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MECÂNICA

ONDULATÓRIA

RENATO G. CASTANHEIRA
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
Instituto de Tecnologia
Departamento de Arquitetura e Urbanismo
- 2008-
SUMÁRIO
CAPÍTULO 1- CONCEITOS BÁSICOS ....................................................................... 1

1.1 Trabalho (W) ......................................................................................................... 1


1.2 Energia potencial ................................................................................................... 3
1.2.1 Energia Potencial gravitacional (EpG).......................................................... 3
1.2.2 Energia potencial elástica (EpE) .................................................................. 4
1.3 Energia cinética ..................................................................................................... 8
1.4 Atrito ...................................................................................................................... 9
1.5 Resistência do ar ................................................................................................. 12
1.6 Conservação da energia mecânica ..................................................................... 15
1.6.1 Energia mecânica...................................................................................... 15
1.6.2 Forças conservativas ................................................................................ 15
1.6.3 Sistema conservativo ................................................................................ 15
1.6.4 Sistemas não conservativos ...................................................................... 18
1.7 Impulso e quantidade de movimento ................................................................... 18
1.7.1 Impulso ...................................................................................................... 18
1.7.2 Quantidade de movimento ........................................................................ 19
CAPÍTULO 2- OSCILAÇÕES .................................................................................... 21
2.1 Movimentos periódicos ........................................................................................ 21
2.2 Movimento oscilatório harmônico ........................................................................ 21
2.2.1 Princípios básicos ..................................................................................... 21
2.2.2 Período (T) e frequência (f) ....................................................................... 22
2.2.3 Sistema Mola/Massa (sem amortecimento) .............................................. 23
2.2.3.1 Analogia entre os movimentos harmônico e circular uniforme............ 25
2.2.3.2 Período e frequência .......................................................................... 25
2.2.3.3 Constante () ...................................................................................... 27
2.2.3.4 Amplitude (A) ...................................................................................... 28
2.2.3.5 Frequência .......................................................................................... 28
2.2.3.6 Espaço, velocidade e aceleração ....................................................... 29
2.2.3.7 Energia ............................................................................................... 30
2.2.4 Sistema Mola/Massa (com amortecimento) .............................................. 33
CAPÍTULO 3- ONDAS I............................................................................................. 36

3.1 Definição ............................................................................................................. 36


3.2 Classificação das ondas ...................................................................................... 36
3.2.1 Quanto à natureza..................................................................................... 36
3.2.1.1 Mecânicas........................................................................................... 36
3.2.1.2 Eletromagnéticas ................................................................................ 36
3.2.2 Quanto à direção da vibração ................................................................... 37
3.2.2.1 Ondas transversais ............................................................................. 37
3.2.2.2 Ondas longitudinais ............................................................................ 38
3.2.3 Quanto à direção de propagação .............................................................. 38
3.2.3.1 Unidimensionais ................................................................................. 38
3.2.3.2 Bidimensionais.................................................................................... 39
3.2.3.3 Tridimensionais................................................................................... 39
3.3 Frente de onda .................................................................................................... 40
3.4 Ondas progressivas............................................................................................. 41
3.4.1 Pulso ......................................................................................................... 41
3.4.2 Trem de ondas .......................................................................................... 42
3.5 Comprimento de onda e frequência .................................................................... 45
3.6 Onda harmônica .................................................................................................. 46
3.6.1 Equação da onda senoidal ........................................................................ 46
CAPÍTULO 4- ONDAS II............................................................................................ 51

4.1 Princípio de Huygens .......................................................................................... 51


4.2 Reflexão .............................................................................................................. 51
4.2.1 Reflexão especular (caso teórico) ............................................................. 51
4.2.2 Reflexão difusa.......................................................................................... 52
4.2.3 Reflexão mista, predominantemente especular. ....................................... 53
4.2.4 Reflexão mista, predominantemente difusa. ............................................. 53
4.3 Refração .............................................................................................................. 53
4.4 Difração ............................................................................................................... 55
4.5 Velocidade da onda ............................................................................................. 57
4.6 Potência transmitida em uma onda ..................................................................... 58
4.6.1 Potência instantânea ................................................................................. 58
4.6.2 Potência transmitida em um ciclo .............................................................. 59
4.6.3 Potência média no ciclo ............................................................................ 60
4.7 Superposição de ondas ....................................................................................... 61
4.7.1 Princípio da superposição ......................................................................... 61
4.7.2 Série de Fourier......................................................................................... 61
4.7.3 Interferência .............................................................................................. 62
4.7.3.1 Interferência construtiva...................................................................... 63
4.7.3.2 Interferência destrutiva ....................................................................... 64
4.8 Ondas complexas ................................................................................................ 65
4.9 Ondas estacionárias ............................................................................................ 67
4.10 Ressonância ...................................................................................................... 71
4.10.1 Frequência natural .................................................................................. 71
4.10.2 Ressonância............................................................................................ 71
4.10.3 Exemplos de ressonância ....................................................................... 72
1

CAPÍTULO 1 CONCEITOS BÁSICOS

1.1 TRABALHO (W)


Representa a forma mecânica da energia. A figura 1.1 mostra uma força F

deslocando o seu ponto de aplicação de uma distância d , na direção x. A
componente da força F na direção do deslocamento (x) é Fx e a componente na

direção perpendicular é FY .

Figura 1.1 Trabalho realizado por uma força


 
Por definição: W  F  d (produto escalar), então:

W  F .d . cos  W  F. cos.d  Fx .d  W  Fx .d

 Repare que a componente FY , perpendicular à direção do deslocamento, não


realiza trabalho (   90º ) .

 Unidade (SI)  Considerando a força F atuando na direção do deslocamento,


tem-se:

W  F.d  N.m  J (Joule)  J  N.m


2

Na figura 1.2, a intensidade da força ( F ) é constante ao longo da distância ( x ) e do


tempo ( t ):

Figura 1.2 Trabalho realizado por uma força constante

Observe que: W  F.x  Área do diagrama

Na figura 1.3, a intensidade da força ( F ) varia com a distância ( x ) e o tempo ( t ):

Figura 1.3 Trabalho realizado por uma força variável

Para o elemento diferencial ( dW ), a força pode ser considerada constante, então:

dW  F( x ) .dx  trabalho realizado quando a força ( F( x ) ) desloca seu ponto de

aplicação de uma distância muito pequena dx.


O trabalho total realizado pela força ( F( x ) ) para deslocar seu ponto de aplicação de

uma distância igual a x, será:


x x
W   dW   F( x ) .dx  A (área do diagrama)
0 0
3

1.2 ENERGIA POTENCIAL


É a energia contida em um corpo, quando existe, em virtude de sua posição ou
estado, a possibilidade de realizar trabalho. Pode ser considerada uma forma de
energia armazenada.

1.2.1 Energia Potencial gravitacional (Ep G)

Figura 1.4 Energia potencial gravitacional

Veja que ao elevar o corpo de uma altura h, o seu peso (força) realiza o trabalho :
 
W  P  h  P.h. cos180º  m.g.h (considerando m e g constantes)

O trabalho negativo caracteriza consumo de energia.

Observações:
 para elevar um corpo, é necessário aplicar uma força para vencer o peso e realizar
trabalho. Repare que esta quantidade de energia (potencial gravitacional) fica
armazenada no corpo e se o corpo for solto e cair, ele a devolve, ocorrendo uma
conservação da energia;
 a energia potencial gravitacional é armazenada no corpo, em função da sua altura
e, quanto mais afastado estiver um corpo da superfície de referência (mais alto),
mais energia potencial gravitacional ele armazena. Na figura 1.4, o corpo azul não
armazena energia potencial (altura nula), enquanto o corpo verde armazena a
maior energia potencial (maior altura);

E pG   W  m.g.h  EpG  m.g.h


4

 as barragens, nas usinas hidroelétricas, têm como finalidade, armazenar energia,


na forma de energia potencial gravitacional, através da elevação do nível d’água
no reservatório.

Figura 1.5 Energia armazenada nos reservatórios

Exemplo – Um corpo de massa 4 kg encontra-se a uma altura de 16 m do solo.


Admitindo o solo como nível de referência e supondo g  10 m/s2, calcular sua
energia potencial gravitacional.

m m
EpG  4  10  16  640 J ( N  kg  2
e kg   m  N.m  J )
s s2

Se o corpo cair até o chão, o seu peso vai realizar um trabalho igual a 640J.

1.2.2 Energia potencial elástica (EpE)


É a energia armazenada nos corpos deformados (dentro do regime de elasticidade).
São exemplos, uma mola comprimida ou distendida e uma substância armazenada
em um reservatório sob pressão.

 Força elástica nas molas – Lei de Hooke:


Consideremos uma mola vertical presa em sua extremidade superior, conforme
mostra a figura 1.6. Ao aplicarmos uma força de intensidade F em sua extremidade
livre, essa mola sofrerá uma deformação x , que representa a variação ocorrida em
seu comprimento ( x  l  l 0 )

Figura 1.6 Força elástica


5

Neste caso a deformação é considerada elástica, pois quando retirada a força, a


mola retorna ao comprimento original ( l 0 )

Robert Hooke (1635-1703), cientista inglês, verificou experimentalmente que, em


regime de deformações elásticas, a intensidade da força aplicada à mola é
diretamente proporcional à deformação produzida.

A lei de Hooke pode ser representada por:

F  k.x ,

Onde:

k  constante elástica da mola;

x  a deformação da mola.

A constante da mola ( k ) depende do material da mola e de seus parâmetros


geométricos (diâmetro, comprimento,...). Pode ser determinada através do gráfico
mostrado na figura 1.7.

Figura 1.7 Constante elástica de uma mola

F N
Veja que: k   (unidade SI)
x m

É importante ressaltar que, ao esticarmos uma mola, aparece sempre uma força
tentando retornar a mola ao comprimento original. Esta força é denominada força
restauradora. É representada por:

F  k.x
6

Exemplo – O comprimento de uma mola aumenta de 12 cm para 17 cm quando


penduramos em sua extremidade um corpo de massa igual a 1 kg.

Determinar:

 a constante da mola ( k );

 o comprimento da mola ( l ) quando estiver pendurado um corpo de 2 kg de massa.

Considerar: g  10 m/s².
10
F  m.g  1 10  10 N  k   200 N/m
(0.17  0.12)
2  10
l  l0  x  x   0.10 m  l  0.12  0.10  0.22 m (22 cm)
200

 Energia potencial armazenada em uma mola:

A figura 1.8 mostra uma mola sendo alongada de um comprimento x.

