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1

Índice

Autor..........................................................................................6

Agradecimentos.........................................................................8

Introdução................................................................................10

Os negros e a escravidão..........................................................12

Historia.....................................................................................12

Quem foi utilizado no período colonial e imperial?................13

Escravidão no Brasil................................................................16

Campanha abolicionista, e a abolição das escravatura............19

Francisco Felix de Sousa, o maior traficante de escravo.........21

A Origem da Umbanda............................................................23

O catimbó, uma forma diferente de Umbanda........................28

Omolokô..................................................................................30

A historia do Omolokô.............................................................34

A roça de Omolokô..................................................................36

O sagrado.................................................................................36

O Candomblé de Caboclo........................................................37
2
Terecó.......................................................................................39

Tambor de mina.......................................................................40

Batuque....................................................................................43

Cabula......................................................................................44

Característica ..........................................................................44

Encantaria................................................................................44

Umbanda de Jurema................................................................45

Alhandra a cidade sagrada......................................................47

Fundamentos da Umbanda.......................................................48

Sincretismo..............................................................................49

O culto Umbandista.................................................................50

As Sessões...............................................................................53

Os médiuns...............................................................................54

Paramentos...............................................................................56

Interior de um templo de Umbanda.........................................58

Tronqueira de Exu....................................................................59

As sete linhas de Umbanda......................................................59


3
Hierarquia nos templos de Umbanda.......................................61

Os cargos paralelos de um terreiro...........................................70

Os Consulentes.........................................................................70

Abrindo a gira de Umbanda.....................................................71

Algumas palavras que se usa na Umbanda..............................73

Os banhos de descargas............................................................74

O ritual do amací......................................................................76

Casamento na Umbanda..........................................................77

O batismo na Umbanda............................................................81

Porque a Umbanda tem como maior a natureza como altar?...83

O que significa o idoso na Umbanda.......................................84

Obsessão..................................................................................85

Tirando o obsessor...................................................................86

Porque os Orixás são tão importantes na Umbanda.................87

As linhas da Umbanda.............................................................89

As linhas de Oxalá...................................................................89

As linhas de Exú......................................................................94
4
A linha de Ogum....................................................................105

A linha de pretos velhos.........................................................112

A linha dos Ibejis(Cosme e Damião).....................................117

A linha das águas...................................................................121

A linha de Xangô...................................................................127

A linha de Caboclo.................................................................131

A linha do Oriente..................................................................134

Os marinheiros na Umbanda..................................................137

Os Baianos na Umbanda........................................................138

O mito de Obaluaê(Omulu, Xapanã).....................................140

Mito de Nanã-Buruku............................................................146

Mito de Oxum........................................................................149

Mito de Yansã (Oyá)..............................................................152

Mito de Oxum-Maré..............................................................154

Mito de Ifá..............................................................................157

Mito de Oxossi.......................................................................160

Mito de Nkice(Orixá) Kitembo..............................................163


5
Mito de Oxaguiã....................................................................165

Mito de Oxalufã.....................................................................167

Mito de Logun-Edé................................................................172

Mito de Obá...........................................................................175

Mito de Ewá...........................................................................177

Mito de Ossanha....................................................................179

Mito de Irokô.........................................................................181

Mito de Ibeji...........................................................................183

Yami Oshorongô....................................................................189

Ajalá.......................................................................................191

Eguns......................................................................................193

Os 16 Odus.............................................................................210
Algumas orações em Yorubá..................................................217

Oração do Justo Juiz..............................................................223

Oração á Pai Oxalá.................................................................224

Meditação do Pai Nosso.........................................................224

Reflexição..............................................................................226
O que e seita, religiões, heresia e mitologia?.........................226
6

O autor

Meu nome e Francisco Allison Peixoto tenho 30 anos,


nasci no estado do Ceará no dia 31 Março de 1980. Me
mudei para Goiânia-Go em 1984, onde meu pai fugindo
da seca decidiu buscar uma vida melhor para a família.
Aos meus 10 anos de idade, minha mãe e meu pai se
separaram, e aos 13 anos sai de casa por problemas, onde
fui morar na casa de pessoas alheias, e foi nessa casa que
se manifestou em mim uma entidade chamada José Baiano
da Bahia, (com quem trabalho ate hoje) onde começou
minha trajetória na religião.
Tenho 17 anos de Umbanda, estudei e fiz pesquisas sobre
os cultos afro por 8 anos, visitei várias casas e roças de
santo, algumas que nem lembro mais, e com essa luta que
aprendi com os mestres de Umbanda os segredos dos
cultos afro-brasileiros, e sei que á muito aprender. Hoje
tenho o axé para abrir minha tenda de Umbanda, e no
momento certo abrirei.
Me casei com 19 anos na cidade de Anápolis- Go onde
vivo ate hoje com minha esposa e 3 filhas.
Já tive varias experiencias na Umbanda, mais a maior
experiencia foi o aprendizado que aprendi na crença, os
fundamentos os conselhos e à humildade. Ser umbandista
não e apenas ter mais uma religião, e ter o compromisso
com Deus e suas leis. Quando uma pessoa se torna um
sacerdote, ele ou ela tem que se dar o respeito, e muitas
vezes passar por cima do seu próprio egoísmo, e vencer
7
seu maior inimigo, nos mesmos; meu guia o Baiano José
Baiano da Bahia me disse uma frase assim, “O caminho
do bem não e difícil, são vocês que se acostumaram no
mal”. Essa frase já me fez pensar várias noites, e tirei uma
conclusão, somos nos mesmo que não queremos assumir
uma postura reta, porque os desejos terrenos sempre nos
leva ao erro, e isso so acontece porque nos mesmo
permitimos.
Esse livro foi feito com carinho, minha intenção e passar
o pouco que conheço para meus irmãos de Umbanda, e
para quem quer aprender e entender mais um pouco, sobre
essa religião que na minha opinião e linda.
8
Agradecimentos

Não seria possível essa obra ser feita sem Deus


primeiramente e minha família e amigos, meus guias e
Orixás, que com sua sabedoria, me guiara e me deram
forças para buscar.

Agradeço Deus por me iluminar meus caminhos.

Agradeço Minha família, esposa Elaine, minhas filhas


Amanda,Yasmin, Emilly, minha sogra Carmem, meu
combono Marcelo que me apoiou, meu irmão Alexandre,
Vocês foram pessoas que alimentaram minha força para
que essa obra fosse terminada. E agradeço á uma pessoa
que foi muito importante pra mim na Umbanda, Tia Olaila
Yalorixás do Centro Espirita Caboclo Sebastião e Ogum
Marim, que faleceu mais deixou plantada em nossos
corações a semente do amor, respeito e amizade. Mãe
Olaila, não foi apenas uma mestra de Umbanda, foi além
de tudo mãe, avó, companheira, irmã. Para traduzir essa
pessoa tão especial pra mim em uma só palavra, eu usaria
a palavra AMOR. Tia Olaila que Deus esteja te
confortando onde a senhora estiver, com certeza no reino
de aruanda. Que Oxalá abençoes onde a Senhora esteja.
Saravá

Agradeço: Meus Guias especialmente José Baiano da


Bahia, que me aconselhou e espiritualmente ,e me ajudou,
9
a Ogum Megê meu pai de cabeça, a Exú Tiriri e Exú
tranca Ruas, Caboclo Ubirajara e seu Zé Pelintra.
Também gostaria de agradecer a Mãe Nilda, que
gentilmente cedeu as fotos para esse trabalho.

Agradeço a todas as pessoas que acreditaram em mim. Um


grande Axé á todos!
Saravá!
10
Introdução

As religiões afro-brasileiras tem em seu intimo uma


historia de luta, sofrimento e força, e um dos seus maiores
símbolos e o negro e o índio. Essas duas raças tiveram que
se adaptar com á exploração de seus conquistadores, o
índio vendo suas terras serem tomada á força, e o negro
tirado de seu país para viver em terras distantes, e tendo
que se submeter a uma religião e cultura estranha. E a
Umbanda, Candomblés e todo culto de matriz africana, e
marca dessa historia, e a forma mais real da luta e
conquista dos direitos desses povos.
Falar simplesmente de um culto afro, não e apenas
explicar sua fé, e tão pouco julgar, e entender a simbologia
de uma cultura mutante e milenar, onde a fé não tem
limites, e á esperança e um marco de seus fiéis.
Nessa Obra procuro informar aos leitores as várias faces
desses cultos, e particulamente da Umbanda, procurando
de uma forma objetiva esclarecer porque tanta diferença
de cada culto, nação. Também busquei informações em
algumas regiões de nosso país, e percebi que cada lugar
tem seu jeito próprio de cultuar seus santos, isso se deve a
mistura de etnias, formação religiosa de seus líderes.
Também explico como funciona alguns rituais, e
hierarquias nos templos.
Nessa obra você conhecerá as 7 linhas e seus chefes, e
conhecerá que cada linha tem mais 7 linhas introduzidas,
também falo sobre os Orixás e a importância deles na
11
Umbanda. Também explico em que os umbandista
acreditam e qual a Fé umbandista.
Seja bem vindo ao mundo mágico dos espíritos, Orixás, e
Guias, onde o sobrenatural se confunde com o mundo
físico, onde o maior lema e o amor,caridade, fé, e respeito.
12
Os negros e a escravidão

Falar de qualquer religião afro-brasileira sem falar dos


negros e da historia, e como falar do sol sem falar do calor
que ele lança em nosso planeta. Por isso as crenças de
origem africana, tem em suas raízes, nossa historia, e é a
marca de vários anos de luta. E o símbolo da liberdade

Historia

Os
castigos
corporais
são
comuns,
permitidos
por lei e
com a
permissão
da Igreja.
As
Ordenações
Filipinas
sancionam
a morte e mutilação dos negros como também o açoite.
Segundo um regimento de 1633 o castigo é realizado por
etapas: depois de bem açoitado, o senhor mandará picar o
escravo com navalha ou faca que corte bem e dar-lhe com
sal, sumo de limão e urina e o meterá alguns dias na
corrente, e sendo fêmea, será açoitada à guisa de baioneta
dentro de casa com o mesmo açoite.

Outros castigos também são utilizados: retalhamento dos


fundilhos com faca e cauterização das fendas com cera
quente; chicote em tripas de couro duro; a palmatória, uma
argola de madeira parecida com uma mão para golpear as
mãos dos escravos; o pelourinho, onde se dá o açoite: o
escravo fica com as mãos presas ao alto e recebe lombadas
de acordo com a infração cometida

O terror que o negro era submetido, era de tamanha


violência, que muitos não aguentavam e morriam, os que
davam mais trabalho era acorrentado e preso, e suas mãos
e pescoço eram preso, passavam fome. Em alguns lugares
do brasil era considerados diversão ver um negro apanhar,
porque eles eram vistos como animais e não seres
humanos. Não tinham folgas, e as mulheres eram
estrupadas e violentadas; eles eram proibidos de praticar
sua fé, e tinha que seguir o catolicismo(religião
predominante na época), não podiam falar sua língua, e
nem festejar sua cultura, por isso era comum misturar
negros de nações diferentes, onde não falavam a mesma
língua ou eram inimigos na África.

Quem foi utilizado como escravo nos períodos


colonial e imperial?

Embora o índio tenha sido um elemento importante para


formação da colônia, o negro logo o suplantou, sendo sua
mão-de-obra considerada a principal base, sobre a qual se
desenvolveu a sociedade colonial brasileira.
14
Na fase inicial da lavoura canavieira ainda predominava o
trabalho escravo indígena. Parece-nos então que
argumentos tão amplamente utilizados, como inaptidão do
índio brasileiro ao trabalho agrícola e sua indolência caem
por terra.
A História verdadeira mostra que a reação do nativo foi
tão marcante, que tornou-se uma ameaça perigosa para
certas capitanias como Espírito Santo, Maranhão e Rio
Grande do Norte. Além da luta armada, os indígenas
reagiram de outras maneiras, ocorrendo fugas, alcoolismo
e homicídios como forma de reação à violência
estabelecida pelo escravismo colonial. Todas essas formas
de reação dificultavam a organização da economia
colonial, podendo assim, comprometer os interesses
mercantilistas da metrópole, voltados para acumulação de
capital. Destaca-se também, a posição dos jesuítas, que
voltados para catequese do índio, opunham-se à sua
escravidão. Como o caso do Rio Grande do Norte e os
Potiguas, que ajudaram á expulsar os portuguêses do Rio
Grande do norte e pernambuco, e aceitaram os
Holandeses, porque eles respeitavam e apoiavam os
índios, sendo que os portugueses tinha em mente sempre a
escravidão.

Apesar de todos esses obstáculos, o indígena é


amplamente escravizado, permanecendo como mão-de-
obra básica na economia extrativista do Norte do Brasil,
mesmo após o término do período colonial.
Ao falarmos em escravidão, é difícil não pensar nos
portugueses, espanhóis e ingleses que superlotavam os
porões de seus navios de negros africanos, colocando-
15
os a venda de forma desumana e cruel por toda a região
da América.
Sobre este tema, é difícil não nos
lembrarmos dos capitães-de-mato que
perseguiam os negros que haviam fugido
no Brasil, dos Palmares, da Guerra de
Secessão dos Estados Unidos, da
dedicação e idéias defendidas pelos
abolicionistas, e de muitos outros fatos
ligados a este assunto.
Apesar de todas estas citações, a
escravidão é bem mais antiga do que o
tráfico do povo africano. Ela vem desde
os primórdios de nossa história, quando
os povos vencidos em batalhas eram
escravizados por seus conquistadores.
Podemos citar como exemplo os hebreus,
que foram vendidos como escravos desde
os começos da História.
Muitas civilizações usaram e dependeram
do trabalho escravo para a execução de
tarefas mais pesadas e rudimentares.
Grecia e Roma foi uma delas, estas
detinham um grande número de escravos;
contudo, muitos de seus escravos eram
bem tratados e tiveram a chance de
comprar sua liberdade.
16

Escravidão no Brasil

No Brasil, a escravidão teve início com a


produção de açúcar na primeira metade do
século XVI. Os portugueses traziam os
negros africanos de suas colônias na África

para utilizar como mão-de-obra escrava nos


engenho de açucar do Nordeste. Os
comerciantes de escravos portugueses
vendiam os africanos como se fossem
mercadorias aqui no Brasil. Os mais
saudáveis chegavam a valer o dobro
daqueles mais fracos ou velhos.
17
O transporte era feito da África para o
Brasil nos porões do navios negreiros.
Amontoados, em condições desumanas,
muitos morriam antes de chegar ao Brasil,
sendo que os corpos eram lançados ao mar.
Nas fazendas de açúcar ou nas minas de
ouro (a partir do século XVIII), os escravos
eram tratados da pior forma possível.
Trabalhavam muito (de sol a sol),
recebendo apenas trapos de roupa e uma
alimentação de péssima qualidade.
Passavam as noites nas senzalas (galpões
escuros, úmidos e com pouca higiene)
acorrentados para evitar fugas. Eram
constantemente castigados fisicamente,
sendo que o açoite era a punição mais
comum no Brasil Colônia.
Eram proibidos de praticar sua religião de
origem africana ou de realizar suas festas e
rituais africanos. Tinham que seguir a
religião católica, imposta pelos senhores de
engenho, adotar a língua portuguesa na
comunicação. Mesmo com todas as
imposições e restrições, não deixaram a
cultura africana se apagar. Escondidos,
realizavam seus rituais, praticavam suas
festas, mantiveram suas representações
artísticas e até desenvolveram uma forma de
luta: a capoeira.
18

As mulheres negras também sofreram muito


com a escravidão, embora os senhores de
engenho utilizassem esta mão-de-obra,
principalmente, para trabalhos domésticos.
Cozinheiras, arrumadeiras e até mesmo
amas de leite foram comuns naqueles
tempos da colônia.
No Século do Ouro (XVIII) alguns escravos
conseguiam comprar sua liberdade após
adquirirem a carta de alforria. Juntando
alguns "trocados" durante toda a vida,
19
conseguiam tornar-se livres. Porém, as
poucas oportunidades e o preconceito da
sociedades acabavam fechando as portas
para estas pessoas.
O negro também reagiu à escravidão,
buscando uma vida digna. Foram comuns as
revoltas nas fazendas em que grupos de
escravos fugiam, formando nas florestas os
famosos quilombos. Estes, eram
comunidades bem organizadas, onde os
integrantes viviam em liberdade, através de
uma organização comunitária aos moldes do
que existia na África. Nos quilombos,
podiam praticar sua cultura, falar sua língua
e exercer seus rituais religiosos. O mais
famoso foi o Quilombo de Palmares,
comandado por . Zumbi
Campanha Abolicionista e a Abolição da
Escravatura
A partir da metade do século XIX a
escravidão no Brasil passou a ser contestada
pela Inglaterra. Interessada em ampliar seu
mercado consumidor no Brasil e no mundo,
o Parlamento Inglês aprovou a Lei Bill
Aberdeen (1845), que proibia o tráfico de
escravos, dando o poder aos ingleses de
abordarem e aprisionarem navios de países
que faziam esta prática.
Em 1850, o Brasil cedeu às pressões
20
inglesas e aprovou a Lei Eusébio de
Queiróz que acabou com o tráfico negreiro.
Em 28 de setembro de 1871 era aprovada a
Lei do Ventre Livre que dava liberdade aos
filhos de escravos nascidos a partir daquela
data. E no ano de 1885 era promulgada a
Lei dos Sexagenários que garantia liberdade
aos escravos com mais de 60 anos de idade.
Somente no final do século XIX é que a
escravidão foi mundialmente proibida.
Aqui no Brasil, sua abolição se deu em 13
de maio de 1888 com a promulgação da
Lei Áurea, feita pela Princesa Isabel.
21

Francisco Félix de Sousa o maior traficante de


escravo.

Comerciante de escravos africanos.


Francisco Félix de Souza, alcunhado Chachá
de Ajudá, nasceu em Salvador, Bahia,
provavelmente
em 1754, filho de
pai branco e mãe
indiomestiça. Foi
para a África, não
se sabe se por
desterro, fuga ou
voluntariamente.
Morou em
Badagry e em
Popô Pequeno (ou Anexô), casando-se com
Jijibu, filha de Comalangã, rei de Gliji. Em
1800 estabeleceu-se na Costa dos Escravos,
no Golfo de Benin. Foi feito guarda-livros do
forte de São João Batista de Ajudá,
pertencente aos portugueses, no reino do
Daomé (atualmente território da República do
Benin). Iniciou comercializando cativos de
guerra. A escravização nas nações negras
africanas ocorria inicialmente contra
prisioneiros de guerra; outras opções dos
vencedores eram a execução e a mutilação.
Considerando os custos de alimentar-se um
prisioneiro inativo dentro da realidade
tecnológica da época, as opções de mantê-los
cumprindo pena ou de simplesmente soltá-los
(com a possibilidade de rearmarem-se e
voltarem ao combate) não eram
consideradas. Posteriormente, porém, foi
havendo uma inversão em que os escravos
em vez de serem produtos secundários de
conflitos, passaram a ser o objetivo de vários
deles, promovidos pelos comerciantes
brancos negreiros com a cumplicidade de
tiranos negros locais. A clientela de Chachá
era formada principalmente por comerciantes
brasileiros e europeus. Sua atividade de
intermediação entre estes e a população local
era facilitada por sua capacidade excepcional
em aprender idiomas. O comércio de
escravos não se dava tanto pela troca por
dinheiro; grande parte das transações
ocorriam em trocas por mercadorias. Chachá
desenvolveu, assim, conjuntamente com o
comércio de escravos africanos um sistema
de créditos, firmada na sua fama de honesto
(comerciante de carne humana sim, mentiroso
não...). Consta que certa vez foi se queixar
pessoalmente ao rei do Daomé, Adandozan
Francisco, um de seus fornecedores de
escravos, por este ter faltado a um
pagamento que lhe devia. Irado com a forma
grosseira como considerou o modo de
Chachá dirigir-se a ele, mandou prendê-lo e
23
mergulhá-lo de tempos em tempos num barril
com índigo a fim de que escurecesse a pele e
perdesse a "petulância de branco". Na prisão,
entre um "bronzeamento" e outro, Chachá
criou uma grande amizade com o príncipe
daomeano Gapê, que ajudou em sua fuga.
Desde então Chachá passou a fornecer
mercadorias e armas de fogo a Gapê, levando
à deposição de Adandozan. Gapê passou a
reinar com o nome de Guezo, dando a
Chachá título de nobreza, riquezas e o
tornando seu único agente comercial, o que
praticamente o deu a Chachá o monopólio
sobre o comércio de escravos local. Residia
principalmente em Singbomey, futuro local do
Bairro Brasil, com suas várias mulheres e
mais de sessenta filhos (talvez mais de cem).
Sua principal preocupação era a repressão
britânica ao tráfico, desde 1816. Faleceu em 8
de maio de 1849, aos 94 anos.

ORIGENS DA UMBANDA

Umbanda é uma religião formada dentro da cultura


religiosa afro-brasileira que sincretiza elementos vários,
inclusive de outras religiões como o catolicismo, o
espiritismo e as religiões afro-brasileiras.

Mais para se falar de Umbanda, temos que pensar


24
primeiro o que ela representa, quais fundamentos, suas
origens, e o que ele representa para a comunidade
umbandista. Mais o que é Umbanda? Umbanda e uma
mistura de várias religiões, ou seja um sincretismo
religioso. As primeiras manifestações umbandistas
sugiram no Quilombo dos palmares, e outros Quilombos
espalhados pelo país, quando os negros e alguns índios
fugindo de seus senhores, se refugiaram em terras
distantes para poder viver livres, mais alguns negros já
tinham se convertido para o catolicismo, e outros que
vieram do Norte da África, tinha como sua religião
Muçulmana, esses eram os Malês, e os índios com suas
crenças, misturaram tudo, e ai começou á nascer a
Umbanda, Alguns Arqueólogos e historiadores
encontraram no antigo Quilombo dos Palmares em
Alagoas, imagens de Orixás e santos Católicos em um
único lugar, onde seria um terreiro de Umbanda, mais o
que o branco não sabia é que a escravidão fazia que
negros até então inimigos lutassem pela á mesma situação,
pois todos eram irmãos do mesmo sofrimento e causa.
A Xamanismo dos indios brasileiros foi muito
importantes para o culto dos caboclos, isso se deu com à
escravidão também de nativos(indios)Tupinambás, Tupís,
Tupiniquins e outras etnias. Mais esses nativos conheciam
bem suas terras, e fugiam com frequência, alguns
historiadores acreditam que foi os índios que ensinaram os
negros à figirem, e mostrando os caminhos para os
Quilombos. Nessa nova união de línguas, ritos religiosos,
começou a nascer o sincretismo, os negros aprenderam
com nossos índios, e os índios aprenderam com os negros,
mais eles tinham uma coisa em comum, essas etnias tinha
25
como deuses, espíritos da natureza, ou seja cultuavam
deuses que muitas vezes se pareciam. Hoje no Nordeste
brasileiro, existem uma espécie de umbanda diferente,
para as Umbandas do Sul, Sudeste e Centro-Oeste, e a
Umbanda de caboclo, onde o culto as divindades dos
índios são cultuadas com muita Fé.
Outra Umbanda que causa muita polemica, e à
Umbandomblé, esse tipo de culto tem como característica,
a forte influência dos Orixás africanos, muitas vezes se
tem a impressão que e Candomblé, e outras vezes
Umbanda. Mais não deixa de ser linda, e de merecer
respeito.

Por se tratar de um conjunto religioso com várias


ramificações, as informações aqui expostas buscam
informar aos leitores da forma mais abrangente possível e
sem discriminação ou preconceitos, pois todas as
"Umbandas" têm suas razões de existir e de serem
cultuadas.
As raízes da Umbanda são difusas. Existem diversas
ramificações onde podemos encontrar influências
indígenas (Umbanda de Caboclo), Africanas, Umbanda
traçada e diversas outras de cunho esotérico (Umbanda
Esotérica, Umbanda Iniciática). Existe também a
"Umbanda popular", onde encontraremos um pouco de
cada coisa ou um cadinho de cada ancestralidade, onde o
sincretismo (associação de santos católicos aos orixás
africanos) é muito comum.

Não existe uma fonte única que reflita a origem da


Umbanda. Cada vertente tem as suas origens e história.
26
Mais recentemente, na década de 1970, aceitou-se que
Zélio Fernandino de Moraes teria sido o anunciador da
Umbanda através do Caboclo das Sete Encruzilhadas
(1908) em determinados moldes, fazendo com que ela
pudesse ser institucionalizada como religião. Porém, o
trabalho dos guias (pretos velhos, caboclos, crianças, exus,
etc.) é bem anterior a Zélio.

Mantém-se na Umbanda o sincretismo religioso com o


catolicismo e os seus santos, assim como no antigo
Candomblé dos escravos, por uma questão de tradição,
pois antigamente fazia-se necessário como uma forma de
tornar aceito o culto afro-brasileiro sem que fosse visto
como algo estranho e desconhecido, e, portanto,
perseguido e combatido.

Há discordância sobre as cores votivas de cada orixá


conforme o local do Brasil e a tradição seguida por seus
seguidores. Da mesma forma quanto ao Santo sincretizado
a cada orixá.

Alguns exemplos:

* Ogum - São Jorge OU Santo Antônio na Bahia;


* Oxóssi - São Sebastião;
* Xangô - São Jerônimo,São João Batista, São Miguel
Arcanjo
* Iemanjá - Nossa Senhora dos Navegantes;
* Oxum - Nossa Senhora da Conceição;
* Iansã - Santa Bárbara;
* Omolu - São Roque; No Centro-Oeste e S. Lazaro
27
* Obá - Santa Rita de Cássia,Santa Joana d'Arc
* Obaluaê - São Lázaro; Que o mesmo Omulu
* Nanã - Sant'Anna;
* Egunitá - Santa Sara Kali,
* Oxalá - Divino Jesus Cristo, o Ser Cristalino.

O grande mistério da Umbanda e a forma em que cada


região a pratica, e com isso varias perguntas sem
respostas. No Nordeste brasileiro e forte o sincretismo de
santos Católicos e Orixás, fazendo com que os
Umbandistas de mesa branca se percam com os
fundamentos dessa região. Em algumas Umbandas não se
cultua Orixá e sim caboclos e guias e malandros, e o caso
da Umbanda de caboclos e Catimbó, que e também uma
forma de Umbanda.
Mesmo com os acontecimentos de Zélio com seu caboclo
da Sete Encruzilhadas, não impediu que as raízes de
nossa religião se perdesse no tempo, porque á Umbanda
de Zélio e uma crença com fundamentos do Kardecismo,
isso ocorreu porque Zélio se iniciou nessa crença, e
quando ele foi avisado que não pertencia ao Kardecismo,
sua entidade decidiu fundar uma nova crença, em que
todos eram aceito e assim oficialmente á Umbanda
nasceu. Mais na realidade ela já vivia a anos nos
quilombos, e em algumas senzalas. Umbanda significa
força, amor, união, liberdade e fraternidade.
28
Catimbó uma forma diferente de Umbanda

O Catimbó e uma forma diferente de sincretismo, nessa


crença também se chama caboclos e pretos velhos, mais
Catimbó
legítimo tem
como maior os
malandros, que
são chamados
mestres. O
Catimbó
nasceu de uma
mistura, de
crenças de
índios e
catolicismo e
bruxaria
europeia. Em
uma roça de
Catimbó e
comum o
mestre
catimbozeiro
fazer o bem e o
mal, porque ele conhece bem o poder da bruxaria
europeia, esses mestres usam orações fortes, mandingas, e
oferendas. Mais também será visto vários santos Católicos
e orações católicas.
O lugar onde o Catimbó e mais conhecido e no nordeste
brasileiros, existia lendas, que em algumas cidades,
mestres catimbozeiros poderiam fazer uma pessoa se
29
tornar um animal. Outras Historias contam que pessoas
que iam com falta de respeito, ficavam vagando como
zumbis sem feição de vida, outros diziam que os mestre
dessa crença poderiam ficar invisível aos olhos de seus
inimigos. Existem várias lendas que envolvem o famoso
Catimbó ; que na realidade e uma espécie de Umbanda,
que tem seus rituais envolvente e alegres, onde chamam
seus mestres para ajudar a quem precisa.
De acordo com o Novo Dicionário Aurélio da língua
portuguesa, Catimbó, é uma variação da palavra Catimbau
que significa “Prática de Feitiçaria” ou baixo espiritismo.
Entretanto, Catimbó significa muito mais que esta
simples definição acadêmicas. Na verdade, o Catimbó está
misturado á vida do nosso povo que podemos encontrar
palavras oriundas, como por exemplos catimba etc.
Existem documentos comprovando a existência de
inúmeras práticas de magia no Nordeste brasileiros, desde
o ano de 1781. O primeiro volume de documentos
relativos ás atividades do Santo Ofício no Brasil registra
vários casos de bruxas portuguesas. Suas práticas podem
ter recebido influências africanas, em essência; foram
expressões do satanismo europeu que ainda hoje se
encontram entre nós, misturadas à feitiçaria africana ou
indígena.
Em Portugual a bruxaria chegou a envolver a vida de
pessoas ilustres e cultas. O amor foi grande motivo em
torno do qual sempre girou a bruxaria. Já em Portugual,
havia feiticeiros, bruxas, benzedeiras, especialistas em
sortilégios afrodisíacos, os quais eram necessários aqui
na colônia, já que eram muitos os problemas a serem
resolvidos.
30
O caboclo, o sertanejo nordestino, analfabeto, mas
curioso e inventivo com as suas coisas, foi juntando, daqui
e dali, usos orações, fórmulas, mandingas e segredos, e
passou a usá-los em seu próprio benefício. O Catimbó,
portanto nasceu espontaneamente, com um sicretismo
forte e natural do uso e costumes nordestinos, recebendo
as cores da terra e a fé.
Ao observamos as atividades dos praticantes do Catimbó,
encontraremos nitidamente a influência da cultura
africana, indígena e européia, mesclada nos costumes
nordestinos. Alguns hábitos das mulheres trazerem ao
pescoço, durante a gravidez, pedras d'ara dentro de um
saquinho; o cuidado de não passarem debaixo de escadas
quando estiverem grávidas, sob o risco dos filhos
crescerem;o hábito de pedir a Nossa Senhora do bom
parto, Nossa Senhora do Bom Sucesso, no sentido de um
parto menos doloroso. depois de atendido o pedido era
dado o nome de Maria, por isso existem tantas Marias.
Lembrando que o Catimbó e uma qualidade de Umbanda,
e seu crescimento e surgimento também veio da luta e
necessidade de uma fé.

Omolokô

Omolokô é uma palavra composta que deriva de duas


outras, oriundas da língua Yorubá com três versões
distintas, segundo sua interpretação.
No primeiro ramo de análise, que é a versão da Srª Léa
Maria Fonseca da Costa, Mãe-de-santo de Omolokô quer
dizer:
31
“Omo” que significa “Filho” “Loko” referindo-se a árvore
Iroko e tem o sentido de algo como “Filhos da Gameleira
Branca”.
Na sgunda
análise, que é
a versão do
Srº Tranquedo
da Silva Pinto,
Tatá Ti Inkice
(pai de santo
de Angola),
em seu livro
Culto
Omolokô - Os
Filhos de
Terreiro -
"Omolokô
significa:
“Omo” -Filho
e “Oko” -
Fazenda, zona
rural onde esse
culto, por
causa da
repressão
policial que
havia naquela época, os rituais eram realizados na mata ou
em lugar de difícil acesso dentro das fazendas dos donos
de escravos.
32
Por fim, pode-se ainda relacionar o significado da palavra
Omolokô também ao Orixá Okô, o orixá da agricultura,
que era adorado nas noites de lua nova pelas mulheres
agricultoras de inhame. Antigamente, o Orixá Okô era
muito cultuado no Rio de Janeiro.
Talvez por causa disso hoje temos as denominações de
“terreiro e roça” para os lugares onde os cultos afro-
brasileiros são realizados. Nesse culto os orixás possuem
nomes yoruba (Nagô), seus assentamentos parecem-se
com os do Candomblé.
Independente das versões é sabido que o nome Omolokô
define um culto originário do Rio de Janeiro com práticas
rituais e de culto aos Orixás e que aceita cultos, aos
Caboclos, aos Pretos Velhos e demais Falange de Orixás
da Umbanda. O culto Omolokô é apontado por estudiosos
do assunto e praticantes como um dos principais
influenciadores da formação da Umbanda africanizada ao
lado do Candomblé de Caboclo, do Cabula e do próprio
Candomblé. Teria surgido, segundo Tranuedo da Silva
Pinto entre o povo africano Lunda-Quiôco. É chamado
erroneamente de Umbanda Omolokô, pois se difere desta
por ter características singulares aos seus preceitos tais
como matanças, vestimentas, e etc…
O Omolokô possui ritualística própria, portanto não se
pode caracterizar qualquer Umbanda africanizada como
tal. Seu representante mais expressivo é o tatá Tranquedo
da Silva Pinto, já falecido, estafeta dos correios, morador
do morro São Carlos, que foi um grande estudioso e
escritor do livro Culto Omolokô: Os Filhos de Terreiro.
33
Porém figuras em tamanha importância, relatam a
existência do Omoloko, tais como a escrava Maria Batayo
e a filha de escravos Léia Maria Fonseca da Costa que
preservaram o Omolokô dissociado da Umbanda como
aborda Tranquedo.
A diáspora dos orixás cultuados no Omolokô é a mesma
utilizada pelo Candomblé e sua organização dogmática o
faz diferir também por isso da Umbanda que os cultua em
número menor e de forma majoritariamente sincrética.
Algumas pessoas se confundem do que seja Omolokô.
“Omolokô é Umbanda ou Candomblé? “ A resposta só
poderia ser uma única: Omolokô não é Umbanda apesar
de aceitar em seus rituais o culto a Falange de Orixá. O
Omolokô cultua os Orixás com suas cantigas em Yorubá
ou Angola, pois como já foi dito anteriormente esse ritual
houve forte influência também por estas duas culturas.
Porém, como pode-se ver, o ritual Omolokô não poderia
ser encaixado no grupo dos Candomblé, pelo principal
motivo de que no Omolokô são cultuados, ainda que em
situações separadas, os Caboclos, Pretos-Velhos, dentre
outros, aceitando-se a realização de práticas ritualísticas
de Umbanda em um mesmo solo. Há quem defina o
Omolokô como “Umbandomblé”, ou como “Candomblé
Umbandizado” ou ainda como “Umbanda
Candombleizada”, porém, definições adaptáveis apenas às
casas de Omolokô que fundem seus cultos, uma vez que
existem aqueles que não misturam tais práticas.
34
Historia do Omolokô

Pesquisas mais recentes dão conta de que a origem do


nome Omolokô pode também estar ligado ao povo Loko,
que era governado pelo rei Farma, no Sertão de Serra leoa.
Ele foi o rei mais poderoso entre todos os Manes. Sua
cidade chamava-se “Lokoja” e localizava-se a margem do
Rio Mitombo, afluente do rio benue, que por sua vez é
afluente do grande rio Niger.
Lokoja ficava próxima do reino Yorubá. O povo Loko
também era conhecido pelos nomes de Lagos, Lândogo e
Sosso. O nome “Loko” foi primeiramente registrado em
1606. Também há registro de desse povo com o nome de
Loguro. Os Lokôs viveram até 1917 a oriente dos Temnis
de Scarcies. De acordo com pesquisas realizadas, a tribo
Loko estava divida em tribos menores ao longo dos Rios
Mitombo, Bênue e Níger, e no litoral de Serra Leoa. Em
1664, o filho do rei Farma foi batizado com o nome de D.
Felipe. Evidentemente torna-se claro que o principio da
sincretização afro-católica já acontecia na África antes da
vinda dos africanos ao Brasil. Acredita-se que a Tribo
Loko pertencia a um grupo maior chamado Mane, e que
os povos dessa tribo vindos escravizados para o Brasil
formaram o que hoje conhecemos como Nação Omolokô.
Os povos Mane tinham por costume usar flechas
envenenadas e arcos curtos, espadas curtas e largas,
azagaias, dardos e facas que traziam amarrados embaixo
do braço. Para combater o veneno de suas flechas, em
caso de acidente, usavam uma bolsinha com um antídoto.
Avisavam os seu inimigos o dia em que iriam atacá-los
35
através de palhas - “tantas palhas, tantos dias para o
ataque”. Traziam no braço e nas pernas manilhos de ouro
e prata. Também eram amigos do brancos que invadiram a
África Negra. Adoravam assentamentos de deuses e ídolos
de madeira em figura de homem e animais.
Quando não venciam as guerras açoitavam os ídolos e
quando as batalhas eram vencidas eles ofereciam aos
deuses comidas e bebidas. Chamavam as mulheres de
“cabondos” e tinham como marca a ausência dos dois
dentes da frente.
O Omolokô instaura-se no Rio de Janeiro, segundo
estudiosos, no século XIX, compondo-se e organizando-se
por completo no País, a partir do conhecimento trazido por
negros vindos da África e seus descendentes; herança do
período colonial, sofrendo influência de diversas vertentes
religiosas da África, predominantemente o culto aos
Orixás e aos Inkices, com ênfase nos Orixás e
perifericamente nos Inkices, tornando particular sua forma
de culto, mantendo a cosmologia de cada origem, mas
interpretando-as a partir de rituais religiosos
contemporâneos. Este fato o torna diferente dos
candomblés tradicionais que mantém o predomínio de sua
região original.
No Rio de Janeiro, com a miscigenação e influência do
Espiritismo francês instaura-se um novo movimento
denominado Omolokô, disseminado prioritariamente por
Tancredo da Silva Pinto. Mantém-se como um exemplo
deste seguimento a casa-de-santo Okobalaye, fundada na
cidade de São Gonçalo/RJ.
36
A roça-de-santo é uma distinção utilizada, inclusive, pelos
Omolokôs para denominar o local onde se concentram as
comemorações e rituais aos Orixás. O termo é uma
referência ao período colonial em que os escravos
cultuavam aos Orixás às escondidas nas roças e fazendas
dos senhores de engenho.
Roça de Omolokô
A roça-de-santo possui distintos locais que concentram
axé, onde juntos, emanam energia que têm como função:
proteger, encantar, equilibrar e acentuar a fé dos omorixás
da roça e pousar os visitantes.
A roça-de-santo é dividida em dois ambientes: O público
e o sagrado.
O publico
Local onde se pode beber e fumar e onde se serve o
Ajeum (refeição, comida), sendo um lugar que se é
permitido maior descontração. Quintal.

