Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
DEPARTAMENTO DE ESTUDOS
CURSO XLV
MONOGRAFIA
1
FORÇA ARMADAS BRASILEIRAS NA AMAZÔNIA:
FATOR DE INTEGRAÇÃO, DESENVOLVIMENTO E SEGURANÇA NO
CONTEXTO REGIONAL.
POR
2
RESUMO
3
SIPAM/SIVAM e PCN pelos demais países que integram a Amazônia, permitindo a
ampliação dos benefícios proporcionados, hoje, apenas à Amazônia Legal brasileira.
As novas possibilidades criadas pelos Projetos para controle sobre a Região
Amazônica e para ampliação das informações sobre a área já constituem, sem dúvida,
uma nova realidade para a integração da América do Sul e fortalecimento da segurança
hemisférica.
Além desses aspectos, é evidenciado o esforço que os vários governos têm
destacado em suas políticas para o desenvolvimento, segurança e a integração da Região
ao resto do país, evidentemente, dando ênfase, nesse esforço, a atuação das Forças
Armadas.
4
Certifico que revisei a presente monografia e
que a mesma encontra-se correta, segundo as
normas e a metodologia do CID.
5
NOTA ESCLARECEDORA
6
AUTORIZAÇÃO
7
ÍNDICE
INTRODUÇÃO............................................................................................................................... 1
CONCLUSÃO ................................................................................................................................. 47
BIBLIOGRAFIA
8
INTRODUÇÃO
9
demais países amazônicos, que mantém vastas áreas com pequena ocupação e baixa
proteção.
Este trabalho pretende propor a ação conjunta e coordenada entre o Brasil e demais
países amazônicos, disponibilizando os sistemas desenvolvidos pelo governo brasileiro,
sugerindo algumas formas de parceria, bem como a atuação das forças armadas no
desenvolvimento e segurança local e regional, proporcionando a ampliação da
integração na região que permitira o compartilhamento de conhecimentos e
responsabilidades entre os parceiro.
10
CAPITULO I
Amazônia é, sobretudo,
diversidade.”
(Carlos W. P. Gonçalves)
11
percorrer o rio Amazonas, desde sua nascente até o Oceano Atlântico. Deve-se a ele,
também, a denominação ao grande rio Amazonas.
O conhecimento mais aprofundado da Região começou a ocorrer em 1616,
quando os luso-brasileiros chegaram ao alto do rio Amazonas e, após quase 30 anos de
combate, conseguiram expulsar os ingleses, franceses e holandeses, fato que pode ser
considerado como verdadeiro marco do início da conquista da Amazônia.
A estratégia portuguesa para a manutenção da soberania da vasta Região
Amazônica foi arquitetada mediante o estabelecimento de fortificações ao longo dos
séculos XVII e XVIII, constituindo-se em magistrais obras de arquitetura militar, como
fortalezas, fortes, fortins, redutos, vigias, baterias de tiro e casas-forte. O modelo mais
recente desse trabalho e ainda preservado é o Forte Príncipe da Beira, construído em
1776, e localizado na cidade com o mesmo nome no Estado do Amazonas.
A colonização da Amazônia desenvolveu-se em ritmo bastante irregular,
com longos períodos de estagnação, sucedendo-se a breves surtos de prosperidade e
crescimento demográfico. A tendência cíclica dominou as principais fases de avanço do
movimento povoador, passando pelo extrativismo vegetal, até a expansão da seringueira,
sem lograr a implantação de projetos que levassem em conta as características da região.
No século XVIII, a economia da Região estava baseada na extração
vegetal de alimentos como o cacau, castanha, os peixes de água doce, condimentos como
a pimenta, canela e cravo, remédios da flora, estimulantes e fibras. A essa onda, seguiu-se
a da seringueira.
A história da região registra a exploração de seus recursos, desde os
tempos do descobrimento, por portugueses e espanhóis. Ao longo do tempo, com o
surgimento das novas nações latino-americanas, a Amazônia não recebeu maior atenção
por parte dos Governos, mantendo um legado de
cultura extrativista e baixa ocupação territorial,
vivendo curtos períodos de desenvolvimento,
porém sem buscar um crescimento que respeitasse
as peculiaridades regionais.
12
Tentar descrever ou mesmo esboçar em linhas gerais a Região Amazônica,
o que é, o que representa, seu potencial e problemas, é tarefa de difícil solução.
Efetivamente, tudo na Amazônia é grandioso, tanto as vantagens, quanto as dificuldades,
as possibilidades e carências, seu tamanho e vazio demográfico, e até mesmo o
desconhecimento a seu respeito.
Figura 1 – Amazônia
Continental
Fonte: IBGE (2002)
13
anual acima de 25°C, com oscilações que não superam a 2°C.
Nos 470 anos iniciais da colonização da Amazônia brasileira, apenas 1%
da área foi desmatada. Porém, nos últimos 35 anos (1970-2005) o desmatamento já
atinge, praticamente, 14% da região e a população aumentou de dois milhões para,
aproximadamente, 20 milhões de habitantes.
As atividades principais responsáveis pela transformação são exploração
madeireira, pecuária, produção de grãos, extração mineral, produção de energia
hidroelétrica e prospecção de petróleo e energia. Essas atividades foram incentivadas com
a implantação de um complexo sistema viário que cruza a Região de Norte a Sul e de
Leste a Oeste, substituindo e auxiliando no transporte que antigamente só era feito
através dos grandes rios navegáveis.
Fisionomicamente, o domínio amazônico associa-se às bacias
hidrográficas do Solimões-Amazonas, do Tocantins e parte da bacia do rio Orenoco,
estendendo-se pelos nove países. A par dessa aparente unidade como bacia hidrográfica
"descobre-se" a existência de uma gama de ecossistemas complexos com diferentes
características de relevo, solo, flora, fauna e de processos dinâmicos.
Nos estudos sobre a Amazônia Legal realizados pelo IBGE/SAE (1995),
os mapeamentos de sistemas de paisagens naturais demonstraram não só essa
complexidade, na medida em que foram identificados cerca de 104 sistemas e 224
subsistemas, como também a importância de paisagens com características físicas
abióticas relacionadas a condições hidrológicas distintas das atuais. São paisagens nas
quais, apesar de hoje a cobertura florestal mantê-las em equilíbrio, verifica-se a
importância de cicatrizes de deslizamentos, voçorocamentos e de dissecação
generalizada.
