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A NAÇÃO OMOLOKO

Certos da importância da cultura negra e ameríndia em nosso país


decidimos compartilhar as informações que foram pesquisadas sobre o ritual
religioso conhecido como Nação de Omoloko. Como em todos os rituais que
compõem a religião afro-ameríndia-brasileira, há variações entre uma casa de
culto e outra onde o ritual de nação Omoloko é praticado.
A importância de se conhecer um pouco desse ritual está ligada a
própria histó ria do NEGRO e do ÍNDIO em nosso país. Tradicionalmente
européia, Santa Catarina registra em seu passado histórico um forte domínio
da cultura branca, a começar pelos próprios portugueses açorianos que
povoaram o litoral sul do Brasil, além é claro dos alemães e italianos, hoje
fortemente representados e reconhecidos em todo território nacional pelas
festas de outubro.

Onde entram as parcelas Negra e Ameríndia na formação cultural do


Sul do Brasil ? Partindo de uma pesquisa sobre a cultura afro-brasileira da
Grande Florianópolis, decidimos tornar público o material pesquisado,
possibilitando uma viagem pela história que até pouco tempo era contada sem
a preocupação do registro formal, tão necessário para a sua permanência na
posteridade. Durante a pesquisa realizada sobre os rituais afro-brasileiros
existentes na Grande Florianópolis, identificamos a Umbanda como sendo a
prática ritualística mais tradicional ainda em atividade. Ela apresenta-se com
diversas sub-denominações para seus rituais entre as quais Umbanda de
Omoloko. O Omoloko, apresenta-se como um segmento de srcem africana
que surgiu no Brasil oriundo de uma miscigenação que ocorreu na época da
escravidão. Afinal, os rituais religiosos que encontramos atualmente nos
terreiros são heranças de um tempo onde a cultura negra era envolvida num
sincretismo que unia os orixás africanos aos santos católicos. Nas senzalas, a
cultura negra ricamente representada era mantida de forma srcinal aos olhos
dos negros e paramentada com formas e objetos que pudessem satisfazer os
interesses dos senhores donos das terras. Como relatam inúmeros autores que
escreveram sobre religião afro-brasileira, por baixo das imagens de santos
católicos estavam "assentados" os Orixás.

O Omoloko é srcinário do Rio de Janeiro, que também serviu de berço


para o surgimento
de Janeiro, antes da Umbanda,
mesmo conforme
da origem relatam
oficial alguns estudiosos.
da Umbanda Noeram
(1908), já Rio
comuns práticas afro-brasileiras similares ao que hoje conhecemos como
Cabula e Omoloko. A cultura de um país é avaliada pelos reflexos conjunturais
das atividades: científicas, artísticas e religiosas de um povo. Evidentemente
essa cultura foi adquirida aos poucos, advindas de outras culturas através dos
séculos. Segundo Tancredo da Silva Pinto, Tatá Ti Inkice, em seu livro Culto
Omoloko - Os Filhos de Terreiro - Omoloko é uma palavra yoruba, que
significa: Omo - filho e Oko - fazenda, zona rural onde esse culto, por causa da
repressão policial que havia naquela época, os rituais eram realizados na mata
ou em lugar de difícil acesso dentro das fazendas dos donos de escravos.
Talvez por causa disso hoje tenhamos as denominações de “terreiro e roça”
para os lugares onde os cultos afro-brasileiros são realizados. Nesse culto os
orixás possuem nomes yoruba (Nagô), até seus Oriki (tudo aquilo que se
relaciona ao Orixá) e seu Orukó (nome) é trazido através do jogo de búzios ou
Ifá. Seus assentamentos parecem-se com os do candomblé Nagô. Os Exus
também são feitos de argila a semelhança de uma pessoa ou então
simbolicamente em ferro. Podemos relacionar o significado da palavra
Omoloko também ao Orixá Okô, a deusa da agricultura, que era adorado nas
noites de lua nova pelas mulheres agricultoras de inhame. Antigamente, o
Orixá Oko era muito cultuado no Rio de Janeiro. Esse Orixá era assentado
junto com Oxossi, o que viria dar maior consistência a srcem do culto Omoloko
que é fortemente influenciado por Oxossí. O culto a Oxóssi é o que melhor
marca o contexto religioso dos negros afro-brasileiros, bastando que para isso
notarmos o destaque dado ao culto de caboclo, que está intrinsecamente
ligado a Oxossi. Também segundo o Tatá Ti Inkice Tancredo da Silva Pinto,
considerado o organizador do culto Omoloko no Brasil, na África, os sacerdotes
do culto Omoloko realizavam suas liturgias em noites de lua cheia sob a copa
de uma frondosa árvore carregada de frutos parecidos com maçã. Segundo
ele, o culto Omoloko chegou ao Brasil proveniente do sul de Angola, onde era
praticado por uma pequena nação pertencente ao grupo Lunda-Quiôco que
ficava as margens do rio Zambeze, que chamavam Zâmbi e que lhes fornecia
alimentação no período das cheias.

Quem foi Tancredo da Silva P into, considerado o organizador do culto


Omoloko no Brasil?

Tancredo da Silva Pinto, Tatá Ti Inkice, nasceu no dia 10 de agosto de 1904,


no Município de Cantagalo-RJ. Ainda na adolescência foi morar na cidade do
Rio de Janeiro, na época Distrito Federal. Seus pais eram Belmiro da Silva
Pinto e Edwiges de Miranda Pinto, e seus avós maternos eram Manoel Luiz de
Miranda e Henriqueta Miranda. Seu avô fundou os primeiros blocos
carnavalescos da localidade Avança” e “Treme Terra” e o “Cordão Místico”,
uma mistura de caboclo com ritual africano, no qual uma tia sua chamada Olga
saía fantasiada como Rainha Ginga, rainha do antigo reino de Matamba. Em
1950, fundou a Federação Umbandista de Cultos Afro-Brasileiros para resistir
as grandes perseguições que a Umbanda sofria em diversos Estados
brasileiros. Fundou Federações nos Estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro,
São Paulo, Rio Grande do Sul e Pernambuco, entre outras, objetivando
organizar
brasileiros.eCom
dar o maior
intuito respeitabilidade e personalidade
de divulgar os cultos afros, criou asaos cultos
festas afro-
religiosas
de Yemanjá, no Rio de Janeiro; a festa a Yaloxá, em Pampulha e Cruzandê,
em Minas Gerais; a festa do Preto Velho, em Inhoaíba, homenageando a
grande yalorixá Mãe Senhora, na cidade do Rio de Janeiro; festa de Xangô em
Pernambuco; o evento “Você sabe o que é Umbanda?”“, realizado no Estádio
do Maracanã, na Administração do Dr. Carlos Lacerda, e, finalmente a Festa
da Fusão do Estado do Rio de Janeiro com o Estado da Guanabara, realizada
no centro da Ponte Rio-Niterói. Recebeu em Sessão Solene na Câmara
Estadual do antigo Estado da Guanabara e também da Câmara Municipal de
Itaguaí, o Título de Cidadão Carioca, pelos serviços prestados em favor do
povo umbandista. Tancredo escreveu mais de trinta obras literárias divulgando
a Umbanda, entre elas: Iyao, Camba de Umbanda, Catecismo de Umbanda,
Negro e Branco na Cultura Religiosa Afro-Brasileira, As Mirongas de Umbanda,
Cabala Umbandista, Doutrina e Ritual de Umbanda no Brasil, Revista Mironga,
entre outras. Tancredo da Silva Pinto foi sepultado no dia 02 de setembro de
1979, às 15:00hs, na quadra 70, carneiro 3810, no Cemitério de São Francisco
Xavier, à Rua Pereira de Araújo, nº. 44, no Rio de Janeiro-RJ. As despedidas
ao corpo de Tancredo foram realizadas no Ilê de Umbanda Babá Oxalufan,
situado a Avenida dos Italianos nº.1120 em Coelho Neto, onde seu corpo foi
velado. No livro de registro de filhos de santo estão registrados mais de 3.566
filhos de santos que foram iniciados pelo Tatá Ti Inkice. O Sirum (Axexê),
cerimônia de encomenda do corpo de pessoa falecida foi realizado por José
Catarino da Costa, conhecido como Zé Crioulo, filho de Xapanam e confirmado
como Ogan Kalofé no Terreiro de Tio Paulino da Mata e Tia Olga da Mata.

