Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Cada vez mais nós buscamos nos relacionamentos a partilha, a amizade, o amor
incondicional, a liberdade na relação, o respeito mútuo, a cooperação, a sinceridade, a
honestidade, a compaixão, a tolerância…em contraposição aos relacionamentos
obsoletos baseados na posse, no poder, na liderança, na competição, no egoísmo, nas
manipulações, nos jogos, nas mentiras, no aproveitarem-se uns dos outros e por aí
afora… Todos sabemos do que estou a falar!
Mas andamos muito perdidos ainda e mesmo desejando mudar não sabemos como!
Mesmo tentando ser diferentes as coisas não correm bem!
Vocês se lembram quando encontraram-se pela primeira vez? Tinham tanto para
conversar e revelar um ao outro? Estávamos abertos e nos revelávamos, não nos
escondíamos. Depois é como se cristalizassem conceitos e imagens do parceiro,
formassem uma crença de que o outro é desta ou daquela maneira, pensa deste ou
daquele jeito, sente isso ou aquilo e guardassem isso dentro de um registo e pronto, está
tudo feito e acabado!
Esquecemos que, da mesma maneira que nós estamos em constante transformação o
outro também está e, muitas vezes a tornar-se muito diferente daquele (a) que
conhecemos. E nós também… e não nos apercebemos disso. Estamos fechados e nos
escondemos. Acreditamos que já não há o que conversar, está tudo assentado e
acabou!!!
A vida é dinâmica, não nos esqueçamos…assim:
A cada dia podemos olhar para o outro com o pressuposto:
“Eu não sou tu e não te conheço”
“Tu não és eu e não me conheces”
Esquecemos que estamos juntos já há alguns anos e nos mantemos assim, às vezes, há
muitos anos mesmo!!! Esquecemos que ALGO nos ligou e nos tem ligado, que nos faz
morarmos juntos, dormirmos na mesma cama, partilhar a mesa, a casa de banho, a pasta
de dente, os filhos, os amigos, as famílias, a TV, os filmes, o jornal…e muitas coisas.
Passamos a viver no NOSSO mundo acreditando que conhecemos e sabemos tudo, que
somos dois indivíduos independentes, brigamos, discutimos, queremos ter razão
Sueli Simões Av. da República 885 – 3º CP
Médica e Psicoterapeuta 4430-201 Gaia
Tel: 969070708
suelisimoes@sapo.pt
sempre, estar sempre certos, sermos sempre os melhores, ferir,
magoar e rebaixar o outro para suprirmos nossas inseguranças e
medos…esta é a competição nossa do dia a dia:
“Eu sou o (a) maior e sei tudo melhor que tu!”
“Tu és ignorante, imbecil, não percebes nada!”
Esta aliança inconsciente, que surgiu no início da relação, é formada por mim e pelo
outro, é uma terceira entidade, passamos a funcionar conectados inconscientemente
assim, somos responsáveis um pelo comportamento do outro, já não há lugar para
censuras e auto-censuras.
Tudo o que acontece no casal é produzido por essa interacção.
E o mais desagradável de saber é que eu participo nos comportamentos do meu
parceiro(a) mesmo naqueles que eu próprio (a) não aprecio.
O que se passa em mim também se passa no outro pois nós dois estamos conectados por
esse tema em comum (algo). Esta é a base da simetria do casal e a consequência mais
interessante é que os meus segredos mais íntimos correspondem aos segredos mais
íntimos do meu parceiro.
Outra consequência é que eu sou totalmente responsável pela vida do casal já que esta
terceira entidade, o casal, é formada por mim e pelo outro e que dependo, portanto,
100% do outro. Tudo o que acontece entre nós dois não aconteceria se um de nós
fizesse de forma diferente, por isso, totalmente responsáveis, mesmo o outro sendo co-
responsável.
Já que tudo é dinâmico precisamos de ter tempo um para o outro para comunicarmos
nossas transformações e continuarmos a nos revelar um ao outro.
A relação quando estabelecida não está acabada está somente a iniciar-se e forma uma
terceira entidade que, como tudo o que é vivo, nasce, cresce, desenvolve-se e frutifica.
Os dois que se uniram para formar esta entidade precisam manterem-se actualizados em
relação a ela.
Nossos sentimentos são produzidos por nós próprios EU SINTO isso ou aquilo quando
algo acontece…Os sentimentos são meus sejam quais forem e eles acontecem como
uma reacção minha a determinados estímulos assim, ao invés de dizermos: “tu és
grosseiro(a) e bruto(a)” ou “tu me deixas louco(a)” ou “ Tu és o(a) culpado(a) pela
minha depressão” dizemos “eu fico magoada(o) quando tu gritas e berras comigo” ou
“Eu sinto raiva quando tu bates em nossos filhos” ou “Eu fico confusa(o) e não sei o
que fazer quando tu não falas comigo”.
Em geral:
- só falar de si próprio
- nenhumas “mensagens-tu”
- não falar sobre o parceiro
- não falar sobre o que o parceiro deve fazer
- partir do próprio sentimento
- nem críticas, nem censuras
- não fazer perguntas
- não interromper
- só ouvir
- tentar entender o parceiro “por dentro”
- não falar em “nós”
- ninguém sai da conversa
Estrutura: