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DIREITO
Divinópolis,setembro,2004
SOCIEDADE EDUCACIONAL E CULTURAL DE DIVINÓPOLIS
FACULDADES INTEGRADAS DO OESTE DE MINAS FADOM
DIREITO
Divinópolis,setembro,2004
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO.................................................................................................................. 08
3.1 – As Privatizações.................................................................................................. 22
5 – CONCLUSÃO.............................................................................................................. 48
OBRAS CONSULTADAS........................................................................................50
AVALIAÇÃO DA DEFESA
AVALIAÇÃO:
1º Argüidor:_____________________________________________
Grau____________
2º Argüidor:_____________________________________________
Grau____________
3º Argüidor:_____________________________________________
Grau____________
Conceitos
Zero a 6,9: INSUFICIENTE
7,0 a 8,9: APROVADO
9,0 a 10,0: APROVADO COM DISTINÇÃO
CONCEITO FINAL:_________
Divinópolis,setembro de 2004
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DEDICATÓRIA
É proposital a citação a produtos longos, uma vez que estes não se resumem apenas
em vergalhões para construção civil, mas, em cantoneiras, barras chatas, fio-máquina que
é um commoditie usado na fabricação de outros produtos, perfis leves e outros. Há no
mercado brasileiro, os conhecidos “relaminadores” que são empresas que adquirem no
mercado, placas de aço para relaminar e produzir cantoneiras, barras chatas, perfis e, até
possivelmente os vergalhões de aço.
Este tema, sempre me chamou a atenção, haja vista que o setor siderúrgico é
responsável, em todo o mundo, pelas maiores movimentações de volume de cargas e de
dinheiro.
Para ampliarem seus lucros, as empresas criaram uma barreira técnica que
determina ser o vergalhão de aço CA-50A o único com possibilidade de comercialização
no país. Com essa atitude passaram a impedir a entrada de produtos e produtores
concorrentes no país, podendo inclusive influir nos resultados de concorrências públicas.
É esta a garantia manifestada pela Constituição Federal de 1988, que trouxe outra
fundamentação ideológica para a atuação do Estado no domínio econômico.
1 GLÓRIA, Daniel de Almeida. A Livre Concorrência como Garantia do Consumidor. São Paulo:
Del Rey, 2003. 78 p.
2 FONSECA, João Leopoldino. Direito Econômico. 5 ed. São Paulo: Forense. 2004. 168 p.
3 FONSECA, João Leopoldino. Direito Econômico. 5 ed. São Paulo: Forense. 2004. 179 p.
Esta exceção está restrita à necessidade decorrente de dois fatores determinantes:
imperativos de segurança nacional e relevante interesse coletivo.
No entanto, fica vago e difícil determinar essas duas regras4. Há uma infinidade de
atividades econômicas que podem ser colocadas como imperativo de segurança nacional,
assim como de interesse coletivo.
4 Dispõe o artigo 173 da CF/88: “Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração
direta da atividade econômica só será permitida quando necessária aos imperativos da segurança
nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei”.
Parágrafo único – Os poderes públicos verificarão, periodicamente, o
padrão de vida nas varias regiões do paiz.
5 CHAMPANHOLE, Hilton Lobo. Constituições do Brasil. 2 ed. São Paulo: Atlas. 2003.
no jogo das competições individuais o pensamento dos interêsses da
Nação, representados pelo Estado. A intervenção no domínio
econômico poderá ser mediata e imediata, revestindo a forma do
contrôle, do estímulo ou da gestão direta (Constituição Federal de
1937).
IV – livre concorrência;
De acordo com o seu § 1º o CADE pode autorizar atos que atendam às condições:
“I - tenham por objetivo, cumulada ou alternativamente: a) aumentar a produtividade; b)
melhorar a qualidade de bens ou serviços; ou c) propiciar a eficiência e o desenvolvimento
tecnológico ou econômico; II – os benefícios decorrentes sejam distribuídos
equitativamente entre os seus participantes, de um lado, e os consumidores ou usuários
finais, de outro; III – não impliquem eliminação da concorrência de parte substancial de
mercado relevante de bens e serviços; e IV – sejam observados os limites estritamente
necessários para atingir os objetivos visados".