A Amazônia, portanto, é caracterizada pela presença de paisagens naturais
dicotômicas entre o comportamento hidrológico e de flora e fauna, considerada do ponto
de vista global como tropical e a paisagem abiótica de características distintas das atuais.
Tal fato corrobora a hipótese do quão recentes são as condições tropicais úmidas para a
Amazônia e alerta para a fragilidade de sua biodiversidade e, portanto, de seus
ecossistemas.
14
Com efeito, qualquer tomada de decisão quanto ao futuro desse território
passa pela discussão da preservação dos povos indígenas (como, de resto, dos povos da
floresta) devido não somente à importância numérica, à diversidade étnica e à enorme
extensão de suas terras, mas principalmente à aceitação de sua cultura e de seu trabalho
como elo fundamental na conservação e no manejo adequado do meio ambiente.
Ao longo do tempo, esta mesma Amazônia Legal tem sido objeto de
atribuição de uma infinidade de órgãos que vão do controle ambiental ao ordenamento
territorial e que, na maior parte das vezes, acabam por superpor atribuições. Da forma
como as atribuições estão presentemente definidas, há a necessidade de que se
estabeleçam estratégias de articulação que não se esgotem, como tem sido prática, na
criação de comissões de caráter apenas administrativos e pouco eficientes quanto à
definição e à implementação de planos e ações governamentais concertadas. Isso
pressupõe uma mudança de enfoque e de atitude, desde os sistemas institucionais de
ciência e tecnologia aos de planificação.
A sociedade regional é formada por índios, caboclos, pequenos
produtores, contingentes populacionais sem terra, trabalhadores urbanos, grandes e
pequenos proprietários, empresários tradicionais e modernos. A maior parte desses atores
sociais compõe os contingentes de imigrantes que, em diferentes épocas, para aí se
dirigiram, configurando outra dimensão da diversidade tão característica dessa área.
Trata-se não mais apenas de sua diversidade físico-natural e biológica, mas também da
diversidade de povoamento, cultural, econômica e social.
Enfim, há tantas Amazônias quanto a nossa capacidade e/ou necessidade
de percebê-la e/ou abordá-la permitirem. Entretanto, independentemente do enfoque que
se queira dar, há que se aceitar que a Amazônia não é apenas um ambiente ecológico,
mas também um ambiente humano, com uma história social, política e econômica que se
inicia antes mesmo do descobrimento das Américas. Conseqüentemente, há que se
conceituá-la como o produto das relações sociedade-natureza, ao longo de um tempo não
só histórico, mas também "pré-histórico", como forma de apreender-se a sua
complexidade e, assim, melhor definir os espaços territoriais configurados, que por si só
já se demonstram como um macrozoneamento territorial, muitas vezes não desejável,
mas existente.
15
1.3 – O Cenário Atual
16
setenta, baseada, quase exclusivamente, na instalação de economias de enclave e
exploração dos recursos naturais sem manejo.
Apesar das limitações, a Região avançou em termos de integração interna
e externa e de incorporação de Ciência e Tecnologia nas novas modalidades de utilização
dos recursos naturais. A integração, porém, tem ocorrido de forma concentrada em alguns
núcleos dinâmicos da economia, particularmente: Núcleo eletro-eletrônico de Manaus;
Triângulo Minero -Metalúrgico de Carajás, com vértices em Belém, São Luis e Marabá;
Eixo agropecuário do Sudeste amazônico e o Pólo Agrícola de Rondônia. Por sua vez, na
década de 1990 o ritmo da integração diminuiu em função da reduzida expansão da
economia brasileira, a diminuição drástica da capacidade de investimento do Estado e o
aumento das restrições ambientais. Em conseqüência, esses núcleos conheceram uma
perda de dinamismo, principalmente em torno de Belém e Manaus.
A economia atual permanece baseada no extrativismo vegetal de produtos
como látex, açaí, madeiras e castanha. É rica em minérios, com destaque para o Pará,
importante área de mineração do país, de onde se extrai grande parte do minério de ferro
exportado, e o Amapá.
No que se refere à Amazônia brasileira, os dados econômicos são bastante
singelos, se comparados com a grandeza territorial da região. Dados do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, de 1999, apontam a produção de
aproximadamente 223 mil toneladas de pescado, uma safra de grãos de 2,18 milhões de
toneladas e um rebanho pecuário em torno de 25,9 milhões de cabeças.
De acordo com levantamento da Associação Brasileira de Infra-Estrutura e
Indústrias de Base (ABDIB), a região ocupa o segundo lugar nos investimentos
programados para o ano de 2005. Espera-se que sejam injetados nos estados do Norte do
Brasil cerca de 43 bilhões de dólares, com grande parte dos investimentos concentrada na
agroindústria.
Atualmente, a região tem priorizado a oferta e a distribuição de energia
elétrica para seus estados. No estado do Amazonas, a planície da bacia amazônica
inviabiliza a construção de hidrelétricas. Assim, a decisão das autoridades locais foi de
investir na produção de gás natural de Urucu, na bacia do rio Solimões. O projeto,
quando concluído, terá como grandes consumidores as geradoras de energia elétrica, que
17
passarão a usar o novo combustível no lugar de óleo diesel para movimentar as turbinas
de suas termelétricas.
No rio Tocantins, estado do Pará, encontra-se a usina hidrelétrica de
Tucuruí, a maior da região Norte. Existem, ainda, usinas menores, como Balbina, no rio
Uatumã (AM), e Samuel, no rio Madeira (RO).
A questão mais evidente da Amazônia é o descompasso entre a sua grande
área e sua escassa população. Área de domínio da natureza constitui-se no menos
ocupado e mais extenso território dos Trópicos Úmidos de todo o planeta.
A Amazônia se integra de forma desigual em todos os países de que é
parte, tendo em vista sua vasta extensão territorial e as peculiaridades da área que
requerem conhecimento e planejamento específico para o trato da região. É importante
lembrar que o domínio amazônico é, ao mesmo tempo, um dos últimos grandes e ricos
espaços pouco povoados do planeta e um dos ecossistemas mais complexos e vulneráveis
da Terra, o "que torna o seu desenvolvimento uma incógnita e um desafio às ciências
mundial e nacional" (Becker, 1996) 1 . Os problemas ecológicos e de pobreza que se
configuraram no recorte territorial da Amazônia Legal não existem em função do nível de
desenvolvimento, mas sim do modelo adotado. É essencial, portanto, a busca de um estilo
de desenvolvimento que nos seja desejável.
