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Áreas úmidas

de Cerrado:
Por que conservar?

Características gerais
do bioma Cerrado
e de suas áreas úmidas
áreas úmidas de cerrado: por que conservar? 1
PEQUI
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Elaboração do conteúdo:
Equipe técnica (Alexandre Bonesso Sampaio, Ana Palmira Silva,
Daniel Vieira, Helga Correa Wiederhecker, Igor de Carvalho,
Isabel Belloni Schimdt, Keiko Pellizzarro, Maurício Bonesso Sampaio)

Texto:
Fábio Carvalho e equipe técnica

Ilustração, arte e diagramação:


Fábio Carvalho

Fotografias:
Isabel Schimdt: página 3; página 5 (campo limpo, campo sujo, cerradão
e vereda); página 8 (vereda e chuveirinho); página 10 (buriti e cadeira
de buriti); página 11 (arara e jaboti); e página 15 (vereda cortada).
Mariana Ferreira: capa e contra-capa; página 9; e página 10 (cacho de
buriti e artesanato de buriti).
Igor de Carvalho: página 5 (mata ciliar); página 13 e 14; página 15
(cidade); e página 18.
Arthur Brant: marca d’água e página 8 (mata de galeria).
Paula Valdujo: página 11 (teiú, cobra, rãs e lagarto).
Isabel Figueiredo: página 5 (cerrado sentido restrito).
Felipe Ribeiro: página 7.

Colaboradores:
Professores das escolas que participaram
dos encontros no Centro Gaia, de Agosto a Outubro de 2005:
Colégio Castro Alves, Creche Gotinha Mágica, Creche Municipal,
Casinha Feliz, Escola Municipal Dr. Joaquim, Escola Municipal Eva Rosa,
Escola Municipal, Maria Leite, Escola Municipal Passos,
Escola Rosário e Escola SECEL.

2 áreas úmidas de cerrado: por que conservar?


Índice

Apresentação _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 4

Iniciando nossa conversa... _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 5

O bioma Cerrado _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 6

E as áreas úmidas de Cerrado? _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 8

E a flora das áreas úmidas? _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 10

O rei das veredas _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 11

E a fauna das áreas úmidas? _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 13

E o ser humano no Cerrado? _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 15

Por que conservar as áreas úmidas de Cerrado? _ _ _ _ _ 18

Sugestões de atividades _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 23

Sugestões de leitura _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 26

áreas úmidas de cerrado: por que conservar? 3


Apresentação
Esta cartilha é resultado dos encontros entre os professores do
município de Posse, GO, e os moradores da comunidade de Rosário.
O tema central destes encontros, realizados no Centro Gaia da
Fazenda Jatobá, nos meses de agosto, setembro e outubro de 2005, foi:
Áreas úmidas de Cerrado: caracterização, importância, uso
racional dos recursos naturais, conservação e recuperação .
Dessa forma, pretende-se aqui registrar um pouco do conhecimento
adquirido nestes encontros, disponibilizando aos leitores informações gerais
que caracterizam o bioma Cerrado e suas áreas úmidas.
Acreditamos que este registro possa contribuir com o processo
de sensibilização da sociedade, necessário para a conservação não só das
áreas úmidas de Cerrado localizadas no município de Posse, mas, também,
para a conservação de outras áreas úmidas, de todo bioma Cerrado e
demais biomas brasileiros.
A produção deste material contou com recursos da Convenção
Ramsar sobre as zonas úmidas, destinados ao projeto “Estabelecimento
de um Centro de Educação e Informação sobre uso racional e recuperação
de veredas e matas de galeria no Brasil Central”, coordenado pela Pequi
– Pesquisa e Conservação do Cerrado, em parceria com a Gaia
Mouvement e com a Floryl Florestadora Ypê.
A Pequi é uma Organização não Governamental sediada em
Brasília, que luta pela conservação do bioma Cerrado através de pesquisas
e ações políticas visando a conservação de sua biodiversidade.
A Floryl é a empresa florestal responsável pela Fazenda Jatobá
(Correntina, BA), onde está o Centro Gaia de Atividades de Pesquisa
e Educação Ambiental.
E a Convenção Ramsar é um tratado internacional firmado em
1971, no Irã, que possui hoje adesão de 136 países e tem por objetivo a
proteção das zonas úmidas da Terra.
Toda essa preocupação visa permitir a sustentabilidade da vida
da espécie humana, juntamente com a de outras espécies, através da
manutenção dos processos naturais e da boa qualidade da água.
Sendo assim, boa leitura!

