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22ª EDIÇÃO DO CURSO DE AGREGAÇÃO PEDAGÓGICA

PA R A
D OC E N T E S U N I VE R S I T Á R I O S

HISTÓRIA E LEGISLAÇÃO NO ENSINO SUPERIOR EM


ANGOLA

JOÃO M ANUEL CORREIA FILHO (P h.D.)


jmcf82@yahoo.com.br
Investigador do Centro interdisciplinar de História, Culturas e Sociedades da Universidade de Évora
Problematização
OBJECTIVO
 Contextualizar o Ensino Superior em
Angola desde a Génise até a actualidade

Objectivos  Compreender as perspectivas e desafios


Específicos para o Ensino Superior em Angola,
traçados a partir da legislação;

 Partilhar alternativas possíveis do perfil


do docente universitário nas IES
angolanas.
 Contextualizar Caracterização da História
do Ensino Superior em Angola

 A legislação e os seus desafios para o


ORGANIZAÇÃO subsistema do ensino Superior Angolano
DA AULA

 Considerações Finais sobre os desafios


actuais do Docente Universitário
Contextualização do Ensino Superior em
Angola

 Desde os tempos remotos o Ensino Superior representou a sublime


intelectualidade de uma determinada sociedade e distinguido como um
instrumento pertencente a um grupo de elite e que ao longo do tempo
procurou disfarçar essa identidade.

 Neste sentido, de acordo Filho (2020) o surgimento do Ensino Superior


em Angola dependeu de três situações histórica importante:
1. O contexto mundial nos meados do século XX o período da explosão
da ciência e da técnica e, que aumentava a necessidade desenfreada
de técnicos superiores qualificados.

2. A classe burguesa em Angola queriam que os seus filho


frequentassem o Ensino Superior sem a necessidade de deslocar para
a Metrópole

3. A questão da politica interna devido a pressão que era feita pelos


autóctones em 1961, correspondente ao período de afirmação
nacional
Neste sentido, o Ensino universitário em Angola surge como uma medida que
ajudasse a suavizar o clima hostil, e manter o controlo político administrativo da
colónia, devido o inicio da luta armada, e concomitantemente procurar melhorar
a situação socioeconómico e cultural (FILHO, 2020).
Deste modo, o Ensino Superior em Angola teve início no período colonial com a
criação, em 1962, dos Estudos Gerais Universitários (Decreto-Lei n. 44.530) os
quais evoluíram para a criação da Universidade de Luanda em 1968 (Decreto-Lei
n. 48.790) que, no processo de descolonização, deu lugar, em 1976, a
Universidade de Angola (Decreto-Lei n. 60) que, posteriormente, em 1985, passou
a ser designada Universidade Agostinho Neto (Resolução n. 1/85 do Conselho de
Segurança e Defesa.
1. o surgimento e desenvolvimento
de 1962 – 1975 (período colonial)

1. Fase de afirmação
revolucionária (1976 – 1980)
Periodização
do Ensino
Superior 2. Fase de ajustamento e
expansão (1981 – 1991)
2. Ensino Superior após a
independência de 1975 aos dias 3. Fase de crise e confrontação
actuais (pós-colonial) (1992 – 2000)

4. Fase da estabilidade e
redimensionamento (2001 -2019)
O ENSINO SUPERIOR: Contextualização

 Massificação/democratização
(Filho, 2020)  Individualismo pedagógico
 Ensino colectivista e  Crise estrutural
transmissivo  Fraude académica
 Ênfase nos conhecimentos  Turbo-docência
 Aprendizagem reprodutiva  Qualidade questionada
 Orientação para o mercado
 Escassa ligação com a
(Adaptado de Silva, 2019). empresa
TENTATIVA DE MASSIFICAÇÃO DO ENSINO SUPERIOR

Massificação do Ensino Superior em


NO PERÍODO COLONIAL (1962-1975)

ENSAIO DA MASSIFICAÇÃO DO ENSINO SUPERIOR


Angola

ATRAVÉS DO ENSINO NÃO PRESENCIAL (1976-1991).

