As Universidades em Portugal

até ao sec. XIX

A história das Universidades portuguesas até ao século XIX, é uma história de
mudanças constantes (sobretudo de local) e de alguma dependência da Igreja. Essa
dependência é, de certa forma, normal tendo em conta o poder da Igreja no Estado
durante este periodo.

De facto, o ensino esteve, durante muito tempo, ligado directamente ao clero, o

que é natural, uma vez que eram os membros da Igreja (padres, monges, frades),
os elementos com mais estudos e erudição. Deve-se recordar que, muitas vezes, os
principes e nobres tinham por tutores elementos do Clero, e igualmente, que a
atribuição do estatuto de Universidade era dada por bula papal (como aconteceu no
caso de Coimbra e Évora). Um outro aspecto a realçar é o facto de o ensino superior
estar, durante muitos séculos, interdito ás mulheres, e só em 1894 se assistiu, pela
primeira vez á formatura de uma mulher no nosso país.

Até ao final do Sec.XIX existiram apenas dois estabelecimentos de Ensino Superior

com o nome de universidade, a Universidade de Coimbra, fundada oficialmente em
1537 (embora a sua origem remonte ao seculo XIII, tendo na altura o nome de
Estudos Gerais e tenha variado a localização entre Coimbra e Lisboa), e a
Universidade de Évora, fundada em 1559 ( tendo contudo interrompido o seu
funcionamente em meados do Sec.XVIII por acção do Marques de Pombal contra os
Jesuitas que leccionavam na Universidade).

A Universidade de Évora tinha a característica de, à data da sua fundação, não lhe
ser permitido no decreto papal, leccionar Medicina, Direito Civil e parte do Direito
Canônico assim como algumas áreas cientificas. De facto a introdução do ensino
das Matematicas só se deu um seculo depois, tendo estado sempre ligada aos
Jesuitas.

A Universidade de Coimbra era a mais prestigiada, em parte por ser a mais antiga,
mas também por ter o carácter estudantil mais enraizado na cidade. Ainda assim, e
tal como em Évora só a partir do Sec. XVIII foram introduzidas grande parte das
ciencias exactas e naturais.

Embora não tivessem o nome de Universidade, existiram a partir do Sec. XIX em

Lisboa e no Porto algumas Escolas de relevo na formação das classes mais
favorecidas ( nobreza, burguesia, e militares). Em Lisboa foi inaugurada em 1836 a
Escola Médico-Cirurgica e a Escola de Farmácia, e em 1837 a Escola Politécnica. Já
no Porto, em 1803 foi fundada a Academia Real da Marinha e Comércio,em 1825 a
Real Escola de Cirurgia e em 1837, a Academia Politécnica.