“A curva quantal de dose- efeito freqüentemente é caracterizada
especificando-se a dose efetiva mediana (ED50), a dose na qual 50% dos indivíduos exibe o efeito quantal especificado. De maneira semelhante, a dose necessária para produzir um efeito tóxico particular em 50% dos animais é chamada de dose tóxica mediana (TD50). Se o efeito tóxico for a morte do animal, uma dose letal mediana (LD50) pode ser experimentalmente definida [...] Uma medida, que relaciona a dose necessária de um fármaco para produzir um efeito desejado com aquela que produz um efeito não-desejado, é o índice terapêutico.” (KATZUNG, 2010) O objetivo desta prática foi o estudo da toxicidade de uma droga (Tionembutal sódico) e o estabelecimento da correlação dose-efeito de uma droga em grupo de animais da espécie Mus musculus. MATERIAIS E MÉTODOS
Foram utilizados quatro camundongos da espécie Mus musculus para três
bancadas de grupos num total de doze animais. Cada grupo de animal recebeu uma dose diferente de Tionembutal sódico por via intraperitoneal com concentração e dosagem de cada aplicação variando de acordo com o lote de animais utilizado: o primeiro grupo (A) recebeu uma dose de 50mg/kg da droga, na concentração de 5mg/ml ; o segundo grupo (B) recebeu uma dose de 100mg/kg, na concentração de 10mg/ml; e o terceiro (C) recebeu uma dose de 200mg/ml, na concentração de 20mg/ml. Os animais foram pesados na balança, para o cálculo dos volumes a serem administradas. Anotou-se o momento exato de cada injeção, e, após 20 minutos, observou-se o comportamento dos animais. DISCUSSÃO
“O teste da DL50 foi inicialmente introduzido em 1927 por Trevan
para avaliar substâncias que seriam utilizadas por seres humanos como a digitallis e a insulina. Entretanto, na década de setenta, este teste, o qual tinha como objetivo encontrar uma única dose letal de uma substância para metade dos animais do grupo teste começou a ser empregado amplamente como base de comparação e classificação da toxicidade de substâncias. Este teste tornou- se gradativamente um teste pré-requisito para várias agências reguladoras, como a americana Food and Drugs Administration (FDA), responsáveis pela a aprovação de novos fármacos, aditivos alimentares, ingredientes cosméticos, produtos domésticos, químicos industriais e pesticidas. Para a realização do teste da DL50 eram empregados mais de 100 animais para cada espécie estudada (normalmente ratos e camundongos) e para cada substância testada” (VALADARES, 2006). Para GILMAN (2005) existem diferenças marcantes nas DL50 dos vários compostos químicos. Alguns provocam a morte em doses equivalentes a uma fração de micrograma (a DL50 da toxina botulínica é de 10 pg/kg); outros podem ser relativamente inofensivos em doses de vários gramas ou mais. Embora tenham sido descritas categorias de toxicidade com alguma utilidade prática, baseadas na quantidade necessária para causar a morte, geralmente não é fácil diferenciar entre as substancias atóxicas e tóxicas. Embora a sociedade espere que o toxicologista classifique todas as substâncias químicas como seguras ou toxicas, isto não é possível. A questão principal é o risco associado ao uso de determinado composto químico, e não se ele é tóxico ou seguro. Ao final do experimento, realizado no laboratório de farmacologia da Faculdade de Ciências Médicas, os resultados foram apresentados em tabela e gráfico, ambos expondo as variações dose-efeito, a espera de interpretação. A análise sobre a população de Mus musculus foi baseada em dois parâmetros já pré-estabelecidos: quantidade de animais anestesiados (efeito esperado) e quantidade de animais mortos (toxicidade) No gráfico vemos o que Katzung chama de curva quantal de dose-efeito, cujo traçado correto é representado por uma curva sigmóide. No eixo das abscissas encontram-se os valores das doses administradas por cada grupo, e as ordenadas revelam a proporção dos parâmetros preditos. A equação matemática correspondente à curva sigmóide é de difícil manuseio (visto que não usamos uma quantidade de amostras maior) e, por isso fomos obrigados transformá-la em uma linha curva para apresentação e avaliação dos valores. Nos estudos animais, o índice terapêutico em geral é definido como a proporção de LD50 para ED50, para algum efeito terapeuticamente relevante. A precisão possível em experimentos com animais pode tornar útil o uso de tal índice terapêutico para estimar o benefício potencial de um fármaco em seres humanos. Obviamente, o índice terapêutico de um fármaco nos seres humanos quase nunca é conhecido com precisão; por outro lado, os experimentos com fármacos e a experiência clínica acumulada revelam uma faixa de doses em geral eficazes e uma faixa diferente (mas algumas vezes sobreposta) de doses possivelmente tóxicas. Então, como pudemos observar nos resultados da prática com Mus musculus, a ED50 foi fixado em aproximadamente 75mg/kg, e, a LD50 em 150mg/kg. Logo o índice terapêutico foi estimado em 2 (duas) unidades. De acordo com as literaturas especializadas no assunto, um índice terapêutico considerado razoável para usos clínicos é de pelo menos 10 u., ou seja, um número cinco vezes maior que o resultado encontrado para o tionembutal. O fundamento biológico desta relação pode ser compreendido parcialmente quando se pensa na natureza da distribuição de frequência das suscetibilidades ou resistências individuais em uma população. Medicamentos com amplo índice terapêutico apresentam uma ampla faixa de concentração que leva ao efeito requerido, pois, as concentrações potencialmente tóxicas excedem nitidamente as terapêuticas, esta faixa de concentração é denominada "janela terapêutica. É importante salientar que drogas com valores baixos desse índice nem sempre são descartadas como opção de tratamento de alguma enfermidade, logicamente outras variáveis devem estar disponíveis aos clínicos para que essa decisão não seja equivocada. “O risco clinicamente aceitável de toxicidade depende decisivamente da gravidade da doença que está sendo tratada. Por exemplo, a faixa de dose que promove alívio de uma cefaléia comum na grande maioria dos pacientes deve ser muito mais baixa do que a que produz toxicidade grave, mesmo se a toxicidade ocorrer em uma pequena minoria de pacientes. Entretanto, para o tratamento de uma doença letal, como o linfoma de Hodgkin, a diferença aceitável entre doses terapêuticas e tóxicas pode ser menor” (Katzung, 2010) CONCLUSÃO
Em análise comparativa, através desse experimento com Mus musculus, notou-se
que o cálculo do índice terapêutico é de extrema importância para os clínicos, que precisam estar bem atentos a esses valores, visto que se pode observar a ação letal de um fármaco quando administrado em quantidades acima das doses terapêuticas. Então, é com base nas DL50 de várias substâncias que são estabelecidas classes toxicológicas de produtos químicos e farmacológicos. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
GILMAN, A. G. As Bases Farmacológicas da Terapêutica. 10ª Ed. Rio de Janeiro:
Mcgraw-Hill, 2005.
VALADARES, M. C. Avaliação de toxicidade aguda: estratégias após a era do teste
DL50. Revista Eletrônica de Farmácia Vol 3(2),93-98,2006, Faculdade de Farmácia, Universidade Federal de Goiás-GO
KATZUNG, B. G. Farmacologia Básica e Clínica. 10ª Ed. Rio de Janeiro: Mcgraw-Hill,