MASSIFICAÇÃO DO ENSINO SUPERIOR ATRAVÉS DA


DEMOCRATIZAÇÃO DAS INSTITUIÇÕES (1992-2019).

Filho, 2020
Fonte: Adaptado a partir do Anuário Estatístico de 2018
A legislação no subsistema do Ensino Superior
Angolano
1. Lei de Bases do Sistema de Educação e Ensino (Lei n. 17/16 de 7 de Outubro de
2016);

2. Estatuto da Carreira Docente (Decreto Presidencial n.º191/18, de 8 de Agosto)

3. Normas Gerais Reguladoras do Subsistema de Ensino Superior (Decreto nº 90, de 15


de dezembro de 2009).

4. Regulamento de Avaliação de Desempenho do subsistema do Ensino Superior (Decreto


Presidencial n.º 121 de 27 de Abril de 2020).

5. Reorganização da rede de IES. (Decreto Presidencial n.º 285 de 29 de Outubro de


2020.
Lei de Bases do Sistema de Educação e Ensino (Lei n. 17/16
de 7 de Outubro de 2016) (Artigo 17.º)

 O sistema de Educação e Ensino é unificado constituído por seis subsistema e


quatro níveis de ensino.

a) Subsistema de Educação Pré-Escolar;

b) Subsistema de Ensino Geral;

c) Subsistema de Ensino Técnico –Profissional;

d) Subsistema de formação de Professores;

e) Subsistema de Educação de Adulto;

f) Subsistema de Ensino Superior;


NÍVEIS DE ENSINO EM ANGOLA (Artigo 17.º)

EDUCAÇ ÃO ENSINO ENSINO ENSINO


PRÉ- ESCO LA R PRIM ÁRIO SECUN D ÁR IO SUPERIOR

Assegurar a aquisição de conhecimentos e competências necessárias


para uma adequada e eficaz participação na vida individual e colectiva
GRADUAÇ ÃO
I CICLO

PÓ S- GRADU AÇ ÃO
II CICLO
Lei n. 17/16
Objectivos gerais do subsistema de Ensino Superior

 a) Preparar quadros com alto nível de formação científica, técnica,


cultural e humana, em diversas especialidades correspondentes a todas
as áreas do conhecimento.

 b) Realizar a formação em estreita ligação com a investigação científica


orientada para a solução dos problemas locais e nacionais inerentes ao
desenvolvimento do País e inserida nos processos de desenvolvimento
da ciência, da técnica e da tecnologia.

 g) promover a extensão universitária, através de acções que contribuam


para o desenvolvimento da própria instituição e da comunidade em que
está inserida.
“As instituições de Ensino Superior são centros vocacionados para a
promoção da formação acadêmica e profissional, da investigação
científica e da extensão universitária [...]”. (Art. 70)

“Todas as instituições de Ensino Superior têm a responsabilidade de


contribuir para o fortalecimento da Ciência, da Técnica e da Tecnologia,
participando da resolução dos diversos problemas e desafios da vida
económica, social e cultural para a promoção do desenvolvimento
sustentado do País [...]”. (Art.80)
Estatuto da Carreira Docente (Decreto Presidencial n.º191/18,
de 8 de Agosto)
FUNÇÕES DO CORPO DOCENTE (Art. 6.º)

Quais as principais funções do professor?