O motivo que levou Tancredo a criar federações umbandistas para


defender os direitos dos cultos afro-brasileiros desenrolou-se na casa de santo
de sua tia Olga da Mata. Estando em casa de sua tia Olga da Mata, na Avenida
Nilo Peçanha, 2.153, em Duque de Caxias, onde funcionava o Terreiro São
Manuel da Luz. Lá, Xangô manifestou-se e disse: “Você deve fundar uma
sociedade para proteger os umbandistas, a exemplo da que você fundou para
os sambistas, pois eu irei auxiliá-lo nessa tarefa”. Após esse fato, ele fundou a
Confederação Umbandista do Brasil, usando parte do pagamento recebido pelo
direito autoral do samba “General da Banda”, gravado por Bleckaute e ajudou a
fundar em outros estados outras federações umbandistas para defender os
direitos dos cultos afro-brasileiros. Segundo Tancredo da Silva Pinto, a primeira
sociedade umbandista criada para defender os direitos dos umbandistas no Rio
de Janeiro e no Brasil foi a União, fundada em 1941. Segundo ele, naquela
época, devido às perseguições policiais, os cultos eram acompanhados por
bandolim, cavaquinho e órgão, porque não era permitido tocar tambor
(atabaques). No Rio de Janeiro, os cultos afro-brasileiros foram professados
dessa maneira até 1950. Coisa semelhante acontecia nos terreiros de
Umbanda em Florianópolis, onde as giras eram acompanhadas por palmas e
eram realizas quase sempre em horários alternados entre a tarde e a noite.

Em Belo Horizonte, foi institucionalizado o dia 10 de agosto como


sendo o dia consagrado a Nação Omoloko, conforme registro em Ata
elaborada em reunião realizada à Rua Conde Déu nº.422, Bairro Vera Cruz,
Belo Horizonte, na sede da Fraternidade para Estudos e Práticas Mediúnicas,
presidida
Tancredo.pelo Dr. Wamy Guimarães, Okala de Xangô e filho de santo do Tatá

A bandeira que representa a Nação Omoloko acha-se em exposição na


Tenda Espírita Três Reis de Umbanda, à Rua Basílio de Brito, 43, Cachambi,
Méier, Rio de Janeiro. Esta bandeira, trazida da África pelo Dr. Antônio Pereira
Camelo, foi enviada por um Tatá Zambura da Guiné para que fosse entregue a
Tancredo da Silva Pinto. A bandeira é na cor verde garrafa, com o desenho de
uma pena branca no centro e uma linha longitudinal branca partindo do canto
esquerdo superior para o canto direito inferior da bandeira, que mede
aproximadamente 50x50 de cumprimento e largura.

Pesquisas mais recentes dão conta de que a srcem do nome Omoloko


pode também estar ligado ao povo Loko, que era governado pelo rei Farma, no
Sertão de Serra Leoa. Ele foi o rei mais poderoso entre todos os Manes. Sua
cidade chamava-se “Lokoja” e localizava-se a margem do Rio Mitombo,
afluente do rio Bênue, que por sua vez é afluente do grande rio Niger. Lokoja
ficava próxima do reino Yoruba. O povo Loko também era conhecido pelos
nomes de Lagos, Lândogo e Sosso. O nome “Loko” foi primeiramente
registrado em 1606. Também há registro de desse povo com o nome de
Loguro. Os Lokôs viveram até 1917 a oriente dos Temnis de Scarcies. De
acordo com pesquisas realizadas, a tribo Loko estava divida em tribos menores
ao longo dos Rios Mitombo, Bênue e Níger, e no litoral de Serra Leoa. Em
1664, o filho do rei Farma foi batizado com o nome de D. Felipe.
Evidentemente torna-se claro que o principio da sincretização afro-católica já
acontecia na África antes da vinda dos africanos ao Brasil. Acredita-se que a
Tribo Loko pertencia a um grupo maior chamado Mane, e que os povos dessa
tribo vindos escravizados para o Brasil formaram o que hoje conhecemos como
Nação Omoloko. Os povos Mane tinham por costume usar flechas
envenenadas e arcos curtos, espadas curtas e largas, azagaias, dardos e facas
que traziam amarrados embaixo do braço. Para combater o veneno de suas
flechas, em caso de acidente, usavam uma bolsinha com um antídoto.
Avisavam os seu inimigos o dia em que iriam atacá-los através de palhas -
“tantas palhas, tantos dias para o ataque”. Traziam no braço e nas pernas
manilhos de ouro e prata. Também eram amigos do brancos que invadiram a
África Negra. Adoravam assentamentos de deuses e ídolos de madeira em
figura de homem e animais. Quando não venciam as guerras açoitavam os
ídolos e quando as batalhas eram vencidas eles ofereciam aos deuses
comidas e bebidas. Chamavam as mulheres de “cabondos” e tinham como
marca a ausência dos dois dentes da frente.