Pequi
4 áreas úmidas de cerrado: por que conservar?
Iniciando nossa conversa...

O município de Posse localiza-se no nordeste


do estado do Goiás, na borda de uma chapada,
em uma região cheia de nascentes.

Estas nascentes, quando estão na parte inferior da chapada,


formam os rios e os córregos que correm para o rio Paranã.

Quando estão na parte superior, vão para o rio São Francisco,


como, por exemplo, o rio Arrojado, que passa na Fazenda Jatobá.

Por isso, as áreas úmidas de Cerrado


são muito comuns nesta região.

Mas antes de falar das áreas úmidas de Cerrado,


vamos falar um pouco sobre o bioma Cerrado como um todo.

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O bioma Cerrado

O Cerrado é o segundo maior bioma brasileiro.


Ocupa mais ou menos 204 milhões de hectares,
quase 24% do território nacional.

Nele a gente encontra


várias “paisagens” ou fisionomias,
isto é, vários tipos de vegetação.

De uma forma geral,


existem 6 tipos de “paisagens” no Cerrado,
que são chamadas de campo limpo, campo sujo,
cerrado sentido restrito (ou propriamente dito),
cerradão, vereda e mata ciliar
ciliar..

6 áreas úmidas de cerrado: por que conservar?


Campo limpo: Campo com vegeta-
ção rasteira, onde não tem arbustos
nem árvores. Campo sujo: Campo com vegetação
rasteira e com presença de arbustos.

Cerrado sentido restrito (ou pro-


priamente dito): Campo com vege-
tação rasteira, arbustos e árvores, geral- Cerradão: Mata fechada, em solo
mente pequenas, espaçadas entre si. seco, com árvores altas, onde as copas
se encostam.

Mata ciliar: Mata de beira de rio ou


córrego. Quando a copa das árvores Vereda: Área encharcada, comum ao
dos dois lados do rio ou do córrego se longo dos fundos dos vales. As veredas
tocam, formando uma ‘galeria’, essa tem matas que, geralmente, são
mata recebe o nome de mata de galeria. dominadas por buritis.

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E as áreas úmidas de Cerrado?

As áreas úmidas de Cerrado são aquelas áreas


onde a ÁGUA é o destaque,
isto é, onde a ÁGUA é o fator determinante
das condições ambientais, da fauna e da flora do local.

Estas áreas possuem solos encharcados,


são rodeadas de nascentes, córregos, rios ou brejos.

São elas:
veredas, matas ciliares,
matas de galeria e campos úmidos.

Campo úmido, no caso, é um tipo de campo limpo.


Só que ele tem a seguinte característica:
ele fica encharcado durante a estação chuvosa
e ressecado na estação seca.
O campo úmido localiza-se quase sempre
ao lado de uma mata ciliar
(ou mata de galeria) ou de uma vereda.

mata ciliar campo cerrado campo campo cerradão


úmido sentido sujo limpo
restrito

8 áreas úmidas de cerrado: por que conservar?


Como foi falado lá no começo,
as áreas úmidas são muito comuns
no município de Posse.

Até um tipo especial de campo úmido,


que é raro no Cerrado,
a gente encontra na região:

é o campo úmido que ocorre


nas áreas onde existem os “murunduns”.

