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ARMINIANISMO

E ÍNDICE

METODISMO PREFÁCIO

INTRODUÇÃO
Subsídio s para o estudo da
História das Doutrinas Cristãs
CAPÍTULO I - Como se constrói uma
grande nação
- A situação Política
- O fator Político Religioso

CAPÍTULO II - Tiago Armínio no Cenário


de sua Pátria
Jos é Gon çal ves Sal vad or - Os primeiros anos
- O preparo Escolar
- Armínio no exercício do pastorado
Junta Geral de Educação Cris tã - O Mestre e o Polemista
D A
- O fim da Jornada
IGREJA METODIS TA DO BRASIL
SÃO PAUL O
CAPÍTULO III - As doutrinas arminianas
- A respeito de Deus
- A predestinação
- O homem no conceito de Armínio
16 Jo sé Go nça lv es Sal va do r .4 yt ai ni an is mo e Me to dis mo
1/
- O problema do pecado - O espírito do metodismo
- O decreto eterno de Deus - Distinções doutrinárias:
- A obra de Cristo a) O pecado original
- O lugar da graça na salvação do homem b) A predestinação
- A perseverança cristã c) A certeza da salvação
d) A justificação
CAPÍTULO IV - Organização e difusão do e) A regeneração
arminianismo f) A santificação
- O arminianismo nos Países -Baixos g) O conceito de Deus
- Introdução e desenvolviment o na
Inglaterra CONCLUSÃO
- O impacto sobre o calvinismo francês
- O arminianismo na Alemanha e outros BIBLIOGRAFIA
países
- A influência do arminianismo na Filosofia,
no Direito, na Política e nas Missões
Evangélicas

CAPÍTULO V - A Gênese do arminianismo PR EF ÁC IO


wesleyano
- A situação da Igreja Anglicana B is p o
- A influência do casal Samuel e Susana César
Wesley Da c o r
- O valor da dedicação pessoal so
- A contribuição de Aldersgate Fi lh o
- A controvérsia predestinista
- O contato com as idéias de Tiago Armínio. Li , c o m pr az er , o s o r ig in ai s de st e
l iv r in ho . Por di v e r so s mo t iv o s.
CAPÍTULO VI - Arminianismo e Metodismo P r im e ir o , po r q u e e sc r it o s po r u m
co m pa nh ei r o de mi n is t ér io , c u jo
cu rr i cu l u m v i t a e , v en c id o at é a q u i, ar e na s d a T eo l o g i a. Co nt u d o , se u
v en ho ac o mp a nh a nd o d es de o t r ab al ho é m u it o su ci n t o p ar a m at é r ia
pr in c íp io . D ep o is , po r q u e f r u t o de t ão ex t en s a e mu i t o si mp l es pa r a t e ma
es f o r ço s co m q u e el e se m pr e v e nc e no s t ão co m p l ica do .
em p r e en di me nt o s q u e t o m a a p ei t o , e
da pi e da de si nc e r a e pr o f u n da q u e, O au t o r f o i, no me u en t en de r , f el iz
co mo a pa ná g io d e se u s d ia s, el e cu l t iv a em r es sa l t ar q u e nó s, m et o d is t as ,
em t er mo s es t r it am en t e ev an g él i c o s. av a nç am o s m ai s na do u t r i na do l i v r e
En f i m, po r q u e c a mp o cu l t u r al d e s u ma ar b ít r io , que o pr ó pr io pa s t o r
im po r t ân c ia pa r a nó s, q u an do no s N ee r l an d ês . De f at o pr ec is a mo s
co nf r o nt am o s c o m o di l em a d o “ si m o u di st in g u ir W es l ey de A r m ín io .
nã o ” , em f a c e do c o nv it e q u e o F il ho de
D eu s no s f a z, t o ca nt e à r e de nç ão - N ão p o de m o s j am ai s n eg ar q u e D e u s
ca mp o cu l t u r al q u e el e l av r a co m m u it a pr e de st i no u mu it as co is as p ar a c e r t as
p r u d ên ci a e ci r cu n sp e c çã o . es f e r a s da v id a h u m an a, s o b r et u do n o
cu r so d a s co i sa s m at er i ai s. A s si m ,
Ab r a ng em mu it o s âm b it o s q ue s e q u em n ão co me r e b eb er , h á d e
pr e nd em ao m ag no pr o b l em a - e, na su cu m b ir , e q u e m , de g r an de al t u r a , se
T er r a, s o mo s o u n ão l i v r es pa r a a ce i t ar l an ça r n o e sp aç o de sa r m a do de p ár a -
a c ha ma d a d e J es u s Cr is t o p ar a o q u ed as , h á d e mo r r er ao t o ca r o
Re in o d e D eu s, o u s e, na T e r r a, so l o .Iss o, par a não ref erir à ina lte rab ili dad e
es t a mo s ou nã o su je it o s a dos gra nde s fen ôme nos fís ico s das est açõ es,
pr e de t er m in is mo , co m r ef e r ê nc ia à das lua s, das chuv as, dos rai os, em que qua se
sa l v aç ão et e r n a. não pod emo s inter fer ir, sen ão par a nos so
res gua rdo de seu s efe ito s. Assi m, de u De us
A b as e q u e se v al e, em g r an de se u Fi lh o Un ig ên it o, pa ra qu e to do o qu e
ex t en sã o , o au t o r , é a p es s o a d e ne le cr ê, nã o pe re ça, ma s te nh a a vi da
Ar mí ni o e a co nt r o v é r s i a a q u e el a de u et er na . At é aí va i a pr ed es ti na çã o de De us .
ca u sa . P ar a i ss o , e l e s e f o i à G eo g r af ia , To da vi a, co me r e be be r, co mo la nç ar-no s,
à Hi st ó r i a, ao s i m pe r at iv o s da l ó g i c a e de gr an de al tu ra , ao es pa ço e, ai nd a, cr er
ao s l am p ej o s d as ar m as t er ç ad a s n as no Fi lh o Un ig ên it o, é at it ud e qu e de pe nd e
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de nó s. E aq ui é qu e es ta no ss o li vr e sobre elas.
ar bí tr io , no ss a li be rd ad e, segu ido s de
nos sos dev ere s e con seq üe nte s Fi na lm en te , é ce rt o qu e, pe la
res pon sab ili dades. in te li gênc ia , ra zã o e con sci ênc ia, sen tim os
nos sos dev ere s e res pon sab ili dad e. Por tais
Ma s o qu e de du zi mo s da Bí bl ia , da ló gi ca caminh os Deus nos ajuda com maior
e da ex per iên cia, de aco rdo com o que acab o ilumin ação de seu Espíri to. Entret anto, não nos
de decl ara r, é que , no cam po pro pri amen te força a qualqu er decisã o. Daí dec or re qu e,
mor al e esp irit ual (re lig ioso ), somo s pa ss an do do s li mi te s da co nvi cçã o pa ra o
sob era nam ent e liv res. Par a iss o a Pro vid ênci a te rr en o do "s er ou nã o se r" , nós no s
nos do to u de in te li gê nc ia , ra zã o e enco nt ra mo s, po r ef ei to de um a le i
co ns ci ên ci a, qu e no s co nd uz em ao se ns o de in co er cí ve l, na de pe ndência de nós mesmos,
no ss os de ve re s e co ns eq üe nt es isto é, na necessidade de praticar no ss as
re sp on sa bi li da de s, tã o vi vo em to do s nó s. próp ri as vo li çõ es. De ma is a ma is , sa be mo s,
Se m dú vi da , só at é on de ch eg a no ss o de sob ejo , que , se ta l con di ção não fo sse a
en te nd im en to e co mp re en sã o da s co isas , e do ser hum ano , nã o ha ve ri a pa ra el e
não do que não ent end emo s e não ne nh um se nt id o na do r da cu lp a, na ale gri a
com pre end emo s, podemos dar conta, máxime do bem que fez , com o, de res to, nas
a uma justi ça perfei ta. dec lar ações da justi ça.

