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PREPARANDO SUA FILHA PARA

A BATALHA DE TODA MULHER

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SHANNON ETHRIDGE

PREPARANDO SUA FILHA PARA


A BATALHA DE TODA MULHER

Traduzido por Neyd Siqueira

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Copyright © 2005, por Shannon Ethridge
Publicado por WaterBrook Press, Colorado Springs, EUA.

Editora responsável: Silvia Justino


Supervisão editorial: Ester Tarrone
Assistente editorial: Miriam de Assis
Preparação: Tereza Gouveiarnáculo Ass. Editorial
Revisão: Rosana Brandãornáculo Ass. Editorial
Coordenação de produção: Lilian Melo
Colaboração: Pâmela Moura
ouglas Lucas

Os textos das referências bíblicas foram extraídos da Nova Tradução na Linguagem de


Hoje (NTLH), da Sociedade Bíblica do Brasil, salvo indicação específica.

Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei 9.610, de 19/02/1998. É


expressamente proibida a reprodução total ou parcial deste livro, por quaisquer
meios (eletrônicos, mecânicos, fotográficos, gravação e outros), sem prévia autori-
zação, por escrito, da editora.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Ethridge, Shannon

Preparando sua filha para a batalha de toda a mulher / Shannon Ethridge; com
introdução de Stephen Arterburn; traduzido por Neyd Siqueira. — São Paulo:
Mundo Cristão, 2009.

Título original: Preparing Your Daughter for Every Woman’s Battle.


ISBN 978-85-7325-563-8

1. Criação de crianças – Aspectos religiosos – Cristianismo 2. Orientação sexual para


adolescentes (meninas) – Aspectos religiosos – Cristianismo 3. Sexo – Aspectos
religiosos – Cristianismo I. Arterburn, Stephen. II. Título. III. Série.

08-11023 CDD-241.66

Índice para catálogo sistemático:


1. Adolescentes meninas: Sexo: Ética religiosa: Cristianismo 241.66
Categoria: Educação

Publicado no Brasil com todos os direitos reservados por:


Editora Mundo Cristão
Rua Antônio Carlos Tacconi, 79, São Paulo, SP, Brasil, CEP 04810-020
Telefone: (11) 2127-4147
Home page: www.mundocristao.com.br

1ª edição: fevereiro de 2009

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Dedicatória

A todas as princesas de Deus, especialmente àquela que


um dia se chamará sra. Matthew Thomas Ethridge

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Agradecimentos

Senhor Jesus, obrigada por ajudar-me a vencer minhas batalhas pessoais e


por conceder-me tantas oportunidades maravilhosas de levar outras pessoas
à vitória.
Greg, agradeço-lhe por ser meu companheiro e ter-se dedicado comigo à
preparação de nossos filhos para um relacionamento saudável. Depois de minha
salvação, nosso casamento é meu maior presente nesta vida.
Erin e Matthew, meu desejo de escrever este livro surgiu da esperança de
que vocês tenham um futuro extraordinário. Sou grata pela inspiração e torcida.
É bom demais ser mãe de vocês.
A meus amigos, família e colegas dos Ministérios Teen Mania, Mercy Ships
International e Garden Valley Bible Church, agradeço as orações fiéis e apoio
nesses anos. A meus pais, sou grata especialmente pelo tempo e pela energia
incomensuráveis que investiram em oração a meu favor.
Ao pessoal da rádio KVNE e da Scroll Christian Bookstore, em Tyler,
meu obrigada pelo entusiasmo por esta série e por tudo o que fizeram para
promovê-la. Não vejo a hora de gravar muito mais “programas” com você, Tricia
Anderson. Adoro você! Dan Bolin, obrigada por suas valiosas pesquisas para
este livro e por compartilhar minha visão de inspirar pais e filhas a ter uma
relação mais próxima. Sou grata também a Corina Kojak por seu auxílio nas
pesquisas deste livro.

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À equipe da Every Man1, Stephen Arterburn, Fred e Brenda Stoeker, Mike


Yorkey e Kenny Luck. Fico maravilhada com a obra de Deus por intermédio
de nossos esforços conjuntos. Oro para que cada livro da série continue a trans-
formar vidas e casamentos para a glória do Senhor.
À equipe da WaterBrook Press, não há como agradecer toda a colaboração
que tenho recebido nos projetos da Every Woman. As palavras não conseguem
expressar o quanto sou grata por vocês acreditarem em mim e em minha men-
sagem. Que Deus os abençoe pelas horas dedicadas a servi-lo. A Alice Crider,
agradeço especialmente por suas contribuições criativas.
Meu obrigada a Liz Heaney: não posso imaginar uma editora mais com-
prometida com a excelência do que você, minha amiga. Considero um imenso
privilégio ser uma das “autoras de Liz”. É surpreende como você consegue
dissecar um manuscrito, com delicadeza e refinamento, e transformá-lo em
obra de arte. Aprendi muito com você.
Agradeço a Pamela McClure e Jana Muntsinger pela grande divulgação dos
livros, e a Ben Laurro, pela divulgação em todas as mídias.
A mães e filhas que fizeram uma pré-leitura deste livro: Coralie e Madeline
(Austrália); Mimi e Jasmine (Honduras); Beth e Chelsea, Veronica e Jessica
(Pensilvânia); Lori e Mary (sul do Texas) e Holly e Hannah (leste do Texas).
Obrigada por serem ótimas cobaias.
Por último, agradeço a todos os leitores da série Every Man e Every Woman,
pela sede de retidão e busca apaixonada da integridade sexual. Suas reações
encorajadoras nos enchem de grande confiança para continuar.