Os “murunduns” são
elevações arredondadas,
cujo tamanho pode variar de 1 a 2 me-
tros de altura e de 5 a 10 metros de diâmetro.
Parece uma barriga no chão, um morro em miniatura.

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E a flora das áreas úmidas?

Sabe-se que a flora do Cerrado é uma das mais ricas do mundo.


Já foram catalogadas 6.429 espécies de plantas!
Além disso, mais ou menos 40% das espécies lenhosas
(as árvores) são endêmicas, isto é, só existem no bioma Cerrado.

Muitas destas plantas são utilizadas tradicionalmente na


alimentação, na produção de utensílios, de artesanatos,
na prevenção e na cura de doenças.

Como foi visto anteriormente,


cada tipo de “paisagem” no Cerrado,
seja ela de área úmida ou não,
apresenta características diferentes.

Sendo assim,
seriam necessárias várias
páginas desta cartilha
para descrever e
caracterizar ‘somente’
a flora das “paisagens”
que compõem
as áreas úmidas.

Por isso,
vamos destacar
uma planta em especial
(e bota especial nisso!)
e falar um pouquinho
sobre ela.

10 áreas úmidas de cerrado: por que conservar?


O rei das veredas

As veredas, como foi visto, são


áreas encharcadas, comuns ao longo
dos fundos dos vales.E vereda, con-
ta a história, significa rumo, cami-
nho de buritis para a água limpa.
E é justamente por cau-
sa deste significado que as ve-
redas também são chamadas de
Buritizais. Nas veredas iremos
sempre encontrar uma ilustre es-
pécie de palmeira: o famoso buriti,
cujo nome científico é Mauritia flexuosa
e foi aqui apelidado de o “rei das veredas”.

O buriti pode chegar a mais de 35 metros


de altura. É uma planta dióica, isto é, existem bu-
ritis machos e buritis fêmeas. Cada fêmea
pode produzir até 4 cachos de flores, que
se abrem de novembro a abril, e cada
cacho pode produzir até 4 mil frutos,
que amadurecem de dezembro a junho.
A polpa da fruta é muito nutritiva,
sendo rica em vitaminas A e C,
óleos, carboidratos e proteínas.
É uma importante fonte de ali-
mento para muitas espécies de
animais, incluindo insetos, aves
e mamíferos. Além de alimento,
o buriti também oferece abrigo para
alguns animais.

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O ser humano também utiliza
o buriti de várias maneiras, por isso
ele também é chamado de “árvore
da vida”, pois dele tudo se aproveita.

Os frutos podem ser comidos no pé


ou deles podem ser feitos doces,
sorvetes, geléias e licores.

As folhas podem virar


cobertura de telhado,
cestos e tapeti, usado
para espremer
massa de mandioca.

As fibras das folhas novas são usadas para fazer cordas,


artesanatos e já estão sendo testadas para a fabricação de papel.

O talo das folhas é usado para fazer ripas de cercas e móveis.

O broto terminal (o palmito) é comestível.

A raiz curtida em vinho doce é conhecida como antireumática.

E, por último, além de ser utilizado na corrida de toras,


importante ritual na cultura dos índios Krahô,
o tronco do buriti serve para fazer
artesanatos, canoas, casas e,
da parte mais macia,
tira-se um líquido adocicado,
semelhante ao sagu,
conhecido como
vinho de buriti.
12 áreas úmidas de cerrado: por que conservar?
E a fauna das áreas úmidas?
São conhecidas, no Cerrado,
mais de 1500 espécies de animais vertebrados.
Imagina a quantidade de espécies de insetos
e de animais invertebrados que vivem aqui!

Apesar deles estarem distribuídos


de forma irregular por todo o bioma,
isto é, em cada região vivem animais diferentes,
não precisa nem dizer que TODOS eles
precisam das áreas úmidas para viver.

Além disso,
as áreas úmidas também servem
como fonte de alimento, abrigo
e local de reprodução para várias espécies.