Nesse sentido, fica aqui colocado o questionamento que deve estar
presente em qualquer fórum de discussão e em todo pesquisador e tomador de decisão
que se dedique ao estudo da Amazônia: qual é a concepção de desenvolvimento que
desejamos e propomos para a Amazônia e qual a estratégia produtiva, de preservação e
de melhoria de qualidade de vida que, integradas, tornam sustentável esse patrimônio
nacional? Não havemos de querer dar continuidade a políticas científicas que, a cada
momento, escolheram um tema, um bem ou um produto como o fomentador da grande
redenção desse espaço.
Na mídia e no senso comum, o Estado é o mais importante ator presente
na Amazônica, com grande capacidade de influenciar no seu futuro, em particular os
1
BECKER, Bertha K.; MIRANDA, Mariana. A geografia política do desenvolvimento sustentável. Rio de
Janeiro: Editora UFRJ, 1996.
18
órgãos federais de desenvolvimento e as empresas estatais. Porém, em uma análise mais
refinada, em que a figura do Estado é excluída, porque representa a expressão de
interesses particulares, emerge a verdadeira estrutura de poder regional. Nesta, os
empresários internacionais, nacionais e regionais jogam o verdadeiro papel de decisores.
De toda forma, os atores externos conservam o maior poder de influência.
Esses diversos atores tendem a conformar alianças políticas entre si,
algumas de caráter mais estrutural, outras de natureza puramente conjuntural. Entre as
alianças mais prováveis, duradouras e de impacto sobre o futuro destacam-se três,
relativamente distintas e mesmo antagônicas em suas proposições básicas, embora
possam ter pontos em comuns:
• Pacto desenvolvimentista;
• Aliança conservacionista; e
• Aliança integradora e modernizadora.
Se essas alianças, na medida em que se construam e se consolidem,
influenciam o desenvolvimento futuro da Região, quais são os condicionantes mais
incisivos, aqueles que representam verdadeiras Incertezas Críticas?
No plano internacional as grandes Incertezas Críticas mais gerais são
conformadas, inicialmente, por três grandes possibilidades bipolares:
• Liberalização versus regularização do sistema;
• Fragmentação versus integração dos mercados, e
• Instabilidade versus estabilidade do sistema financeiro.
Mas, as incertezas críticas do espaço internacional, que terão impacto mais
direto sobre o futuro da Amazônia são: a redução do conteúdo de matérias-primas e
energéticos com aumento do conteúdo de tecnologia e conhecimento, e a expansão
mundial do turismo, em especial do ecoturismo. Variáveis que poderão assumir as
configurações de processos acelerados, moderados ou lentos.
Além dessas Incertezas, que se localizam essencialmente no espaço
internacional, com incidência mais ou menos direta sobre a evolução da Amazônia,
considerou-se também aquelas de natureza endógena, também em número de três:
19
• Desenvolvimento de tecnologias para aproveitamento sustentável dos
recursos naturais da Amazônia, que poderá ser acelerado, moderado ou
lento.
• Degradação dos recursos naturais e dos ecossistemas da Amazônia, cujos
condicionantes externos demonstram que poderão vir a ser de baixo
impacto, ou alto impacto; e, finalmente,
• Integração Pan-amazônica, que diz do grau de relações que serão
estabelecidas com os países vizinhos, de maneira ampla, moderada ou
restrita.
Entretanto, alguns aspectos ou questões sobre a região devem receber um
destaque dentro do atual cenário amazônico em virtude de sua importância no contexto
nacional e internacional: a questão sócio-antropológica indígena; a questão ecológico-
ambiental da Amazônia; a questão do garimpo, a questão dos ilícitos transnacionais, entre
outros.
Estimativas recentes da Agencia de Desenvolvimento da Amazônia
apontam para a existência de, aproximadamente, 346 mil índios no Brasil, embora não
incorpore dados sobre grupos que não mantêm relações diretas com agentes da sociedade.
Até no maior grupo étnico primitivo da América do Sul – o yanomani ou
yanomami _ verifica-se distintos graus de cultura, de modus vivendi e de contato com a
civilização branca, não caracterizando em nenhuma hipótese o que articulistas e
organizações não governamentais costumam rotular como nação yanomami.
Ao Rotular como “Nação Yanomami” traz a possibilidade de
reconhecimento mundial, da criação de um estado enquistado dentro do Brasil, ensejando
assim, até mesmo, a intervenção de outra Nação, pretensamente em auxílio da "Nação
Yanomami".
A adoção do livre arbítrio para que os próprios povos indígenas optem
pela integração gradual ou pela conservação do isolamento em suas reservas se apresenta
como uma solução factível, particularmente pelos grupos que já sofrem a influência
inexorável da presença do homem branco.
Apesar do atrativo apelo sentimental que essas questões suscitam, pois
procuram seu fundamento em direito natural de conservação para o desfrute das gerações
20
futuras, infelizmente subjacentes a elas, figuram às palavras dos dirigentes políticos
mundiais, transparecendo em suas idéias, que as futuras gerações, não serão
necessariamente, as brasileiras, transformando assim, toda a beleza do direito natural, em
apenas intenção espúria de transformação da Amazônia em simples repositório de valor,
fato que nos parece demonstrar cabalmente, a cobiça internacional pela região.
21
CAPITULO II
PRESSÃO INTERNACIONAL
22
• “Ao contrário do que os brasileiros pensam a Amazônia não é deles,
mas de todos nós”
(Al Gore – Vice-Presidente dos E.U.A).
Não são raras notícias recebidas pela internet de várias partes do mundo,
com manifestações e abaixo-assinados, para impedir que projetos sejam executados na
Amazônia. Para compreender todas essas manifestações, nos cabe avaliar o seguinte: a
real riqueza da região ainda é pouco conhecida, porém sabe-se que o subsolo é rico em
minerais, como, ouro, bauxita, manganês, ferro, nióbio, titânio, cobre, estanho, caulim,
diamante, chumbo, níquel, sem contar os não conhecidos ainda. A fauna e a flora, quase
que inexploradas, onde muitas espécies sequer foram catalogadas, a riqueza de peixes e
outras já anteriormente citadas.