Figura 1.8 Energia potencial elástica

Repare que a força F  k.x desloca seu ponto de aplicação de uma distância igual a
x, realizando o trabalho ( W ):

x x
1 2
W   k.x.dx  k. x.dx  W  .kx
0 0
2

A mola, enquanto alongada de x, armazena uma quantidade de energia potencial


elástica igual ao trabalho realizado para deformá-la, então:

1 N
E PE  .k.x 2   m 2  N.m  J (Joule)
2 m

Repare que a voltar ao comprimento original, a mola devolve a energia recebida.


7

Exemplo – Qual deve ser a distensão de uma mola com uma constante elástica de
100 N/m, para que seja armazenada uma quantidade de energia igual a 2 J ?

k.x 2 2.E PE 2 2
E PE   x   0.20 m (20 cm)
2 k 100

 Energia potencial de pressão (Ep p):

A figura 1.9 mostra um gás armazenado sob pressão em um reservatório.

Figura 1.9 Energia armazenada devido à pressão

Sejam:
p – pressão;
F – força;
A – área;
V- volume.

Veja que:
F N
p  Pa  2
A m
N
p.V  2
 m3  N.m  J (energia)
m

Então: EPP  p.V

Exemplo – Qual a energia armazenada por um gás contido em um reservatório com


volume igual a 3 m³, na pressão de 5 atm ?

Epp  5  101.325  3  1520 kJ


8

1.3 ENERGIA CINÉTICA


Todo corpo em movimento possui uma energia associada a esse movimento. Essa
energia é denominada de energia cinética.

 movimento de translação:
O movimento de translação se caracteriza pelo fato de que todos os pontos de um
corpo em translação têm a mesma velocidade (conceito vetorial)

Figura 1.10 Movimento de translação

1 m2 m
ECT  .m.v 2  kg  2  kg  2  m  N.m  J (Joule)
2 s s

 movimento de rotação:
O movimento de rotação se caracteriza pelo fato de que todos os pontos de um
corpo possuírem a mesma velocidade angular (  ). As velocidades tangenciais
variam com o raio de rotação.

Figura 1.11 Movimento de rotação


1
ECR  .I0 . 2  I 0 - momento polar de inércia ( kg  m2 ).
2
Veja que  rd  m  m (definição de radiano  C( m )  ( rd )  R( m ) ), então:

rd 2 (m  rd )2 m2 m
kg  m2  2
 kg  2
 kg  2
 kg  2  m  N.m  J (joule)
s s s s
9

Tabela 1-1 Valores de I0 mais comuns

Corpo Momento de inércia (I0)

Esfera 2
.m.R 2
5
Anel (aro) m.R 2

Cilindro 1
.m.R 2
2

 roto-translação:
O corpo é dotado de translação e rotação simultaneamente.

Figura 1.12 Movimento de roto-translação

1 1
ECRT  .m.v 2  .I0 . 2
2 2

Exemplo - Determine a energia cinética de um disco cilíndrico de 50 kg e 1m de raio,


girando de 20 rpm e se deslocando a 2 m/s.
1
 translação: ECT   50  22  100 J
2
1 1 20  2 2
 rotação: ECR    50  12  ( )  54.8 J
2 2 60
 roto-translação: EC  100  54.8  154.8 J

1.4 ATRITO
Na figura 1.13, percebemos que, inclinando a rampa, o bloco não se move até que
se atinja uma certa inclinação limite, representada pelo ângulo  . Porém qualquer
inclinação, por menor que seja, acima da inclinação limite, faz com que o bloco
comece a escorregar rampa abaixo. Para inclinações, inferiores à inclinação limite, o
bloco não escorrega, o que indica a existência de uma força tangente à superfície da
rampa e oposta ao sentido do movimento. A esta força damos o nome de força de
atrito estático ( FA ).
10

Figura 1.13 Coeficiente de atrito

Da figura 1.13:

FA
tg    FA  tg.N
N

Experimentalmente, verifica-se que, utilizando diferentes blocos de mesmo material,


porém de formatos, áreas de contato e massas diferentes, o escorregamento ocorre
sempre no mesmo ângulo de inclinação (  ). Tal inclinação limite só se altera com a
mudança dos materiais da rampa, do bloco ou de ambos. A constante tg é
denominada de coeficiente de atrito estático (  ), então:

  tg  FA  .N

Onde:
FA  força de atrito de estático;
  coeficiente de atrito;
N  reação normal da superfície da rampa ao peso do corpo.

O coeficiente de atrito não representa somente a natureza dos materiais em contato,


mas todo um sistema complexo de variáveis, que inclui a temperatura das
superfícies e a pressão de contato. Experimentalmente, constata-se que, para
velocidades não muito elevadas e temperaturas e pressões baixas, o coeficiente de
atrito (  ) pode ser considerado constante e independente da área de contato.

Para entendermos melhor a natureza do coeficiente de atrito e da força de atrito,


devemos recorrer a um estudo microscópico das superfícies. Na prática, a superfície
mais bem polida, possível de ser obtida através de processos industriais
sofisticados, pareceria um Grand Canyon, se tivéssemos o tamanho de um átomo.
11

Quando colocamos duas superfícies polidas em contato, ocorre um engrenamento


destas rugosidades, conforme mostra a figura 1.14.

Figura 1.14 Superfícies em contato

Este engrenamento é o responsável pela aderência e resistência ao escorregamento


e, ao forçarmos o deslizamento, ocorrerá um fenômeno vibratório, a nível atômico, o
que explica a geração de calor durante o processo de escorregamento.

O atrito é um fenômeno interessante, que traz bilhões de dólares em prejuízo


desgastando máquinas e motores, e que, desde a antiguidade, fascina o homem
pelas surpresas que revela, pela complexidade e pela magnificência. É um
fenômeno frequente e cotidiano, sem o qual não poderíamos sequer andar

A figura 1.15 mostra um corpo se deslocando.

Figura 1.15 Trabalho realizado pela força de atrito

Repare na figura 1.15, que a força de atrito desloca o seu ponto de aplicação de
uma distância d, realizando trabalho. Observe que o vetor deslocamento e o vetor
força de atrito têm sentidos opostos.
 
WFA  FA  d  FA .d. cos180  WFA  FA .d  WFA  0 (trabalho negativo)

O trabalho negativo caracteriza consumo ou dissipação de energia.

Veja que a energia proveniente do trabalho realizado pela força de atrito ( WFA ) não é
armazenada na forma de energia potencial. Não pode mais ser recuperada, pois é
dissipada (perdida) na forma de calor.
12

1.5 RESISTÊNCIA DO AR
O ar, como qualquer fluido, resiste ao movimentos realizados dentro dele. É graças a
isso que o pára-quedas funciona. Quando o paraquedista salta, ele é submetido a
uma força de resistência exercida pelo ar. Ela se manifesta como um vento forte
para cima que vai aumentando a medida que ele cai. A velocidade de queda
também aumenta até atingir um valor limite.

Sabe-se que um paraquedista em queda livre atinge uma velocidade máxima em


torno 200 km/h. Porém, sem a força de resistência do ar, eles atingiriam velocidades
muito maiores. Saltando de uma altura de aproximadamente 1000 metros chegariam
ao chão com uma velocidade aproximada de 508 km/h. Quando o paraquedista abre
o paraquedas, a força de resistência se torna muito maior devido ao formato e à área
do paraquedas. Com isso, sua velocidade cai rapidamente atingindo valores
inferiores a 10 km/h, seguros o suficiente, para uma aterrissagem tranquila.

Se, neste caso, a força de resistência é útil, há outras situações em que procuramos
evitá-la. É o caso do projeto de carrocerias de automóveis. Dependendo do formato
que um veículo tiver, ele sofre uma força de resistência do ar maior ou menor. Os
veículos mais modernos têm um formato mais aerodinâmico, diminuindo a
resistência do ar. Isso melhora o desempenho do veículo, propiciando maior
velocidade final e economia de combustível.

As formas aerodinâmicas são caracterizadas por um número chamado coeficiente


de arrasto aerodinâmico (Cx). Quanto menor o coeficiente, melhor é a aerodinâmica
da forma em estudo. A tabela 1.2 abaixo mostra o valor de Cx para várias formas
diferentes.

Tabela 1-2 Coeficiente de arrasto


13

Porém a força de resistência não depende apenas da forma do objeto. Vários outros
fatores influem. Um deles é a área do objeto voltada para o movimento. Ela está
relacionada ao tamanho do objeto. Um pára-quedas grande, por exemplo, sofrerá
uma resistência maior do que um pequeno. Um guarda-chuva, se usado como um
paraquedas teria um efeito desastroso, porque sua área é muito pequena e a força
de resistência será insuficiente para diminuir a velocidade de queda de uma pessoa
até um valor seguro.

Para determinar a área, devemos verificar qual é o lado do objeto que está voltado
para o movimento, e a partir daí, descobrir em que ponto essa área é maior. Veja a
figura 1.16, onde é mostrada a área de um automóvel voltada para o movimento.

Figura 1.16 Área resistente

A velocidade relativa entre o fluido e o corpo também influi. Quanto maior for a
velocidade do carro, maior é a força de resistência que ele sofre. Se um passageiro
colocar o braço para fora, sente um pequeno vento na mão quando a velocidade é
baixa. Mas quando ela é alta, o vento empurra fortemente sua mão para trás. Essa é
a força de resistência do ar, que aumenta com a velocidade. Esta é a razão para o
aumento no consumo de combustível de um automóvel, quando se trafega em alta
velocidade.

Outro fator que influi na intensidade da resistência do ar é a densidade do próprio ar.


A densidade do ar depende da temperatura e da pressão ambiente. Em locais de
menor altitude a pressão atmosférica é maior e o ar é mais denso e portanto oferece
maior resistência ao movimento. O mesmo vale para locais onde a temperatura é
menor, onde o ar também é mais denso, dificultando o movimento através dele. Para
o caso do ar na superfície da Terra, essas variações não são tão grandes quanto os
outros fatores envolvidos na resistência do ar.
14

A resistência do ar pode ser representada matematicamente pela equação:


1
FR  k.v 2 , onde: k  ..C x .A
2
  densidade do ar;
C x  coeficiente de arrasto;
A  área resistente;
v  velocidade.

A figura 1.16 mostra um corpo em queda livre. Repare que a força de resistência do
ar é uma força dissipativa, ou seja, realiza trabalho negativo, dissipando energia na
forma de calor.

Figura 1.17 Corpo em queda livre

dv
Da dinâmica: F  m.a  m. ( F  força resultante)
dt

dv dv m.g  k.v 2 k
F  m.g  k.v 2  m.    g  .v 2 (variação da velocidade)
dt dt m m

dv k
Para velocidade constante   0  g  .v 2  0
dt m

Um corpo em queda livre, depois de um certo tempo, cai com uma velocidade
constante, chamada de velocidade limite (VL ), que pode ser calculada pela equação:

m.g
VL 
k
15

1.6 CONSERVAÇÃO DA ENERGIA MECÂNICA


1.6.1 Energia mecânica
A energia mecânica de um corpo ou de um sistema de corpos corresponde à soma
das energias potencial (gravitacional e elástica) e cinética.