Em Florianópolis, talvez o único terreiro de Nação Omoloko existente na


cidade seja a Tenda Espírita de Umbanda Juraciara, onde ritual de feitura é
proveniente de uma pequena tribo chamada Arigole, que conforme pesquisas
bibliográfica pertencia ao grande grupo dos Lunda-Quiôco. Contudo, o ritual de
maneira geral, sofreu, como todos os outros no Brasil, influências dos Cultos
Yoruba e Gêge na culinária, na liturgia dos rituais sagrados aos orixás, a
introdução de novos Orixás ao cultos, no vocabulário.... Os africanos yoruba
foram um dos último s grupos afro a vir para o Brasil. Talvez por causa deste
fato sua cultura religiosa predominou sobre as demais, influenciando às
culturas
Espírita deminoritárias
UmbandajáJuraciára
existentes, escravizadas,
funciona na Ilha aqui no Brasil.
de Santa A Tenda
Catarina, hoje
também conhecida como “Ilha da Magia” em Florianópolis, e é proveniente da
Tenda Espírita de Umbanda São Sebastião que ficava no continente, no Bairro
de Coqueiros, também em Florianópolis. Este terreiro foi um dos primeiros a
ser estruturado em hierarquia sacerdotal em Florianópolis. A Yalorixá da Casa
chamava-se Juracema Rodriguês, e era proveniente do Rio Grande do Sul,
feita no ritual de Nação (Batuque).
YALORIXÁ GILOYÁ - (MÃE ANTONIETA)

O SIGNIFICADO DO TERMO OMOLOKO

Algumas vezes tenho sido inquirido com a pergunta: “Omoloko é


Umbanda ou Candomblé? “ A resposta só poderia ser uma única: Omoloko é
ambas. Umbanda porque aceita em seus rituais o culto ao Caboclo e ao Preto-
Velho. Candomblé porque cultua os Orixás africanos com suas cantigas em
Yoruba ou Angola, pois como já disse anteriormente esse ritual foi fortemente
influenciado pelas duas culturas. Como pode-se ver, o ritual Omoloko não
poderia ser encaixado no grupo dos Candomblés chamados tradicionais,
aqueles que cultuam somente orixás africanos, pelo motivo de que no Omoloko
são cultuados os Caboclos e Pretos-Velhos. Porém pode ser encaixado nos
candomblés não-tradicionais, isto é, aqueles que cultuam orixás africanos e
Caboclos e Pretos-Velhos. Também como pode-se notar, a Nação Omoloko
poderia ser encaixada no grupo chamado Umbanda, uma vez que cultua-se
Caboclos e Pretos-Velhos, entidades genuinamente de Umbanda e há uma
forte sincretização católica. Ele encaixa-se também como Umbanda quando
refere-se a um grande grupo religioso, a Religião de Umbanda. Então nesse
momento o povo de Omoloko se auto intitula Umbandista, cujo culto é voltado
aos Caboclos e Pretos-Velhos e que sigam a doutrina de amor ao próximo.

OS SACRIFÍCIOS E OFERENDAS NA

NAÇÃO OMOLOKO

Uma forte característica de alguns rituais africano s é a realização de


sacrifício de animais flores para os Orixás, herança trazida pelos negros
escravos e mantida ainda hoje no Brasil, principalmente nos terreiros de
Camdomblé. Essas atividades são geralmente realizadas em sessões internas
envolvendo apenas os membros efetivos dos terreiros (filhos de santo), sem
espectadores (assistência) externos. Nessas cerimônias só é permitido a
presença de iniciados no culto e que tenham um grau hierárquico dentro do
terreiro. Dentre os animais utilizados nas chamadas oferendas ou obrigações,
são utilizadas aves(galinha, patas...) e animais quadrúpedes (cabras, bodes,
coelhos, carneiro...). Entretanto essas atividades chamadas de "Obrigação de
Santo" só acontecem em casos de iniciação sacerdotal ou em outras ocasiões
muito especiais. A importância e necessidade desses rituais está no fato de de
se acreditar na troca de energias entre os seres humanos e os outros seres da
natureza, pois somos, todos, parte da natureza e precisamos reavivar dentro
de nós o Orixá que todos trazemos como herança da própria África e
recarregar nossa energia espiritual. Sacrifica-se um animal para que através
do plasma sangüíneo possa o Orixá tomar forma e assim passar a coabitar no
corpo físico e espiritual do futuro filho de santo. Era assim que os nossos
ancestrais faziam na África e assim o fazemos aqui no Brasil, pois essa é a
nossa forma mais próxima de mantermos viva essa força maior e de grande
ligação ancestral, que é o Orixá Divinizado em pensamento e forma..." É
nesse momento que o Orixá do médium é invocado e se faz presente,
possibilitando uma maior interação entre o iniciado e o Orixá dono de sua
cabeça (Ori  Cabeça / Xá  guardião).

Inúmeras são as bibliografias que de alguma forma questionam o uso


de obrigações em que são utilizados animais como oferendas. É muito comum
relacionar a prática de sacrifício de animais a fase primitiva dos negros
oriundos do continente africano. Talvez, fosse essa a linguagem usada
por aqueles que num passado históric o, condenaram a prática afro/religiosa,
alegando um primitivismo que não cabia a "nova" fase do país em formação e
com forte predomínio da cultura branca européia. É claro que, visto de um
ângulo que não seja o africano, essas obrigações parecem ser retrógradas,
tendo em vista a atual "modernização" com a qual convivemos. Porém,
percebe-se uma certa convicção quanto ao "cortar" para o Orixá.

ETAPAS EVOLUTIVAS DE UM FILHO DE SANTO NA NAÇÃO


OMOLOKO

Na Nação Omoloko, a primeira obrigação que um filho de santo faz é


o EBÓ. O que é Ebó? Ebó é uma obrigação de limpeza material e espiritual. É
uma obrigação muito simbólica, pois marca a passagem dele da vida mundana
para ingressar na vida espiritual onde será iniciado para ser um sacerdote de
culto afro-brasileiro.
de “Abiã”, aquele queApós o filho deApós
foi iniciado. santo fazero ofilho
o Ebó Ebódeelesanto
passaficaa ter o nomeno
recolhido
Roncó por um período de 24 horas. Para repousar sua mente e corpo. Isolando
ele poderá ter o seu primeiro contato íntimo com o seu orixá.

A segunda obrigação que o filho de santo fará é a COFIRMAÇÃO DE


BATISMO. Nesta obrigação o filho de santo fica escolhe um padrinho e uma
madrinha que representarão seus padrinhos de batismo, se estes não puderem
comparecer a cerimônia. No Omoloko acredita-se que o Batismo é realizado
uma única vez na vida e pode ser feito em qualquer, realizado quando a
criança nasce, mas ele poderá ser reforçado ou confirmado no terreiro. Nesta
obrigação o filho de santo recebe a sua primeira guia, a guia branco-leitoso de
Oxalá. Nesta obrigação o filho de santo não precisa ficar recolhido no Roncó;
ele terá apenas que guardar sua cabeça do sol e do sereno durante 24 horas.

A terceira obrigação é a CATULAÇÃO. Nesta obrigação o Abiã que


está sendo iniciado é recolhido ao Roncó durante 24 horas. Catulação significa
“Abrimento de Coroa” e a sua finalidade é abrir a passagem da mediunidade do
abiã, ou seja, tornar o filho de santo mais receptivo para receber as vibrações
dos Orixás. A Catulação é acompanhada de um sacudimento (ebó de limpeza)
que é realizado antes do filho de santo ser recolhido ao Roncó e é feito um jogo
de búzios para verificar o Orixá do filho que será recolhido.