6 GOLDMAN, Berthold. Droit Commercial Européen. Paris: Ed. Dalloz. 1994. Citação 473 p.
O art. 54 traz, ainda, uma regra específica às operações de concentração, no § 3º,
que estabelece: “Incluem-se nos atos de que trata o caput àqueles que visem a qualquer
forma de concentração econômica, seja através de fusão ou incorporação de empresas,
constituição de sociedade para exercer o controle de empresas ou qualquer forma de
agrupamento societário, que implique participação de empresas ou grupos de empresas
resultante em 20% de um mercado relevante, ou em que qualquer dos participantes tenha
registrado faturamento bruto anual no último balanço equivalente a R$ 400.000.000,00
(quatrocentos milhões de reais)”.
Deve ser observado que a elaboração da Lei 8.884, de 1994, inclusive com o
controle de atos de concentração, expressou uma opção pela independência do CADE e da
aplicação da lei, de maneira geral, com relação a interesses políticos ou setoriais. Editada
sob o peso da histórica inefetividade da lei anterior, a de n. 4.137, de 1962, procurou-se
por os órgãos encarregados da aplicação da lei a salvo de pressões de interesses
econômicos envolvidos. Não existe na lei antitruste brasileira, assim, a previsão de uma
instância política de revisão das decisões do CADE em matéria de concentrações, tal
como na lei alemã ou na francesa, nas quais o Ministro da Economia pode reconsiderar a
operação a pedido das partes envolvidas e aprová-la em consideração a questões sociais,
de comércio internacional ou de racionalização.
A lei 8.884, de 1994 estabelece, no artigo 58, que o plenário do CADE deve levar
em consideração o grau de exposição do setor à competição internacional e as alterações
no nível de emprego, dentre outras circunstâncias relevantes, ao definir os compromissos
de desempenho, cuja finalidade principal, de qualquer forma, é assegurar o cumprimento
das condições previstas no artigo 1º.
Ao longo dos anos 80, a crise da dívida externa refletiu negativamente na demanda
interna de aço. As siderúrgicas passaram assim a exportar seus produtos com menor
retorno, de forma a somente garantir a presença no mercado internacional e a manutenção
da produção e de empregos, embora estes últimos tiveram um reflexo negativo em função
das novas tecnologias e da globalização.
Não Planos:
Planos:
Usiminas – Cosipa;
Acesita – Cia. Sid. Tubarão – CST. (Arcelor);
Cia. Siderúrgica Nacional – CSN.
O setor siderúrgico brasileiro consolidou-se em dois grandes grupos na área de
longos (fio máquina – vergalhões – arames), e três no setor de planos (Chapas e
revestidos)7:
QUADRO 2.1
Setor Siderúrgico Brasileiro
PRODUTOS EMPRESAS
Usinas Semi-acabados Açominas/MG. - CST/ES.
Integradas Aços Especiais Acesita/MG. – Mannesman/MG.
Laminados Planos Cosipa/SP. – CSN/RJ. – Usiminas/MG. –
CST/ES.
Laminados Longos Belgo Mineira/MG. - Gerdau/MG.
Belgo Mineira/ES.
Aços Especiais Aços Villares/SP. – Villares Metais/SP.
Usinas Semi Gerdau/RS.
Integradas Laminados Longos Gerdau (CE., PE., BA., RJ., PR., RS)
Cia. Siderúrgica Barra Mansa/RJ.
Belgo Mineira Participações/MG.
Cia. Siderúrgica Itaúna/MG.
Laminados Planos Vega do Sul/SC. CSN/PR.
FONTE: BNDES (1998) – Atualizado até Dezembro de 2003.
Em função desse novo padrão competitivo e de acordo com esta nova base
tecnológica, e considerando também as influências da globalização dos mercados, ocorreu
a reestruturação do setor siderúrgico brasileiro.
