HISTÓRIA E SIGNIFICADO DAS INSÍGNIAS EPISCOPAIS: A MITRA
(1ª Parte)
O Concílio Vaticano II não só recuperou a tradição bíblica e patrística, mas
também propôs à liturgia da Igreja uma preocupação pastoral muito importante: auxiliar o povo cristão a compreender melhor o sentido da celebração, participando de uma forma plena, activa e comunitária (Sacrossanctum Concilium, n. 21). O Concílio insistiu na importância dos sinais na liturgia, vista como celebração do mistério de Cristo e da Igreja, através dos sinais sensíveis (SC n. 4), dos ritos e das orações (SC n. 48). Sobretudo nestes últimos anos, foi descoberta a importância da comunicação na liturgia, através dos sinais e dos gestos, denominada como linguagem “não-verbal”. Aos sinais sensíveis, próprios da liturgia, pertencem também as vestes sagradas e as insígnias. Elas manifestam a diversidade dos ministérios pelos quais é constituída a Igreja, Corpo Místico de Cristo. O Bispo tem insígnias próprias que o distingue de todos os outros, quando preside a uma celebração litúrgica (mitra, báculo e anel). Já há muitos séculos que os Bispos usam a Mitra em alguns momentos da celebração litúrgica para cobrir a cabeça. Tem grande interesse histórico a mitra do beato Pio IX (1846-1878) usada em 1854 na solene proclamação do dogma da Imaculada Conceição da Virgem Maria. O uso da mitra é mais antigo do que da tiara. A primeira referência histórica do uso da Mitra é do século XI com o Papa S. Leão IX (1049-1054). Antes, os bispos não punham nada a cobrir a cabeça. A partir da 2ª metade do século XII, todos os bispos usam mitra. Quanto à sua origem, a mitra litúrgica deve ter derivado de um “adorno” extra-litúrgico que servia para cobrir a cabeça que tinha o nome de “camelaucum ou phrygium. Era muito usado, todos os dias, pelos imperadores e pelos altos funcionários da Coroa, principalmente no Oriente. Tal “peça de vestuário” era já usada pelos Papas no século VIII, quando participavam em passeios a cavalo e nas cerimónias solenes que decorriam fora do templo. Pela História, sabemos que os Papas substituíram a Mitra pela Tiara (século XVII com o Papa Urbano VIII) que era composta de três coroas que tinham o seguinte significado, expresso na fórmula da entrega e da coroação do Papa: o poder do Pai, a sabedoria do Filho, o amor do Espírito Santo (“Patrem Principum et Regum, Rectorem orbis, in terra Vicarium Salvatoris nostri Iesu Christi”); alguns historiadores falam das três virtudes teologais. O Papa Paulo VI foi o último a usar a tiara para realçar o “serviço” a que é chamado o sucessor de Pedro que, como Jesus Cristo, “veio para servir e não para ser servido”. Em 1964, por vontade do Papa, a tiara foi vendida e o dinheiro entregue aos pobres. Hoje, conserva-se no tesouro da Basílica da Imaculada Conceição, em Washington. Com João Paulo I (1978) foi modificado o rito da coroação do Papa, usando o termo “Início do Ministério do Supremo Pastor”. A partir desta altura, o Bispo de Roma usa somente a mitra, insígnia comum a todos os bispos para sublinhar a relação de comunhão e de unidade entre o Sucessor de Pedro e o Colégio Episcopal. A Tiara permanece ligada a uma sensibilidade unida a um período histórico específico e a uma cultura já ultrapassada. Porém, é um testemunho de que a Igreja, ao longo dos séculos, soube acolher os sinais e as expressões próprias das diversas culturas para comunicar aos homens uma mensagem de fé. A Tiara não só é um sinal de diversos momentos culturais, mas também um estímulo para se fazer a purificação de alguns sinais usados no culto cristão para que estes sejam adequados para comunicar uma mensagem de fé ao homem contemporâneo. A Tiara era sinal de um poder papal religioso e temporal, felizmente ultrapassado. A Mitra é mais adequada para exprimir não o poder, mas o serviço episcopal; expressa a actual necessidade de uma Igreja em contínua purificação das tentações terrenas para brilhar no mundo unicamente como sinal do poder do Espírito Santo.
Hoodoo For Beginners Learn The Most Effective Hoodoo Magic Spells, Hoodoo Herbs, and Root Magic To Attract Money, Luck, Success and Love by Fiona Harris