A quarta obrigação é o CRUZAMENTO. A finalidade do Cruzamento é


fechar o corpo do abiã contra todas as formas de energias negativas. Ela inicia
com um sacudimento (ebó) e um banho de ervas de preferência de ervas do
Orixá do abiã, se já se tiver certeza se o mesmo é realmente o dono do ori do
abiã que está em obrigação. Nesta obrigação o abiã é recolhido também por 24
horas ao Roncó. Em sua saída do Roncó ele receberá a sua segunda guia a
guia do Orixá dono do ori.

TEUJ - Filho de santo


TEUJ - Yalorixá trajando
trajando roupa ritual
roupa ritual de festa saúda
branca da tribo Arigolê,
o Orixá Inhasã Inhalosin.
Nação Omoloko.

A quinta obrigação é chamada OBORÍ. Esta obrigação serve para


reforçar as energias do filho de santo e realizar o assentamento em apotí do
primeiro
orixá, ouorixá
seja, do iyaô edoo orí.
o dono recebimento de sua 2ªem
O Obori divide-se guia.
trêsAtipos:
guia de seufrio,
Obori primeiro
feito
com água e comidas dos orixás; Obori de dois pés - feito com aves; Obori de 4
pés - feito com animal quadrúpede. Esses Oborís serão aplicados pelo
sacerdote conforme a necessidade e condições gerais do abiã. Nesta
obrigação o abiã será recolhido também por 24 horas, mas terá um resguardo
e a ser cumprindo em sua casa (dormir na esteira, usar branco, não pegar
sereno nem sol desnecessariamente...) por um período de quinze (15) dias.
Após essa obrigação, o filho de santo passa a ser chamado de iyaô, aquele
que foi entregue ao Orixá, e também dará uma pequena festa em homenagem
ao seu Orixá e a sua ascensão dentro do ritual.

TEUJ - Obrigação de Obori - filhos de santo vestindo roupa branca


ritual em homenagem a Oxalá soltam pombos brancos, ave sagrada
para os povos da tribo africana Arigolê.

A sexta obrigação é chamada de SETE LINHAS. Esta obrigação é


precedida de um ebó e será concluída com o assentamento do segundo orishá
do iyaô e com o recebimento da 3ª guia. A guia do seu segundo orixá, ou seja,
o orixá de “juntó” e receberá também a Guia de Sete Linhas, que é um colar
que representará a sua posição dentro do ritual por sua confecção específica e
pela forma que ela é usada. Na Obrigação de Sete Linhas o iyaô ficará
recolhido
30 no Roncóna
dias domingo durante trêsusando
esteira, (3) dias branco,
e terá que cumprir
não um resguardo
pegando de
sol e sereno
desnecessário... Nesta fase o yiaô receberá o título Babakekerê ou Yákekerê.
E passará a ser chamado pelo Sunan referente aos seu primeiro orishá. Nesse
estágio o Babákekerê ou Yákekerê já poderá iniciar filhos de santo, mas sob a
supervisão obrigatória do seu Babalorixá ou Yálorixá.

TEUJ - Obrigação de 7 TEUJ - Orixás paramentados: TEUJ -


Inhasã Anhangá e Iansã Inhalosin
Linhas - Orixá Cabocla
(em amarelo), Oxum Aeishá (em
paramentado: Oxumaré Juremá
azul) e Omulú.

A sétima obrigação e última é a CAMARINHA. Nesta última


obrigação o Babákekerê / Yákekerê receberá o grau de Babalorixá ou Yálorixá,
podendo agora iniciar seus próprios filhos de santo e abrir sua própria casa de
santo. Neste estágio o filho de santo, já babalorixá / yálorixá, poderá iniciar
seus filhos sem a presença obrigatória do seu Babalorixá / Yálorixá, mas
deverá sempre respeito e obediência ao seu iniciador e com a casa de santo
de onde se srcinou. Nesta obrigação o filho de santo será recolhido no roncó
do terreiro durante sete (7) dias; receberá seu Colar de Ifá; sua Guia de
Babalorixá/yálorixá que tem característica de uso e confecção especial; terá
cumprir novamente mais vinte e um (21) dias de resguardo. Nessa fase o filho
de santo poderá assentar seu orishá em ferro, se o desejar ou então deixá-lo
no apoti, se assim o preferir. Essa obrigação inicia com um ebó e se concluirá
com uma grande festa de comemoração.

TEUJ - Saída de TEUJ - Saída de


TEUJ - Saída de
Camarinha - Orixá Camarinha - Orixá
Camarinha - Cabocla
paramentado: paramentado: Ogum
paramentada: Juremí
Obaluayê Beira-Mar do Cariri

TEUJ - Yalorixá Giloyá (Antonieta M.


TEUJ - Filho de santo de Sete
dos Passos) em posição de
Linhas recebe o Preceito da
saudação ao Orixá que sái do
Bandeja, quando de sua Camarinha
Roncó. Ao seu lado: Cambone,
para receber o grau de Babalorixá.
Babalorixá e o Orixá Omulú.

Na Nação Omoloko que segue o ritual da tribo Arigolê as obrigações


seguem a ordem cronológica acima, não poderá ter sua ordem alterada.

OS ORIXÁS NO CULTO DE OMOLOKO

Quem são os Orixás? Esta é uma pergunta que a maioria das pessoas
que freqüentam cultos afro-brasilieiros fazem a si mesmos e a outros. Orixás
são entidades espirituais, dizem uns. Orixás são forças da natureza, dizem
outros. Orixás são espíritos de mortos que dependendo do lugar onde morreu
pode retornar na forma espiritual como Ogum, se morreu em batalhas, Povo
d`Água se morreu no mar, rio ou lago, ou ainda “orixás são os Encantados”,
dizem outros. Todas as alternativas podem estar certas, contudo elas sofrem o
inconveniente de ser muito superficiais, haja vista que o orixá deve ser algo
muito mais complexo.Para os seguidores dos rituais de Omoloko e Almas e
Angola, os orixás além de simples forças da natureza ou entidade espirituais,
dividem-se em duas categorias - Orixá Maior e Orixá Menor.