EM  EPG  EPE  EC

1.6.2 Forças conservativas


São conservativas todas as forças cujo trabalho realizado está associado com a
idéia de energia armazenada (energia potencial), por exemplo, a força elástica e o
peso. Também podem ser consideradas conservativas, as forças que não realizam
trabalho, ou sejam, aquelas perpendiculares à direção do deslocamento. Na figura
1.18, a reação normal da superfície ao peso do corpo ( N ), perpendicular à direção
do deslocamento não realiza trabalho. Outro exemplo de força conservativa é a força
centrípeta (atrai os corpos girantes para o centro da trajetória).

Figura 1.18 Corpo descendo um plano inclinado


As forças relativas às perdas de energia, tais como, o atrito e a resistência do ar são
chamadas de forças dissipativas, pois dissipam a energia proveniente do trabalho
necessário para vencê-las na forma de calor.

1.6.3 Sistema conservativo


A energia mecânica de um sistema se mantém constante quando sobre o qual só
atuam forças conservativas.

Neste caso, tem-se: EMINICIAL  E MFINAL


16

Como exemplo, analisemos o caso teórico que ocorre com a energia mecânica de
um corpo em queda livre, sem resistência do ar, após ser abandonado de uma altura
( h ), acima do solo, como indica a figura 1.19.

Figura 1.19 Corpo em queda livre sem resistência do ar (teórico)


Na posição inicial, o corpo possui apenas energia potencial gravitacional, devido à
sua altura. Como ele está parado não tem energia cinética.

EMINICIAL  m.g.h

No instante em que atinge o solo (referencial) o corpo não tem mais energia
potencial gravitacional, pois a sua altura é nula, possuindo apenas energia cinética,
devido à sua velocidade. A energia cinética é proveniente do trabalho realizado pelo
peso do corpo, ao deslocar o seu ponto de aplicação durante a queda.

1
E MFINAL  .m.v 2
2
Como o sistema é conservativo, pois não foi considerada a resistência do ar, que é
uma força dissipativa:
1
EMINICIAL  EMFINAL  m.g.h  .m.v 2  v  2.g.h (não depende da massa)
2

Repare que a energia mecânica permanece constante ao longo do processo.


17

Exemplo – Um bloco de peso igual a 10 N, preso a uma mola de constante elástica


igual a 50 N/m e inicialmente indeformada, é solto (sem velocidade) e cai
verticalmente pela ação da gravidade. Desprezando a resistência do ar, qual é a
altura que o corpo vai descer.

Vamos supor que o corpo desça uma altura x.

EMINICIAL  m.g.x (energia potencial gravitacional)

k .x 2
E MFINAL  (energia potencial elástica)
2

No final do movimento a velocidade é nula e a mola está esticada de x.

k .x 2 2.m.g 2.P 2  10
Então: m.g.x   x    0.40 m (40 cm)
2 k k 50

Exemplo – O carro da montanha russa parte do repouso em A e atinge os pontos B


e C, sem perder o contato com os trilhos. Desprezando quaisquer atritos e adotando
g  10 m/s², calcular o módulo da velocidade do carro em B e C.

EMA  10  5  m  EMA  50.m J (potencial gravitacional)

1
E MB  .m.v B  50.m  v B  2  50  10 m/s (cinética)
2
2
1
EMC  10  3.2  m  .m.vC  50.m  v C  6 m/s (potencial gravitacional + cinética)
2
2
18

1.6.4 Sistemas não conservativos


Nestes casos são consideradas as forças dissipativas (perdas).

EMINICIAL  Perdas  EMFINAL

Exemplo - Um esquiador de massa 60 kg desliza de uma encosta, partindo do


repouso, de uma altura de 50 m. Sabendo que sua velocidade ao chegar no fim da
encosta é de 20 m/s, calcule a perda de energia mecânica devido ao atrito.
Adotar g  10 m/s²

1
Perdas  E MINICIAL  E MFINAL  60  10  50   60  202  18000J (18 kJ)  Calor
2

1.7 IMPULSO E QUANTIDADE DE MOVIMENTO


1.7.1 Impulso
Sempre que uma força atua sobre um corpo durante certo intervalo de tempo,
dizemos que esse corpo recebeu um impulso, na mesma direção e sentido da força
que o produziu.

Figura 1.20 Impulso

De uma forma simples, pode-se dizer que: I  F.t , onde:


I  Impulso (unidade SI  N.s);
F  força aplicada;
t  intervalo de tempo para aplicação da força.
19

1.7.2 Quantidade de movimento


A quantidade de movimento linear, também chamada de momento linear, é uma
grandeza vetorial que possui a direção e o sentido da velocidade com que a massa
se move.

Figura 1.21 Quantidade de movimento

De uma forma simples, pode-se dizer que: q  m.v , onde:


m m m
q  quantidade de movimento (unidade SI  kg. ) ( kg   kg  2  s  N.s )
s s s
m  massa;
v  velocidade.

dv
Veja que: F(t )  m.a  m.  F(t ) .dt  m.dv
dt
Supondo que a velocidade varie de v 1 a v 2 , enquanto o tempo varia de t 1 a t 2 .
t2 v2 t2 v2

 F(t ) .dt   m.dv   F(t ) .dt  m.  dv


t1 v1 t1 v1

t2
Considerando: I   F( t ) .dt  Impulso para uma força variável com o tempo.
t1

v2
Temos então: I  m.  dv  I  mv2  mv1  I  q 2  q1  I  q
v1

Então: I  q (o impulso é igual a variação da quantidade de movimento)

Considerando a força constante ao longo do tempo:


F.t  m.v , onde:

F  força aplicada em um intervalo de tempo;


t  intervalo de tempo considerado;
m  massa;
v  variação da velocidade no intervalo de tempo.
20

Exemplo – A força que atua sobre um corpo de 10 kg varia com o tempo, conforme
mostra o gráfico abaixo. Calcular o impulso nos 5 segundos iniciais.

Do gráfico: F(t )  2.t (equação de variação da força com o tempo)

5 5
52 02
I  q   2.t.dt  2. t.dt  2  [  ]  Área do diagrama = 25 N.s
0 0
2 2

Exemplo – Um jogador chuta uma bola de 0,4 kg, parada, imprimindo-lhe uma
velocidade de módulo 30 m/s. Se a força sobre a bola tem uma intensidade média
de 600 N, qual é o tempo de contato do pé do jogador com a bola ?

m.v 0.4  30
F.t  m.v  t    0.02 segundos
F 600
21

CAPÍTULO 2 OSCILAÇÕES

2.1 MOVIMENTOS PERIÓDICOS


Todo movimento que se repete em intervalos de tempo iguais é chamado de
periódico. No movimento periódico, o móvel ocupa, sucessivamente, a mesma
posição na trajetória, apresenta sempre a mesma velocidade e aceleração e se
encontra duas vezes na mesma posição a cada intervalo de tempo constante.

São movimentos periódicos:


 movimento circular uniforme,
 o movimento da Terra em torno do Sol,
 o movimento de um pêndulo (sem resistência do ar),
 o movimento de uma lâmina vibrante,
 o movimento uma massa presa à extremidade de uma mola.

Como as equações do movimento periódico são expressas a partir das funções seno
e coseno, ele também é chamado movimento harmônico.

2.2 MOVIMENTO OSCILATÓRIO HARMÔNICO


2.2.1 Princípios básicos
Um movimento é dito oscilatório ou vibratório quando o móvel se desloca
periodicamente sobre uma mesma trajetória, indo e vindo de um lado para outro, em
relação à uma posição média de equilíbrio

Figura 2.1 Movimento harmônico


22

Neste tipo de movimento atua uma força, denominada restauradora, que sempre
conduz o móvel para a posição de equilíbrio. Desta forma é definido o sentido do
vetor aceleração (sempre orientado para a posição de equilíbrio).

O movimento mostrado na figura 2.1 pode ser decomposto nas seguintes etapas:

 etapa 1:
o móvel se desloca da posição de equilíbrio (O) até a extremidade (A) em
movimento retilíneo uniformemente retardado, atingindo a extremidade (A) com uma
velocidade nula;

 etapa 2:
o móvel se desloca da extremidade (A) para a posição de equilíbrio (O) em
movimento retilíneo acelerado, atingindo a posição de equilíbrio (O) com a
velocidade máxima;

 etapa 3:
o móvel se desloca da posição de equilíbrio (O) até a extremidade (B) em
movimento retilíneo uniformemente retardado, atingindo a extremidade (B) com uma
velocidade nula;

 etapa 4:
o móvel se desloca da extremidade (B) para a posição de equilíbrio (O) em
movimento retilíneo acelerado, atingindo a posição de equilíbrio (O) com a
velocidade máxima.

Após realizar as quatro etapas citadas, que definem o ciclo do movimento, o


processo todo se repete.

2.2.2 Período (T) e frequência (f)


No movimento mostrado na figura 2.1, o ciclo é representado pelas quatro etapas
analisadas.
   
Ciclo  O A  A O  O B  B O

Sequência:
           
O A  AO  O B  BO  O A  AO  O B  BO  O A  AO  O B  BO

Ciclo Ciclo Ciclo


23

 Período (T): é o tempo gasto para o móvel realizar um ciclo.


Unidade SI: segundo

 Frequência : é o número de ciclos realizados pelo móvel na unidade de tempo.


Unidade SI: ciclo/segundo  c/s  Hertz  Hz

Veja que:
1 segundo _____________________________ f ciclos
T (s) _____________________________ 1 ciclo

1 1
Então: T .f  1  f  ou T  (são grandezas inversas)
T f

2.2.3 Sistema Mola/Massa (sem amortecimento)

A figura 2.2 mostra um sistema formado por uma mola e uma massa (m),
movimentando-se de forma harmônica. Não são consideradas as perdas causadas
pela resistência do ar e pela deformação da mola (sistema conservativo).