áreas úmidas de cerrado: por que conservar? 13


Assim como a flora,
para descrever e caracterizar a fauna das áreas úmidas,
também seriam necessárias várias páginas desta cartilha.

Portanto, ao invés disso,


vamos apresentar, simplesmente,
a relação entre alguns animais e as áreas úmidas de Cerrado:

Animais cujo ciclo de vida


(nascer
(nascer,, crescer
crescer,, reproduzir e morrer) depende das áreas úmidas:

Animais que vivem em outros tipos de vegetação,


mas procuram as áreas úmidas para beber água e se alimentar:

Animais que, durante a longa estação seca e quente,


estivam nas áreas úmidas (estado de repouso):

14 áreas úmidas de cerrado: por que conservar?


E o ser humano no Cerrado?
De acordo com várias pesquisas,
o povoamento do Cerrado teve início há 11 mil anos!!!

Supõe-se que, no início, o Cerrado foi ocupado


por grupos nômades, isto é, grupos de andarilhos
que viviam, principalmente, da coleta de frutos e da caça,
que, naquele tempo, existiam em grande quantidade.

Isso, até começarem a formar as aldeias


e os povos indígenas que a gente conhece hoje.

Já o ‘homem branco’ só começou a povoar o Cerrado


no século XVIII, ou seja, em 1700 e alguma coisa.

O ‘homem branco’ veio pra cá para buscar,


principalmente, ouro e pedras preciosas.
E assim começou a fundar vilas e pequenas cidades.

Nesta época, chegaram também os povos negros,


trazidos da África como escravos.
A partir daí, começaram a se formar várias comunidades rurais
pelo Cerrado, como as dos quilombolas e as dos geraizeiros.
Estas comunidades, junto com as indígenas, formam o que
chamamos hoje de POPULAÇÕES TRADICIONAIS DO C ERRADO .

Ao longo dos séculos,


estes povos se adaptaram aos
ecossistemas do Cerrado, realizando
cultivos, criando gado e aproveitando
sua biodiversidade e seus recursos
naturais, de forma que conseguiram
manter muitas áreas de Cerrado
CONSERVADAS !

áreas úmidas de cerrado: por que conservar? 15


Mas a partir da década de 50,
com a construção de Brasília,
a implantação de estradas
e a ocupação agropecuária
em larga escala,
A CARA DO BIOMA C ERRADO
COMEÇOU A MUDAR
RAPIDAMENTE .

E PRA PIOR !!!

Além do surgimento de várias cidades,


o Cerrado passou a ser visto, cada vez mais,
como um bom local para implementar,
dentre outras coisas,
CRIAÇÕES EXTENSIVAS DE GADO
E GRANDES PLANT AÇÕES .
PLANTAÇÕES

16 áreas úmidas de cerrado: por que conservar?


E a gente sabe muito bem as conseqüências ruins
que esses dois tipos de negócio nos trazem:

Destruição da vegetação

Diminuição da quantidade e da qualidade das águas,


por conta da destruição de nascentes e do assorea-
mento e poluição de rios e córregos

Perda de nutrientes, resseca- Extinção de espécies


mento e compactação do solo da flora e da fauna

Aumento da população nas cidades,


por conta do êxodo rural, que é a imigração das famílias
de trabalhadores rurais, do campo para as cidades.
Isso acontece porque, além de perderem os recursos
naturais do Cerrado, estas famílias não conseguem
competir com o sistema de produção
dos grandes fazendeiros-empresários.

E o pior é que,
quando ocorre esta imigração
das famílias de trabalhadores
rurais, a gente também sabe
muito bem o quê o ser humano
acaba fazendo para abrigar
tantas pessoas nas cidades:

AS MESMAS COISAS
DESCRIT AS
DESCRITAS
NOS QUADROS ACIMA !!!

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Por que conservar
as áreas úmidas de Cerrado?

Vamos pensar o seguinte:

Uma casa não é só uma casa.


Ela é um conjunto formado pela casa, pelos moradores,
pelos visitantes e pela relação entre tudo isso, certo?