Orixá Maior é aquela entidade celeste que faz com que a natureza
tenha movimento, se transforme e gere vida. Os orixás maiores são os
responsáveis diretos, que encarregados Olorum/Zambi faz com que as
menores partículas atômicas tenha energia e faz fluir a vida cósmica no
universo. É a essência da vida. Por exemplo, Iemanjá é responsável pelo
formação e manutenção da vida marinha, Xangô é o responsável pelo energia
do trovão que desencadeia as tempestades que limpam a atmosfera, Nanã faz
com que a chuva que cai na terra gere nova vida orgânica, Inhansã é a
responsável pela limpeza do ar atmosférico e com seus ventos espalha a vida
como pólens, Exú é o Orixá responsável pelo desejo sexual que gera vida nas
espécies sexuadas. O Orixá Maior é pura energia, não passou pelo processo
de encarnação como seres humanos. Ele é pura energia cósmica, a força vital
que tem srcem em Olorum/Zambi e que faz com que a mecânica do universo
oscile entre o caos e a ordem gerando vida. Eles são chamados apenas pelo
primeiro nome, Ogum, Xangô, Oxum, Omulu... O Orixá Maior é uno e
onipresente. é aquela entidade celeste que faz com que a natureza tenha
movimento, se transforme e gere vida. Os orixás maiores são os responsáveis
diretos, que encarregados Olorum/Zambi faz com que as menores partículas
atômicas tenha energia e faz fluir a vida cósmica no universo. É a essência da
vida. Por exemplo, Iemanjá é responsável pelo formação e manutenção da vida
marinha, Xangô é o responsável pelo energia do trovão que desencadeia as
tempestades que limpam a atmosfera, Nanã faz com que a chuva que cai na
terra gere nova vida orgânica, Inhasã é a responsável pela limpeza do ar
atmosférico e com seus ventos espalha a vida como polens, Exu é o Orixá
responsável pelo desejo sexual que gera vida nas espécies sexuadas. O Orixá
Maior é pura energia, não passou pelo processo de encarnação como seres
humanos. Ele é pura energia cósmica, a força vital que tem origem em
Olorum/Zambi e que faz com que a mecânica do universo oscile entre o caos e
a ordem gerando vida. Eles são chamados apenas pelo primeiro nome, Ogum,
Xangô, Oxum, Omulu... O Orixá Maior é uno e onipresente.

Orixás Menores são aquelas entidades espirituais que fazem a


mediação entre o ser humano e o Orixá Maior. Os orixás menores são,
conforme as diversas
índios, orientais, etc. Emlendas, espíritos
essência, de menores
os orixás antigos reis e heróis
podem africanos,
ser qualquer ser
humano. Por exemplo, as lendas de Xangô e Ogum. Esses seres humanos
comuns, por terem sido abençoados com poderes sobrenaturais concedidos
pelos Orixás Maiores, tornaram seres humanos especiais dotados de
superpoderes físicos ou mentais para proteger seu povo, e após a sua morte
voltam a ter contato com os seres humanos comuns na forma de orixás
menores. Essas pessoas receberam poderes diretamente do Orixá Maior, e
tornaram-se semideuses aqui na Terra, como por exemplo, o Hércules da
mitologia grega. O Orixá Maior recebe sua energia cósmica diretamente da
fonte, Olorum/Zambi. O orixá menor possui o mesmo nome do Orixá Maior de
onde provem seus poderes, acompanhado de um sobrenome. Por exemplo,
Ogum Beira-Mar, Inhalosin, Iemanjá Obáomi, Xangô Kaô... A este segundo
nome chamamos de dijina ou sunam do Orixá. Assim podemos ter vários
oguns, Xangôs, oxóssis, iemanjás... Da mesma forma seriam os Preto-Velhos,
cujo nome pode não exprimir a verdadeira entidade espiritual, pois o fato de
entidade se manifestar como preto-velho não que dizer que ela
necessariamente tenha que ter sido negro e escravo e o caboclo tenha que ser
obrigatoriamente o espírito de um índio brasileiro. Os orixás menores,
passaram pelo processo da reencarnação mas são espíritos dotados de
poderes sobrenaturais concedido pelo Orixá Maior e que por isso possuem
uma grande luz e compreensão espiritual e tem seu poder ampliado agora que
não mais carrega o fardo do corpo físico, por isso não necessitando mais
passar pelo processo da reencarnação para evoluir.. É isto que diferencia os
eguns (espírito de morto que possui compreensão ou luz espiritual mas ainda
poderá passar, se necessário, por outras reencarnações por ainda estar ligado
ao mundo material) e kiumbas (espírito de morto que ainda não alcançou a luz
espiritual, as nem compreende que ele já vive em outra dimensão e que seu
corpo carnal não mais existe). É isso que diferencia o Orixá Menor dos demais
seres espirituais que ainda não foram tocados pela energia do Orixá Maior. A
energia concedida ao orixá menor também provem de Zambi/Olorum;
entretanto, ela é canalizada a ele através do Orixá Maior, que é o elo de
ligação entre eles, da mesma forma que o orixá menor é o elo de ligação entre
o ser humano e o Orixá Maior. Dessa forma o Orixá Maior pode ser comparado
grosseiramente a uma válvula que regula o fluxo de energia entre Zambi
/Olurum e o orixá menor, podendo dessa forma reduzir, aumentar ou até
mesmo retirar os poderes do orixá menor. No Omoloko, crê-se que são esses
espíritos, os orixás menores que se manifestam nos omo-orixás (médiuns). E
somente em momentos muitíssimos especiais é que o filho de santo poderá
realmente ser tocado de forma muito rápida e superficial pelo Orixá Ma ior. O
culto do orixá menor está ligado ao antigo culto dos antepassados e que nos foi
legado pela cultura Banto; enquanto o culto ao Orixá Maior está ligado ao culto
das forças da natureza e nos foi legado pelos iorubanos e gêges. É importante
frisar que na própria África esses dois cultos se mesclam e se completam; da
mesma forma que eles se completam aqui no Brasil.

DIAS da SEMANA, CORES e SÍMBOLOS dos ORIXÁS na NAÇÃO


OMOLOKÔ

ORIXÁ CORES SÍMBOLO DIAFESTIVO


Ogum branco, verde e vermelho espada ou lança 23 de abril
Oxossi e Odé verde e branco arco e flecha 20 de janeiro
Omulú preto e branco xaxará, cruz, pemba 16 de agosto
Obaluayê preto, branco e vermelho xaxará, cruz, pemba 16 de agosto
arco com 7 flechas e
Ossanhe verde claro um pombo no 13 de dezembro
centro, folha
serpento ou arco-
Oxumarê amarelo e branco 24 de agosto
íris
obiri, vassoura,
Nanãburoquê roxo ou lilás 26 de julho
carocol
Obá vermelho e amarelo espada e escudo 25 de novembro
Oxum azul claro abebê, estre 08 de dezembro
Iemanjá azul claro e branco, cristal peixe, lua 02 de fevereiro
oxé (machado
24 e 29 de
Xangô marrom alado), pedra,
meteorito julho
Inhasã / Oyá amarelo espada e raio, cálice 04 de dezembro
Irokô / Lokô cinza e branco árvore 19 de abril
27 de setembro
Ibejí / Erê azul ou rosa folha
e 25 de outubro
pachorô, cruz com
Oxalá branco leitoso raios, cálice, pilão, 25 de dezembro
sol
preto e branco ou contas de cruz, cachimbo,
Pretos-Velhos 13 de maio
lágrimas de nossa senhora rosário
verde escuro ou verde e
Caboclos arco e flecha 20 de janeiro
branco

A HIERARQUIA SACERDOTAL
NO CULTO OMOLOKO

A hierarquia sacerdotal da Nação Omoloko segue a mesma estrutura


dos grupos Yorubá:

 Babalorixá ou Yálorixá: sacerdote ou sacerdotisa, mais conhecido como pai


de santo ou mãe de santo, é a autoridade máxima no culto ao orixá;

 Yákekerê e Babákekerê: filho de santo com obrigação de “Sete Linhas”.