Figura 2.2 Sistema mola/massa sem amortecimento

dv d 2 x(t )
Veja que: F  m.a  F  m.  F  m.  F  m.x(t )
dt dt 2

Então: m.x(t )  k.x(t )  m.x(t )  k.x(t )  0

(Equação diferencial linear homogênea de segunda ordem)


24

A equação do sistema mola-massa: m.x(t )  k.x(t )  0 pode ser escrita da seguinte


k
forma: x( t )  .x( t )  0
m

Da matemática, temos a solução para seguinte equação diferencial modelo:

d 2 x(t )
2
  2 .x (t )  0 ou x(t )   2 .x(t )  0
dt

x(t )  C1.sen(.t )  C2 . cos(.t ) , onde: C1 e C 2 são valores constantes

Veja que:

A. cos(.t   )  cos(.t ).A. cos  sen(.t ).A.sen

Considerando que: C2  A. cos  e C1   A.sen , a posição x (t ) da massa, em

função do tempo, pode ser representada por:

x(t )  A. cos(.t   )

Onde:
A  amplitude do movimento

k
  frequência angular   
m
k  constante da mola;

m  massa.

Constante :
 se no instante em que t  0 , a massa estiver em x   A (posição de largada):
x( 0 )   A  A  cos(  0   )  A  cos  1    0 rd (radianos).

 se no instante em que t  0 , a massa estiver em x 0 (fora da posição de largada):

A  cos(  0   )  x0  A  cos  x 0  x 0  A. cos .

A constante  define a posição ( x 0 ) da massa no início da contagem do tempo

( t  0 ).
25

2.2.3.1 Analogia entre os movimentos harmônico e circular uniforme

A figura 2.3 mostra uma partícula descrevendo um movimento circular uniforme, cuja
trajetória tem raio igual a (A). Repare que o movimento descrito pela projeção da
partícula sobre o eixo vertical é um movimento harmônico, tal qual o sistema
formado pela massa e a mola, analisado anteriormente, pois também pode ser
descrito pela equação x(t )  A. cos(.t   ) , que caracteriza o movimento harmônico.

Figura 2.3 movimento circular uniforme

2.2.3.2 Período e frequência

A figura 2.4 mostra um ciclo de um movimento harmônico (   0 ). Lembre-se que a


duração do ciclo é o período ( T ) e a sua unidade SI é o segundo.

Figura 2.4 Ciclo completo


26

A figura 2.5 mostra uma sequência de ciclos de um movimento harmônico (   0 ).


Lembre-se que o número de ciclos realizados a cada segundo é a frequência e a
sua unidade SI é o Hz (Hertz).

Figura 2.5 Sequência de ciclos

Veja que: x( t )  x ( t T )  x( t 2.T )  x( t 3.T )  ......  x( t ( n 1).T )

Então: A. cos[.t ]  A. cos[(t  T )]  cos(.t )  cos(.t  .T )

A solução da equação trigonométrica fica clara na figura 2.6

Figura 2.6 Ciclo trigonométrico

2. 2.
Veja que: .T  2.  T ou  
 T
27

Então:

k 2. m
  T   T  2. . (Período do movimento)
m k k
m

1
f     2. .f (frequência angular – Unidade SI : rd/s)
T


f  (frequência do movimento – Unidade SI : Hz)
2.

2.2.3.3 Constante ()


Conforme visto anteriormente, a constante (  ) define a posição do móvel quando é
iniciada a contagem do tempo. Na figura 2.7 são apresentados os gráficos para dois
movimentos harmônicos com a seguintes equações:

 x1( t )  A. cos(.t )    0  x1( 0 )   A

   A
 x2( t )  A. cos(.t  )    rd  x2( 0 )  A. cos( ) 
3 3 3 2

O movimento (1) é representado na cor azul e movimento (2) na cor vermelha.

Figura 2.7 A constante 


28

2.2.3.4 Amplitude (A)

Conforme visto anteriormente, a amplitude representa a distância percorrida pelo


móvel entre as posições extremas da trajetória e a posição de equilíbrio, conforme
mostram as figuras 2.2 e 2.3.

A figura 2.8 mostra os gráficos para dois movimentos harmônicos com a seguintes
equações:

 x1(t )  A1. cos(.t ) (  0 )

 x2( t )  A2. cos(.t ) (   0 ) , sendo: A2  3.A1

O movimento (1) é representado na cor azul e movimento (2) na cor vermelha.

Figura 2.8 A amplitude

2.2.3.5 Frequência

A frequência representa o número de ciclos realizados pelo móvel em 1 segundo. A


figura 2.9 mostra os gráficos para dois movimentos harmônicos com a seguintes
equações:

 x1( t )  A. cos(1.t ) (   0 ), sendo: f1  3.f2

 x2( t )  A. cos(2.t ) (   0 )

O movimento (1) é representado na cor azul e movimento (2) na cor vermelha.

Tem-se que: 2  2. .f2 e 1  2. .f1

1 1 1 1 1 1
Veja que: f1  3.f2     .  T1  .T2  T2  3.T1
f1 3.f2 f1 3 f2 3
29

Repare que, enquanto o movimento (2) representado pela curva vermelha realiza um
ciclo, enquanto o movimento (1) representado pela curva azul realiza três ciclos

Figura 2.9 Frequência

2.2.3.6 Espaço, velocidade e aceleração

 Espaço (posição)

x(t )  A. cos(.t   )

 Velocidade
d d
Veja que: (cos u( x ).dx )  sen(u( x ) ). (u( x ) )
dx dx
d d
v (t )  x ( t )  x ( t )  A.[ sen(.t   )]. (.t   )
dt dt

v (t )  .A, sen(.t   )

 Aceleração
d d
Veja que: (senu( x ).dx )  cos(u( x ) ). (u( x ) )
dx dx
d d
a(t )  v (t )  v (t )  .A.[cos(.t   )]. (.t   )
dt dt

a(t )   2 .A. cos(.t   )


30

2.2.3.7 Energia

Veja que:
dv
F  m.a  m. e F  k.x
dt
dv dx dv dx dv dv dv
a , v   . (regra da cadeia)   v.
dt dt dt dt dx dt dx

dv
m.v .  kx  0  m.v.dv  k.x.dx  0.dx (multiplicar todos os termos por dx)
dx

v x x
m.v 2 k.x 2
Integrando: m. v .dv  k. x.dx   0.dx    constante, então:
0 0 0
2 2

ECINÉTICA  EPOTENCIAL _ ELÁSTICA  EMECÂNICA  constante (sistema conservativo)

 Energia cinética
1 1 1
EC  .m.v 2  .m.[ .A.sen(.t   )] 2  EC  .m. 2 .A 2 .sen 2 (.t   )
2 2 2

1 k k k
EC  .m. .A 2 .sen 2 (.t   ) (    2  )
2 m m m

k.A 2
EC  .sen 2 (.t   )
2

 Energia potencial elástica

1 1 k.A 2
E PE  .k.x 2  .k.[ A. cos(.t   )] 2  E PE  . cos2 (.t   )
2 2 2

 Energia mecânica

k.A 2
EM  EC  EPE  E M  .[sen 2 (.t   )  cos2 (.t   )]
2
1

k .A 2
EM  (constante - não depende do tempo)
2
31

Exemplo – Uma mola distende-se de 7.5 cm, em relação à posição de equilíbrio,


quando atua uma força de 3 N. Um corpo de 0.70 kg é preso à extremidade da mola
e afastado de 10 cm da posição de equilíbrio e solto. A medição do tempo tem início
no instante da largada.

Responda:

a) Qual é a constante da mola?


3
F  k.x  k   40 N/m
0.075

b) Qual a força exercida sobre o corpo no instante da largada?


F  k.x  F  40  0.10  4 N

c) Qual a frequência angular, o período e a frequência do movimento?


k 40
   7.56 rd/s
m 0.70
7.56
  2. .f  f   1.20 Hz
2.
1 1
T   0.83 s
f 1.20

d) Qual a velocidade e a aceleração máximas?

A  0.10 m (afastamento inicial da posição de equilíbrio)

v (t )  .A, sen(.t   ) (valor máximo para sen(.t   )  1 )

v MAX   .A  7.56  0.10  0.756 m/s

a(t )   2 .A. cos(.t   ) (valor máximo para cos(.t   )  1)

aMAX    2 .A  (7.56)2  0.10  5.715 m/s2

e) Qual a velocidade, a aceleração, a energia cinética, a energia potencial e a


energia mecânica, quando o corpo se move da posição inicial de largada até a
metade da amplitude?

Antes de responder as perguntas, o melhor método é determinar as equações do


movimento.
32

Tem-se: A  0.10 m;   7.56 rd/s e   0 ( x(0)  A )

x(t )  A. cos(.t   )

x(t )  0.10. cos(7.56.t ) (m)

v (t )  .A.sen(.t   )  v (t )  7.56  0.10.sen(7.56.t )

v (t )  0.756.sen(7.56.t ) (m/s)

a(t )   2 .A. cos(.t   )  a(t )  (7.56)2  0.10. cos(7.56.t )

a(t )  5.715. cos(7.56.t ) (m/s²)

Voltando ao problema:
O espaço percorrido é igual a metade da amplitude: x(t )  0.05 m

Então: 0.10. cos(7.56.t )  0.05 (cálculo do tempo)



cos(7.56.t )  0.50  7.56.t  rd (tem que estar em radianos)
3
Então: t  0.139 s

Utilizando as equações com t  0.139 s

v (0.139 )  0.756.sen(7.56  0.139)  0.656 m/s (sentido contrário ao eixo X)

a(0.139 )  5.715. cos(7.56  0.139)  2.839 m/s² (desacelerando)

1 0.70  ( 0.656)2
EC (0.139 )  .m.v 
2
 0.15 J
2 2

1 40  0.05 2
E PE (0.139 )  .k.x 2   0.05 J
2 2

1 40  0.10 2
E M  .k.A 2   0.20 J (Veja que: 0.15  0.05 )
2 2
33

2.2.4 Sistema Mola/Massa (com amortecimento)

A figura 2.10 mostra um sistema mola/massa/amortecedor. Neste sistema, além da


força elástica na mola, atua uma outra força oposta à velocidade, denominada força
de amortecimento. A força de amortecimento é uma força dissipativa e representa
atritos e resistências.

Figura 2.10 Sistema mola/massa amortecido

Tem-se:
 Força restauradora na mola: FR  k.x
dx
 Força de amortecimento: FA  C.v  C.  C.x , onde:
dt
C  constante de amortecimento (unidade SI: kg/s);

v  velocidade.

C k
Escrevendo a equação do movimento: m.x  C.x  k.x  0 ou x  .x  .x  0
m m

A equação pode ser escrita na seguinte forma: x  2. .x   .x  0 , onde:
2

C C k
2.  ou   e 2 
m 2.m m
Da matemática obtém-se a seguinte solução:

x(t )  A.e (  .t ) . cos(0 .t   ) , onde: 0 2   2   2  0   2   2


34

A figura 2.11 mostra o gráfico do movimento amortecido

Figura 2.11 Oscilações com pequeno amortecimento

As características básicas de um movimento harmônico amortecido são:

 .t
 a amplitude diminui com o tempo até se anular. O termo A.e é chamado de
fator de amplitude.

 se não houvesse amortecimento (atrito).