INVESTIGAÇÃO EXTENSÃO
• Prestar serviço • Contribuir para a
Docente gestão
• Desenvolver democrática • Desenvolver e
trabalhos de Participar nas
Investigatigação actividades de
Ciêntífica extensão
universitária
ENSINO GESTÃO
TAREFAS DO DOCENTE A NÍVEL DO ENSINO

EDUCAR INTERVIR
• Conhecimentos • Capacidades
• Atitudes • Transformação
• Habilidades • Competências da Realidade
• Valores social
• Soluções a
Problemas
INSTRUIR DESENVOLVER

Estamos diante de um novo ofício, no qual ser professor significa


intervir na realidade social, fazer, aprender e inovar.
TAREFAS DO DOCENTE A NÍVEL DA
INVESTIGAÇÃO

Publicações de
Trabalhos
• Teses Científicos • Congressos
• Dissertações • Conferências
• Artigos
• Monografias • Posters • Simpósios
• Livros Didácticos e • Jornadas
Científicos Científicas

Orientação de Participações em
Trabalhos Eventos
Académicos Científicos

A investigação científica interfere tanto na formação dos estudantes, ou seja, na construção de


competências académicas e profissionais, quanto no corpo docente universitário que, por meio da
pesquisa, poderá renovar e regenerar a actividade de ensino.
TAREFAS DO DOCENTE A NÍVEL DA EXTENSÃO

Interação Indissociabilidade
• Desenvolvimento • Reintegração
regional
• Troca de saberes • Ensino
• Políticas
• Igualdade • Investigação

Impacto e
Interdisciplinaridade
transformação

A extensão dá a oportunidade ao professor reforçar que a "sala de aula", não é o único


lugar para o acto de aprender, ocorrendo em qualquer espaço e momento, dentro e
fora da universidade, a partir da interação de professores, estudantes e sociedade.
TAREFAS DO DOCENTE A NÍVEL DA GESTÃO

Liderança de
Gestão
• Ensino
• Voltada para a
Equipes
• Investigação
• Extensão • Administrativa aprendizagem e o • Gestão de pessoas,
• Gestão • Política elaboração de
desenvolvimento
• Internacionalização • Pedagógica estratégias
contextualizadas,
• Inovação • Criação de Estratégias
auto-formação
permanente,
Planificação e proatividade
Gestão
organização das
estratégica
actividades

Hoje o docente universitário é cada vez mais um gestor, administrando a progressão das
aprendizagens, organizando e dirgir as diferentes situações, criando uma visão estratégica que
atinja os interesses de todos no processo de garantia da qualidade.
Conforme Santos (2005, p. 46),
“só há universidade quando há
formação graduada e pós-
graduada, pesquisa e extensão.
Extensão Sem qualquer desses, há ensino
superior, não há universidades”.

Democratização conhecimento
socialização Transformação
social

Ensino articulação
Investigação
Como as transformações dos tempos e dos
espaços formativos incidem sobre a docência no
Ensino/Educação Superior?
Docência universitária

Vinculada às
funções
institucionais e
Ensino formativas
investigação
extensão
gestão
inovação
internacionalização
Estatuto da Carreira Docente do Ensino Superior
(Decreto Presidencial 191/2018)
Normas Gerais Reguladoras do Subsistema de Ensino Superior
(Decreto nº 90, de 15 de dezembro de 2009/ Decreto nº-310/20

 As instituições de Ensino Superior estão estruturadas da seguinte forma:


 1. Universidades - são aquelas que ministram cursos em todas as áreas do saber, sendo no
mínimo em quatro áreas, conducentes à formação de especialistas e à obtenção dos graus
académicos de bacharelado, licenciatura, mestrado e doutoramento;
 2. Academias - pautam a sua atuação pela articulação do estudo, da docência da investigação
aplicada e avançada, em uma única área do saber, conducente à formação de especialistas e à
obtenção dos graus académicos de mestres e doutores;
 3. Institutos superiores técnicos e politécnicos - apresentam cursos em uma única área do saber
e em duas ou três áreas do saber conducentes à formação de especialistas e à obtenção dos
graus académicos de bacharelado, licenciatura, mestrado e doutoramento,
 4. Escolas superiores são as escolas superiores técnicas e politécnicas - que ministram cursos em
uma única, em duas ou três áreas do saber, conducentes à formação de especialistas e à
obtenção dos graus académicos de bacharelado e licenciatura em modelo bietápico.
Regulamento de Avaliação de Desempenho do subsistema do Ensino
Superior (Decreto Presidencial n.º 121 de 27 de Abril de 2020).
Objectivos da Avaliação de Desempenho ( Art.5º)
 A avaliação de desempenho docente assenta nos princípios da
universalidade, obrigatoriedade, imparcialidade, transparência,
objectividade, relevância, rigor e coerência. (Art. 8º).

