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READEQUAÇÃO AMBIENTAL DE PROPRIEDADES RURAIS

VISANDO À REDUÇÃO DE CONTAMINAÇÃO DAS ÁGUAS


(PROJETO INTEGRADO ITAIPU/UNIOESTE)

JACIR DAGA
Eng. Agr. Mestrando – GPEA(Grupo de Pesquisas em Ambiência do Oeste do
Paraná)//UNIOESTE – Marechal Cândido Rondon/PR

ALESSANDRO TORRES CAMPOS


Prof. Adjunto – GPEA/UNIOESTE – Marechal Cândido Rondon/PR

FRANCIELE NAVARINI
Zootec. – GPEA UNIOESTE – Marechal Cândido Rondon/PR

ARMIN FEIDEN
Prof. Adjunto – CCA/UNIOESTE – Marechal Cândido Rondon/PR

MELISSA MATSUO
Eng. Quim. Mestranda – GPEA//UNIOESTE – Marechal Cândido Rondon/PR

1. RESUMO
O trabalho é destinado a diagnosticar e elaborar projetos de adequação ambiental em
propriedades agrícolas localizadas nas microbacias: Arroio Fundo, Córregos Curvado e Ajuricaba,
selecionadas e localizadas na bacia hidrográfica do Rio São Francisco Verdadeiro, na região oeste
do Paraná, mediante convênio entre ITAIPU binacional e UNIOESTE. Serão visitadas
quatrocentas e quarenta propriedades num período de onze meses. Serão levantados passivos
ambientais, no que se refere a mata ciliar, reserva legal, piscicultura, lavouras, produção e manejo
de dejetos de suinocultura, bovinocultura, bem como projeto de readequação das propriedades
nas áreas das microbacias, visando à adequação ambiental das mesmas, reduzindo, por
conseguinte, a contaminação das águas que abastecem a represa da usina de ITAIPU. Os
projetos serão encaminhados ao IAP, pela ITAIPU, para as propriedades se adequarem às
normas ambientais. Além da preservação e sustentabilidade ambiental, com as readequações a
ITAIPU também se beneficiará com a redução da contaminação das águas do lago de ITAIPU,
que chegam às turbinas.

2. ABSTRACT

ENVIRONMENTAL RE-ADAPTATIONS OF FARMS SEEKING TO THE WATER


CONTAMINATION REDUCTION (ITAIPU/UNIOESTE INTEGRATED PROJECT)
The work is destined to diagnose and to elaborate environmental adaptation projects in agricultural
properties located in the microbasins: Arroio Fundo, Córregos Curvado e Ajuricaba, selected and
located in the Rio São Francisco Verdadeiro basin, in the west Paraná State area, by means of
accord between ITAIPU binacional and UNIOESTE (West Paraná State University). Four hundred
and forty farms properties will be visited in a eleven months period. It will be lifted up environmental
problems, in what it refers the ciliary forest, law reserves, fishing, crops, production and handling of
dejections by: swine, dairy cattle, as well as readaptations projects of the farms in the areas of the
microbasins, seeking to the environmental adaptation, reducing, consequently, the contamination
of the waters that provisiones the ITAIPU reservoir. The projects will be leaded to the IAP (Paraná
State environmental organ), by ITAIPU, for the environmental norms adaptation of the farms.
Besides the environmental preservation and sustainability, with the environmental adptations,
ITAIPU will also benefit with the reduction of the ITAIPU lake water contamination, which arrives to
the turbines.
3. INTRODUÇÃO

A suinocultura intensiva é responsável pela movimentação de um grande volume financeiro,


porém também de quantidade de dejetos que necessitam de destino adequado.

O Brasil tem atualmente um plantel de 34,5 milhões de cabeças .Estima-se que hoje, 733 mil
pessoas dependam diretamente da cadeia produtiva da suinocultura brasileira, que hoje é
responsável pela renda de 2,7 milhões de brasileiros. O valor da cadeia produtiva da suinocultura
é estimado em US$ 1,56 bilhões. Em 1970 o plantel era de 31,5 milhões de cabeças, a produção
havia sido de 705 mil toneladas. Em 2003, com 34,5 milhões de cabeças, a produção aumentou
para 2,696 milhões de toneladas. Portanto, em 33 anos o crescimento do plantel foi de apenas
9,6% enquanto a produção aumentou 261%. Estes números exemplificam claramente a evolução
tecnológica do setor neste período, graças a um forte trabalho dos técnicos e criadores nas áreas
de genética, nutrição e manejo (IBGE, 2003).