Em um mundo que valoriza demais tudo que é natural, a Amazônia se
torna o alvo de atenção. Somente no meio farmacêutico, estima-se que 40% dos remédios
sejam dessa origem e a expectativa é de que esse percentual cresça muito mais, fazendo
crescer, ainda mais, a cobiça internacional.
É preciso entender que o objetivo da internacionalização da Amazônia,
23
não significa necessariamente ocupação, obter o controle físico, mas sim, a busca da
ingerência, obter o poder de decisão, em questões que somente ao Brasil dizem respeito.
É necessário entender ainda, que esse poder de decisão, poderá ser
alcançado por outros meios, tais como: subjugar as forças produtivas nacionais com
interesses na região, inviabilizar a exploração local das riquezas, e outras.
Assim, para contraposição às idéias conservacionistas, devemos cultivar as
idéias preservacionistas, pois preservar significa usar, mas usar bem, usar sem destruir,
usar de forma sustentada.
Cabe ao estado brasileiro, equacionar as respostas necessárias para a
implantação de um modelo de desenvolvimento sustentável, que alie desenvolvimento
regional, à preservação dos recursos ambientais.
24
países que se encontram no núcleo do problema: Colômbia com 1.644 km, Peru
com 2.995 km e Bolívia com 3.126 km.
É necessário observar que a baixa ocupação demográfica de nossas
fronteiras e sua limitada rede viária, conformam um grande vazio demográfico,
acabando por propiciar terreno fértil, para as atividades ilícitas.
A América Latina é o principal fornecedor de cocaína e maconha do
mundo, enviando 270 toneladas de cocaína por ano ao mercado mundial, detendo
ainda, 15% do mercado de heroína.
A coca ocupa área de 200 mil hectares na Colômbia, Peru e Bolívia,
empregando 5 milhões de pessoas. Calcula-se que entram nesses países, só com o
comércio da coca, a impressionante cifra de US$ 2,90 bilhões de dólares.
Só na Colômbia, estima-se que as exportações de cocaína alcançam 10%
do PIB, ou seja, três vezes mais que as vendas da Empresa Colombiana de Petróleo
ECOPETROL, de longe a maior empresa do país.
Na Bolívia, igualmente, o valor das exportações relacionadas com a
cocaína supera todos os demais ramos econômicos e no Peru, a produção alcançou
8% do PIB, empregando 7% da população economicamente ativa.
Até o momento o Brasil tem sido visto pelos narcotraficantes apenas,
como país de trânsito para as drogas produzidas, como fornecedor de insumos
químicos utilizados no refino da droga, e ainda, como praça de lavagem de dinheiro
e mercado consumidor secundário.
25
Figura 2 – Rede de Tráfico de Drogas – 2002.
Fonte: Departamento de Geografia – UFRJ. (Organizado por Lia Osório
Machado)
Não há dúvida que o narcotráfico é hoje, de longe, o negócio criminal
mais rentável do mundo, produzindo, nas palavras do professor Ricardo Vélez 2
Rodriguez (2003), mais divisas aos seus países, que a exportação de seus produtos
tradicionais.
Conforme ainda, o professor Vélez 3 (2003), tamanho volume de recursos
concentrados nas mãos dos narcotraficantes, produziu sérias distorções na
economia dos países produtores de drogas, favorecendo o esfacelamento
econômico, com conseqüente retraimento do “PIB formal” e forte crescimento do
"PIB informal", aprofundando a dependência econômica desses Estados ao
ingresso dos narcodólares.
Assim, se de um lado, a droga é um excelente negócio para os
narcotraficantes, por outro lado é um péssimo investimento para os países
produtores, pois seus efeitos sobre o resto da economia são nefastos. Atividades
econômicas outrora prósperas, como o turismo, praticamente faliram.
Se o narcotráfico representa uma força econômica poderosíssima nos
2
Ricardo Vélez Rodrigues, coordenador do Centro de Estudos Estratégicos – UFJF, em palestra na ESG –
2003.
3
Idem
26
países produtores, é também um negócio de proporções gigantescas nos países
consumidores, especialmente nos EUA.
Segundo Vélez 4 (2003) ainda, "(...) a maioria dos especialistas americanos
concorda em identificar a cocaína como a droga que coloca o problema social
mais sério dos anos oitenta, (...) no final do segundo governo Clinton, a Casa
Branca estimava em 12 milhões o número de narcodependentes".
As maiores margens do lucro do empreendimento, que são abocanhados
pelos atravessadores da droga e pelos seus vendedores mundiais, acabam
beneficiando, via lavagem de dinheiro, o mercado financeiro estadunidense.
Acredita-se que através desta curta panorâmica, consegue-se demonstrar o
quanto o narcotráfico e a narcoguerrilha são problemas de difícil solução,
principalmente, dado os vultosos recursos disponíveis e pela mobilidade adquirida
pelos produtores de drogas, não se limitando a atuar em um único país, buscam
sempre novas fronteiras, na medida em que a produção é atacada em determinado
local.
Pode-se então caracterizar que as ameaças à Soberania Nacional, advindas
do narcotráfico e da narcoguerrilha, merecem dois enfoques: o da Soberania
Interna e o da Soberania Externa.
O enfoque da Soberania Interna está relacionado ao controle da fronteira
ocidental da Amazônia, local em que a retomada da repressão a narcoguerrilha
colombiana, com a aprovação do Plano Colômbia e a volta das ações militares na
área desmilitarizada cedida por André Pastrana, aliadas aos diversos programas de
combate ao narcotráfico desenvolvido pelos demais países fronteiriços, tem
tendido a empurrar os narcotraficantes e a narcoguerrilha, para países vizinhos.
No caso do Brasil, a permeabilidade das fronteiras ao tráfico, à migração
dos laboratórios de refino e à guerrilha deverão ser objetos de constantes
preocupações do Estado brasileiro.
Sob o enfoque da Soberania Externa, devemos observar no contexto
mundial, que a convivência com as "Novas Ameaças" (proliferação de armas de
destruição em massa, conflitos éticos nacionalistas, o terrorismo, o narcotráfico, o
4
Idem
27
tráfico de armas, as migrações ilegais), especialmente nos EUA, tem demonstrado
tendências a direcionar as ações daquele país, no sentido da utilização de pressões
para garantia do dito Dever de Ingerência, ocasionando como efeito visível, a
militarização americana, no entorno da Amazônia.