Esta mudança consolidou-se a partir de 1993 com a oferta de aço dirigindo-se mais
ao atendimento do mercado interno, impulsionado pela crescente demanda especialmente
dos segmentos automobilístico, construção civil e eletro–eletrônicos, grandes
consumidores de produtos de aço.
3.1. - As Privatizações
10 ROSSETTI, José Paschoal. Introdução à Economia – 18 ed. São Paulo: Atlas. 2000.
Segundo Paula11, a literatura sobre concentração industrial na siderurgia foi
extremamente influenciada pelo trabalho de outro economista, Orris C. Herfindahl. Este
economista desenvolveu originalmente um dos índices de concentração mais utilizados no
mundo, que atualmente é conhecido como Herfindahl-Hirschman. Além da importância
deste indicador para o estudo de concentração em qualquer indústria, não se pode
esquecer que a própria tese de doutorado de Herfindahl foi sobre a indústria siderúrgica.
Ela foi defendida, em 1950, na Columbia University, sob o título de “Concentration in the
Steel Industry”.
11 PAULA, Germano Mendes. Setor de Aços Longos Comuns (Vergalhões). Instituto de Economia.
Universidade Federal do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 1996.
12 PAULA, Germano Mendes. Setor de Aços Longos Comuns (Vergalhões). Instituto de Economia.
Universidade Federal do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 1996.
13 Degradação
Resumidamente, as principais condições de existência da concorrência perfeita no
mercado siderúrgico brasileiro de produtos longos passariam por um grande número de
compradores e vendedores, no entanto, os produtores estão limitados a três, conforme
indicados no quadro abaixo, já os compradores, estão pulverizados, sendo uma pequena
parcela de grandes construtoras que compram com preços diferenciados:
QUADRO 3.1
SETOR SIDERÚRGICO DE AÇOS LONGOS
PRODUTOS EMPRESAS
USINAS Laminados Belgo Mineira (MG – ES) – Gerdau (MG)
INTEGRADAS Longos
USINAS Laminados Gerdau (CE – PE – BA – RJ – PR – RS) – Mendes Jr.
SEMI Longos BMP (MG) – Barra Mansa (RJ) – Belgo Mineira
INTEGRADAS Dedini (SP) – Belgo Mineira-Itaúna (MG)
Fonte: BNDES (1998) Atualizado até Dezembro de 2003.
Aços Longos:
Gerdau: Açominas – Cia Sid. Pains – Aliperti – Usiba – Usinorte;
Belgo Mineira: Mendes Junior – Cofavi – Dedini – Itaunense, Belgo Mineira;
Votorantin: Cia. Siderúrgica de Barra Mansa.
Quanto ao seu conteúdo, o princípio da livre concorrência teria que ser identificado
com a liberdade de atuar nos mercados buscando a conquista de clientela, com a
expectativa de sua aplicação levar os preços do aço a níveis razoavelmente baixos,
chegando, no caso extremo de concorrência perfeita, o que não se percebe.
14 ROSSETTI, José Paschoal. Introdução à Economia. 18 ed. São Paulo: Atlas. 2000.
Atomização. Onde o número de agentes compradores e vendedores fosse
de tal ordem que nenhum deles possuíssem condições para influenciar o
mercado. A expressão de cada um fosse insignificante no contexto. Suas
decisões, quaisquer que sejam, em nada interferissem no mercado. Esse
fosse totalmente despersonalizado (somente se nota no lado comprador).
As condições de equilíbrio prevalecentes não se modificassem sob a ação
de qualquer agente.
QUADRO 3.2
Participação das Siderúrgicas de Vergalhões no Mercado Brasileiro
17 FONSECA, João Bosco Leopoldino. Lei de Proteção da Concorrência. 2. ed. São Paulo: Forense.
155 e 156 p.