É sabido que dejetos de suínos são resíduos altamente poluidores que prejudicam o meio
ambiente em especial a qualidade da água e o desenvolvimento de peixes e outros organismos
aquáticos. Os dejetos de suínos são 100 vezes mais poluentes que o esgoto urbano (KONZEN,
1980). Comenta o autor que, uma granja com 2 mil cabeças polui mais que uma cidade de 36 mil
habitantes.

A destinação dos dejetos de suínos originários das criações intensivas transformou-se em um


problema de grandes proporções nos últimos anos. O emprego destes dejetos para uso na
adubação orgânica tem sido a forma tradicional da utilização do material fecal, permitindo assim a
reciclagem de nutrientes. Entretanto, condições climáticas e topográficas podem limitar o volume
de dejeto a ser utilizado. Alem disso, a sociedade tem se preocupado com a ação poluente do
material, quando aplicado em grandes proporções, no solo. As fezes quando não são
convenientemente manejadas contaminam o solo, a água e o ar, pondo em risco o conforto e a
saúde humana (FREITAS et. al., 1995).
Caracteriza-se como esterco líquido de suínos, todo o resíduo proveniente dos sistemas de
confinamento, sendo composto por fezes, urina, resíduo de ração, excesso de água dos
bebedouros e higienização, dentre outros decorrentes do processo criatório (KONZEN, 1980).
Todos estes componentes reunidos formam o esterco líquido ou liquame.

As quantidades estão citadas na tabela abaixo, referindo a fêmeas em diferentes épocas de seu
ciclo, machos e animais em creches.

TABELA 01. Produção diária de dejetos.


Esterco Esterco + urina Dejetos líquidos
Fase
(kg/dia) (kg/dia) (l/dia)
Animais de 25 a 100 kg 2,30 4,90 7,00
Porcas em gestação 3,60 11,00 16,00
Porcas em lactação 6,40 18,00 27,00
Macho 3,00 6,00 9,00
Creche 0,35 0,95 1,40
Média 2,35 5,80 8,60
FONTE: OLIVEIRA et al. (1994)

A composição dos dejetos esta associada ao sistema de manejo adotado, podendo apresentar
grandes variações na concentração de seus componentes, dependendo da diluição e da
modalidade como são manuseados e armazenados. A urina influi significativamente na quantidade
de liquame, que por sua vez depende diretamente da ingestão de água. Em geral cada litro de
água ingerido por um suíno resulta em 0,6 litros de dejetos líquidos (OLIVEIRA, 1994). Consumo
médio de 5,5 litros/suínos/dia de água foi encontrado por Mamede (1980), avaliando suínos com
peso na faixa de 36 a 97 kg. O método de higienização das instalações e dos animais influencia
diretamente na quantidade de dejetos produzidos.
TABELA 02. Composição dos Dejetos Líquidos de Suínos (mg/L) coletados na Fazenda da
EPAMIG em Ponte Nova – MG e em Palotina - PR
Local
Substâncias
Ponte Nova - MG Palotina - PR
N total 4000 1430
P2O5 6549 3800
K2O 470 2690
Cálcio 2900 1450
Magnésio 370 600
Manganês 39 22
Zinco 26 45
Cobre 82 18
Sódio 170 -
Matéria Seca 8,5 4,0
Fontes: MATOS et al. (1995) e OLIVEIRA & PARIZOTTO (1994).

Somente é possível determinar o mais apropriado destino dos dejetos provenientes da criação de
suínos, mediante o conhecimento da concentração em elementos constituintes, a qual por sua
vez, é função do sistema de coleta e estocagem adotado (KONZEN, 1983). Deve se notar que os
dejetos de suínos podem apresentar grandes variações na concentração de seus elementos
componentes, dependendo da diluição à qual foram submetidos e da modalidade como são
manuseados e armazenados, onde podemos verificar estas diferenças de concentrações na
Tabela 03.