Logo, o enfoque da Soberania Externa está inserido no contexto dos novos
conceitos mundiais de Soberania Limitada e do Dever Ingerência.
Assim, quanto maior for o comprometimento da Soberania Interna,
maiores serão as pressões externas para a aplicação desses conceitos, afetando
diretamente a Soberania Nacional Brasileira.
CAPITULO III
5
SAMUEL, Álvares de Oliveira. A Articulação das Forças Armadas na Amazônia. Trabalho Especial.
ESG, 1991. 23 p.
28
A primeira Colônia Militar foi fundada em 1840, na região do Rio
Araguaí, no Amapá. Seguiu-se o estabelecimento das Colônias de São João do Araguaia
(1850) e São Pedro de Alcântara (1853) no Maranhão e Óbidos (1854) no Pará. Mais
recentemente, criaram-se as Colônias Militares do Oiapoque (1964), no Amapá e
Tabatinga (1967), no Amazonas, transformadas, atualmente, em unidades militares.
29
- operações combinadas com o Exército e a Força Aérea, como a
Operação Timbó, realizada a cada dois anos;
A população amazônica vive numa das regiões mais ricas do mundo, onde
não faltam alimentos extraídos da mata, pescados ou caçados. A despeito disso, os
pequenos e rarefeitos aglomerados humanos, encontrados em inúmeros rios da
Amazônia, vivem à espera da ajuda que vem do rio por meio dos navios da Marinha,
os "navios da esperança".
30
A fim de propiciar o atendimento a locais onde a pequena profundidade
impede a aproximação, os Navios de Assistência Hospitalar são dotados de
helicóptero e lanchas rápidas. Esses recursos permitem que se realize pronta
assistência a pacientes impossibilitados de locomoção até o navio ou, ainda, realizar
uma evacuação para centros médicos mais bem aparelhados em recursos técnicos.
- do seu marido: “Não sei o que seria de nós se não fossem vocês. Graças
a Deus, a Marinha não esquece da gente;”
31
O CMA está organizado com quatro brigadas de infantaria de selva:
17a Brigada de Infantaria de Selva (17a Bda Inf Sl) – Porto Velho – RO;
16a Brigada de Infantaria de Selva (16a Bda Inf Sl) – Tefé - AM;
23a Brigada de Infantaria de Selva (23a Bda Inf Sl) – Marabá – PA.
6
Sob um comando único.
32
Por tudo isso, o Exército Brasileiro está presente e permanecerá usando
BRAÇO FORTE e oferecendo a MÃO AMIGA àqueles que, irmanados aos ideais de
PEDRO TEIXEIRA, queiram transformar esta Região em pólo de desenvolvimento e
modernidade.
Certamente, não existe uma área do Brasil onde a presença do Exército seja
tão significativa, quanto na Região Amazônica. O Exército é um promotor de
desenvolvimento e catalisador dos valores necessários à integração dessa região ao
restante do País, particularmente, em localidades cujos nomes são, ainda,
desconhecidos pela grande maioria dos brasileiros.
33
Figura 3 – Posicionamento dos Pelotões Especiais de Fronteira
“Com a criação do Correio Aéreo Militar (CAM), nos idos de 1931, iniciou-se
uma nova era de integração nacional, assegurando a presença do Governo Federal nos
mais diversos rincões do Brasil. Hoje denominado Correio Aéreo Nacional (CAN),
encontra-se inserido na Constituição, como competência da União, cabendo, portanto
a Aeronáutica, por meio da Força Aérea, a continuidade de sua operação
(Carminati 7 ,2001).”
Dessa forma pode-se afirmar que a própria história da Aeronáutica está ligada
com a história da Amazônia. Quando esta região era quase que totalmente
desconhecida para o restante do país, a Aeronáutica estava presente, apoiando sua
população nos pontos mais inacessíveis, participando de sua integração e
desenvolvimento nas asas das aeronaves da Força Aérea Brasileira.
7
Cel Av Nilson Soilet Carminati Ex-Vice-presidente da Comissão de Aeroportos da Região Amazônica
(COMARA)
34
Nas suas organizações, o VII COMAR e o I COMAR têm sob seus comandos
direto organizações militares de Apoio a Força, que são suas Bases Aéreas: de
Manaus (BAMN) – AM, de Boa Vista (BABV) – RR, de Porto Velho (BAPV) – RO
e de Belém (BABE) - PA. Dando prosseguimento a estratégia de ampliação da
infraestrutura de apoio, bem como da presença da Força Aérea na região, o Comando
da Aeronáutica está implantando os seguintes Núcleos de Base Aérea: de Ualpés
(NuBAUA)-AM, de Eirunepé (NuBAEI) – AM e de Vilhena (NuBAVI) - RO
35
Para as comunidades indígenas, as aeronaves não são mais os "pássaros
metálicos", barulhentos e ameaçadores. Elas já se integraram aos hábitos e à
paisagem das aldeias, em efetiva contribuição para a melhoria de vida, sem modificar
os usos e os costumes da cultura indígena.
Outro fator social, de grande importância para essa região, é o Serviço Militar.
Jovens vindos dos mais diversos pontos da Amazônia se apresentam, anualmente,
para a prestação do Serviço Militar. Além da prática do civismo, a Força Aérea
contribui para a elevação do seu nível cultural, oferecendo cursos profissionalizantes.
Quando do retorno à vida civil, já de posse daqueles ensinamentos, o cidadão entrará
no mercado de trabalho bem mais qualificado, elevando, assim, o nível da mão-de-
obra local.
36
esse novo modelo, a região estará integrada ao restante do território nacional e o
Brasil demonstrará, de forma inequívoca, sua capacidade de planejar, executar,
controlar e proteger suas riquezas.
37
do solo, o controle das fronteiras, o incremento das pesquisas em diferentes
campos, a rápida e eficaz atuação dos órgãos públicos na região, a identificação e
combate a atividades ilícitas, a proteção das terras indígenas, a vigilância e o
controle do tráfego aéreo e o apoio ao controle da circulação fluvial.
38
O Sistema têm como principal missão o conhecimento da Região
Amazônica e a vigilância de toda a sua área.
