Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
BELÉM
2011
1. INTRODUÇÃO
Nos dias atuais a utilização integral dos alimentos e, consequentemente, de seus
nutrientes [as partes não utilizadas dos alimentos em sua maioria são fonte de vitaminas
(especialmente A e C), além de ferro, potássio e outros componentes], tem sido alvo de
estudos e pesquisas em Instituições de Ensino, órgãos governamentais e não governamentais.
Isto parte da necessidade do reaproveitamento desta matéria orgânica alimentar, que até então
estava sendo descartada. São hábitos que ao longo do tempo foram se tonando frequentes no
cotidiano, assim acabaram compondo a sociedade contemporânea.
2. OBJETIVO
2.1. Geral: Realizar preparação culinária baseada no conceito de aproveitamento
integral dos alimentos, utilizando a matéria prima base em sua totalidade e,
consequentemente, os recursos disponíveis sem desperdício, além da defesa de princípios da
economia doméstica, nutrição e meio ambiente.
2.2. Específico: Produzir biscoitos tendo como matéria prima principal as cascas da
goiaba, utilizando a polpa do fruto para a produção de geléia, que acompanhará em forma de
recheio a preparação principal.
3. DESENVOLVIMENTO
3.1. Considerações gerais sobre o grupo das frutas
O grupo das frutas são alimentos fontes de vitamina, minerais e fibras e devem estar
presentes na maioria das refeições, pois minimizam ao risco de doenças crônicas não
transmissíveis (o consumo inadequado de frutas é um dos cinco principais fatores associados
a carga total de doenças segunda a OMS), além de serem consideradas alimentos de baixa
densidade energética. Fornecem ainda pequenas quantidades de proteínas e lipídeos e as
quantidades de carboidratos são variáveis. Segundo a pirâmide alimentar brasileira, a
recomendação diária para uma dieta de 2000 Kcal é de três porções por dia do grupo das
frutas (70 calorias por porção) (PHILIPPI, 2006).
Segundo Philippi (2006), as frutas são consideradas alimentos funcionais porque são
fontes de substâncias bioativas ou fitoquímicos, constituintes que ocorrem em pequenas
quantidades nos alimentos e podem ainda conferir diversos benefícios a saúde do ser humano.
Classificados em diferentes formas sendo a principal delas quanto a sua natureza química e
molecular.
Fonte: www.informacaonutricional.net/nutricao/goiaba-vermelha-tabela-valor/
O Centec (2004), afirma também que além da goiaba, as folhas novas são também
empregadas como antidiarréicos, na forma de chá ou a partir da mastigação e, depois de
digeridas no seu estado natural. Além disso, a goiaba apresenta diversos nutrientes
interessantes em sua composição.
Este fruto possui grande quantidade de vitaminas, embora com destaque para as
Vitaminas A e Vitamina C (cerca de sete vezes mais do que a laranja), a goiaba apresenta
teores satisfatórios de Vitaminas do Complexo B, especialmente a Tiamina (B1), Riboflavina
(B2) e Niacina. A Vitamina A (também conhecida como retinol), possui função específica na
retina dos olhos. Forma metabolicamente ativa, estável ao calor e luz. Possui função na visão,
no crescimento e desenvolvimento ósseo, manutenção do tecido epitelial, imunidade,
reprodução e anticancerígena. Sua deficiência é responsável pela xeroftalmia e cegueira
noturna, reduz o risco de câncer de mama, próstata, útero, ataques cardíacos e derrames. As
goiabas de polpa vermelha apresentam quantidades apreciáveis de Vitamina A e devem ser
indicadas como importante fonte natural de suprimento; A Vitamina C é uma molécula ácida
com forte atividade redutora e atua como antioxidante sobre radicais livres e na reciclagem da
Vitamina E. A primeira é necessária para a manutenção do colágeno participando na
hidroxilação da prolina formando a hidroxiprolina. Os valores elevados de Vitamina C
encontrados na goiaba são bastante superiores aos das frutas cítricas, constituindo-se em
importante fonte de ácido ascórbico (IBRAF, 2009; NETO, 2007; PHILIPPI, 2008).
Neto (2007) e Philippi (2008) compartilham que este fruto também se apresenta como
fonte de minerais, pois possui ainda uma parcela de Potássio (K), sendo o mais importante
presente nas frutas. Apresenta maior concentração intracelular, sendo um eletrólito
responsável pela manutenção do equilíbrio hidroeletrolítico, impulso nervoso, pela
concentração muscular e funcionamento cardíaco. A importância do Cálcio (Ca), Ferro (Fe),
Magnésio (Mg), Fósforo (P) e Potássio (K) para o organismo humano é amplamente
difundida.