Os métodos de armazenamento de dejetos, são escolhidos de acordo com a definição de sua


utilização. As principais propostas apresentadas ao produtor, são o biodigestor, a bioesterqueira e
a esterqueira. O biodigestor foi indicado em Santa Catarina na década de 70, como alternativa
energética, (produção de gás) e adubo. Percebeu-se mais tarde que a análise de custo e beneficio
não favorece a utilização desse sistema (SILVA, 1998). Tanto a bioesterqueira como a
esterqueira, objetivam obter a estabilização da matéria orgânica através do armazenamento da
massa liquida bruta, por determinado período de tempo. A diferença é que na bioesterqueira existe
uma parede divisória, resultando em uma câmara de fermentação e outra de armazenamento
(SILVA, 1998). Pode-se concluir que todas as formas de armazenamento dos dejetos de suínos,
estão direcionadas unilateralmente ao aproveitamento do NPK, contidos nestes resíduos.

A estocagem dos dejetos, com intuito de sua utilização na forma de adubo orgânico, visando a
produção de grãos, normalmente só é possível no período da entressafra, obrigando o produtor a
armazenar os dejetos por períodos de 7 a 8 meses. A capacidade da estrutura de armazenamento
dependera do tamanho, da finalidade e do manejo da criação (KONZEN et. al., 1998). Variações
de manejos (critério de lavação, uso ou não de laminas d’água, freqüência de varredura) e tipos de
criação entre granjas afetam muito a produção de dejetos. A capacidade calculada deve estar
adequada ao recebimento de aproximadamente 20 % de água pluvial, evitando assim
complicações com enchimento e derramamentos indesejáveis do deposito antes do tempo
previsto.

Alem do dimensionamento adequado, para uma segurança total de não agressão ao meio
ambiente e para evitar perdas de componentes que podem ser utilizados na produção de
alimentos, são imprescindíveis a impermeabilização perfeita dos referidos tanques e um adequado
programa de utilização dos dejetos (KONZEN & BARROS, 1997).

Os dejetos de um modo geral, são fertilizantes que possuem muitas características reconhecidas
para seu uso com sucesso na produção agrícola.

De acordo com Scherer et al., (1984), os adubos orgânicos apresentam, em geral um maior efeito
residual no solo do que os de origem mineral. Isto é explicável pela lenta mineralização dos
compostos orgânicos tornando os nutrientes disponíveis num maior espaço de tempo. Além disso,
a degradação do esterco pelas bactérias do solo é considerada um dos mais efetivos processos
de biodegradação, proporcionando maior disponibilidade de elementos nutritivos para o
desenvolvimento das culturas (KONZEN, 1983). A intensa atividade bacteriana pela decomposição
dos dejetos terá como resultado uma melhoria das condições físicas do solo, tornando-o mais
permeável e com maior capacidade de retenção de água e penetração nas raízes da planta.
A produtividade agrícola depende da quantidade e da proporção dos nutrientes existentes no perfil
do solo, contudo, o uso adequado dos dejetos de suínos, pode contribuir substancialmente para a
adequação da fertilidade dos solos (SCHERER et al.,1984).

A distribuição do esterco líquido de suínos pode ser feita de maneira uniforme e/ou localizada no
solo. A aplicação uniforme pode ser realizada com equipamentos de tração animal, tratorizados ou
de irrigação. Os tanques de distribuição tratorizados, com aplicação de maneira uniforme ou
localizada, exigem trânsito intenso, provocando compactação do solo ou impedindo sua
movimentação em áreas mais acidentadas ou com solo úmido (KONZEN et al., 1998). Já os
sistemas de irrigação por aspersão, não impõem as referidas restrições, entretanto exigem
bombas especializadas para sua operação. São também usadas as irrigações por sulcos e a
distribuição por gravidade, que pode ser feita através de escoamento direto, com tomada no fundo
do depósito ou por sifonagem, com tomada no terço inferior do tanque. As tubulações de 100 mm
de diâmetro ou mais são recomendadas para evitar entupimentos. O registro na extremidade
externa da tubulação deve, de preferência ser de mangote flexível com sistema de levantamento e
abaixamento da extremidade aberta (MARRIEL et. al., 1987).

Recomendada pela pesquisa (EMBRAPA CNPSA, 1995, 1999), (EMBRAPA CNPMS, 1995,
2000, 2002) a disposição final de estercos líquidos de suínos, ou dejetos suínos, é largamente
empregada nas regiões produtoras de suínos do mundo e em todas regiões produtoras do Brasil
pela sua praticidade operacional, como também pela potencial agregação de valor econômico
proporcionado pelo emprego dos dejetos, (Miranda et al., 1999), (Seganfredo e Girotto, 2002),
(Konzen, 2000) como veículo de nutrientes de plantas, cuja obtenção por meio dos dejetos
representa valor agregado para a atividade suinícola, para a produção das culturas agrícolas e
para os próprios solos quanto a seu potencial de fertilidade orgânica.