1
Organização norte-americana de interação religiosa voltada ao público masculino. (N. da T.)

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Sumário

Prefácio 11

Livro 1: Para os pais 15


Introdução 17
1. “Eu! Eu!” 21
2. Uma inundação de mensagens positivas 35
3. A fase inicial da adolescência 45
4. A carreira de modelo da mãe 59
5. Pais e filhas 69
6. Falar a linguagem dela 81
7. Descobertas desanimadoras 93
8. Atenção com a mídia 103
9. Às compras com bom senso 111
10. Estabelecendo padrões elevados 119
11. Métodos repetidos 129

Livro 2: Para pais e filhas 135


Introdução: Preparando a princesa 137

1. Curvas atraentes à vista 141


2. Seu lindo relógio biológico 149
3. Doces surpresas 159
4. Os direitos da princesa 169
5. Código de conduta da princesa 177
6. Seu radar real 187

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7. Segredos a serem compartilhados 193


8. A mente da princesa 203
9. O coração da princesa 211
10. A boca da princesa 217
11. O guarda-roupa da princesa 223
12. Como ser uma amiga de boa influência 229
13. Sapos ou príncipes? 236
14. Castelos de areia e casas de vidro 243
15. Mais brilhante que o sol 249
16. As prioridades da princesa 257

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Prefácio

Quando Shannon me disse qual seria o título de seu livro e me convidou para
escrever este prefácio, logo fiquei interessada. Com o ZOEgirl,1 aprendi a ter
muito cuidado com o que apóio ou represento, mas este livro posso defender
de olhos fechados.
Nos últimos cinco anos, aprendi a compreender a imensa necessidade da
ligação entre pais e filhos e quanto isso é imprescindível para ambos. Todavia,
à medida que as crianças crescem e se tornam adolescentes, o relacionamento
com os pais algumas vezes parece desgastar-se. Assim, muitos filhos não re-
cebem o benefício da sabedoria e influência dos pais, justamente quando mais
precisam delas!
Já perdi a conta de quantas cartas recebemos de adolescentes, abrindo o
coração. Essas cartas estão cheias de rejeição, abuso sexual, depressão e ausên-
cia de aceitação que passam diariamente. Muitas se sentem desanimadas com
a própria aparência física e acreditam que não valem nada. Estão ávidas por
atenção e por alguém que possa escutá-las. Muitas meninas se sentem assim
porque não compreendem plenamente quem são em Cristo e, quando acham
que estão sozinhas, sem ninguém para ouvi-las, vão em busca de lugares onde
possam receber atenção e ser aceitas.

1
Grupo norte-americano de música gospel com foco no público jovem. (N. da T.)

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12 PREPARANDO SUA FILHA PARA A BATALHA DE TODA MULHER

Sei que é assim porque já passei por isso. Cometi vários erros antes de ser
cristã e até mesmo depois de ser salva. Quando você não encontra sua iden-
tidade em Cristo, adota um comportamento autodestrutivo: homens, drogas,
álcool, danos físicos etc. Não me refiro às meninas que parecem problemáticas.
Refiro-me a meninas cristãs que amam a Deus, levantam fundos para participar
de viagens missionárias e cantam de cor Jesus me ama. Essas meninas sofrem
internamente, mas têm medo de falar com os pais sobre sua vida secreta porque
se sentem constrangidas ou não quererem que os pais deixem de acreditar que
elas são “boas meninas cristãs”. Em geral, afastam-se das pessoas que ficariam
desapontadas com o comportamento delas.
Hoje, a batalha começa cada vez mais cedo e, infelizmente, como estão anes-
tesiadas pela mídia, as meninas estão bem mais informadas sobre a sociedade
imoral em que vivemos. Ela é muito pior agora do que em minha juventude,
por isso as meninas precisam ter informações adequadas o mais cedo possível
sobre o sexo oposto e as oscilações da adolescência. Se não ouvirem dos pais o
que Deus fala sobre essas questões, vão buscar a opinião dos colegas. Mesmo que
você ache sua filha jovem demais para conhecer tais assuntos, é bem provável
que ela já tenha ouvido sobre eles na escola ou no playground do prédio.
Em nosso primeiro álbum, temos uma música que fala da abstinência sexual,
intitulada One Reason [Uma razão], que conta a história de uma menina que
cometeu um erro no passado, decidiu não ter relações sexuais com o namorado
e iniciar uma vida de pureza. Não foi fácil colocar essa música no álbum, porque
acharam que o tema era controverso demais. Mas estávamos convencidos de
que havia necessidade de tratar desse assunto e acreditávamos que Deus nos
concedera essa música por alguma razão. Recebemos agradecimentos de muitos
pais pela canção, que lhes serviu de oportunidade para tratar, com as filhas, de
namoro e das tentações que enfrentarão com o sexo oposto.
Tenho por este livro o mesmo entusiasmo que tive pela música, por ser ins-
trumento disponível a mães, pais e filhas. É perfeito para iniciar uma conversa
entre você e sua filha sobre temas difíceis, pois se aprofunda nas tentações e
pressões que as jovens enfrentam hoje em dia. Adorei a divisão que Shannon
fez nesta obra: o livro 1 destina-se aos pais; o livro 2, aos pais e à filha, a ser
lido conjuntamente.

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PREFÁCIO 13

Mostrei este livro a minha cunhada, mãe de três meninas com 6, 8 e 10 anos.
Pedi que lesse algumas páginas e me dissesse sua opinião. Depois de ler dois
capítulos, ela desejava que eu o emprestasse, pois desejava levar para casa e ler
com a filha mais velha. Ela ficou entusiasmada com o livro, por ser um instru-
mento de ajuda para explicar à filha as mudanças que estavam acontecendo no
corpo e na mente dela, e os desafios que enfrentaria em futuro bem próximo.
É preciso que os pais se comuniquem com as filhas. Se tiverem uma filha
pré-adolescente e não souberem como abordar esse assunto, este livro será
uma ajuda inestimável. Você aprenderá, passo a passo, a ensinar sua filha sobre
amor, luxúria, vida de uma jovem solteira, casamento etc. Com este livro, sua
filha descobrirá, acima de tudo, o amor incondicional de Deus por ela; para os
pais, será instrumento para um diálogo franco e aberto entre vocês. Com ele,
sua filha ainda terá grandes chances de empreender uma jornada saudável e
íntegra para a maturidade.