39
Após a apresentação inicial do conceito do Sistema, podemos aprofundar
sua constituição. O Sistema é composto por três subsistemas:
40
vigilância aérea, além de uma série de outros equipamentos e sistemas de auxílio
à navegação aérea que, somados aos já existentes na área, formam um novo
conjunto integrado de controle e proteção do espaço aéreo amazônico.
b) Monitoramento Ambiental
Trata-se de um aspecto de extrema importância para que o SIVAM atinja
plenamente seus objetivos. O Monitoramento Ambiental está baseado em radares
meteorológicos, estações de pesquisas climatológicas de superfície e altitude e
plataformas de coletas de dados, que medem e analisam, entre outras coisas, a
qualidade do ar e das águas, indicando níveis e prováveis fontes de poluição.
O Sistema, ao permitir o controle e vigilância da região, colabora na
defesa do meio ambiente, permitindo a precisa identificação das áreas que estejam
sofrendo ação predatória, por queimadas, derrame de mercúrio nos rios ou por
desflorestamento.
c) Vigilância de Atividades Ilícitas
A Vigilância constitui outra importante função do SIVAM, pois viabiliza
a segurança das fronteiras, o controle e o combate às ações clandestinas de
qualquer natureza, a prevenção e a repressão aos ilícitos, seja o narcotráfico ou o
garimpo ilegal, abrindo novas possibilidades para a cooperação civil-militar, em
programas que ultrapassam as fronteiras burocráticas e corporativas.
Ainda dentro da função Vigilância, o Projeto permitirá coibir a prática de
crimes ambientais, e poderá fornecer dados sobre queimadas, destruição de
recursos naturais, desflorestamento indiscriminado e poluição dos rios, permitindo
que os órgãos responsáveis possam agir oportunamente, antes que o mal se
agrave.
Em síntese, o material coletado proporcionará a produção e difusão de
informações, entre os vários órgãos públicos que desenvolvem ações de combate
aos ilícitos na região, em áreas como:
9 proteção ambiental;
9 controle da ocupação e uso do solo;
9 vigilância e controle de fronteiras;
9 identificação e combate ao crime (tráfico de drogas, armas e
41
contrabando); e
9 proteção de terras indígenas.
Sem dúvida, a extensa e pródiga rede de coleta, processamento e rápida
difusão de informações, abastecida dia-a-dia e em tempo real, representa para a
Amazônia um formidável avanço.
O Programa Calha Norte (PCN) foi criado em 1985, pelo Governo Federal, para
atender à necessidade de promover a ocupação e o desenvolvimento ordenado da
Amazônia Setentrional, respeitando as características regionais, as diferenças culturais e
o meio ambiente, em harmonia com os interesses nacionais.
Desde a sua criação tem sido um dos principais vetores do Estado Brasileiro para
a manutenção e ocupação do espaço e da Soberania Nacional e Integridade Territorial e
para a promoção do desenvolvimento regional e da Região Amazônica, numa área que,
originalmente, se estendia das calhas do Rio Solimões/Amazonas até as fronteiras com a
Colômbia, Venezuela, Guiana, Suriname e Guiana Francesa, enquadrando os Estados do
Amapá e de Roraima e partes dos Estados do Amazonas e do Pará, num total de 74
municípios e de 7.413 km de linha fronteiriça. (Figura 4)
42
Figura 4 – Área original do PCN
Nos primeiros anos da sua existência, eram seus objetivos: aumentar a presença
governamental na área; ampliar as relações bilaterais com os países vizinhos; promover a
assistência e a proteção às populações indígenas; e intensificar as campanhas
demarcatórias.
43
Figura 5 – Área atual do PCN
O Calha Norte, que na sua etapa pioneira era prioritariamente dirigido para a
Faixa de Fronteira, já esteve vinculado a diversos órgãos do Governo Federal e, hoje, está
subordinado ao Ministério da Defesa.
44
Para assegurar a manutenção da soberania nacional e da integridade territorial o
Calha Norte transfere recursos complementares aos orçamentos aprovados para a
Marinha, Exército e Aeronáutica, como instituições executoras das Ações do Programa
diretamente ligadas a vertente militar.
45
Por fim, é necessário que se entenda que o programa Calha Norte transcende em
muito o aspecto de vigilância daquela região de relevante interesse político-estratégico,
para se mostrar como um programa governamental arrojado e multidisciplinar, de
considerável alcance social para os brasileiros, cuja presença em áreas inóspitas é um
fator importante para assegurar a jurisdição brasileira sobre a região.
CAPITULO IV
46
que não havia controle eficaz sobre as ações que ali eram praticadas.
A Região Amazônica com seu imenso arco setentrional, desde Tabatinga, na
fronteira com a Colômbia, até o Amapá, na fronteira com a Guiana, apresenta uma
vulnerabilidade apreciável às questões de invasão de áreas indígenas, ocupação
desordenada de terras, ações predatória, principalmente por parte de madeireiras e dos
garimpos, do narcotráfico e contrabando em geral que se desdobram, principalmente, a
partir dos países vizinhos para o território brasileiro.
Com as facilidades que o transporte aéreo oferece em razão da incipiente infra-
como apoio principal. Estes vôos irregulares apresentam-se como um dos mais
soluções para os problemas da Amazônia, ainda não foi possível alcançar as metas
soluções diplomáticas para enfrentar os novos desafios que se apresentam, tendo em vista
47
Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela.
Tem por objetivo promover o desenvolvimento sustentável da região, através do
estreitamento das relações bi e multilaterais entre os países signatários, com a
intensificação comercial, cultural, científica e tecnológica entre as partes. Sua estratégia
baseia-se no incremento dos contatos entre governantes, abrindo caminho para a
aproximação entre os povos amazônicos, a fim de que, juntos, possam estabelecer uma
colaboração diversificada para o aproveitamento dos seus recursos naturais e promover a
integração econômica, política e social da área ao restante de seus territórios. Essa
colaboração recíproca tem o intento de eliminar o caráter episódico e descontinuado que,
até agora, tem marcado e prejudicado o crescimento e a segurança regional.
Dos seus vinte e oito artigos, podemos destacar os seguintes princípios:
− a soberania de cada país-membro na promoção do desenvolvimento
sócio-econômico, na preservação do meio-ambiente e na exploração dos
recursos naturais dos territórios amazônicos sob sua jurisdição;
− a igualdade absoluta entre todos os signatários do pacto; e
− a competência exclusiva dos países da área no desenvolvimento e na
proteção da Amazônia.