O sagrado

Onde se encontram os atabaques e onde é


executado o xirê do santo, saídas e obrigações - Sala.
• Onde se guardam todos os apetrechos e vestimentas
dos Orixás - Peji.
• Onde estão guardados parte dos segredos da Roça-
de-santo e onde são realizadas as iniciações -
Roncó.
• Onde se preparam todas as comidas de santo -
• 37
• Cozinha-de-santo.
• Onde ficam os igbás e as coisas mais sagradas dos
Orixás - Quartos-de-santo.

Candomblé de caboclo

Candomblé de Caboclo é todo candomblé que além do


culto aos Orixás, Voduns ou Inkices, cultua também
espíritos ameríndios chamados de entidades, catiços ou
caboclos boiadeiros, gentileiros. Inicialmente na Bahia os
Candomblés não tradicionais, eram na maioria caboclos,
que é um misto de Ketu, Jeje e Angola.
O caboclo exerce um papel fundamental no
relacionamento da comunidade afro brasileira, pois fala o
idioma português, "mesmo com erros grotescos", papel
que os orixás só fazem no idioma africano, chamado
Yoruba, assim conquistando a popularidade dos crentes,
que não entendem ou fala a língua dos orixás. São
encarregados de trazer mensagens dos seus ancestrais,
principalmente de entes queridos desencarnados há pouco
tempo, aconselha os desesperados, indicando sempre um
novo caminho, indica banhos de folha sagrada e pequenas
oferendas para resoluções dos seus problemas
As oferendas de caboclo são fartas e variadas, constituída
de uma grande variedade de frutas, legumes, raízes e até
mesmo doces. Um elemento indispensável é a abóbora
girimum, que são recheadas com fumo de rolo e mel de
abelha, oferenda de galos, carneiros, peru e qualquer
pássaro, são bem vindos e apreciados. A jurema é a
38
bebida sagrada, considerada o néctar dos deuses e
disputada não só pelas entidades, mas por todos os
presentes.

Além dos caboclos, incorporam com espíritos que se


denominam Exu (masculino) e Pomba-gira (feminino),
mas não é o Exú do Candomblé, são bem diferentes, são
denominados Exú de Umbanda.
É sempre bom lembrar que Exu catiço ou Exú de
Umbanda (como é chamado o Exu não Orixá), Pomba-
39
gira e afins não são do Candomblé de casas tradicionais. O
que existe são zeladores (Babalorixás) que tiveram
passagem pelo Candomblé de Caboclo ou pela Umbanda e
depois se iniciaram no Candomblé, trazendo consigo
algumas entidades da Umbanda, mas isto não as tornam
do Candomblé, elas (entidades) estão em casas de
Candomblé ou Candomblé de Caboclo, mas são Guias da
Umbanda.
No Candomblé de caboclo as entidades recebem nomes
um pouco diferente da Umbanda. Além dos caboclos de
pena, que usam penachos como os da Umbanda,
normalmente usam um chapéu de couro.
• Caboclo Sultão das Matas
• Caboclo Eirú ou Erú
• Caboclo Gentileiro
• Caboclo Laje Grande
• Caboclo pedra preta

Terecô

È a denominação dada à religião afro-brasileira tradicional


de codó. Além de muito
difundido em outras cidades do interior e na capital
maranhense, o terecô é também
encontrado em outros estados da federação, integrado ao
tambor-de-mina ou a
umbanda.
40
Em Codó tanto no passado como na atualidade alguns
terecozeiros ficaram também
famosos realizando trabalhos de magia por solicitação de
clientes ávidos por vingança,
de políticos ou de pessoas dispostas a pagar por eles
elevadas somas o que lhe valeu
fama de terra do feitiço. Afirma-se que neste trabalhos e
práticas terapêuticas os
terecozeiros associam à sabedoria herdada de velhos
africanos etnos indígenas, práticas
do Catimbó e da feitiçaria européia e que também apóiam
no tambor-de-mina, na
umbanda e na quimbanda que se encontra em expansão no
codo

Tambor de Mina

Tambor de Mina é a denominação mais difundida das


religiões Afro-brasileiras no Maranhão e na
Amazônia. A palavra tambor deriva da importância do
instrumento nos rituais de culto. Mina deriva de negro-
Mina de São Jorge da Mina, denominação dada aos
escravos procedentes da “costa situada a leste do Castelo
de São Jorge da Mina” (Verger, 1987: 12) , no atual
República do Gana, trazidos da região das hoje Repúblicas
do Togo, Benin e da Ningéria, que eram conhecidos
principalmente como negros mina-jejes e mina-nagô.
O Maranhão foi importante núcleo atração de mão de obra
africana, sobretudo durante o último século do tráfego de
41
escravos para o Brasil (1750-1850), e que se concentrou
na Capital, no Vale do Itapecuru e na Baixada
Maranhense, regiões onde havia grandes plantações de
algodão e cana-de-açúcar, que contribuíram para tornar
São Luiz e Alcântara cidades famosas entre outros
aspectos, pela grandiosidade dos sobradões coloniais,
construídos com mão de obra escrava e pela harmonia,
beleza e coreografia das musicas de origem africana.
Como as demais religiões de origem africana no Brasil
(Candomblé,Umbanda, Xangô, Xambá, Batuque, Toré,
Jaré e outras), o tambor de mina se caracteriza por ser
religião iniciática e de transe ou possessão. No tambor de
mina mais tradicional a iniciação é demorada, não
havendo cerimônias públicas de saída, sendo realizada
com grande discrição no recinto dos terreiros e poucas
pessoas recebem os graus mais elevados ou a iniciação
completa.
A discrição no transe e no comportamento em geral é uma
características marcante do tambor de mina, considerado
por muitos como uma maçonaria de negros, pois
apresenta características de sociedade secretas. Nos
recintos mais sagrados do culto (peji em nagô, ou côme
em jeje), penetram apenas os iniciados mais graduados.
O transe no tambor de mina é muito discreto e as vezes
percebível apenas por pequenos detalhes da vestimenta.
Em muitas casas, no início do transe, a entidade dá muitas
voltas ao redor de si mesmo, no sentido contrário ao dos
ponteiros do relógio, talvez para firmar o transe, numa
dança de bonito efeito visual. Normalmente a pessoa 41
42
quando entra em transe recebe um símbolo, como uma
toalha branca amarrada na cintura ou um lenço,
denominado pana, enrolado na mão ou no braço.
No Tambor de Mina cerca de noventa por cento dos
participantes do culto são do sexo feminino e por isso,
alguns falam num matriarcado nesta religião. Os homens
desempenham principalmente a função de tocadores de
tambores, isto é, abatás, daí a definição abatezeiros,
também se encarregam de certas atividades do culto, como
matança de animais de 4 patas e do transporte de certas
obrigações para o local em que devem ser depositados.
Algumas casas são dirigidas por homens e possuem maior
presença de homens, que podem ser encontrados inclusive
na roda de dançantes.
Existem dois modelos principais de tambor de mina no
Maranhão: mina jeje e mina nagô. O primeiro parece ser o
mais antigo e se estabeleceu em torno da Casa grande
das Minas Jeje (Querebentan de Zomadônu), o terreiro
mais antigo, que deve ter sido fundado em São Luiz na
década de 1840. O outro, que lhe é quase contemporâneo e
que também se continua até hoje é o da Casa de Nagô,
localizada no mesmo bairro (São Pantaleão) a uma quadra
de distância.
A Casa das Minas é única, não possui casas que lhe sejam
filiadas, daí porque nenhuma outra siga completamente
seu estilo. Nesta casa os cânticos são em língua jeje (Ewê-
Fon) e só se recebem divindades denominadas de Voduns,
mas apesar dela não ter casas filiadas, o modelo do culto
do Tambor de Mina é grandemente influenciado pela Casa
43
das Minas.

Nos terreiros de Tambor de Mina é comum a realização de


festas e folguedos da cultura popular maranhense que as
vezes são solicitadas por entidades espirituais que gostam
delas, como a do Festa do Divino Espírito Santo, o
Bumba-meu-boi, o Tambor de Crioula e outras. É comum
também outros grupos que organizam tais atividades irem
dançar nos terreiros de mina para homenagear o dono da
casa, as vodunsis e para pedir proteção às entidades
espirituais para suas brincadeiras. Sérgio Ferreti: "No
Tambor de mina do Maranhão pouco se fala em Oxum,
Oiá e Obá, conhecidas nos terreiros influenciados pelo
candomblé. Os orixás e voduns se agrupam em famílias ou
panteões.

Batuque

Batuque e uma religião afro-brasileira de culto aos


Orixás, encontrada principalmente no estado do Rio
Grande do Sul, de onde se estendeu aos países vizinhos
tais como Uruguai e Argentina,
Batuque é fruto de religiões dos povos da Costa do Guiné
e da Nigéria, com as nações jêjes, Ijexa, Oyió, cambinda e
Nagô.
44
Cabula

Cabula é o nome pelo qual foi chamada, na Bahia, uma


religião sincrética que passou a ser conhecida no final do
século XIX com o fim da escravidão, com caráter secreto
e fundo religioso. É também o nome de um bairro de
Salvador que teve origem do Quilombo do Cabula e de um
ritmo da Diáspora musical africana no Brasil, toque de
percussão religioso de Angola, base rítmica do samba,
música de origem sudanesas

característica

Além do cunho hermético, a seita mantinha forte


influência da cultura afro-brasileira, sobretudo dos malês,
bantos com sincretismo provocado pela difusão da
Doutrina Espírita nos últimos anos do século XIX.

Encantaria

Encantaria é uma forma de pajelança afro-ameríndia,


praticada sobretudo no Piauí e Maranhão. Em seus rituais,
são cultuadas diversas divindades de origens diversas, tais
como africanas (Voduns e certos Orixás), indígenas (O
Raio, o Sol), católicas (o Deus único, o Espírito Santo e a
Virgem Maria) e brasileiras (os Encantados e os
Caboclos).
45
E uma mistura de tudo, onde as divindades indígenas são
cultuadas de uma for expressiva.

Umbanda de Jurema

Considerada a mais popular e poderosa ritualística de


Encantaria brasileira o ritual da Jurema (hoje bastante
miscigenada devido aos fatores já explicados), é no
nordeste, tão popular quanto o frevo e o samba no Rio de
Janeiro.
Jurema (Acacia Nigra), é a árvore sagrada dos indígenas
brasileiros há milênios. Nela concentram-se todos os
valores fitoterápicos e místicos de um ritual que de uma
certa forma, influenciou todos os demais no Brasil inteiro.
Dezenas de encantados e mestres espirituais do ritual da
Jurema povoam as “Casas de Nação” (candomblés) os
quais não podem negar-lhes “espaço”. A Jurema por ser
um ritual totalmente brasileiro é o único que se equipara
aos seus congêneres africanos por ter sua própria Raiz e
Origem. A raiz, é a árvore com suas folhas, casca a raízes
– A origem é Monan, deus supremo dos Tupis,Caetés,
Tabajaras, Potiguás, Tapuias, Pataxós e outras nações
indígenas. Seus protetores eram (até a chegada do branco),
Tupan, Yara, Caapora, Curupira, Boiúna, Mo Boiátatá,
Jaguá, Rudá, Carcará e outros mais. Eram de tribos
diferentes, mas cultuavam os mesmos deuses aos pés da
mesma árvore: JUREMA.
Com a miscigenação entre os indígenas e o branco e entre
indígenas e o negro miscigenaram-se também, suas
culturas, seus arquétipos, seus usos e costumes. Com o
aparecimento “caboclo” (mestiço), apareceram também os
46
encantados resultados desta mestiçagem. O ritual da
Jurema, vulgarmente chamado de “Catimbó”, devido ao
uso de cachimbos durante a prática, é cercado de preparos
e cuidados especiais respeitanto-se prioritariamente a
ancestralidade de cada um ou da própria raiz em torno da
qual realiza-se a prática. Esta por sua vez, obedece à
vínculos locatícios chamados de “cidades da jurema”,
cada uma com seu nome. O ritual tanto pode ser feito
sobre uma mesa com pode ser feito no chão. As forma são
distintas, com objetivos as vezes diferentes.
Os ingredientes e apetrechos usados nos rituais de Jurema
são os seguintes:
Cachimbos confeccionados à mão de diferentes troncos de
árvores Fumos feitos com folhas de tabaco misturadas
com folhas de diferentes árvores (dependendo da intenção
do “trabalho”) Maracá (chocalho indígena) para invocar
os mestres encantados Pequenos troncos de Jurema sobre
os quais acende-se velas (dependendo do número de
“Cidades” as quais serão invocadas – (preferencialmente 4
cidades) Sineta de metal nobre para invocação dos
Mestres - (no passado era com caxixi) 2 ou mais copos
altos e largos com água Toalha vermelha ou branca se for
na mesa e vermelha se for no chão.
Alguns dos mestres juremeiros mais famosos:
Mestra Maria do Acaís (Maria Gonçalves de Barros)
Mestre José Pilintra (José de Aguiar dos Anjos)
Mestre Major do Dia
Mestre Cabeleira (Dom José do Vale)
Mestre Zezinho do Acais
Mestre Cangaruçu
47
Princesa de Leusa
Mestra Maria Elisiara
Mestra Joana Pé de Chita (Joana Malhada)
Mestra Damiana Guimarães
Mestre Emanoel Maior do Pé da Serra (Emanoel
Cavalcante de Albuquerque)
Mestre Manoel Cadete
Mestre Marechal Campo Alegre
Mestre Arcoverde
Mestre Tertuliano
Mestre Malunguinho
Mestra Piorra
Mestre Carlos Velho (José Carlos Gonçalves de Barros)
Mestra Maria Solomona
Mestra Judith do Barracão
Mestra Maria Padilha
Mestre Antônio Macieira
Rei Eron
Mestre Cesário
Mestra Jardecilia ou Zefa de Tiíno
Mestre Tandá
Mestra Izabel
Mestre Zé Quati
Mestre Casteliano Gonçalves
Mestra Fortunata do Pina (Baiana do Pina)
Mestre Nêgo do Pão
Mestra Maria Magra
Mestre Candinho

ALHANDRA, a Cidade Sagrada


A cidade sagrada da Jurema é ALHANDRA na Paraíba,
48
entre João Pessoa e Recife. Este é o MARCO ZERO da
Jurema no Brasil e também, centro de romarias de
milhares de pessoas anualmente. Dentro de Alhandra estão
outras três outras cidades sagradas conhecidas por Acais,
Tapuiú e Estiva. Lá também estão os túmulos de vários
mestres famosos no Brasil inteiro. Maria do Acais,
Damiana Guimarães e Zezinho do Acais, fizeram a fama
desta cidade que contém a Jurema de Cangaruçu por todos
respeitada neste Brasil. Nenhum mestre da Jurema deve o
pode ser tratado como se fosse Egum ou Exu.

Os fundamentos da Umbanda

Os fundamentos da Umbanda variam conforme a vertente


que a pratique.

Existem alguns conceitos básicos que são encontrados na


maioria das casas e assim podem, com certa ressalva e
cuidado, ser generalizados para todas as formas de
Umbanda. São eles:

* A existência de uma fonte criadora universal, um Deus


supremo, chamado Olorum, Zambi ou Oxalá.
* A obediência aos ensinamentos básicos dos valores
humanos, como: fraternidade, caridade e respeito ao
próximo. Sendo a caridade uma máxima encontrada em
todas as manifestações existentes.
* O culto aos orixás como manifestações divinas, em que
cada orixá controla e se confunde com um elemento da
49
natureza do planeta ou da própria personalidade humana,
em suas necessidades e construções de vida e
sobrevivência.
* A manifestação dos Guias para exercer o trabalho
espiritual incorporado em seus médiuns ou "cavalos.
* O mediunismo como forma de contato entre o mundo
físico e o espiritual, manifesta de diferentes formas,
variando sua nação de iniciado.
* Uma doutrina, uma regra, uma conduta moral e
espiritual que é seguida em cada casa de forma variada e
diferenciada, mas que existe para nortear os trabalhos de
cada terreiro.
* A crença na imortalidade da alma.
* A crença na reencarnação e nas leis kármicas.
• A crença na misericórdia de Deus(Oxalá)

Deus, em sua benevolência e em sua força emana de si


e através dos orixás e dos guias (espíritos
desencarnados) seu amor, auxiliando os homens em
sua caminhada para a elevação espiritual e intelectual.

Sincretismo

Indígeno, africano, católico, espírita, outras.

A Umbanda é uma junção de elementos africanos


(orixás e culto aos antepassados), indígenas (culto aos
antepassados e elementos da natureza), Catolicismo (o
europeu, que trouxe o cristianismo e seus santos que
foram sincretizados pelos Negros Africanos),
Espiritismo(fundamentos espíritas, reencarnação, lei
• 50
• do carma, progresso espiritual etc).

A Umbanda prega a existência pacífica e o respeito ao


ser humano, à natureza e a Deus. Respeitando todas as
manifestações de fé, independentes da religião. Em
decorrência de suas raízes, a Umbanda tem um caráter
eminentemente pluralista, compreende a diversidade e
valoriza a diferenças. Não há dogmas ou liturgia
universalmente adotadas entre os praticantes, o que
permite uma ampla liberdade de manifestação da
crença e diversas formas válidas de culto.

A máxima dentro da Umbanda é "Dê de graça, o que


de graça recebestes: com amor, humildade, caridade e
fé.

• O culto umbandista

A Umbanda tem como lugar de culto o templo,


terreiro, Centro ou tenda, que é o local onde os
Umbandistas se encontram para realização do culto aos
orixás e dos seus guias, que na Umbanda se
denominam giras.

O chefe do culto no Centro é o Sacerdote ou


Sacerdotisa (pode ser Babá, Zelador, Dirigente,
Diretor(a) de culto, Mestre(a), sempre dependendo da
forma escolhida por cada casa). São os médiuns mais
experientes e com maior conhecimento, normalmente
fundadores do terreiro. São quem coordenam as
sessões/giras e que irão incorporar o guia-chefe, que
• 51
• comandará a espiritualidade e a materialidade durante
os trabalhos.

Vale lembrar que o termo pai-de-santo ou mãe-de-


santo não deve ser aplicado na religião de Umbanda,
pois estes termos são oriundos do Candomblé, que é
uma religião diferente da Umbanda.

Como uma religião espiritualista, a ligação entre os


encarnados e os desencarnados se faz por meio dos
médiuns. Na Umbanda existem várias classes de
médiuns, de acordo com o tipo de mediunidade.
Normalmente há os médiuns de incorporação, que irão
"emprestar" seus corpos para os guias e para os orixás.

Há também os atabaqueiros (conhecidos como Ogãs),


que transmitem a vibração da espiritualidade superior
por via dos atabaques, criando um campo magnético
favorável à atração de determinados espíritos, sendo
muitas vezes responsáveis pela harmonia da gira. Há
os Corimbas, que são os que comandam os cânticos e
as cambonas que são encarregadas de atender as
entidades, provisionando todo o material necessário
para a realização dos trabalhos.

Embora caiba ao sacerdote ou à sacerdotisa


responsável o comando vibratório do rito, grande
importância é dada à cooperação, ao trabalho coletivo
de toda a corrente mediúnica, onde não seria possível a
perfeição das giras.
• 52
• Segundo a Umbanda, as entidades que são
incorporadas pelos médiuns podem ser Orixá, pretos-
velhos, caboclos, boiadeiros, mineiros, crianças,
marinheiros, ciganos, baianos, orientais e Exus.
• E nesses rituais e comum se ver ervas para defumação,
velas coloridas, onde cada uma tem sua função de
firmeza para cada linha, orações católicas, e espiritas, e
algumas vezes, orações africanos em línguas Yorubá,
Fon e Bantu. As vestes dos médiuns e sempre de cor
branca, com exceção de trabalhos especiais, como de
Exú, e festas. E a pessoa que nunca foi, ou vai em um
templo umbandista verá sempre os médiuns descalços,
isso se faz para lembrar da humildade dos escravos e
índios.
• Para os umbandistas Deus(Oxalá) e tão
misericordioso que até mesmo depois da morte ele terá
um chance de pagar seus pecados para poder algum dia
morar ao lado do criador. Na crença umbandista o
Inferno nada mais e, do que um lugar onde podemos
refletir nossos pecados, e sentir o amargo e as dores de
nossos próprios atos, aqueles que cometemos em vida,
na nossa visão não teria sentido Deus nos criar e nos
destruir sem nos dar chance de pagarmos nossos
pegados; e não podemos esquecer que além dele ser
Deus, ele é pai. Segundo à Bíblia Deus nos amou de tal
forma que mandou seu único filho para nos livrar de
nossos pecados, então se Deus nos amou dessa forma,
que sentido teria ele nos destruir. Mais isso não quer
dizer que podemos sair por ai fazendo tudo que nos da
na telha, por que pai também castiga, e quem gosta de

53
• ser castigado? E quem gosta de não ser amado? Não
entrarão reino do Céu aquele que não ama seu Deus
acima de todas as coisa, e aquele que não amar seu
próximo, por isso que pregamos tanto o amor e a
caridade.

• As sessões

O culto nos terreiros é dividido em sessões de


desenvolvimento e de consulta, e essas, são
subdivididas em giras.

Nas sessões de consulta, onde comumente podemos


encontrar Pretos-Velhos, Caboclos, Ciganos... As
pessoas conversam com as entidades a fim de obter
ajuda e conselhos para suas vidas, curas, descarregos, e
para resolver problemas espirituais diversos.

As ocorrências mais comuns nessas sessões são o


"passe" e o descarrego.

No passe, a entidade reorganiza o campo magnético


astral da pessoa, energizando-a e retirando toda a parte
fluídica negativa que nela possa estar, em algumas
vezes e feito o transporte(onde o médium tira o espírito
sofredor do consulente, e passa para seu corpo,
podendo assim ser doutrinado e levado para um lugar
onde chamamos de Aruanda, para assim ganhar luz.).
As sessões de Umbanda tem como objetivo, doutrinar
ensinar não só os espíritos que atormentam as pessoas,
como guiar o ser humano a fé, respeito, amor á Deus e
• 54
seu próximo, e um aprendizado na prática. A pessoa
que for em um templo de Umbanda verá, que sempre
falará da humildade e caridade, e umas das filosofias
mais marcantes entre os umbandistas.
• Nas sessões de Umbanda, com o intuito de festejar
alguma linha, em dias que lembram algum
acontecimento, ou dia especial do guia ou Orixá, e
feita uma grande festa para se homenagear a linha ou o
guia. E comum nesse dia ter vários tipos de comidas,
um coletivo de amizade, união, respeito e alegria, e
esses sentimentos e divididos entre os convidados
(consulentes que freqüentar os trabalhos) e médiuns.

Médiuns

Médium é toda pessoa que, segundo a Doutrina


Espírita, que tem a capacidade de se comunicar com
entidades desencarnadas ou espíritos, seja pela
mecânica da incorporação, pela vidência (ver), pela
audiência (ouvir) ou pela psicografia (escrever movido
pelos espíritos).
• OBS: NA UMBANDA NÃO SE PSICOGRAFA

A Umbanda crê que o médium tem o compromisso de


servir como um instrumento de guias ou entidades
espirituais superiores. Para tanto, deve se preparar
através do estudo, desenvolvendo a sua mediunidade,
sempre prezando a elevação moral e espiritual, a
aprendizagem conceitual e prática da Umbanda,
respeitar os guias e orixás; ter assiduidade e
compromisso com sua casa, ter caridade em seu 55
55coração, amor e fé em sua mente e espírito, e saber
que a Umbanda é uma prática que deve ser vivenciada
no dia-a-dia, e não apenas no terreiro.

Uma das regras básicas da umbanda é que a


mediunidade não deve ser vista ou vivenciada
vaidosamente como um dom ou poder maior
concedido ao médium, segundo os umbandistas, mas
sim como um compromisso e uma oportunidade que
lhe foi dada para resgate Cármico e expiação de faltas
pregressas antes mesmo da pessoa reencarnar. Por isso
não deve ser encarada como um fardo ou como uma
forma de ganhar dinheiro, mas como uma
oportunidade valiosa para praticar o bem e a caridade.

Existe médiuns que acabam distorcendo o verdadeiro


papel que lhes foi dado e se envaidecem, agindo de
forma leviana em suas vidas. O médium deve tangir
sua vida como sendo um mensageiro de Deus, dos
orixás e guias. Ter um comportamento moral e
profissional dignos, ser honesto e íntegro em suas
atitudes, pois do contrário acaba atraindo forças
negativas, obsessores ou espíritos revoltados que
vagam pelo mundo espiritual atrás de encarnados
desequilibrados que estejam na mesma faixa
vibracional que eles. Por isso, desenvolver a
mediunidade é um processo que deve ser encarado de
forma séria e regido através de um profundo estudo da
religião, e seguido por conceitos morais e éticos. Ser
orientado e iniciado por uma casa que pratica o bem é
essencial.
56

• As pessoas que são médiuns devem levar sempre a


sério sua missão, ter muito amor e dar valor ao que
fazem, tendo sempre boa-vontade nos trabalhos de seu
terreiro e na vida diária.

O médium deve tomar, sempre que necessário, os


banhos de descarrego adequados aos seus orixás e
guias, estar pontualmente no terreiro com sua roupa
sempre limpa, conversar sempre com o chefe espiritual
do terreiro quando estiver com alguma dúvida,
problema espiritual ou material.

• Paramentos

Na Umbanda, os médiuns usam normalmente como


paramentos apenas roupas brancas e algumas vezes
guias, podendo estar os pés descalços, representando a
simplicidade e a humildade. Mas há Umbandas que
também utilizam roupas com as cores de cada linha.
Por exemplo, em giras de Ogum se utiliza camisas ou
batas vermelhas e calças e saias brancas. Nas giras de
esquerda as roupas são pretas, sendo que as filhas de
santo podem se vestir de vermelho e preto.

Pode ocorrer, por exemplo, que uma entidade de Preta-


velha solicite uma saia ou um lenço para amarrar os
cabelos; isso visa a proporcionar que o médium se
pareça mais com a entidade que está incorporando.
Também há os apetrechos dos guias. Por exemplo, os
Caboclos costumam utilizar cocares, alguns utilizam
• machadinhas de pedra, chocalhos, etc.
57
Uma outra visão sobre os paramentos e apetrechos
materiais utilizados pelos médiuns é de que são usados
pelos espíritos como condensadores de energia: um
modo de concentrar a energia e depois enviá-la, se
positiva, ou dissipá-la no elemento apropriado, quando
negativa.
POLOS ATIVOS E POLOS PASSIVOS
A Linha da Fé
Oxalá é passivo - Oyá-Tempo é ativa

A Linha do Amor
Oxum é ativa - Oxumaré é passivo

A Linha do Conhecimento
Oxossi é ativo - Obá é passiva

A Linha da Razão
Xangô é passivo - Iansã é ativa

A Linha da Ordem
Ogum é passivo - Egunitá é ativa

A Linha da Evolução
Obaluaiê é ativo - Nanã é passiva

A Linha da Geração
Iemanjá é passiva - Omulu é ativo



• 58

• Interior de Um templo de Umbanda

• O interior de
um templo
de Umbanda
e da seguinte
forma na
maioria, Um
altar com
sete degraus,
simbolizando
as sete linhas
da crença, e
sempre de
frente para à rua, a área de trabalho onde as giras
acontecem, onde também os médiuns e combonos
prestam serviços ao culto, e nesse espaço e comum ter
firmezas de cada guia e Orixás, também tem tocos de
troncos de árvores que servem de assento para os
pretos velhos, nas paredes também tem algumas
ferramentas de guias, ou enfeites simbolizando as
linhas, os assentos dos consulentes separados da área
de trabalho; os atabaques, e por fim a Tronqueira que
fica geralmente do lado de fora(tronqueira e onde se
assenta Exu, lugar reservado as firmezas e oferendas
desse Orixá).



• 59
• Tronqueira de Exú

A tronqueira e um lugar reservado as firmezas desse


Orixá(ou exu guia), na maioria das tendas, elas fica do
lado de fora, e no lado esquerdo para quem entra. Esse
fundamento se deve porque Exu e um guardião, e sua
missão e defender o templo. A tronqueira também e usada
para fazer as firmezas para Exu, e deve ter sempre velas
acesas para que fique assim firme os pontos. A tronqueira
e um espaço físico onde so pode entrar os sacerdotes, da
casa, se outra pessoa entrar, so com permissão dos Exus,
quando isso acontece e porque algum trabalho vai ser feito
para o consulente, onde so os escolhidos deverão
perticipar. E comum ter tridentes, pontos riscados,
oferendas, velas e as paramentas de Exu.

As sete linhas de Umbanda

I. LINHA DE OXALÁ [Liderada por Jesus Cristo] ─


Falanges: 1. Santo Antônio | 2. São Cosme e Damião
["espíritos-crianças", não necessariamente infantes
mas, antes, Espíritos com mentalidade infantil] | 3.
Santa Rita | 4. Santa Catarina | 5. Santo Expedito | 6.
São Francisco de Assis. Esta Linha dedica-se a
desmanchar trabalhos de magia.

II. LINHA DE IEMANJÁ [Liderada por Oxun] ─


Falanges: 1. Ondinas de Nanã | 2. caboclas do Mar | 3.
Indaiá dos Rios | 4. Iara dos Marinheiros | 5. Tarimã
• das Caluga-Caluguinhas da Estrela Guia.
60
III. LINHA DO ORIENTE ─ Falanges: Hindus,
árabes, chineses e outros orientais além de europeus.
Dedicados à medicina.

IV. LINHA DE OXOSSI ─ Falanges: 1. Urubatão | 2.


Araribóia | 3. Caboclo das Sete Encruzilhadas [aquele
do fundador Zélio Fernandino] | 4. Águia Branca.
Indígenas, caboclos, são curandeiros que protegem
contra magia e ministram passes, prescrevem ervas
medicinais em preparados para banhos, defumações ou
uso tópico. Estes preparados são chamados amacys.

V. LINHA DE XANGÔ ─ Falanges: 1. Iansã | 2.


caboclo do Sol | 3. Caboclo da Lua | 4. Caboclo Pedra
Branca | 5. Caboclo do Vento | Caboclo Treme Terra.
Pela característica do orixá que dá nome à linha,
supõe-se que atue em casos de problemas judiciais,
demandas, litígios.

VI. LINHA DE OGUM ─ Falanges: 1. Ogum Beira-


Mar | 2. Ogum-Iara | 3. Ogum-Megê | 4. Ogum
Rompe-Mato. Estas falanges tratam das brigas, das
situações de disputa pessoal, discórdias.

VII. LINHA AFRICANA ─ Falanges: 1. Povo da


Costa | 2. Pai Francisco | 3. Povo do Congo | 4. Povo
de Angola | 5. Povo de Luanda | 6. Povo de Cabinda |
7. Povo da Guiné. Esta falange dedica-se à prática do
bem em geral e, ao que tudo indica, dentro da confusa
divisão das Linhas e Falanges, esta linha africana
possivelmente inclui a chamada Falange ou seria
61[subfalange?] dos Pretos-Velhos e a das Almas [que
o estudo comparado indica ser sinônima da Falange
Povo de Angola]

Hierarquia nos templos de Umbanda

Quem conhece a Umbanda sabe que varia de templo a


templo as hierarquias, e também cada região tem seu
jeitinho de cultuar, dependendo da nação, origem do pai
de santo, origem de região. Quem não conhece vai ficar
confuso com tanta diferença de terreiro para terreiro, mais
gostaria de explicar que toda Umbanda e aceita, como
nosso país e bem grande e tiveram influência de vários
povos, foi inevitável evitar a introdução de vários ritos na
Umbanda.
Vou dar alguns exemplos, no norte e Nordeste do país,
existe a Umbanda de caboclo, porque nessa região a
influência dos Índios e muito grande. Já no Sudoeste
especialmente no Rio de Janeiro e São Paulo, a Influência
Kardecista também e significativa, por causa de Zélio; já
no Sul e uma mistura e muito sincretizada.
Darei aqui alguns exemplos de funções mais básicas nos
templos de Umbanda:

ABIÃ= Pessoa não iniciada, mais que tem o interesse de


converter ao culto dos Guias e Orixás. Esse indivíduo tem
que pedir ao Baba ou Ya a permissão, depois e consultado
o dono espiritual casa, para ver se aceita. Em algumas
casas se consulta os Búzios, em outras é chamado o Orixá
maior, e então ele falará se pode ou não.
62
Yabassé= Tem como responsabilidade de cozinhar as
comidas rituais de santo, Tudo na gastronomia dos rituais
e ela quem faz.

Cota= E a auxiliar da Yabassé

Yaô ou médium iniciado ou médium feito menos de


sete anos= Na Umbanda em algumas tendas usam esse
nome para médiuns que se iniciaram e foram aceitos pelo
santo, ou médiuns que tem feitura menos de sete anos.
Nessa etapa esse médium passa por vários ensinamentos, e
conforme vai avançando ele vai conhecendo os segredos,
e também deve ser cuidar com mais responsabilidade, e
quando tendo alguma dúvida, consultar sempre seu Baba
ou yá.

