Você está na página 1de 2

O trabalho que se segue, esta dentro de um contexto que engloba o

desenvolvimento político-cultural na qual, por sua vez, a sociedade se desenvolve


dentro de um contexto global e esse desenvolvimento esta diretamente ligada à
modernização do sistema.
Dentro do futebol, podemos acompanhar uma grande influência política na qual o
esporte acaba sendo inserido dentro de um contexto cultural dentro da sociedade.
Essa inclusão não está apenas inserida dentro de uma única sociedade e sim na
sociedade global.
Para muitos o futebol só serve para desviar a atenção do povo de coisas
consideradas mais sérias por nossos intelectuais, como a economia e a política. Por
outro lado o futebol é a representação da luta do dia-a-dia, do povo que tem sua
força de trabalho explorada pelas classes dominantes que os marginaliza. O futebol
causa um fascínio onde o praticante (profissional ou amador) se sente participante
da construção do simbolismo dessa luta, onde cada um se supera vencendo a
dificuldade e obstáculos da vida. O torcedor também cumpre esse papel e se sente
participante do jogo, se tornando o “12º jogador”, ou seja, ela trabalha dentro de uma
pressão que vem das arquibancadas, seja contra os adversários ou até mesmo
contra o próprio time, em que alguns casos não estão jogando bem ou não atendem
as perspectivas de vitórias.
Com popularidade do futebol, associada com a imprensa, o esporte passa a
representar, a partir dos anos de 1930, uma grande oportunidade de se chegar à
massa, sendo muito usado pela classe dominante da época, dando ao futebol sua
concessão ideológica. No Brasil, iniciava o movimento populista com a ascensão de
Vargas ao poder máximo da República brasileira, aonde teve uma grande influência
inclusive no estado de Goiás com Pedro Ludovico Teixeira assumindo a intervenção
do governo do estado, transferindo à capital e a estimulação do surgimento dos
clubes da nova capital, que será mais bem explicada posteriormente nesse trabalho.
Existem exemplos na história contemporânea que o futebol foi usado como aparelho
de propaganda ideológica oficial de um governo, como por exemplo, em 1938, onde
em plena ditadura de Mussolini a ‘azurra’6, que levou o bicampeonato mundial da
Copa do Mundo da FIFA (DVD 100 anos da FIFA 1904-2004 Volume 2),
fortalecendo o regime fascista. Porém no mesmo torneio a Alemanha de Hitler foi
com os jogadores austríacos (a Alemanha tinha invadido a Áustria) com o chamado
'supertime' que usavam no uniforme do selecionado alemão a suástica do Partido
Nacional Socialista Alemão (o Partido Nazista), querendo simbolizar a superioridade
racial dos alemães. Por ironia não passou da fase inicial do torneio, mostrando que
nem sempre a propaganda é eficaz.
No Brasil a Copa do Mundo de 1938, ganha uma atenção especial, justamente para
desenvolver a propaganda pró-varguista usando mais uma vez o populismo como
uma alternativa de apoio pró-seleção que encarnava ali uma metáfora do período
desenvolvimentista do próprio país, representado pelo apelo da CBD (Confederação
Brasileira de Desportos) 7 em campanhas de propagandas onde todo o povo era
convocado juntamente com os jogadores para a disputa da competição na França
(Rinaldi, 2000: 169). Essa campanha em favor da seleção representa uma idéia de
formação de uma identidade nacional, aonde o futebol, era de fato, adorado como
manifestação político-cultural, ainda que sobre manipulação das massas.
No ano de1970 o presidente Médice pediu a convocação de Dário Pereira (Dadá
Maravilha) para a seleção que iria a Copa do Mundo. O então técnico João
Saldanha retrucou o presidente, afirmando que o presidente deveria escalar o
ministério e que a seleção era preocupação da comissão técnica. Por conta dessa
afirmativa, Saldanha foi demitido às vésperas do Mundial do México e em seu lugar
foi chamado Zagalo que convocou o Dário para o selecionado que viria a conquistar
o tricampeonato da Copa do Mundo naquele ano. Mais uma vez, a propaganda
ideológica demonstrou um sucesso, aonde não se admitia outro resultado que não
fosse o título e a conquista em definitivo da taça ‘Jules Rimet’8 que anos depois viria
ser roubada na sede de CBD.
Oito anos depois a Argentina organizou a Copa do Mundo, no ano de 1978, e era
questão prioritária do governo argentino, além de organizá-la, ganha-la para que a
popularização da ditadura militar9 fosse fortalecida naquele país, como se a paixão
pelo esporte fosse capaz de resolver qualquer diferença social, política e econômica.
Por conta da questão imposta pelo governo argentino, algumas suspeitas foram
colocadas, referente ao resultado do jogo da Argentina contra o Peru, na qual o final
da partida foi um estrondoso 6 a 0 para o time local, eliminando o Brasil no saldo de
gols. O Brasil jogou mais cedo, ou seja, a Argentina entrara em campo sabendo o
que deveria fazer para se classificar, lembrando que o goleiro do Peru (que entrou
com o time reserva) tinha nascido na Argentina e jogava pela seleção peruana, por
conta de sua naturalização.
O futebol demonstra ser mais que um jogo. Muitas vezes o futebol representa uma
auto-afirmação de um grupo ou de um povo. Não é a toa que o esporte é o mais
popular do planeta. Talvez pela sua forma de jogar ou até suas regras que permite a
prática em qualquer ambiente. O futebol se caracteriza pelo antagonismo da
simplicidade com a complexidade do jogo, aonde seu praticante permite que seu
entusiasmo tome conta de sua racionalidade e que estatisticamente, é o esporte que
mais possui resultados improváveis, as chamadas “zebras”. Por isso que, para
muitos, o futebol se confunde com sua própria vida, transformando assim esse
esporte em uma metáfora de sua história.

Bibliografia
DVD – 100 anos da FIFA 1904 – 2004 Volume 2. 2004.
Site da Revista Placar – http://www.placar.com.br/, acesso em 25/06/2008.
Site da CBF – Confederação Brasileira de Futebol. http://www.cbfnews.com.br/,
acesso em 25/06/2008.
6 Apelido dado ao selecionado italiano de futebol.
7 Atual CBF, Confederação Brasileira de Futebol, entidade máxima de organização
desse esporte no Brasil.
8 Primeira taça, que até a conquista em definitivo pelo Brasil em 1970, simbolizava a
conquista da Copa do Mundo.
9 Uma das mais sangrentas da América Latina.

Você também pode gostar