 Dagã: a pessoa que tem mais tempo de iniciação dentro do terreiro;

 Ogã Nilú e Ogã Calofé: tocador de atabaque. Pessoa que dá início à


maioria dos cânticos
sido ocupados por umaaosmesma
orixás pessoa);
nas giras (atualmente esses dois cargos têm

 Axogun: pessoa que, nas obrigações, sacrifica os animais;

 Yábassé ou Yábá: cozinheira das comidas sagradas dos orixás;

 Cambono: pessoa que nas giras atende aos Orixás;


 Exi-de-Orixá: filho de santo em geral;

Uma peculiaridade do culto Omoloko é que nele não existe o grau de


“Mãe ou Pai Pequeno", como há em outros cultos afro-brasileiros. Para um
iniciado tornar-se Babalorixá ou Yálorixá ele precisa ser iniciado nas sete
obrigações que compõem a hierarquia sacerdotal, abrir seu próprio terreiro e
ter seus próprios filhos de santo. Esse direito é adquirido quando o filho de
santo faz a última obrigação que é chamada de “Camarinha”, na qual o filho de
santo é iniciado e ao seu término recebe o direito de “criar” (iniciar) outros filhos
de santo. Se esse filho de santo continuar no terreiro onde ele foi feito ele será
chamado de Babákekerê ou Yákekerê – aquele que pode iniciar outros filhos
de santo, mas não possui ainda o seu próprio terreiro -. Ele ainda não recebeu
o Deká. Entretanto, se ele for abrir o seu próprio terreiro para iniciar seus
próprios filhos de santo, então ele receberá de seu Babalorixá ou Yálorixá o
Deká e passará a ser chamado de Babalorixá ou Yálorixá pelas demais
pessoas. Portanto, na Nação Omoloko o título de “Mãe Pequena ou Pai
Pequeno; Mãe Grande ou Pai Grande” não existe, pois ele está condicionado
ao pai de santo/mãe de santo ao abrir o seu próprio terreiro e ter os seus
próprios filhos de santo. Na hierarquia da nação Omoloko o grau de
Babákekerê ou Yákekerê está logo abaixo do de Babalorixá/Yálorixá,
entretanto ele não pode ser comparado ao grau de “Pai/Mãe Pequeno(a) que
há em outros rituais, pois na Nação Omoloko não existe uma obrigação
específica para estes cargos como há no Ritual de Umbanda e Almas de
Angola, por exemplo

ORGANIZAÇÃO E MANUTENÇÃO DOS TERREIROS

Caminham juntas duas formas de organização dentro dos terreiros de


Omoloko, uma seguindo o ritual religioso e outra referente a parte burocrática e
administrativa .

A parte religiosa segue uma organização que vai desde a forma


arquitetônica até as atividade anuais praticadas.

• Cangira: fica na entrada do terreiro, e é onde está assentado o Exu


da casa.
• Casa das Almas: localizada geralmente fora do terreiro. e é onde
está o assento das Almas

(Preto-Velhos). Nessa casa encontram-se imagens de preto-


velhos.
• Cozinha do Santo: local onde são preparadas as comidas
dos orixás e a comida para os participantes comerem em dias de
festas e obrigações.
• Salão: é o local mais amplo onde são realizados os trabalhos
espirituais. Nesse salão destaca-se o altar, onde ficam imagens de
Orixás, Caboclos e Preto-Velhos e, em alguns terreiros também são
colocados imagens de santos da religião católica. Na maioria dos
terreiros é construída uma pequena cerca de madeira ou muro para
separar o salão onde os filhos de santo giram da área da assistência.
• Ritmo dos pontos: (música religiosa) é marcado por três
atabaques: Lé (tambor grande), Rum (tambor médio) e Rumpi
(tambor pequeno). Além dos atabaques há um agogô (instrumento
de metal que emite som semelhante ao do sino) e maracas (tipo de
chocalho que contem dentro lágrimas de nossa senhora e por fora é
recoberto por uma rede confeccionada com a mesma semente, que
emite um som semelhante ao chiado.
• Organização: Durante as sessões os filhos de santo são
organizados de acordo com a sua graduação hierárquica a partir do
de altar em direção a porta de saída do terreiro, formando dois
semicírculos que começam do altar, com os mais graduados e
termina no lado oposto com os menos graduados ou iniciantes.
Durante a sessão os filhos de santo formam dois círculos, um dentro
do outro. No círculo interno ficam os filhos de santo com graduação
de Babalorixá/Yálorixá e Babákekerê/Yákekerê, e no círculo externo
ficam os demais filhos de santo. Quando os orixás se manifestam os
componentes do círculo interno passam a compor também o círculo
externo. O círculo interno é substituído pelos orixás que vão se
manifestando.
• Horário : Com relação ao horário, os terreiros obedecem à
determinação do responsável pelo terreiro. No caso da Tenda
Espírita de Umbanda Juraciára as giras normais iniciam às 20:00 e
terminam às 22:00 horas, e em dias de festividades as atividades
terminam às 23:00 horas.

A organização burocrática fica a cargo de uma diretoria composta por


presidente, secretário e tesoureiro, além do conselho fiscal, que desempenham
todas as funções burocráticas e administrativas que já tão bem conhecemos.
Muitos terreiros têm CGC e alguns são reconhecidos como de utilidade pública
(municipal estadual e federal). Não sendo uma associação com fins lucrativos,
a única fonte de renda dos terreiros é através de uma mensalidade cobrada
dos médiuns para a manutenção geral do terreiro. Os próprios médiuns fazem
a manutenção do terreiro, seja na limpeza ou mesmo na conservação das
instalações físicas. Em alguns casos são contratados serviços profissionais,
principalmente quando se trata de uma construção para aumento das
instalações físicas. Como os terreiros são construídos a partir de doações e
geralmente são construídos no próprio terreno junto a casa do Pai ou Mãe de
Santo. Poucos são os terreiros que funcionam em terreno próprio, se é que há
algum.

O ASPECTO ECOLÓGICO E O PAPEL SOCIAL

Atualmente, as maiorias dos terreiros têm desempenhado um papel social e


ecológico muito ativo dentro da sociedade brasileira. Em Florianópolis, muitos
terreiros têm elaborado campanhas de solidariedade em época de festas tais
como Natal e Páscoa. Alguns promovem suas festas dentro da própria
comunidade onde estão localizados e outros atuam junto a creches, orfanatos
e asilos, levando presentes, cestas básicas etc. Programas de cursos diversos
são desenvolvidos e aplicados durante o ano, tendo por finalidade facilitar a
vida da comunidade, além de palestras de conteúdo diversos. Em relação ao
aspecto ecológico nota-se o nascimento de uma consciência atuante em
relação a preservação do meio-ambiente e da natureza. Realmente, nota-se
que os cultos afro-brasileiros estão despertando para uma nova
realidade.

Fonte bibliográfica: Culto Omoloko - Ornato José da Silva;

Obras de Tancredo da Silva Pinto


Pesquisa de Campo: Tenda Espírita de Umbanda Juraciára -TEUJ

Pesquisador: Apolônio A. da Silva

Coord. Adm. Uniafro

CASA DE CULTOS AFRO-BRASILEIROS SENNOR DO BONFIM

Rua: Cláudio Manoel da Costa, nº. 31, Nacional, Contagem, MG

Responsável: Tateto Fernando de Oxalá

Nação Omolocô
Correspondência dos Orixás

Orixá Inkisi Bacuro Lunda/Kalundu Vodun


(Ketu/Nagô) (Angola) (Omolocô) (Omolocô) (Jeje)

Exú Pangiro Aluvaiá DunduKianguim Bará


Ogum Nkosi-Mukumbi Kangira Kianguim Uisu Togunsi
Roximucumbi Sumbo Mucumbe
Oxossi/Odé Kabila/Tawamin Madé Uisi
Ossãe K atendê Katendê* Agué

Xangô Nzaze-Loango
Cambaranguanje Jambangurim
Jambancuri Kiaguim Kindelé Badé
Sobossi Adantorun
Yansã Matamba Inhapopô UisuKukusuka Avejidá
Oxum Kissimbi KambaLassinda Mulombe Aziri
Logum Terekompensu Terekompensu*
Yemanjá Mikaiá/Kaitumbá Dandalunda Anili Kindelé
Nanã Zumbarandá Querequerê NumbaKindelé
Oxumarê Angorô Angorô* Bessem
Omolu Kaivungo Burunguça Dandu Kindelé Azanssum
Ybeiji Wunge Caculu/Cabasa Rôrô
Irocô Panzo/Kitembu Pagauô Diambanganga Loko
Ewá MinaNganji Cuiganga
Obá MinaLugando Karamocê
Oxalá Lembá LembádiLê Kindele Olissá
Oguiã Kassuté Ferimã
Olufã Lembaraganga Gangarumbanda

LINHAGEM DO CULTO OMOLOCÔ

Origem: Tribos LUNDA - QUIOCO

Chico Rei e Sua Corte

Oscarina Sani Adio – Tio Êrepê

Obacayodé

Açumano Sáo Adió

Benedita Yadoxé

Tancredo da Silva Pinto (Folketo Olorofé)

Antônio Pereira Camelo

Efigênia Arranca-toco

Nilza de Xangô (Xangô Yunge)

Fernando de Oxalá (Oguiandê)

Observação:

De Chico Rei até Açumano Saó Adió e Oscarina Sani Adió não existem
registros sobre a linha sucessória.

Açumano Saó Adió, mais conhecido no culto Omolocô por Tio Sani. A
Origem de sua Suna (Dijina) vem do Male.

Oscarina Sani Adió, cujo o primeiro nome vem do Celta e significa


“guerreira”.
Tio Sani é de srcem de puro Malê e dos Mussurúmi. Sani Adió de
Mussurúmi, Açumano do Male e Oscarina Sani Adió (Yalorixá) vieram da
Casa de Minas, no Maranhão, migrando para o Rio de Janeiro, e junto
com João da Mina, Tio Obac ayodé e Tio Êrep ê se inicia ram na Nação
Omolokô.

Tia Benedita, que recebeu a dijina Yadouxé era de procedência Banto


Yadoy, a negra. Seu terreiro ficava em Nilópolis – Rio de Janeiro.

Oscarina, Açumano, Obacayodé e Êrepê tinham terreiros em Queimados –


São João do Meriti, Morro de Santo Antônio, na antiga fazenda dos
Botelhos, no Estado do Rio de Janeiro.

O Tata Ti Nkinse Tancredo da Silva Pinto com a Sunã Folketo Olorofé, era
filho de Benedita Yadouxé.

O Sr. Antônio Pereira Camelo, Presidente da Confederação dos Cultos


Afro-brasileiros Nossa Senhora do Rosário, em Minas Gerais , era pai de
Efigênia de Oxóssi Arranca-Toco.

Mãe Nilza de Xangô, filha-de-santo de Efigênia do Oxossi Arranca-Toco,


tem sua Casa de Santê em Belo Horizonte /MG, à Rua Riachuelo, 90 –
Bairro Carlos Prates.

E por fim, Fernando de Oxalá, Tateto da Casa Senhor do Bonfim, filho-de-


santo de Mãe Niza de Xangô, vem mantendo o Culto Omolokô e suas
tradições, na Casa de Cultos Afro-Brasileiros Senhor do Bonfim, à Rua
Cláudio Manoel da Costa, nº.31, no bairro Nacional, na cidade de
Contagem, em Minas Gerais.

Fonte bibliográfica: Culto Omoloko - Ornato José da Silva;

Obras de Tancredo da Silva Pinto

Pesquisador: Tateto Fernando de Oxalá

ORIGEM DO OMOLOCÔ

Nós estamos à procura de alguma coisa há mais que nos mostrem mais luz.
Apesar de conhecermos a metade de UM todo, sobre as procedências dos
cultos afros; suas Nações ou lugares, ainda é pouco. Aqui apresentamos
também mais um tema sobre as Entidades Espirituais, que se
denominam Orixás ou Santo Africano , que nada tem a ver
com Santo Católico. Nossos antepassados (sacerdotes) chegados da África,
usaram de um estratagema, contra os Senhores de Escravos, afim de dar
sobrevivência e continuidade à nossa religião, para isso, em cada culto ou
nação, seus sacerdotes, dentro de seus rituais, assimilaram por Sincretismo, o
Santo Africano ao Santo Católico. Entretanto os segredos religiosos e
cabalísticos dos cultos, não podiam ser revelados. Só podiam ser transmitidos
oralmente, aos poucos, aos iniciados idôneos que se submetiam às provas do
ritual, buscando a sua vocação de conhecimento espiritual e de fé.
Compreendamos, portanto, a necessidade que temos de empregar parte da
etnologia e da geografia, para mostrar os lugares de srcem dos cultos ou
tribos, e destas, as Entidades (Orixás). Assim temos a antiga Nação Angola.
Este Estado era limitado pelo Norte pela África astral inglesa , à leste e ao sul,
pela possessão alemã. Naquela época, o Território de Cabinda (Angola),
separou-se do Estado Independente do antigo Congo, o qual era dividido em 6
(seis) distritos: Congo (antigo território de Cabinda) , Loanda, Benguela,
Mossamedes, Lunda-Quiôco e Huile. Este Estado apresentava como cidades
principais: São Paulo de Luanda, Cabinda, Ambriz, Novo Redondo,
Benguela, Mossamedes e Porto Alexandre . A sua superfície era de
1.300.000 milhões de quilômetros quadrados. Até o ano de 1918, esta antiga
nação possuía uma população de 4 milhões e 120 mil habitantes, todos negros
da raça bantos. O Ritual religioso do Culto Omolocô, se srcina das tribos
Lunda-Quiocôs. Todos os Espíritos evolutivos pretos-velhos que baixam nos
terreiros umbandistas, pertenceram às tribos de Lunda-Quiocôs do Culto
Omolocô, e seus lugares de origem, como seja: João Benguela, Pai
Mossamedes, Pai Alexandre, Maria Redonda, Pai Cabinda, Pai Ambriz, Pai
Luanda, etc. Temos também os bantos da África Oriental, de Dar-es-Salam,
Quiloa, Bagamoyo, Tanga, Pangani; pertencentes principalmente à costa
oriental. Essas tribos são cruzadas com um forte elemento asiático. Elas estão
situadas no continente, ao sul da Ilha de Zanzibar, que foi à tempos atrás
governada por um sultão árabe. Por esse motivo a Nação Omolocô,
amalgamou-se e tornou-se uma Nação Eclética, com um ritual sempre cruzado,
com suas raízes: Gêge, Quêto (reino iorubano do Sudeste da República do
Benim, na fronteira com a Nigéria - África), Nagô, Angola, Almas (Iorubá),
assim como com o Oriente, de srcem asiática. Os Terreiros de Omolocô têm
sempre uma puxada para o ritual de suas raízes, ou Nação Raiz, porém no
fundo, as formas de iniciação, e de trabalhos são sempre segu indo uma
mesma diretriz.