Um mercado relevante geográfico compreende a área em que as
empresas ofertam e procuram produtos/serviços em condições de
concorrência suficientemente homogêneas em termos de preços,
preferências dos consumidores, características dos produtos/serviços. A
definição de um mercado relevante geográfico exige também a
identificação dos obstáculos à entrada de produtos ofertados por firmas
situadas fora dessa área. As firmas capazes de iniciar a oferta de
produtos/serviços na área considerada após uma pequena, mas
substancial elevação dos preços praticados fazem parte do mercado
relevante geográfico. Nesse mesmo sentido, fazem parte de um mercado
relevante geográfico, de um modo geral, todas as firmas levadas em
conta por ofertantes e demandantes nas negociações para a fixação dos
preços e demais condições comerciais na área considerada18.
18 ROSSETTI, José Paschoal. Introdução à Economia – 18 ed. São Paulo: Atlas. 2000.
19 Tarugos são barras quadradas com diâmetro de 95 X 95 a 160 X 160 medindo até 12 metros,
obtidos a partir da fusão do aço, commoditie com aplicação na fabricação de tubos laminados a quente
(Mannesman), fio-máquina (que é outra commoditie), vergalhões, perfis, tubos, etc.
Para efeitos da aplicação da lei antitruste, porém, considera-se monopolizado o
mercado que tem uma empresa dominante e outras concorrentes comparativamente
pequenas, que não têm condições de enfrentar a monopolista. Esta última age de forma
independente e indiferente com relação às demais. Nos mercados monopolizados, a
fixação do preço e da quantidade produzida dá-se em bases bem diferentes da ocorrida em
outros regimes. Resumidamente, a informalidade de eventuais acertos favorece que eles
sejam frequentemente rompidos pelos produtores. Neste caso, o produtor influencia o
preço do bem controlando sua oferta, aliás, é em princípio igual à produção total do
mercado. Para maximizar seu lucro o monopolista produz uma quantidade menor do que
aquela que seria oferecida em condições competitivas.
Ao invés de produzir até que seu custo marginal se iguale ao preço, a conduta
racional esperada do monopolista é a produção até que seu lucro marginal – ou seja, o
preço que obtém pela unidade vendida a mais, menos seu custo de produção – seja igual
ao preço. Essa forma, obviamente, fixa o preço num patamar superior ao estabelecido em
concorrência, a este respeito leciona Shieber21:
20 FONSECA, João Bosco Leopoldino. Lei de Proteção da Concorrência. 2 ed. São Paulo: Forense.
2001. 156 p.
21 Shieber, Inocêncio. O Conceito de Dominação dos Mercados Nacionais na Lei Antitruste. São
Paulo: Revista dos Tribunais, v. 338. 1963. 36 p.
Os prejuízos sofridos pelos consumidores em mercados monopolizados são
evidentes, pois há uma redução do consumo e um aumento do preço pago pelo bem. No
seu livro “Defesa da Concorrência e Globalização Econômica”, Nusdeo fala dos reflexos
sociais do monopólio22:
25 PAULA, Germano Mendes. Setor de Aços Longos Comuns (Vergalhões). Instituto de Economia.
Universidade Federal do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 1996.
A Belgo-Mineira se confunde com a evolução da siderurgia brasileira e, em
particular, das produtoras integradas à base de carvão vegetal. As instalações iniciais da
Belgo-Mineira correspondiam a um alto-forno em Sabará, que tinha entrado em operação
em novembro de 1920. Em 1925, a chamada Usina de Siderúrgica (Sabará) tornou-se a
primeira usina integrada da América do Sul, isto é, fabricava desde o ferro gusa até o
produto final. Na década de 70, a laminação de perfis de Sabará foi desativada, mantendo-
se em operação um alto-forno (construído em 1975), a aciaria Siemens-Martin e a
trefilaria. A aciaria adotou, em dezembro de 1979, o processo sopro combinado, mas foi
desativada no início de 1983. Em janeiro de 1996, foi anunciada para março do mesmo
ano a desativação da área de fundição de Sabará26.