A.e 0.t  A (constante)

 Veja que se não houvesse o amortecimento (atrito):

C  0    0  0  

 quando o movimento é amortecido, a frequência é menor e o período é maior.

0    frequência menor.

 A energia também diminui com o tempo até se anular, devido à dissipação no


amortecedor.
35

Exemplo – Em um sistema oscilante amortecido, o bloco tem massa igual a 1.5 kg e


a mola tem uma constante igual a 8.0 N/m. Supondo que o bloco seja puxado para
baixo de uma distância de 12 cm e então abandonado no instante em que é iniciada
a contagem do tempo. Sabendo-se a constante de amortecimento é 0.23 kg/s,
escrever a equação do movimento.
x(t )  A.e (  .t ) . cos(0 .t   )

k 8
   5.33 rd/s (sem amortecimento)
m 1.5

kg
C 0.23 1
    0.08 s-1 ( s  )
2.m 2  1.5 kg s

0   2   2  5.332  0.082  5.33 rd/s (amortecimento discreto)

x(t )  0.12.e 0.08 .t . cos(5.33.t )

Figura 2.12 Gráfico do movimento


36

CAPÍTULO 3 ONDAS I

3.1 DEFINIÇÃO
Denomina-se onda, ao movimento causado por uma perturbação que se propaga
através de um meio. A figura 3.1 mostra o exemplo da onda gerada por uma pedra
jogada (perturbação) na água (meio de propagação).

Figura 3.1 Pedra jogada na água

3.2 CLASSIFICAÇÃO DAS ONDAS


3.2.1 Quanto à natureza
Quanto à sua natureza, as ondas podem ser: mecânicas ou eletromagnéticas.

3.2.1.1 Mecânicas
Precisam de um meio material para propagar-se. Não se propagam no vácuo. Como
exemplos de ondas mecânicas, temos as cordas vibrantes (violão), a pedra na água
(figura 3.1) e a onda sonora (som).

3.2.1.2 Eletromagnéticas
São geradas por cargas elétricas oscilantes e não necessitam de um meio material
para se propagar. Se propagam no vácuo. Como exemplo, temos as ondas de rádio,
de televisão, a luz, os raios X, os raios laser, as ondas de radar, a radiação solar,
etc.
37

A figura 3.2 mostra a propagação de uma onda eletromagnética.

Campo
elétrico

Campo
magnético

Figura 3.2 Onda eletromagnética

3.2.2 Quanto à direção da vibração

3.2.2.1 Ondas transversais


As vibrações são perpendiculares à direção de propagação. Na figura 3.3, v é a
velocidade de oscilação (vibração) e c é a velocidade de propagação da onda.

Figura 3.3 Onda transversal

Como exemplo de ondas transversais, temos as ondas eletromagnéticas, a vibração


nas vigas e pilares e a vibração das cordas de um violão.
38

3.2.2.2 Ondas longitudinais


As direções de propagação e vibração são coincidentes. Na figura 3.4, v é a
velocidade de oscilação (vibração) e c é a velocidade de propagação da onda.

Figura 3.4 Onda longitudinal

Um bom exemplo de ondas longitudinais é a onda sonora (som)

3.2.3 Quanto à direção de propagação


3.2.3.1 Unidimensionais
Propagam-se em uma só direção. Um exemplo é a propagação de uma vibração em
uma corda (figura 3.3). Um outro exemplo de ondas dirigidas segundo uma direção é
mostrado na figura 3.5

Figura 3.5 Ondas de raio X para diagnóstico médico


39

3.2.3.2 Bidimensionais
Propagam-se em uma superfície plana. Como exemplo, temos uma onda se
propagando na superfície de um líquido, mostrada na figura 3.6.

Figura 3.6 Ondas bidimensionais na superfície de um líquido

3.2.3.3 Tridimensionais
Propagam-se em todas as direções. A onda sonora e a onda luminosa emitidas por
fontes puntiformes são exemplos clássicos de ondas tridimensionais. A figura 3.7
mostra as emissões esféricas de uma fonte puntiforme (pontual).

Figura 3.7 Ondas esféricas


40

3.3 FRENTE DE ONDA


Uma frente de onda pode ser definida como o lugar geométrico dos pontos que
estão vibrando na mesma fase. A figura 3.8 mostra as frentes de onda para uma
onda plana definida por raios paralelos.

A figura 3.8 mostra as frentes de onda e os raios para uma onda plana emitida por
uma fonte puntiforme (pedra na água),

Figura 3.8 Frente de onda (distribuição radial)

A figura 3.9 mostra as frentes de onda, quando a fonte está muito distante. Neste
caso, os raios podem ser considerados paralelos (figura 3.9)

Figura 3.9 Frente de onda (raios paralelos)


41

A figura 3.10 mostra frentes de onda para uma emissão esférica. Repare que as
frentes de onda são superfícies esféricas concêntricas (figura 3.7).
Superfícies
esféricas

Figura 3.10 Frentes de onda esféricas

A figura 3.11 mostra que o caso em que a fonte está distante.

Superfícies
planas

Figura 3.11 Fonte muito distante de uma fonte puntiforme

Se o meio for homogêneo e isotrópico, a direção de propagação (raio) é sempre


perpendicular às frentes de onda

3.4 ONDAS PROGRESSIVAS


3.4.1 Pulso
Considere duas pessoas segurando as extremidades de uma corda. Se uma delas
fizer um movimento vertical brusco, para cima e depois para baixo, causará uma
perturbação na corda, originando uma sinuosidade, que se deslocará ao longo da
corda aproximando-se da outra pessoa, enquanto a extremidade que recebeu o
impulso retorna à posição inicial, por ser a corda um meio elástico.

Figura 3.12 Pulso


Nesse exemplo, a perturbação denomina-se pulso, o movimento do pulso é
chamado de onda, a mão da pessoa que faz o movimento vertical é a fonte e a
corda, na qual se propaga a onda, é o meio de propagação.
42

3.4.2 Trem de ondas


Se provocarmos vários pulsos sucessivos com um movimento de sobe-e-desce
contínuo, teremos várias ondas propagando-se na corda, uma atrás da outra,
constituindo um trem de ondas.

Figura 3.13 Trem de ondas (ondas progressivas)

Observações:

 colocando-se um pedaço de cortiça na água, próximo ao local do lançamento da


pedra, verifica-se que a onda, ao atingir a cortiça que fica flutuando na superfície
da água, faz com que ela apenas oscile, subindo e descendo, sem variar a sua
posição.

Figura 3.14 Energia transmitida pela onda

Como a rolha não é arrastada, concluímos que a onda não transporta matéria, mas
como ela se movimenta podemos concluir que uma onda transmite energia sem
transportar matéria (movimento);

 A elasticidade do meio é responsável pelas forças restauradoras, enquanto a


inércia define a resposta do meio à ação das forças restauradoras.
43

A figura 3.15 duas posições sucessivas de um pulso se deslocando para a direita


com uma velocidade constante ( c ). A primeira posição está representada na cor
azul e a subsequente na cor vermelha. O eixo Y representa o referencial. Veja que a
posição do ponto escolhido para o estudo é definida pela distância ( x  m ) .

Figura 3.15 Movimento de um pulso

Na posição inicial: x  m

Espaço percorrido pelo pulso no intervalo de tempo t  c.t

Na próxima posição: x  c.t  m

Veja que: m  cons tan te

Então: m  f( x,t )  m( x,t )  x  c.t

Veja que m( x,t ) apesar de ser função das variáveis x e t tem sempre um valor

constante . m( x,t )  cons tan te

Repare que:

 Se m( x,t )  x  c.t , com o passar do tempo ( t aumenta), o valor de x deve

aumentar, para que m( x,t ) mantenha seu valor constante, ou seja, a onda se

propaga para a direita;

 Se m( x,t )  x  c.t , com o passar do tempo ( t aumenta), o valor de x deve diminuir

para que m( x,t ) mantenha seu valor constante, ou seja, a onda se propaga para a

esquerda;
44

d dm
Derivando em relação ao tempo: ( x  c.t )  0
dt dt

dx dx
c  0  c   x  velocidade de propagação da onda.
dt dt

Repare que y  f ( x, t ) deve ser uma função das variáveis posição ( x ) e tempo ( t ).

Para mostrar a influência da posição em y  f ( x, t ) , a figura 3.16 mostra três barcos

em posições distintas ( x1, x 2 , x 3 ), no mesmo instante de tempo ( t ). Veja que cada

barco tem um valor diferente para y ( y 1, y 2 , y 3 ) (altura na onda), então: y  f (x )

Figura 3.16 Barcos em posições diferentes no mesmo instante

Para mostrar a influência do tempo em y  f ( x, t ) , a figura 3.17 mostra o mesmo


barco, na mesma posição ( x ), em dois momentos distintos ( t 1 e t 2 ). Observe os

valores diferentes para y ( y 1 e y 2 ) (altura na onda), então: y  f (t )

Figura 3.17 O mesmo barco, na mesma posição, em dois instantes diferentes

Tem-se então:

Se o pulso se desloca para a direita: y  f ( x  c.t ) .

Se o pulso se desloca para a esquerda: y  f ( x  c.t ) .


45

3.5 COMPRIMENTO DE ONDA E FREQUÊNCIA


A figura 3.18 mostra um pulso de onda se deslocando para a direita. Em azul temos
um pulso correspondente a um ciclo completo do movimento oscilatório do móvel em
uma determinada posição. Em vermelho, temos o mesmo pulso em uma posição
subsequente. Lembre-se que o tempo gasto para o móvel realizar um ciclo é o
período ( T ). Repare que o tempo gasto para os pontos A, B e C se deslocarem até
as posições A’, B’ e C’ é igual ao período (T).

Figura 3.18 Comprimento de onda

Define-se como comprimento de onda (  ), a distância percorrida pela onda em um


tempo igual ao seu período (T ).

 1
Então:   c.T  c  f   c  .f
T T

Os pontos A e A’, B e B’ e C e C’ são pontos que vibram em fase, então o


comprimento de onda também pode ser definido como a distância entre dois pontos
em fase.

Na figura 3.19, a velocidade de propagação da onda ( c ) define o tempo para que a


perturbação causada pelo navio atinja o barco parado. O comprimento de onda pode
ser avaliado pela distância entre as cristas das ondas e a frequência vai definir o
número de vezes que o veleiro vai subir e descer, na unidade de tempo, após ser
atingido pela onda.