E para manter uma casa arrumada


é preciso que cada um faça sua parte, não é mesmo?

Então, da mesma forma ocorre na natureza.

Para manter o equilíbrio de um ecossistema,


todos os elementos ali presentes têm a sua função.

Um ecossistema é, portanto, formado pela casa,


pelos seus moradores, pelos seus visitantes
e pela relação que se estabelece ali.

18 áreas úmidas de cerrado: por que conservar?


A casa é, portanto, o conjunto SOLO, ÁGUA E AR.
Os moradores são as PLANTAS, os ANIMAIS
e os MICROORGANISMOS.
E os visitantes são outros ANIMAIS.

Já a relação entre tudo isso forma um ciclo,


que a gente pode chamar de

CADEIA ALIMENT AR :
ALIMENTAR

Microorganismos
no solo
(decompõem os seres vivos
quando morrem, produzindo
os nutrientes para as plantas)

áreas úmidas de cerrado: por que conservar? 19


Bom, agora é que vem o “X” da questão:

A gente viu que existe


uma relação estabelecida
em um ecossistema, certo?

Então, da mesma forma que existe


uma relação estabelecida em um ecossistema,
também existe uma relação estabelecida
ENTRE ECOSSISTEMAS.

Ou seja: da mesma forma que


para manter o equilíbrio de um ecossistema
todos os elementos ali presentes têm a sua função,
para manter o equilíbrio de um bioma,
cada ecossistema tem sua função também.

E É JUSTAMENTE POR IS
JUSTAMENTE SO
ISSO
QUE NÓS TEMOS A OBRIGAÇÃO
DE PRESERVAR AS ÁREAS ÚMIDAS
DE C ERRADO !!!

20 áreas úmidas de cerrado: por que conservar?


Os ecossistemas dependem
um dos outros para se manterem
em bom funcionamento.

E dependem, mais ainda, das áreas úmidas, pois são elas


que mantém a água necessária para tudo isso acontecer.

Igual à teia de algumas aranhas.


Primeiro, a aranha constrói
os eixos de sustentação.

Depois, ela vai unindo


esses eixos e preenchendo
os espaços vazios com fios radiais,
dando origem à teia que a gente vê.

Todos os fios estão interligados na teia.


E se não tiver os eixos de sustentação,
a teia não poderá ser feita.

Assim, é como se as áreas úmidas


fossem os eixos de sustentação do bioma.

A destruição delas leva, aos poucos,


a destruição de outro ecossistema,
que leva a destruição de outro, de outro,
de outro e assim vai indo...

Até não existirem mais ecossistemas,


até não existir mais bioma!

áreas úmidas de cerrado: por que conservar? 21


É claro que, quando um ecossistema é destruído,
a natureza tem força suficiente para recuperá-lo.
Mas leva muito tempo para isso.

E, também, se a gente quiser ajudar nessa recuperação,


a gente até consegue fazer algumas coisas.
Como, por exemplo, plantar mudas,
principalmente ao redor das nascentes
e na beira dos córregos e rios.

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Mas, já que as áreas úmidas de Cerrado


são consideradas, no Código Florestal Brasileiro,
como Áreas de Preservação Permanente
e o nosso objetivo é ajudar a conservar,
por que não prevenir ao invés de remediar?

Afinal,

SEM ÁGUA NÃO HÁ VIDA,

SEM VIDA NÃO HÁ NADA.

CA D A Á R E A Ú M I D A P R O T E G I D A
É UMA VIDA PRESERV
VAADA!

22 áreas úmidas de cerrado: por que conservar?