Em reunião realizada, em 1995, em Lima, Peru, entre os Ministros das Relações
Exteriores dos países da região, foi reafirmada a importância da Amazônia como fonte
essencial de matéria-prima para as indústrias alimentar, química e farmacêutica, bem
como recomendada a formulação de planos e estratégias para a preservação do meio
ambiente e a promoção do desenvolvimento sustentável da região. Na mesma
oportunidade, ficou decidido que à luz dos compromissos firmados na Conferência Rio-
92, os Países Partes deveriam aprofundar a cooperação voltada para a pesquisa e gestão
nas áreas de diversidade biológica, recursos hídricos e hidrobiológicos, transportes,
comunicações, populações indígenas, turismo, educação e cultura.
A Amazônia, em face de sua grandeza e potencialidade, deve merecer grande
atenção por parte dos países condôminos, sendo natural, portanto, a união desses países
em um bloco regional, procurando adotar soluções comuns para seus problemas, com a
finalidade de promover a integração e o desenvolvimento sustentado da área,
contribuindo para o aumento de sua segurança.
48
Como já vimos, o uso do espaço aéreo amazônico por aeronaves em vôos
nacionais, apresenta-se como um sério problema e tornou-se uma prática comum entre as
vez que, quando interceptada, a aeronave deixa o espaço aéreo brasileiro, retornando ao
o problema do uso do espaço aéreo por aeronaves em vôos clandestinos naquela área,
valoriza o sincronismo entre a ação diplomática e a ação militar, cada uma na sua esfera
49
consenso, serão estabelecidas as diretrizes que deverão nortear os caminhos para o
têm percebido que possuem problemas comuns diante dos quais estão unidos, tais
50
como, a luta pelo desenvolvimento econômico social e a proteção de seus territórios e
amazônicos, a fim de se vencer os óbices que a faixa de fronteira impõe aos meios de
houver uma atitude positiva do controle do espaço aéreo, qual seja o cerceamento de
nacional, produzirá resultados benéficos para o país, sem trazer custos adicionais. Além
disso, influenciará diretamente no resultado das ações da Forças Armadas Brasileira para
51
preservação da flora e da fauna, proteção de áreas indígenas, controle do espaço aéreo,
como oportunidade para os países que sobre ela detêm soberania e responsabilidade.
Pode-se antever, em virtude da dinâmica de relações que ela vai provocar, um maior
estimulando um maior desenvolvimento regional, baseado numa estrutura que não seja
depredadora dos recursos naturais da floresta e que utilize tecnologias que evitem
danos ao ecossistema.
superando as barreiras que contribuem para que a Região permaneça uma área isolada
do Poder Central, à mercê de atividades nocivas aos seus interesses, será possível,
52
através de um desenvolvimento sustentado, promover a sua inserção na economia
providências deverão ser tomadas. Atualmente, o Brasil é o único país da Região que
possui um sistema de proteção implantado, capaz de monitorar a área. Assim, deverão ser
discutidas formas de obter acesso rápido às informações produzidas pelo SIPAM e, por
conta disto, criar instrumentos que permitam o uso comum destes dados pelos países
contratantes dos acordos, de modo que seja possível uma rápida troca das informações
eficácia das ações que se fizerem necessárias para a consecução dos objetivos almejados.
Deverão ser definidas as estratégias que irão nortear as ações conjuntas dos
53
fundamental, visto que são autoridades competentes para a abordagem dos envolvidos na
aproveitamento racional das riquezas da Região pelos países que sobre ela detêm
soberania. Estas questões exigem uma perspectiva de integração. Desta forma, será
possível promover uma cooperação mais eficaz por meio de ações conjuntas e troca de
amazônicos.
54
Em 2005, o Governo, por intermédio do Ministério da Defesa, apresentou à
sociedade a nova Política de Defesa Nacional (PDN), documento condicionante de mais
alto nível de planejamento de defesa, e que tem por finalidade estabelecer os objetivos e
as diretrizes para o preparo e o emprego da capacitação nacional, com o envolvimento
dos setores civil e militar, em todas as esferas do Poder Nacional. A PDN anterior datava
de 1996 e já não mais se adequava às necessidades do País.
Em 2006, deverá ser concluída a revisão da “Política Militar de Defesa” e da
“Estratégia Militar de Defesa”, documentos que delinearão a arquitetura militar que o
País requer, a fim de atender as suas demandas nessa área nas próximas décadas.
Na Amazônia, o Exército Brasileiro deu continuidade à transferência da 2ª
Brigada de Infantaria de Selva, de Niterói/RJ para São Gabriel da Cachoeira/AM, o que
aumentará o efetivo militar na região em cerca de 2.400 homens. Prevê-se para o final de
2008 a transferência e implantação definitiva dessa unidade de selva, perfazendo um total
de 29.000 homens na Região.
Ainda com esse objetivo, parceria entre o Ministério da Defesa e os Ministérios
da Saúde e da Educação incentivou profissionais da área de saúde a prestarem o serviço
militar na Amazônia, facilitando a implementação de programas de educação continuada
à distância e a participação em pesquisas científicas, além de viabilizar programas locais
de residência médica em medicina comunitária e de médico da família. O grupo de
profissionais envolvidos no programa é composto de 1.071 efetivos, contemplando
médicos, dentistas, farmacêuticos e veterinários de várias especialidades.
Foi ampliada, como já vimos, a área de abrangência do Programa Calha Norte,
que passou a contemplar a Ilha de Marajó (16 Municípios) e os Estados de Rondônia (27
Municípios) e Acre (22 Municípios). Dessa forma, o Calha Norte, anteriormente com 74,
agora cobre 151 Municípios, sendo 95 deles na faixa de fronteira, em seis Estados da
Federação, com uma população de cerca de 5.300.000 pessoas, aí incluindo 30% da
população indígena do Brasil.
Ao final de 2005, foram celebrados 43 convênios com Municípios integrantes
do Programa Calha Norte, atingindo a cifra de R$60,2 milhões. Esses recursos permitirão
atendimento a demandas essenciais nas áreas de educação, saneamento básico e infra-
estrutura em 21 Municípios carentes.
55
Para 2006, estão reservados cerca de R$40 milhões, destinados a obras de infra-
estrutura básica nos Municípios mais carentes da região.