Porém, é preciso considerar que os dejetos suínos são esgotos e que carregam um potencial
poluidor considerável e complexo e que seu valor fertilizante potencial pode ser consumido, se os
custos econômicos para seu emprego e os custos ambientais para mitigar possíveis impactos
transitórios ou cumulativos.

Já são notáveis as conseqüências da aplicação indiscriminada e sistemática de dejetos suínos em


regiões que dele se utilizam (EPAGRI,) e não são poucos os alertas para as conseqüências
ambientais desta aplicação (Seganfredo).

Apesar disso, não se espera que esta prática seja abandonada pelos suinocultores, já que vem
sendo aceita pelos Órgãos Gestores Ambientais como válida para efeito de licenciamento
ambiental pois, em inúmeros casos, representa a única alternativa economicamente viável para o
manejo ambiental dos dejetos Infecções Urinárias: as infecções urinárias são doenças altamente
prevalentes na suinocultura intensiva, acometendo principalmente as matrizes.

De acordo com ALBERTON et al. (2000), 28% das porcas apresentam estas infecções, que
determinam uma série de problemas reprodutivos na granja, tais como: elevadas taxas de retorno
ao cio, leitegadas pequenas, abortos, morte de matrizes e baixas taxas de parição.

Os agentes causadores destas infecções são bactérias presentes na microbiótica fecal


destacando-se a Escherichia coli. O acúmulo de fezes nas baias e nas gaiolas, associado a uma
diminuída freqüência de micções diárias, contribui para que essas bactérias, que normalmente
não provocariam doenças para estes animais, colonizem a bexiga provocando infecção. As
medidas de controle destas doenças consistem no aumento diário de remoção das fezes das
baias e gaiolas e aumento na ingestão de água. Esta última medida requer muitas vezes uma
revisão do projeto hidráulico da granja de modo a permitir uma vazão adequada nos vários
pontos da granja.

Problemas respiratórios relacionados com a qualidade do ar: os gases produzidos pela


degradação biológica do material orgânico (fezes, urina, ração) podem atingir níveis elevados
dentro das instalações quando os dejetos se acumulam nas baias e nas canaletas. A amônia,
quando em concentrações elevadas, provoca uma redução marcante no ganho de peso e torna
os suínos mais predispostos a infecções respiratórias crônicas.
A produção deste gás está muito mais relacionada com a higiene e o manejo do dejeto do que
com a qualidade da ventilação. As infecções respiratórias crônicas são altamente prevalentes na
suinocultura intensiva. Em uma pesquisa realizada na Região Sul do Brasil, 100% das granjas
amostradas foram positivas para pneumonia enzoótica e 98,4% para a rinite atrófica
(SOBESTIANSKY et al., 1999). Os prejuízos determinados por estas duas doenças são
extremamente elevados. Ocorre uma redução marcante no ganho de peso diário e um aumento
considerável na conversão alimentar. Adicionalmente, ocorrem gastos com medicamentos,
vacinas, mão-de-obra e eventualmente com a morte de animais. Por se tratarem de doenças
crônicas, cuja manifestação principal não é a morte de animais, os produtores acabam convivendo
com estas doenças e muitas vezes consideram-nas normais no rebanho. Atualmente existem no
mercado brasileiro vacinas que conferem proteção adequada contra os patógenos que
desencadeiam estas duas doenças. Contudo, a qualidade ambiental da granja influencia bastante
o resultado desta imunização. Em granjas onde os animais de recria/engorda são mantidos em
baias com acúmulo de fezes ou sobre pisos gradeados onde as fezes se acumulam em baixo, os
gases produzidos nestas situações comprometem os resultados da vacina. Deste modo, uma das
principais medidas de manejo para o controle das doenças respiratórias é o aumento da remoção
diária das fezes das baias.