De 1924 a 1946, a produção anual brasileira evoluiu de 4,5 para 342 mil toneladas,
sendo a Belgo-Mineira responsável por 70% da produção. Em maio de 1947, foi
inaugurada a fábrica de tubos soldados e em janeiro do ano seguinte a galvanização de
tubos. A primeira sinterização27 que funcionou na América do Sul foi igualmente instalada
em Monlevade, operando a partir de setembro de 1948. E, em outubro de 1949, foi
comissionado o laminador “Steckel”, fabricando chapas para a planta de tubos e venda a
terceiros. Finalmente, a Belgo-Mineira instalou, em outubro de 1957, a primeira aciaria
LD do continente americano, com uma capacidade de 240 mil toneladas (ABM, 1975:
73). A Belgo-Mineira foi a sexta usina do mundo a implantar os conversores LD.
Gerdau e Belgo ganharam market share ao longo dos anos, por força da
aquisição/incorporação de diversas empresas produtoras de laminados longos, razão pela
qual apresentam crescimento nas produções ano a ano.
Como já deve estar claro, essa última discussão não pretende ser exaustiva, mas
apenas apontar evidências iniciais de que a privatização no Brasil não contribuiu para
aumentar a competitividade nos setores atingidos. O que provavelmente tornará
irrelevante o efeito das mesmas sobre a eficiência das empresas.
Quadro 3.5
QUADRO RESUMO DAS ESTRUTURAS DE MERCADOS BÁSICAS
Número Condições Controle
Diferenciação
$ de
do produto
de Entrada e sobre o Exemplo
Empresas saída preço
Concorrência Produtos
Muitos Fácil Nenhum Agricultura
Perfeita Padronizados
Concorrência Produto Relativamente
Considerável Leve Restaurantes
Monopolística Diferenciado Fácil
Produto Utilidades
Monopólio Um Bloqueada Forte
único públicas
Diferenciado Automóveis
Oligopólio Poucas Difícil Considerável
Padronizado Aços
Fonte: ROSSETTI, José Paschoal. Introdução à Economia.
28 FONSECA, João Bosco Leopoldino. Lei de Proteção da Concorrência. 2 ed. São Paulo.
Forense. 2001. 156 p.
do número de competidores vem seguindo uma tendência mundial e coincidindo com a
privatização da siderurgia no país.
Conforme já foi citado no presente trabalho, até final da década de 80, o setor
siderúrgico brasileiro era composto por mais de trinta grupos que atuavam em cenário de
reserva de mercado, via altas alíquotas de importação, e preços administrados pelo
governo.
O que se percebe é que é utópica a idéia de que na globalização o Estado possa agir
como regulador do mercado.
O pensamento filosófico de hoje, entende que a concorrência se dá de mercado
para mercado, e com o fluxo de capitais30, o Estado é simplesmente refém do mercado.
Não se percebe, no caso brasileiro, a “mão invisível” controlando e regulando este
mercado.
QUADRO 4.1
Participação das Siderúrgicas de Longos no Mercado Brasileiro
GRUPO/EMPRESA PARTICIPAÇÃO UNIDADES
Grupo Gerdau 49,5% Gerdau – Cosigua – Usiba – Pains –
Aliperti - Açominas
Belgo Mineira 40,9% Belgo Mineira – Dedini – Cofavi –
Mendes Júnior – Itaunense
Barra Mansa 9,6% Cia. Siderúrgica Barra Mansa
Fonte: BNDES (1998).
Observa-se a divisão de mercado, uma vez que construtoras instaladas nas regiões
metropolitanas não conseguem comprar de uma siderúrgica diferente da que lhe fornece.
Por exemplo, se determinada construtora é cliente Belgo Mineira, esta não consegue
adquirir vergalhões de Gerdau ou Barra Mansa e assim sucessivamente, ou seja, uma obra
iniciada com determinada marca de vergalhão, terminará fatalmente sem alternância do
produto. Não há concorrência33.
31 PAULA, Germano Mendes. Setor de Aços Longos Comuns (Vergalhões). Instituto de Economia.
Universidade Federal do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 1996.
