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Há muito material escrito sobre gestão de instituições de ensino

superior e um destes (que li durante uma pesquisa acadêmica) tive a sorte de


encontrar conclusões interessantes que caberiam na situação da Unioeste.

Tenha-se, por primeiro cuidado, que o livro trata de Instituições de


Ensino Superior, mas, notadamente, não fala diretamente às Instituições
Públicas – que detém toda uma peculiaridade.

Um dos pontos mais importantes da elucubração é justamente o óbvio.


A instituição só tem sucesso quando atinge seu público alvo de forma
satisfatória, na pior das hipóteses cumprindo com o que é esperado, e, na
melhor delas, alcançando ainda mais do que o que já lhe era considerado
como devido.

Este pensamento cabe à qualquer instituição, e, por isso, é tão óbvio.


Só há sucesso por parte de um restaurante se este tem os pratos que seus
clientes esperam, no momento em que eles precisam. Quando se vai a uma
churrascaria, a única forma eficiente de atender ao cliente é apresentando-lhe
espetos com suculentas peças de carne assada. Isso é o mínimo que se
espera que seja feito.

Á Instituição de Ensino Superior reconhecida pelo MEC é aquela que


oferece cursos de graduação a nível de ensino superior, que, essencialmente,
devem formar cidadãos como profissinais qualquer que seja o curso
escolhido. Quanto às Públicas, os cursos devem ser oferecidos para sanear
carências ou potencializar força da Região onde é instalada. Ou seja, o Estado
financia o estudo de cidadãos para que estes, posteriormente, dêem o retorno
esperado na forma de atuação na comunidade.

Se o processo foi desmembrado e cada etapa foi incumbida a um


profissional especializado, isso pouco interessa a quem vai fazer sua refeição.
Deseja-se churrasco, e que todas as partes devem se harmonizar nos aspectos
de quem vá degustar do mesmo. Dificilmente vai harmonizar milk shake com
picanha ao alho e óleo, por melhor preparado que o mesmo tenha sido.

Cabe a Instituição de Ensino coordenar os esforços de cada uma das


partes envolvidas no processo. Que estes estejam direcionados de forma a
otimizar o seu aproveitamento durante a transposição dos obstáculos que
impedem que seus alunos se transformem nos profissionais e cidadãos aos
quais esperam, e, mais do que isso, sabemos que a comunidade necessita.

A forma mais óbvia de uma organização chegar à bancarrota é


ignorando seus clientes, seu mercado consumidor. A Instituição de Ensino
pode entender que tem clientes em dois momentos diferentes. Em primeiro
lugar, seus clientes são seus alunos, em segundo, a comunidade que será
abastecida com os cidadãos e profissionais que são o resultado do seu
processo.

Instituições de Ensino Superior se dão ao luxo de poder escolher


dentre os melhores que se candidatem como alunos de seus cursos. Estes
alunos escolhem um curso pois pretendem desempenhar um determinado
papel na sociedade. A opinião que estes alunos têm do Curso que escolheram,
durante o mesmo e sobre cada uma das Cadeiras que lhe são apresentadas
para completar o mesmo, são fatídica e metodicamente ignorados.

Vigora um corporativismo arraigado e cumplicidade pouco disfarçados


buscando a proteção de um modelo com a maior inércia possível, que exige o
mínimo do esforço, por parte da instituição, para atender tanto aos alunos
quanto à comunidade que espera o seu resultado.

Esse tipo de comportamento é resultado de uma postura arrogante da


organização. Quem avalia a organização é avaliada por superiores
(administrativos) e por si mesma. Esquece-se que o imprescindível é que ela,
dê retorno à comunidade que a acolhe e financia. Retorno ao aluno que lhe
dedica anos de sua vida buscando a aptidão e atribuições necessárias para
que, como profissional e cidadão, corresponda à imagem que essa
comunidade faz de um detentor de título de ensino superior.

Estes alunos passam por um processo cheio de falhas e distorções e,


notadamente, precisam buscar, por meios próprios, uma forma de atingir essa
imagem que ele mesmo tem sobre o que é necessário em sua formação para
atender à comunidade que lhe aguarda. Isso explicita o quanto de esforço
(tempo, trabalho e dinheiro) é desperdiçado.

Quando se adquiriu o produto (o curso escolhido e conquistado após


um concurso atualmente questionável mas a que não cabe nessa discussão),
principalmente depois de criado o Código de Defesa do Consumidor e da
atuação do PROCON, é constrangedor ver que empresas renomadas (como as
instituições públicas de ensino do oeste do estado Paraná) tomem postura tão
descabida quanto aos seus consumidores.

A partir do momento que a Instituição de Ensino Superior passar a dar


ouvidos aos seus alunos, que por sinal devem ser considerados por ela,
respeitosamente, como capazes de emitir opinião pertinente depois do
concurso que ela faz com que eles passem para que possam frequentá-la – é
que se poderá observar a instauração de um processo mais alinhado com a
função da organização.

Se somada a essa iniciativa for possível obter resposta da comunidade


– que acolhe ao produto do processo de ensino – obteremos subsídio
suficiente para avaliar o cumprimento da função das entidades em questão.
Cabe ressaltar, é difícil apontar que será de pronto atendimento que atuarão
contra a segurança do próprio conforto.

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