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Guia para casais

Relacionamentos da Nova Era

Cada vez mais nós buscamos nos relacionamentos a partilha, a amizade, o amor
incondicional, a liberdade na relação, o respeito mútuo, a cooperação, a sinceridade, a
honestidade, a compaixão, a tolerância…em contraposição aos relacionamentos
obsoletos baseados na posse, no poder, na liderança, na competição, no egoísmo, nas
manipulações, nos jogos, nas mentiras, no aproveitarem-se uns dos outros e por aí
afora… Todos sabemos do que estou a falar!

Mas andamos muito perdidos ainda e mesmo desejando mudar não sabemos como!
Mesmo tentando ser diferentes as coisas não correm bem!

Velhos padrões ancestrais estão profundamente arraigados em nós, velhas crenças,


velhos mitos, como “se eu amar alguém isso trará sofrimento” ou “eu tenho que
sacrificar-me pelo meu amor”.

Aqui vão algumas sugestões para facilitar a comunicação nos relacionamentos:

1. Mudar o nosso pressuposto de que NÓS NOS CONHECEMOS


COMPLETAMENTE para NÓS NÃO NOS CONHECEMOS.

Vocês se lembram quando encontraram-se pela primeira vez? Tinham tanto para
conversar e revelar um ao outro? Estávamos abertos e nos revelávamos, não nos
escondíamos. Depois é como se cristalizassem conceitos e imagens do parceiro,
formassem uma crença de que o outro é desta ou daquela maneira, pensa deste ou
daquele jeito, sente isso ou aquilo e guardassem isso dentro de um registo e pronto, está
tudo feito e acabado!
Esquecemos que, da mesma maneira que nós estamos em constante transformação o
outro também está e, muitas vezes a tornar-se muito diferente daquele (a) que
conhecemos. E nós também… e não nos apercebemos disso. Estamos fechados e nos
escondemos. Acreditamos que já não há o que conversar, está tudo assentado e
acabou!!!
A vida é dinâmica, não nos esqueçamos…assim:
A cada dia podemos olhar para o outro com o pressuposto:
“Eu não sou tu e não te conheço”
“Tu não és eu e não me conheces”

2. Aprender a ver a nossa COOPERAÇÃO INCONSCIENTE ao invés de só


vermos nossa COMPETIÇÃO CONSCIENTE.

Esquecemos que estamos juntos já há alguns anos e nos mantemos assim, às vezes, há
muitos anos mesmo!!! Esquecemos que ALGO nos ligou e nos tem ligado, que nos faz
morarmos juntos, dormirmos na mesma cama, partilhar a mesa, a casa de banho, a pasta
de dente, os filhos, os amigos, as famílias, a TV, os filmes, o jornal…e muitas coisas.
Passamos a viver no NOSSO mundo acreditando que conhecemos e sabemos tudo, que
somos dois indivíduos independentes, brigamos, discutimos, queremos ter razão
Sueli Simões Av. da República 885 – 3º CP
Médica e Psicoterapeuta 4430-201 Gaia
Tel: 969070708
suelisimoes@sapo.pt
sempre, estar sempre certos, sermos sempre os melhores, ferir,
magoar e rebaixar o outro para suprirmos nossas inseguranças e
medos…esta é a competição nossa do dia a dia:
“Eu sou o (a) maior e sei tudo melhor que tu!”
“Tu és ignorante, imbecil, não percebes nada!”

E o ALGO que nos une?


Que nos levou a estarmos juntos?
Esse ALGO é a nossa COOPERAÇÃO esquecida.

Assim, a cada dia podemos olhar para o outro com o pressuposto:


“Eu estou contigo e tu estás comigo, ALGO nos mantêm unidos.”

Esta aliança inconsciente, que surgiu no início da relação, é formada por mim e pelo
outro, é uma terceira entidade, passamos a funcionar conectados inconscientemente
assim, somos responsáveis um pelo comportamento do outro, já não há lugar para
censuras e auto-censuras.
Tudo o que acontece no casal é produzido por essa interacção.
E o mais desagradável de saber é que eu participo nos comportamentos do meu
parceiro(a) mesmo naqueles que eu próprio (a) não aprecio.