Ebomí ou médium com feitura mais de sete anos= Na


Umbanda, quando o médium chega nessa etapa, ele(a) esta
esperando a permissão de ganhar o Axé de seu Baba ou
Yá, para se tornar um mestre de Umbanda, onde poderá
abrir seu templo ou tenda...Esse médium ajuda nos
trabalhos e é respeitado pelos demais

Chefe de gira= Tem como função coordenar as giras,


ensinar aos iniciados os pontos cantados, e ensinar os
combonos a se comportar na presença dos guias e Orixás.
O chefe de gira e o combono maior de um terreiro ou
templo.
Dagã, sidagã, Adagan ou combono-de-ebó= Tem como
63
função cuidar do culto a Exu, e também tomar de conta da
tronqueira e do padé de Exú, sendo subordinado somente
ao chefe maior do terreiro(Baba ou Ya)

combono= E o filho de santo que não incorpora, mais


deve ser respeitado, e função do combono cuidar das
ferramentas dos guias e Orixás, e dado a ele também a
missão de traduzir e ensinar ao consulente o que á
entidade passou. No caso das mulheres no candomblé e
chamado de Ekedi; e comum sempre o combono carregar
uma toalha para enxugar os rostos do médiuns
encorporados, só o combono tem permissão de tocar o
rosto dos guias e Orixás. Esse elemento e o maior
feiticeiro do terreiro de Umbanda abaixo do Baba , pois e
ele quem escuta os ensinamentos dos guias e os feitiços e
mandingas, ele(a) também e muito querido(a) pelas as
entidades, o combono também não pode fazer transporte, e
quando e experiente ele pode participar de todos os
trabalhos que seu mestre ou Baba for fazer

Ogã= E um membro muito respeitado nos terreiros de


Umbanda, mais existe um detalhe nesse filho de santo, ele
não incorpora. Isso acontece porque o Ogã tem como
responsabilidade abrir o campo magnético no astral, e
sempre escolhido por os orixás para essa função.
Geralmente são pessoas que não tem mediunidade para
transe, ate porque na hora em que ele toca atabaque se ele
entrar em estado d incorporação poderá quebrar a corrente
magnética que ele abriu, prejudicando os novos iniciados
e os velhos também; mais na maioria das vezes ele tem
mediunidade de intuição, vidência. Em alguns templos de
64
Umbanda ele também e encarregado de fazer alguns
sacrifícios, ou matar algum animal para fazer as comidas
de santo, e em alguns casos ele não pode matar animais de
quatro patas. Os médiuns deve respeitos á eles, ate os
Guias tem grande carinho com o Ogã, porque todo guia
gosta de alegria e dançar, e são eles que traz esse
sentimento de euforia nos templos.

Colocarei aqui, as funções dos Ogãs no Candomblé, para


que os irmãos entendam como e esse cardo nessa crença:
Ogan é o nome para diversas funções masculinas dentro
65de uma casa de Candomblé. É o sacerdote escolhido
pelo orixá para estar lúcido durante todos os trabalhos. Ele
não entra em transe, mas mesmo assim não deixa de ter a
intuição espiritual.

Os atabaques do candomblé só podem ser tocados pelo


Alagbê (nação Ketu), Xicarangoma (nações Angola e
Congo) e Runtó (nação Jeje) que é o responsável pelo
Rum (o atabaque maior), e pelos ogans nos atabaques
menores sob o seu comando, é o Alagbê que começa o
toque e é através do seu desempenho no Rum que o Orixá
vai executar sua coreografia, de caça, de guerra, sempre
acompanhando o floreio do Rum. O Rum é que comanda
o Rumpi e o Lê.

Os atabaques são chamados de Ilú na nação Ketu, e


Ngoma na nação Angola, mas todas as nações adotaram
esses nomes Rum, Rumpi e Le para os atabaques, apesar
de ser denominação Jeje.
Candomblé Jeje

Os cargos de Ogan na nação Jeje são assim classificados:

Pejigan que é o primeiro Ogan da casa Jeje. O mais velho


de todos os ogans geralmente mais sábio. Tem a função de
cuidar do Peji, altar dos santos e zelar pelo assentamentos
dos filhos da casa.

O segundo é o Runtó que é o tocador do atabaque Run,


porque na verdade os atabaques Run, Runpi e Lé são Jeje.

Axogun - É um ogan de suma importância no Candomblé,


66
é o responsável pela execução sacrificial dos animais
votivos, é um especialista no que faz.

Candomblé Ketu

Alagbê - O chefe dos tocadores de atabaques, os


instrumentos de percussão, dominante do atabaque Rum,
que através dele o Orixá fará sua dança e com isso
comandando os atabaques Rumpi e Lê.

Ogan gibonã - Zelador da casa de exu, outro ogan de suma


importância, pois seus conhecimento ajudam na firmeza
da casa.

Ogan Apontado - Pessoa apontada como possível


candidato a Ogan. Equivalente ao Ogan suspenso.

Ogan Suspenso - Pessoa escolhida por um Orixá para ser


um Ogan, é chamado suspenso, por ter passado pela
cerimônia onde é colocado em uma cadeira e suspenso
pelos Ogans da casa, significando que futuramente será
confirmado e passará por todas obrigação para ser um
Ogan.

Há também outros Ogans como Gaipé, Runsó, Gaitó,


Arrow, Arrontodé.
[editar] Candomblé Bantu

* Tata NGanga Lumbido - Ogã, guardião das chaves da


casa.
* Kambondos - Ogãs.
67
• Kambondos Kisaba ou Tata Kisaba - Ogã responsável
pelas folhas.
* Tata Kivanda ou Tata Pocó - Ogã responsável pelos
sacrifícios animais (mesmo que axogun).
* Tata Muloji - Ogã preparador dos encantamentos
com as folhas sagradas e cabaças.
* Tata Mavambu - Ogã ou filho de santo que cuida da
casa de exú (de preferência um homem; as mulheres
não devem exercer essa função, uma vez que
mestruam, só o podendo fazer após a menopausa).
* Xicarangoma - O chefe dos tocadores de atabaques,
os instrumentos de percussão.
Responsabilidade de um Ogã

É responsabilidade do ogã, não só no dia da jira como


em qualquer dia de trabalho, olhar pelos demais
médiuns, bem como pela integridade e pelo bom
funcionamento do terreiro. O ogã, especialmente, tem
a responsabilidade de se comportar como um médium
exemplar e de orientar os demais médiuns a seguir um
comportamento apropriado. O ogã é responsável pela
jira e pelo transcorrer do trabalho espiritual da casa. O
preparo de um ogã abrange a consciência do trabalho
que desempenham e de sua responsabilidade, a
consciência da energia que está envolvida no trabalho
—é isso que faz um ogã.

É tradicional que o ogã seja sempre do sexo masculino.


Essa tradição é fundamentada no fato de que sua
função exige uma estabilidade emocional que é
• 68
• dificultada pela sensibilidade mediúnica e pelos ciclos
hormonais
• característicos do sexo feminino. O ogã aprende e
participa de diversas funções na casa, inclusive as que
incluem manipulações energéticas ligadas à proteção
contra trabalhos de magia. Nessas situações, um
médium do sexo feminino estaria mais propenso a ser
afetado emocionalmente do que um médium do sexo
masculino, devido à diferença de sensibilidade
mediúnica entre os sexos. Assegurar-se que todos os
ogãs são do sexo masculino é, assim, uma forma de
proteger os médiuns do sexo feminino (as quais são
mais aptas que os médiuns do sexo masculino para
outras funções dentro da casa, de igual importância).

O ogã anuncia a linha e “puxa” a vibração das


entidades na jira, pois o mentor espiritual dos ogãs é o
responsável por criar as condições adequadas que
atraem as linhas que irão se comunicar. Assim, vê-se a
importância dos ogãs saberem os pontos e o que cada
ponto significa, a energia que cada ponto traz. A
vibração espiritual associada com o médium que está
girando está completamente associada com a vibração
do canto e da voz dos ogãs. De todos os médiuns,
principalmente os ogãs têm a função de concentrar e
canalizar as energias durante o trabalho espiritual. O
ogã, assim, precisa aprender não só a cantar com o
voz, mas, também, com a alma, com o coração. Como
o pai-no-santo precisa, muitas vezes, estar incorporado
durante a jira, os ogãs não devem contar com ele para
saber que linha e que pontos devem cantar. Com o
• 69
• passar do tempo, o ogã conquista uma grande sintonia
com os médiuns e com os guias de cada médium, por
estar diretamente conectado com os espíritos e as
linhas de trabalho que estão encarregados a trabalhar
em cada médium. Por isso, a preparação mediúnica
antes dos trabalhos é particularmente importante para o
bom desempenho de suas funções. Devido a essa
conexão, os demais médiuns respondem, na ausência
do pai-no-santo durante a jira, à forma de trabalho
determinada pelos ogãs. Com a incorporação da
entidade, é natural que os ogãs saibam intuitivamente,
e pela experiência e observação, o tipo entidade
(caboclo, exu, preto-velho etc) e a linha (o orixá) para
a qual ela trabalha. Essa sintonia entre os ogãs e as
entidades, quando apurada, dá força às entidades, aos
médiuns e ao trabalho, de forma geral.

Babakekerê/ Yakekerê ou seja mãe e pai pequeno= E


o braço direito do Baba ou Yá de uma tenda ou templo de
Umbanda, abaixo do mestre de uma casa o pai e mãe
pequena tem a maior responsabilidade, todos tem que
pedir a benção para eles, e quando o Baba não pode abrir
o culto, e de responsabilidade deles dar continuidade no
templo. Eles também tem o dever de cuidar do santo na
falta da presença do mestre(a) de Umbanda.

Babalorixá/Yalorixá ou seja mestre , mestra de


Umbanda= Autoridade máxima de uma casa de santo,
tudo que se passa no templo e ele quem coordena, e o
representante dos Orixás e guias no mundo físico.
70
Outros cargos paralelo de um terreiro

Tesoureiro= Esse cargo e raro em um templo, mais em


alguns terreiros se adota uma pessoa para fazer esse
trabalho, isso quando o templo pede ajuda para
manutenção da casa. E uma espécie de contador.

Porteiro= Tem como função de organizar os consulentes,


receber as pessoas com educação e sempre com um
sorriso, ser agradável.

Todos os cargos devem ser respeitados, pois e essa


coletividade que faz as giras ter mais significados, e
beleza.

Obs: Esse dialeto que usei e de origem ketu-nagô,


podendo variar de nação, podendo falar em Português.

Os consulentes

Os consulentes, são as pessoas que vão em busca de ajuda


espiritual, que geralmente confundem umbanda como um
negócio onde pede se paga e vai em bora. Na realidade
essas pessoas tem que aprender que Umbanda não e
negócio e sim uma religião, isso se deve com frequentes
líderes, usando os templos de Umbanda para ganhar
dinheiro. Para mudar essa visão de quem não e
umbandistas, os líderes tem que fazer uma breve
explicação antes dos trabalhos, explicando as filosofia
umbandista, como a missão da religião e de todos que são
sacerdotes, a melhor forma de ganharmos respeito e dando
71
respeito.
Ensinar aos consulentes que um terreiro e uma área
sagrada que merece respeito, e muito importante, porque
evitará que ele saia das sessões com uma visão de
respeito, e não de preconceito. Todos os consulentes
merecem e devem ser respeitados de forma igual, evitando
assim a inveja, o rancor, o desgosto e quem sabe novos
médiuns para à Umbanda.

Abrindo a gira de Umbanda

Existem vários jeitos de abrir uma gira de Umbanda,


como disse a crença umbandista e bem diversa, mais aqui
ensinarei uma delas.
Primeiro se faz um circulo de todos os membros da casa,
com exceção do Ogã, todos se ajoelham em frente o
Peji(Altar),o Babá ou Yá começa fazendo uma
oração(variando de templo para templo) pode ser um Pai-
Nosso e Ave-Maria, em seguida pede licença e começa os
pontos cantados salvando Oxalá e Exu; nesse momento
todos os membros dançam em volta da Médium que vai
lavar o padé de Exu para rua, quando agrada Exu com
pontos cantados a médium leva a farofa devidamente feita
para esse ritual com o marafo(Cachaça), chegando la fora
ela joga os punhados no chão e joga sete pingos de
cachaça em cima da farofa, pedindo a exu que deixe os
trabalhos seguirem bem. Então ela volta e o mestre
começa a salvar as linhas de Umbanda com contos
sagrados.
Em seguida os filhos de santo começam a bater cabeça na
72
ordem; primeiro no altar em seguida os Ogãs e depois o
mestre(a) e de um por um se da um abraço nos irmãos ate
voltar para seu posto, sempre cantando os pontos de
abertura, depois os pontos de bater cabeça, ao terminio
desse ritual, começam a cantar para os guias e Orixás que
vão trabalhar nesse dia, sempre respeitando a ordem.
Quando os Guias espirituais chegarem, começa o
combono a trabalhar no auxilia deles, os Ogã sempre
tocando os pontos quando os guias todos desse dia
terminar os trabalhos) começa o ritual de fechamento da
gira. Então o Baba (mestre(a) de Umbanda reorganiza os
médiuns em seus lugares, todos se ajoelham, o mestre de
Umbanda faz suas orações agradecendo o bom
funcionamento dos trabalhos, agradece todos os guias e
Orixás que estiveram presente, tanto incorporados ou não,
pede a benção para todos os membros da casa e os
consulentes, e mais uma vez se canta para fechar, depois
se canta para bater cabeça, e todos os membros batem a
cabeça mais uma vez agradecendo tudo de bom que foi
concedido nos trabalhos, bate no altar depois no pe do
atabaque e por fim no Baba, e mais uma vez abraça seus
irmãos de Umbanda ate voltar em seu posto, e todos
batem palmas como uma forma de respeito e alegria.
Esse e apenas uma das formas de se abrir e fechar uma
gira de Umbanda. Sempre com respeito e Fé.
Se oferece a oferenda primeiro para Exu, porque e ele
que protege junto com Ogum os terreiros, sem Exu não
seria possível o bom caminhar dos trabalhos espirituais,
para quem não sabem ele e mensageiro de todos os
Orixás, e Exu quem da a força do sangue circular em
nossas veias, e é ele também o Orixá mais humano e mais
73
próximo do ser humano.
Umbanda sem Exu não se pode fazer nada.
Saravá Exu
Saravá seu Tranca-Ruas
Saravá Bombo-Giro
Saravá todo povo da encruzilhadas

Algumas palavras que se usa na Umbanda

MARAFO= Pinga ou cachaça


MALENE= Desculpa
PEMBA= Espécie de giz, usa-se para fazer pontos
riscados(pontos sagrados na Umbanda e quimbanda)
existe mais funções para á pemba.
BAFURADOR= Cigarro ou charuto.
PATACO OU JIMBRA= Dinheiro.
ORI= Cabeça
BABA= Pai
YÁ= Mãe
YABASSÉ= Cozinheira
ODÉ= Homosexual
ADÉ= Oxossi
COMBONO= Auxiliar dos entidades
EBÓ= Oferenda
PONTO CANTADO= Musica ritual
PONTO RISCADO= Símbolos sagrados, onde cada um
significa um Guia ou Orixá, e Usado para firmar a força
da entidade.
CORIMBA= Musica ritual.
GIRA DE UMBANDA= Trabalhos espirituais.
AXÉ OU ASÉ= Benção, força ou poder
74
PEJI= Altar
BATER CABEÇA= Referencia de respeito a casa e as
entidades.
PADÉ= Comida de Exu
MANDINGA= Feitiço

O banho de descarga

O banho de descarga tem como função reorganizar o


poder magnético do médium, esse ritual e quase sempre
com ervas e folhas como perfumes, isso para os
umbandistas e importante para manter o equilíbrio. As
folhas e ervas são sagradas para o culto pelo motivo que e
natural, e foi feita pelo ser supremo, o Grande Olorum
( que e conhecido como Oxalá, Zambi, Deus, Jesus...). A
natureza e o grande altar para o culto umbandistas, e por
isso que em um templo tudo e simbolizado a natureza. Por
isso as ervas são usadas nos banhos de descarregos. Todo
membro deve tomar seus banhos, mais cada banho tem
sua função.
Existem outros tipos de banhos para abrir caminhos e
limpezas, como e o banho de cachoeira, mar, água
corrente... todos tem que vir da natureza, assim se acredita
que terá um melhor resultado das energias vibratórias
positivas, e como se fosse um tratamento medicinal para o
corpo, mais no caso do banho, e um tratamento para á
alma e o espirito.
Na lenda Yorubá os banhos devem ser preparados não
fervidos e sim amaçado com as próprias mãos em uma
vasilha de barro, com água pura, a pessoa que for prepará
esses banho tem que esta em comunhão com a natureza de
75
Deus, com o coração limpo, essa limpeza nunca será
preparada por uma pessoa que esteja com o pensamento
errado, ou com a áurea escura, ou com ódio, porque assim
poderá fazer o efeito contrário. Também nunca poderá
pegar ervas e plantas que não seja a quantidade certa para
o banho, e também não poderá pegar sem pedir licença a
Ossain ou os donos das plantas, mesmo que a pessoa tenha
plantada, também não e permitido qualquer um tocar
nessas ervas. Por isso se escolhe um membro apropriado
para essa função. Os dias também são respeitados para
cada caso, como a posição da lua, e dias grandes, esses
dias e considerados dias abertos ou neutros que são
Segunda-feira, Quarta-feira, Sexta-feira para os
umbandistas, e horas abertas que são 00:00, 06:00, 12:00,
15:00, 18:00, 21:00.
Algumas ervas que se usam nos terreiros:
Arruda macho e fêmia
Guiné Folha de fumo
Espada de Ianhansã
Alecrim Cravos Folha
da Fortuna
Balsamo Canela
Folha de manga Erva de Santa Maria
Samambaia Espada de S. Jorge
Folha da fortuna. Lança de Ogum.

As flores e rosas também tem um papel importante na


crença, elas tem o poder de purificar a áurea, e trazer sorte
em todos sentidos.
Outro banho que poucos umbandistas conhecem e o banho
de oferenda, e quando o médium vai fazer uma oferenda e
76
usa o caldo para banho, e o exemplo da canjica de Oxalá,
ao cozinhar a canjica so na água, no momento de escorrer
o caldo, o filho de santo recolhe esse liquido, e usa para
tomar o banho, que serve para abrir caminhos e limpeza.
O banho de Abô e feito com sete ervas, e é preparado com
um ritual, tem que ser em um lugar apropriado e calmo,
esse banho se usa uma vasilha que caiba pelo menos três e
uma vela acesa e um pano branco, e um ritual muito forte.

O ritual do amaci

Gostaria esclarecer que explicarei apenas como funciona


o ritual, mais não revelarei as ervas e nem os outros
fundamentos do Amaci, esse trabalho deve ser conduzido
apenas por pessoas preparadas.
O amaci e um ritual umbandista usado nas obrigações, ou
seja em cada ano; mais existe um ritual para cada tipo de
médium, tem o amaci para o iniciado, e para o médium
que já tem algum tempo no terreiro. Este ritual tem a
finalidade de prepará o médium para receber a energia de
seu Orixá ou Guia maior, além de oferecer a limpeza de
sua áurea.
Também visa propiciar ao médium uma ligação com seu
Orixá de cabeça(Seu protetor). Esse preparo e de suma
importância que o sacerdote recolha as ervas usadas uma
por uma, e de preferência, as ervas que tenha maior poder
aroma, pois essas tem mais poder positivo. Em alguns
terreiros ou templos, se usa três tipos de águas a do mar,
cachoeira, água de fonte mineral ou de chuva com três
dias de antecedência ao dia que será feito o amaci, em
alguns templos se usa cachaça dependendo do rito.
77
No ritual o médium que vai passar pelo Amaci, deve esta
trajado de branco e um lenço, onde vai proteger as ervas
na cabeça.
Em seguida após o banho, dois combonos devidamente
preparados para essa função, coloca o pano na cabeça do
Yaô(médium) em um silêncio absoluto, repousará em uma
esteira por sete minutos(lembrando, quem determina os
minutos e o Orixá maior); em casos raros em Umbanda
também se cobre o filho de pemba com um coberto feito
de mariwô, folhas de dendezeiro, simbolizando a morte
para a vida profana e a vida para á religião. E na Umbanda
e comum um caboclo jogar o liquido no Ori(cabeça) do
iniciante ou médium
Também e comum o Orixá mandar colher três tipos de
favas para serem raladas pelo próprio filho iniciado
confirmando seu Axé, lembrando que por três dias esse
iniciando não poderá ter relações sexuais e se manter
limpo de corpo e espirito. Também se usa três velas
brancas uma para o Orixá pai, outra para o Orixá mãe e
por fim a outra para o conjunto, ao final da queima, os
restos devem despachados em uma mata.
Uma curiosidade e que o banho de amaci poderá ser
jogado dos pés á cabeça. Vale lembrar que essa banho não
poderá ser tirado da cabeça antes de 24 horas e não poderá
passar de 72 horas, depois poderá ser tirado da cabeça
pelo iniciado. Somente os médiuns já iniciados que já
trabalhem, poderá tirar para o guia descer.

Casamento na Umbanda

Existem várias formas de se conduzir um casamento em


78
um templo de Umbanda; aqui explicarei uma das formas
de se fazer esse ritual lindo e grandioso.
Primeiro os noivos podem escolher os Guias para
abençoar o casal, e também poderá escolher as vestes que
iram usar, e as cores também. O Babalorixá ou Yalorixá
que conduzirá á cerimônia, começa-se assim.
Abre a gira especialmente para essa função com orações,
e ao som dos atabaques, o noivo entra, em seguida á
noiva entra também dançando(Se ela escolher um guia, ele
entrará com ela), ou se não á pessoa que ela escolher;
quando a noiva chegar junto ao noivo na presença do
Babá, ele iniciará uma oração acompanhada com o hino da
Umbanda, e pontos cantados pedindo a benção dos Orixás
e guias, na intenção de buscar a benção para o casal. Em
seguida o guia da casa se manifesta e abençoa os noivos, e
depois vem o guia que os noivos escolheram como
padrinho, e com uma pemba cruzam o casal, e com uma
fita de seda branca, simboliza a união com sete voltas nas
mãos dos noivos. O Ogã nessa hora da a batida de
salvação, e o Babá pega a pemba e com uma oração
também abençoa os noivos pedindo á Oxalá que esse casal
se torne um, e que eles sejam acompanhados com o amor,
fé, paciência, humildade, saúde, respeito, sabedoria... em
seguida os combonos trazem pétalas de flores para jogar
no chão onde os noivos irão ficar em cima por alguns
minutos, nesse momento eles iram ser defumados para que
eles saiam limpos para uma nova vida, onde os dois serão
um só. Ao final o Babá abençoará em nome do pai e do
filho e do espirito santo, e dará o abraço da
Umbanda(tocando os ombros três vezes) e todos os
membros irão repetir esse abraço aos noivos, eles salva á
79
Deus se ajoelham batem cabeça no altar e daí em diante
serão marido e mulher.
Esse a apenas um dos vários tipos de cerimônia de um
casamento em um templo de Umbanda, lembrando que
não existe um padrão de cerimônia, ate pelo fato de
Umbanda ser um sincretismo, ou seja ter várias culturas
em uma só religião
Outra forma de se fazer um casamento de Umbanda. O
presidente ou mestre de Umbanda apresenta-se vestidos de
branco, tendo aos ombros uma capa se cetim verde claro,
capa que deve trazer o ponto de São Miguel em bordado
cheio, branco nas costas.
O altar deve estar iluminado com 7 velas. Ao lado do
sacerdote ficam dois médiuns, vestidos de branco,
trazendo sobre os ombros cada um, um manto de cetim
azul claro, o qual deve trazer bordado, nas costas, em
branco, cada um, o ponto da entidade escolhida para
padrinho e para madrinha. A direita do médium, que fica a
direita do sacerdote, fica uma menina segurando uma
salva prateada, com 2 alianças e 70 cm de fita verde clara
e á esquerda do médium, que fica a esquerda do
presidente, outra menina com outra salva prateada, com 1
ramo de cravos brancos e outra de rosas brancas.
Em cada extremidades fica um menino com uma bandeja
trazendo pétalas de flores coloridas.
Então os atabaques atoam seus cânticos, ou usa musica
apropriada de casamento( Podendo usar violinos se os
noivos preferirem) usando sempre musicas apropriadas de
casamento e bênção. Por traz dos noivos ficam os
padrinhos e madrinhas( sendo vivos).
O noivo fica no altar esperando sua noiva entrar, nessa
80
hora ela entra dançando ao som dos atabaques, e é
entregada ao seu noivo. Então o sacerdote pergunta ao
noivo; o irmão FULANO aceita a irmã FULANA como
sua legítima esposa sem o menor constrangimento, para
ama-la e respeita-la, na saúde e na doença, na alegria e na
dor, sem trai-la? Recebe com Fé e satisfação a realização
desses seu casamento dentro da lei de Oxalá e da lei de
Umbanda? O sacerdote fará as mesmas perguntas a noiva.
Dadas as respostas dos noivos, pelas quais verificará que
existe correspondência nelas, iniciará então o cerimonial.
Após tudo isso o sacerdote, iniciará uma fervorosa prece
pedindo a benção dessa nova união, acompanhada dos
atabaques, ou musicas escolhidas pelos noivos. Fim da
prece que deve ser ouvida de joelhos por todos, serão
cantados os pontos dos padrinhos e madrinhas espirituais,
as quais baixarão nos 2 médiuns ou se forem muitos
elevados, baixarão 2 outros espíritos para representar os
padrinhos. Pelo sacerdote e dada uma vela acesa para os
padrinhos espirituais o qual cruzará á cabeça da noiva e do
noivo e em seguida os padrinhos vivos, a mão direita
colocada no ombro dos noivos. O sacerdote logo após,
acompanha a fita verde, com a qual enlaça, circundando as
cabeças dos noivos e segurando pelas pontas, retira e dá 3
nós, chamando pelos nomes do noivo e da noiva 3 vezes.
Em seguida faz com essa fita um laço borboleta e coloca
nas mãos dos noivos onde eles colocarão no altar. Apanha
o ramo de rosas dá a noiva e o cravos dar ao noivo e
manda que ambos troquem, entre si. Os padrinhos
espíritos juntam as mãos dos noivos segurando a vela e
eles, padrinhos vivos colocam a mão direita na cabeças
dos noivos, nessa hora o sacerdote declara; em nome de
81
Deus, de São Miguel Arcanjo e de vossos Anjos de
Guarda e de vossos padrinhos Fulano e Fulana, estão
casados na lei de Umbanda. Em seguida o sacerdote
entrega a aliança da noiva ao noivo e a do noivo á noiva,
para que eles imediatamente coloquem, no dedo anular de
cada um. No fim salva os noivos com os atabaques.

O batismo em Umbanda

Como no casamento em Umbanda, o batismo também


tem várias cerimônias, dependendo da nação e estado
brasileiro. Primeiro gostaria de explicar que na Umbanda
não se batiza crianças como no catolicismo, isso se deve
porque á Umbanda não acredita que uma criança nasça
com pecados, e também um adulto só poderá ser batizado
após algum tempo de frequência nas giras, ou seja tem que
ta decidido á ser de Umbanda, outro detalhe e que o filho
de fé que for batizado, poderá escolher seu padrinho
espiritual e carnal.
No dia do batismo o filho de fé, tem que se prepará três
dias de antecedência, nesse período, ele terá que se manter
limpo espiritualmente. O baba ou yalorixá preparará um
banho especial, organizará a defumação, abrirá a gira para
esse acontecimento, e chamará os guias ou orixá escolhido
para ser padrinho espiritual, esse filho de fé tomara o
banho recomendado pelo seu mestre, e em seguida se
vestirá de branco, e baterá cabeça no altar para o se Babá,
e os guias escolhidos irão abençoar e aceitar esse membro
batizado, e com uma pemba irá cruzar sua testa, sua
cabeça, suas mãos, seus pés, e com uma fita ou cordão, ira
82
cruzar esse filho de santo, os Ogãs irão tocar os pontos, e
no final o chefe do templo irá também abençoar esse filho
e fazer uma oração. Então o novo membro batizado baterá
a cabeça mais uma vez para ser aceito na crença
definitivo.
Os rituais de batismo variam de terreiro para terreiro, e
as orações também, como os pontos cantados,mais todos
terão o mesmo efeito, e será reconhecido entre os guias
em qualquer lugar.
Na lei de Umbanda, quando os médiuns que se acham
em desenvolvimento e atingem a um certo grau de
adiantamento, usa-se fazer a confirmação de guias e
protetores e em seguida a coroação.
O cruzamento consiste no seguinte: o presidente ou chefe
do terreiro, utiliza-se de uma pemba branca e com 7 velas,
e com elas fazem sete cruzes no médium; uma na testa,
outra na nuca, outra no peito próximo ao pescoço, uma em
cada peito do pé e uma em cada mão, nas costas, cantando
assim: “ encruza, encruza na lei de Umbanda, encruza.
O batismo obedece ao seguinte ritual: o presidente ou
chefe do terreiro, senta-se, tendo de cada lado uma pessoa
(sendo médium e melhor), representando padrinho e
madrinha, um deles segura na mão direita uma vela e
outro, segura também na mão direita uma espada de São
Jorge. O presidente terá próximo uma vasilha com água do
mar. O médium que vai ser batizado, ajoelha-se diante dos
três, faz uma prece e a oferece as entidades que colheu
para serem seus padrinhos e madrinhas e também ao seu
anjo da guarda; em seguida é cantado o ponto das
entidades escolhidas, avela é colocada na mão direita do
médium, depois de ter com ela cruzado a cabeça do
83
mesmo; a espada de São Jorge é pela outra pessoa
atravessada, como se estivesse cruzando, sobre a cabeça
do médium e o presidente derrama nesse momento um
pouco de água do mar sobre a cabeça do médium e declara
que está, em nome de Deus, batizado na lei de Umbanda,
como filho dessa Lei. Muitas vezes nesse momento, as
entidades escolhidas para padrinhos, baixam nos médiuns
que estão ladeando o presidente, para então confirmar a
presença, dando assim maior importância á solenidade. O
próprio médium que está sendo batizado, nesse momento
sente os derrames de fluídos dos seus padrinhos.
Esses são alguns dos rituais de batismo na Umbanda, que
tem como finalidade, de confirmar e consagrar a nova
aliança do médium com a responsabilidade na crença.

Porque a Umbanda tem como altar maior a natureza?

A Umbanda como toda crença, tem como objetivo


alcançar o Divino, sobrenatural, o máximo da fé, a perfeita
comunhão entre o ser humano e a Deus, por isso que
valorizamos tanto a natureza. Primeiro porque ela não foi
feita pelas as mãos dos homens, segundo e que ela
significa a perfeição do equilíbrio, terceiro porque e á base
da vida em nosso planeta.
Para nos umbandistas, a natureza e mais pura prova da
existência de Deus, e como a crença tem vários símbolos,
cada parte da mesma representa a comunhão com o sobre
natural. Por exemplo, á água e a base da vida, e ela que
usamos para beber, nos limpar, construir, fabricar, e
moldar. E no culto de Umbanda tem como finalidade e
simbolismo, a limpeza espiritual, e símbolo de vida e
84
alegria.
As matas e a moradia da alimentação, e la que mora os
animais, e também e de la que tiramos a madeira para que
se construa nossas casas, usa-se para fazer fogo, os frutos,
os alimentos vegetais. E no simbolismo religioso,
representa a ancestralidade, a vida a força.
As pedreiras, e onde vem as pedras que é usada para
construções, e onde firma á terra das montanhas; que pra
os umbandistas, simboliza a força, a firmeza e a fé.
A terra, sem ela seria impossível nos firmar, e onde se
planta tudo, e nosso lar. Que para a crença umbandista,
simboliza o inicio a criação.
O ar, sem ela também seria impossível a vida, a
existência. Que para os umbandistas, simboliza os
ancestrais, e a vida.
As ruas e encruzilhadas, e o caminho, onde passa tudo.
Que para á Umbanda simboliza o mensageiro.
Como disse a natureza e nosso grande altar, e la que
fazemos nossa comunhão com Oxalá (Deus), e como
estivéssemos no Céu, e onde podemos sentir a pureza, o
amor, a vida, a união em comunhão. Na crença de
Umbanda o respeito traz respeito, o amor traz amor, á
alegria traz alegria. E a natureza faz parte desse equilíbrio.
Então como tudo tem seu lugar a natureza tem o lugar nos
corações dos umbandistas, pois temos a consciência que
ela e um presente deixado aos homens, e presente não se
joga fora, não se deixa pra la.

O que significa o idoso para á Umbanda

Para á Umbanda o mais velho representa a sabedoria, um


85
livro humano, fonte e nascente da vida, para a filosofia de
Umbanda, os mais velhos devem ser respeitados, porque
são eles que tem experiencia na religião e na vida; ofender
um idoso e como ofender um feto no ultero da mãe. Em
tendas de Umbanda, são eles que explicam e ensinam os
fundamentos da crença, e nos confortam em nossos
problemas. E sempre bom ter um idoso nas tendas, suas
marcas de sofrimento e cansaço no rosto, nos faz meditar
em nossas atitudes, eles conhecem as ciladas da vida e o
caminho certo a seguir, e a pureza do Preto Velho.
Ser idoso para á Umbanda, significa ter vencido os
males, conquistado a saúde, e ter dado a volta por cima, e
reconhecer que a vida e uma passagem de aprendizado e
sabedoria.

Obsessão

Em todas as crenças de cunho espiritual, tem como


crença a obsessão, ou seja são espíritos que pertubam os
seres humanos. Essas forças vem de diversas situações, os
quiumbas são obsessores que pertubam pessoas que tem
algum tipo de mediunidade, ou que andam nos caminhos
do bem, alguns tem origens de espíritos que em vidas
passadas foram inimigos desse ser encarnado e buscam
vingança na obsessão, muitos acham que estão vivos, e
outros estão cegos com o ódio.
Outro tipo de obsessor são aqueles espíritos que estão em
estrema escuridão, no fundo do abismo onde seria para os
cristãos o inferno, e para os Kardecistas “Umbral,” são
espíritos que incorporam nos médiuns novatos para mentir
que são guias ou Orixás, esse fato e comum na Umbanda,
86
pelo fato que hoje em algumas tendas não se usa o ritual
de iniciação, deixando assim o iniciado em uma situação
de perigo com o mundo espiritual.
Alguns médiuns ficam loucos com esse problema, outros
por não saberem, ou por relaxo, não buscam ajudas e
passam a viver em uma vida de pecado, erros, e
naturalmente uma vida pertubadora. Em alguns casos
raros, a obsessão vem se encontra com o médium, para
que esse indivíduo procure e ache o caminho da
espiritualidade, de onde vem a expressão popular, “se não
vai pelo o amor, vai pela a dor”.
Mais também a obsessão pode ter origem de karmas
espirituais, trabalho mandado, olho grande, inveja; isso se
deve por ter tantas pessoas procurando ajuda espiritual nas
tendas de Umbanda, mais esse problema pode ser evitado
com uma boa conduta, e cuidados que todos os médiuns
de Umbanda deve ter; como o banho de descarga antes
dos trabalhos e depois, procurar praticar o amor, o respeito
e tentar fugir de situações que levam esse irmão ao erro.

Tirando o obsessor.

Existem vários rituais que podem ser usado para esse


fim. Sitarei algumas delas; uma das formas e o transporte,
onde o médium acompanhado por irmãos de sabedoria e
doutrina, puxam o obsessor para incorporar, e os outros
médiuns o doutrinam e pedem que os Guias evoluídos, ou
orixás, levem esse irmão para um tratamento em aruanda,
isso com orações.
Outra forma, e usando o transporte, com o Orixás Yansã,
onde puxa esse espírito e chama-se por Yansã, e pede ela
87
para livrar o irmão desse obsessor. Ou por pontos de
fundangas(pólvoras), onde o mestre de Umbanda, traça
um ponto mágico, e coloca o consulente em frente desse
ponto, e canta os pontos cantados para esse fim, e coloca
fogo. Lembrando que esse ritual só deve ser feito por
iniciados de sete anos, e jamais poderá ser praticado por
médiuns ou pessoas leigas no assunto, porque e um ritual
muito perigoso.
E por fim, se de todo modo não resolveu, esse consulente
deverá passar por trabalhos espirituais, onde deverá ser
consultado pelo o guia, ou Orixás, que vão determina
quias procedimentos devem ser seguidos para abrir os
caminhos, ou busca de doenças, ou paz.
Lembrando que obsessor são difíceis de ser afastado do
consulente, e o tratamento não deve ser interrompido de
maneira alguma, podendo atrapalhar ao invés de ajudar
que procura ajuda. Quando o obsessor desse, tome o
controle da situação, chame por ogum pedindo ajuda, e
não permita que os espirito chingue, ou faça escândalos,
fazendo isso, ele não terá forças de continuar prejudicando
o consulente.

Porque os Orixás são tão importantes na Umbanda?

