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ESTRUTURA DAS PALAVRAS

“Água dos igarapés onde Iara, mãe-d’água

É misteriosa canção”

Nesses versos, o adjetivo misteriosa relaciona-se com o substantivo canção, concordando


com ele. Se, em vez do substantivo canção, tivesse sido empregado o substantivo canto, o
adjetivo mudaria a forma para concordar com ele (misterioso canto).

Como você pôde notar, a mudança na forma não ocorreu na palavra inteira, mas apenas
em uma parte dela, que é o elemento que indica o gênero: misteriosa/misterioso.

As palavras normalmente são formadas pela combinação de elementos que já existiam na


língua; por isso, é possível decompor a maioria delas em unidades menores de sentido.

ELEMENTOS MÓRFICOS: São as unidades menores de sentido com que formamos as


palavras.

ANÁLISE MORFOLÓGICA: é a tarefa de dividir as palavras em unidades menores de


sentido.

Nem sempre será possível dividir as palavras em unidades menores, já que algumas delas
são indivisíveis, como sol e mar, por exemplo. Evidentemente essas palavras poderiam ser
decompostas em unidades de som, os fonemas. Mas como sabemos, os fonemas são
desprovidos de significação.

“Água que nasce na fonte serena...”

Água que nasce no lugar sereno...

Nas palavras destacadas, a diferença está no fonema final, que indica o gênero (fonte
serena/lugar sereno). Podemos, então, fazer a seguinte divisão:

Seren – o

Seren – a

A base do significado está contida no elemento mórfico seren-. A ele damos o nome de
radical.

RADICAL: é o elemento mórfico que funciona como base do significado.

DESINÊNCIAS

Os elementos –o e –a indicam a flexão da palavra. A eles, damos o nome de


desinências.

DESINÊNCIAS: são elementos mórficos que se acrescentam ao radical para assinalar


as flexões da palavra (gênero, número, modo, tempo, pessoa).

As desinências podem ser:


a) Nominais: indicam o gênero e o número dos nomes.

Água que nasce na fonte seren a

Água que nasce no lugar seren o

Água que nasce nas fontes seren a s

Água que nasce nos lugares seren o s

Radical Desinência Desinência

Nominal Nominal

b) Verbais: indicam o tempo e o modo, o número e a pessoa dos verbos.

A água lev(a) rá a fertilidade ao sertão.

A água lev(a) va a fertilidade ao sertão.

Nós lev(a) re mos a fertilidade ao sertão.

As águas lev(a) va m a fertilidade ao sertão.

Radical Desinência Desinência

Verbal Verbal

Observe que nos dois últimos exemplos ocorrem duas desinências verbais: re e va, que
indicam o tempo e o modo (futuro do presente e pretérito imperfeito do indicativo,
respectivamente), e mos e m, que indicam a pessoa e o número (primeira e terceira pessoa do
plural, respectivamente).

VOGAL TEMÁTICA

Nos exemplos anteriores, você deve ter notado que a desinência não se liga diretamente
ao radical. Entre ele e a desinência existe uma vogal (a) que permite essa ligação.

Exemplo: lev a va

lev a rá

A essa vogal que prepara o radical para receber as desinências dá-se o nome de vogal
temática.
TEMA: Ao radical já acrescido da vogal temática, damos o nome de tema.

AFIXOS: São elementos mórficos que se acrescentam ao radical para formar novas
palavras. Podem ser classificados como:

 Prefixos: os elementos que são colocados antes do radical. Ex: deságua, o


elemento des – é um prefixo (aparece antes do radical).
 Sufixos: os elementos que são colocados após o radical. Ex: misteriosa, o
elemento – osa é um sufixo (aparece depois do radical).

Processos de formação de palavras:

Composição :

Haverá composição quando se juntarem dois ou mais radicais para formar nova palavra. Há
dois tipos de composição; justaposição e aglutinação. 

Justaposição: ocorre quando os elementos que formam o composto são postos lado a lado, ou
seja, justapostos:
Pára-raios, corre-corre, guarda-roupa, segunda-feira, girassol. 

Composição por aglutinação: ocorre quando os elementos que formam o composto se


aglutinam o que pelo menos um deles perde sua integridade sonora:
Aguardente (água + ardente), planalto (plano + alto)
Pernalta (perna + alta), vinagre (vinho + acre) 

Derivação por acréscimo de afixos 

É o processo pelo qual se obtêm palavras novas (derivada) pela anexação de afixos à palavra
primitiva. A derivação pode ser: prefixal, sufixal e parassintética. 

Prefixal (ou prefixação): a palavra nova é obtida por acréscimo de prefixo.


In--------feliz  des----------leal 
Prefixo radical prefixo radical 

Sufixal (ou sufixação): a palavra nova é obtida por acréscimo de sufixo.


Feliz----mente leal------dade 
Radical sufixo radical sufixo

Parassintética: a palavra nova é obtida pelo acréscimo simultâneo de prefixo e sufixo. Por
parassíntese formam-se principalmente verbos.
En-------trist-----ecer 
Prefixo radical  sufixo
en--------tard-----ecer 
prefixo radical sufixo 
Outros tipos de derivação 

Há dois casos em que a palavra derivada é formada sem que haja a presença de afixos. São
eles: a derivação regressiva e a derivação imprópria. 

Derivação regressiva: a palavra nova é obtida por redução da palavra primitiva. Ocorre,
sobretudo, na formação de substantivos derivados de verbos. 
Derivação imprópria: a palavra nova (derivada) é obtida pela mudança de categoria gramatical
da palavra primitiva. Não ocorre, pois, alteração na forma, mas tão-somente na classe
gramatical. 

Observe: 
jantar (substantivo) 
deriva de jantar (verbo) 
mulher aranha (o adjetivo aranha deriva do substantivo aranha) 
Não entendi o porquê da briga. (o substantivo porquê deriva da conjunção porque) 

Outros processos de formação de palavras:


Hibridismo: é a palavra formada com elementos oriundos de línguas diferentes.
automóvel (auto: grego; móvel: latim) 
sociologia (socio: latim; logia: grego) 
sambódromo (samba: dialeto africano; dromo: grego)

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