Os gases e a saúde do homem e dos animais: um dos aspectos que limitam consideravelmente a
exploração suinícola em muitos países é a questão do odor dos dejetos. Os gases que provocam
o odor característico das granjas de suínos como a amônia e o hidrogênio sulfídrico, além de
gerarem um desconforto considerável para o homem e para os animais, podem desencadear uma
série de problemas de saúde e diminuir consideravelmente a qualidade de vida dos funcionários
da granja e das outras pessoas que residem na proximidade. Criou-se uma crença de que granjas
de suínos invariavelmente possuem odor desagradável. Contudo pode-se verificar que muitas
granjas não possuem odor e que isto é conseguido evitando o acúmulo de dejetos nas baias e nas
canaletas.

4. METODOLOGIA

O trabalho será desenvolvido como parte integrante do projeto geral pertencente ao convênio
entre Itaipu Binacional e Unioeste Campus de Marechal Cândido Rondon, denominado “Cultivando
Água Boa”, que foi proposto pela Itaipu com o objetivo de atentar a população para o problema
decorrente da escassez de água potável, tanto pelo aumento do consumo pela população e ao
mesmo tempo formar uma rede de conscientização sobre seu uso racional.

Outro aspecto, que preocupa a Itaipu, é a eutrofisação e contaminação das águas no reservatório,
com diversos poluidores orgânicos e inorgânicos, com elevado potencial de corrosão de estruturas
de concreto, assim como partes metálicas dos equipamentos de geração.

O trabalho será desenvolvido por meio do Centro de Ciências Agrárias, em cinco grupos de quatro
alunos, com cinco professores orientadores e um professor coordenador.

Os grupos elaborarão projetos de adequação ambiental em propriedade agrícolas localizadas nas


microbacias: Arroio Fundo, Córregos Curvado e Ajuricaba, selecionadas e localizadas na bacia
hidrográfica do Rio São Francisco Verdadeiro, na região Oeste do Paraná.

Serão visitadas quatrocentas e quarenta propriedades, num período de onze meses. Serão feitos
levantamentos dos passivos ambientais, no que se refere a mata ciliar, reserva legal, suinocultura,
bovinocultura, piscicultura e lavouras, bem como projeto de readequações nas propriedades
suinícolas e de bovinocultura intensiva, nas áreas das microbacias, visando à adequação
ambiental das mesmas. Inicialmente serão feitos diagnósticos das propriedades, levantando dados
contendo informações cadastrais do produtor como nome, nome da propriedade, razão social,
número de instalações, área total, área agrícola, informações sobre solo contendo grau de risco
ambiental, classe de risco ambiental (quanto ao uso de dejetos), uso atual das terras designando -
tipo de uso: vegetação florestal, vegetação campestre, pastagem, silvicultura, agricultura, mata
ciliar e reserva legal: porcentagem de reserva legal da propriedade, número de lagoas ou açudes
que a propriedade possui, total de hectares, córregos, rios ou nascentes com a largura a
extensão, conformação, utilização da água, largura da mata ciliar existente, vegetação rasteira,
solo da mata ciliar, erosão marginal, qualidade da mata ciliar, espécies predominantes e por fim o
croquis de localizações. Suinocultura e pecuária leiteira: quanto à licença ambiental, informar se
for prévia, de instalação ou de operação, volume de dejetos produzidos na propriedade.
Instalações: informar a distância das suinoculturas e instalações para bovinos, do sistema de
armazenamento e/ou tratamento de dejetos em relação à nascente, à divisa da propriedade,
estradas externas à propriedade, rio ou drenagem natural mais próximo, número de instalações,
características das instalações como por exemplo: a suinocultura e ou as instalações para
bovinocultura possuem caneletas para condução de dejetos, os beirais propiciam escorrimento de
águas das chuvas sobre as caneletas e ou interior das mesmas, existe acúmulo de água entre nas
instalações; através de que método é realizada a limpeza das instalações, qual sistema de
armazenamento e tratamento de dejetos a propriedade possui; qual a destinação dos dejetos
tratados; no sistema de tratamento possui aproveitamento do gás gerado, os dejetos armazenados
são utilizados para agricultura. Descrever o sistema hidráulico, sistema de canalização, de
alimentação, de drenagem do escorrimento superficial, de drenagem de armazenamento de
dejetos (esterqueiras e canaletas de transporte).

Com os dados trazidos de cada propriedade, estando a mesma já georreferenciada, com o auxilio
de GPS, serão elaborados mapas detalhados em AUTOCAD, contendo área de mata ciliar
existente, área de reserva legal existente, localização de nascentes, córregos e/ou rios, açudes,
localização de estradas, divisas e instalações dentro das propriedades.