A diferença dos Guias e Orixás, e determinada por uma


situação bem símples, Os guias são espíritos que se
encarnaram em vidas passadas, que por sua vez não
completando sua missão na terra, vêem como guias para
terminar sua missão, ou seja, viveram mais demoraram se
encontrar com o amor de Deus, mais que em seus ultimos
momentos se arrependeram e tiveram essa chance. Outro
88
tipo de guias, são aqueles bem evoluídos que por amor e
caridade, descidiram voltar para ajudar os homens, com a
missão de guiar os passos desses seres vivos para se
encontrar com o nosso criador. Guia e todo espírito que
viveu ou passou aqui na terra como homem ou como
mulher, que na língua Yorubá e chamado de Egum,
(ancestral).
Orixá e a mais pura forçada natureza, são espíritos
criados no começo do universo, e nunca passaram pela a
terra como seres vivos, são como anjos, onde cada um
rege uma situação de sentimento, elemento. Orixá e uma
força viva que nunca se materializou como seres humanos,
mais que tem a missão de ajudar os homens. Na África as
tribos achavam que eles eram deuses, mais com o tempo
entenderam que eles não são, são forças representativas da
natureza, ou situações da mesma.
A importância deles na Umbanda se deve, por que são
eles que abaixo do grande criador, tem a missão do
equilíbrio espiritual e material, são eles que controlam os
espíritos no mundo espiritual, e são eles que dão equilíbrio
no mundo físico. Ter um Orixá na casa ou tenda, e ter uma
proteção divina, e como você tivesse uma ligação direta
com Deus. Mais existem rituais de assentamentos, ou
culto a eles, e uma relação de respeito, Jamais se deve
ofender um Orixá seja qual ele for, e nem se deve o
encara-lo olho á olho, por isso no Candomblé eles usam
uns paramentos que cobrem os olhos dos yaôs
incorporados; Orixás também são de pouca conversa na
Umbanda, sendo que no Candomblé, e proibido conversar
com eles.
89
As linhas da Umbanda

A Umbanda e dividida em linhas, e uma forma de


hierarquia entres os guias e Orixás, funcionam como
respeito, e evolução. Essas hierarquias tem como objetivos
definir á origem de cada guia, e assim determinar quais
dias e determinado os trabalhos de giras. E uma
organização sem confusão, onde cada espírito tem o
direito de trabalhar.

Linhas de Oxalá

Oxalá para os Umbandistas e Jesus Cristo e Zambi o


Deus supremo criador de todas as coisas, muitas crenças
acreditam que Oxalá e um demônio, essas crenças por não
conhecer a filosofia da Umbanda e nem seus
ensinamentos, confundem nossos Guias e Orixás com
Diabo. Na crença Africana, fala que Oxalá veio do Oriente
médio para fundar o reino de Ifé, então onde o Deus da
Bíblia se manisfestou a Primeira vez? Não foi por acaso
no Oriente? Segunda á Bíblia o Jardim do Édem era entre
os rios Eufrates e Tigres, que fica hoje na região do Iraque
e Irã, também em Gênises, Deus fez o homem sua imagem
e semelhança, e usou o barro para escupir a forma
humana, os negros africano também acreditam que
Olorum(Uma qualidade de Oxalá, como Odudu´, Ifá,
Oxaguiã, Oxalufã) fez o homem sua imagem e
semelhança, e que ele usou o barro para moldar e Oxalá
deu o sopro da vida ao homem, veja essa lenda Nagô:
90
São várias as versões dos mitos dos orixás e, como em
todos os mitos, algumas são incompatíveis entre si; mas a
essência dos orixás pode ser perfeitamente absorvida
através destas narrativas. Para os iorubás, a melhor
representação do mundo é uma cabaça dividida ao meio,
uma das metades constituindo o céu (orum, Obatalá), e a
outra a terra (ayê, Odudua). No princípio de tudo,
entretanto, não havia a terra, e os orixás viviam no orum,
ao redor de Olorum, o senhor do Universo, secundado por
Obatalá. Obatalá uniu-se a Odudua e tiveram dois filhos:
Aganju, a terra firme, e Iemanjá, as águas dos oceanos.

Outro mito diz que a terra era então um vasto oceano e os


orixás desejavam conhecê-lo. Obatalá encarregou Oxalá
de descer ao ayê, a metade inferior da cabaça, e espalhar o
pó preto que formaria a terra firme. Entregou a ele o saco
com o pó preto e uma galinha. Oxalá então partiu em
viagem, mas no meio do caminho sentiu sede. Exu, vendo
que Oxalá sentia sede, ofereceu-lhe vinho de palma e
Oxalá bebeu. E tanto vinho que Oxalá que embriagou-se e
caiu em sono profundo. Exu tomou de Oxalá o saco da
criação e o levou a Obatalá, a quem contou que Oxalá
beberá e negligenciara sua tarefa.

Obatalá então entregou o saco a Odudua, que com ele


desceu à terra, jogou o pó preto sobre o oceano e tornando
se ela mesma uma galinha, ciscou o pó preto até que se
formaram os continentes e toda terra firme que há.

Essa terra firme é Aganju, filho de Odudua e Iemanjá.


Obatalá então criou um grande dendezeiro, pelo qual
91
desceram à terra todos os orixás, cada um escolhendo uma
parte do mundo que lhe agradava, e que passou a ser de
seu domínio.

Assim, Oxum e Obá escolheram as águas doces; Iansã


quis os ventos; Xangô os trovões e as cachoeiras;
Obaluaiê à terra firme; Nanã a lama dos fundos dos rios e
os abismos; Ogum quis as montanhas e os minérios;
Oxossi as matas e florestas; Oxumarê o arco – íris; Ewá os
horizontes. Apenas Exu não sabia o que escolher, pois
tudo e nada lhe agradava. E considerou-se assim dono de
tudo um pouco, com que os demais orixás concordaram.
Desse modo o mundo foi criado e dividido entre os orixás,
e é por isto que cada um detêm o domínio de uma parte da
natureza.

Outro mito narra que Obatalá reuniu todos os materiais


necessários à criação do mundo e mandou a estrela da
manhã convocar todos os orixás. Apenas Orunmilá
apareceu. Por isso Obatalá o recompensou, permitindo que
apenas ele conhecesse os segredos da criação e do por vir.
E foi assim que a estrela da manhã revelou a Orunmilá
que todos os segredos e materiais da criação se encontrava
numa concha de caramujo, dentro de um vaso que ficava
entre as pernas de Obatalá.

Orunmilá tornou-se então, dono dos segredos, das magias


e conhecedor do futuro, das vontades, aquele que sabe a
vontade de Obatalá e de todos os orixás, o que sabe com
que matéria o homem foi feito.
92
Outro mito narra que tendo tido o conhecimento das
matérias da criação, teria sido Orunmilá e não Odudua o
criador da terra, aquele a espalhar o pó preto sobre as
águas. Orunmilá então é considerado o amigo de Obatalá.
Quis então Obatalá criar os homens. Ajalá, o orixá oleiro
foi incumbido de moldar as cabeças dos rios e outros
elementos da natureza.

Ajalá moldava as cabeças e as punha para assar em seu


forno. Mas Ajalá tinha o hábito de embriagar-se enquanto
cozia o barro e criou muitas cabeças defeituosas,
queimando algumas e deixando outras com o barro cru.
Depois que Ajalá terminava de fazer os oris (cabeças)
Obatalá soprava nelas e lhes dava eni, a vida.

Assim surgiram a terra e os homens, sob o domínio dos


orixás. Cada orixá viveu então episódios diversos em sua
história, dos quais narraremos aqui apenas alguns, pois a
quantidade de versões dos mitos é praticamente infinita.

7ª. LINHA: OXALÁ

É a fusão de todas as outras. As legiões de Oxalá são a


sétima e última falange de todas as Linhas já vistas
anteriormente. É responsável pela integração das demais.
Coordenadora, sendo a manifestação cósmica do céu, da
terra, da luz e da energia, da paz e do amor. Suas falanges
são:
93

1. Falange de Ogum Delê (Ogum)

2. Falange de Xangô Djacutá (Xangô)

3. Falange do Caboclo Urubatã (Oxóssi)

4. Falange da Cabocla Janaína (Iemanjá)

5. Falange de Cosme (Yori)

6. Falange do Povo de Bengala (Yorimá)

7. Falange dos Caboclos de Oxalá

Lembramos que os Caboclos de Oxalá dificilmente


incorporam, sendo os responsáveis pela coordenação das
demais falanges e da missão que cada guia-chefe assume
perante a Umbanda.

Ervas: são o tapete-de-oxalá (boldo), mariô, folhas de


limoeiro, manjericão, erva-cidreira, trevo e café. As linhas
de Oxalá e a linha mais perfeita entre todas, ela também
significa perfeição, e a grande linha do amor, sabedoria,
calma.
94
Linha de Exu

A Umbanda
com á
Quimbanda.
Existe um
ditado que
Umbanda
sem Exú
não se pode
fazer nada.
Mais qual o
papel do
Exu na
Umbanda?
Essas
entidades
que para muitos são Demônios, para outros, são
compadres, e outros espíritos de classe baixa, na Umbanda
tem um papel importante no sincretismo, e dada á eles a
missão de proteger e guardar á entrada dos terreiros, Exu
também tem o papel de limpar e levar quínzilas para
longe, mais Exú também tem coroa, e é erradamente
confundido com o Diabo cristão. Com a chegada dos
primeiros africanos, os padres viam á religião dos negros
como uma ameaça, pois a única coisa que ainda unia
várias etnias que muitas vezes eram inimigos na Africa era
sua crença, como o Orixá Exu, tinha um rito diferente dos
outros orixás, o branco vez com que essa entidade se
transformasse em Demônio, e é por isso que hoje e
95
comum, as imagens de Exú ter feições demoníacas, com
chifres e rabo.

Mais o que e Exu?

Existem vários
mistérios sobre o
assunto Umbanda;
por exemplo, quem
são realmente os
Exus? São orixás,
guias, espíritos ou
demônios? Essa
parte teológica de
nossa religião, nos
leva a pensar no
assunto. Outro
problema, e que
nossa religião não
tem um livro sagrado como a Bíblia, Alcorão, Thorá etc.
Então como estudar a teologia Umbandista? Simples,
nossa crença e um sincretismo, e sendo assim, existem
varias misturas de crenças nela, para entendermos as
origens, temos que conhecer os fundamentos das raízes de
Umbanda em todos os sentidos. Então vamos la.

Exú ou Esú

Exú Elegbára: senhor do poder o transformador

Exú Yangi: primeira plantaforma existente – água + terra


96
Exú Àgbá: pai ancestre,representa todos os exus

Exú Obá: rei de todos

Exú Alakétu: rei do povo Kétu

Exú Elebo: senhor das oferendas

Exú Ojìse-ebo: encarregado a levar as oferendas

Exú Elérú: senhor do erú (carrego)

Exú Olòbe: proprietário e senhor da faca

Exú Enú-gbárijo: explicitador de mensagens trabalha com


Ifá

Exú Bara: o rei do corpo

Exú Odara: aquele que guia

Exu Tiriri: aquele que acompanha Ogum

Essas são algumas das qualidades de Exu em ketu, em


religiões de origem Bantu, Exu e pronunciado como
Aluvaia. Todos de certa forma conhecem o temperamento
de Exu,um Orixá que muitas vezes e confundido com o
próprio Diabo cristão. O perfil desse Orixá tão polêmico, e
na realidade, tão humano quanto nos mesmos.
Exú e raivoso, provoca calamidades, brigas, mortes... mais
tem seu lado bom, quando e agradado de forma correta,
97
ele traz, paz, dinheiro, saúde e proteção... Ele deve ser o
primeiro a ser agradado nos trabalhos e rituais, porque
Exu e mensageiro, e protetor, ele e o mais próximo dos
homens.
Quando os primeiros missionários depararam com Exu,
assustaram e definiram ele com o Diabo, por causa do seu
temperamento, ele também e debochado quando quer.
Quando os negros cristãos e índios, começaram e se unir,
a formação do sincretismo ficou mais forte, e mais uma
vez Exu se transformava em Diabo, e no fim do século 19,
com a chegada de Allan Kardec com o Espiritismo, e a
filosofia de espíritos em evolução, Exu passou a ser visto
nos terreiros de Umbanda como espíritos do baixo astral, e
o verdadeiro Exu foi sumindo dos rituais, dando lugar a
espíritos da escuridão e se intitulando Exu.
Alguns escritores Umbandistas, definem esse Orixá como
espíritos em evolução, e outros como Anjos caídos, que
vem para de certa forma recuperar sua salvação. Se
vermos com olhos cristãos, esse Orixá será sempre o
Diabo, se olharmos com olhos espíritas, por sua vez ele
será enxergado como espirito de baixo astral, e se
olharmos com olhos africanos, ele será o que sempre ele
foi UM ORIXÁ. Mais como na nossa querida Umbanda e
um sincretismo, essa linha tão famosa e respeitada e
misteriosa, também da lugar a espíritos em evolução, e é
comum ter entidades trabalhando nessa falange, como por
exemplo, Exu sete catatumba, Exu manquim, Exú aroeira,
Exu sete facada e muitos mais. Esses Exus foram pessoas
que tiveram vida aqui na terra e voltam como espíritos do
bem ou do mau. Mais Exu não e assim, ou seja ele não
nasceu de um homem e uma mulher, ele foi gerado por
98
Olorum(Deus supremo), então não podemos confundir
Exu com espíritos em evolução, e também não podemos
comparar esse Orixá com o Diabo, pois esse personagem
Bíblico tem a missão de ofender e destruir tudo que vem
de Deus, e Exu tem a missão de levar todo os pedidos a
Olorum.
Existem também várias confusões a respeito de Pomba-
Gira, sua origem vem do povo Bantu que se pronuncia
Pambu Njila, e quando Exu na Angola se transforma em
feminino, conta uma lenda que Aluvaia seis meses e
masculino, e seis meses e feminino(Pambu Njila), e com o
passar dos tempos, Pambu Njila se transformou em
Pomba-Gira. E em Ketu Exu e so masculino, e quando
essas duas etnias se encontraram, Aluvaia em sua forma
feminina virou Pomba-Gira, e Exu(Ketu) ficou masculino.
Outra confusão se deu com Omulu, que e um Orixá
antigo, velho, ele rege as doenças e as curas, ele também e
dono da terra, como os africanos antes de enterrar seus
mortos, pediam licença a Omulu, a Umbanda definiu esse
Orixá como uma especie de Diabo, ou Exú dono dos
cemitérios(Kalunga), e por sua vez deu a ele, a linha das
almas. Exú não tem chifres nem rabo, e nem tão pouco e
o Diabo, mais nas Kimbandas e Umbanda, permanecem
Espíritos que por sua pervessidade, perderam sua forma
humana, e com seus instintos selvagens, e suas maldades,
foram castigados com formas de animais, e na eterna
evolução e no grande amor de Oxalá, tiveram a
oportunidade de se reconciliar, com aqueles que foram
suas vítimas em vida. Então Exú não e Quiumba, e nem
demônio, e nem espírito em evolução, Exú tem Axé, tem
poder, Exú e ORIXÁ.
99
Exu (do iorubá Èṣù) ou Elegbara (do iorubá Ẹlẹgbára),
chamado Eleguá ou Eleguá em Cuba, é um orixá ou um
ẹbọrá de múltiplos e contraditórios aspectos, o que torna
difícil defini-lo de maneira coerente. De caráter irascível,
ele gosta de suscitar dissensões e disputas, de provocar
acidentes e calamidades públicas e privadas. É astucioso,
grosseiro, vaidoso e indecente. Entretanto, Exu possui o
seu lado bom e, se é tratado com consideração, reage
favoravelmente, mostrando-se serviçal e prestativo. Se,
pelo contrário, as pessoas se esquecerem de lhe oferecer
sacrifícios e oferendas, podem esperar todas as catástrofes.

Como personagem histórico, Exu teria sido um dos


companheiros de Odudua, quando da sua chegada a Ifé e
chamava-se Èṣù Ọbasin. Tornou-se, mais tarde, um dos
assistentes de Orunmilá, que preside a adivinhação pelo
sistema de Ifá.

Como orixá, diz-se que ele veio ao mundo com um


porrete, chamado ọgò, que teria a propriedade de
transportá-lo, em algumas horas, a centenas de
quilômetros e de atrair, por um poder magnético, objetos
situados a distâncias igualmente grandes. É o guardião dos
templos, das casas, das cidades e das pessoas e serve de
intermediário entre os homens e os deuses. Por essa razão
é que nada se faz sem ele e sem que oferendas lhe sejam
feitas, antes de qualquer outro orixá, para neutralizar suas
tendências a provocar mal-entendidos entre os seres
humanos e em suas relações com os deuses e, até mesmo,
dos deuses entre si.
100
O lugar consagrado á Exu entre os iorubás é constituído de
um pedaço de pedra poderosa chamada yangi, ou por um
montículo de terra grosseiramente modelado na forma
humana, com olhos, nariz e boca assinalados com búzios;
ou então ele é representado por um estátua, enfeitada com
fileira de búzios, tendo em suas mãos pequenas cabaças
(àdó), contendo os pós por ele utilizados em seus
trabalhos. Seus cabelos são presos numa longa trança, que
cai para traz e forma, em cima, uma crista para esconder a
laminada faca que ele tem no alto do crânio.

A Exu são oferecidos bodes e galos, pretos de preferência,


e prato cozidos em azeite-de-dendê (epo), porém nunca se
lhe deve oferecer o óleo branco (àdí), que é extraído das
amêndoas contidas nos caroços do dendê. Este àdí tem a
reputação de ser “cheio de violência e de cólera”. Dizem
que uma boa maneira de se vingar de um inimigo consiste
em derramar sobre a estátua de Exu esse óleo, fervendo de
preferência, declarando em voz alta que essa oferenda é
feita pela pessoa desprezada. Exu não deixaria então de
lhe pregar uma peça!

Os elégùn de Exu participam das cerimônias celebradas


para os outros orixás. Alguns acompanham Xangô e traz
nas costas uma tralha curiosa, onde se encontram, em
desordem, duas ou três estatuetas de Exu, fieiras de
búzios, pentes, espelhos e as indispensáveis cabacinhas
àdó, contendo os elementos de seu poder. Outros,
chamados olúpòna, participam das cerimônias que se
realizam a cada quatro dias, para Ogum, na região de Holi.
100
No decorrer de suas danças, trazem sempre na mão um
ògo, bastão de forma fálica.

sete linhas como na Umbanda, são elas

1. Linha das Encruzilhadas: Exu Tiriri e Tranca ruas

2. Linha dos Cruzeiros: Exu Meia Noite

3. Linha das Matas: Exu Arranca Toco

4. Linha da Calunga Pequena (cemitérios): Exu Caveira N

5. Linha das Almas: Exu Tranca Ruas das Almas

6. Linha da Lira: Exu Sete Liras

7. Linha da Calunga Grande (praia): Exu do Lodo

A palavra Quimbanda tem origens do Quimbundo.


Mais na realidade essa entidade e um Orixá, e seu trabalho
e ser mensageiro dos outros orixás, por isso antes de abrir
os trabalhos se deve fazer oferenda para Exú pedindo pra
que ele deixe os trabalhos correrem bem.
Cada pessoa tem pelo menos um Exú que age e está perto
dela desde o dia do seu nascimento; o chamado Bará ou
Elegbará ou ainda Exú do Corpo. Depois, tem também
pelo menos uma Pomba-gira, Esse nome vem da
linguagem Bantu, Bombogiro, pois para esse povo Exu se
chama Aluvaiá, na crença Bantu Aluvaiá fica Seis meses
homem e Seis meses mulher, e quando ele fica no seu lado
101
feminino ele se chama Bombo-giro, mais com o passar
dos tempos ficou Pomba-gira.

As funções principais de Pomba-gira, ou pelo menos


aquela a que mais recorremos em seu auxílio, é a de ajudar
os seus “protegidos” especialmente em casos de amor,
mas também é, e deve ser, usada a sua força para
desmanchar feitiços, para pedir proteção e curar doenças
diversas.

Em cada reino existem 9 povos, sendo um total de 63


povos de Exú. Veja a lista abaixo:

REINO DAS ENCRUZILHADAS

1- Povo da Encruzilhada da Rua - Exú Tranca Ruas


2- Povo da Encruzilhada da Lira - Exú Sete Encruzilhadas
3- Povo da Encruzilhada da Lomba - Exú das Almas
4- Povo da Encruzilhada dos Trilhos - Exú Marabô
5- Povo da Encruzilhada da Mata - Exú Tirirí
6- Povo da Encruzilhada da Kalunga - Exú Veludo
7- Povo da Encruzilhada da Praça - Exú Morcego
8- Povo da Encruzilhada do Espaço - Exú Sete
Gargalhadas
9- Povo da Encruzilhada da Praia - Exú Mirim

REINO DOS CRUZEIROS

1- Povo do Cruzeiro da Rua - Exú Tranca Tudo


2- Povo do Cruzeiro da Praza - Exú Kirombó
3- Povo do Cruzeiro da Lira - Exú Sete Cruzeiros
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4- Povo do Cruzeiro da Mata - Exú Mangueira
5- Povo do Cruzeiro da Kalunga - Exú Kaminaloá
6- Povo do Cruzeiro das Almas - Exú Sete Cruzes
7- Povo do Cruzeiro do Espaço - Exú 7 Portas
8- Povo do Cruzeiro da Praia - Exú Meia Noite
9- Povo do Cruzeiro do Mar - Exú Karunga (Kalunga
Grande)

REINO DAS MATAS

1- Povo das Árvores - Exú Quebra Galho


2- Povo dos Parques - Exú das Sombras
3- Povo da Mata da Praia - Exú das Matas
4- Povo das Campinas - Exú das Campinas
5- Povo das Serranias - Exú da Serra Negra
6- Povo das Minas - Exú Sete Pedras
7- Povo das Cobras - Exú Sete Cobras
8- Povo das Flores - Exú do Cheiro
9- Povo da Sementeira - Exú Arranca Toco

REINO DA KALUNGA

1- Povo das Portas da Kalunga - Exú Porteira


2- Povo das Tumbas - Exú Sete Tumbas
3- Povo das Catacumbas - Exú Sete Catacumbas
4- Povo dos Fornos - Exú da Brasa
5- Povo das Caveiras - Exú Caveira
6- Povo da Mata da Kalunga - Exú Kalunga
7- Povo da Lomba da Kalunga - Exú Corcunda
8- Povo das Covas - Exú Sete Covas
9- Povo das Mirongas e Trevas - Exú Capa Preta
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REINO DAS ALMAS

1- Povo das Almas da Lomba - Exú 7 Lombas


2- Povo das Almas do Cativeiro - Exú Pemba
3- Povo das Almas do Velório - Exú Marabá
4- Povo das Almas dos Hospitais - Exú Curadô
5- Povo das Almas da Praia - Exú Giramundo
6- Povo das Almas das Igrejas e Templos - Exú Nove
Luzes
7- Povo das Almas do Mato - Exú 7 Montanhas
8- Povo das Almas da Kalunga - Exú Tatá Caveira
9- Povo das Almas do Oriente - Exú 7 Poeiras

REINO DA LIRA

1- Povo dos Infernos - Exú dos Infernos


2- Povo dos Cabarés - Exú do Cabaré
3- Povo da Lira - Exú Sete Liras
4- Povo dos Ciganos - Exú Cigano
5- Povo do Oriente - Exú Pagão
6- Povo dos Malandros - Exú Zé Pelintra
7- Povo do Lixo - Exú Ganga
8- Povo do Luar - Exú Malê
9- Povo do Comércio - Exú Chama Dinheiro

REINO DA PRAIA

1- Povo dos Rios - Exú dos Rios


2- Povo das Cachoeiras - Exú das Cachoeiras
3- Povo da Pedreira - Exú da Pedra Preta
4- Povo do Marinheiros - Exú Marinheiro
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5- Povo do Mar - Exú Marê
6- Povo do Lodo - Exú do Lodo
7- Povo dos Baianos - Exú Baiano
8- Povo dos Ventos - Exú dos Ventos
9- Povo da Ilha - Exú do Côco

Linha de Ogum

Ogum, segundo os
mitos, é filho de Iemanjá
com Odudua. desde
criança já era destemido,
impetuoso, arrojado e
viril, tendo se tornado
sempre, mais e mais, um
brilhante guerreiro, e
conquistado, para seu pai,
muitos reinos, não
havendo, por esta razão,
um só caminho que
Ogum não tivesse
percorrido. Nos
intervalos entre as
guerras e as conquistas,
Ogum criou os metais, a forja e as ferramentas, que
facilitaram a vida dos homens no mundo. Ele forjou a
primeira faca, a primeira ponta de lança, a primeira
106
espada, a primeira tesoura. Um irmão dedicado, diz o mito
que Ogum tinha por Oxóssi uma afeição muito especial,
defendendo-o várias vezes de seus inimigos e passando
mesmo a morar fora de casa com Oxóssi, quando este foi
expulso de casa por Iemanjá. Diz ainda o mito que foi
Ogum quem ensinou Oxóssi a defender-se, a caçar e a
abrir seus próprios caminhos nas matas onde reina. Ogum
teve muitas mulheres, a principal delas foi Iansã, guerreira
como ele. Tendo sido roubada por Xangô, Ogum passou a
viver sozinho, dedicando-se à guerra e à metalurgia.

* Depois de numerosos anos ausente de Irê, Ogum voltou


para visitar seu filho. Infelizmente, as pessoas celebravam,
no dia da sua chegada, uma cerimônia em que os
participantes não podiam falar sob nenhum pretexto.
Ogum tinha fome e sede; viu vários potes de vinho de
palma, mais ignorava que estivessem vazios. Ninguém o
havia saudado ou respondido às suas perguntas. Ele não
era reconhecido no local por ter ficado ausente por muito
tempo. Ogum, cuja paciência é pequena, enfureceu-se com
o silêncio geral, por ele considerado ofensivo. Começou a
quebrar com golpes de sabre os potes e, logo depois, sem
poder se conter, passou a cortar as cabeças das pessoas
mais próximas, até que seu filho apareceu, oferecendo-lhe
as suas comidas prediletas, como cães e caramujos, feijão
regado com azeite-de-dendê e potes de vinho de palma.
Enquanto saciava sua fome e sua sede, os habitantes de Ire
cantavam louvores onde não faltavam a menção a
Ògúnjajá, que vem da frase Ògún jẹ aja (“Ogum come
cachorro”), o que lhe valeu o nome de Ògúnjá. Satisfeito e
acalmado Ogum lamentou seus atos de violência e
107
declarou que já vivera bastante. Baixou a ponta de seu
sabre em direção ao chão e desapareceu pela terra adentro
com uma barulheira assustadora. Antes de desaparecer,
entretanto, ele pronunciou algumas palavras. A essas
palavras, ditas durante uma batalha, Ogum aparece
imediatamente em socorro daquele que o invocou. Porém
elas não podem ser usadas em outras circunstâncias, pois,
se não encontra inimigos diante de si, é sobre o
imprudente que Ogum se lançará.

* Oiá era companheira de Ogum antes de se tornar a


mulher de Xangô. Ela ajudava o deus dos ferreiros nos
seus trabalhos; carregava docilmente seus instrumentos,
da casa à oficina, e aí ele manejava o fole para ativar o
fogo da forja. Um dia, Ogum ofereceu a Oiá uma vara de
ferro, semelhante a uma de sua propriedade, e que tinha o
dom de dividir em sete partes os homens e em nove as
mulheres que por ela fossem tocados no decorrer de uma
briga. Xangô gostava de vir sentar-se à forja a fim de
apreciar Ogum bater o ferro e, freqüentemente, lançava
olhares Oiá; esta, por seu lado, também o olhava
furtivamente. Xangô era muito elegante, muito elegante
mesmo, afirmava o contador da história. Seus cabelos
eram trançados como os de uma mulher e usava brincos,
colares e pulseiras. Sua imponência e seu poder
impressionaram Oiá. Aconteceu, então, o que era de se
esperar: um belo dia ela fugiu com ele. Ogum lançou-se a
sua perseguição, encontrou os fugitivos e brandiu sua vara
mágica. Oiá fez o mesmo e eles se tocaram ao mesmo
tempo. E, assim Ogum foi dividido em sete partes e Oiá
em nove, recebendo ele o nome de Ògún Mejé e ela o de
108
Iansã, cuja origem vem de Iyámésàn – ‘a mãe
(transformada em) nove’.
Ogum na Umbanda
São Jorge / Ogum na Umbanda

Na Umbanda,
Ogum é um dos
orixás mais
importantes e
responde por toda
uma Linha de
espíritos. Seus
caboclos são
invocados por
aqueles que
necessitam de
ajuda mística em
alguma disputa ou
demanda judicial.
É o guerreiro,
general destemido
e estrategista,
desbravador e
protetor dos
desamparados,
além de ser o
ferreiro dos orixás,
senhor das armas e
dono das estradas.
Irreverente e
valente, traz na espada tudo o que busca. As cores de suas
109
guias variam conforme a região e influências do
candomblé ou do batuque. Na Bahia azul-marinho ou
verde, no Rio Grande do Sul, são verde, vermelho, branco
(e em alguns terreiros estas associadas ao preto sendo que
no caso de Ogum Beira-mar, verde, vermelha, branca e
azul claro). A grande parte dos umbandistas de vários
estados brasileiros, inclusive dos citados acima, utiliza a
cor vermelha para guias e velas dedicadas a este orixá.
Sua bebida energética é a cerveja branca.

1ª. LINHA: OGUM

Como já vimos, Ogum domina a primeira Linha de


Umbanda, que controla todos os fatos de execução e
cobrança do carma de cada indivíduo ou grupo, daí serem
soldados.

1. Falange de Ogum Beira-Mar

Colaboradores de Iemanjá, Ogum Beira-Mar trabalha


sobre a areia molhada, enquanto Ogum Sete-Ondas
trabalha sobre as ondas.

Aceitam oferendas com velas nas cores branca, verde,


vermelha e azul-clara.
110

2. Falange de Ogum Rompe-Mato

Ogum Rompe-Mato trabalha para Oxóssi (Ode) e Ossãe,


nas matas.

Ogum das Pedreiras trabalha para Xangô, nas pedreiras.


Em ambos os casos, é a mesma falange que trabalha para
os dois Orixás, com nomes diferentes. Rompe-Mato aceita
suas oferendas na entrada da mata, nas cores verde,
vermelha e branca, sendo a vela vermelha. Ogum das
Pedreiras aceita suas oferendas em torno das pedreiras,
nas cores verde e vermelha (misturadas geram o marrom),
com velas nas mesmas cores.

3. Falange de Ogum Megê

É colaborador de Iansã; seu nome significa “Sete”. É o


guardião dos cemitérios, rondando suas calçadas, lidando
diretamente com a Linha das Almas. Toda sua oferenda
será em vermelho e branco, próxima ao cruzeiro do
cemitério (calunga pequena).

4. Falange de Ogum Naruê


111
Seu nome significa “Aquele que é o primeiro a gerar
valor”.

Trabalhando diretamente na Linha das Almas,


desmanchando a magia negra, controla as almas
quibandeiras. Aceita suas oferendas com Ogum Megê ou,
ainda, dentro ou fora dos cemitérios, nas cores branca e
vermelha. Alguns incluem uma pedra-ímã nos itens a
oferecer-lhe.

5. Falange de Ogum Matinata

Com poucos médiuns que o incorporam, sua falange


protege os campos de Oxalá, os locais abertos, floridos e
iluminados. Mas não trabalha diretamente para esse Orixá.
Aceita suas oferendas nos campos floridos, nas cores
vermelha e branca.

6. Falange de Ogum Iara

Seu nome significa “Senhor”, trabalhando para Oxum.


Suas oferendas deverão ser entregues na beira de rios,
lagos ou cachoeiras, onde vibram, nas cores vermelha e
branca ou verde e branca.
112
7. Falange de Ogum Delê (ou de Lei)

“Aquele que Toca o Solo”; como seu nome significa, é


uma falange que vibra na linha pura de Ogum. São eles
que trabalham diretamente no carma e sua cobrança,
rondando o mundo. Suas cores são vermelha e branca e
suas oferendas podem ser em qualquer lugar, ao ar livre.

Oferendas: todas as falanges citadas recebem velas nas


cores indicadas, cravos vermelhos (alguns aceitam cravo
branco também), cerveja branca, ou, menos comum,
vinhos, charutos e fósforos, sobre um pano branco.

Ervas: as mais comuns são espada-de-são-jorge, losna,


jurubeba, comigo-ninguém-pode, romã.

Linha dos pretos velhos

Eles representam a
força, a resignação, a
sabedoria, o amor e a
caridade. São um ponto
de referência para todos
aqueles que necessitam:
curam, ensinam,
educam pessoas e
espíritos sem luz.

Eles representam a
humildade, não têm raiva ou ódio pelas humilhações,
113
atrocidades e torturas a que foram submetidos no passado.

Com seus cachimbos, fala pousada, tranqüilidade nos


gestos, eles escutam e ajudam àqueles que necessitam,
independentes de sua cor, idade, sexo e de religião.

Não se pode dizer que em sua totalidade que esses


espíritos são diretamente os mesmos pretos-velhos da
escravidão. Pois, no processo cíclico da reencarnação
passaram por muitas vidas anteriores foram: negros
escravos, filósofos, médicos, ricos, pobres, iluminados, e
outros. Mas, para ajudar aqueles que necessitam
escolheram ou foram escolhidos para voltar a terra em
forma incorporada de preto-velho. Outros, nem pretos-
velhos foram, mas escolheram como missão voltar nessa
pseudo forma.

Este comentário pode deixar algumas pessoas, do culto e


fora dele, meio confusas: "então o preto-velho não é preto-
velho, ou é, ou o que acontece???".

O espírito que evoluiu tem a capacidade de se por como


qualquer forma passada, pois ele é energia viva e
conduzente de luz, a forma é apenas uma conseqüência do
que eles tenham que fazer na terra. Esses espíritos podem
se apresentar, por exemplo, em lugares como um médico e
em outros como um preto-velho ou até mesmo um caboclo
ou exu. Tudo isso vai de acordo com o seu trabalho, sua
missão. Não é uma forma de enganar ou má fé com
relação àqueles que acreditam, muito pelo contrário,
quando se conversa sinceramente, eles mesmos nos dizem
114
quem são, caso tenham autorização.

Por isso, se você for falar com um preto-velho, tenha


humildade e saiba escutar, não queira milagres ou que ele
resolva seus problemas, como em um passe de mágica,
entenda que qualquer solução tem o princípio dentro de
você mesmo, tenha fé, acredite em você, tenha amor a
Deus e a você mesmo.

Para muitos os pretos-velhos são conselheiros mostrando a


vida e seus caminhos; para outros, são psicólogos, amigos,
confidentes, mentores espirituais; para outros, são os
exorcistas que lutam com suas mirongas, banhos de ervas,
pontos de fogo, pontos riscados e outros, apoiados pelos
exus de lei (exus de luz) desfazendo trabalhos e contra as
forças negativas (o mal), espíritos obsessores e contra os
exus pagãos (sem luz que trabalham na corrente negativa
que levam os homens ao lado negativo e a destruição).
LINHA: YORIMÁ

Seu nome significa a lei na aplicação da vitalidade saindo


da luz. É a linha do aprendizado a duros custos, da
compreensão das aflições, valorizando as lições da vida. É
a prática da caridade teórica, da humildade adquirida sob
as mais cruéis provações. São aqueles que ensinam que,
mesmo mergulhados no erro, ainda há esperanças. São os
Pretos-Velhos.
115
1. Falange do Povo da Costa (Rei Cambinda)

Cruzam-se com Iemanjá e ensinam que, através da


resignação das provas, haverá o resgate das dívidas do
passado. Consolam e auxiliam os sofredores, com muito
amor. Suas oferendas são entregues nas praias.

2. Falange do Povo de Congo (Rei Congo)

Com Yori conseguem a energia pura e infantil dessa


falange que, transformada, vence a dor e traz a alegria.
Junto a sua oferenda vai uma vela rosa oferecida às
crianças.

3. Falange do Povo de Angola (Pai Joaquim)

Libertam os escravos de hoje, presos aos vícios, maldades


e erros, despertando-os para a vida, por meio de
esclarecimentos ou ritos. Vibram nas matas e sua vela será
roxa, a cor mística por excelência.

4. Falange do Povo da Guiné (Pai Guiné)

Possuem o conhecimento das calungas (grande, o mar;


pequena, o cemitério), profundos conhecedores da magia e
116
da sabedoria para a cura de todos os males. Recebem suas
oferendas no cruzeiro do cemitério ou na beira do mar.

5. Falange do Povo de Moçambique (Pai Jerônimo)

Trabalham na lei do livre-arbítrio (ou da livre escolha),


com fins de inspirar a libertação do indivíduo durante sua
vida terrena. Vibram na mata, sobre pedras em especial,
ou nos lugares abertos nesse local, próprios ao repouso e à
oração.

