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Cassia Furtado
Universidade de Aveiro/Portugal
Resumo
Com o avanço vertiginoso das áreas de comunicação e da informática, o mundo presencia
o surgimento de uma nova sociedade, onde a tecnologia de informação e comunicação se
faz omnipresente, mudando nossa forma de pensar e agir. A Sociedade do Conhecimento
não é só um fenómeno tecnológico, tem repercussão política, económica, educacional e
cultural.
Destacamos a convergência dos media, pois a partir desse processo temos importantes
aspectos na educação e na cultura que devem ser prioridades nas políticas sociais dos
países, especialmente os em fase de desenvolvimento. A literacia dos media (media
literacy) deve ser vista com um aprimoramento da literacia tradicional, sendo assim é de
responsabilidade das instituições educacionais, como a biblioteca escolar. O artigo tem
como objetivo fazer um recorte na literatura sobre o papel da biblioteca escolar, na
cultura da convergência, enfatizando seu carácter educacional na Sociedade da
Informação.
Introdução
O final do Século XX é marcado pelo imenso avanço tecnológico, especialmente
pelo desenvolvimento das telecomunicações e informática, acarretando mudanças na
sociedade, transformando os sistemas sociais e afetando todos as áreas do conhecimento,
em vários níveis. A informação e a comunicação, com destaque para os media, ocupam
lugar central nas nossas vidas.
Ensinar não é mais transmitir conhecimentos, o professor não detém mais todas as
informações e o aluno deixa sua posição passiva de aprendiz, onde somente acumulava
informações, na maioria das situações sem compreensão e contextualização com a
realidade.
A escola deve fazer dos media parte integrante desse contexto de aprendizagem
cooperativa, uma vez que, com a interatividade permitida pelos media, o indivíduo passa
de mero consumidor para produtor de informações.
“as pessoas tomaram a mídia em suas próprias mãos e passaram a explorar elas mesmas
novas ferramentas e plataformas que lhes permitam criar e veicular os seus próprios
conteúdos. Por trás da cultura da convergência, está uma outra: a participativa” (Jenkins,
2008).
O termo information literacy foi usado pela primeira vez, em 1974, pelo
bibliotecário Paul Zurkowsk, no texto “The information service environment
relationships and priorities”, como técnicas e habilidades de utilização de ferramentas de
informação no ambiente de trabalho. Desde então, information literacy vem recebendo
traduções diversas; alfabetização tecnológica, alfabetização informacional, letramento e
Já com relação à década de 80, a autora afirma que foi decisiva para estabelecer
“o papel educacional das bibliotecas acadêmicas e a importância dos programas
educacionais em information literacy para a capacitação de estudantes” Dudziak (2003:
26).
O Relatório Learning for the 21st century (2008), que identifica competências
para o aprendizado, aponta competência de literacia para a informação e para os media,
como necessidade dos alunos aprenderem a selecionar e criar informações, onde está
incluso, não somente textos, mas também imagens, áudio e animação.
A escola não deve ficar a margem da sociedade atual, ser omissa a essa realidade
e ao papel que os media desempenham na formação dos seus alunos. As crianças e jovens
tem acesso a uma enorme variedade e quantidade de informações, que recebem,
principalmente fora do ambiente escolar, e a escola deve prepará-los para indagações
como: fonte, pertinência, relevância, atualidade e segurança dessas informações.
8
SILVA, Waldeck Carneiro - Miséria da biblioteca escolar. São Paulo; Cortez, 1995. 118p.
9
CALIXTO, José António - A biblioteca escolar e a sociedade de informação. Lisboa: Caminhos da
educação, 1996.
10
CAMPELLO, Bernadete Santos - A biblioteca escolar: temas para uma prática pedagógica. 2. ed. Belo
Horizonte: Autêntica, 2005. 64 p.
A literacia dos media está sendo implantada, com muita timidez, em alguns
países, como uma disciplina curricular, especialmente nos cursos de ensino superior.
Podemos citar como exemplo, alguns modelos criados por cientistas da área: Marland,
em 1981, desenvolveu os “nove passos” para serem realizados no momento de uma
pesquisa; Herring, com o modelo PLUS, em 1996, propõe como etapas da pesquisa:
propósito, localização, utilização e auto-avaliação e, também temos o BIG 6, com seis
etapas, desenvolvido nos Estados Unidos (Calixto, 2008). Vale citar também o exemplo
da Inglaterra, que desde 1983, introduziu a temática na disciplina Inglês, para crianças a
partir dos cinco anos (Santos, 2003).
Deste modo, consideramos que a literacia dos media deve fazer parte da educação,
tendo início na educação básica, não como uma disciplina isolada, mas sim, inclusa em
todas as disciplinas através de currículo interdisciplinar e projetos comuns, com a
participação efetiva da biblioteca escolar.
Além do que, este processo requer que a criação do conhecimento seja uma
conseqüência da pesquisa. O que subentendemos como investigação em fontes, autores,
idéias e formatos diversos, desta forma a presença dos media é evidente.
Considerações Finais
Com base nos estudos realizados, percebemos que a sociedade está em processo
permanente de mudanças, tendo conseqüências decisivas no papel da escola e da
biblioteca.
Consideramos ser urgente uma reflexão nos modelos atuais que dominam no
sistema educacional, pois, grande parte das informações e conhecimentos que o educando
recebe hoje tem origem fora do ambiente escolar. Nesse contexto, a biblioteca fica
o “formular políticas que visem à cooperação para tomar o acesso cada vez mais
aberto e levado aos locais longínquos;
o tornar a rede local de bibliotecas em rede de áreas para todos os tipos de fontes
provedoras de informação”.
Colocar a literacia dos media como um dos objetivos da biblioteca representa uma
inovação educacional no sistema educativo, o que certamente contribuirá para aumentar
sua eficácia, além de que, numa atuação pro ativa a biblioteca estará diminuindo o fosso
que a separa do mundo das crianças e jovens.
Referências Bibliográficas
ALA (1989) Presential Committe on Information Literacy; final report. Chicaco, Ala,
1989. Disponível em:
http://www.ala.org/ala/mgrps/divs/acrl/publications/whitepapers/presidential.cfm. Acesso
em: 30 jan. 2009.
Barros, Daniela Melaré Vieira (2005). Tecnologias da inteligência: gestão da
competência pedagógica virtual. Araraquara, Universidade Estadual Paulista “Julio de
Mesquita Filho”, 2005. Disponível em:
http://www.fclar.unesp.br/poseduesc/tesesdissertacoes.php?id=poseduesc. Acesso: mar.
2007. Tese de Mestrado.