Chrissy Conway, do ZOEgirl

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LIVRO 1

Para os pais

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Introdução

Um amigo telefonou-me, aos prantos. Sua filha de 14 anos acabara de


decepcioná-lo. Ela era seu orgulho e alegria, a quem ele dedicara muitas horas.
Ele a amava de todo coração, que agora estava despedaçado. Naquela mesma
noite, ele fora buscar a filha na festa de aniversário de uma amiga. Depois de
identificar-se para o segurança do condomínio, seguiu as indicações e chegou à
entrada da casa onde estava sua filha. A casa estava bem iluminada, e não havia
cortinas nas janelas. Ao sair do carro, pôde ver os jovens, incluindo sua filha,
correndo pela casa. Tudo indicava que estavam se divertindo, inocentemente.
Mas, ao se aproximar da porta, pôde ver com clareza o que estavam fazendo.
Estavam brincando de pega-pega, e a cama era evidentemente o lugar onde es-
tariam a salvo. Ele viu quando a filha correu para o quarto e jogou-se na cama, a
salvo de quem estava “pegando”. A seguir, viu um rapaz, de quem ela gostava, pular
também, seguido por outros seis. Todos riram, provocaram-se e correram para
o outro quarto. Mas nem todos foram embora. Sua filha e o rapaz continuaram
na cama depois de os outros saírem. Ele viu quando a filha se deitou e permitiu
que o rapaz a beijasse na boca. Em seguida, viu a mão do rapaz sobre o ventre da
menina, acariciando-a enquanto a beijava com força. E ali estava ela, permitindo
que ele fizesse aquilo, parecendo bastante consciente do que acontecia.
Meu amigo correu até a porta principal e bateu desesperadamente para
impedir que o casal continuasse com aquilo. Tudo o que conseguiu dizer foi:

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“Vamos embora”. No carro, voltando para casa, permaneceu em silêncio, pois


não queria piorar ainda mais as coisas.
Ele me telefonou porque achava que tinha fracassado e não sabia o que fazer
diante daquela situação. Pensou em falar com a filha sobre como os meninos
pensam, que desejam fazer e por que, mas adiara a conversa. Achava que teria
tempo de fazê-lo antes que a filha começasse a namorar. Não tinha idéia de que
um aniversário inocente seria uma oportunidade para beijos apaixonados em
uma cama. Eu o consolei, orientei a conversar com a filha e entrar em contato
com o pai do rapaz. Lembrei-o de que Deus lhe concedera a bênção de saber
o que estava acontecendo na vida da filha, em vez de imaginá-la inocente para
sempre. Seria mais fácil imaginá-la inocente, mas essa não era a realidade. Meu
amigo foi atingido duramente pela realidade, mas teve a chance de reagir com amor
e força e fazer o melhor com relação ao ocorrido. Embora sentisse que falhara em
relação à filha, estava decidido a guiá-la pelo caminho que deveria trilhar.
É bem provável que você tenha escolhido este livro para que possa evitar o
que aconteceu com meu amigo. Seu intuito é preparar sua filha com a verdade
e motivá-la a fazer o que é correto, quando for confrontada com a possibilidade
de ter uma atitude contrária. Em suas mãos está a melhor ferramenta para fazer
exatamente isso. Gostaria que este livro estivesse pronto quando minha filha
tinha 9 ou 10 anos. Quando ela tinha essa idade, tínhamos devocionais todas
as manhãs antes da escola. Fiz o que pude para prepará-la para a adolescên-
cia, mas na época não encontrei nenhum material sobre sexo que tivesse uma
abordagem adequada e clara com uma base bíblica. Este livro tem tudo isso.
Shannon utilizou as experiências vividas em sua adolescência e as combinou
com o modo que educou sua filha. O resultado é um grande instrumento para
nós, pais, prepararmos e protegermos nossas filhas.
Este livro vai ajudar sua filha a celebrar a futura adolescência e maturidade
como mulher. Não vai amedrontá-la ou levá-la a distúrbios alimentares, inge-
rindo comida demais ou de menos, na tentativa de evitar a realidade futura, mas
sim orientá-la em suas próprias decisões e ajudá-la a estabelecer os próprios
limites, que honrem a Deus, a si mesma e a sua família. Pode até salvar a vida
dela. E, com certeza, ela vai se poupar de grandes sofrimentos e tristezas se
seguir o caminho de Shannon.
Tenha certeza de que, aos 11 anos, sua filha já fala de sexo com as amigas.
Em alguns casos, as meninas já falam sobre o assunto ainda mais novas. Se não

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INTRODUÇÃO 19

falar sobre sexo com ela, surgirá um distanciamento entre vocês. No entanto,
se abordar o assunto cedo, o diálogo criará um elo forte, e sua filha vai querer
aprender sobre essa realidade com você, não na rua. Não espere até que ela seja
adolescente para começar a prepará-la. Antecipe-se às tentações e crie uma base
sólida e profunda. Parafraseando Provérbios 4:7-8, não há nada mais valioso
do que a sabedoria. Transmita essa sabedoria a sua filha, por mais difícil que
seja para você, e a ajude a entender as realidades da vida. Ajude-a a valorizar a
verdade de Deus e a seguir esse caminho. Ao fazê-lo, ela vai honrar você, seu
Deus e sua família. Neste livro, sua filha encontrará a orientação necessária
para fazer escolhas sábias com respeito à sexualidade. Não deixe esse assunto
nas mãos da escola ou mesmo da escola dominical. É você quem deve guiá-la
pelo caminho da verdade.
Nossos filhos devem aprender a estabelecer limites e devem entender que a
pele é um limite concedido por Deus. Eles devem honrar esse limite e esperar
que as pessoas também o honrem, do contrário, devem se afastar das que não
agem assim. Este livro vai ajudar você a transmitir essa verdade fundamental
a sua filha e vai ajudá-la a compreender que tem poder de proteger-se além de
dar-lhe a confiança necessária para isso. Vai ajudá-la a reconhecer que foi feita
“de modo especial e admirável” e vai esclarecê-la quanto à maravilhosa criação
que existe dentro dela.
Antes, porém, de você iniciar este livro, quero fazer-lhe uma advertência: não
há garantia de que sua filha se manterá pura depois de vocês lerem as orientações
de Shannon. Sua filha ainda terá as próprias idéias. Não existe uma fórmula
para o sucesso como pais, porque não temos controle total sobre os filhos. No
entanto, incentivo-o a fazer o melhor possível. O investimento em tempo e na
busca da verdade para sua filha vai ajudá-la a descobrir seu propósito e a viver
de acordo com ele. Que Deus o abençoe em seu esforço de educar sua filha a
tornar-se uma mulher sábia e madura.