Figura 3.19 Exemplo prático


46

A frequência e o comprimento de onda são parâmetros muito importantes para a


descrição das ondas. Em acústica, a frequência define se um som é grave ou agudo
e nos estudos de iluminação define a cor da luz e as cores dos objetos.

3.6 ONDA HARMÔNICA


É uma onda que pode ser representada pela função seno ou a função coseno.

3.6.1 Equação da onda senoidal


2.
y  A.sen( .x )

A figura 3.20 mostra que: y ( x  0. )  y ( x  1. )  y ( x  2. )  ....  y [ x  (n  1). ]

Figura 3.20 Deslocamento da onda

Para considerar-se as influências da posição ( x ) e do tempo ( t ), escreve-se:

2
y ( x,t )  f ( x  c.t )  A.sen[ .( x  c.t )]

2 2 2 2  
y ( x,t )  A.sen[ .x  .c.t ]  A.sen[ .x  . .t ] ( c  .f  )
    T T

2 2
y ( x,t )  A.sen( .x  .t )
 T

Fazendo:

2
k  número de onda (rd/m)

2
  2 .f  frequência angular (rd/s)
T

Então: y ( x,t )  A.sen(k.x  .t )

Esta é uma solução particular, pois para x  0 e t  0  y  0 (figura 3.21)


47

Figura 3.21 Solução particular

Para se obter uma solução geral, introduz-se a constante de fase  , então:

y ( x,t )  A.sen(k.x  .t   )

Veja que: x  0 e t  0  y ( 0,0 )  A.sen( ) (figura 3.22)

Figura 3.22 Solução geral

Veja o seguinte exemplo:


Equação da onda em seno: y ( x,t )  A.sen(k.x  .t  )
2


y ( 0,0 )  A.sen( )  A
2
  
Veja que: seno(  )  sen . cos  sen . cos   cos  , então:
2 2 2

y ( x,t )  A.sen(k.x  .t  )  A. cos(k.x  .t )
2

Equação da onda em coseno: y( x,t )  A. cos(k.x  .t )

Veja que uma onda também pode ter a sua equação representada também pela
função coseno. É importante ressaltar que duas ondas, com a mesma constante de

fase (  ), estão defasadas de rd, quando representadas em seno e coseno.
2
48

Amplitude (A):

Na figura 3.23, a onda (1) é apresentada na cor azul e a onda (2) na cor vermelha.

y1( x,t )  A1.sen(k.x  .t ) e y 2( x,t )  A2.sen(k.x  .t ) - (   0 )  A2  3.A1

Figura 3.23 Amplitude da onda

Frequência angular (  ):

  2.f (rd/s)

Frequência (f):

f (Hz)
2

Veja que ondas com o mesmo valor da frequência angular (  ) têm a mesma
frequência (f).

Na figura 3.24, a onda (1) é apresentada na cor azul e a onda (2) na cor vermelha.

Tem-se: f2  4.f1 ( 2  4.1 ).

y1( x,t )  A.sen(k.x  1.t ) e y 2( x,t )  A.sen(k.x  2.t ) - (   0 )

Figura 3.24 A frequência

Repare que enquanto a onda (1) realiza um ciclo, a onda (2) realiza quatro ciclos.
49

Nº de onda (k):

É o número de ondas formadas em um intervalo angular de 2 rd.

2
k  número de onda (rd/m)

Veja que ondas com o mesmo valor de (k), têm o mesmo comprimento de onda
frequência (  ).

Observe que se duas ondas têm os mesmos valores para  e k, elas se propagam
com a mesma velocidade ( c  .f ).

Constante de fase (  ):
Na figura 3.25, a onda (1) é apresentada na cor azul e a onda (2) na cor vermelha.

 
y1( x,t )  A.sen(kx  .t ) (   0) e y 2( x,t )  A.sen(kx  .t  ) (    )
2 2

Figura 3.25 Constante de fase


Veja que: y1( 0,0 )  A.sen(0)  0 e y 2( 0,0 )  A.sen(  )   A
2

Em termos práticos, a constante de fase (  ) causa um deslocamento na onda.


Veja, na figura 3.25, que a onda (2) está adiantada de , em relação à onda (1).
2

Na prática    0 - adianta e   0 - atrasa.


50

Exemplo – Uma onda transversal se propaga em uma corda vibrante. Escreva a


equação da onda, a partir das seguintes informações:

a) Amplitude = 1,5 cm

b) Período = 0,4 segs

c) velocidade de propagação = 80 cm/s

d) Em t =0, tem-se: x = 0 e y = 0,75 cm.

Equação da onda: y( x,t )  A.sen(k.x  .t  )

A  0.015 m

1 1
f   2.5 Hz
T 0.4

  2.f  2  2.5  15.708 rd/s

c 0.8
c  .f     0.32 m
f 2.5

2 2
k   19.635 rd/m
 0.32

Então: y( x,t )  A.sen(k.x  .t  )  0.015.sen(19.635.x  15.708.t  )

0.0075 
Em t  0  x  0 e y  0.75  sen()   0.5    0.524 ( rd)
0.015 6

Equação da onda:


y( x,t )  0.015.sen(19.635.x  15.708.t  )
6
51

CAPÍTULO 4 ONDAS II

4.1 PRINCÍPIO DE HUYGENS


Todos os pontos de uma frente de onda podem ser considerados como fontes
puntiformes para a geração de ondas esféricas secundárias e, depois de um certo
tempo (t), a posição na nova frente de onda é a superfície que tangencia essas
ondas secundárias.

Figura 4.1 Princípio de Huygens

4.2 REFLEXÃO
4.2.1 Reflexão especular (caso teórico)
Representa um caso ideal, onde a superfície refletora é um espelho perfeito.

Figura 4.2 Aspectos geométricos da reflexão especular


52

Na figura 4.2, a frente de onda incidente AB , mostrada inicialmente na posição A1B1 ,


se desloca na direção da superfície refletora com uma velocidade ( c ). Quando o
ponto A atinge a superfície na posição A2 , o ponto B ocupa a posição B3 . Enquanto

o ponto B se desloca da posição B3 para a posição B2 , na superfície refletora, o

ponto A se desloca para a posição A3 , definida pela reta tangente à circunferência

de raio igual a c.t e centro em A2 e o ponto B2 (frente onda refletida).

Considerando os raio perpendiculares às frentes de onda (incidente e refletida) e


aplicando princípios básicos de geometria de posição (triângulos iguais), constata-se
que os ângulos formados com a direção normal à superfície dos raios incidente (  )
e refletido (  ) são iguais.

Na prática utiliza-se a representação simplificada (raios) mostrada na figura 4.3.

Figura 4.3 Representação simplificada para a reflexão especular (caso ideal)

4.2.2 Reflexão difusa


É um caso real. Ocorre quando as superfícies refletoras são foscas ou irregulares,
acarretando um espalhamento (difusão) da onda, com raios refletidos em diversas
direções.

Figura 4.4 Reflexão difusa


53

4.2.3 Reflexão mista, predominantemente especular.


Representa a reflexão real para incidências em superfícies lisas.

Figura 4.5 Reflexão especular real

4.2.4 Reflexão mista, predominantemente difusa.


Representa a reflexão real para incidências em superfícies com pequenas
irregularidades.

Figura 4.6 Reflexão predominantemente difusa

4.3 REFRAÇÃO
Representa a mudança sofrida na direção, quando a onda muda de meio de
propagação. É frequente, em acústica, o som mudar de direção quando atravessa
regiões com temperaturas diferentes.
54

A figura 4.7 mostra uma onda representada pela frente AB , inicialmente mostrada na
posição A1B1 , deslocando no meio (1) com uma velocidade c1 . Quando o ponto A
atinge a interface que separa os meios (1) e (2), ocupando a posição ( A2 ), o ponto

B ocupa a posição ( B 2 ). Enquanto o ponto B se desloca no meio (1), em direção à


interface com uma velocidade ( c1 ), o ponto A se desloca no meio (2), com uma

velocidade ( c 2 ). A frente de onda refratada, que se desloca no meio (2) é definida

pela reta tangente à circunferência de raio c2 .t e centro em A2 e o ponto B3 .

Figura 4.7 Refração

Expressando os valores para o sen 1 e para o sen 2 nos triângulos A2B2B3 e


A2A3B3 , obtém-se a seguinte igualdade:

sen1 c1 1
  ( c  .f )
sen 2 c2 2

Onde:
c1  velocidade de propagação no meio 1;
c 2  velocidade de propagação no meio 2;
 - comprimento de onda.
55

Normalmente, utiliza-se a representação simplificada mostrada na figura 4.8.

Figura 4.8 Representação simplificada para a refração.

É importante ressaltar que a frequência da onda permanece constante, quando a


onda muda de um meio de propagação para outro.

Então: c1  1.f e c 2  2.f

4.4 DIFRAÇÃO
Difração é o fenômeno pelo qual uma onda é distorcida por um obstáculo. Este
obstáculo pode ser um pequeno objeto que bloqueia a passagem de uma parte da
frente de onda ou uma fenda estreita que permite a passagem de apenas um ponto
da frente de onda.

A difração pode ser observada em uma cuba de ondas, por exemplo, obstruindo-se
a passagem das ondas com duas lâminas metálicas separadas por uma abertura
entre elas e, provocando ondas planas numa das regiões assim definidas. Quando a
abertura tem dimensão muito maior que o comprimento de onda das ondas que se
propagam na água da cuba, as ondas quase não se propagam atrás dos obstáculos,
como mostrado na figura 4.9.

Figura 4.9 Abertura maior do que o comprimento de onda


56

Quando a abertura tem dimensão pequena, as ondas rodeiam as bordas do


obstáculo e começam a contorná-lo (aumenta a curvatura), conforme mostra a figura
4.10.

Figura 4.10 Abertura de dimensão pequena

Quando a abertura tem dimensão próxima ao comprimento de onda (estreita), a


abertura comporta-se como uma fonte independente de ondas que se propagam
atrás dos obstáculos, em todas as direções. As dimensões do objeto ou da abertura
para as quais se observa a difração dependem do comprimento de onda, ou seja,
quanto menores tais dimensões da abertura ou do obstáculo frente ao comprimento
de onda, mais notável é a difração.

Quando as dimensões do obstáculo ou da abertura são próximas com o


comprimento de onda, a difração se manifesta nas proximidades do obstáculo ou
abertura, de acordo com a figura 4.11.