Bibliografia:
TECNOLOGIA OCULTISTA DA UMBANDA DO BRASIL

Tancredo da Silva Pinto

A CRENÇA RELIGIOSA DO OMOLOCÔ, SOBRE A FORMAÇÃO DA TERRA

Sabemos que a crença religiosa, varia de culto para culto, no entanto temos a
nossa e como tal daremos aos nossos irmãos de santo e aos neófitos, e leigos
que não professam os cultos Afros, como os malungos (camaradas,
companheiros), o dever de entenderem e passarem à frente, para que todos
tenham o real conhecimento da fé dos filhos do Omolocô.

Antes, permitam que possamos lhes dizer que acreditamos firmemente que, os
demais planetas componentes dos vários sistemas, são habitados, porém
ignoramos a forma e os caracteres dos seres que neles vivem e por isso,
temos a obrigação de explicar como para nós do Omolocô, surgiram os
habitantes do planeta terra, ou seja o Planeta Presídio em que vivem os.
Quando da criação deste planeta, houve por bem à ZÂMBI, de convocar para
uma reunião, em seu palácio, Exu e Pomba-gira, para que esses Orixás,
pudessem contar as boas novas do novo planeta. Instados a se pronunciarem,
Exu e Pomba-gira não se fizeram de rogados e contaram que era necessário
que os espíritos que na terra vagavam sem forma e sem se conhecerem, como
simples espirais de fumaça, deveriam espiar seus débitos, materializados, já
que , como dissemos acima, não passavam de simples espirais de fumaça sem
se conhecerem e sem saber os resultados dos seus castigos. Inteligentemente,
sugeriram Exu e Pomba-gira, que cada um dos Espíritos da Natureza, isto é, os
Orixás, que sabemos são estacionários, tivessem um pouco mais de paciência
e fornecessem os elementos químicos e os alimentos para esses espíritos,
ficando Exu e Pomba-gira, com a responsabilidade de arrebanharem em outros
planetas, espíritos também castigados e trazerem esses espíritos para a terra e
se juntarem aos que aqui se encontravam. Após muita delonga, resolveu
ZÂMBI, aceitar a sugestão de Exu e Pomba-gira, ficando no entanto cada Orixá
presente, com a preocupação da devolução dos elementos químicos e dos
alimentos, pois como é entendido por todos nós, donde se tira e não se repõe,
esgota-se as reservas, sugerindo então Omolu uma nova reunião para
posterior deliberação. Houve nova reunião e depois de falarem a cerca do
plano de Exu e Pomba-gira, ficou assentado e consentido que isso seria feito,
faltando no entanto saberem, como poderiam eles resgatar os elementos
químicos e os alimentos. Diante de tão grave preocupação, Olodum (que
comanda os Elementais) que à tudo assistia calado, resolveu se pronunciar e o
fez de maneira inteligente, dizendo à todos os presentes que não se
preocupassem, pois ele devolveria os alimentos e as essências químicas. Com
o pronunciamento de Olodum, ficaram todos calmos e descansados e
imediatamente aprovaram a idéia de Exu e Pomba-gira. Recebendo estão essa
incumbência, partiram Exu e Pomba-gira em busca de novas camadas de
espíritos em outros planetas, e em lá chegando, enganaram como lhes é
próprio, com promessas de rápidos resgates de débito espiritual e anunciando
que a terra era o lugar ideal para todos, um verdadeiro paraíso, e que eles lhes
podiam acompanhar, pois não se arrependeriam. Iludidos com Exu e Pomba-
gira e acreditando ser a terra realmente um paraíso, embarcaram eles nos
dragões voadores ededesilusão,
Quanta decepção Exu e Pomba-gira e rumaram
quanta lágrima imediatamente
derramada, pois aquipara a terra.
chegados,
deu-se o fenômeno da materialização e puderam eles enxergarem e sentirem
já agora, na própria carne, pois receberam as essências químicas e as formas
humanas, espetáculos deprimentes como crimes de todas as espécies, e
coisas que sinceramente nos enoja, como taras, fobias que se manifestam nos
infelizes. O Orixá TEMPO teve a missão de transportar os bons e os maus e
muito ajudou a trazer as camadas inferiores e que até hoje procuram não se
amoldarem como também se aperfeiçoarem e isto caros Irmãos, temos
conseguido, haja visto que o progresso que ai esta e jamais poderá por alguém
ser contestado. Somos por conseguinte, espíritos evolutivos e como tal
devemos nos comportar e nos educar para vidas futuras, e voltarmos um dia,
quem sabe quando, ao nosso sistema de srcem com a graça e a infinita
sabedoria de Zâmbi em toda sua Corte Celeste. Veremos que a nossa fé tem
base sólida, pois o negro nesta leva, agiu justamente no continente , que mais
se assemelha, ou seja a África e o branco na Europa, etc. Para finalizar, Irmãos
devemos, cada vez mais nos amoldarmos para estarmos preparados para o
regresso e que cremos será triunfal. Devemos entender que Omolu é o
encarregado da vida e da morte material, e Olodum o encarregado de devolver
aos espíritos da natureza (os Elementais) os restos mortais da matéria que se
transformarão em essências químicas na forma de fogos-fátuos e que todos do
Culto Omolocô sabem respeitar, pois esse fenômeno é a ligação e o sinal de
Olodum com os demais Orixás, cumprindo ele com respeito o trato feito na
reunião da Corte Celestial de Zâmbi. Por essa razão, ficaram Exu e Pomba-gira
como agentes mágicos Universais e até hoje, intermediários entre os homens e
os Orixás.

Bibliografia:
TECNOLOGIA OCULTISTA DA UMBANDA DO BRASIL

Tancredo da Silva Pinto

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