Stephen Arterburn

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1
“Eu! Eu!”

Os mestres sábios, aqueles que ensinaram muitas pessoas a fazer o que é certo,
brilharão como as estrelas do céu, com um brilho que nunca se apagará.
Daniel 12:3

Se você alguma vez assistiu ao seriado Welcome Back, Kotter [Bem-vindo,


Kotter], exibido na televisão norte-americana nos anos 1970, vai se lembrar do
nerd Arnold Horshack, o rapaz de cabelos curtos e encaracolados que acenava
impulsivamente e respondia, aos berros, às perguntas do sr. Kotter: “Ei! Ei! Eu!
Eu!”. Se eu não estiver enganada, o sr. Kotter sucumbia quase sempre às súplicas
de Arnold e o chamava para responder às perguntas, porque ele era um aluno
muito interessado (e porque ninguém na sala parecia saber muito mais!).
Não seria ótimo se nossos filhos sempre nos chamassem, seus pais, para res-
ponder às questões sobre sexualidade por saberem que estaríamos não só dispostos
mas ansiosos por responder? E por acharem que ninguém mais saberia tanto sobre
o tema como papai e mamãe? Sua filha vê uma atitude “Eu! Eu!” em você ou uma
atitude “Não acredito que você teve coragem de perguntar isso!”?
Quando sua filha estiver pronta para falar sobre sexo, a quem vai procurar?
Terá liberdade para procurar você?

Os estudos mostram que você tem a solução


Muitos estudos foram realizados sobre o valor da educação sexual conduzida
pelos pais. Observe:
• Conversas freqüentes sobre educação sexual entre pais e filhos podem
melhorar a comunicação e fortalecer os laços familiares. Quando na

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família se pode falar sobre sexo com naturalidade, franqueza e hones-


tidade, a ansiedade e o constrangimento que geralmente acompanham
o tema podem ser minimizados ou até eliminados. Quando os filhos
adolescentes podem expor qualquer dúvida sobre sexualidade aos pais e
usar qualquer palavra necessária para formular suas perguntas, cria-se uma
atmosfera de confiança e respeito, em que outros assuntos igualmente
delicados podem ser discutidos.1
• A maioria dos filhos e dos pais diz que deseja que os pais sejam a principal
fonte de educação sexual. Quando os filhos procuram os pais para obter
essas informações, a probabilidade de serem sexualmente ativos é menor,
eles se identificam positivamente com os valores sexuais tradicionais dos
pais, suas primeiras experiências sexuais começam em idade mais avançada
e a probabilidade de serem promíscuos é menor.2
• Quando os pais conversam e afirmam o valor dos filhos, os jovens têm
maior probabilidade de desenvolver atitudes positivas e saudáveis a res-
peito de si mesmos. Isso também se aplica ao sexo. A pesquisa mostra
que a comunicação positiva entre pais e filhos pode ajudar os jovens a
estabelecer valores individuais e tomar decisões saudáveis.3

Embora quase todos os pais afirmem que desejam ser procurados pelos filhos,
raras vezes isso acontece.

Quem está em primeiro lugar na lista dela?


Vários estudos revelam que há uma discrepância significativa entre a freqüência
com que os pais disseram que deveriam ser os primeiros a fornecer essa infor-
mação e a freqüência com que de fato foram os primeiros a serem consultados.
Em uma pesquisa com mais de cem mil pais, 96% achavam que os filhos de-
viam aprender sobre sexo com os pais. Todavia, ao serem perguntados sobre a

1
D. Kirby, L. Peterson e J. G. Brown, “A Joint Parent-Child Sex Education Program”, Child
Welfare, 61, nº 2, 1982, p. 105-114.
2
M. L. Bundy e P. N. White, “Parents as Sexuality Educators: A Parent Training Program”,
Journal of Counseling and Development, 68, nº 3, 1990, p. 312-323.
3
Advocates for Youth: Parents’ Sex Ed Center, Washington, D.C., <www.advocatesforyouth.
org/parents> acesso em 24 de nov. de 2008.

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“EU! EU!” 23

fonte de informação que os filhos procuravam, apenas 24% dos entrevistados


acreditavam serem os pais.4
Infelizmente, a maioria dos filhos não coloca os pais em primeiro lugar das
listas de adultos a quem se pode fazer perguntas sobre sexo. Se for esse o caso,
quem, afinal, ocupa o primeiro lugar? Os adolescentes, na maioria das vezes,
afirmam que a principal fonte de informação sobre sexo são os amigos, contudo
esse fato apresenta três grandes problemas: 1) sabe-se que os amigos são fontes de
informações equivocadas sobre sexo; 2) é muito difícil eliminar os mitos sexuais
difundidos entre os adolescentes e 3) os amigos provavelmente vão divulgar valores
sexuais contrários aos valores familiares, gerando um conflito com os pais.5
Afinal, o que pais e mães podem fazer? Como podemos garantir que nossos
filhos nos procurem quando tiverem dúvidas sobre sexo? Parte da resposta, creio
eu, está em compreender as razões que levam os filhos a procurar outras pessoas
para responderem às dúvidas sobre sexo.

Por que os filhos não conversam com os pais sobre sexo


Ao longo dos anos 1990, conversei com adolescentes para descobrir por que isso
acontece. A seguir, observe as três das razões mais freqüentes e minha resposta
sobre como os pais podem evitar que seus filhos tenham esses sentimentos.