6. Falange do Povo de Luanda (Pai José)

Combatem demandas, fazem cumprir rigorosamente os


rituais e trabalham muito na caridade, sendo exigentes,
mas muito bondosos. Recebem suas oferendas no cruzeiro
de cemitério.

7. Falange de Bengala (Pai Tomé)

Por terem sofrido muito na Terra, compreendem as


misérias humanas, trabalham na busca da paz, da
fraternidade e estimulam a caridade. Vibram nas colinas
abertas e floridas.
117
Oferendas: cada Preto-Velho tem sua oferenda e gostos.
Mas todos recebem cigarros de palha, café, velas brancas
e pretas (alguns, roxas), doces tradicionais tipo pés-de-
moleque, rapaduras, sagu, farofa com lingüiça picada e
comidas típicas do interior e da época em que viveram.

Ervas: arruda, guiné, benjoim, cipreste, folhas de café,


alfavaca e vassourinha branca.

Linha dos Ibejis( Cosme e Damião)

Quando falamos na
linha das crianças,
estamos falando de
uma das linhas mais
próximas do Divino
Incriado.

Muitas entidades que


atuam sob as vestes
de um espírito
infantil, são muito
amigas e têm mais
poder do que
imaginamos. Mas
como não são
levadas muito a
sério, o seu poder de
ação fica oculto, são conselheiros e curadores, por isso
foram associadas à Cosme e Damião, curadores que
trabalhavam com a magia dos elementos.
118
Não gostam de desmanchar demandas, nem de fazer
desobsessão. Preferem as consultas, e em seu decorrer vão
trabalhando com seu elemento de ação sobre o consulente,
modificando e equilibrando sua vibração, regenerando os
pontos de entrada de energia do corpo humano.

Esses seres, mesmo sendo puros, não são tolos, pois


identificam muito rapidamente nossos erros e falhas
humanas. E não se calam quando em consulta, pois nos
alertam sobre eles.

Eles manipulam as energias elementais e são portadores


naturais de poderes só encontrados nos próprios Orixás
que os regem.
Sua regência Praças, e tudo que lembre crianças

Yori quer dizer “Vitalidade saindo da luz”. É formada


pelas entidades que, por opção, quiseram manter a forma
infantil, algumas já em preparo para uma reencarnação
próxima. Onde for necessária uma vibração dirigida à
alegria, à fraternidade e à comunhão, lá estará a Linha de
Yori que, por essa bela qualidade, domina as energias mais
sublimes do plano espiritual.

Uma criança brincando, em um trabalho, não é uma


atividade infrutífera, como pensam alguns. É uma
entidade que sabe perfeitamente o que está fazendo, com o
objetivo de descarrego de tudo o que está em volta.
119

1. Falange de Tupanzinho (Idolu ou Idossu)

São entidades que vibram na Linha de Oxóssi, protegendo


os lenhadores e animais. Gostam, nas oferendas, de
apetrechos indígenas bem enfeitados, fitas verdes e vela
rosa.

2. Falange de Doum

São entidades que nasceram no período do cativeiro como


Doum, eram filhos de mãe indígena e pai africano.
Auxiliam os tratamentos médicos, protegendo os
profissionais da saúde e os enfermos, proporcionando
mais integração entre ambos. Cruzam-se com a Linha de
Yorimá (dos Pretos-Velhos) e aceitam suas oferendas em
jardins e praças.

3. Falange de Alabá

Cruzam-se com Ogum, Oxumarê e Iemanjá. Da vibração


dos três Orixás, recebem condição de trabalhar com os
militares, dando coragem e piedade aos que usam farda.
Suas oferendas são

próximas a cachoeiras, pois as cores do arco-íris atraem


muito essa falange.

120

4. Falange de Dansu

Espalham-se nos dias de tormenta, com fins de proteger


adultos e crianças nesses dias, trabalhando também para
Xangô. Gostam de fitas marrons e até seixos rolados em
suas bandejas, entregues nas pedras de cachoeiras.

5. Falange de Sansu

Legião de entidades que se apresentam como meninas,


distribuidoras de ternura, vinda de Deus. Trabalham
cruzadas com Iemanjá. Devem ser entregues a elas:
conchinhas e estrelas-do-mar, na beira da praia, junto com
os outros itens da oferenda.

6. Falange de Damião

Cruzam-se com Cosme e Doum, cuidando das crianças do


espaço, ou seja, das entidades recém-desencarnadas ainda
crianças, de grande poder de cura. Vibram, de preferência,
nas praias e jardins, seu lugar para a entrega de oferendas.
7. Falange de Cosme
121
São eles que detêm a responsabilidade da guarda das
crianças recém-desencarnadas na Linha de Oxalá. Com o
qual cruzam.

Alimentam-nas com fluidos delicados, chamados de


“mel”, ou, talvez, os fluidos extraídos desse alimento.

Oferendas: Apesar de diferentes, as falanges de Yori


incluem, em suas oferendas, muito mel, doces em geral,
balas, pirulitos, brinquedos, fitas na cor rosa e nas cores
com os quais cada falange se cruza, velas na cor rosa,
guaranás, flores brancas e gostam muito de bicos
(chupetas) azuis ou rosas, de acordo com a falange ou
entidade reverenciada (se meninas ou meninas, ou ambos).

Ervas: folhas de manjericão, amoreira, alfazema, alecrim,


trevo.

Linha das águas

A linha das
águas tem
como patrona
Yemanjá, que
simboliza á
mãe, essa
linha tem
como
entidades
caboclos,
122
marinheiros, Exus, sereias etc. As entidades que trabalham
na linhas das águas gostam de trabalhar nas mediações
que tenham água salgada e doce, como cachoeiras, rios,
mar, riachos.
Qual é o porquê disto?

Por que a água tem o poder de absorver, acumular ou


descarregar qualquer vibração, seja benéfica ou maléfica.
Nunca se deve encher de água, o copo até a boca, porque
ela crepitará. Ao rezar-se uma pessoa com um copo de
água, todo o malefício, toda a vibração negativa dela
passará para a água do copo, tornando-a embaciada; caso
não haja mal algum, a água ficará fluidificada. Nunca se
deve acender vela para o Anjo da Guarda, para cruzar o
terreiro, para jogar búzios, enfim, sem ter um copo de
água do lado. A água que se apanha na cachoeira, é água
batida nas pedras, nas quais vibra, crepita e livra-se de
todas as impurezas, assim como a água do mar, batida
contra as rochas e as areias da praia, também acontece o
mesmo, por isso nunca se apanha água do mar quando o
mesmo está sem ondas.

A água da chuva, quando cai é benéfica, pura, porém,


depois de cair no chão, torna-se pesada, pois atrai à si as
vibrações negativas do local.

Por esse motivo nunca se deve pisar em bueiros das ruas,


porque as águas da chuva, passando pelos trabalhos nas
encruzilhadas, carregam para os bueiros toda a carga e a
vibração dos trabalhos; convém notar que os bueiros mais
próximos da encruzilhada são os mais pesados, porém não
123
isenta de carga, embora menos intensa, os demais bueiros
da rua.
As cachoeiras tem grande poder de limpar, purificar á
alma, os caminhos, mais porque a linha das águas tem
tanta entidades? Para ter vida precisamos de água, e além
disso ela esta em todo lugar e passa por diversos lugares
como mata, pedreiras, pântanos, cruzam ruas, desertos e
assim por diante, e por esse motivo existem várias
entidades nessa linha.
A linha da água, nas giras de Umbanda, geralmente se
manifesta para purificar e energizar os filhos de santo,
nem como a assistência. Sua manifestação é rápida. Não
falam, e em suas danças sempre se movimentam com
gestos que representam seus domínios.

A incorporação de Yemanjá, é bastante serena, e sempre


movimentam os braços lentamente como se estivessem
abrindo caminho entre as ondas do mar. Ao contrário de
Iansã, que como uma grande ventania é agitada e sempre
movimenta os braços para cima, expulsando os eguns.

A linha d'água ainda traz Oxum e Nanã. Oxum das


cachoeiras e lagos, e Nanã Boruquê das águas lodosas e
barrentas. A linha d'água representa o ciclo da renovação.

Essas entidades, como as águas, levam as energias


negativas, e nos devolvem fôlego renovado e purificado.
Por isso, quando fizer alguma oferenda no mar, lembre-se:
O mar leva, mas também trás, portanto se quiser receber
flores, antes de mandá-las ao mar, tire os espinhos.
124

Nessa falange, na Umbanda, trabalham todas as Iabás


(Senhoras dos Rios), agrupadas com os nomes de janaínas,
caboclas ou sereias. Sua missão é trabalhar diretamente
com a força emotiva por meio dos sentimentos de
maternidade, misericórdia e amor.

1. Falange da Sereia do Mar

Entidades que assumem formas encantadas, residindo em


todo o elemento água. Possuem total domínio sobre as
energias desse meio. Aceitam as tradicionais oferendas a
Iemanjá, entregues para serem levadas ao fundo dos
mares, lagos ou rios.

2. Falange da Cabocla Iara

Dominam a força nascida do encontro das águas doces e


salgadas, muito ligadas ao Orixá Ogum. É também o
nome das entidades chefes da falange conhecidas como
Caboclas do Rio. São alegres e juvenis. Sua vela será azul
clara e uma verde, vermelha e branca, para Ogum.

3. Falange da Cabocla Nana


125
A Cabocla Nana Burucum é chefe da falange das Ondinas.
Suas entidades trabalham na beira das fontes e trazem uma
vibração capaz de proporcionar paz e compreensão nos
lares.

Protegem as atividades ligadas ao ensino, como o


magistério. Sua vela será clara e lilás, ao Orixá Nana.

4. Falange da Cabocla Iansã

A Cabocla Iansã representa o Orixá com o mesmo nome,


junto à Iemanjá. Trabalha sob os fortes temporais e
chuvas, forças essas capazes de proporcionar grande
resistência nas dificuldades da vida. Aceitam velas azuis-
claras e vermelha e branca ao Orixá Iansã. Podendo ser
entregues junto às oferendas de Xangô nos bambuzais ou
na beira de cachoeiras, longe da queda d’água.

5. Falange da Cabocla Oxum

As energias do amor puro e da luz que irradia sobre as


cachoeiras são a matéria-prima para suas atividades,
ligadas à Iemanjá. Através de sua falange, os fluidos
benfeitores são trazidos através das “águas espirituais”, ou
seja, o prana ou fluido cósmico universal. Sua vela será
azul-clara e amarela, dedicada ao Orixá Oxum.

126

6. Falange da Cabocla Indaiá

Sua falange é das Caboclas do Mar, ligadas a Yori, ou seja,


a Falange de Cosme e Damião. Absorvem energias de
vários elementos e transmutam na energia alegre e
vibrante das crianças. Suas velas serão azuis-claras e
rosas.

7. Falange da Cabocla ou Sereia Janaína

Estão sob sua guarda a força do amor conjugal e da


procriação.

Ligam-se muito ao Orixá Oxalá. Suas velas serão azuis


claras e brancas.

Oferendas: basicamente, todas as falanges de Iemanjá


aceitam sobre pano branco e azul-claro, fitas azuis,
espelhos, pentes, perfumes de seiva de alfazema ou seiva
de rosas, flores brancas ou azuis, rosas, lírios, mel,
guaranás ou bebidas doces e delicadas. A Falange da
Cabocla Iansã recebe cerveja preta como bebida. Observa-
se que as cores das velas e algumas observações

variam da bibliografia, com fins de uniformizar com as


cores utilizadas na Umbanda, e não no Candomblé.
Ervas: lágrimas-de-nossa-senhora, camomila, espada-de-
127
iansã, folhas de bambu e qualquer planta aquática.

Linha de Xangô

Xangô, em seu
aspecto de orixá, é
filho de Oraniã, tem
Iamassé (Iyá Masé)
como mãe e é
marido de Oiá,
Oxum e Obá. Viril e
potente, violento e
justiceiro, castiga os
mentirosos, os
ladrões e os
malfeitores. Por este
motivo, a morte pelo
raio, arma de Xangô,
é considerada
infamante e uma casa atingida por um raio é uma casa
marcada pela cólera de Xangô. O proprietário deve pagar
pesadas multas ao sacerdotes do Orixá que vêm procurar,
nos escombros, os ẹdùn àrá (pedras de raio) lançados por
Xangô e profundamente enterradas no local onde o solo
foi atingido. Essas "pedras de raio", na realidade
machados neolíticos, são postas sobre um pilão de
madeira esculpido, o odó, consagrado a Xangô. Tais
128
pedras são consideradas emanações de Xangô e contém o
seu axé - o seu poder. O sangue dos animais sacrificados é
derramado, em parte, sobre suas pedras de raio para
manter-lhe a força e a potência.

O carneiro, cuja chifrada tem a rapidez do raio, é o animal


cujo o sacrifício mais lhe convêm. Fazem-lhe, também,
oferecimentos de amalá, iguaria preparada com farinha de
inhame regada com um molho feito com quiabos. É no
entanto, formalmente proibido oferecer-lhe feijões brancos
da espécie Sesé. Todas as pessoas que lhe são consagradas
estão sujeita à mesma proibição. O emblema de Xangô é
um machado de duas lâminas estilizado, o oxé, que os
seus iniciados trazem na mão, quando em transe.
Xangô na Umbanda
São Jerônimo, sincretizado como Xangô na Umbanda

Na Umbanda, as cores de Xangô são o marrom e amarelo-


ouro. Ele bebe cerveja preta e tem sua morada e o seu altar
na rocha, de preferência onde haja também uma cachoeira.
Seu axé está concentrado nas formações de rochas
cristalinas, nos terrenos rochosos à flor da terra, nas
pedreiras, nos maciços. Suas pedras são inteiras, duras de
se quebrar, fixas e inabaláveis, como o próprio Orixá.

É o Orixá da justiça, da retidão, do equilíbrio e


determinação, que abomina os mentirosos, os ladrões e os
bandidos. Recorrem a ajuda de Xangô os injustiçados e os
aflitos, tanto fisicamente como espiritualmente. Suas
decisões são sempre consideradas sábias, ponderadas,
hábeis e corretas. Ele é o Orixá que decide sobre o bem e
129
o mal. Ele é o Orixá do raio e do trovão.

Xangô tem a fama de agir sempre com neutralidade. Seu


raio e eventual castigo são o resultado de um quase
processo judicial, onde todos os prós e os contras foram
pensados e pesados exaustivamente. Uma casa atingida
por um raio é sinal de descontentamento de Xangô com
algum de seus moradores, que deve fazer oferendas para
acalmá-lo.

É sincretizado com São Jerônimo, devido às


representações do santo nas quais aparece com um leão
aos pés, símbolo de realeza para os africanos

1. Falange de Xangô Caô

Dominam a sabedoria adquirida com o tempo, atuando nas


pedreiras abertas. Sua cor é o marrom-escuro. É conhecido
também como Xangô Velho.

2. Falange de Xangô Alafim (ou Alafim-Echê)

Seu nome vem do título dado ao rei de Oyó, na África.


Defendem a pureza moral, atuando nas pedras solitárias
dos caminhos. Suas cores são marrom e branca.
130
3. Falange de Xangô Alufã

O Xangô “Sacerdote”, determina as diretrizes dos


desencarnados, atuando nas pedras dos rios, mares,
cachoeiras e todas as águas, daí ser o protetor dos
pescadores. Suas velas são o marrom e o branco.

4. Falange de Xangô Agodô

Seu nome significa “Grandeza”, atuando nas pedras


mergulhadas nas águas de toda a espécie, inclusive
nas “pedras iniciáticas e na pedra batismal”.

5. Falange de Xangô Abomi (ou Abomim)

“Aquele que derrama água de uma vasilha” ou


“Aquele que Batiza”, muitas vezes é sincretizado
com São João Batista, talvez devido ao seu nome.
Trabalha nas montanhas, nas cordilheiras,
protegendo nos momentos de angústia, nas horas de
aflições e perdas, inclusive no casamento. Sua cor é
o marrom e, nos casos de amor, oferece-se junto
uma vela para Iemanjá.
6. Falange de Xangô Aganjú

131É um Xangô jovem, vibrando nas linhas de


Xangô e Oxum, trabalhando nas pedras da
cachoeira. Traz harmonia entre as forças de amor e
justiça. Suas cores são o branco e o marrom.

7. Falange de Xangô Djacutá

Seu nome significa “pedra”, dominando a força de


Xangô no meteorito e nos raios, sendo muito
invocado nas injustiças que conduzem a aflições,
defendendo as vítimas desses abusos.

Suas cores são o branco e o marrom.

Oferendas: Além das já citadas anteriormente,


dedicadas ao Orixá, basicamente consistem de
velas, nas cores indicadas, charutos, fósforos,
cerveja preta, rosas ou lírios brancos.

Ervas: folhas de eucalipto, manga, goiaba, camaná,


alecrim e limão.

Linha de Caboclo
132
Dia: Quinta-feira
Metal: Da vibração originária.*
Cor:Verde, vermelha e branca.
Partes do corpo: Não tem área específica.
Comida: milho e amendoim cozidos e passados no mel,
servido com folhas pequenas de saião, que servem como
"colher" e que também devem ser ingeridas.
Pedra: Quartzo verde.
Folhas: Cipó Cabeludo, Cipó Caboclo, Eucalipto, Guiné
Caboclo, Guiné Pipi, Samambaia.
Domínios: Vigor, pujança, energia.

Os caboclos, são muito conhecidos na Umbanda, pelos


seus passes aliviadores e relaxantes, pela sua inteligência
quanto a doenças, e por muitas outras coisas.
Todo caboclo tem uma vibração originária de orixá
masculino e toda cabocla tem uma vibração originária de
Orixá feminino*, mas como falange, eles(as) podem
penetrar em todas as vibrações de Orixás e do Oriente.
Para explicar melhor, citaremos o exemplo da Cabocla
Jurema: toda cabocla Jurema tem vibração originária de
Iansã, mas poderemos encontrar a mesma entidade
trabalhando em outras vibrações como Jurema da Praia, na
vibração de Iemanjá; Jurema da Cachoeira, na vibração de
Oxum; Jurema da Mata, na vibração de Oxossi, e assim
sucessivamente. É a mesma entidade, com vibração
originária de Iansã, penetrando em outras vibrações de
Orixás.
Segue-se a relação dos caboclos e caboclas mais
conhecidos na Umbanda, com sua respectiva vibração
originária.
133
CABOCLOS DE OGUM

Águia Branca, Águia Dourada, Águia Solitária, Araribóia,


Beira-Mar, Caboclo da Mata, Caiçaras, Guaracy, Icaraí,
Ipojucan, Itapoã, Jaguarê, Rompe Aço, Rompe Ferro,
Rompe Mato, Rompe Nuvem, Sete Matas, Sete Ondas,
Tabajara, Tamoio, Tupuruplata, Ubirajara, etc.

CABOCLOS DE XANGÔ

Araúna, Caboclo do Sol, Cajá, Caramuru, Cobra Coral,


Girassol, Goitacaz, Guará, Guaraná, Janguar, Juparã,
Mirim, Sete Cachoeiras, Sete Caminhos, Sete Estrelas,
Sete Luas, Sete Montanhas, Tupi, Treme Terra, Sultão das
Matas, Cachoeirinha, Urubatão, Urubatão da Guia,
Ubiratan, etc.

CABOCLOS DE OXOSSI
Arruda, Aimoré, Arapuí, Boiadeiro, Caboclo da Lua,
Caçador, Flecheiro, Folha Verde, Guarani, Japiassú,
Javarí, Paraguassu, Mata Virgem, Pena Azul, Pena Branca,
Pena Verde, Pena Dourada, Rei da Mata, Rompe Folha,
Sete Flechas, Serra Azul, Tupinambá, Tupaíba, Tupiara,
Ubá, Sete Encruzilhadas, Junco Verde, Tapuia, etc.

CABOCLOS DE OMOLU

Arranca Toco, Acuré, Aimbiré, Bugre, Guiné, Giramundo,


Yucatan, Jupurí, Uiratan, Alho d'Água, Pedra Branca,
Pedra Preta, Laçador, Caboclo Roxo, Grajaúna, Bacuí,
134
Piraí, Surí, Serra Verde, Serra Negra, Tira Teima, Folha
Seca, Sete Águias, Tibiriçá, Viramundo, Ventania, etc.

CABOCLAS DE IANSÃ

Bartira, Jussara, Jurema, Japotira, Maíra, Ivotice,


Valquíria, Raio de Luz, Palina, Poti, Talina, Potira, etc.

CABOCLAS DE IEMANJÁ

Diloé, Cabocla da Praia, Estrela d'Alva, Guaraciaba,


Janaína, Jandira, Jaci, Sete Ondas, Sol Nascente, etc.

CABOCLAS DE NANÃ

Assucena, Inaíra, Juçanã, Janira, Juraci, Luana,


Muiraquitan, Sumarajé, Xista, Paraguassú, etc.
CABOCLAS DE OXUM

Iracema, Yara, Imaiá, Jaceguaia, Juruema, Juruena,


Araguaia, Estrela da Manhã, Tunuê, Mirini, etc.

Linha do Oriente

A Linha do Oriente é dividida em 07 falanges e composta


em sua maioria por entidades de origem oriental é nessa
linha que se encontram as falanges dos hindus, árabes,
japoneses, chineses, mongóis, egípcios romanos, etc.
Compõem-se estas falanges de espíritos que tiveram
135
encarnação nesses povos e que através do ensino das
ciências ocultas, praticam a caridade pregada na
Umbanda..

Esta Linha procurou abrigar as mais diversas entidades,


que a princípio não se encaixavam na matriz formadora do
brasileiro (índio, português e africano). Podendo, a Linha
do Oriente vir representada por entidades da linha de
caboclo ou pretos-velhos.

As entidades que compõem esta linha são discretas,


falando pouco, com linguajar perfeito e bastante correto,
sendo que não gostam de dar consultas, e se precisam
passar algum ensinamento ao consulente, o fazem através
de frases curtas e cheias de significados. Os mais altos
conhecimentos esotéricos da antiguidade são conhecidos,
no plano astral, pelas entidades que se manifestam nessa
Linha, já que nela estão representados grandes mestres do
ocultismo (Esoterismo - Cartomancia - Quiromancia -
Astrologia - Numerologia - Grafologia - etc.).

Atuando com a arte da cura, as entidades da Linha do


Oriente buscam fazer o encarnado compreender bem as
causas de suas enfermidades e a necessidade de mudança
nessas causas, bem como a necessidade de seguirem à
risca os tratamentos indicados. São entidades que vêm
com a missão de humanizar corações endurecidos e
fecundar a fé, os valores espirituais, morais e éticos no
mental humano.

A Linha do Oriente é regida por Oxalá, e por Pai Xangô,


136
fogo e calor divino, sendo que as entidades dessa Linha
atuam nas irradiações dos diversos orixás, conforme as
demais falanges da Umbanda.

É chefiada por São João Batista, que tem o comando dos


povos do oriente, onde se manifestam espíritos de
profetas, apóstolos, iniciados, cabalistas, anacoretas,
ascetas, pastores, santos, instrutores e peregrinos.

A Linha do Oriente, que é chefiada por São João Batista, é


constituída pelas seguintes Legiões:

1. Legião dos Hindus - Chefiada por Zartú

2. Legião de Médicos e Cientistas - Chefiada por José de


Arimatéia
3. Legião de Árabes e Marroquinos - Chefiada por
Jimbaruê

4. Legião de Japoneses, Chineses - Chefiada por Ori do


Oriente

137
5. Legião dos Egipcianos, Astecas, Mongóis e Esquimós,
Incas e outras raças antigas - Chefiadas por Inhoarairi,
Imperador Inca antes de Cristo

6. Legião dos Índios Caraíbas - Chefiadas por Itaraiaci

7. Legião dos Gauleses, Romanos e outras raças européias


- Chefiada por Marcus I - Imperador Romano.

Os marinheiros na Umbanda
Marinheiro na Umbanda
são entidades geralmente
associadas aos marujos,
que em vida
empreendiam viagens
pelos mares, enfrentando
toda sorte de infortúnios.

Ótimos guias para


desmanche de feitiçaria,
os marinheiros trazem
com seu jeito alegre a
dispersão de fluidos oriundos do baixo astral, bebericando
sua cerveja, rum ou cachaça. Apesar de seu modo
cambaleante, estão mantendo o equilíbrio encimando
ondas vibratórias densas que emanam de entidades
138
maléficas, tratando todos os guias e consulentes de mano,
são entidades irmanadas no auxilio mútuo ao próximo
Destacam-se
Martim pescador
Sete Ondas
Zé da praia

Baianos na Umbanda
Baianos são
uma linha de
trabalhadores de
Umbanda
pertencentes à
chamada Linha
das Almas, a
mesma dos
Pretos-Velhos /
Pretas-Velhas.
Suas giras são
encontradas
sobretudo em
São Paulo. A
correspondência
no Rio de
Janeiro é com a
linha dos
Malandros, cujo
maior
representante é
Zé Pelintra. Outras linhas trabalham na gira dos baianos
139
como por exemplo: Boiadeiros, Marinheiros e em alguns
terreiros os Mineiros. Hoje essa linha e bem respeitada,
mais ainda existe muitos mistérios nela, alguns baianos se
dizem que são da Bahia, e muitos deles eram ex-escravos
e com isso filhos de santo ou Babas, são entidades que
possuem muita sabedoria e são grandes feiticeiros,
conhecem a fundo os segredos dos Orixás e como cultuar
os mesmos. O temperamento dos baianos na maioria das
vezes e explosivos e falam alto, e com isso os consulentes
tem receios de consultar esses mestres do segredo

Sempre com seu coco (mistura de cachaça e mel colocada


dentro de um coco), a linha de baiana está sempre disposta
a ajudar os filhos de fé com seus conselhos e sua proteção.
Esta linha trabalha tanto na Umbanda quanto na
Quimbanda, geralmente não descendo nos trabalhos de
esquerda (exceto Zé Pelintra), mas tendo a sua permissão
para atuar na Quimbanda no plano espiritual.
Os Baianos sofreram muito com o preconceito de
alguns Babas, mais com muita paciência e amor
eles ganharam á admiração e confiança dos
consulentes, e por fim a confiança dos líderes
religiosos.
Alguns conhecidos:
* José Baiano
* Zé Baiano
* Zé do Coco
* Zé Tenório
* Amigo do Vitorino
• * Baiano sete facão

140

Mito de Obaluaê(Omulu,Xapanã)
Obaluaiê,
Obaluaê,
Abaluaiê
(de
Ọbalúayé,
"rei dono da
terra", em
iorubá),
Omolu
(Ọmọlu,
"filho do
senhor",
idem) e
Xapanã
(Ṣànpònná)
são os
nomes
dados ao
orixá da
varíola e das
doenças
contagiosas,
tanto para enviá-las quanto para curá-las. Ora são
considerados nomes diferentes do mesmo orixá, ora se
142
reconhece pelo menos dois: Obaluaiê, mais velho,
sincretizado na Bahia com São Roque e Omolu, jovem,
sincretizado com São Lázaro.

Seu culto, assim como o de Nanã Burucu, parece fazer


parte de sistemas religiosos anteriores a Odudua. Não
constam da lista dos companheiros de Odudua ao chegar
em Ifé, mas algumas lendas de Ifá dizem que Obaluaiê já
estava instalado em Òkè Itaṣe antes da chegada de
Orunmilá, que pertence ao grupo. A antiguidade desses
cultos é também sugerida por um detalhe dos sacrifícios
que lhe são feitos, realizados sem o emprego de
instrumentos de ferro, o que sugere que ambos fazem
parte de uma cultura anterior à Idade do Ferro e à chegada
de Ogum. Diz-se que é filho de Nanã Burucu e originário,
como ela e Oxumaré, do país Mahi. No Brasil, os pejis
(altares, assentamentos) dessas três divindades são
reunidos numa mesma cabana, separada das dos outros
orixás.

Segundo Frobenius, haveria dois Xapanãs: um de origem


tapá, que ele chama de Ṣànpònná-Airo e o outro,que teria
ido a Oyó, vindo do Daomé, que chama de Ṣànpònná-
Boku, aproximando-o de Nanã Burucu. Existe muita
confusão a respeito de Ṣànpònná, Ọbalúayé, Ọmọlu e
Mọlu, que se misturam em alguns lugares e em outros são
orixás distintos, e também com Nanã Burucu, igualmente
confundida com eles. Segundo Pierre Verger, é possível
tanto que se trate de:

* - ou um sincretismo entre duas divindades, uma do leste,


143
Ṣànpònná-Ọbalúayé (Nàná-Buruku), e outra do oeste,
Ọmọlu-Mọlu (Nàná-Brukung), que se juntaram e tomaram
um caráter único em Kêto;
* - ou então, tratar-se-ia de uma divindade única, trazida
por migrações leste-oeste, como as dos Ga, que foram de
Benim para a região de Acra, durante o reino de
Udagbede, no fim do século XII e levada depois para seu
lugar de origem, com um novo nome que, no início, era
apenas um epíteto.

Seus iaôs dançam inteiramente revestidos de palha da


costa. A cabeça é coberta por um capuz da mesma palha,
cujas franjas recobrem o rosto. Em conjunto, parecem
pequenos montes de palha, em cuja parte inferior
aparecem pernas cobertas por calças de renda e, na altura
da cintura, mãos brandindo um xaxará, espécie de
vassoura feita de nervuras de folhas de palmeira, decorada
com búzios, contas e pequenas cabaças que se supõe
conter remédios. Dançam curvados para a frente, como
que atormentados por dores, e imitam o sofrimento, as
coceiras e os tremores de febre. A orquestra toca para
Obaluaiê um ritmo pesado, lento triste e quebrado por
pausas, chamado opanijé, o que significa em iorubá "ele
mata qualquer um e o come".

No Brasil como em Cuba (onde é chamado Babalú Ayé),


considera-se perigoso pronunciar o nome de Xapanã,
chamado Obaluaiê ou Omolu por prudência. É
sincretizado com São Lázaro e São Roque na Bahia e em
Cuba, e com São Sebastião no Recife e Rio de Janeiro. As
pessoas que lhe são consagradas usam dois tipos de
144
colares: o lagidiba, feito de pequenos discos negros
enfiados, ou o colar de contas marrons com listas pretas.
Quando o orixá se manifesta sobre um de seus iniciados, é
acolhido pelo grito "Atotô!" ("respeito e submissão!"). A
festa anual de oferendas chama-se "Olubajé" e em seu
decorrer lhe são apresentados pratos de aberém (milho
cozido enrolado em folhas de bananeira), carne de bode,
galos e pipocas. As segundas-feiras lhe são consagradas.
Nesse dia, o chão do adro da Igreja de São Lázaro, na
Bahia, é coberto de pipocas que as pessoas passam no
corpo para se preservar de doenças contagiosas. As
proibições alimentares das pessoas dedicadas a Obaluaiê
são, como na África, carne de carneiro, peixe de água
doce de pele lisa, caranguejos, banana-prata, jacas,
melões, abóboras e frutos de plantas trepadeiras.

O arquétipo de Obaluaiê, segundo Verger, é o das pessoas


com tendências masoquistas, que gostam de exibir seus
sofrimentos e as tristezas, das quais tiram uma satisfação
íntima. Pessoas que são incapazes de se sentirem
satisfeitas quando a vida lhes corre tranqüila. Podem
atingir situações materiais invejáveis e rejeitar, um belo
dia, todas essas vantagens por causa de certos escrúpulos
imaginários. Pessoas que em certos casos sentem-se
capazes de se consagrar ao bem-estar dos outros, fazendo
completa abstração de seus próprios interesses e
necessidades vitais.

Mitos de Obaluaiê/Omolu

* Por causa do feitiço usado por Nanã para engravidar,


145
Omolu nasceu todo deformado. Desgostosa com o aspecto
do filho, Nanã abandonou-o na beira da praia, para que o
mar o levasse. Um grande caranguejo encontrou o bebê e
atacou-o com as pinças, tirando pedaços da sua carne.
Quando Omolu estava todo ferido e quase morrendo,
Iemanjá saiu do mar e o encontrou. Penalizada,
acomodou-o numa gruta e passou a cuidar dele, fazendo
curativos com folhas de bananeira e alimentando-o com
pipoca sem sal nem gordura até o bebê se recuperar. Então
Iemanjá criou-o como se fosse seu filho.

* Omolu tinha o rosto muito deformado e a pele cheia de


cicatrizes. Por isso, vivia sempre isolado, se escondendo
de todos. Certo dia, houve uma festa de que todos os
Orixás participavam, mas Ogum percebeu que o irmão
não tinha vindo dançar. Quando lhe disseram que ele tinha
vergonha de seu aspecto, Ogum foi ao mato, colheu palha
e fez uma capa com que Omulú se cobriu da cabeça aos
pés, tendo então coragem de se aproximar dos outros. Mas
ainda não dançava, pois todos tinham nojo de tocá-lo.
Apenas Iansã teve coragem; quando dançaram, a ventania
levantou a palha e todos viram um rapaz bonito e sadio; e
Oxum ficou morrendo de inveja da irmã, que Omolu
recompensou dividindo com ela o poder de controlar
eguns (espíritos dos mortos).

* Quando Obaluaiê ficou rapaz, resolveu correr mundo


para ganhar a vida. Partiu vestido com simplicidade e
começou a procurar trabalho, mas nada conseguiu. Logo
começou a passar fome, mas nem uma esmola lhe deram.
Saindo da cidade, embrenhou-se na mata, onde se
146
alimentava de ervas e caça, tendo por companhia um cão e
as serpentes da terra. Ficou muito doente. Por fim, quando
achava que ia morrer, Olorum curou as feridas que
cobriam seu corpo. Agradecido, ele se dedicou à tarefa de
viajar pelas aldeias para curar os enfermos e vencer as
epidemias que castigaram todos que lhe negaram auxílio e
abrigo.
* Euá era uma exímia e bela caçadora. Sua beleza não só
ofuscava os admiradores, como também cegava, devido ao
veneno que ela lançava em quem ousasse lhe encarar ou
lhe dar uma simples piscadela de olhos. Um dia ela
encontrou Omolu e por ele se apaixonou perdidamente.
Casaram-se, porém Omulu era extremamente ciumento e
um dia, julgou estar sendo traído e prendeu Euá em um
formigueiro, deixando-a entregue à própria sorte. As
formigas fizeram um banquete com a carne da rainha da
caça e da beleza, e quando Euá ameaçou dar o último
suspiro, Omolu apareceu e a levou para casa. Euá ficou
deformada pelas picadas das formigas e seu rosto ficou
feio e disforme, tomado pelas cicatrizes. Omulu a cobriu
de palha-da-costa, de coloração vermelha, para que
ninguém visse sua feiúra nem o repreendesse pelo castigo
dado à esposa por uma simples suspeita.

147

Mitos de Nanã
Buruku

Nanã é um
orixá feminino
de origem
daomeana, adotada da África que representa o dogbê
(vida) e a doku (morte). Ela acolhe em seu ventre os
ghedes (mortos) e os prepara para o leko (renascimento).
Essa dualidade é representada por Nanã que personifica os
pântanos. É neles que a mistura da água (vida) e da terra
(morte), formando a lama, existe um portal entre as
dimensões dos vivos e dos mortos. O pântano ou a lama,
foi o local escolhido por Nanã para ser sua residência.
Entretanto, para haver barro ou lama, tem que haver
chuva, Nanã passou também a reger a chuva.

Nanã é conhecida por vários nomes, dependendo da região


e do dialeto, mas em Dahomey (hoje Benin) na cidade de
Domê onde está localizado seu principal templo, ela é
conhecida como Nanã Buruku . Ela está fortemente ligada
ao elemento terra e é chamada de "Senhora dos Pântanos",
assinalando-a como uma Grande Mãe que é responsável
pelo sopro da vida e conseqüentemente a morte.
148
Nanã sempre conduz os seres humanos com muita
seriedade, justiça e determinação. Seus cânticos são
súplicas para que a morte seja mantida afastada e que a
vida seja preservada.