Posteriormente serão produzidos mapas com as readequações constando mata ciliar e reserva
legal que faltam, relocando as instalações que se encontrarem nas áreas de preservação
ambiental (matas ciliares e reservas legais) para outras áreas da propriedade ou, no caso de esta
não apresentar alternativas locacionais, para outras áreas de propriedade do produtor, sendo em
quaisquer dos casos observada a capacidade de suporte e as características ambientais e legais
pertinentes, observando-se que as novas instalações deverão ser projetadas segundo critérios de
funcionalidade e segurança ambiental e de eficiência zootécnica. As instalações que se encontram
em áreas sem limitações locacionais devem ser reformadas de maneira a: eliminar os efeitos do
escorrimento superficial na formação de águas contaminadas; eliminar as infiltrações de águas de
chuvas nos dispositivos de dejetos; controlar o consumo de água para as atividades; controlar os
desperdícios de sólidos (rações); controlar os desperdícios de água. Em ambos os casos, dotar
também as instalações de: sistema de manejo e/ou tratamento de dejetos e sistema de destinação
final de mortalidades, ambos adequados ao porte dos empreendimentos e promover a adoção da
Gestão Ambiental aplicada à suinocultura e capacitar os suinocultores a executarem suas
atividades segundo esses critérios de gestão, para que, encerrado o Projeto, a adequação
continue mantida e melhorando. Por fim obter o Licenciamento Ambiental da propriedade elegível.

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Dos critérios locacionais se destacam os limites estabelecidos pelo Código Florestal Brasileiro,
que é uma Lei Federal, cujos limites não podem ser flexionados, e que, aplicada na Resolução
031/98, determina que a área do empreendimento, incluindo armazenagem, tratamento e
disposição final de dejetos, deve situar-se a uma distância mínima de corpos hídricos, de modo a
não atingir áreas de preservação permanente. Por essa razão todas as instalações que estiverem
em áreas de preservação permanente e/ou infringindo as distâncias mínimas de corpos hídricos
deverão ser re-locadas. Como é o caso da edificação “2” (galpão) e da estrada, da propriedade
demonstrada na Figura 1.

Mata ciliar: segundo o IAP uma largura de trinta metros de mata ciliar deve acompanhar o córrego
em suas duas margens. Na Figura 1, de 7.675,00 metros quadrados a mata ciliar não acompanha
o córrego na largura de trinta metros, pois possui uma área de 305,55 metros quadrados de mata
ciliar, devendo possuir, no mínimo, uma área de 1.535,00 metros quadrados de marta ciliar
Figura 1. Propriedade de 0,7675 ha.

A(s) área(s) de criação, bem como de armazenagem, tratamento e disposição final de dejetos,
deve(m) estar localizada(s), de acordo com o Decreto Estadual no 5.503, de 21 de março de 2002,
no mínimo, nas distâncias e condições a seguir especificadas. Das divisas de terrenos vizinhos,
podendo esta distância ser inferior quando da anuência legal dos respectivos 50 (cinqüenta)
metros. Constatando então que a suinocultura está a 7 metros da divisa, como mostra a Figura 2.

A mata ciliar está em toda a extensão do córrego; porém, não comporta 30 metros de largura,
como prevê a lei. Ao repor a área de preservação permanente, o açude ficará incluído, portanto,
deverá ser desativo, na Figura 2.

A reserva legal da Figura 2, está dentro dos 20% da área total como prevê a lei do IAP.

P RO JE T O CU L T I V A N D O Á G U A BO A

e sc a la : 1:7500

N O RT E

Figura 2. Propriedade de 26,38 ha.

Quanto à mata ciliar da Figura 3, somente parte desta está composta e em parte da extensão do
córrego, como sua reposição o açude ficará incluído, necessitando desativá-lo.

Reserva legal permanente: de acordo com o IAP a reserva legal deve ocupar vinte % da
propriedade. A propriedade da figura 3 possui 42814,2479 metros quadrados, então sua área de
reserva legal deve possuir 8562,8495 metros quadrados, no entanto a propriedade só possui
2231,0129 metros quadrados. Tendo essa propriedade então que reflorestar um área de
6331,8366 metros quadrados, para chegar aos 20% como prevê a lei.
P ROJETO CU LTIVAND O ÁGU A BOA

escala : 1:7500

N ORTE

Figura 3. Propriedade de 4,28 ha.