1. Não falamos desse assunto em casa


É claro que, se nós, como pais, não falarmos sobre o assunto, nossos filhos
seguirão a regra. Como adultos, somos exemplo e estabelecemos quais são os
temas aceitáveis em nosso lar e quais são tabu. Se sua filha nunca perguntou
sobre sexo, ou ela ainda não pensa a respeito (o que é improvável) ou não se
sente confortável em tratar do assunto. Mesmo que o sexo seja considerado um
tema proibido, você pode fazer de sua casa um porto seguro para essas questões,
utilizando o livro 2 desta obra (ou Preparando seu filho para a batalha de todo
homem com seu filho).6

4
Bundy e White, “Parents as Sexuality Educators…”, p. 321-323.
5
J. M. Benshoff e S. J. Alexander, “The Family Communication Project: Fostering Parent-
Child Communication About Sexuality”, Elementary School Guidance and Counseling, 27, nº
4, 1993, p. 288-300.
6
Stephen Arterburn, Fred Stoeker, Mike Yorkey. São Paulo: Mundo Cristão, 2009.

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2. Nunca falaria sobre sexo com meus pais porque fugiriam do assunto e desconfia-
riam que eu estivesse a fim de praticá-lo ou já praticando, quando não estou
Fugir das perguntas curiosas faz que nós, pais, sejamos desqualificados defini-
tivamente da categoria “Eu! Eu!”. Se pudermos aceitar que os filhos têm uma
curiosidade natural sobre sexualidade, podemos conversar com calma com nossas
filhas e responder às perguntas sem pânico. Quando ela levantar a questão, seja
sobre dúvidas a respeito de si mesma ou fruto de observação da vida de outra
pessoa, não se apresse a comentar. Faça perguntas, pergunte como ela se sente
sobre o que viu ou ouviu. Depois de ouvir as opiniões dela, sua filha se sentirá
mais aberta a ouvir as suas.

3. Meus pais não fazem sexo, portanto, provavelmente não sabem muito mais do
que eu
É verdade, foi exatamente o que você leu. E, creia, é um fato. Muitos jovens
dizem-me que os pais não fazem sexo. É claro que sorrio internamente e per-
gunto: “Como você acha que nasceu?”. Os adolescentes geralmente percebem o
tom de humor na pergunta e respondem: “Certo, fizeram sexo três vezes porque
tenho um irmão e uma irmã, mas, além disso, não fazem sexo!”. Permaneço séria e
pergunto: “Por que acha isso?”, e a maioria responde: “Eles não saem para namorar,
não ficam de mãos nem se beijam! Como você pode pensar o contrário?”.
Podemos tirar uma boa lição do que os filhos dizem sobre o casamento dos
pais. As crianças associam sexo a romance e afeto e, se não é isso que vêem na
sala de estar ou na cozinha entre mamãe e papai, não conseguem imaginar que
algo aconteça no quarto. Recomendo que os pais sejam um modelo deliberado
de ternura e afeto, de maneira saudável e adequada na frente da filha, para que
ela cresça sabendo que o casamento é um relacionamento em que vai ficar de
mãos dadas, beijar, ter relações sexuais etc. (Cf. o cap. 14 do livro 2, para pais
e filhas.)
À luz desse último comentário, podemos imaginar: O que leva os filhos a
pensarem assim? Tenho duas teorias.

Como nascemos?
Em primeiro lugar, lembre-se de que a maioria das crianças ouve falar de sexo
por meio dos amigos, mas nem sempre foi assim. Tempos atrás, as famílias

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“EU! EU!” 25

viviam juntas em casas de um único cômodo, onde as crianças eram separadas


do relacionamento sexual dos pais apenas por uma cortina ou talvez uma parede
provisória. Hoje, porém, temos múltiplas paredes e portas protegendo nossos
filhos de qualquer conhecimento de nossas atividades privadas. As crianças vi-
viam em fazendas, onde os animais faziam sexo e davam à luz seus filhotes na
frente delas. A maioria das crianças já sabia sobre sexo e reprodução antes de
aprender a ler e escrever.
A mídia é outra fonte primária de informação sobre sexo, glamorizando o
sexo pré-conjugal e zombando da fidelidade no casamento. Se as crianças cres-
cerem assistindo à televisão em demasia, vão pensar que sexo de boa qualidade
só é possível entre pessoas jovens, belas e solteiras. Muitos programas retratam
os casais como pessoas entediadas ou esgotadas pelo trabalho e pelos filhos,
de modo que os momentos apaixonados raras vezes ocorrem. Muitos jovens
disseram-me que não sabem se querem se casar, por temerem que a vida sexual
se extinga com o passar dos anos, como ocorre com a maioria dos casais.
Temos de mudar essa situação, não só em nossa cultura, mas na mente de
nossos filhos. Devemos ser os primeiros a educá-los sobre sexo, permitindo que
saibam que se trata de parte prazerosa de um casamento saudável, antes que al-
guém instile valores contrários àqueles em que acreditamos como pais cristãos.

O outro lado da história


Alguns pais, infelizmente, hesitam ou até temem discutir sobre sexo com
os filhos. Por quê? Veja as razões mais comuns que ouço dos pais e minha
resposta.

Meus filhos não têm idade para ouvir sobre sexo


Comumente, muitos pais tentam encontrar uma oportunidade de “conversar”
sobre “os pássaros e as abelhas” antes da primeira experiência de namoro dos
filhos. Essa conversa é apenas um preâmbulo sobre a origem dos bebês, a fim
de que seja evitada uma gravidez antes do casamento. Mais tarde, talvez o pai
(no caso do menino) ou a mãe (no caso da menina) satisfaça a expectativa de
falar mais detalhadamente sobre o sexo na noite que antecede as núpcias.
Se a educação sexual que você oferece a seus filhos ainda tiver essa abordagem,
proponho que faça perguntas a eles, porque, se esperar tanto, saberão sobre sexo

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26 PREPARANDO SUA FILHA PARA A BATALHA DE TODA MULHER

quase tanto (se não mais) que você! Observe o trecho a seguir, extraído do livro
Human Sexuality [Sexualidade humana]:

Determinar a idade adequada para falar sobre sexualidade pode ser problemático
para muitos pais. Em um estudo realizado com pais, descobriu-se que, ao serem
interrogados sobre a idade em que seus filhos deveriam aprender sobre sexo, os
pais de crianças pequenas inevitavelmente indicaram uma idade maior do que a
do filho. Em outras palavras, quando se trata de sexo, qualquer que seja a idade
da criança, ela é suficiente para esse tipo de assunto. É provável que os pais que
esperarem até o filho alcançar a puberdade para ter “aquela” conversa sobre sexo
descubram que estão repetindo informações que o filho já conhece.7