O Cálcio (Ca) é elemento constituinte dos ossos, promove o equilíbrio das células,
contribui para ativar enzimas e também na assimilação da Vitamina D. Ainda tem ação na
contração muscular, na transmissão do impulso nervoso, na coagulação do sangue e ação
hormonal; O Ferro (Fe) é um metal importante para o metabolismo de todos os organismos
vivos e exerce varias funções fisiopatológicas sobre os mesmos; Íons Magnésio (Mg)
possuem também localização intracelular e indispensável em reações enzimáticas e ainda
importante no metabolismo de outros minerais. Compõe a estrutura óssea e participa da
transmissão neuromuscular. Amplamente distribuído nos alimentos tendo como principais
fontes as verduras. Sua deficiência pode acarretar irritabilidade muscular, arritmias cardíacas
e tetania; O Fósforo (P) participa do desenvolvimento e endurecimento dos ossos e dentes e é
elemento constituinte dos ácidos nucleicos e dos compostos ricos em energia; Íons Potássio
(K) regulam o equilíbrio de água no organismo, sendo que sua carência provoca fraqueza
muscular e confusão mental. Constipação, redução de reflexos e ressecamento da pele
também estão relacionados à falta deste nutriente no organismo. Os teores destes elementos
na goiaba vermelha estão bastante equilibrados atingindo, sempre, índices médios a altos
quando comparados a outras frutas (NETO, 2007; PHILIPPI, 2008; SOUZA, 2003).
É importante salientar que foram utilizadas 3 (três) unidades médias de goiaba nas
preparações (que posteriormente foram unidas em uma só), totalizando 435g de fruto.
A cocção dos biscoitos foi feita em forno pré-aquecido (200°C), chegando a uma
média de 13 minutos (tempo que estes levaram para “dourar”). Momento em que foram
retirados do forno (Figura 7).
Figura 7 – Biscoitos depois de retirados do forno.
3.6. Resultados
Os valores de rendimento (g) e tempo de cocção (minutos) referente à massa
homogênea e a geléia separadamente, podem ser observados na Tabela 3. Após o termino da
preparação culinária, os valores de per capita, rendimento (unidades), índice de cocção (IC),
rendimento (%) e quantidade separada para análise microbiológica (realizada posteriormente)
foram disponibilizados na Tabela 4, bem como a informação nutricional desta, que está
disposta na Tabela 5.
Tabela 3 – Valor de rendimento (g) e tempo de cocção referente à massa e a geléia dos
biscoitos da casca de goiaba com geléia de goiaba.
Tabela 4 – Valor de per capita, rendimento (unidades), índice de cocção (IC), rendimento
(%) e quantidade separada para análise microbiológica referente aos biscoitos das
cascas de goiabas recheados com geléia de goiaba.
Tabela 5 – Informação nutricional dos biscoitos de casca de goiaba com geléia de goiaba.
INFORMAÇÃO NUTRICIONAL
Porção de 70,5g (3 unidades de biscoito)
Quantidade por porção
Valor energético 204,3Kcal=858,06Kj
Carboidratos 35,74g
Proteínas 8,63g
Gorduras totais 6,45g
Gorduras saturadas não contém
Gordura trans não contém
Fibra alimentar 2,1g
Sódio 75,31mg
Minerais e Vitaminas
Potássio 47,6mg
Cálcio 5,28mg
Fósforo 3,6mg
Magnésio 1,7mg
Ferro 0,17mg
Vitamina C 52,4mg
Vitamina A 30,1µg
Fontes: Preparação culinária (2011); NEPA-UNICAMP (2006); Pinheiro et al (2005)
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Portanto, melhor sobrar do que faltar? Nem um, nem outro! O importante, como
sempre, é o equilíbrio. Saber utilizar todas as partes dos alimentos contribui para que,
principalmente, não sobre comida para uns e falte para outros (BADAWI, 2008).
A preparação culinária exposta nesse trabalho teve ótima aceitação, correspondendo às
expectativas da equipe de manipuladores que a desenvolveu, tendo em vista a aplicação
prática dos conhecimentos socializados gerar uma receita muito interessante. Os resultados
obtidos foram excelentes e positivos sobre vários aspectos: obter uma boa alimentação, causar
menor sobrecarga de exploração do meio ambiente, de combate ao desperdício, e de
disseminar uma inovação educativa para um consumo sustentável. Pode-se melhorar a
qualidade nutricional de refeições que são produzidas, utilizando as partes dos alimentos que,
muitas vezes, por falta de informações, ou preconceitos são jogadas no lixo.
5. REFERÊNCIAS
BADAWI, C. Aproveitamento Integral dos Alimentos: Melhor sobrar do que faltar? -
Acadêmica de Nutrição da FSP – USP, São Paulo – SP, 2008. Disponível em:
<http://www.nutrociencia.com.br/upload_files/arquivos/Artigo%208%20-
%20Aproveitamento%20Integral%20dos%20Alimentos.doc>. Acesso em 30 mar. 2011.
___________. Nutrição e Técnica Dietética. 2 ed. rev. e atual. – Barueri, SP: Malone, 2006.