A propriedade da Figura 4 possui uma área de 40.683,3710 metros quadrados e não possui os
vinte % de área da reserva legal, que seria de 8.136,674 metros quadrados.

Verificou-se na Figura 4, que não há vestígios de mata ciliar ao redor da nascente, que
deveArialria ter um raio de 50 metros ao seu entorno.

Os drenos que foram construídos, na Figura 4, estão muito próximos da nascente e da área de
preservação permanente. Com isso, terão que ser desativados e deverá ser restituída a mata
ciliar.

P ROJETO CULTI VANDO ÁGUA BOA


P ROP RI ETÁRI O:

escala: 1:7500

NORTE

Figura 4. Propriedade de 4,068 ha.

A propriedade da figura 5, possui 47381,5478 metros quadrados, então sua área de reserva legal
deveria possuir 9476,3095 metros quadrados, no entanto a propriedade só possui 227,5232
metros quadrados. Tendo essa propriedade que reflorestar um área de 9248,7863 metros
quadrados de reserva legal.

Em alguns pontos nessa propriedade a mata ciliar não acompanha o córrego na largura de trinta
metros, necessitando a sua reposição.

Verificou-se que não há vestígios de mata ciliar ao redor das duas nascentes e o açude está muito
próximo à mesma e deverá ser desativado.

A(s) área(s) de criação, bem como de armazenagem, tratamento e disposição final de dejetos,
devem estar localizadas, de acordo com o Decreto Estadual no 5.503, de 21 de março de 2002, no
mínimo, nas distâncias e condições a seguir especificadas: Das divisas de terrenos vizinhos,
podendo esta distância ser inferior quando da anuência legal dos respectivos 50 (cinqüenta)
metros. Constatando então que a suinocultura da Figura 5, está a 10 metros da divisa, além de
estar em área de preservação permanente, necessitando ser re-locada.
P R O JE T O C U L T I V A N D O Á G U A B O A

e sc a la : 1 :7 5 0 0

N O RT E

Figura 5. Propriedade de 4,738 ha.

6. CONCLUSÕES

Todas as propriedades possuem passivos ambientais, no que se refere a mata ciliar, necessitando
repor o que falta da área de preservação permanente.

Somente uma propriedade, entre as apresentadas, possui reserva legal de no mínimo 20% da
área total, as demais necessitam reflorestar para se adequarem às normas ambientais.

Os dejetos de suínos não são tratados como deveriam ser, contaminando os recursos hídricos que
irão abastecer os rios que chegam ao Lago de Itaipu, fazendo com que a proliferação de
microrganismos seja elevada, com isso provocando desequilíbrio ambiental. Ou seja, consumindo
muito oxigênio da água, prejudicando e/ou até matando peixes. Some-se a isto, a possibilidade de
corrosão de estruturas de concreto e partes metálicas de equipamentos da usina.

Nenhuma das nascentes se apresentou protegida com 50 metros de mata ciliar em seu diâmetro,
prejudicando, assim, todos os que necessitam da água posterior a essas nascentes.

Os proprietários necessitam fazer as devidas adequações dos passivos ambientais, para que, no
futuro, as gerações não sofram com falta d’água.

7. PALAVRAS-CHAVE

Sustentabilidade de agroecossistemas, sustentabilidade na produção de energia, contaminação de


águas, sustentabilidade de usinas hidroelétricas.

8. REFERÊNCIAS

[1] ALBERTON, G.C.; WERNER, P.R.; SOBESTINASKY, J.; COSTA, O. D.; BARIONI JUNIOR,
W. Prevalência de Infecção urinária e de Actinomyces suis em porcas gestantes e sua
correlação com alguns parâmetros físicos e químicos da urina. Archives of veterinary science.
v. 5, p. 81-88, 2000.

[2] FREITAS, R. T. F. de & VIANA, C. F. A., Seminário mineiro sobre manejo e utilização de
dejetos de suínos. Ponte Nova – MG) Anais. Viçosa – EPAMIG, 1995. 128 p.

