O que é que provoca este desejo moderno de exteriorizar a mente?
Poderá ser relacionado com a
necessidade moderna de estandardização da sociedade de massas. Os sujeitos deverão ser estandardizados e os modos pelos quais o são deverão também eles ser estandardizados. Consequentemente, a objectivação de processos internos e privados está ligada ás formas visuais exteriores que podem ser facilmente manipuláveis, produzidas em massa e estandardizadas. O privado e individual são traduzidos para um domínio público e tornam-se regulados. O que antes era um processo mental, um estado individual e único, torna-se agora da esfera pública. Processos e representações inobserváveis foram tiradas das cabeças individuais e expostas no exterior – desenhos, fotografias e outras formas visuais. Agora podem ser discutidas em público, usadas no ensino e na propaganda, estandardizadas e distribuídas de forma maciça. O que era privado torna-se público. O que era único pode produzir-se em massa. O que estava escondido na mente do indivíduo tornou-se partilhável. Os média interactivos computorizados servem perfeitamente esta tendência para exteriorizar e objectivar as operações da mente. O princípio das hiperligações, que formam a base dos média interactivos, objectivam os processos de associação, tomados muitas vezes como os processos centrais do pensamento humano. Os processos mentais de reflexão, resolução de problemas, de recordação e associação são exteriorizados, uniformizados através do seguimento de links, mudanças de página ou de cena. Antes olhávamos para uma imagem e seguíamos a nossa própria e privada associação com outras imagens. Agora os média interactivos computorizados pedem-nos para “clicar” na imagem de forma a passarmos a outra imagem. Antes líamos uma frase de uma história ou de um poema e pensávamos noutras frases, imagens, memórias. Agora, os média interactivos pedem-nos para “clicar” numa frase sublinhada para saltarmos para outra frase. Resumindo, somos levados a seguir associações pré-programadas, objectivas. Posto de outro modo (...) estamos a ser levados a confundir a nossa estrutura mental com a de outro. Este é um novo tipo de identificação apropriado para uma época da informação (...). As tecnologias culturais da sociedade industrial – o cinema e a moda – levavam-nos a identificar-nos com imagens físicas de outros. Os média interactivos levam-nos a identificar-nos com a estrutura mental de outros.