Sendo a personificação da "lama" ou da "chuva", Nana


está sempre no principio de tudo, relacionada ao aspecto
da formação das questões humanas , de um indivíduo e
sua essência. Ela é relacionada também, freqüentemente,
aos abismos, tomando então o caráter do inconsciente, dos
atavismos humanos. Está relacionada, ainda, ao uso das
cerâmicas, momento em que o homem começa a
desenvolver cultura (período neolítico).
Mito Fon

Na mitologia Fon, Nanã Buruku (ou Buluku) que deu


nascimento ao gêmeos: Lisa e Mawu. Mawu era a Lua,
que teve força ao longo da noite e viveu no oeste. Lisa era
o Sol, que fez sua morada no Leste. Quando existia um
eclipse dizia-se que Mawu e Lisa estavam fazendo amor.
Mawu-Lisa criaram todo o Universo e os Voduns juntos.
Eles eclipsaram várias vezes e tiveram no total sete casais
de gêmeos (sempre um masculino e o outro feminino).

Mawu e Lisa chamaram seu filhos e os enviaram à Terra


como os primeiros habitantes e para que esses os
ajudassem a governar a Terra, deram a cada um uma
atribuição. Os principais Voduns são: Loko; Gu; Heviossô;
Sakpatá; Dan; Agbê; Águé; Ayizan; Agassu; Legba e Fa.

Com o nascimento desses filhos, Nana criou a dualidade


149
que daria o equilíbrio ao mundo e aos seres viventes.

Mawu é o princípio feminino, a fertilidade, a suavidade, a


compreensão, a ponderação, a reconciliação e o perdão. Já
Lisa é o princípio masculino, o julgador, a impaciência, a
força cósmica que castiga os homens errados e os corrige,
a seriedade. Ele está sempre atento para que as leis de
Mawu sejam cumpridas.

Os fons, ao chegarem no Brasil, eram chamados de


"Jejes", implantaram aqui o seu culto, baseado na rica,
complexa e elevada Mitologia Fon. Sua entrada no em
nosso país ocorreu em meados do século XVII.
Djedje (jeje) é uma palavra de origem yoruba que
significa estrangeiro, forasteiro e estranho; que recebeu
uma conotação pejorativa como “inimigo”, por parte dos
povos conquistados pelos reis de Dahomey e seu exército.
Quando os conquistadores eram avistados pelos nativos de
uma aldeia, muitos gritavam dando o alarme “Pou okan,
djedje hum wa!” (olhem, os jejes estão chegando!).

Quando os primeiros daomeanos chegaram ao Brasil


como escravos, aqueles que já estavam aqui reconheceram
o inimigo e gritaram “Pou okan, djedje hum wa!”; e assim
ficou conhecido o culto dos Voduns no Brasil “nação
Jeje”.

Nanã dança como se carregasse uma criança nos braços,


isso se deve, porque ela abandonou seu filho Obaluaê á
própria sorte. Outro mito explica porque Nanã não usa
150
metal.
Ogum estava em busca de um inimigo, e para ele
conseguir capturar o inimigo ele teria que passar no
pântano de Nanã, então ela apareceu e repreendeu Ogum
dizendo que se ele passa-se em seu território ela iria
castigar ele; Ogum não se abateu com á ameaça de Nanã e
atravessou, só que cada vez que ele adentrava um solda
dele morria. Era Nanã matando seus soldados, quando
Ogum atravessou ele á castigou, e nunca mais ela poderia
usar metal.

Mito de Oxum
OXUM

Nome de um rio na Nigéria, em


Ijexá e Ijebú. Segunda mulher de
Xangô, deusa do ouro, riqueza e do
amor. A Oxum pertence o ventre da
mulher e ao mesmo tempo controla
a fecundidade, por isso as crianças
lhe pertencem. Dona dos rios e
cachoeiras gosta de usar colares,
jóias, tudo relacionado à vaidade, perfumes, etc.

Conta-nos uma lenda, que Oxum queria muito aprender os


segredos e mistérios da arte da adivinhação, para tanto, foi
procurar Exú.

Exú, muito matreiro, falou à Oxum que lhe ensinaria os


segredos da adivinhação, mas para tanto, ficaria Oxum
151
sobre os domínios de Exú durante sete anos, passando,
lavando e arrumando a casa do mesmo, em troca ele a
ensinaria.

E, assim foi feito, durante sete anos Oxum foi aprendendo


a arte da adivinhação que Exú lhe ensinará e
consequentemente, cumprindo seu acordo de ajudar nos
afazeres domésticos na casa de Exú. Findando os sete
anos, Oxum e Exú, tinham se apegado bastante pela
convivência em comum, e Oxum resolveu ficar em
companhia desse Orixá.

Em um belo dia, Xangô que passava pelas propriedades de


Exú, avistou aquela linda donzela que penteava seus
lindos cabelos a margem de um rio e de pronto agrado, foi
declarar sua grande admiração para com Oxum.
Foi-se a tal ponto que Xangô, viu-se completamente
apaixonado por aquela linda mulher, e perguntou se não
gostaria de morar em sua companhia em seu lindo castelo
na cidade de Oyó. Oxum rejeitou o convite, pois lhe fazia
muito bem a companhia de Exú.

Xangô então irritado e contrariado, seqüestrou Oxum e


levou-a em sua companhia, aprisionando-a na masmorra
de seu castelo. Exú, logo de imediato sentiu a falta de sua
companheira e saiu a procurar, por todas as regiões, pelos
quatro cantos do mundo sua doce pupila de anos de
convivência.

Chegando nas terras de Xangô, Exú foi surpreendido por


um canto triste e melancólico que vinha da direção do
152
palácio do Rei de Oyó, da mais alta torre. Lá estava
Oxum, triste e a chorar por sua prisão e permanência na
cidade do Rei.

Exú, esperto e matreiro, procurou a ajuda de Òrùnmílá,


que de pronto agrado lhe cedeu uma poção de
transformação para Oxum desvencilhar-se dos domínios
de Xangô. Exú, através da magia pode fazer chegar as
mãos de sua companheira a tal poção. Oxum tomou de um
só gole a poção mágica e transformou-se em uma linda
pomba dourada, que voou e pode então retornar em
companhia de Exú para sua morada.
LENDAS

Logo que todos os Orixás chegaram à terra, organizavam


reuniões das quais mulheres não podiam participar. Oxum,
revoltada por não poder participar das reuniões e das
deliberações, resolve mostrar seu poder e sua importância
tornando estéreis todas as mulheres, secando as fontes,
tornando assim a terra improdutiva.

Olodumaré foi procurado pelos Orixás que lhe explicaram


que tudo ia mal na terra, apesar de tudo que faziam e
deliberavam nas reuniões. Olodumaré perguntou a eles se
Oxum participava das reuniões, foi quando os Orixás lhe
disseram que não. Explicou-lhes então, que sem a
presença de Oxum e do seu poder sobre a fecundidade,
nada iria dar certo.

153
Os Orixás convidaram Oxum para participar de seus
trabalhos e reuniões, e depois de muita insistência, Oxum
resolve aceitar. Imediatamente as mulheres tornaram-se
fecundas e todos os empreendimentos e projetos
obtiveram resultados positivos. Oxum é chamada Iyalodê
(Iyáláòde), título conferido à pessoa que ocupa o lugar
mais importante entre as mulheres da cidade.

Mito de Yansã(Oyá)

Orixá dos ventos, raios e tempestades,


também guerreira. Ágil e agitada como o próprio vento.
Extrovertida e sensual como poucas. Senhora absoluta dos
éguns. além de esposa predileta de xangô, divide com ele
o domínio sobre as tempestades. Destemida, justiceira e
guerreira, não teme nada.

Gosta de objetos de adornos, principalmente as bijuterias e


o cobre. Pessoa extrovertida, franca, amante
da natureza, engraçada, revela ambição e temperamento
forte. Seus filhos são comunicativos extrovertidos.

Este orixá esta ligado ao


culto dos mortos, quando
dançam parecem expulsar as
almas errantes com seus
154
braços. Tem forte fundamento com omulu, ogum e exu.

Iansã é a força dos ventos, dos furacões, das brisas que


acalmam, das coisas que passam como o vento, dos
amores efêmeros, sensuais, das tempestades, que assolam
a existência mas não duram para sempre.

Iansã ajudava Ogum na forja dos metais, soprando o fogo


com o fole para aviva-lo mais e mais, e assim fabricarem
mais ferramentas para trabalhar o mundo e armas para as
guerras de que ambos tanto gostavam. Por seu
temperamento livre e guerreiro, Iansã era uma
companheira perfeita para Ogum. Diz o mito que Iansã
não podia ter filhos, por isso adotou Logun-Edé, filho
abandonado por Oxum, e o criou durante algum tempo.

Diz o mito, também , que Iansã era tão linda que, para
fugir ao assédio masculino vestia-se com uma pele de
búfalo, e saía para a guerra. Que era amiga tão leal que foi
ela a primeira a realizar uma cerimonia de
encaminhamento da alma de um amigo caçador ao orum
(céu). Iansã não parava jamais.

Um dia em que Xangô foi visitar seu irmão Ogum e


encomendar-lhe armas para a guerra, Iansã (também
conhecida como Oyá) apaixonou-se por Xangô, e partiu
para viver com ele, deixando Logun-Edé com Ogum, que
terminaria de criá-lo.

A partir de então, tornou-se uma das três esposas de


155
Xangô e com ele reina e luta, enviando seus ventos para
limpar o mundo e anunciando a chegada dos raios e
trovões de seu amado.

Mito
de Oxumaré

Oxumaré ou Oxumarê
(do iorubá Òṣùmàrè) é a
serpente arco-íris, de
múltiplas funções. É o
orixá da mobilidade e atividade. Uma de suas obrigações é
a de dirigir as forças que produzem o movimento. Ele é o
senhor de tudo o que é alongado. O cordão umbilical, que
está sob seu controle, é enterrado, geralmente com a
placenta, sob uma palmeira que se torna propriedade do
recém-nascido, cuja saúde dependerá da boa conservação
dessa árvore. Ele é o símbolo da continuidade e da
permanência, ás vezes representado por uma serpente que
se enrosca e morde a própria cauda (como o Uróboro
europeu). Enrola-se em volta da terra para impedi-la de se
desagregar. Se perdesse as forças, isto seria o fim do
mundo.

156
Oxumaré é, ao mesmo tempo, macho e fêmea. Essa dupla
natureza aparece nas cores vermelha e azul que cercam o
arco-íris. Ele representa, também, a riqueza.

Mitos de Oxumaré

* Oxumaré era outrora um babalaô adivinho, filho do


proprietário-da-estola-de-cores-brilhantes". Começou a
vida com um grande período de mediocridade e mereceu,
por esta razão, o desprezo de seus contemporâneos. Sua
chegada final à glória e à força é simbolizada pelo arco-
íris que, quando aparece, faz as pessoas exclamarem:
"Ora, ora, ora, eis Oxumarê!" Isto mostra, assim, que ele é
conhecido universalmente e, como a presença do arco-íris
impede que a chuva caia, ele demonstra, também, a sua
força.

* Oxumaré era, antigamente, o adivinho (babalaô) do rei


Oni. Sua única ocupação era ir ao palácio real no dia do
segredo; dia que dá início à semana, de quatro dias, dos
iorubás. O rei Oni não era um rei generoso. Ele dava
apenas, a cada semana, uma quantia irrisória a Oxumaré
que, por essa razão vivia na miséria com sua família. O
pai de Oxumaré tinha um belo apelido. Chamavam-no "o
proprietário do xale de cores brilhantes". Mas tal como
seu filho, ele não tinha poder. As pessoas da cidade não o
respeitavam. Oxumaré, magoado por esta triste situação,
consultou Ifá. "como tornar-me rico, respeitado,
conhecido e admirado por todos?" Ifá o aconselhou a fazer
oferendas. Ele disse-lhe que oferecesse uma faca de
bronze, quatro pombos e quatro sacos de búzios da costa.
157
No momento que Oxumaré fazia estas oferendas, o rei
mandou chamá-lo. Oxumaré respondeu: "Pois não,
chegarei tão logo tenha terminado a cerimônia." O rei,
irritado pela espera, humilhou Oxumaré, recriminou-o e
negligenciou, até, a remessa de seus pagamentos habituais.
Entretanto, voltando à sua casa, Oxumaré recebeu um
recado: Olocum, a rainha de um país vizinho, desejava
consultá-lo a respeito de seu filho que estava doente. Ele
não podia manter-se de pé. Caía, rolava no chão e
queimava-se nas cinzas do fogareiro. Oxumaré dirigiu-se à
corte da rainha Olocum e consultou Ifá para ela. Todas as
doenças da criança foram curadas. Olocum, encantada por
este resultado, recompensou Oxumaré. Ela ofereceu-lhe
uma roupa azul, feita de rico tecido. Ela deu-lhe muitas
riquezas, servidores e um cavalo, sobre o qual Oxumaré
retornou à sua casa em grande estilo. Um escravo fazia
rodopiar um guarda sol sobre sua cabeça e músicoa
cantavam seus louvores. Oxumaré foi, assim, saudar o rei.
O rei Oni ficou surpreso e disse-lhe: "Oh! De onde vieste?
De onde sairam todas estas riquezas?" Oxumaré
respondeu-lhe que a rainha Olocum o havia consultado.
"Ah! Foi então Olocum que fez tudo isto por você!"
Estimulado pela rivalidade, o rei Oni ofereceu a Oxumaré
uma roupa do mais belo vermelho, acompanhada de
muitos outros presentes. Oxumaré tornou-se, assim, rico e
respeitado. Oxumaré, entretanto, não era amigo de Chuva.
Quando Chuva reunia as nuvens, Oxumaré agitava sua
faca de bronze e a apontava em direção ao céu, como se
riscasse de um lado a outro. O arco-íris aparecia e Chuva
fugia. Todos gritavam: "Oxumaré apareceu!" Oxumaré
tornou-se, assim, muito célebre. Nesta época, Olodumaré,
158
o deus supremo, aquele que estende a esteira real em casa
e caminha na chuva, começou a sofrer da vista e nada
mais enxergava. Ele mandou chamar Oxumaré e o mal dos
seus olhos foram curados. Depois disso, Olodumaré não
deixou mais que Oxumaré retornasse a Terra. Desde esse
dia, é no céu que ele mora e só tem permissão para visitar
a Terra a cada três anos. É durante estes anos que as
pessoas tornam-se ricas e prósperas.

Mito de Ifá

A importância de Òrúnmìlà é tão grande que chegamos a


concluir que se um homem fizer algum tipo de pedido ao
todo poderoso Olòrún ( Deus, o Senhor dos Céus), esse
pedido só poderá chegar até Ele através de Òrúnmìlà e ou
Èsù, que são somente eles dois dentre todos os òrìsà os
que têm a permissão, o poder e o livre acesso concedido
pôr Olòrún de estar junto a Ele, quando assim for
necessário.

Òrúnmìlà é o senhor dos destinos, é aquele que tudo sabe


e tudo vê em todos os mundos que estão sob a tutela de
Olòrún, ele sabe tudo sobre o passado, o presente e o
futuro de todos habitantes do àiyé e do òrún, é o regente
responsável e detentor dos oráculos, foi quem
acompanhou Odùduwà na criação e fundação de Ilé Ìfé.

Também Òrúnmìlà fala e representa de maneira completa


e geral todos os òrìsàs, auxiliando por exemplo, um
consulente o que ele deve fazer para agradar ou satisfazer
159
um determinado òrìsà, obtendo desta forma um resultado
satisfatório para o òrìsà e para o consulente.
Òrúnmìlà sabe e conhece o destino de todos os homens e
de tudo o que têm vida em nosso mundo, pois ele está
presente no ato da criação do homem e sua vinda a terra, e
é neste exato instante que Ifá determina os destinos e os
caminhos a serem cumpridos pôr aquele determinado
espírito.
É por isso que Òrúnmìlà tem as respostas para toda e
qualquer pergunta lhe é feita, e que ele têm a solução para
todo e qualquer problema lhe apresentado, e é por esta
razão que ele têm o remédio para todas as doenças que lhe
forem apresentadas, por mais impossível que pareça ser a
sua cura. Desta forma todos nós deveríamos cultuar
Òrúnmìlà e Ifá, pois felizes aqueles que a ele adoram e
veneram como sua entidade e fonte de energia e
sobrevivência, sendo assim com certeza poderemos
alcançar a sorte, a felicidade, a inteligência, a sabedoria, o
conhecimento, enfim, o seu destino ideal juntamente de
seu equilíbrio.
Todos nós deveríamos consultar Ifá antes de tomarmos
qualquer atitude e decisão em nossas vidas, com certeza
iríamos errar menos, os Yorubás consultam Ifá antes de
tomarem qualquer decisão, com pôr exemplo, antes de um
casamento, antes de um noivado, antes do nascimento e
até mesmo na hora de dar o nome a criança, antes da
conclusão de um negócio, antes de uma viagem, etc.
Além disto tudo, Òrúnmìlà é também quem tem a vida e a
morte em suas mãos, pois ele é a energia que esta mais
atuante e mais próxima de Olòrún, podendo ele ser a única
entidade que tem poderes para suplicar, pedir ou implorar
160
a mudança do destino de uma pessoa.

IFÀ é a forma de adivinhação apresentada por Orunmila


Ifá. Existem várias formas de jogo de Ifá, Orúnmila Ifá é
uma dessas formas. Orunmila-Ifá é um dos nomes da
divindade de Ifá.

É certamente o sistema tradicional mais seguro para a


confirmação do òrìsà do consulente, isto porque, Orunmilá
está presente quando da criação do ser humano, e por este
motivo é conhecido como Eléríí Ipín (testemunha a
criação).

É por isso que o babalawo quando joga, interpreta as


lendas indicadas pelo Odu de Ifá, para assim dar as
respostas ao consulente, de acordo com a queda do Opele-
Ifá.
Ele é o segundo braço de Olódúnmaré (Deus criador).

Um mito de Ifá, conta que essa função era de Exu, mais


ele estava cansado com tanta pertubação dos consulentes,
e pediu á Olorum que desse esse cargo á outro. Então
Olorum deu o cargo a Ifá, mais em troca Exu seria o
mensageiro dos Orixás, e ele teria a missão de levar todos
os pedidos dos homens. Ifá e representado na Umbanda
como o Espirito Santo
A Santíssima trindade na Umbanda e representada assim:
Olorum= Deus criador
Ifá= Espirito Santo
Oxalá= Jesus Cristo.
161
Mito de Oxossi

Filho de Iemanjá e irmão de Ogun e Exu, Oxossi sempre


foi muito querido pela família, pelo seu temperamento
calmo, compreensivo, amigo e respeitador. Entretanto, era
franzino, parado.

Seu irmão mais velho , Ogun, preocupado com a inércia


de Oxossi, resolveu ensinar-lhe a arte da caça e os
caminhos e trilhas da floresta. E assim foi. Ogun ensinou
Oxossi o que havia de melhor na arte de uma caçada e os
segredos da mata. Levou-o até o alquimista Ossãe, que
morava no interior da floresta, para que ele aprendesse a
162
magia e conhecesse os animais de caça e aqueles que não
se pode caçar.

O nome de Oxossi era Ibô, o caçador.

Um dia, Oxalá precisou de penas de um papagaio da


Costa, para realizar o encantamento de Oxum, ms,
praticamente, não se achava o animal. Oxalá então
designou Ogun para encontrar as penas. Em vão o
valoroso guerreiro e também caçador foi incapaz de achar
o que Oxalá lhe pedira.

- Oxalá, estou tão envolvido nas conquistas que já não


caço como antes. Porém, sugiro o nome de Ibô, meu
irmão, que certamente é o melhor de todos os caçadores, e
conseguirá as penas do papagaio da Costa como pretende.

E Ibô foi chamado. Perante ao deus da brancura, Oxalá,


Ibô se prostou e ouviu, atentamente, as ordens:

-Ibô! Disse-lhe Oxalá, vá e consiga as penas do papagaio


da Costa. Você tem exatamente sete dias para voltar...
E Ibô partiu para a flores, e durante dias procurou por sua
caça. Quando lhe restava apenas um dia para esgotar o
prazo dado por Oxalá, Ibô avistou os papagaios.

Com um flecha apenas – mirando com cuidado – atingiu,


não apenas um, mas dois papagaios de uma só vez.
Orgulhoso e como o sentimento da tarefa cumprida, Ibô
partiu para o reino de Oxalá.
163
Mas seu retorno não foi tão fácil. No meio do caminho,
Ibô deparou-se com um grupo de feras, que o atacou de
surpresa, deixando-o muito ferido. Só não morreu porque
suas habilidades de grande caçador o salvaram.

Bastante ferido, Ibô já não andava, arrastava-se. Na boca


da floresta, Ibô avistou os portões de Ifé, reino de Oxalá, e
via que eles. Lentamente, se fechavam à medida em que o
dia acabava e a noite chegava. Num esforço enorme, Ibô
reuniu todas as forças e chegou até os portões. Esticou o
braço, segurando firmemente as penas de papagaio da
Costa e somente estas conseguiram transpassar os limites
de Ifê. Os portões se fecharam. Ibô, caído do lado de fora
de cidade, continuava segurando as penas de papagaio,
presas no portão da grande morada de Oxalá. Ele cumprira
o prazo.

Momentos mais tardes, ajudando pelo irmão Ogun, Ibô foi


levado até a presença de Oxalá. Acreditando não ter
conseguido, Ibô desculpou-se com o rei:

- Perdoe-me, Senhor! Não consegui chegar à sua presença


com sua encomenda”]

- Ao contrário, jovem caçador! – retrucou Oxalá – Seus


esforço e seu coragem são admiráveis. As penas do
papagaio da Costa chegaram a Ifé no prazo recomendado,
e eu lhe parabenizo por isso. E como é tão bom caçador e
de um bravura tão grande, passará a chamar-se Oxossi, o
Senhor da Caça.

164
Assim sendo, Oxalá ergueu sua mão e dela um facho de
luz atingiu Ibô, curando-o de todos os ferimentos e dando
a ele trajes azuis turquesa, cor do encantamento do novo
Orixá, Oxossi.

O elemento de Oxossi é a terra, e a liberdade de expressão


seu ponto mais marcante. Por isso, nosso sentimento de
liberdade e alegria estão profundamente ligados a Ode....
O senhor da arte de viver!

Mito do Nkice(Orixá) Kitembo

Na Mitologia Bantu -
Kindembu, Kitembo
mais conhecido no
Brasil como 'Tempo' -
Ligado ao tempo
cronológico e
mitológico. O Nkisi das
transformações o que guia o seu povo nômade através da
sua bandeira branca, assim todos, por longe que esteja
pode se unir ao líder, por que o mastro da sua bandeira é
tão alto que pode ser visto de qualquer lugar. O que não
deixa os caçadores perdidos (pois os Nkisis são, em sua
natureza primeira todos caçadores e guerreiros, pois assim
a aldeia e seus
165
descendentes estariam garantidos). Nzara Ndembu (gloria
ao tempo) ou Zaratempo. Ligado à ancestralidade, devido
a sua ligação com Kaviungo . Este é o menos sincretizado,
embora muitos o concebam como Irôko/Loko, da
mitologia Jeje/Nagô.

É representado, nas casas Angola e Congo, por um mastro


com uma bandeira branca, também chamada de Bandeira
de Tempo.

Kitembo é um nkisi raro com poucos filhos. Associado


com o Iroko Yorubá é também visto como a Gameleira
Branca, árvore sagrada. O sociólogo Reginaldo Prandi
(Mitologia dos Orixás, 1998) afirma que o fato de ser um
inquice das florestas fizeram com que seu culto diminuisse
e contribuisse para a diminuição do número de seus filhos
de santo.

Kitembo é irmão de Kafundegi, Katendê e Hongolo,


respectivamente associados com Obaluaiyê, Ossaim e
Oxumarê. Segundo o candomblé Bantu, Kitembo tem uma
forte ligação com Kafundegi, sendo que os filhos de
Kitembo e deste Nkisi se parecem. Os quatro são os
(inquices monstros), filhos imperfeitos de Nzumbarandá
(associada com Nanã dos Yorubá) que foram depois
recolhidos por NKaiala (Iemanjá) e encantados por
Lembarenganga (Oxalá).

166

Mito de Oxaguiã

Oxaguiã, também conhecido como Ajagunã, é o conflito


que antecede a paz; a revolução que antecede as
transformações profundas; a instabilidade necessária ao
dinamismo da vida e da sociedade e a busca do
conhecimento. Por isso é compreendido como Oxalá
moço, enquanto a paz, a tranqüilidade, a estabilidade, a
sabedoria são compreendidos como Oxalá velho, Oxalufã.
Ele é também guerreiro, e sente prazer em destruir para q
o novo se estabeleça.

Um dos mitos diz que Oxaguiã nasceu apenas de Obatalá.


Não teve mãe. Nasceu dentro de uma concha de caramujo.
E quando nasceu, não tinha cabeça, por isso perambulava
pelo mundo, sem sentido.

167
Um dia encontrou Ori numa estrada e este lhe deu uma
cabeça feita de inhame pilado, branca. Apesar de feliz com
sua cabeça. ela esquentava muito, e quando esquentava
Oxaguiã criava mais conflitos. E sofria muito. Foi quando
um dia encontrou a morte (iku), que lhe ofereceu uma
cabeça fria. Apesar do medo que sentia, o calor era
insuportável, e ele acabou aceitando a cabeça preta que a
morte lhe deu. Mas essa cabeça era dolorida e fria demais.
Oxaguiã ficou triste, porque a morte com sua frieza estava
o tempo todo acompanhando o orixá. Foi então que Ogum
apareceu e deu sua espada para Oxaguiã, que espantou
Iku. Ogum também tentou arrancar a cabeça preta de cima
da cabeça de inhame, mas tanto apertou que as duas se
fundiram e Oxaguiã ficou com a cabeça azul, agora
equilibrada e sem problemas.

A partir deste dia ele e Ogum andam juntos transformando


o mundo. Oxaguiã depositando o conflito de idéias e
valores que mudam o mundo e Ogum fornecendo os
meios para a transformação, seja a tecnologia ou a guerra.

Cor: Branca e azul


Numero 4
Comida: Inhame pilado
Dia da semana: sexta-feira
Saudação: Exeuê, babá!, Epa Babá!

168
Mito de Oxalufã

Seu culto da
relativamente
bem preservado
na tranqüila
cidade de Ifọn,
que se
caracteriza pela
presença de
numerosos
templos, igrejas
católicas e
protestantes e
mesquitas que
atraem, todas
elas, aos
domingos e
sextas-feiras,
grandes números
de fiéis de múltiplas formas de monoteísmos importados
do estrangeiro. Em contraste, com essa afluência, o dia da
semana iorubá consagrado a Òrìşànlá interessa atualmente
a pouca gente. Exatamente um pequeno núcleo de seis
169
sacerdotes, os Ìwèfà mẹfà (Aájẹ, Aáwa, Olúwin, Gbọgbọ,
Aláta e Ajíbódù) ligados ao culto de Òrìşà Olúfọn e uns
vinte olóyè, os dignitários portadores de títulos, que fazem
parte da corte do rei local, Ọbà Olúfọn.

A cerimônia de saudação ao rei de dezesseis em


dezesseis dias pelos Ìwẹfà e pelos Olóyè é impressionante
pela calma, simplicidade e dignidade. O rei, Olúfọn,
espera sentado a porta do palácio reservada só para ele e
que dá para o pátio. Ele estava vestido com um pano e um
gorro brancos. Os Olóyè avançam, vestidos de tecido
branco amarrado no ombro esquerdo, e seguram um
grande cajado. Aproximam-se do rei, param diante dele,
colocam o cajado no chão, tiram o gorro, ficam descalços,
desatam o tecido e amarram-no à cintura. Com o torso nu
em sinal de respeito, ajoelha-se e prostra-se vária vez,
ritmando, com uma voz respeitosa, um pouco grave e
abafada, uma série de votos de longa vida, de calma,
felicidade, fecundidade para suas mulheres, de
prosperidade e proteção contra os elementos adversos e
contra as pessoas ruins. Tudo isso é expresso em uma
linguagem enfeitada de provérbios e de fórmulas
tradicionais. Em seguida, os Olóyè e os Ìwèfà vão sentar-
se de cada lado do rei, trocando saudações, cumprimentos
e comentários sobre acontecimentos recentes que
interessam à comunidade. A seguir, o rei manda servir-lhes
alimentos, dos quais uma parte foi colocada diante do altar
de Òşàlúfọn, para uma refeição comunitária com o deus.
editar Oxalufã na Bahia

Numa sexta-feira, dia da semana que no Brasil é


170
consagrado a Oxalá, os axés do orixá são retirados do seu
“pejí” e levados em procissão até uma pequena cabana,
feita de palmas traçadas e simbolizando a viagem de
Oxalufã e a sua estadia na prisão.

Na sexta-feira seguinte, ou seja, sete dias após,


representando sete anos de encarceramento, tem lugar a
cerimônia das “Águas de Oxalá”, águas para lavar Oxalá.
Todos os que participam da cerimônia chegam na véspera,
à noite. O maior silêncio é observado, a partir da quinta-
feira ao findar do dia, estendendo-se até a manhã do dia
seguinte. Os participantes vão, antes da aurora, pegar as
“Águas de Oxalá”, todos vestidos de branco e com a
cabeça coberta com um pano igualmente branco. Forma
um longo cortejo que vai em silêncio, precedido por uma
das mais antigas mulheres dedicadas a Oxalá, que agita,
sem parar, um pequeno sino de metal branco, chamado
adja. Fazem três viagens até a fonte sagrada. Nas duas
primeiras, a água derramada sobre os axés de Oxalá. Essa
parte do ritual é realizada como lembrança das pessoas do
reino de Oyó que foram, em silêncio e vestidas de branco,
buscar água para Oxalufã lavar-se. Na terceira vez, que
ocorre ao nascer do dia, os vasos cheios d’água são
arrumados em volta do axé de Oxalá. A proibição de falar
é sustada, cânticos acompanhados pelo ritmo dos tambores
são entoados e transes de permanecer a possessão, se
produzem entre as filhas de Oxalá, como testemunho da
satisfação do deus.

No domingo seguinte, tem lugar uma cerimônia, pouco


importante, mas exatamente uma semana depois, realiza-
171
se uma procissão que leva os axés de Oxalá ao seu “pejí”
simbolizando a volta de Oxalufã ao seu reino.

Uma versão sincretizada das “Águas de Oxalá” é a


lavagem do chão da Basílica do Senhor do Bonfim que
acontece todos os anos na Bahia, na quinta-feira
precedente ao domingo do Bonfim. Alguns piedosos
católicos tinham o hábito de lavar zelosamente o chão da
igreja, um ato de devoção que não é particular a esse
templo. No Bonfim, porém, tomou um caráter diferente,
pois os descendentes de africanos, movidos por um
sentimento de devoção, tanto ao Cristo como ao deus
africano, fizeram uma aproximação entre as duas
lavagens: a dos axés de Oxalá e aquela do solo da igreja
que leva o nome católico do mesmo orixá. Os devotos
aparecem em grande número a fim de participarem da
lavagem, na quinta-feira do Bonfim.

Essa festa é atualmente, uma das mais populares da Bahia.


Nesse dia, as baianas, vestidas de branco, cor de Oxalá,
vão em cortejo à igreja do Bonfim. Trazem na cabeça
potes contendo água para lavar o chão da igreja e flores
para enfeitar o altar. São acompanhadas por uma multidão,
onde sempre figurão as autoridade civis do Estado da
Bahia e da cidade de Salvador.
editar Mitos de Oxalufã
* Oxalufã, rei de Ifan, decidira visitar Xangô, o rei de
Oyó, seu filho. Antes de partir, Oxalufã consultou um
babalaô para saber se sua viagem se realizaria em boas
condições. O babalaô respondeu que ele seria vítima de
172um desastre, não devendo, portanto, realizar a viagem.
Oxalufã, porém, tinha um caráter obstinado e persistiu em
seu projeto, perguntando que sacrifícios poderia fazer para
melhorar a sua sorte. O babalaô lhe confirmou que a
viagem seria muito penosa, que teria de sofrer numerosos
reveses e que, se não quisesse perder a vida, não deveria
jamais recusar os serviços que, por acaso, lhe fossem
pedidos, nem reclamar das conseqüências que disso
resultassem. Deveria, também, levar três roupas brancas
para trocar e sabão. Oxalufã se pôs a caminho e, como
fosse velho, ia lentamente, apoiado em seu cajado de
estanho. Encontrou, logo depois, Èsù Elèpo Pupa (‘Exu-
Dono-do-Azeite-de-Dendê’), sentado à beira da estrada
com um barril de Azeite-de-Dendê ao seu lado. Após uma
troca de saudações, Exu pediu a Oxalufã que o ajudasse a
colocar o barril sobre a sua cabeça. Oxalufã concordou e
Exu aproveitou para, durante a operação, derramar,
maliciosamente, o conteúdo do barril sobre Oxalufã,
pondo-se a zombar dele. Este não reclamou, seguindo as
recomendações do babalaô; lavou-se no rio próximo, pôs
uma roupa nova e deixou a velha como oferenda.
Continuou a andar com esforço, e foi vítima, ainda por
duas vezes, de tristes aventuras com Èşù-Eléèdu (‘Exu-
Dono-do-Cavão’) e Èşù Aláàdì (‘Exu-Dono-do-Óleo-da-
Amêndoa-de-Palma). Oxalufã, sem perder a paciência,
lavou-se e trocou de roupa após cada um das experiências.
Chegou, finalmente, à fronteira do reino de Oyó e lá
encontrou um cavalo que havia fugido, pertencente a
Xangô. No momento em que Oxalufã quis amassar o
animal, dando-lhe espigas de milho, com a intenção de
levá-lo ao seu dono, os servidores de Xangô, que estavam
à procura do animal, chegaram correndo. Pensando que o
173
homem idoso fosse um ladrão, caíram sobre ele com
golpes de cacete e jogaram-no na prisão. Sete anos de
infelicidade se abateram sobre o reino de Xangô. A seca
comprometia a colheita, as epidemias acabavam com os
rebanhos, as mulheres ficavam estéreis. Xangô, tendo
consultado um babalaô, soube que toda essa desgraça
provinha da injusta prisão de um velho homem. Depois de
seguidas buscas e muitas perguntas, Oxalufã foi levado à
sua presença e ele reconheceu seu pai Oxalá. Desesperado
pelo que havia acontecido, Xangô pediu-lhe perdão e deu
ordem aos seus súditos para que fossem, todos vestidos de
branco e guardando silêncio em sinal de respeito, buscar
água três vezes seguidas a fim de lavar Oxalufã. Em
seguida, este voltou a Ifan, passando por Ejigbô para
visitar seu filho Oxaguiã, que, feliz por rever seu pai,
organizou grandes festas com distribuição de comidas a
todos os assistentes.
Oxalá e um dos Orixás mais sistemáticos, nos
candomblés Nagôs e na maiorias deles, quando Oxalá
incorpora em seus yawôs e proibido esses filhos estarem
trajando roupas de cores escuras, e é ele que tem o maior
castigo entre todos.
Obs: Oxalá, Oxalufã são Orixás que representam Olorum,
esse sim e o grande criador, em alguns terreiros ele e
chamado de Zambi, Olorum, Lissa e na nossa Umbanda
ele e conhecido como unicamente Oxalá.
Um mito de Logum-Edé

Logum-Edé e o Orixá mais belo entre todos, no culto


174
Nagô ele e conhecido como Logunedé. Na maioria dos
mitos ele e filho de Oxum com Oxossi, diz á lenda que
Oxossi queria um filho homem e Oxum uma filha mulher,
e quando Oxum deu a luz nasceu um filho homem, e ela
se irritou e se separou de Oxossi, então Logum-Edé para
não contrariar nem o pai e nem á mãe decidiu que quando
ele ficasse com Oxum ele se vestiria de mulher para
agradar á mãe, e quando ele fosse passar os seis meses
com Oxossi ele se vestiria de Homem para agradar o pai,
daí em diante algumas casas acreditam que Logum-Edé e
um Orixás hemafrodita ou seja, acham que ele tem os dois
sexo. Esse lenda e uma das razões em que alguns Babas
acreditam que seus filhos são homosexuais, mais eles
estão errados, Logum como e conhecido nas casas de
santo e um Orixás totalmente masculino, e um grande
caçador e guerreiro, mais também e o mais vaidoso entre
todos os outros Orixás. Logum representa á beleza, á
simpatia, elegância, delicadeza, mais não impede de que
ele seja um bravo guerreiro.
Em outro mito raro Logum se perde na mata e é acolhido
por Obaluaê, e aprende com esse Orixá ancestral os
segredos da feitiçaria e da cura. A palavra Logum pode ser
traduzida também como feiticeiro para os nagôs, e a cor
dourada e umas cores preferidas de Logum-Edé;seus
filhos tendem a ser de personalidade forte, belos com
muitos amigos, mais que impõem seus desejos entre todos
a seu redor.
Existem templos para Logun Ede em Ilesa, seu lugar de
origem, onde em alguns itans é citado como um corajoso e
poderoso caçador, que tamanha coragem é relacionada a
175
de um leopardo. Casado com três esposas. De culto
diferenciado e totalmente ligado ao culto a Òsun, é um
Orisa de extremo bom gosto. Seus objetos devem
permanecem junto aos assentos de Osun e sempre quando
agradado devemos agradar sua mãe. Tem predileção ao
dourado, é um Orisa muito vaidoso, é considerado o mais
elegante de todos os Orixas. Umas das características
desse Orixá é a de se importar-se com o sofrimento dos
outros, distribuindo riquezas, caças para os que não tem.
De Òsun, sua mãe, Logun Ede herdou o lado belo e
vaidoso. Pois Òsun lança mão de seu dom sedutor para
satisfazer a ambição de ser a mais rica e a mais
reverenciada. Deusa da fertilidade, na Nigéria é dela o rio
que leva o seu nome e no Brasil dela são as águas doces
dos lagos, fontes e rios. Água que mata a sede dos
humanos e da terra, que assim se torna fecunda e fornece
os alimentos essenciais à vida. Òsun menina dengosa,
passando pela mulher irresistível até a senhora protetora,
Òsun é sempre dona de uma personalidade forte, que não
aceita ser relegada a segundo plano, afirmando-se em
todas circunstâncias da vida. Com seus atributos, ela
dribla os obstáculos para satisfazer seus desejos.
De Erinlé, seu pai, Herdou o dom da caça pois Erinlé é da
família dos Ode e seu símbolo é o ofá, a lança de caça e o
ogue. Erinlé é a representação do desenvolvimento do
homem, conhece os segredos da caça, também símbolo de
prosperidade e formação de comunidades. Ele busca o
alimento com coragem e é considerado o guerreiro das
matas, é corajoso, viril e Logun-odé tem estas
características, é um Òrìsà guerreiro. Mas se, em várias
176
tradições, ele é considerado um orixá masculino, em
algumas é confundido com a homossexualidade ou a
bissexualidade, o que ocorre quando se interpreta ao pé da
letra o mito que afirma viver Logunedé seis meses como
homem e seis meses como mulher. Na verdade, a
interpretação mais aceita seria que essa se trata de uma
metáfora para falar dos axés herdados por ele de seus pais,
Oxum e Oxóssi.
Após ser abandonado e viver com Ogum, aprende com ele
as artes da guerra e da metalurgia. É coroado por Insã
como o príncipe dos Orixás. É amigo íntimo de Yewá,
seriam eles os Orixás que se complementam, considerados
o par perfeito.

