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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ – UESPI

FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS – FACIME – CCS


CURSO: MEDICINA
DISCIPLICINA: FARMACOLOGIA
PROFESSORES: MÁRIO RAULINO; FABRÍCIO

DETERMINAÇÃO DA DOSE LETAL em Mus musculus

LEONARDO HOLANDA DE MOURA


MATRICULA: 1021508

Teresina, abril/2011
INTRODUÇÃO

“A curva quantal de dose- efeito freqüentemente é caracterizada


especificando-se a dose efetiva mediana (ED50), a dose na qual 50% dos
indivíduos exibe o efeito quantal especificado. De maneira semelhante, a
dose necessária para produzir um efeito tóxico particular em 50% dos
animais é chamada de dose tóxica mediana (TD50). Se o efeito tóxico for a
morte do animal, uma dose letal mediana (LD50) pode ser
experimentalmente definida [...] Uma medida, que relaciona a dose
necessária de um fármaco para produzir um efeito desejado com aquela que
produz um efeito não-desejado, é o índice terapêutico.” (KATZUNG, 2010)
O objetivo desta prática foi o estudo da toxicidade de uma droga (Tionembutal
sódico) e o estabelecimento da correlação dose-efeito de uma droga em grupo de animais da
espécie Mus musculus.
MATERIAIS E MÉTODOS

Foram utilizados quatro camundongos da espécie Mus musculus para três


bancadas de grupos num total de doze animais. Cada grupo de animal recebeu uma dose
diferente de Tionembutal sódico por via intraperitoneal com concentração e dosagem de cada
aplicação variando de acordo com o lote de animais utilizado: o primeiro grupo (A) recebeu
uma dose de 50mg/kg da droga, na concentração de 5mg/ml ; o segundo grupo (B) recebeu
uma dose de 100mg/kg, na concentração de 10mg/ml; e o terceiro (C) recebeu uma dose de
200mg/ml, na concentração de 20mg/ml. Os animais foram pesados na balança, para o cálculo
dos volumes a serem administradas. Anotou-se o momento exato de cada injeção, e, após 20
minutos, observou-se o comportamento dos animais.
DISCUSSÃO