Caso você não entenda a recomendação da autora, vou repeti-la. Como pais,
precisamos conversar com nossos filhos sobre sexualidade antes da puberdade!
Veja as estatísticas:

• 20% das meninas e 30% dos meninos iniciam a vida sexual aos 15
anos.8
• Aos 17 anos, mais de 50% dos jovens já tiveram relações sexuais.9
• Aos 19 anos, 80% dos adolescentes já tiveram relações sexuais.10
• A cada ano nos Estados Unidos, cerca de um milhão de adolescentes
engravidam. Do total de gestantes nos Estados Unidos, 13% são adoles-
centes, o mais alto índice entre os países desenvolvidos. Desse total, cerca
de 78% são gestações indesejadas e 22% são programadas.11
• Dos 40 mil novos casos anuais de Aids, metade tem menos de 25 anos
de idade.12

7
Tina S. Miracle, Andrew W. Miracle e Roy F. Baumeister. New Jersey: Prentice Hall,
2003, p. 263.
8
S. Singh e E. Darroch, “Trends in Sexual Activity Among Adolescent American Women:
1982-1995”, Family Planning Perspectives, 31, nº5, 1999, p. 211-219.
9
Miracle, Miracle e Baumeister, Human Sexuality, p. 271.
10
Idem, p. 271.
11
Idem, p. 272.
12
Centers for Disease Control and Prevention (CDC), HIV Prevention: Strategic Plan Through
2005, jan. de 2001.

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“EU! EU!” 27

Entendo que esses índices não reflitam o estilo de vida de meninos e meninas
na pré-adolescência, mas sim de adolescentes mais velhos. Todavia, acredito
que um dos problemas que mais contribuem para a gravidez na adolescência e
para a epidemia de doenças sexualmente transmissíveis são os poucos progra-
mas de abstinência dirigidos aos pré-adolescentes.13 A maioria dos programas
de prevenção de gravidez visam aos adolescentes entre 13 e 17 anos. A meu
ver, os programas são tardios demais, pois grande parte das jovens já iniciaram
comportamentos que prejudicam a saúde e as colocam em risco de engravidar.
Será que essas meninas poderiam ter feito escolhas mais saudáveis se tivessem
recebido uma educação sexual de qualidade mais cedo? Creio que a resposta
seria “sim” para a maioria. Talvez seja tarde demais para essas meninas, mas
esperamos que não seja tarde demais para sua filha. Mesmo que você ache que
já seja um pouco tarde para falar de sexo, não entre em pânico. Não há hora
melhor do que agora para começar as conversas criativas sobre as quais você e
sua filha lerão juntas no livro 2.
Vários especialistas recomendam que os programas de educação sexual ini-
ciem entre 8 e 14 anos, de preferência antes ainda, para maximizar a oportuni-
dade de manter contato com as pré-adolescentes, quando estão mais acessíveis
à influência dos pais. Como pais, precisamos compreender, como mostram as
pesquisas, que informar os filhos sobre sexo não aumenta as chances de eles
terem relações sexuais.14

Não quero tirar a inocência de minha filha falando demais sobre sexo
Pense por um momento sobre a enorme diferença entre inocência e ignorância.
A inocência é um estado emocional; a ignorância, um estado mental. Educar
a mente de sua filha sobre o dom maravilhoso concedido por Deus não vai
tirar a inocência que está no coração dela, nem o conhecimento saudável
vai macular sua pureza sexual. O coração dela talvez venha a ser ainda mais
puro porque terá melhor compreensão do plano de Deus para a sexualidade. As

13
N. L. R. Anderson e outros, “Evaluating the Outcomes of Parent-Child Family Life
Education”, Scholarly Inquiry for Nursing Practice: An International Journal, 13, nº 3, 1999,
p. 211-234.
14
Kirby, Peterson e Brown, “Joint Parent-Child”, p. 105-114.

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28 PREPARANDO SUA FILHA PARA A BATALHA DE TODA MULHER

Escrituras dizem que devemos ser astutas como as serpentes e inocentes como
as pombas (cf. Mt 10:16), o que significa que podemos, ao mesmo tempo, ser
tanto informadas quanto puras.
No entanto, a falta de conhecimento não equivale à inocência, mas sim à
ignorância. Conheço muitas jovens ignorantes em questões de sexo, mas que
cruzaram vários limites sexuais. Segundo a Bíblia, a falta de conhecimento
destrói as pessoas (cf. Os 4:6). No caso do sexo, essa verdade se aplica com
perfeição.
As crianças merecem respostas sinceras, apropriadas à idade, no momento
em que começarem a fazer perguntas como:

• “De onde vêm os bebês?”


• “Como eles entram na barriga da mãe?”
• “Como saem?”
• “Por que não tenho um pênis, como meu irmãozinho?”

Falar de sexo com minha filha pode despertar seus desejos sexuais
Manter sua filha na ignorância não irá impedi-la de ter conflitos sexuais. A
ignorância e a confusão só vão exacerbar essas questões. Devemos nos lembrar
de que humanidade e sexualidade são inseparáveis. Embora os pais prefiram
evitar detalhes (posições sexuais, freqüência etc.), é preciso transmitir às meninas
informações suficientes para que tenham uma sólida base de compreensão sexual.
Creio que a falta de informações saudáveis leva as crianças a comportamentos
sexuais pouco saudáveis, como voyeurismo impróprio, masturbação habitual,
sedução, pornografia e promiscuidade.
Tenha cuidado para não confundir ser “sexual” com ser “sexualmente ativa”.
O fato de sua filha não ser sexualmente ativa não significa que não seja um ser
sexual. Os desejos sexuais acabam sendo despertados em todos os seres hu-
manos, quer falemos sobre sexo, quer não. Não somos criados com um botão
que é acionado quando temos nossa primeira conversa sobre sexo. Nascemos
com uma curiosidade instintiva sobre nosso corpo e o corpos dos outros, tanto
homens como mulheres. É por isso que as crianças pequenas introduzem as
mãos nas fraldas e “brincar de médico” é tão comum na infância. As crianças são
curiosas por natureza e querem respostas a suas perguntas não verbalizadas

Preparando sua filha.indb 28 07/01/2009 10:38:44


“EU! EU!” 29

sobre a sexualidade. Se os pais não fornecerem essas respostas, os filhos vão


procurá-las de formas perigosas.

