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Absolutismo

Absolutismo é uma teoria política que defende que uma pessoa (em geral, um monarca)
deve deter um poder absoluto, isto é, independente de outro órgão, seja ele judicial,
legislativo, religioso ou eleitoral. Os teóricos de relevo associados ao absolutismo
incluem autores como Maquiavel, Jean Bodin, Jaime I de Inglaterra, Bossuet e Thomas
Hobbes. Esta idéia tem sido algumas vezes confundida com a doutrina protestante do
"Direito Divino dos Reis", que defende que a autoridade do governante emana
directamente de Deus, e que não podem ser depostos a não ser por Deus, defendido por
alguns absolutistas como Jean Bodin e Jaime I.

O Absolutismo na Europa
Em Portugal, o absolutismo passou por várias fases de desenvolvimento num sentido
crescente do aumento de autoridade e concentração do poder nas mãos dos reis,
atingindo o seu auge no reinado de João V. Contudo, não se pode determinar com muita
precisão o período em que a monarquia portuguesa já se encontra estruturada em bases
absolutistas. Essa questão é difícil de datar porque as raízes do poder monárquico foram
se desenvolvendo aos poucos, em várias estruturas e crescendo ao longo de três séculos.
Outrora, devemos entender o regime absolutista português como um processo de longa
duração, e ao decorrer de toda a Época Moderna, colheu frutos do prestígio que tinha
em seu território.

A Espanha conheceu em 1469 a unificação política com o casamento da rainha Isabel de


Castela com o rei Fernando de Aragão. Unificado, o reino espanhol reuniu forças para
completar a expulsão dos mouros e, com a ajuda da burguesia, lançar-se às grandes
navegações marítimas.

Na França, o longo processo de centralização do poder monárquico atingiu seu ponto


culminante com o rei Luís XIV, conhecido como "Rei Sol", que reinou entre 1643 e
1715. A ele atribui-se a célebre frase "o Estado sou eu". Ao contrário de seus
antecessores, recusou a figura de um "primeiro-ministro", reduziu a influência dos
parlamentos regionais e jamais convocou os Estados Gerais.

Na Inglaterra, o absolutismo teve início em 1509 com Henrique VIII, que apoiado pela
burguesia, ampliou os poderes monárquicos, diminuindo os do parlamento. No reinado
da Rainha Elisabeth I, o absolutismo monárquico foi fortalecido, tendo iniciado a
expansão marítima inglesa, com a colonização da América do Norte. Contudo, após a
Guerra Civil Inglesa, o Absolutismo perdeu força em Inglaterra, com o rei gradualmente
perdendo poderes em favor do Parlamento. A Revolução de 1688 - a "Revolução
Gloriosa" - pôs um ponto final no absolutismo inglês.

Inglaterra e o Absolutismo
O DESENVOLVIMENTO DA ECONOMIA MERCANTIL INGLESA
Durante a época feudal, a população da Inglaterra vivia em maior parte no campo, em comunidades
locais que produziam lãs e víveres para o próprio consumo. As terras eram cultivadas visando o sustento
familiar e passavam de pais para filhos. Os camponeses exploravam seus lotes dispersos em faixas pelas
propriedades senhoriais, num sistema denominado "campos abertos: Eles utilizavam também as terras
comuns" dos domínios para a pastagem do gado, a caça ou a obtenção madeira.

Gradualmente a partir do século XV, as aldeias começaram a modificar. Os gêneros agrícolas e as lãs
nelas produzidos passaram ser vendidos em regiões mais afastadas, iniciando-se a formação de u:
mercado nacional. A facilidade na obtenção da 19 favoreceu o desenvolvimento da indústria têxtil que se
espalhou pelas aldeias através sistema doméstico de produção, fugindo às restrições impostas pelas
corporações de ofício nas cidades.

À medida que o comércio da lã aumentava, os proprietários c terras iniciaram o cercamento de seus


campos abertos (num processo denominado "enclousure" surgido no século XVI e que se estendeu até
século XIX), expulsando os camponeses de seus lotes e acabando com os direitos tradicionais de
utilização das "terras comuns" dos domínios Os enclousures tinham por objetivo favorecer a criação
intensiva d carneiros para o fornecimento de lã em bruto e contou sempre com o apoio do Parlamento.

As regiões do sul e do leste da Inglaterra especializaram-se na produção de lã e de alimentos, cujos


preços estavam em ascensão. A., terras se valorizaram, transformando-se numa mercadoria como outra
qualquer podendo ser compradas, vendidas ou arrendadas, a critério de seu proprietário, 0 uso da moeda
(Aumentado com a chegada do ouro e da prata da América) generalizou-se, substituindo o pagamento em
espécie ou em trabalho entre camponeses e proprietários.

No século XVI, a Inglaterra tornou-se também um grande centro de extração de carvão e de produção de
ferro, estanho, vidro, sabões e construção naval. Além da indústria têxtil, espalhada por burgos e aldeias
do interior, surgiram empresas que utilizavam métodos novos para a extração do sal, o fabrico do papel, o
refino do açúcar e a fundição do ferro e do cobre, A exploração das minas de carvão foi melhorada 1 com
a utilização de bombas que permitiam o trabalho a grande profundidade.

Os lucros obtidos na produção e na exportação de mercadorias passaram - a ser investidos na compra de


terras, ainda a principal riqueza e fonte de poder, por comerciantes, manufatureiros, traficantes e homens
de negócios em geral. Surgiram assim os "agricultores capitalistas", um novo grupo de proprietários
rurais, que investia seus ganhos na exploração comercial da terra.

0 desenvolvimento da economia mercantil dividiu os proprietários de terras e de riquezas em dois grupos


antagônicos. De um lado, a alta nobreza formada pela antiga aristocracia dos "pares" do reino, que vivia
das rendas fixas da terra e dos favores da corte e interessava-se em manter as práticas e os costumes
feudais. De outro lado, consolidava-se a burguesia urbana e a "gentry" formada pela pequena burguesia
independente e pelos novos agricultores capitalistas; esse grupo era partidário do cercamento dos
campos e da liberdade de produção e de comercio.

A população rural também foi afetada pelo crescimento econômico. Havia os camponeses "yeomen"
(pequenos e médios proprietários de terras) a os camponeses arrendatários que não eram donos dos
lotes que cultivavam. A maioria dos yeomen que possuía propriedades de tamanho médio e produzia para
o mercado, progrediu. Já os pequenos proprietários e os arrendatários com o início do cercamento dos
campos, perderam suas terras e transformaram-se em assalariados ou desocupados.

Com a expulsão dos camponeses das terras cercadas, as revoltas tornaram-se freqüentes na Cornualha,
no Devonshire e em Norfolk. 0 governo inglês tentou interferir, defendendo para os camponeses as 'Ire
servas de terras de uso comum", para a pastagem do gado, mas não obteve êxito, visto que a iniciativa ia
contra os interesses da gentry e dos camponeses proprietários (os yeomen), beneficiados pelos
cercamentos que possuíam representantes no Parlamento.

0 desenvolvimento econômico e a generalização do uso da moeda trouxeram lucros para a burguesia


urbana, a gentry e parte da yeo manry, grupos sociais que se dedicavam ao comércio e à produção,
enquanto que a alta nobreza e grande parte dos camponeses viam seus rendimentos diminuírem ou
perderem seu valor.

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