Mito de Oba

Obá representa as águas


revoltas dos rios. As
pororocas, as águas fortes,
o lugar das quedas são
considerados domínios de
Obá. Ela representa
também o aspecto
masculino das mulheres
(fisicamente) e a
transformação dos alimentos de crus em cozidos.
Por sua envergadura física
177
e força, tornou-se uma guerreira, a única mulher capaz de
desafiar Ogum para uma luta, e por ser Obá extremamente
forte e destemida, Ogum se viu obrigado a usar de um
truque contra ela, espalhando quiabo amassado no chão, e
atraindo Obá para aquele canto, onde a guerreira
escorregou e não apenas perdeu a luta como foi possuída à
força por Ogum, que se tornou seu inimigo.
Sendo uma cozinheira excelente foi escolhida para ser a
terceira esposa de Xangô, o deus trovão.
Sempre se sentindo menos desejada por seu amado que
Oxum e Iansã, Obá se esmerava em agradá-lo com seus
pratos cada vez mais aprimorados. Mas Oxum era sempre
a preferida de Xangô.
Um dia Obá não se conteve e perguntou a Oxum qual o
segredo de sua sedução. Oxum, que vivia com a cabeça
enrolada em turbantes maravilhosos, disse que havia
cortado a própria orelha esquerda e colocado no amalá
(uma comida à base de quiabo) de Xangô que, ao comê-lo,
por ela se perdera de paixão para sempre.
Obá então cortou a própria orelha e a colocou no amalá.
Ao ver Obá com um ferimento no lugar da orelha Xangô
quis saber o que houvera e Obá contou.
Neste momento Oxum tirou seu turbante e, mostrando as
duas orelhas intactas a Obá, desatou a rir.
Xangô, zangado com a insensatez de Obá e enojado por
ver sua orelha na comida, expulsou-a de seu palácio e Obá
tanto chorou e teve raiva que se transformou num rio
revoltoso. Na África, no lugar onde se encontram os rios
Obá e Oxum o estouro das águas é extremamente violento.
• Cor: vermelho com amarelo
• Numero: 4

178
• Símbolo: Obé
• Comida: quiabo
• Dia da semana: Quarta-feira
• Saudação: Obá xirê!

Mito de Ewa

Muito pouco se sabe atualmente sobre Ewá.


Ela é também filha de Nanã, e é vista como horizonte, o
encontro do céu com a terra, do céu com o mar. Ewá
representa ainda outros horizontes, como a interface onde
se tocam a vida e a morte, o dia e a noite e outros. Assim,
todas as transformações, mudanças e adaptações são
regidas por ela.
Ewá é virgem, bela e iluminada. Apesar desta beleza e do
assédio dos orixás masculinos, nunca quis se casar, sendo
uma moça quieta e isolada, voltada para o conhecimento
dos segredos das transformações.
Nanã, preocupada com sua filha, pediu a Orunmilá que lhe
arranjasse um amor, um casamento, mas Ewá desejava
viver sozinha, dedicada à sua tarefa de fazer cair a noite
no horizonte, puxando o sol com seu arpão.
Como Nanã insistisse em seu casamento, Ewá pediu ajuda
a seu irmão Oxumarê, o arco-íris, que a escondeu no lugar
onde ele se acaba, por trás do horizonte, e Nanã não mais
pôde alcançá-la. Assim, os dois irmãos passaram a viver
juntos, para sempre inatingíveis. Ambos regem o
intangível e Ewá também é compreendida como a energia
que torna possível o abandono do corpo e a entrada do
179
espírito numa nova dimensão.
No Brasil poucos candomblés cultuam Ewá, pois dizem
que o conhecimento sobre as folhas necessárias ao seu
culto foi perdido durante o processo de aculturação dos
africanos escravos.
O Orixá Ewá é uma bela virgem que entregou o seu corpo
jovem a Xangô, marido de Oya, despertando a ira da
rainha dos raios. Ewá refugiou-se nas matas inalcançáveis,
sob a proteção de Oxóssi, e tornou-se uma guerreira
valente e caçadora habilidosa.
As virgens contam com a proteção de Ewá e, aliás, tudo
que é inexplorado conta com a sua proteção: a mata
virgem, as moças virgens, rios e lagos onde não se pode
nadar ou navegar. A própria Ewá, acreditam alguns, só
rodaria na cabeça de mulheres virgens (o que não se pode
comprovar), pois ela mesma seria uma virgem, a virgem
da mata virgem dos lábios de mel.
Ewá domina a vidência, atributo que o deus de todos os
oráculos, Orunmilá lhe concedeu.
Em África, o rio Yewá é a morada desta deusa, mas a sua
origem gera polemica. Há quem diga que, tal como
Oxumaré, Nanã, Omulú e Iroko, Ewá era cultuada
inicialmente entre os Mahi, foi assimilada pelos Iorubas e
inserida no seu panteão. Havia um Orixá feminino oriundo
das correntes do Daomé chamado Dan. A força desse
Orixá estava concentrada numa cobra que engolia a
própria cauda, o que denota um sentido de perpétua
continuidade da vida, pois o círculo nunca termina.
Ewá teria o mesmo significado de Dan ou uma das suas
180
metades – A outra seria Oxumaré. Existem no entanto, os
que defendem que Ewá já pertencia à mitologia Nagô,
sendo originária na cidade de Abeokutá. Estes, certamente,
por desconhecer o panteão Jeje – No qual o Vodun Eowa,
seria o correspondente da Ewá dos Nagô -Confundem
Ewá com uma qualidade de Iemanjá. Erram porque Ewá é
um Orixá independente, mas a sua origem não se esclarece
sequer entre os Jeje, pois em respeitados templos de
Voduns se afirma que Eowa é Nagô.
Eowá foi uma cobra muito má e por isso foi mandada
embora. Acabou por encontrar abrigo entre os Iorubas, que
a transformaram numa cobra boa e bela, – A metade
feminina de Oxumaré. Por esse motivo, Oxumaré e Ewá,
em qualquer ocasião, dançam juntos.
• Dia da semana: segunda-feira
• Cor: verde-mar e rosa (o tom é o rosa do cair da tarde)
• Símbolo: Arpão com uma serpente enrolada, por sua
ligação com Oxumarê.
• Comida: batata doce.
• Saudação: Rirró!

Mito de Ossanha

Ossaim era o filho caçula de Iemanjá e Oxalá e, desde


pequeno, vivia no mato. tinha uma habilidade especial
para tratar qualquer doença, por isso viajava pelo mundo
inteiro, sendo sempre recebido com carinho pelo rei de
cada tribo. ele recebeu de Olodumaré o segredo das
181
folhas; assim, sabia qual delas curava doenças, trazia vigor
ou deixava as pessoas mais calmas.
Os outros Orixás invejavam o irmão, pois não tinham esse
poder e dependiam de Ossãim para ter sucesso. ele
cobrava por qualquer trabalho, aceitando mel, fumo e
cachaça como pagamento pelas curas que realizava.
Xangô que era temperamental, não admitia depender dos
serviços de Ossãim, e por isso pediu a sua esposa Yansã,
Orixá que domina os ventos, para que as folhas voassem
em direção a todos os Orixás, para que cada qual
exercesse domínio sobre uma delas. Em meiio a ventania,
Ossãim repetia sem parar: "EU, EU ASSA!", que
Significava "OH, FOLHAS!". e com esse tipo de reza,
embora cada Orixá tenha se apossado de uma folha,
Ossãim evitou que seu poder fosse distribuído entre os
irmãos, pois só ele conhecia o axé de cada uma. delas e o
segredo de pronunciar essas palavras de maneira a
conservar o poder sobre elas. com sua sabedoria, ate hoje
Ossãim permanece o rei da florestas, sendo considerado o
Orixá da medicina..
Ossanha ordenou às folhas que voltassem às suas matas e
as folhas obedeceram às ordens de Ossanha. As que já
estavam em poder de Xangô perderam o axé, perderam o
poder de cura. O orixá-rei que era um orixá justo, admitiu
a vitória de Ossanha.
Entendeu que o poder das folhas devia ser exclusivo de
Ossanha e que assim deveria permanecer através dos
séculos. Ossanha contudo, deu uma folha para cada orixá,
deu uma Euê para cada um deles. Cada folha com seus
axés e seus ofós, que são as cantigas de encantamento,
sem as quais as folhas não funcionam. Ossanha distribuiu
182
as folhas aos orixás para que eles não mais o invejassem.
Eles também podiam realizar proezas com as ervas, mas
os segredos mais profundos ele guardou para si. Ossanha
não conta seus segredos pra ninguém, Ossanha nem
mesmo fala. Fala por ele seu criado Aroni. Os orixás
ficaram gratos a Ossanha e sempre o reverenciam quando
usam as folhas.
• Cor: verde escuro (cor do "sangue" das folhas)
• Dia da semana: quinta-feira
• Elemento: ar
• Símbolo: um ramo de folhas com um pássaro pousado,
indicando seus poderes de cura e de magia.
• Comida: milho
• Saudação: Ewê! Aça!

Mito de Iroko

Iroko
representa o
tempo. É a
árvore
primordial. A
primeira dádiva
da terra
(Oduduwa) aos
homens. Existe
desde o
princípio dos
tempos e a tudo assistiu, a tudo
183
resistiu, a tudo resistirá.
Iroko é a essência da vida reprodutiva. Do poder da terra.
Alguns mitos dizem que Iroko é o cajado de Oduduwa, a
Terra, que através dele ensina aos homens o sentido da
vida.
É também a permanência dentro da impermanência e
impermanência na permanência. O ciclo vital, que não
muda com o transcorrer da eternidade. A infinita e
generosa oferta que a natureza nos faz, desde que
saibamos reverencia-la e louvá-la. É também conhecido,
nos candomblés como "Tempo", embora esta seja uma
designação própria do rito angola. Diz o mito que no
princípio de tudo, a primeira árvore nascida, foi Iroco.
Iroko era capaz de muita magia, tanto para o bem quanto
para o mal, e se divertia atirando frutos aos pés das
pessoas que passavam.
Quando não tinha o que fazer, brincava com as pedras que
guardava nos ocos de seu tronco. Um dia, as mulheres de
uma aldeia próxima ficaram todas estéreis, por ação das
Iyami. Então elas foram á Iroko e pediram fertilidade.
Iroko, contudo, exigiu dádivas em troca, pois é preciso
abrir espaço para receber dons, como é preciso perder as
flores para receber os frutos. As mulheres concordaram e
prometeram muitos presentes. Uma delas, contudo, tendo
como única riqueza seu filho, prometeu dar a Iroko esta
criança. Quando engravidaram, as mulheres foram a Iroko
e fizeram as oferendas. Menos a que prometera a criança,
pois ela amava muito o filhinho.
Iroko ficou muito zangado. E aguardou o dia em que a
criança brincava ao redor dele e a raptou. Quando a mãe
foi buscar a criança, Iroko lembrou a mulher de sua
184
promessa, ameaçando matar o outro filho que lhe dera
caso ela retirasse "sua" criança dali. Então a mulher,
desesperada, procurou o babalaô, que jogando os búzios
sugeriu que ela mandasse fazer um boneco de madeira
com as feições de uma criança, banhasse com
determinadas ervas e quando Iroko estivesse dormindo,
substituísse a criança pelo boneco. E assim ela fez. Até
hoje pode-se ver, nas gameleiras brancas o bebe de Iroko,
repousando deitado em seus galhos.
Em sua copa vivem também as Iyami Oshorongá, as ajés
(feiticeiras) da floresta.
• Numero: 11
• Símbolo: grelha (representando as direções do tempo)
• Cor: verde/marrom
• Dia da semana: Quinta-Feira
• Comida: inhame, carneiro

Mito de Ibeji

Na África , as crianças representam a certeza da


continuidade, por isso os pais consideram seus filhos sua
maior riqueza.
A palavra Igbeji que dizer gêmeos. Forma-se a partir de
duas entidades distintas que cooexistem, respeitando o
princípio básico da dualidade.
Contam os Itãs (conjunto de lendas e histórias passados de
geração a geração pelos povos africanos), que os Igbejis
são filhos paridos por Iansã, mas abandonados por ela, que
os jogou nas águas. Foram abraçados e criados por Oxum
como se fossem seus próprios filhos. Doravante, os Igbejis
185
passam a ser saudados em rituais específicos de Oxum e,
nos grandes sacrifícios dedicados à deusa , também
recebem oferendas.
Entre as divindades africanas, Igbeji é o que indica a
contradição, os opostos que caminham juntos, a dualidade.
Igbeji mostra que todas as coisas, em todas as
circunstâncias, têm dois lados e que a justiça só pode ser
feita se as duas medidas forem pesadas, se os dois lados
forem ouvidos.
Na África, O Igbeji é indispensável em todos os cultos.
Merece o mesmo respeito dispensado a qualquer Orixá,
sendo cultuado no dia-a-dia. Igbeji não exige grandes
coisas, seus pedidos são sempre modestos; o que espera
como, todos os Orixás, é ser lembrado e cultuado. O poder
de Igbeji jamais podem ser negligenciado, pois o que um
Orixá faz Igbeji pode desfazer, mas o que um Igbeji faz
nenhum outro orixá desfaz. E mais: eles se consideram os
donos da verdade.

Os gêmeos (Ibeji entre os Yorubas e Hoho entre os Fon)


são objeto de culto. Não são nem Orixá e nem Vodun, mas
o lado extraordinário desses duplos nascimentos é uma
prova viva do princípio da dualidade e confirma que existe
neles uma parcela do sobrenatural, a qual recai em parte
na criança que vem ao mundo depois deles.
Recomenda-se tratar os gêmeos de maneira sempre igual,
compartilhando com muita igauldade entre os dois tudo o
que lhes for oferecido. Quando um deles morre com pouca
idade o costume exige que uma estatueta representando o
186
defunto seja esculpida e que a mãe a carregue sempre.
Mais tarde o gêmeo sobrevivente ao chegar à idade adulta
cuidará sempre de oferecer à efígie do irmão uma parte
daquilo que ele come e bebe. Os gêmeos são, para os pais
uma garantia de sorte e de fortuna.
Em uma lenda conta que existiam num reino dois
pequenos príncipes que traziam sorte a todos os problemas
e em troca pedia doces e brinquedos.
Esses meninos faziam muitas traquinagens e, um dia
brincando próximo a uma cachoeira, um deles caiu no rio
e morreu afogado. Todos do reino ficaram tristes pela
morte do príncipe.
O gêmeo que sobreviveu não tinha mais vontade de
comer e vivia chorando de saudades do seu irmão, pedia
sempre a Orumilá que o levasse para perto do seu irmão.
Sensibilizado pelo pedido, Orumilá resolveu leva-lo para
se encontrar com o irmão no Céu, deixando na terra duas
imagens de barro. Desde então todos que precisam de
ajuda deixam oferendas aos pés dessas imagens para ter
seus pedidos atendidos.
No Brasil e especialmente na Umbanda existe uma
confusão latente entre Ibeji e os Erês. É evidente que há
uma relação, mas não se trata da mesma entidade,
confundindo até mesmo como Orixá.
Ibeji, são divindades gêmeas, sendo costumeiramente
sincretizadas aos santos gêmeos católicos Cosme e
Damião.
Por serem gêmeos, são associados ao princípio da
187
dualidade; por serem crianças, são ligados a tudo que se
inicia e brota: a nascente de um rio, o nascimento dos
seres humanos, o germinar das plantas, etc.
Seus filhos são pessoas com temperamento infantil,
jovialmente inconseqüente; nunca deixam de ter dentro de
si a criança que já foram. Costumam ser brincalhonas,
sorridentes, irrequietas, tudo enfim que se possa associar
ao comportamento típico infantil. Muito dependentes nos
relacionamentos amorosos e emocionais em geral, podem
então revelar-se teimosamente obstinados e possessivos.
Ao mesmo tempo, sua leveza perante a vida se revela no
seu eterno rosto de criança e no seu modo ágil de se
movimentar, sua dificuldade em permanecer muito tempo
sentado, extravasando energia.
Podem apresentar bruscas variações de temperamento, e
certa tendência a simplificar as coisas, especialmente em
termos emocionais, reduzindo, à vezes, o comportamento
complexo das pessoas que estão em torno de si a
princípios simplistas como "gosta de mim" ou "não gosta
de mim". Isso pode fazer com que se magoem e se
decepcionem com certa facilidade. Ao mesmo tempo, suas
tristezas e sofrimentos tendem a desaparecer com
facilidade, sem deixar grandes marcas. Como as crianças
em geral, gostam de estar no meio de muita gente, das
atividades esportivas, sociais e das festas.
Crianças na Umbanda
Ibeiji no Batuque
Bêji no Xambá
188
A grande cerimônia dedicada a Ibeji acontece a 27 de
setembro, dia de Cosme e Damião, quando comidas como
caruru, vatapá, bolinhos, doces, balas (associadas às
crianças, portanto) são oferecidas tanto a eles como aos
freqüentadores dos terreiros.
Ibeji na nação Keto, ou Nvunji nas nações Angola e
Congo. É a divindade da brincadeira, da alegria; sua
regência está ligada à infância. Ibeji está presente em
todos os rituais do Candomblé pois, assim como Exu, se
não for bem cuidado pode atrapalhar os trabalhos com
suas brincadeiras infantis, desvirtuando a concentração
dos membros de uma Casa de Santo.
É a divindade que rege a alegria, a inocência, a
ingenuidade da criança. Sua determinação é tomar conta
do bebê até a adolescência, independente do Orixá que a
criança carrega. Ibeji é tudo de bom, belo e puro que
existe; uma criança pode nos mostrar seu sorriso, sua
alegria, sua felicidade, seu engatinhar, falar, seus olhos
brilhantes.
Na natureza, a beleza do canto dos pássaros, nas
evoluções durante o vôo das aves, na beleza e perfume das
flores. A criança que temos dentro de nós, as recordações
da infância. Feche os olhos e lembre-se de uma felicidade,
de uma travessura e você estará vivendo ou revivendo
uma lenda dessa divindade. Pois tudo aquilo de bom que
nos aconteceu em nossa infância, foi regido, gerado e
administrado por Ibeji. Portanto, ele já viveu todas as
felicidades e travessuras que todos nós, seres humanos,
vivemos.
189
A palavra Eré vem do yorubá, iré, que significa
"brincadeira, divertimento". Daí a expressão siré que
significa “fazer brincadeiras”. O Ere(não confundir com
criança que em yorubá é omodé) aparece
instantaneamente logo após o transe do orixá, ou seja, o
Ere é o intermediário entre o iniciado e o orixá. Durante o
ritual de iniciação, o Ere é de suma importância pois, é o
Ere que muitas das vezes trará as várias mensagens do
orixá do recém-iniciado.
O Ere na verdade é a inconsciência do novo omon-orixá,
pois o Ere é o responsável por muita coisa e ritos passados
durante o período de reclusão. O Ere conhece todas as
preocupações do iyawo (filho), também, aí chamado de
omon-tú ou “criança-nova”. O comportamento do iniciado
em estado de “Ere” é mais influenciado por certos
aspectos de sua personalidade, que pelo caráter rígido e
convencional atribuído a seu orixá. Após o ritual do
Orúko, ou seja, nome de iyawo segue-se um novo ritual,
ou o reaprendizado das coisas chamado Apanan.
Símbolos: 2 bonecos gêmeos, 2 cabacinhas, brinquedos;
Plantas: jasmim, maçã, alecrim, rosa
Dia: domingo e segunda-feira para nações Ketu e Jeju
Jexá;
Cor:azul , rosa, verde, mas na verdade gosta do colorido
em si.
Metal: estanho. Seus elementos: fogo, ar.
Saudação:Omi Beijada!.
Domínios: parto e infância. Amor união.
Comidas: caruru, cocada, cuscuz, frutas doces.
Animais: passarinhos.

190
Quizilas: morte, assobio.
Características: alegre, otimista, brincalhão, esperto,
trabalhador, imaturo, birrento, voraz.
O que faz: ajuda a resolver problemas de crianças, dá
harmonia na família, facilita uniões.
Riscos de saúde: alergias, problemas de nariz, raquitismo,
acidente

IYAMI OSHORONGÁ

Iyami Oshorongá é o termo que designa as terríveis ajés,


feiticeiras africanas, uma vez que ninguém as conhece por
seus nomes. As Iyami representam o aspecto sombrio das
coisas: a inveja, o ciúme, o poder pelo poder, a ambição, a
fome, o caos o descontrole. No entanto, elas são capazes
de realizar grandes feitos quando devidamente agradadas.
Pode-se usar os ciúmes e a ambição das Iyami em favor
próprio, embora não seja recomendável lidar com elas.
O poder de Iyami é atribuído às mulheres velhas, mas
pensa-se que, em certos casos, ele pode pertencer
igualmente a moças muito jovens, que o recebem como
herança de sua mãe ou uma de suas avós.
Uma mulher de qualquer idade poderia também adquiri-lo,
voluntariamente ou sem que o saiba, depois de um
trabalho feito por alguma Iyami empenhada em fazer
191
proselitismo.
Existem também feiticeiros entre os homens, os oxô,
porém seriam infinitamente menos virulentos e cruéis que
as ajé (feiticeiras).
Ao que se diz, ambos são capazes de matar, mas os
primeiros jamais atacam membros de sua família,
enquanto as segundas não hesitam em matar seus próprios
filhos. As Iyami são tenazes, vingativas e atacam em
segredo. Dizer seu nome em voz alta é perigoso, pois elas
ouvem e se aproximam pra ver quem fala delas, trazendo
sua influência.
Iyami é freqüentemente denominada eleyé, dona do
pássaro. O pássaro é o poder da feiticeira; é recebendo-o
que ela se torna ajé. É ao mesmo tempo o espírito e o
pássaro que vão fazer os trabalhos maléficos.
Durante as expedições do pássaro, o corpo da feiticeira
permanece em casa, inerte na cama até o momento do
retorno da ave. Para combater uma ajé, bastaria, ao que se
diz, esfregar pimenta vermelha no corpo deitado e
indefeso. Quando o espírito voltasse não poderia mais
ocupar o corpo maculado por seu interdito.
Iyami possui uma cabaça e um pássaro. A coruja é um de
seus pássaros. É este pássaro quem leva os feitiços até
seus destinos. Ele é pássaro bonito e elegante, pousa
suavemente nos tetos das casas, e é silencioso.
"Se ela diz que é pra matar, eles matam, se ela diz pra
levar os intestinos de alguém, levarão".
Ela envia pesadelos, fraqueza nos corpos, doenças, dor de
barriga, levam embora os olhos e os pulmões das pessoas,
dá dores de cabeça e febre, não deixa que as mulheres
engravidem e não deixa as grávidas darem à luz.
192
As Iyami costumam se reunir e beber juntas o sangue de
suas vítimas. Toda Iyami deve levar uma vítima ou o
sangue de uma pessoa à reunião das feiticeiras. Mas elas
têm seus protegidos, e uma Iyami não pode atacar os
protegidos de outra Iyami.
Iyami Oshorongá está sempre encolerizada e sempre
pronta a desencadear sua ira contra os seres humanos. Está
sempre irritada, seja ou não maltratada, esteja em
companhia numerosa ou solitária, quer se fale bem ou mal
dela, ou até mesmo que não se fale, deixando-a assim num
esquecimento desprovido de glória. Tudo é pretexto para
que Iyami se sinta ofendida.
Iyami é muito astuciosa; para justificar sua cólera, ela
institui proibições. Não as dá a conhecer voluntariamente,
pois assim poderá alegar que os homens as transgridem e
poderá punir com rigor, mesmo que as proibições não
sejam violadas. Iyami fica ofendida se alguém leva uma
vida muito virtuosa, se alguém é muito feliz nos negócios
e junta uma fortuna honesta, se uma pessoa é por demais
bela ou agradável, se goza de muito boa saúde, se tem
muitos filhos, e se essa pessoa não pensa em acalmar os
sentimentos de ciúme dela com oferendas em segredo. É
preciso muito cuidado com elas. E só Orunmilá consegue
acalmá-la.
Fonte: As Senhoras do Pássaro da Noite

AJALÁ
Ajalá é o oleiro primordial. A parte de Oxalá responsável
pela criação física dos homens, por seu corpo, sua cabeça
193
(onde vive Ori). Ele representa o aspecto mais orgânico do
ser humano; o tipo de barro, de maior ou menor qualidade,
mais ou menos cozido (o que implica maior ou menor
numero de problemas), mais claro ou escuro. Ajalá
mistura ao barro folhas, frutas, minérios, sangues e uma
série de materiais que determinam como será aquela
pessoa, como Ori poderá agir nela. Estes ingredientes,
com o tempo perdem o axé (energia) e precisam ser, de
vez em quando, repostos, o que é feito nos rituais do
candomblé, entre eles a iniciação. Diz um dos mitos que
Ajalá foi incumbido de moldar as cabeças dos homens
com a lama do fundo dos rios e outros elementos da
natureza. Ele moldava as cabeças e as punha para assar em
seu forno.
Ajalá tinha, contudo, o hábito de embriagar-se enquanto
cozia o barro e criou muitas cabeças defeituosas,
queimando algumas e deixando outras com o barro cru. A
causa dos problemas que muitas pessoas apresentam antes
de serem iniciadas viria exatamente de um ori cru, ou
queimado, ou mal proporcionado feito durante alguma
bebedeira de Ajalá. Como os orixás não gostam de
cabeças ruins, a pessoa ficaria desprotegida, sem a energia
do orixá. Depois que Ajalá terminava de fazer os oris
(cabeças) Obatalá soprava nelas e lhes dava eni, a vida.
Ajalá é considerado avatar de Oxalá, mantendo as mesmas
características. Não é cultuado. Apenas louvado.
194
Egum

Os negros iorubanos
originários da Nigéria
trouxeram para o Brasil o
culto dos seus ancestrais
chamados Eguns ou
Egunguns. Em Itaparica
(BA), duas sociedades
perpetuam essa tradição
religiosa.
Os cultos de origem africana
chegaram ao Brasil
juntamente com os escravos.
Os iorubanos - um dos
grupos étnicos da Nigéria,
resultado de vários
agrupamentos tribais, tais como Ketu, Oyó, Ijexá, Ifan e
Ifé, de forte tradição, principalmente religiosa - nos
enriqueceram com o culto de divindades denominadas
genericamente de orixás.(1 - Por motivos gráficos e para
facilitar a leitura, os termos em língua yorubá foram
aportuguesados. Ex.: orisá = orixá.)
Esses negros iorubanos não apenas adoram e cultuam suas
divindades, mas também seus ancestrais, principalmente
os masculinos. A morte não é o ponto final da vida para o
iorubano, pois ele acredita na reencarnação (àtúnwa), ou
seja, a pessoa renasce no mesmo seio familiar ao qual
pertencia; ela revive em um dos seus descendentes. A
195
reencarnação acontece para ambos os sexos; é o fato
terrível e angustiante para eles não reencarnar.
Os mortos do sexo feminino recebem o nome de Iami
Agbá (minha mãe anciã), mas não são cultuados
individualmente. Sua energia como ancestral é aglutinada
de forma coletiva e representada por Iami Oxorongá,
chamada também de Iá Nlá, a grande mãe. Esta imensa
massa energética que representa o poder de ancestralidade
coletiva feminina é cultuada pelas "Sociedades Geledê",
compostas exclusivamente por mulheres, e somente elas
detêm e manipulam este perigoso poder. O medo da ira de
Iami nas comunidades é tão grande que, nos festivais
anuais na Nigéria em louvor ao poder feminino ancestral,
os homens se vestem de mulher e usam máscaras com
características femininas, dançam para acalmar a ira e
manter, entre outras coisas, a harmonia entre o poder
masculino e o feminino (veja a lenda sobre Odu).
Além da Sociedade Geledê, existe também na Nigéria a
Sociedade Oro. Este é o nome dado ao culto coletivo dos
mortos masculinos quando não individualizados. Oro é
uma divindade tal qual Iami Oxorongá, sendo considerado
o representante geral dos antepassados masculinos e
cultuado somente por homens. Tanto Iami quanto Oro são
manifestações de culto aos mortos. São invisíveis e
representam a coletividade, mas o poder de Iami é maior
e, portanto, mais controlado, inclusive, pela Sociedade
Oro.
196
Outra forma, e mais importante de culto aos ancestrais
masculinos é
elaborada pelas
"Sociedades
Egungum". Estas
têm como
finalidade celebrar
ritos a homens que
foram figuras
destacadas em
suas sociedades ou
comunidades
quando vivos, para
que eles
continuem
presentes entre
seus descendentes
de forma
privilegiada,
mantendo na
morte a sua
individualidade.
Esse mortos surgem de forma visível mas camuflada, a
verdadeira resposta religiosa da vida pós-morte,
denominada Egum ou Egungum. Somente os mortos do
sexo masculino fazem aparições, pois só os homens
possuem ou mantém a individualidade; às mulheres é
negado este privilégio, assim como o de participar
diretamente do culto.
Esses Eguns são cultuados de forma adequada e específica
197
por sua sociedade, em locais e templos com sacerdotes
diferentes dos dos orixás. Embora todos os sistemas de
sociedade que conhecemos sejam diferentes, o conjunto
forma uma só religião: a iorubana.
No Brasil existem duas dessas sociedades de Egungum,
cujo tronco comum remonta ao tempo da escravatura: Ilê
Agboulá, a mais antiga, em Ponta de Areia, e uma mais
recente e ramificação da primeira, o Ilê Oyá, ambas em
Itaparica, Bahia (veja quadro histórico).
O Egum é a morte que volta à terra em forma espiritual e
visível aos olhos dos vivos. Ele "nasce" através de ritos
que sua comunidade elabora e pelas mãos dos Ojé
(sacerdotes) munidos de um instrumento invocatório, um
bastão chamado ixã, que, quando tocado na terra por três
vezes e acompanhado de palavras e gestos rituais, faz com
que a "morte se torne vida", e o Egungum ancestral
individualizado está de novo "vivo".

Lendas e Mitos Yorubás


Os textos litúrgicos aqui apresentados fazem parte do jogo
de Ifá, no qual seu senhor e oráculo, a divindade Orumilá,
nos ensina mitos e tradições que foram mantidos através
do próprio jogo. Esses conhecimentos, transmitidos a
todos oralmente, hoje se tornaram verdadeiras escrituras
sagradas (atualmente, vários pesquisadores já registraram
em livros as lendas colhidas oralmente entre os iniciados).
Através deles entendemos o porquê de certos ritos e
198
preceitos usados e conservados no dia-a-dia dos cultos.
Vários textos explicam o mesmo fato ou se
complementam, e à vezes de forma diferente e
aparentemente contraditória; mas isto é reflexo de se
terem originado em diferentes regiões. De uma forma ou
de outra, porém, chegam aos mesmos fundamentais
conceitos religiosos.

Origens
De quatro em quatro dias (uma semana iorubana), Iku (a
morte) vinha à cidade de Ilê Ifé munida de um cajado (opá
iku) e matava indiscriminadamente as pessoas. Nem
mesmo os orixás podiam com Iku.
Um cidadão chamado Ameiyegum prometeu salvar as
pessoas. Para tal, confeccionou uma roupa feita com
várias tiras de pano, em diversas cores, que escondia todas
as partes do seu corpo, inclusive a própria cabeça, e fez
sacrifícios apropriados. No dia em que a Morte apareceu,
ele e seus familiares vestiram as tais roupas e se
esconderam no mercado.
Quando a Morte chegou, eles apareceram pulando,
correndo e gritando com vozes inumanas, e ela,
apavorada, fugiu deixando cair seu cajado. Desde então a
Morte deixou de atacar os habitantes de Ifé.
Os babalaôs (adivinhos e sacerdotes de Orumilá) disseram
a Ameiyegum que ele e seus familiares deveriam adorar e
cultuar os mortos por todas as gerações, lembrando como
199
eles venceram a Morte.

Origem dos Oiê masculinos


Havia na cidade de Oyó um fazendeiro chamado Alapini,
que tinha três filhos chamados Ojéwuni, Ojésamni e
Ojérinlo. Um dia Alapini foi viajar e deixou
recomendações aos filhos para que colhessem os inhames
e os armazenassem, mas que não comessem um tipo
especial de inhame chamado 'ihobia', pois ele deixava as
pessoas com uma terrível sede. Seus filhos ignoraram o
aviso e o comeram em demasia. Depois, beberam muita
água e, um a um, acabaram todos morrendo.
Quando Alapini retornou, encontrou a desgraça em sua
casa. Desesperado, correu ao babalaô que jogou Ifá para
ele. O sacerdote disse que ele se acalmasse, e que após o
17º dia fosse ao ribeirão do bosque e executasse o ritual
que foi prescrito no jogo. Ele deveria escolher um galho
da árvore sagrada atori e fazer um bastão (assim é feito o
ixã). Na margem do ribeirão, deveria bater com o bastão
na terra e chamar pelos nomes dos seus filhos, que na
terceira vez eles apareceriam. Mas ele também não
poderia esquecer de antes fazer certos sacrifícios e
oferendas.
Assim ele o fez; seus filhos apareceram. Mas eles tinham
rostos e corpos estranhos; era então preciso cobri-los para
que as pessoas pudessem vê-los sem se assustar. Pediu que
seus filhos ficassem na floresta e voltou à cidade. Contou
o fato ao povo, e as pessoas fizeram roupas para ele vestir
200
seus filhos.
Desse dia em diante ele poderia ver e mostrar seus filhos a
outras pessoas; as belas roupas que eles ganharam
escondiam perfeitamente sua condição de mortos. Alapini
e seus filhos fizeram um pacto: em um buraco feito na
terra pelo seu pai (ojubô), no mesmo local do primeiro
encontro (igbo igbalé), ali seriam feitas as oferendas e os
sacrifícios e guardadas as roupas, para que eles as
vestissem quando o pai os chamasse através do ritual do
bastão.
Seguindo o pacto e as instruções do babalaô, de que
sempre que os filhos morressem fosse realizado o ritual
após o 17º dia, pais e filhos para sempre se encontraram.
E, para os filhos que ainda não tiverem roupas, é só pedir
às pessoas que elas as farão com imenso prazer.
Esta lenda é rica em detalhes, nos explica vários ritos e
títulos utilizados no culto.