Tentei falar com minha filha sobre sexo, mas ela não quer me ouvir
Embora os filhos não peçam aos pais para falar sobre o assunto, 7 entre 10
adolescentes (69%) concordam que seria mais fácil adiar o início da vida sexual
e evitar a gravidez precoce se pudessem conversar de modo mais aberto e franco
sobre sexo com os pais; além disso, afirmam que estão prontos para ouvir as
coisas para as quais os pais pensavam não estarem.15
Se sua filha não lhe fizer perguntas diretas, não cometa o erro de pensar que
não está interessada em ouvi-lo. Constrangidos, os filhos podem mascarar o
interesse, chegando até mesmo a fechar os ouvidos com as mãos e cantalorar,
para sufocar qualquer tentativa de conversa franca da parte dos pais. Na ver-
dade, o que os filhos estão querendo dizer, com uma atitude exagerada, é que
se sentem constrangidos com aquela conversa porque tudo parece estranho para eles!
É possível vencer esse obstáculo introduzindo o assunto em conversas do
dia-a-dia, permitindo que haja uma familiaridade e sensação de conforto gra-
dual e natural. Você não vai alcançar esse nível de conforto permanecendo em
silêncio ou decidindo que ainda não é hora de falar sobre o assunto. Se o pai
ou a mãe falarem de sexo depois de um longo período de silêncio, a situação
provavelmente parecerá estranha e, portanto, constrangedora. Por isso é im-
portante conversar com freqüência sobre esse tema delicado, para quebrar o
gelo entre pais e filhos.

A escola de minha filha tem um ótimo programa de educação sexual. Vou deixar sob
sua responsabilidade
Alguns pais deixam a cargo da escola a educação sexual de seus filhos, por
meio de aulas de saúde ou educação sexual, por não se sentirem à vontade
para conversar sobre o tema. Mas é importante que os pais vejam a educação

15
National Campaign to Prevent Teen Pregnancy, With One Voice, 2002: America’s Adults
and Teens Sound Off About Teen Pregnancy, Annual Survey, citado em SIECUS (Sexually
Information and Education Council of the United States), “Shop Talk”, <www.siecus.org/
pubs/shop/volume7/shpv 70052.html> acesso em 17 de jan. de 2003.

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30 PREPARANDO SUA FILHA PARA A BATALHA DE TODA MULHER

sexual na escola apenas como um complemento de seus esforços pessoais.


Embora muitas escolas ensinem sobre o funcionamento do sexo e a prevenção,
provavelmente ignoram os valores sexuais cristãos. É preferível um modelo de
programa simultâneo de educação sexual para pais e filhos a deixar que sua filha
aprenda sobre sexo longe de casa. Nesse caso, a participação dos pais é vital.
Um estudo revelou que adolescentes que participaram de programas desse tipo
em companhia dos pais se comunicavam com maior freqüência com eles sobre
questões sexuais, demonstravam maior convicção sobre a abstinência e tinham
intenções mais firmes de manter-se abstinentes do que outros adolescentes
cujos pais não participaram do programa.16
Alguns pais talvez confiem que o pastor de jovens da igreja possa incutir
valores sexuais cristãos nos filhos, mas esse modelo não é muito eficaz. Por quê?
Pense um pouco na variedade de temas que o pastor de jovens deve tratar com
os adolescentes da igreja: salvação, discipulado, evangelismo, história do An-
tigo Testamento, princípios do Novo Testamento, missões e responsabilidade,
além de uma porção de outras questões sociais, como bebida, fumo, drogas etc.
Quanto tempo ele poderá, de fato, dedicar ao tema da sexualidade?
Pense com quem sua filha passa a maior parte do tempo. Quanto tempo ela
passa na igreja? Duas a três horas por semana no máximo. Quanto tempo
passa na aula de educação sexual? No máximo uma hora por dia, alguns dias por
semana durante um ano. Pense em todos os temas que são abordados nesse curto
espaço de tempo. Quanto tempo, entretanto, sua filha passa em casa? A maior
parte. E quanto tempo você passa em companhia de sua filha? Pelo menos 18
anos. Você entendeu? Como pais, temos a chave para oferecer a nossos filhos
a educação sexual de que realmente necessitam, não os colegas deles, nem as
escolas, nem a igreja, mas nós.

Não quero responder às perguntas de minha filha sobre minhas escolhas sexuais
É uma preocupação válida de muitos pais. Quem de nós quer confessar os pró-
prios conflitos sexuais para os filhos, especialmente se nossa vida não é exemplo

16
Susan M. Blake e outros, “Effects of a Parent-Child Communications Intervention on Young
Adolescents’ Risk for Early Onset of Sexual Intercourse”, Family Planning Perspectives, 33,
nº 2, 2001, p. 52-61.