O que se passa em mim também se passa no outro pois nós dois estamos conectados por
esse tema em comum (algo). Esta é a base da simetria do casal e a consequência mais
interessante é que os meus segredos mais íntimos correspondem aos segredos mais
íntimos do meu parceiro.

Outra consequência é que eu sou totalmente responsável pela vida do casal já que esta
terceira entidade, o casal, é formada por mim e pelo outro e que dependo, portanto,
100% do outro. Tudo o que acontece entre nós dois não aconteceria se um de nós
fizesse de forma diferente, por isso, totalmente responsáveis, mesmo o outro sendo co-
responsável.

Assim, cada um tem 100% de responsabilidade embora esteja inteiramente emaranhado


nos desejos e medos do outro. O que cada um de nós fizer é 2 X a 100% efectuado por ti
e por mim. Só gostamos desta álgebra de casal quando fazemos o BEM!!!!

3. Promovermos regularmente CONVERSAS DE ACTUALIZAÇÃO do casal.

Já que tudo é dinâmico precisamos de ter tempo um para o outro para comunicarmos
nossas transformações e continuarmos a nos revelar um ao outro.
A relação quando estabelecida não está acabada está somente a iniciar-se e forma uma
terceira entidade que, como tudo o que é vivo, nasce, cresce, desenvolve-se e frutifica.
Os dois que se uniram para formar esta entidade precisam manterem-se actualizados em
relação a ela.

4. Aprendermos a falar em IMAGENS E EXEMPLOS (situações concretas) e não


em noções.

Sueli Simões Av. da República 885 – 3º CP


Médica e Psicoterapeuta 4430-201 Gaia
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É muito comum ao conversarmos usarmos termos vagos como “tu
não me dás atenção” ou “tu me desprezas” ao invés de dizermos
claramente “eu fico triste quando falo contigo à hora do jantar e tu
não me respondes” ou “eu sofro muito quando dizes mal da minha família e dizes que
eu sou como eles” ou “eu fico enraivecida quando tu esqueces de avisar-me de que não
vens almoçar”.

5. Nos RESPONSABILIZARMOS pelos nossos SENTIMENTOS e EMOÇÕES.

Nossos sentimentos são produzidos por nós próprios EU SINTO isso ou aquilo quando
algo acontece…Os sentimentos são meus sejam quais forem e eles acontecem como
uma reacção minha a determinados estímulos assim, ao invés de dizermos: “tu és
grosseiro(a) e bruto(a)” ou “tu me deixas louco(a)” ou “ Tu és o(a) culpado(a) pela
minha depressão” dizemos “eu fico magoada(o) quando tu gritas e berras comigo” ou
“Eu sinto raiva quando tu bates em nossos filhos” ou “Eu fico confusa(o) e não sei o
que fazer quando tu não falas comigo”.

CONVERSAS DE ACTUALIZAÇÃO – sugestão

Em geral:

- só falar de si próprio
- nenhumas “mensagens-tu”
- não falar sobre o parceiro
- não falar sobre o que o parceiro deve fazer
- partir do próprio sentimento
- nem críticas, nem censuras
- não fazer perguntas
- não interromper
- só ouvir
- tentar entender o parceiro “por dentro”
- não falar em “nós”
- ninguém sai da conversa

Estrutura:

- uma vez por semana (se preciso, 2 ou 3 vezes por semana)


- no restante da semana, não falar sobre problemas

- parceiro A fala dez minutos só de si, pausa de dois minutos


parceiro B fala dez minutos só de si, pausa de dois minutos
parceiro A fala dez minutos só de si, pausa de dois minutos
parceiro B fala dez minutos só de si, pausa de dois minutos

- não falar mais sobre a conversa


- combinar outra conversa
- cada um fica ainda, pelos menos, cinco minutos para si.

Sueli Simões Av. da República 885 – 3º CP


Médica e Psicoterapeuta 4430-201 Gaia
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