Por sua vez, o Sistema de Vigilância da Amazônia (SIVAM) foi concluído, em
julho de 2005, antes do término do prazo contratual e com economia superior a US$50
milhões do valor financiado. A implementação do SIPAM propiciará uma nova era no
trabalho integrado das instituições governamentais no monitoramento da Região
Amazônica.
Conforme estabelece a nova Política de Defesa Nacional, foi intensificada a
realização de exercícios de adestramento combinados, envolvendo as três Forças
Armadas, possibilitando a elevação do grau de integração entre elas e, principalmente,
dinamizando a eficiência operacional dos meios militares brasileiros na Região. Além
disso, essas operações foram sempre direcionadas para as faixas prioritárias do território
brasileiro no combate aos delitos transnacionais, como é o caso da Amazônia. Ressalte-
se, ainda, que nessas operações os meios de comunicação, comando e controle das Forças
Armadas foram intensivamente testados, relativamente aos seus atributos de segurança e
efetividade. Para 2006, estão previstas diversas operações militares, pelos diversos
Comandos Militares, principalmente e prioritariamente no CMA.
O Projeto Rondon, projeto da área de Educação, com apoio da Forca Aérea e do
Exercito, foi retomado em janeiro de 2005, depois de permanecer desativado por 14 anos.
Foram realizadas três operações nos Estados do Acre, Amazonas e Minas Gerais.
Participaram dessas operações 700 estudantes universitários de diversas instituições de
ensino superior do País, em 40 Municípios brasileiros. A missão do Rondon é levar,
durante o período de férias escolares, estudantes universitários a regiões carentes do País,
possibilitando a esses jovens brasileiros o conhecimento da realidade nacional e a
formação de mentalidade cívica e solidária.
Merece destaque, também, a ativação das linhas do Correio Aéreo Nacional
(CAN) no Acre e ao longo dos rios Juruá e Purus, levando apoio às comunidades carentes
e integrando, cada vez mais, o nosso território e o nosso povo. Subsidiariamente a essa
atividade, já foram realizados mais de 10.000 atendimentos médicos e odontológicos
àquelas populações. Para 2006, pretende-se priorizar o atendimento e o apoio a essas
comunidades carentes. Além das linhas nacionais, foi reativada a linha internacional do
56
CAN, que atende a todas as embaixadas brasileiras na América do Sul, contribuindo para
a integração e para a aproximação dos países sul-americanos, dando prosseguimento à
política vista no item anterior
Também cabe mencionar a criação de três bases aéreas no arco amazônico, em
São Gabriel da Cachoeira, Eirunepé e Vilhena. Essas bases aumentarão a presença da
Aeronáutica e do Estado Brasileiro na Amazônia, trarão desenvolvimento e possibilitarão
uma maior vigilância e controle de nosso espaço aéreo próximo à fronteira oeste,
aumentando a seguranca na Região.
Assim, como pudemos verificar, o governo brasileiro tem investido de forma
gradativa na Região Amazônica e isso é mais claramente percebido quando verificamos
que cerca de 50% dos macro-objetivos do Plano Plurianual 2004-2007 (PPA) estão
contidos dentro do conjunto de 40 programas e das 302 ações dirigidas à região
Amazônica e devem se transformar em vetores dinâmicos sobre este espaço.
As Forcas Armadas Brasileiras, dentro desses programas, participam de forma
completa em nove deles, como já vimos o exemplo do SIPAM, SIVAM e Calha Norte e
na forma de ações, em parceria com outros Ministérios e Órgãos do governo, em mais
catorze deles, mobilizando um montante de recursos em torno de 7,71 bilhões de dólares
no período de aplicação do PPA(2004-2007).
Essa visão, ainda que superficial, da atuação das Forças Armadas na Região
Amazônica deve servir de estímulo e incentivo para uma análise abrangente da Questão
Nacional, formando uma consciência no âmbito da sociedade, do imenso acervo que nos
foi legado por nossos antepassados e pelo qual temos o dever patriótico de defendê-lo e
preservá-lo para as futuras gerações desse nosso país continente, não sendo isto um
privilégio das Forças Armadas, mas um dever de toda a sociedade brasileira.
As ameaças históricas permanecem vivas e nesse limiar do Século XXI se
apresentam sob os mais variados disfarces e com conotações especiais habilmente
formuladas por Organismos Internacionais, implantados e manipulados pelo poder
hegemônico alienígena, ressaltando em repetidas oportunidades os interesses da
humanidade e o direito de usufruto das nossas riquezas naturais.
Para a formulação dos Objetivos Nacionais e como fundamento da Questão
Nacional, mais do que nunca fazem-se atuais as colocações do saudoso Embaixador
57
Araújo Castro, que em 1971, em Washington, falando aos Estagiários da Escola Superior
de Guerra, alertava para uma clara intenção de cerceamento ao desenvolvimento das
nações e afirmava que "em várias oportunidades, no cenário das Nações Unidas, perante
a Assembléia Geral e perante o Conselho Econômico e Social, o Brasil tem procurado
caracterizar o que agora se delineia claramente como firme e indisfarçada tendência no
sentido do Congelamento do Poder Mundial. E quando falamos de poder", prossegue o
Embaixador, "não falamos apenas de poder militar, mas também de poder político, poder
econômico, poder científico e tecnológico".
E concluía esse grande expoente da nossa diplomacia: “Nenhum país escapa ao
seu destino e, feliz ou infelizmente, o Brasil está condenado à grandeza. A ela condenado
por vários motivos, por sua extensão territorial, por sua massa demográfica, por sua
composição étnica, pelo seu ordenamento socioeconômico e, sobretudo, por sua incontida
vontade de progresso e desenvolvimento.
As soluções medíocres e pequenas não convêm nem interessam ao Brasil.
Temos de pensar grande e planejar em grande escala, com audácia de
planejamento e isto simplesmente porque o Brasil, ainda que a isso nos conformasse, não
seria viável como país pequeno ou mesmo como país médio. Ou aceitamos nosso destino
como um país grande, livre e generoso, sem ressentimentos e sem preconceitos, ou
corremos o risco de permanecer à margem da história, como povo e como
nacionalidade.".
58
BIBLIOGRAFIA
59
• Soublin, Jean - Historia da Amazônia, Rio de Janeiro, Biblioteca do Exercito,
2003.
• Tecnologia e Defesa, Suplemento Especial – Correio Aéreo Nacional – CAN,
São Paulo, 2005.
60