, o que não sucede na prática

ִApesar da natureza hidrofóbica da membrana, a sua espessura é


suficiente para existir no seu interior um volume considerável de
líquido estagnado que retarda a difusão destes solutos.

ִA estrutura das membranas mais recentes, aliando uma natureza


menos hidrofóbica a uma espessura bastante mais reduzida,
ultrapassa esta limitação da difusão.
5.77

A membrana e o compartimento do sangue

 3 cenários possíveis para as possíveis interacções entre a membrana e


as proteínas do plasma podem ser construídos:
Separação e Purificação de Bioprodutos

ִ Algumas membranas celulósicas recentes (e.g., Cuprophan®) apresen-


tam interacções mínimas com as proteínas, resultando num S igual ao
reverso do σ

ִ Em membranas sintéticas ocorre adsorção de proteínas do plasma na


interface, resultando numa diminuição no S. A adsorção de proteínas,
depende da taxa de ultrafiltração:

Para taxas de filtração baixas, ocorre um simples fenómeno electroquímico que


induz a adsorção de uma camada fina de proteínas à superfície da membrana.

Para taxas de filtração elevadas, ocorre adicionalmente o fenómeno da


polarização, resultando no espessamento da camada de proteína adsorvida à
membrana e, consequentemente, na redução da permeabilidade da membrana.
Por sua vez, a redução da permeabilidade da membrana conduz a um novo
coeficiente de reflexão (σ1).

5.78

39
A membrana e o compartimento do sangue

 Como consequência, a difusão está continuamente a


interferir com a convecção e o S pode ser sobrestimado,
Separação e Purificação de Bioprodutos

pois a concentração observada no compartimento do


sangue é < que a concentração na interface membrana-
sangue. A diferença entre o S observado e o real aumenta
com o aumento da taxa de UF e varia com as
propriedades da membrana

 Teoricamente, o S pode ser considerado como o reverso


do coeficiente de reflexão da membrana ( σ = 1 − S ).

5.79

40

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