 A avaliação de desempenho docente incide sobre:

a) Ensino;

b) Investigação;

c) Gestão;

d) Extensão.
Considerações finasis sobre Desafios actuais do docente
Universitário
 Sobre os ombros do docente universitário recai a responsabilidade de preparar profissionais
competentes para responder aos desafios do mercado de trabalho. Para tal, é preciso que ele
domine o conteúdo, conheça os recursos pedagógicos necessários, incluindo as ferramentas
tecnológicas ligadas à comunicação educativa de modo a compartilhar e partilhar conhecimento e
promover o desenvolvimento de habilidades e competências nos estudantes.

 Um outro desafio do docente universitário é procurar trabalhar na idiossincrasia humana,


preocupando-se consigo, com o aluno e com a comunidade académica, e, mais importante, com os
resultados da sua acção, a qualidade dos quadros que forma. O docente neste nível de ensino
precisa de ter, necessariamente, competências pedagógicas e científicas, possibilitando aos seus
aprendizes o ensino, a investigação, gestão e a extensão. Neste âmbito, o domínio das novas
tecnologias torna-se relevante e transversal na prática docente.
Paulo Freire, em Pedagogia da Autonomia……..

O primeiro, não há docência sem


discência, em que ensinar significa
criar possibilidades para a produção ou
a construção do conhecimento.
O segundo, ensinar exige rigorosidade
metódica, ou seja, a relação entre o que
lê e o que faz, entre a teoria e a prática,
expressando a necessidade de
organização intencional e estratégica do
ensino.
 Avaliação
 Faça uma nota de leitura do livro História do Ensino Superior em
Angola: Desafios e Perspectiva do Docente Universitário do Século
XXI, do autor João Manuel Correia Filho, da editora, Linebook.
- Trabalho Individual
 - Mínimo 2 folhas – Máximo – 3 folhas
 Tipo de letra Times New Roman
 Espaçamento – 1,5
 Data de entrega – dia 1 de Junho de 2023 ( Terça –Feira)
Lao-Tsé
Referências bibliográficas
Angola. Decreto nº 90/09, de 15 de Dezembro de 2009. Publicado no Diário da República I Série, Nº
87 – estabelece as normas gerais reguladoras do subsistema do ensino superior.
Angola. Decreto Presidencial n.º 252/11, de 26 de Setembro de 2011 - publicado no Diário da
República. I Série - n.º 185 - aprova o Estatuto Orgânico do Instituto Nacional de Avaliação e
Acreditação do Ensino Superior.
Angola. Lei nº 17/16, de 7 de Outubro de 2016. Diário da República nº 170. I Série - Lei de Bases do
Sistema de Educação.
Angola. Resolução n.º 1/85, de 28 de janeiro de 1985 - publicado no Diário da República. I Série - n.º
9 - altera a designação da Universidade de Angola para «Universidade Agostinho Neto».
Filho, J. C. O. (2019). O perfil do docente universitário em Angola no século XXI, suas perspetivas e
desafios: Um estudo exploratório em torno de conceções e de práticas (Tese de Doutoramento).
Évora: Instituto de Investigação e Formação Avançada Universidade de Évora.
Filho, J. M., Aleaga, T. R., & Sacomboio, F. d. (Maio/Agosto de 2020). A massificação do ensino
superior como política pública educacional e suas implicações em Angola. Revista Brasileira de
Política e Administração da Educação, v. 36, n. 2, pp. 750-767.
Filho, J. M. (2022).História do Ensino Superior em Angola: Desafios e Perspectiva do Docente
Universitário do Século XXI. Luanda: Linebook.

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