“O teste da DL50 foi inicialmente introduzido em 1927 por Trevan


para avaliar substâncias que seriam utilizadas por seres humanos como a
digitallis e a insulina. Entretanto, na década de setenta, este teste, o qual tinha
como objetivo encontrar uma única dose letal de uma substância para metade
dos animais do grupo teste começou a ser empregado amplamente como base
de comparação e classificação da toxicidade de substâncias. Este teste tornou-
se gradativamente um teste pré-requisito para várias agências reguladoras,
como a americana Food and Drugs Administration (FDA), responsáveis pela
a aprovação de novos fármacos, aditivos alimentares, ingredientes
cosméticos, produtos domésticos, químicos industriais e pesticidas. Para a
realização do teste da DL50 eram empregados mais de 100 animais para cada
espécie estudada (normalmente ratos e camundongos) e para cada substância
testada” (VALADARES, 2006).
Para GILMAN (2005) existem diferenças marcantes nas DL50 dos vários
compostos químicos. Alguns provocam a morte em doses equivalentes a uma fração de
micrograma (a DL50 da toxina botulínica é de 10 pg/kg); outros podem ser relativamente
inofensivos em doses de vários gramas ou mais. Embora tenham sido descritas categorias de
toxicidade com alguma utilidade prática, baseadas na quantidade necessária para causar a
morte, geralmente não é fácil diferenciar entre as substancias atóxicas e tóxicas. Embora a
sociedade espere que o toxicologista classifique todas as substâncias químicas como seguras
ou toxicas, isto não é possível. A questão principal é o risco associado ao uso de determinado
composto químico, e não se ele é tóxico ou seguro.
Ao final do experimento, realizado no laboratório de farmacologia da Faculdade
de Ciências Médicas, os resultados foram apresentados em tabela e gráfico, ambos expondo as
variações dose-efeito, a espera de interpretação. A análise sobre a população de Mus
musculus foi baseada em dois parâmetros já pré-estabelecidos: quantidade de animais
anestesiados (efeito esperado) e quantidade de animais mortos (toxicidade)
No gráfico vemos o que Katzung chama de curva quantal de dose-efeito, cujo
traçado correto é representado por uma curva sigmóide. No eixo das abscissas encontram-se
os valores das doses administradas por cada grupo, e as ordenadas revelam a proporção dos
parâmetros preditos. A equação matemática correspondente à curva sigmóide é de difícil
manuseio (visto que não usamos uma quantidade de amostras maior) e, por isso fomos
obrigados transformá-la em uma linha curva para apresentação e avaliação dos valores.
Nos estudos animais, o índice terapêutico em geral é definido como a proporção
de LD50 para ED50, para algum efeito terapeuticamente relevante. A precisão possível em
experimentos com animais pode tornar útil o uso de tal índice terapêutico para estimar o
benefício potencial de um fármaco em seres humanos. Obviamente, o índice terapêutico de
um fármaco nos seres humanos quase nunca é conhecido com precisão; por outro lado, os
experimentos com fármacos e a experiência clínica acumulada revelam uma faixa de doses
em geral eficazes e uma faixa diferente (mas algumas vezes sobreposta) de doses
possivelmente tóxicas.
Então, como pudemos observar nos resultados da prática com Mus musculus, a
ED50 foi fixado em aproximadamente 75mg/kg, e, a LD50 em 150mg/kg. Logo o índice
terapêutico foi estimado em 2 (duas) unidades. De acordo com as literaturas especializadas no
assunto, um índice terapêutico considerado razoável para usos clínicos é de pelo menos 10 u.,
ou seja, um número cinco vezes maior que o resultado encontrado para o tionembutal.
O fundamento biológico desta relação pode ser compreendido parcialmente
quando se pensa na natureza da distribuição de frequência das suscetibilidades ou resistências
individuais em uma população. Medicamentos com amplo índice terapêutico apresentam uma
ampla faixa de concentração que leva ao efeito requerido, pois, as concentrações
potencialmente tóxicas excedem nitidamente as terapêuticas, esta faixa de concentração é
denominada "janela terapêutica.
É importante salientar que drogas com valores baixos desse índice nem sempre
são descartadas como opção de tratamento de alguma enfermidade, logicamente outras
variáveis devem estar disponíveis aos clínicos para que essa decisão não seja equivocada.
“O risco clinicamente aceitável de toxicidade depende
decisivamente da gravidade da doença que está sendo tratada. Por exemplo, a
faixa de dose que promove alívio de uma cefaléia comum na grande maioria
dos pacientes deve ser muito mais baixa do que a que produz toxicidade
grave, mesmo se a toxicidade ocorrer em uma pequena minoria de pacientes.
Entretanto, para o tratamento de uma doença letal, como o linfoma de
Hodgkin, a diferença aceitável entre doses terapêuticas e tóxicas pode ser
menor” (Katzung, 2010)
CONCLUSÃO

Em análise comparativa, através desse experimento com Mus musculus, notou-se


que o cálculo do índice terapêutico é de extrema importância para os clínicos, que precisam
estar bem atentos a esses valores, visto que se pode observar a ação letal de um fármaco
quando administrado em quantidades acima das doses terapêuticas. Então, é com base nas
DL50 de várias substâncias que são estabelecidas classes toxicológicas de produtos químicos
e farmacológicos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

GILMAN, A. G. As Bases Farmacológicas da Terapêutica. 10ª Ed. Rio de Janeiro:


Mcgraw-Hill, 2005.

VALADARES, M. C. Avaliação de toxicidade aguda: estratégias após a era do teste


DL50. Revista Eletrônica de Farmácia Vol 3(2),93-98,2006, Faculdade de Farmácia,
Universidade Federal de Goiás-GO

KATZUNG, B. G. Farmacologia Básica e Clínica. 10ª Ed. Rio de Janeiro: Mcgraw-Hill,


2010

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