[3] IBGE, Censo agropecuário 1995 – 1996, Efetivo de suínos por região. Disponível em: <
http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/economia/agropecuaria/censoagro/ brasil>; Acesso em 22
dez. 2003
[4] ITAIPU BINACIONAL, Projeto Cultivando Água Boa, Apresentações de projetos.
Disponível em:, <http://www.itaipu.gov.br/aguaboa/apresentacoes/caderno/ Caderno
%20de%20projetos_arquivos/frame.htm> Acesso em: 22 dez. 2003.

[5] KONZEN, E. A. Avaliação quantitativa e qualitativa dos dejetos de suínos em


crescimento e terminação, manejados em forma liquida, 1980. 56 p (dissertação de Mestrado)
– Escola de Medicina Veterinária , Belo Horizonte, MG.

[6] KONZEN, E. A. Manejo e utilização dos dejetos de suínos. EMBPRAPA, CNPSA-SC


(Circular Técnica nº 6, julho 1983)

[7] KONZEN, E. A., PEREIRA, F. I. A. , BAHIA, F. A. F. C., PEREIRA, F. A. Manejo de esterco


líquido de suínos e sua utilização na adubação de milho. Sete Lagoas – MG, EMBRAPA –
Milho e Sorgo, 1998. 31 p. EMBRAPA-CNPMS. Circular Técnica, 25)

[8] KONZEN, E. A., BARROS, L. C. Lagoas de estabilização natural para armazenamento de


dejetos líquidos de suínos. EMBRAPA – Milho e Sorgo. 1997. 14 p (EMBRAPA-CNPMS –
Documentos, 9).

[9] MAMED, R. A. Consumo de água e relação água/ração para suínos em crescimento e


terminação. Belo Horizonte, Escola de Veterinária UFMG, 1980. 23 p. (Dissertação: Avaliação) –
Escola de Medicina Veterinária, Belo Horizonte MG.

[10] MARRIEL, I. V., KONXEN, E. A., ALVARENGA, R. C., SANTOS, H. L. Tratamento e


utilização de resíduos orgânicos. Inf. Agropec., Belo Horizonte MG, março, 1987. V. 13, N. 147,
p. 24-36.

[11] MATOS, A. T., SEDIYAMA, M. A. N. VIDIGAL, S. M., FREITAS, S. P. & GARCIA N. C. P.


Propriedades químicas e microbioçogicas do solo influenciadas pela aplicação de dejeto
líquido de suínos. In: Encontro Anual da Seção Brasileira da Associação de Avaliação de
Impactos Ambientais, 4., Belo Horizonte, 1995, Anais, Belo Horizonte (no prelo).

[12] MORES, N. Mycobacterium do complexo avium em rebanhos suínos. Suinocultura


Industrial, n. 5, p. 12 -18, 2002.

[13] OLIVEIRA, E de & PARIZOTTO, M. L. V. Características e uso fertilizante do esterco de


suíno, Londrina PR. IAPAR, 1994. 24 p ilust. (circular, 83)

[14] OLIVEIRA, P. A. V. Manejo de água – influencia do volume de dejetos produzidos. Dia de


campo sobre manejo e utilização de dejetos de suínos. CNPSA-EMBRAPA Concórdia, SC.
Março, 1994. p. 25 – 28.

[15] SCHERER, E. E., CASTILHOS, E. G., JUCKSCH, I., NADAL, R. Efeito da adubação com
esterco de suínos, nitrogênio e fósforo em milho. Florianópolis: EMPASC, 1984. 26 p
(EMPASC. Boletim Técnico, 24).

[16] SILVA, F. C. M. Gerenciamento da matéria orgânica relacionada à atividade suinícola na


Região Centro Oeste. In: Seminário Ambiental x Produção de Suínos, Goiânia, GO novembro,
1998 (s.p.)

[17] SOBESTIANSKY, J; WENTZ, I; SILVEIRA, P.R.S.; SESTI, L.A.C. Suinocultura Intensiva


Produção, manejo e saúde do rebanho. Brasília : Embrapa; 1998. 388p.

[18] SOBESTIANSKY, J. et al. Estudos ecopatológicos das doenças respiratórias:


prevalência de rinite atrófica e de pneumonia nas fases de crescimento e terminação na
região sul do Brasil. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE VETERINÁRIOS ESPECIALISTAS EM
SUÍNOS, 8, 1999, Foz do Iguaçu. Anais... Foz do Iguaçu : Abraves, 1999. p. 171-172.

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