Figura 4.11 Abertura com dimensão próxima ao comprimento de onda

A difração pode ser compreendida pelo princípio de Huygens. Consideremos, por


exemplo, a frente de onda que chega a uma abertura, Todos os pontos dessa frente
de onda se comportam como fontes de ondas secundárias. As ondas secundárias
originadas nos pontos que se encontram frente aos anteparos que formam a
abertura são bloqueadas por esses mesmos anteparos e a forma da frente de onda
na região além da abertura fica determinada pelas ondas secundárias não
bloqueadas.
57

4.5 VELOCIDADE DA ONDA


Sabemos que a velocidade de propagação de uma onda em um determinado meio,
depende da elasticidade e da inércia deste meio, ou seja:

c  f (elasticidade, inércia)

Como exemplo, vamos estudar a propagação de uma onda na corda mostrada na


figura 4.12

Figura 4.12 Propagação da onda em uma corda

Na figura:

F  força perturbadora (causadora da onda);

S  força de tração na corda;

c  velocidade de propagação;

v  velocidade de oscilação (transversal);

t  tempo.

F S S.v
Por semelhança:   F
v .t c.t c

m
Seja:   (densidade linear de massa  massa por unidade de comprimento)
l

m  massa da corda;

l  comprimento da corda percorrido pela onda no tempo t.

Então: m  .l  .c.t

Tem-se que: F.t  mv (ver impulso e quantidade de movimento)


58

q  m.v  q  .c.t.v (quantidade de movimento)

S.v
I  F.t  I  .t (impulso)
c

S.v S
Então: .t  .c.t.v  S  .c 2  c 
c 

S.l
ou: c  (velocidade da onda em uma corda)
m

Exemplo – Uma corda de 3 m de comprimento e massa de 60 g é mantida esticada


por uma força de intensidade de 800 N. Determine a velocidade de propagação de
um pulso nesta corda.

3  800
c  200 m/s
0.06

4.6 POTÊNCIA TRANSMITIDA EM UMA ONDA


4.6.1 Potência instantânea
Vamos considerar a onda transversal, mostrada na figura 4.13.

Figura 4.13 Onda transversal transmitindo potência

FL  componente longitudinal da força F


FT  componente transversal da força F

Tem-se: FT  F.sen
59

Considerando o ângulo  , um ângulo pequeno (em radianos), pode-se utilizar as


seguintes aproximações:

y
sen   ; cos  1  tg    sen  tg  tg   [ y  f ( x, t ) ]
x

 y
Então: FT  F.tg  FT  .F (repare que   90  tg  0 )
x

W F .d
Sabe-se que: P    F .v (F - força ; v - velocidade), então:
t t

y
Sabe-se que: v  ( y  f ( x, t ) )
t

y y
A potência transmitida pela onda: P( t )  F .v  F . .
x t

Tem-se que: y ( x,t )  A.sen(k.x  .t ) (   0 )

y
 A. cos(k.x  .t ).k  k.A. cos(k.x  .t )
x

y
 A. cos(k.x  .t ).(  )  .A. cos(k.x  .t )
t

Então: P( x,t )  F..k.A . cos (k.x  .t ) (Potência instantânea)


2 2

4.6.2 Potência transmitida em um ciclo


t T

Com base na figura 4.14: PCICLO  P


t
( x ,t ) .dt

Figura 4.14 Potência aplicada durante um ciclo

t T t T
Então: PCICLO   F.k..A .cos (k.x  .t ).dt  PCICLO  F.k..A  cos (k.x  .t ).dt
2 2 2 2

t t
60

4.6.3 Potência média no ciclo

Seja: PCICLO , a potência média transmitida pela onda em um ciclo.

Então: PCICLO  F.k..A .[cos (k.x  .t )]MÉDIO


2 2

Figura 4.15 Ciclo da função cos2 

O valor médio para a função cos2  é obtido através da divisão em áreas iguais, o
que é obtido através da linha reta y  0.5 . Então:

1
[cos 2 ( k .x  .t )] MÉDIO 
2

Veja uma verificação numérica:

Figura 4.16 Ciclo dividido em 12 partes

Ponto  (º) cos cos2 


1 0 1.00 1.00
2 30 0.87 0.75
3 60 0.50 0.25
4 90 0.00 0.00
5 120 -0.50 0.25
6 150 -0.87 0.75
7 180 -1.00 1.00
8 210 -0.87 0.75
9 240 -0.50 0.25
10 270 0.00 0.00
11 300 0.50 0.25
12 330 0.87 0.75
Media: 0.50
61

Como o valor médio da função cos2 (k.x  .t ) é igual a 1 , para um ciclo, tem-se:
2

F .k..A 2
PCICLO 
2

2 1 2
Considerando: k  ; f  ;  2 .f ; c  .f , pode-se escrever:
 T T

F
.2. 2 .f 2 .A 2  PCICLO  C1.f ou PCICLO  C2. A ( C1 e C 2 - constantes).
2 2
PCICLO 
c

Observação importante: a potência transmitida por uma onda é proporcional ao


quadrado da frequência e ao quadrado da amplitude.

4.7 SUPERPOSIÇÃO DE ONDAS


4.7.1 Princípio da superposição
Ocorre quando duas ou mais ondas atuam simultaneamente. Duas ondas podem se
cruzar na mesma região do espaço de forma totalmente independente. O
deslocamento resultante segue o princípio da superposição de efeitos, ou seja, é a
soma dos deslocamentos de cada onda.

y RESULTANTE  y 1  y 2  ...  y n

Como sempre, o princípio da superposição é válido desde que as deformações do


meio e as forças restauradoras sejam proporcionais, caracterizando um regime
elástico (deformações residuais nulas).

4.7.2 Série de Fourier


Define que uma onda periódica complexa, pode ser representada como uma soma
de ondas harmônicas (senos e cosenos).

y (t )  A0  A1.sen(.t )  A2 .sen(2..t )  .......... ......  An .sen(n..t ) 


 B0  B1. cos(.t )  B2 . cos(2..t )  .......... .......... ...  Bn . cos(n.t )

2
Onde:  
T
62

4.7.3 Interferência

Seja o caso particular em que são consideradas as ondas:


y1( x,t )  A.sen(k.x  .t ) e y 2( x,t )  A.sen(k.x  .t   )

Observando-se as equações, constata-se que elas:


 têm a mesma frequência ( 1  2   );

 têm a mesma amplitude ( A1  A2  A );

 se deslocam para a direita (mesmo sentido);


 têm a mesma velocidade (mesmo c. de onda e a mesma freq.- k1  k2 e 1  2 );

 estão defasadas de  (onda 2 adiantada).

y( x,t )  y1( x,t )  y 2( x,t )  A.sen(k.x  .t )  A.sen(k.x  .t   )

y ( x.t )  A.[sen(k.x  .t )  sen(k.x  .t   )]

C B C B
Da trigonometria: senB  senC  2.sen( ). cos( )
2 2

Fazendo: C  k.x  .t e B  k.x  .t   , temos:

C  B k.x  .t  k.x  .t   2.k.x  2..t   


   k.x  .t 
2 2 2 2
C  B k.x  .t  k.x  .t   
 
2 2 2
 
Então: y ( x,t )  A.[ 2.sen(k.x  .t  ). cos( )]
2 2

 
y ( x,t )  2.A. cos( ).sen(kx  .t  )
2 2


Fazendo: A'  2.A. cos( ) (amplitude variável  A'  f ( ) )
2

Por analogia (amplitudes diferentes - aproximação):

 
y ( x,t )  A'.sen(k.x  .t  ) , onde: A( ) '  ( A1  A2 ). cos( )
2 2

 A aproximação é razoável para valores próximos para as amplitudes.


63

4.7.3.1 Interferência construtiva


Quando o ângulo de fase  é pequeno ou nulo, dizemos que as ondas estão em
fase, então: A'  2.A. cos(0)  2.A (somam-se as amplitudes  A  A  2.A ).

Exemplo: y1( x,t )  3.sen(kx  .t ) (azul) e y 2( x,t )  3.sen(k.x  .t  0.1) (vermelho)

 0.1
Veja que:   0.1rd (pequeno)  A'( 0.1)  (3  3)  cos( )  6  2.A
2
A onda resultante está representada na cor verde, na figura 4.17.

Figura 4.17 Interferência construtiva com amplitudes iguais

Exemplo (amplitudes diferentes):

y1( x,t )  sen(k.x  .t ) (azul) e y 2( x,t )  3.sen(k.x  .t ) (vermelho) -   0

Figura 4.18 Interferência construtiva com amplitudes diferentes

A onda resultante está representada na cor verde.

Veja que: A'( 0 )  (1  3). cos(0)  4


64

4.7.3.2 Interferência destrutiva


Ocorre quando as ondas estão defasadas [ângulo de fase (  ) grande].

Exemplo: y1( x,t )  3.sen(k.x  .t ) (   0 rd) - (azul)

 
y 2( x,t )  5.sen(k.x  .t  ) - (   rd) - (vermelha)
2 2

A'    (3  5). cos( )  5.66  5  3
(
2
) 4
A onda resultante está representada na cor verde.

Figura 4.19 Interferência destrutiva parcial

Exemplo: y1( x,t )  4.sen(k.x  .t ) - (   0 rd) - (azul)

y 2( x,t )  4.sen(k.x  .t   ) - (    rd) - (vermelha)


A(  ) '  (4  4). cos( )  0 (amplitude nula)
2

Figura 4.20 Interferência destrutiva total

Repare que onda resultante (verde) tem amplitude nula, então: y  0


65

Na figura 4.20 é mostrado um esquema do dispositivo chamado interferômetro de


Young, onde a luz monocromática que sai da abertura estreita S 0 se divide em duas
partes que, por sua vez, incidem nas outras duas aberturas S 1 e S2 mostrando de
forma clara o fenômeno da difração, através da mudança na trajetória da luz.

A luz que sai de S1 interfere com a que sai de S2 ou seja, vão existir pontos nos
quais a intensidade da luz vai ser aumentada e outros nos quais pode ser até
anulada. Nos pontos em que duas cristas se encontram, a intensidade é reforçada
(interferência construtiva), enquanto que, quando uma crista encontra um vale, a
intensidade da luz pode até ser anulada (interferência destrutiva).

Figura 4.21 Experimento de Young

A figura 4.21 mostra os resultados obtidos por Young com seu interferômetro de
fenda dupla

Figura 4.22 Franjas de interferência – experimento de Young

4.8 ONDAS COMPLEXAS


As ondas harmônicas são particularidades. São representadas por senos ou
cosenos. Para que a superposição de duas ou mais ondas harmônicas resulte em
uma onda, também harmônica, é necessário elas tenham a mesma frequência e a
mesma velocidade de propagação. As amplitudes podem ser diferentes.
66

Quando as frequências forem diferentes, a onda resultante não é harmônica e,


portanto, não poderá ser representada por senos e cosenos. A imensa maioria das
ondas reais não são harmônicas e sim complexas. É importante ressaltar que as
ondas complexas podem ser decompostas em ondas harmônicas.

y(t )  A1.sen(2..f1.t )  A 2.sen(2.f2.t )  .......... ......  An.sen(2..fn.t )

Onde f1 é a frequência fundamental e f2 , f3 ,.... fn são as frequências harmônicas.