Sugestões de atividades
1) F AZENDO ARTESANATO

Além de alimentos e medicamentos, várias plantas do


Cerrado podem ser utilizadas para fazer artesanato.
No entanto, ensinar a fazer artesanato por meio de uma
cartilha é uma tarefa muito complicada, pois esse é o tipo de
conhecimento que para aprender é preciso ver alguém fazer.
Por isso, vai aqui uma sugestão para professores, oficineiros e
demais educadores que têm interesse no assunto:

Procurar pessoas da região que saibam fazer algum tipo de


artesanato que utilize (de forma sustentável, é claro) os recursos
naturais do Cerrado.
Exemplos do que pode ser aprendido:

Bolsas e tapetes com fibras extraídas de palmeiras nativas;


Pigmentos naturais para tingir, além destas bolsas e tapetes,
roupas, mantas, chapéus e etc;
Colares, pulseiras e brincos feitos com sementes;
Prendedores de cabelo, chaveiros, mandalas, caixas, bolsas,
chapéus, fruteiras, brinquedos, enfeites para casa e arranjos de mesa
feitos com madeira, sementes, cápsulas de sementes e flores;
E muitas outras coisas que podem ser feitas de acordo com a
imaginação de cada um e com a cultura de cada região.

2) F AZENDO DOCE DE B URITI

Ingredientes
Ingredientes: 1 prato de massa de buriti e 2 de açúcar ou rapadura;

Modo de preparar
preparar: Deixe os cocos de buriti de molho por uns 8
dias ou até soltar a casca. Tire a massa (a polpa) raspando com uma
colher. Passe em peneira de taquara, meça a massa e acrescente o
dobro da medida de açúcar ou rapadura. Coloque em um tacho, leve
áreas úmidas de cerrado: por que conservar? 23
ao fogo e mexa com colher de pau até mostrar o fundo do tacho.

Obs: O óleo que for soltando pode ser retirado e guardado para fazer
bolo. Se quiser um doce de cortar em pedaços, aumente a quantidade
de açúcar (3 vezes a quantidade da massa, ao invés de duas).

3) F AZENDO MUDAS DE BURITI

Os frutos podem ser tirados do cacho ou recolhidos no chão,


desde que caídos há pouco tempo. As sementes limpas e secas po-
dem ser guardadas em sacos plásticos fechados, no escuro e em tem-
peratura ambiente por mais de quatro meses.

Material: Sementes de buriti sem a polpa (aproveite as sementes


dos frutos usados para fazer o doce).

Procedimento
rocedimento: Coloque duas ou três sementes por saquinho
(saquinhos largos e fundos). As sementes demoram cerca de 45 dias
para germinar e cerca da metade delas não vingam. As mudas
precisam ficar no viveiro por um ano para crescer.

4) A PRENDENDO CONCEITOS

As informações do quadro da página seguinte estão


relacionadas às áreas úmidas. Elas podem ser utilizadas para fazer
diversas atividades, tais como:

- Jogo da memória, jogo de tabuleiro, pergunta e resposta entre duas


equipes, pergunta e resposta entre professor e alunos, montagem de
glossário no quadro negro ou numa cartolina e etc.

Basta montar as peças (no caso dos jogos da memória e de


tabuleiro) e ter desenvoltura para organizar a brincadeira-aprendizagem!

24 áreas úmidas de cerrado: por que conservar?


A atmosfera, as águas, o solo, o subsolo e todos os seres vivos do planeta. Recursos
naturais
Toda água superficial (rios, lagos, etc) e subterrânea (lençol freático) Recursos
existentes no planeta. hídricos
Atividade econômica que tem por base a coleta de recursos naturais. Extrativismo
O meio ambiente, os seres vivos que interagem nesse meio ambiente e
Ecossistema
toda relação que se estabelece ali.
Deterioração da qualidade ambiental de uma área em seus componentes Degradação
vivos (bióticos), físicos e químicos (abióticos).
Uso do ambiente e de seus recursos que garante a manutenção da
biodiversidade e dos processos ecológicos, de forma socialmente justa Conservação
e economicamente viável.
Faixas de ecossistemas naturais ou semi-naturais, ligando um ou Corredores
mais de um ambiente, possibilitando a dispersão e a sobrevivência ecológicos
das espécies nativas e a recuperação de áreas degradadas.
Trabalho que visa à manutenção de um ecossistema natural ou de
Manejo
espécies de animais (selvagens ou não) em um determinado ambiente.
Modelo de economia que leva em consideração além dos fatores Desenvolvi-
econômicos, os fatores sociais e ecológicos, atendendo as necessidades mento
do presente sem comprometer as necessidades das gerações futuras. sustentável
Ocorrência de uma espécie que só existe em um determinado ambiente. Endemismo
Processo de aterramento de rios, córregos e lagos causado,
principalmente, pelas enxurradas e desmoronamentos de barrancos. Assoreamento