Mitos Oyá e Egum


Oyá não podia ter filhos, e foi consultar o babalaô. Este
lhe disse, então, que, se fizesse sacrifícios, ela os teria.
Um dos motivos de não os ter ainda era porque ela não
respeitava o seu tabu alimentar (evó) que proibia comer
carne de carneiro. O sacrifício seria de 18.000 mil búzios
(o pagamento), muitos panos coloridos e carne de
carneiro. Com a carne ele preparou um remédio para que
ela o comesse; e nunca mais ela deveria comer desta
201
carne. Quanto aos panos, deveria ser entregues como
oferenda.
Ela assim fez e, tempos depois, deu à luz nove filhos
(número místico de Oyá). Daí em diante ela também
passou a ser conhecida pelo nome de 'Iyá omo mésan', que
quer dizer 'a mãe de nove filhos' e que se aglutina
'Iyansan'.
Há outra lenda para explicar o mito de Iansã: Em certa
época, as mulheres eram relegadas a um segundo plano
em suas relações com os homens. Então elas resolveram
punir seus maridos, mas sem nenhum critério ou limite,
abusando desta decisão, humilhando-os em demasia.
Oyá era a líder das mulheres, e elas se reuniram na
floresta. Oyá havia domado e treinado um macaco marrom
chamado ijimerê (na Nigéria). Utilizara para isso um
galho de atori (ixã) e o vestia com uma roupa feita de
várias tiras de pano coloridas, de modo que ninguém via o
macaco sob os panos.
Seguindo um ritual, conforme Oyá brandia o ixã no solo o
macaco pulava de uma árvore e aparecia de forma
alucinante, movimentando-se como fora treinado a fazer.
Deste modo, durante à noite, quando os homens por lá
passavam, as mulheres (que estavam escondidas) faziam o
macaco aparecer e eles fugiam totalmente apavorados.
Cansados de tanta humilhação, os homens foram ter com
um babalaô para tentar descobrir o que estava
acontecendo. Através do jogo de Ifá, e para punir as
mulheres, o babalaô lhes conta a verdade. Ele os ensina
202
como vencer as mulheres através de sacrifícios e astúcia.
Ogum foi o encarregado da missão. Ele chegou ao local
das aparições antes das mulheres. Vestiu-se com vários
panos, ficando totalmente encoberto, e se escondeu.
Quando as mulheres chegaram, ele apareceu subitamente,
correndo, berrando e brandindo sua espada pelos ares.
Todas fugiram apavoradas, inclusive Oyá.
Desde então os homens dominaram as mulheres e as
expulsaram para sempre do culto de Egum; hoje, eles são
os únicos a invocá-lo e cultuá-lo. Mas, mesmo assim, eles
rendem homenagem a Oyá, na qualidade de Igbalé, como
criadora do culto de Egum.
Convém notar que, no culto, Egum nasce no bosque da
floresta (igbo igbalé). No Brasil, no ilê awo, ele nasce no
quarto de balé, onde são colocadas oferendas de comidas e
realizadas cerimônias aos Eguns.
Oyá é também cultuada como mãe e rainha de Egum,
como Oyá Igbalé. E, como nos explica a lenda, Oyá, a
floresta e o macaco estão intimamente ligados ao culto,
inclusive em relação à voz do macaco como modo de o
Egum falar.
Odu Torna-se Yami

Nos primórdios da criação, Olodumarê, o Ser Supremo


que vive no orun, mandou vir ao aiyê (universo
203
conhecido) três divindades: Ogum (senhor do ferro),
Obarixá (senhor da criação dos homens) (2 - Um dos
orixás funfun, isto é, orixás que têm como principal
preceito o uso do branco nos ritos e nas oferendas; em
algumas regiões Obarixá é adotado como um cognome de
Oxalá) e Odu, a única mulher entre eles. Todos eles
tinham poderes, menos ela, que se queixou então a
Olodumarê. Este lhe outorgou o poder do pássaro contido
numa cabaça (igbá eleiye) e ela se tornou então, através do
poder emanado de Olodumarê, Iyá Won, nossa mãe para
eternidade (também chamada de Iami Oxorongá, minha
mãe Oxorongá). Mas Olodumarê a preveniu de que
deveria usar este grande poder com cautela, sob pena de
ele mesmo repreendê-la.
Mas ela abusou do poder do pássaro. Preocupado e
humilhado, Obarixá foi até Orumilá fazer o jogo de Ifá, e
ele o ensinou como conquistar, apaziguar e vencer Odu,
através de sacrifícios, oferendas e astúcia.
Obarixá e Odu foram viver juntos. Ele então lhe revelou
seus segredos e, após algum tempo, ela lhe contou os seus,
inclusive que adorava Egum. Mostrou-lhe a roupa de
Egum, o qual não tinha corpo, rosto nem tampouco falava.
Juntos eles adoraram Egum.
Aproveitando um dia quando Odu saiu de casa, ele
modificou e vestiu a roupa de Egum. Com um bastão na
mão, Obarixá foi à cidade (o fato de Egum carregar um
bastão revela toda a sua ira) e falou com todas as pessoas.
Quando Odu viu Egum andando e falando, percebeu que
foi Obarixá quem tornou isto possível. Ela reverenciou e
204
prestou homenagem a Egum e a Obarixá, conformando-se
com a supremacia dos homens e aceitando para si a
derrota. Ela mandou então seu poderoso pássaro pousar
em Egum, e lhe outorgou o poder: tudo o que Egum disser
acontecerá. Odu retirou-se para sempre do culto de
Egugun.
O conjunto homem-mulher dá vida a Egum
(ancestralidade), mas restringe seu culto aos homens, os
quais, todavia, prestam homenagem às mulheres,
castigadas por Olodumarê através dos abusos de Odu.
Também por esta razão é que as mulheres mortas são
cultuadas coletivamente, e somente os homens têm direito
à individualidade, através do culto de Egum
A aparição dos Eguns é cercada de total mistério, diferente
do culto aos orixás, em que o transe acontece durante as
cerimônias públicas, perante olhares profanos, fiéis e
iniciados. O Egungum simplesmente surge no salão,
causando impacto visual e usando a surpresa como rito.
Apresenta-se com uma forma corporal humana totalmente
recoberta por uma roupa de tiras multicoloridas, que caem
da parte superior da cabeça formando uma grande massa
de panos, da qual não se vê nenhum vestígio do que é ou
de quem está sob a roupa. Fala com uma voz gutural
inumana, rouca, ou às vezes aguda, metálica e estridente -
característica de Egum, chamada de séègí ou sé, e que está
relacionada com a voz do macaco marrom, chamado
ijimerê na Nigéria (veja lendas de Oyá).
As tradições religiosas dizem que sob a roupa está
somente a energia do ancestral; outras correntes já
205
afirmam estar sob os panos algum mariwo (iniciado no
culto de Egum) sob transe mediúnico. Mas, contradizendo
a lei do culto, os mariwo não podem cair em transe, de
qualquer tipo que seja. Pelo sim ou pelo não, Egum está
entre os vivos, e não se pode negar sua presença,
energética ou mediúnica, pois as roupas ali estão e isto é
Egum.
A roupa do Egum - chamada de eku na Nigéria ou opá na
Bahia -, ou o Egungum propriamente dito, é altamente
sacra ou sacrossanta e, por dogma, nenhum humano pode
tocá-la. Todos os mariwo usam o ixã para controlar a
"morte", ali representada pelos Eguns. Eles e a assistência
não devem tocar-se, pois, como é dito nas falas populares
dessas comunidades, a pessoa que for tocada por Egum se
tornará um "assombrado", e o perigo a rondará. Ela então
deverá passar por vários ritos de purificação para afastar
os perigos de doença ou, talvez, a própria morte.
Ora, o Egum é a materialização da morte sob as tiras de
pano, e o contato, ainda que um simples esbarrão nessas
tiras, é prejudicial. E mesmo os mais qualificados
sacerdotes - como os ojé atokun, que invocam, guiam e
zelam por um ou mais Eguns - desempenham todas essas
atribuições substituindo as mãos pelo ixã.
Os Egum-Agbá (ancião), também chamados de Babá-
Egum (pai), são Eguns que já tiveram os seus ritos
completos e permitem, por isso, que suas roupas sejam
mais completas e suas vozes sejam liberadas para que eles
possam conversar com os vivos. Os Apaaraká são Eguns
mudos e suas roupas são as mais simples: não têm tiras e
206
parecem um quadro de pano com duas telas, uma na frente
e outra atrás. Esses Eguns ainda estão em processo de
elaboração para alcançar o status de Babá; são traquinos e
imprevisíveis, assustam e causam terror ao povo.
O eku dos Babá são divididos em três partes: o abalá, que
é uma armação quadrada ou redonda, como se fosse um
chapéu que cobre totalmente a extremidade superior do
Babá, e da qual caem várias tiras de panos coloridas,
formando uma espécie de franjas ao seu redor; o kafô,
uma túnica de mangas que acabam em luvas, e pernas que
acabam igualmente em sapatos; e o banté, que é uma tira
de pano especial presa no kafô e individualmente decorada
e que identifica o Babá.
O banté, que foi previamente preparado e impregnado de
axé (força, poder, energia transmissível e acumulável), é
usado pelo Babá quando está falando e abençoando os
fiéis. Ele sacode na direção da pessoa e esta faz gestos
com as mãos que simulam o ato de pegar algo, no caso o
axé, e incorporá-lo. Ao contrário do toque na roupa, este
ato é altamente benéfico. Na Nigéria, os Agbá-Egum
portam o mesmo tipo de roupa, mas com alguns
apetrechos adicionais: uns usam sobre o alabá mascaras
esculpidas em madeira chamadas erê egungum; outros,
entre os alabá e o kafô, usam peles de animais; alguns
Babá carregam na mão o opá iku e, às vezes, o ixã. Nestes
casos, a ira dos Babás é representada por esses
instrumentos litúrgicos.
Existem várias qualificações de Egum, como Babá e
Apaaraká, conforme sus ritos, e entre os Agbá, conforme
207
suas roupas, paramentos e maneira de se comportarem. As
classificações, em verdade, são extensas.
Nas festas de Egungum, em Itaparica, o salão público não
tem janelas, e, logo após os fiéis entrarem, a porta
principal é fechada e somente aberta no final da
cerimônia, quando o dia já está clareando. Os Eguns
entram no salão através de uma porta secundária e
exclusiva, único local de união com o mundo externo.
Os ancestrais são invocados e eles rondam os espaços
físicos do terreiro. Vários amuxã (iniciados que portam o
ixã) funcionam como guardas espalhados pelo terreiro e
nos seus limites, para evitar que alguns Babá ou os
perigosos Apaaraká que escapem aos olhos atentos dos
ojés saiam do espaço delimitado e invadam as redondezas
não protegidas.
Os Eguns são invocados numa outra construção sacra,
perto mas separada do grande salão, chamada de ilê awo
(casa do segredo), na Bahia, e igbo igbalé (bosque da
floresta), na Nigéria. O ilê awo é dividido em uma ante-
sala, onde somente os ojé podem entrar, e o lèsànyin ou
ojê agbá entram.
Balé é o local onde estão os idiegungum, os assentamentos
- estes são elementos litúrgicos que, associados,
individualizam e identificam o Egum ali cultuado - , e o
ojubô-babá, que é um buraco feito diretamente na terra,
rodeado por vários ixã, os quais, de pé, delimitam o local.
Nos ojubô são colocadas oferendas de alimentos e
sacrifícios de animais para o Egum a ser cultuado ou
208
invocado. No ilê awo também está o assentamento da
divindade Oyá na qualidade de Igbalé, ou seja, Oyá Igbalé
- a única divindade feminina venerada e cultuada,
simultaneamente, pelos adeptos e pelos próprios Eguns
(veja Mitos Oyá-Egum).
No balé os ojê atokun vão invocar o Egum escolhido
diretamente no assentamento, e é neste local que o awo
(segredo) - o poder e o axé de Egum - nasce através do
conjunto ojê-ixã/idi-ojubô. A roupa é preenchida e Egum
se torna visível aos olhos humanos.
Após saírem do ilê awo, os Eguns são conduzidos pelos
amuxã até a porta secundária do salão, entrando no local
onde os fiéis os esperam, causando espanto e admiração,
pois eles ali chegaram levados pelas vozes dos ojê, pelo
som dos amuxã, brandindo os ixã pelo chão e aos gritos de
saudação e repiques dos tambores dos alabê (tocadores e
cantadores de Egum). O clima é realmente perfeito.
O espaço físico do salão é dividido entre sacro e profano.
O sacro é a parte onde estão os tambores e seus alabê e
várias cadeiras especiais previamente preparadas e
escolhidas, nas quais os Eguns, após dançarem e
cantarem, descansam por alguns momentos na companhia
dos outros, sentados ou andando, mas sempre unidos, o
maior tempo possível, com sua comunidade. Este é o
objetivo principal do culto: unir os vivos com os mortos.
Nesta parte sacra, mulheres não podem entrar nem tocar
nas cadeiras, pois o culto é totalmente restrito aos homens.
Mas existem raras e privilegiadas mulheres que são
exceção, como se fosse a própria Oyá; elas são geralmente
209
iniciadas no culto dos orixás e possuem simultaneamente
oiê (posto e cargo hierárquico) no culto de Egum - estas
posições de grande relevância causam inveja à
comunidade feminina de fiéis. São estas mulheres que
zelam pelo culto, fora dos mistérios, confeccionando as
roupas, mantendo a ordem no salão, respondendo a todos
os cânticos ou puxando alguns especiais, que somente elas
têm o direito de cantar para os Babá. Antes de iniciar os
rituais para Egum, elas fazem uma roda para dançar e
cantar em louvor aos orixás; após esta saudação elas
permanecem sentadas junto com as outras mulheres. Elas
funcionam como elo de ligação entre os atokun e os Eguns
ao transmitir suas mensagens aos fiéis. Elas conhecem
todos os Babá, seu jeito e suas manias, e sabem como
agradá-los(ver quadro: oiê femininos).
Este espaço sagrado é o mundo do Egum nos momentos
de encontro com seus descendentes. Assistência está
separada deste mundo pelos ixã que os amuxã colocam
estrategicamente no chão, fazendo assim uma divisão
simbólica e ritual dos espaços, separando a "morte" da
"vida". É através do ixã que se evita o contato com o
Egun: ele respeita totalmente o preceito, é o instrumento
que o invoca e o controla. às vezes, os mariwo são
obrigados a segurar o Egum com o ixã no seu peito, tal é a
volúpia e a tendência natural de ele tentar ir ao encontro
dos vivos, sendo preciso, vez ou outra, o próprio atokun
ter de intervir rápida e rispidamente, pois é o ojê que por
ele zela e o invoca, pelo qual ele tem grande respeito.
O espaço profano é dividido em dois lados: à esquerda
ficam as mulheres e crianças e à direita, os homens. Após
210
Babá entrar no salão, ele começa a cantar seus cânticos
preferidos, porque cada Egum em vida pertencia a um
determinado orixá. Como diz a religião, toda pessoa tem
seu próprio orixá e esta característica é mantida pelo
Egum. Por exemplo: se alguém em vida pertencia a
Xangô, quando morto e vindo com Egum, ele terá em suas
vestes as características de Xangô, puxando pelas cores
vermelha e branca. Portará um oxê (machado de lâmina
dupla), que é sua insígnia; pedirá aos alabês que toquem o
alujá, que também é o ritmo preferido de Xangô, e dançará
ao som dos tambores e das palmas entusiastas e
excitantemente marcadas pelo oiê femininos, que também
responderão aos cânticos e exigirão a mesma animação
das outras pessoas ali presentes.
Babá também dançará e cantará suas próprias músicas,
após ter louvado a todos e ser bastante reverenciado. Ele
conversará com os fiéis, falará em um possível iorubá
arcaico e seu atokun funcionará como tradutor. Babá-
Egum começará perguntando pelos seus fiéis mais
freqüentes, principalmente pelos oiê femininos; depois,
pelos outros e finalmente será apresentado às pessoas que
ali chegaram pela primeira vez. Babá estará orientando,
abençoando e punindo, se necessário, fazendo o papel de
um verdadeiro pai, presente entre seus descendentes para
aconselhá-los e protegê-los, mantendo assim a moral
disciplina comum às suas comunidades, funcionando
como verdadeiro mediador dos costumes e das tradições
religiosas e laicas.
Finalizando a conversa com os fiéis e já tendo visto seus
filhos, Babá-Egum parte, a festa termina e a porta
211
principal é aberta: o dia já amanheceu. Babá partiu, mas
continuará protegendo e abençoando os que foram vê-lo.
Esta é uma breve descrição de Egungum, de uma festa e
de sua sociedade, não detalhada, mas o suficiente para um
primeiro e simples contato com este importante lado da
religião. E também para se compreender a morte e a vida
através das ancestralidades cultuadas nessas comunidades
de Itaparica, como um reflexo da sobrevivência direta,
cultural e religiosa dos yorubanos da Nigéria.

Os 16 Odus

O Odú é um termo africano do dialeto Yorubá e Fon que


determina o DNA espiritual de uma pessoa ou local e
situação. Tem sua origem na própria criação do mundo e
muitos deles não tiveram sua origem na terra. Foi a forma
técnica que os sacerdotes das tribos africanas encontraram
para decodificarem os enigmas e os segredos do universo
e do ambiente que os cercava.
O Jogo-de-Búzios e os Odus correspondentes a eles foi
instituido por Oduduwá, que investiu um sacerdote
chamado SETILU, o qual entronizou a divindade
Orúnmilá ou Baba Elérin Ipin que significa "O Céu me
fala" ou a Fala do Céu. Setilu então, estebeleceu as regras
da leitura desse jogo que passou a se chamar IFÁ, na
realidade o verdadeiro nome de Setilú. Setilu criou
sacerdotes, especialistas na leitura desses jogos, a quem
chamamos de Babalawô, ou seja "pai, senhor dos
212
mistérios e segredos". E somente os babalawos fazem a
leitura dos jogos. Oduduwa tendo o conhecimento do jogo
de "perguntas e respostas" (Urim e Purim) dos hebreus,
adaptou-o ao sistema africano e codificou-o para entregar
o segredo a Setilú, tanto no sistema de "Opélé Ifá", como
Ení Ifá e Fu-Fú. Estabeleceu-se imediatamente os dois
tipos de leituras que seriam passados às gerações futuras
com o nome de Ifá Igbá Ilá e Ifá Obé Keruáti.
Como se divide os Odus?
O Odú se divide em duas partes: Pupa (vermelho) e
Funfun (branco) – Ou ainda em positivo ou negativo.
Ambos, Pupa e Funfun se alternam no posicionamento,
invertendo suas posições. Isto significa que o Odú que
hoje está Pupa, amanhã ou na semana que vem poderá
estar Funfun.

Como responde um Odu?


O Odú responde através do Jogo-de-Búzios (16 búzios)
mediante suas “caídas” na peneira ou toalha de jogo. O
Odú tanto usa os búzios como as castanhas de Ifá (8
metades) conhecida por Opelé Ifá.

Existem dezasseis Odu maiores no "Odù Ifá literary


213
corpus" ('livros'). Quando combinados, existem um total
de 256 Odu acreditando referir-se todas as situações,
circunstâncias, ações e conseqüências na vida. Estes
constituem a base do conhecimento tradicional Yoruba
espiritual e são a base de todos os sistemas de adivinhação
Yoruba.
Onde (I) é uma conta ímpar ou um resultado de "cabeça",
os dezesseis padrões básicos e seus nomes Yoruba figuram
na barra lateral (observe esta é apenas uma forma de
ordená-los, isso muda dependendo da área na Ningéria, ou
da diáspora. Uma outra forma utilizada em Ibadan, e Cuba
é: Ejiogbe, Oyekun meji, Iwori Meji, Idi Meji, Irosun
Meji, Oworin Meji, Obara Meji, Okanran Meji, Ogunda
Meji, Osa Meji, Ika Meji, Oturupon Meji, Otura Meji,
Irete Meji, Oshe Meji, Ofun Meji. Heepa Odu! Isto é
importante notar como ele muda o desfecho de certas
partes da leitura).

Odu é um conceito do Culto de Ifá mas também usado no


candomblé, interpretado no merindilogun, na caida de
búzios.
Opon Meridilogun.
1. Um búzio aberto - Okaran
2. Dois búzios abertos - Ejokô
3. Três búzios abertos - Etaogundá
4. Quatro búzios abertos - Irosun
5. Cinco búzios abertos - Oxê
6. Seis búzios abertos - Obará
7. Sete búzios abertos - Ôdi
214
8. Oito búzios abertos - Êjioníle
9 Nove búzios abertos - Ossá
9. Dez búzios abertos - Ôfun
10.Onze búzios abertos - Ôwarin
11.Doze búzios abertos - Êjilaxeborá
12.Treze búzios abertos - Êjilobon
13.Quatorze búzios abertos - Iká
14.Quinze búzios abertos - Obéogundá
15.Dezesseis búzios abertos - Êjibé

No sistema Ifá, que é o sistema de adivinhação yorubá, os


16 odus são os caminhos da vida. Cada pessoa tem o seu
odu.
O sistema, geomântico, usa 16 conchas, ou grãos, ou
cocos, conforme a região. A forma de lançar os búzios
possibilita 256 combinações ou figuras, e para cada uma
delas existem versos que são decorados pelo babalaô. O
sistema, hereditário, exige longo aprendizado e provas.
Faça as contas com a data real do seu nascimento e veja
abaixo qual é o seu Odú regente.

Faça as contas, exemplo: se você nasceu em 25/04/68


some= 2+5+4+1+9+6+8=35=8 então seu odú é 08 =
3+5=8 então seu Odú é 08.

1. OKANRAN Odú regido por Exu. Você parece ser


agressivo, mas na verdade está apenas lutando para
215
preservar a independência da qual muito se orgulha. Você
não poupa esforços para atingir seus objetivos, mas deve
tomar cuidado para não arrumar inimigos à toa.

2. EJI-OKÔ Odu regido por Ibeji e Obá. Você se


mostra calmo no comportamento e seguro nas decisões,
mas na sua mente sempre existem dúvidas. Não tenha
medo de externar estas incertezas. Como muitas pessoas o
amam, você acabará recebendo bons conselhos.

3. ETÁ OGUNDÁ Odu regido por Ogum. A obstinação


que se traduz em agitação e inconformismo, é uma das
suas principais características. Mas, se usar suas
qualidades, como a coragem, criatividade e a
perseverança, conseguirá o que mais anseia: o poder e o
sucesso.

4. IROSUN Odu regido por Iemanjá e pelos eguns.


Sempre sereno e disposto a ver tudo com muita clareza e
objetividade, você sabe resolver situações confusas ou
tumultuadas. Tem plena consciência da sua força moral e
não hesita em usá-la para atingir todas as suas metas.
5. OXÉ Odu regido por Oxum. Sensível e sempre
atento, você é uma pessoa sempre disposta a proporcionar
alegria aos outros. Mas há momentos nos quais
você precisa de isolamento para poder refletir, pois preza
muito sua liberdade e, sobretudo, seu, crescimento.

6. OBARÁ Odu regido por Xangô e Oxossi. Você luta


com unhas e dentes pelo que quer e geralmente consegue
216
muito sucesso material. Mas, no amor precisa entender
que não pode exigir demais dos outros.

7. ODI Odu regido por Obaluaê. Você realmente está


satisfeito com o que consegue. Mas não fica se
lamentando. Prefere ir à luta. Caso aprenda com clareza
seus objetivos, alcançará grandes êxitos.

8. EJI-ONILE Odu regido por Oxaguiã. Sua agilidade


mental faz de você uma pessoa falante e muito ativa. Além
disso, você gosta de poder e prestígio e chega a sentir
inveja de quem está em melhor situação. Mas seu senso de
justiça o impede de prejudicar quem quer que seja.

9. OSSÁ Odu regido por Iemanjá. Você é uma pessoa


que gosta de estudar cuidadosamente todas as coisas e sua
larga visão de mundo em busca do conhecimento interior.
Se quiser alcançar o sucesso, precisa tomar cuidado de
manter alguma ordem no seu dia a dia.

10. OFUN Odu regido por Oxalufã. Seu jeitão


rabugento é apenas um escudo para que os outros não
abusem da sua vontade e da sua sensibilidade. No fundo,
você é uma pessoa serena, que se adapta aos autos e
baixos da vida.

11. OWANRIN Odu regido por Iansã e Exu. A pressa e


a coragem são suas características. Tenso e agitado, você
nunca fica muito tempo no mesmo lugar, a não ser que se
sinta obrigado. Pode não obter grande sucesso material,
mas a vida
217
sempre lhe reserva muitas alegrias.

12. ELI-LAXEBORÁ Odu regido por Xangô. Sua


principal virtude é o amor à justiça, que algumas vezes se
transforma em intolerância com os erros alheios. Nessas
ocasiões, você deve se voltar para outras de suas
qualidades: a dedicação, que lhe permite ajudar todas as
pessoas.

13. EJI-OLOGBON Odu regido por Nanã e Obaluaê.


Você está quase sempre um pouco deprimido. Só faz o que
quer quando quer o como quer. Mas, como tem
grande capacidade de reflexão, acaba se adaptando e
consegue viver bem com os outros.

14. IKÁ-ORI Odu regido por Oxumaré e Ewá.


Paciência e sabedoria são suas principais características.
Versátil, você se dá bem em qualquer atividade. Poderá
passar por provações materiais e sentimentais, mas sempre
saberá reencontrar o caminho para felicidade.

15. OGBÉ-OGUNDÁ Regido pelo orixá Tempo. Você


uma pessoa rebelde e cheia de vontades, que muitas vezes
não resiste a defender seu ponto de vista
mesmo depois que percebe que está errado. Por isso, deve
tomar cuidado para não se deixar dominar pelo
nervosismo.

16. ALAFIÁ Odu regido por Oxalá e Orumilá. Suas


principais características são a tranqüilidade e alegria.
Amante da paz, você cria um clima de harmonia á sua
218
volta. Se mantiver o equilíbrio, sem dúvida alcançará o
sucesso.

Algumas Orações em Yorubá

Adura Ogun (na língua Yoruba)


Ogun pele o,
Edun irin,
Ogun okunrin ogun.
Enii ti somo emia dolola,Gbigbe ni o gbe mi bi o ti
gbe Akinoro ti o fi kole ola fun,
Ogun awoo alakaiye osin imole,
Egbe lehin eni anda loro.Ogun gbe mi o,
Ogun ma pami, omo elomiran
ni ki o pa.
Ogun, emi beru reOgun so mi di olowo, somi di oloro,Iwo
ni olona ola,
Toribe ki o wa la ona ola fun mi.Ki o si maa da abo re
bomi titi lai.
Ase
Adura Ogun (na língua Portuguesa)
Ogum, te saúdo
Dono de matérias de ferro,
Ogum da guerra,
Você que torna as pessoas para
que sejam ricas,
Ogum me enriqueça como
você enriqueceu Akinoro e
219
fez dele um homem forte do
mundo, o maior no mundo,
Você que é protetor daqueles
que são feridos.
Ogum me salva,
Ogum não me mate, mate
o filho de outro.
Ogum, eu tenho medo de você
Ogum me torna rico, me torna
próspero,
Favor Ogum, abre o caminho
de bondade, ajuda e da prosperidade,
Você é o dono das riquezas,
Assim, me abre o caminho da
prosperidade.
Para que você me proteja para sempre.
Axé
As Oferendas - Mariwo, Obi, Galo, Igbin, Azeite de
Dendê, Banana Frita, Vinho de palma e Feijão
torrado.
Adura Ode (na língua Yoruba)
Ode Amoji elere,
Otiti, ami-ilu-wo-bi ojo,
Ari-sokoto-penpe-gbon-eni ona
Ikire
Bo ba gbo, ma da miran si.
Alaja, amu owenu-obo,
220
Baba ni fikifiki ekun, ako oru,
Onile iku, maa je ki nri o,
Asindele laa sinmo eni,
Jowo dabo bo mi,
Maa jeki owo won mi
Maa jeki owo won mi
Wa fun mi ni alafia,
Emi be o, wa so ibanuje mi dayo,
Fun mi ni abo re to ni
pon ki o somi idi oloro
Ase.
Adura Ode (na língua Portuguesa)
Ode Amoji elere,
Pessoa forte que sacode a
cidade,
Pessoa que veste bermuda
nas estradas molhadas da cidade
do Ikire,
Se forem rasgadas, ele tem outras
Ode tem cachorros que matam
owe (um animal) e os macacos,
Meu pai, o forte leopardo,
que não tem medo da madrugada,

Você que guarda morte em casa,


favor não me deixe ver

221
você de mau humor,
Você que proteja seus filhos,
Favor me proteja,
Não deixa faltar dinheiro,
Não deixa faltar filhos,
Me dê a paz,
Eu te peço, torna minha tristeza
em alegria,
Me dê a sua forte proteção
e que me torne próspero.
Axé.
As Oferendas - Acassa, Ekuru, Acarajé, Pombos e
Galinha.
Adura Oya (na língua Yoruba)
Iyawo Obakoso,
Odo kun ko kun, ko si
eniti Oya ko le gbe lo,
Maa jeki gbe mi lo,
Maa jeki nku iku odo,
Maa jeki nku iku ina,
Iya mi borokinni,
Jowo emi nfe oro lati
Odo re,
Emi nfe alafia,
222
Emi nfe ailera,
Emi nfe ilosiwaúu,
Iyawo onibon-orun, jowo
somi di oloro.
Ase.
Adura Oia (na língua Portuguesa)

Esposa de Obakoso (Xangô)


O rio enche ou não, não há
ninguém que Oia não leve,
Não deixe o rio me levar.
Não me deixe morrer afogado,
Não me deixe morrer no fogo,
Minha mãe é bonita,
Eu quero prosperidade de você,
Eu quero paz,
Eu quero saúde,
Eu quero progresso,
Esposa de dono da trovoada
no céu (Xangô), favor faça-me rico.
Axé.
As Oferendas - Acarajé, Oole (feito com feijão
branco), Cabra e Galinha.
223
Adura Yemoja (na língua Yoruba)
Yemoja ooo,
Wa gbo ebe mi,
Iwo ti nfun eniti nwa
omo ni omo,
Jowo mo pe o, fun mi
ni omo,
So mi di oloro,
Yemoja, yeye awon eja,
fi abo re bo mi,
Ki iku, jowo so ekun mi
dayo.
Ase.
Adura de Iemanja (na língua Portuguesa)
Mãe Iemanjá
Ouça meu clamor,
Você quem dará filhos para
quem querem,
Por favor me dê filhos,
Me torna próspero,
Yemanjá, mãe dos peixes me
proteja com a sua proteção,
Para que a morte e doenças
não entre na minha casa.
224
Minha mãe, favor tornar os
meus choros e sofrimentos
em alegrias.
Axé.
As Oferendas - Milho, Cará, Cará, Galinha, Pata,
Galinha de Angola.

Oração de Justo Juiz

Justo Juiz de Nazaré, filho da Virgem Maria que em


Belém fostes nascido entre os idólatras.
Eu vos peço senhor pelo vosso sexto dia, que meu corpo
não seja preso nem ferido e nem morto, e nem pelas
justiça em volta.
Paz tercum, paz tercum, paz recum.
Cristo assim disse aos seus discípulos , se meus inimigos
vierem para me prender, terão olhos e não me verão, terão
ouvidos e não me ouvirão, terão boca e não me falarão,
terão pés e não me alcançarão.
Com as armas de São Jorge serei armado, com á espada
de Abraão serei coberto, com o leite da Virgem Maria
borrifado, como sangue de Nosso Senhor Jesus serei
batizado, na Arca de Noé serei arrecadado, e com as
chaves de São pedro serei fechado. Onde não me possa
ver nem ferir e nem me matar, e nem meu sangue tirar.
Também vos peço senhor por aquele três cálice bentos,
por aqueles três padres revertidos, por aquelas três hórtias
consagradas, que consagrastes ao terceiro dia, que me dê a
225
doce companhia que Deus deu a Virgem Santa Maria,
desde a casa santa de Belém ate Jerusalém.
Deus diante paz na guia.
Deus e teu pai, a Virgem santa Maria e tua.
Com as armas de São Jorge serei armado, com a espada de
São Thiago serei guardado.
Amém!

Oração ao pai Oxalá

Pai Oxalá, tu que criastes o Céu e a terra, tu meu pai que


com sua misericórdia nos ouvistes em nossas agonias.
Nos dê o sustento, a força, á Humildade, a Fé, a
esperança, a vida, a paz.
Nos cubra com seu amor, e com seus mensageiros
espirituais, nos ensine a amar nosso semelhante, para que
cada dia, nos podermos subir os degrais da evolução.
Não permita meu pai, que nossos corações indecisos nos
traia.
Não permita senhor, que nossos caminhos, nos levam
para á escuridão.
E que cada dia seja a prova de que tu e Deus, e além de
ser Deus, o senhor e pai e criador.
Amém!

Meditação do Pai Nosso

Será inútil dizer "Pai Nosso" se em minha vida não ajo


como filho de Deus, fechando meu coração ao Amor.
226
Será inútil dizer "Que estás no Céu" se os meus valores
são representados pelos bens da terra.
Será inútil dizer " Santificado seja vosso nome" se penso
em ser cristão por medo, superstição e comodismo.
Será inútil dizer " venha nos vosso reino" se acho tão
sedutora a vida aqui cheia de supérfluos e futilidade.
Será inútil dizer "Seja feita vossa vontade assim na terra
como no Céu" se no Mundo desejo mesmo e que todos
meu desejos se realizem.
Será inútil dizer " O pão nosso de cada dia nos Dai hoje"
se prefiro acumular riquezas, desprezando meus irmãos
que passam fome.
Será inútil dizer " perdoais as nossas ofensas assim como
nós perdoamos a quem nos tem ofendidos" se não me
importo em ferir, injustiçar, oprimir e magoar aos que
atravessam meu caminho.
Será inútil dizer "E não nos deixe cair em tentação" se
escolho sempre o caminho mais fácil, que nem sempre e o
caminho de Deus.
Será inútil dizer "Livrai-nos do Mal" se por minha própria
vontade procuro o erro, e tudo que é proibido me seduz.
Será inútil dizer "Amém" Porque sabendo que sou assim,
continuo me emitindo e nada faço para me modificar.
Será inútil dizer "VOU MUDAR AMANHÃ" Se posso
começar AGORA.

227

Reflexição

"Perguntaram ao Dalai-Lama:
- O que mais o surpreende na humanidade?

Ele respondeu:
- Os homens... porque perdem a saúde para juntar
dinheiro, depois perdem dinheiro para recuperar a saúde.
E por pensarem ansiosamente no futuro, esquecem-se do
presente de tal forma que acabam por não viver nem o
presente nem o futuro.
E vivem como se nunca fossem morrer...
... e morrem como se nunca tivessem vivido."
O que e seita, religião, heresia e mitologia?

RELIGIÃO vem do Latim "Reli-Gare" que significa


Religação com o Divino. Essa definição engloba
necessariamente qualquer forma de aspecto Místico e
Religioso, abrangendo qualquer forma Mística, mitológica
e seitas, e qualquer outra forma de pensamento metafísico,
ou seja de além do mundo físico.

SEITA que vem do latim"SECTA" nada mais é do que um


segmento minoritário de uma Religião predominante.

HERESIA nada mais e do que um conteúdo que vai contra


a estrutura teórica de uma religião predominante. Como
no começo do cristianismo, que foi uma Heresia do
Judaísmo.

MITOLOGIA e uma coleção de contos e lendas com uma


concepção mística em comum, sendo parte integrante de
uma religião, mas suas formas variam grandemente
dependendo da estrutura fundamental da crença religiosa.
Não há religião sem mitos, mas podem existir mitos que
não participem de uma religião.

MÍSTICA pode ser entendida como qualquer coisa que


diga respeito a um plano sobre material. Um "Mistério".

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