Tem-se: f2  2.f1 , f3  3.f1 ,......., fn  n.f1

Exemplo.

Componentes harmônicas:

y1( x,t )  4.sen(k.x  .t ) (azul) e y2( x,t )  4.sen(k.x  3..t ) (vermelho) ( f2  3.f1 )

A onda resultante (verde): y  y 1  y 2 (não é harmônica)

Figura 4.23 Onda complexa com duas componentes harmônicas

Exemplo: A onda complexa mostrada na figura 4.24 tem as seguintes componentes


harmônicas:
y1( x,t )  3.sen(k.x  .t ) - f1 - frequência fundamental

y2( x,t )  3.sen(k.x  2..t ) - f2  2.f1

y 3( x,t )  3.sen(k.x  3..t ) - f2  3.f1

y 4( x,t )  3.sen(k.x  4..t ) - f4  4.f1


67

Figura 4.24 Onda complexa com 4 componentes harmônicas

4.9 ONDAS ESTACIONÁRIAS


A figura 4.25 mostra uma onda incidindo sobre uma parede e sua reflexão.

Figura 4.25 Ondas incidente e refletida

Repare que as duas ondas (incidente e a refletida) ao se cruzarem, geram um caso


interessante de interferência e duas situações extremas devem ser analisadas.

A figura 4.26 mostra a situação, na qual, ao se cruzarem, as ondas incidente e


refletida geram um caso de interferência construtiva.

Figura 4.26 Interferência construtiva


68

A figura 4.27 mostra uma situação oposta, na qual, ao se cruzarem, as ondas


incidente e refletida geram um caso de interferência destrutiva.

Figura 4.27 Interferência destrutiva

Vamos dar um tratamento matemático ao assunto.

Onda incidente: y i ( x,t )  A.sen(k.x  .t )  (para a direita) – (   0 )

Onda refletida: y r ( x,t )  A.sen(k.x  .t )  (para a esquerda) – (   0 )

Onda resultante: y ( x,t )  A.[sen(k.x  .t )  sen(k.x  .t )]

C B C B
senB  senC  2.sen( ). cos( )  C  k.x  .t e B  k.x  .t
2 2
C  B k.x  .t  k.x  .t
  k.x
2 2
C  B k.x  .t  k.x  .t
  .t
2 2

y( x,t )  A.[ 2.sen(k.x ). cos(.t )]  2.A.sen(k.x ). cos(.t )

Fazendo: A'  2.A.sen(k.x ) (amplitude fictícia: A'  f ( x ) )

Então: y ( x,t )  A'. cos(.t ) , onde: A( x ) '  2.A.sen(k.x )


69

 Antinodos: são os pontos de amplitude máxima ( A'  2.A  sen(k.x )  1)

Veja que:

Figura 4.28 Antinodos

 3.
Veja que: k.x  , ,.......
2 2
Fazendo:
  2 
k.x1   x1  , mas k   x1  (primeiro valor de x)
2 2.k  4
3.  2 3.
k.x 2   x2  , mas k   x2  (segundo valor de x)
2 2.k  4

3.  
x  x 2  x1   
4 4 2

Conclusão: o intervalo entre dois antinodos consecutivos é a metade do


comprimento de onda.
 Nodos: são os pontos de amplitude nula ( A'  0  sen(k.x )  0 )

Figura 4.29 Nodos

Veja que: Veja que: k.x  0 ,  ,.......

Fazendo:
k.x1  0  x1  0 (primeiro valor de x)
2 
k.x 2    mas k   x2  (segundo valor de x)
 2
 
x  x 2  x1  0 
2 2

Conclusão: o intervalo entre dois nodos consecutivos é a metade do comprimento


de onda.
70

Observações:

 O intervalo entre dois nodos consecutivos  (meio comprimento de onda)
2

 O intervalo entre dois antinodos consecutivos  (meio comprimento de onda)
2
 A figura 4.30 mostra que o intervalo entre um nodo e um antinodo consecutivos é

igual a (quarta parte do comprimento de onda)
4

Figura 4.30 Antinodos e nodos

Observação importante: onda estacionária não transmite energia, pois a amplitude


é nula nos nodos e a energia transmitida por uma onda é proporcional ao quadrado
da amplitude.

A figura 4.31 mostra as variações na amplitude em uma onda estacionária

Figura 4.31 Onda estacionária


71

4.10 RESSONÂNCIA
4.10.1 Frequência natural
Vamos tomar como exemplo as cordas de um violão. Cada corda, quando excitada,
tem uma frequência própria de vibração (fundamental). Pode-se dizer que cada
corda de um violão tem a sua própria frequência de vibração, ou seja, sua
frequência natural.

Da mesma forma que a corda do violão, outros objetos tem as suas próprias
frequências de vibração. A corda do violão é um caso simples, pois a frequência
natural é a fundamental. Outros objetos, como um tambor, uma mesa, um prédio,
uma ponte ou até mesmo nosso corpo podem vibrar em muitas frequências
diferentes. Se dermos uma pancada em uma mesa, ouviremos um som que é
resultante do conjunto de modos de vibração naturais da mesa.

A frequência natural de cada objeto é determinada por sua massa e rigidez.


Aumentar a massa de um objeto reduz a sua frequência natural. Aumentar a rigidez
do objeto, como por exemplo aumentar a tração de uma corda do violão, aumenta a
sua frequência natural

4.10.2 Ressonância
Quando um corpo recebe energia vibratória e passa a vibrar com amplitude máxima,
diz-se que entrou em ressonância.

Por exemplo, para manter um sistema mola-massa vibrando você precisa fornecer
energia balançando a mão. Se não fizer isso, o sistema amortece e pára.
Balançando a mão devagar, com baixa frequência, a amplitude do sistema se
mantém, mas é sempre pequena. Na figura 4.31, se a frequencia f é diferente da
natural (f0), a mola não vibra com amplitude máxima.

Figura 4.32 Corpo vibrando com uma frequência diferente da natural


72

A frequência natural do sistema é f 0 e o gráfico da figura 4.31 mostra o caso em que

a frequência do movimento da mão é diferente de f 0 . Neste caso a amplitude da

vibração não é máxima.

Aumentando gradualmente a frequência do balanço da mão, constata-se que a


amplitude do movimento da massa vai aumentando rapidamente. Observe que a
amplitude do movimento da mão é sempre a mesma, quem vai aumentando é
apenas a frequência. Com um pouco de prática, logo descobre-se uma frequência
certa do movimento da mão para a qual a amplitude do movimento da massa seja
máxima. Essa frequência é exatamente a frequência natural do sistema e, neste
caso, temos f  f0 . Podemos dizer que o sistema entrou em ressonância, ou seja a

vibração ocorre com amplitude máxima.

Figura 4.33 Vibração com a frequência natural


Na ressonância, a transferência de energia da mão para o sistema massa-mola é a
máxima e o sistema vai oscilar com amplitude máxima, podendo ocorrer a quebra da
mola (ruína).

Quando o objeto é excitado por algum agente externo em uma de suas frequências
naturais dá-se a ressonância e o objeto vibra nessa frequência com amplitude
máxima, só limitada pelos inevitáveis amortecimentos.

4.10.3 Exemplos de ressonância


Uma criança em um balanço nunca ouviu falar em ressonância, mas sabe uma
maneira usá-la ao seu favor. Em pouco tempo ela descobre qual é o momento certo
de dobrar o corpo para aumentar a amplitude do movimento. Balançando na
frequência certa, que é a frequência natural do sistema, chega-se à ressonância e
obtém-se grandes amplitudes de oscilação.
73

O corpo de um instrumento musical, um violão, por exemplo, é uma caixa de


ressonância. As vibrações da corda entram em ressonância com a estrutura da caixa
de madeira que amplifica o som e acrescenta vários harmônicos, dando o timbre
característico do instrumento. Sem o corpo, o som da corda seria fraco e insosso.

Cada onda de rádio e TV que viaja pelo espaço tem uma frequência característica
de vibração. E a onda de cada emissora tem uma frequência própria, diferente da
frequência das demais emissoras. Os rádios tem um botão destinado a sintonizar as
emissoras. Sintonizar uma emissora significa fazer seu receptor de rádio ou TV
entrar em ressonância com a onda da emissora. O botão de sintonia serve para
modificar a frequência natural de vibração do circuito eletrônico de seu receptor.
Essa vibração não é mecânica, como nas molas, mas uma rápida variação nas
correntes elétricas que percorrem o circuito. Na ressonância, o receptor capta
energia da onda de rádio ou TV com eficiência máxima e o sinal da emissora é
reproduzido pelo receptor em volume máximo. As ondas das outras emissoras, com
frequências diferentes, não estão em ressonância com o receptor e passam, sem
interagir com ele (exceto as rádios piratas).

Às vezes, a ressonância pode ter consequências desagradáveis. Dizem que


algumas pessoas sentem enjôo ao viajar de carro por causa da ressonância entre as
vibrações de baixa frequência do carro e seus órgãos do aparelho digestivo,
estômago e intestinos. Se isso for verdade, o remédio para essas pessoas é encher
a barriga de água ou comida. Isso fará mudar a frequência natural desses órgãos
internos e quebrará a ressonância.

Conta a lenda que um regimento de Napoleão entrou marchando em uma ponte e a


frequência do compasso da marcha, por azar, coincidiu com a frequência natural de
vibração da ponte. Deu-se a ressonância, a ponte passou a oscilar com grande
amplitude e desabou. A partir desse desastre os soldados passaram a quebrar o
passo sempre que atravessam alguma ponte.

Esse caso pode ser só lenda, mas, uma ponte nos Estados Unidos desabou quando
entrou em ressonância com o vento. A ponte sobre o Estreito de Tacoma, logo após
ser liberada ao tráfego, começou a balançar sempre que o vento soprava um pouco
mais forte.
74

No dia 7 de Novembro de 1940 aconteceu a ressonância. Inicialmente, a ponte


começou a vibrar em modos longitudinais, isto é, ao longo de seu comprimento. Até
aí, tudo bem. Mas, logo apareceram os chamados modos torsionais, nos quais a
ponte balançava para os lados, se torcendo toda. Na ressonância, a amplitude
desses modos torcionais aumentou de tal forma que a ponte desabou.

Um estádio de futebol deve ser construído levando em conta a vibração das torcidas.
Se todo mundo começar a pular e bater os pés pode surgir uma ressonância com as
estruturas das arquibancadas e acontecer uma tragédia.

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