32 PAULA, Germano Mendes. Setor de Aços Longos Comuns (Vergalhões). Instituto de Economia.
Universidade Federal do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 1996.
33 SECRETARIA DE DIREITO ECONÔMICO. MINISTÉRIO DA JUSTIÇA. Departamento de
Proteção e Defesa Econômica. Processo Administrativo 08012.004086/2000-21. Brasília. 2003
34 CASTELLS, Manuel. A Sociedade em Rede. São Paulo: Paz e Terra. 1999.
Quadro 4.1
Processos de Concentração Econômica na Siderurgia Brasileira de Aços Longos
Caso Legislação Forma e Decisão
Cosinor/ 8.158/91 Denúncia por Potenzinha (empresa dos funcionários) antes do
Gerdau fechamento da empresa, com base no abuso do poder econômico. O
grupo Gerdau não necessitou encaminhar consulta prévia para
aquisição, em função da legislação do programa de privatização não
exigir este procedimento. Situação: finalizado.
Açominas/ 8.158/91 Consulta da Mendes Jr. à Secretaria de Direito Econômico do
Mendes Jr. Ministério da Justiça. O caso de verticalização recebeu parecer
favorável da SDE/MF em janeiro de 1994. Situação: aprovado
Korf-Pains/ 8.884/94 Consulta do Grupo Gerdau á Secretaria de Direito Econômico do
Gerdau Ministério da Justiça, apesar da transação ser internacional: a
adquirente é a Laísa (Uruguai) e a vendedora é o Metallgesselchaft
(Alemanha). Duas questões foram consideradas: aumento do poder de
mercado do Gerdau e a possibilidade de utilização da tecnologia de
aciaria EOF pelo grupo. Situação: aprovado.
Dedini/ 8.884/94 Consulta da Belgo-Mineira à Secretaria de Direito Econômico do
Belgo-Mineira Ministério da Justiça. O ponto central é o aumento do poder de
mercado. Situação: aprovada.
Mendes Jr. / 8.884/94 Consulta da Belgo-Mineira à Secretaria de Direito Econômico do
Belgo-Mineira Ministério da Justiça. Deve considerar os riscos de fechamento da
usina. Situação: aprovado.
Cofavi/ 8.884/94 A Cia. Ferro e Aço Vitória no Espírito Santo era arrendada da massa
Belgo Mineira falida pela Cia. Siderúrgica Belgo Mineira. Houve em 2004 o leilão da
empresa que foi adquirida pela Belgo Mineira. Situação: A AMIDA –
Associação Mineira dos Distribuidores de Aço denunciou o fato a SDE
uma vez que o CADE não foi comunicado.
Fonte: Secretaria de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda
A Belgo Mineira passou a fazer parte do gigante mundial de aços Arcelor, a partir
de 2002 com a fusão de três grupos siderúrgicos europeus: o luxemburguês Arbed que era
o proprietário da Belgo Mineira, o espanhol Aceralia e o francês Usinor.
Ocorreu que no início dos anos 80, algumas produtoras de laminados longos
especiais, frente à queda mais acentuada da demanda destes produtos, intensificaram a
fabricação de laminados longos comuns. Como a crise afetou mais vigorosamente o
segmento de laminados especiais, seus produtores acentuaram a concorrência no
segmento de longos comuns, produzindo vergalhões.
A maior dificuldade até hoje para a celebração dos acordos de leniência está no
fato de que, como se viu acima, os cartéis no Brasil são também crimes. Segundo afirmou
o Secretário de Acompanhamento Econômico, Cláudio Considera, o Cade e o Ministério
Público ainda não chegaram a um acordo sobre a viabilidade da extinção da punibilidade
ser declarada mediante o cumprimento do acordo de leniência, mas estão em vias de
superar esse entrave.
Obras Consultadas:
ROSSETTI, José Paschoal. Introdução à Economia. 18 ed. São Paulo: Atlas. 2000.