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Pois é, ...

Tem coisas que não se explicam e às vezes nem dá para contar, porque
ninguém em sã consciência iria acreditar.

Foi exatamente uma destas que aconteceu comigo.

Portanto, vou classificar este relato como “ficção”, “conto”, ou qualquer


coisa parecida, mas única e exclusivamente porque eu mesmo ainda não
entendi direito o que aconteceu.

Por favor, não reclame. Se quiser acreditar, tudo bem, se não, também
sem problemas, pois o que aqui relato é apenas espanto pelo inusitado.

Não vou confirmar ou negar, apenas, preciso pesquisar um pouco mais


este assunto, para meu próprio entendimento.

Eu e meu filho voltávamos de uma viagem de negócios de uma cidade lá


do triângulo mineiro. Chovia muito e a estrada tinha diversos pontos de
empoçamento.

Confiávamos em quatro pneus relativamente novos, em nossa perícia em


estradas e vínhamos em uma velocidade de cruzeiro, abaixo da máxima
permitida, sem pressa e prazo para chegar.

Em uma “curvinha boba” para a esquerda, sem nenhum aviso ou motivo


aparente, o carro hidroplanou.

Senti o veículo girando horizontalmente e em frações de segundo a roda


dianteira do lado do passageiro (meu lado) atingiu a valeta de drenagem
da estrada. Senti o forte impacto sendo amortecido pela suspensão e o
carro começou a capotar em cima de uma grande moita de capim anapier,
na faixa de servidão da beira da estrada, antes do canavial ao fundo.

De repente, silêncio! Cessaram os ruídos e movimentos. Eu podia ver meu


filho suspenso, preso pelo cinto de segurança em seu assento, num
ângulo ridículo com o solo e, principalmente, podia ver que o carro estava
no ar, e dentro da moita de anapier (nosso destino), um velho moeirão de
cerca, com sua ponta afilada diretamente apontada para minha cabeça,
através do parabrisas incólume.

Diabos! – Pensei – O que está acontecendo?


Então, um rapaz alto, louro, com traços delicados (diria até femininos),
estendeu-me a mão e puxou-me pelo parabrisas para fora do carro.

Sem nada entender, fiquei olhando para o rapaz, e para o carro, suspenso
no ar (eu e meu filho lá dentro) como em uma foto.

Neste momento, uma risadinha me fez perceber um jovem musculoso,


simpático, de tez avermelhada, atrás do rapaz.

Dirigindo-se ao rapaz, ele disse:


– Pra que tanta pressa Miguel? Se não me engano, ele chamou por nós.
Não ouviu seus pensamentos?
- Ora! Ora! Baal-Zeb! O que faz um “Príncipe Infernal” por aqui?
- Hehe! E porque um Arcanjo está fazendo o trabalho de um simples
“anjinho de guarda”?
- Tenho lá minhas ordens.
- Ordens? ... Ordens de quem?
- Não se faça de bobo, Baal-Zeb, você sabe muito bem de Quem. Aliás,
não me diga que estava passando por aqui, no “puro acaso”.
- Hum! Parece que a encomenda é “especial”. – Falou Baal-Zeb Olhando
para o carro – É dupla?
- Não! É simples, e você sabe muito bem de “quem” se trata. Além do
mais, tenho minhas ordens específicas!

Pelo jeito, aquela conversa iria longe, e eu já estava impaciente,


principalmente por causa do carro suspenso no ar e aquela “praga” de
moeirão no “meu caminho”.

- Parece que todos temos nossas ordens... – começou Baal-Zeb –


- Escutem “aqui” vocês dois (este “aqui” é ênfase de mineiro) – interferi –
Se bem me parece, naquele carro só tem gente viva! E vivos não são
“encomendas”, principalmente para algum de vocês dois.
- Repare bem naquele moeirão – disse o vermelhinho – você já era!
- Pode até que num futuro serei, mas ainda não sou! – Redargúi – Ao que
parece, a linha do tempo está interrompida. E é só tirar aquela
“porcaria” do caminho.
- Não é assim tão fácil – disse Miguel – estamos todos em um plano
“imaterial” e não há como tirá-lo de lá.

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- Como pode ver, nada se move. – reforçou Baal-Zeb – O próprio tempo
interrompido fixa a matéria.
- Com ou sem explicações, eu vou tentar, afinal eu tenho o livre arbítrio e
nenhuma vontade de acompanhar qualquer um dos dois.

Não liguei para as risadas deles, fui até lá, agarrei o moeirão e puxei-o
com toda a minha vontade, pois a raiva já estava começando a tomar
conta de mim.

A “praga” saiu com tanta facilidade que me desequilibrou e caí de costas,


abraçado com ele, uns bons dois metros para trás.

- Como você conseguiu! Du-Mu-Zi? – gritaram os dois em uníssono.


- E vou eu saber? Ao que parece o conhecimento deste plano deveria ser
de vocês. E a propósito, meu nome é PAULO – reforcei.

- Sim! – Concordaram.

- E quem é Du-Mu-Zi? – Perguntei. – Não conheço – disse Baal-Zeb – E


você Miguel?
- Não faço idéia – concordou com ele o arcanjo.

Olhei para o carro dependurado no ar e perguntei:


- Porque a linha de tempo ainda está interrompida?
- Obra do Miguel, ele que foi o “apressadinho”.
- Nada tenho a ver com isto, puxei a alma para que não sentisse as dores
do corpo, mas não tenho poderes de parar o tempo.
- Então quem foi? – Perguntei.
- Algo bem mais acima de nós – disse – Miguel.

Agora eles pareciam amedrontados.

- E porque continua parado? – Insisti.


- Não sei, mas acho que é porque você ainda está aqui fora. – falou Baal-
Zeb – Miguel! Você fez, por favor, desfaça!

- Não sem antes me explicarem um “monte de coisas” – disse. E já ia


argumentar com Baal-Zeb, mas não deu “tempo”.

Senti-me agarrado pelo braço e lançado de encontro ao meu corpo.

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Em seguida a moita de anapier amorteceu o choque da capotagem e
serviu de lubrificante para o deslizamento de uns dez metros do carro, de
ponta cabeça.

- Pai! Pai! Você está bem? – Ouvi de meu filho.


- Sim! Estou bem! E você?
- Ai! Pai! Estou bem! Tem certeza que você está bem? Que loucura!
- Isto acontece, Faz parte! Vamos sair daqui.

Saímos, ainda chovia muito, olhei para o canavial e lá adiante, jogado no


chão, um velho moeirão de ponta afilada.

De fato, preciso pesquisar, pois tenho muito o que discutir com estes dois.

PFCP

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