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“EU! EU!” 31

a ser seguido? Se você tem segredos sobre sua vida sexual, saiba que muito
provavelmente sua filha não vai fazer perguntas desconcertantes e pessoais. A
maioria das crianças tem uma idéia do que se deve ou não perguntar a uma
pessoa, portanto não pense que não pode começar a falar sobre sexo com seus
filhos até que tenham idade para ouvir sobre seus fracassos passados.
Dito isso, quero encorajá-la a examinar seus fracassos passados sob uma
ótica diferente. Acredito que podemos usar esses exemplos de situações em
que não conseguimos proteger nossa mente, nosso coração e nosso corpo do
compromisso sexual, em favor de nossos filhos. Eles precisam que sejamos
“verdadeiros”, não “rochas”. Com isso não quero dizer que os pais não devam
ser fortes e servir de exemplo sempre que possível, mas que conversar aberta e
francamente sobre as lutas que enfrentaram na idade deles significa que sabem
como eles se sentem porque já passaram pela mesma experiência. Se formos
francos, garantiremos a nossos filhos que não estão sozinhos ao lidar com os
conflitos e que todos passam pelas tentações sexuais, inclusive mães, pais e
filhas. Nossas filhas devem saber que podemos conceder-lhes a graça de ser
humanas, que a misericórdia de Deus é infinita e que nosso amor por elas é
incondicional. Finalmente, se formos sinceras sobre nossas experiências, criamos
uma atmosfera em que se sintam à vontade para fazer perguntas e contar suas
preocupações e lutas pessoais. Não é esse o objetivo?
Uma palavra de advertência: tenha em mente que as confissões pessoais
devem ser feitas de acordo com a idade de sua filha e só devem ser reveladas
em benefício dela. Há vários meses recebi o e-mail de uma mulher, como a
seguinte pergunta: “Você acha correto eu confessar à minha filha que fiz um
aborto quando era adolescente?”. Na resposta, perguntei a idade da filha dela e
por que ela desejava falar sobre esse assunto. Se ela dissesse: “Ela tem 8 anos e
só quero tirar esse peso da consciência!”, eu teria encorajado essa mãe a evitar
essa confissão, porque seu motivo seria egoísta e sua filha não teria maturidade
para lidar com esse tipo de informação. Todavia, a mãe respondeu: “Minha
filha tem 17 anos e está namorando firme. Quero que ela compreenda que uma
gravidez não planejada pode acontecer a qualquer mulher, assim ela pode fazer
escolhas sábias e guardar o sexo para o casamento”. Essa mãe estava pronta
a humilhar-se para poupar a filha de um sofrimento futuro. Eu a encorajei a

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32 PREPARANDO SUA FILHA PARA A BATALHA DE TODA MULHER

seguir sua consciência. Se ela achasse que confessar o aborto beneficiaria mais
a filha do que o contrário, então sua confissão seria digna.
Se você ainda estiver em dúvida se deve ou não falar com sua filha de 8 ou
9 anos sobre sexo, vou contar-lhe por que meu marido e eu estamos contentes
por termos conversado com nossos filhos quando ainda eram pequenos.

Nosso alívio
Alguns meses antes de Erin entrar no jardim-de-infância, ouvi no rádio o
dr. James Dobson dizer que, antes de ingressarem na escola, as crianças pre-
cisavam saber de onde vinham os bebês. Conversei com meu marido, Greg, e
decidimos criar um filtro mental para Erin, pelo qual toda informação sobre
sexo pudesse ser filtrada e classificada em categorias de verdade ou mentira, e
adequada ou inadequada. Contamos então a ela quanto achamos que poderia
entender naquela idade.
Depois de algumas semanas de escola, Erin contou-me que um menino
havia abaixado as calças no playground e mostrado seu pênis para todo mundo.
Eu perguntei:
— Querida, o que você fez?
— Mamãe, eu virei as costas. Todos ficaram olhando, mas eu sabia que era
errado, então não olhei.
Que bom! Embora não fosse aplicar nenhum castigo se tivesse olhado por
curiosidade, fiquei contente por Erin ter decidido desviar o olhar mesmo que
eu não estivesse lá para orientá-la.
Menos de um ano depois, outra situação mais séria ocorreu. Erin estava na
primeira série e voltou da escola visivelmente aborrecida com alguma coisa. À
noite, naquele mesmo dia, estávamos lendo o livro de Gênesis e chegamos à
história em que as filhas de Ló se deitaram com o pai para engravidarem dele.
Quando terminei de ler a história e explicar a Erin por que era errado parentes
fazerem sexo entre si, ela perguntou se podia me contar um segredo. Ela disse
que, durante o recreio, uma amiga sussurrou em seu ouvido: “Algumas vezes
entro no armário com meu primo, e ele coloca o seu “você sabe” em minha boca”.
Meu coração acelerou, mas eu sabia que não era possível ignorar a situação. Então
perguntei: “Erin, você se importaria se convidássemos sua amiga para vir aqui,
e eu conversasse com ela sobre isso?”. Erin respondeu que era isso que queria.

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“EU! EU!” 33

Alguns dias depois, Molly veio a nossa casa. Comecei a falar que eu era
pastora de jovens, e que algumas vezes os jovens têm segredos que precisam
compartilhar com os adultos. Garanti que, se ela tivesse um segredo, eu seria
uma pessoa com quem poderia falar a respeito. Erin contou a Molly que me
falara sobre o segredo dela. No começo, é claro, a menina ficou constrangida.
Expliquei-lhe que era errado o que o primo de 11 anos a forçava a fazer e que
sua mãe precisava ter conhecimento daquilo. Molly disse: “Eu nunca poderia
contar à minha mãe! Mas... a senhora poderia”. Passados alguns dias eu expli-
quei à mãe dela que o sobrinho estava abusando sexualmente da filha. Ela ficou
horrorizada, mas admitiu que estava desconfiada. Numa reunião familiar difícil,
em sua casa, com a irmã e o sobrinho, a situação foi esclarecida e corrigida.
Como Erin teria reagido a essa situação se nós não tivéssemos conversado
com ela sobre pureza sexual? Ela teria me contado sobre o que estava aconte-
cendo com Molly? Provavelmente não. Teria achado normal se alguém a tivesse
convencido de um ato semelhante? Não sei. Molly continuaria a sofrer abuso
sexual se Erin não tivesse contado o segredo? Talvez. É um alívio que minha
filha saiba que pode conversar comigo sobre assuntos desse tipo.
Contei essa história a você não com o intuito de chocá-la, mas de encorajá-
la. Seja a primeira a falar com sua filha, de modo que seus valores sexuais sejam
gravados no coração dela. Se já perdeu essa oportunidade por alguma razão, faça
perguntas a sua filha para descobrir o que ela já aprendeu e ajude-a a diferençar
entre verdade e mentira.
Sejamos pais que respondem a perguntas, dispostos a ser os primeiros
a responder. Podemos ser a geração de pais que passam da ansiedade para a
autenticidade, a fim de que nossos filhos possam aprender a ser os melhores
administradores do dom da sexualidade concedido por Deus.

Preparando sua filha.indb 33 07/01/2009 10:38:44

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