Qualquer procedimento que vise à utilização sustentável dos recursos Uso racional
naturais. ou sustentável
Processo de melhoria das condições de vida de uma espécie ou de um
Recuperação
ecossistema degradado.
Variedade de vida no planeta Terra. Inclui a variedade genética,, a variedade
de espécies da flora, da fauna e de microrganismos, a variedade de funções Biodiversidade
ecológicas desempenhadas pelos organismos nos ecossistemas e a variedade
de comunidades, habitats e ecossistemas formados pelos organismos.
Unidade da paisagem delimitada pelos divisores naturais de água ou Bacia
espigões onde todas as inter-relações entre solo, seres vivos e água ocorrem. hidrográfica
Redução da atividade de espécies da fauna que ocorre durante a seca. Estivar

áreas úmidas de cerrado: por que conservar? 25


Sugestões de leitura

-Vivendo no cerrado - e aprendendo com ele. BIZERRIL, M. Ed. Saraiva,


Vivendo
São Paulo, 77p., 2004.

-R esgatando nossa cultura alimentar.


Resgatando alimentar CANÊDO, M. R. EMATER – DF,
Brasília. 284 p., 1996.

- Abelha Uruçu: biologia, manejo e conservação. KERR , Warwick E.;


Carvalho, Gislene A.; Nascimento, Vania A. e colaboradores. Belo Horizonte:
Acangaú. 144p., 1996.

- Germinação de Sementes e Produção de Mudas de Plantas do Cerrado.


SALOMÃO, A. N. (org.) . Rede de Sementes do Cerrado, Brasília, DF. 96 p., 2003.

- O futuro do Cerrado: degradação versus sustentabilidade e controle


social. SHIKI, S. Projeto Brasil sustentável e Democrático, Rio de Janeiro, 2ª
ed.. série Cadernos temáticos, nº 2. 48p., 2003..

-Frutas do Cerrado. SILVA, D. B. da; Silva, J. A. da; Junqueira, T. V. e Andrade,


Frutas
L. R. M..Embrapa Informação Tecnológica, Brasília - DF. 178p., 2001.

- Cerrado: caracterização, ocupação e perspectivas. PINTO, Maria Novaes


(org.). Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1990.

- Cerrado: Ecologia, Biodiversidade e Conservação


Conservação. SCARIOT, Aldicir;
Silva, José Carlos Sousa; Felfili, Jeanine M. (organizadores). Ministério do
Meio Ambiente, Brasília: 2005.

Páginas da internet
internet:
www.ambientebrasil.com.br - Informações gerais sobre o Cerrado.
www.sementesdocerrado.bio.br - Informações sobre espécies do cerrado.
www.inovacaotecnologica.com.br;
www.emater-rondonia.com.br;
www.pi.gov.br;www.cnpgc.embrapa.br – Informações sobre buriti
www.bibvirt.futuro.usp.br; www.ciat.cgiar.org – Informações
sobre fruteiras brasileiras.
www.ufv.br/dbg/bee/;
www.apacame.org.br/mensagemdoce/ - Informações sobre apicultura
www.editorasaraiva.com.br – Sugestões de atividades referentes ao livro
Vivendo no cerrado – e aprendendo com ele e outros temas.

26 áreas úmidas de cerrado: por que conservar?


Realização

Parcerias

Apoio

Financiamento

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