Fa to qu e le va al gu ma s pe ss oa s a se Ag ra de ço ao Re v. Jo se Go nç al ve s
em ba ra lh ar em e se con fun dir em na Sa lv ad or o pr iv ilé gi o de fa ze r es te br ev e
con sid era ção das det erm ina çõe s div in as exór di o a se u tr ab al ho . Co m el e mu it o me
( me l ho r do q u e p r ed es t in aç ão d iv i n a) , é co ng ra tu lo à vi st a da co nt ri bui çã o qu e
n ão d is t in g uir em, pre sci ência de traz, com seu livrin ho, à litera tura relig iosa em
pre des tin açã o. Na pre sci ênc ia divi na de portu guês.
fu tu ra s de li be ra çõ es hu ma na s ex is te ,
ap en as , pre vi são e não exi st e qua lq uer
inf lu ênc ia s obr e el as, ao pa ss o qu e na
pr ed es ti na çã o di vi na ha ve ri a co mp ul sã o
Ora , ta is dec lara çõe s não con di zem com a
I N T R O D U Ç Ã O ver da de e só re ve la m la me nt áv el
ig no râ nc ia . A do ut ri na da gr aç a é
fu nd am en ta l em to do o me to di sm o. E
J o s é G o n ç a l ve s S a l va d o r qu an to ao pr eten did o epi sco pal ism o, bas ta
esc lar ece r que o met odi smo in gl ês , fr ut o
Es te li vr in ho, an te s de tu do , é ur na di re to de Jo ão We sl ey , nã o é ep is co pa l.
sa ti sf aç ão a pe di do s qu e am ig os me Dev o le mbrar , ai nda , qu e o arm ini ani smo
di ri gi ra m há te mp os , so li ci ta nd o pa ra hol and ês ado tou como forma de govern o
esc rev er alg um a coi sa a re spe ito das eclesi ástico o sistem a presb iter iano.
rel açõ es ent re a Igreja Metodi sta e o
armini anismo . Em suas missiv as la men ta va m Minh as obser vaçõ es acab aram por dar
el es hav er em no sso mei o de sco nh eci men to razã o aos meus am ig os mi ss iv is ta s, le va nd o -
quase total da histó ria e das doutri nas do me a es cr ev er as no ta s qu e id es le r. Tr at a -
sistem a teológic o, ori gin ado com Tia go se de tr ab al ho si mp le s, se m pr op ós it os de
Arm íni o, na Hol and a, em fin s do sé cu lo eru diç ão; coi sa que nem de lev e pos suo .
XV I e, de ig ua l fo rm a, da s af in id ad es do Qui s tor ná-lo ace ssí vel ao mai or nú mer o de
me tod ism o we sl ey ano com o me smo , a pes soa s, par a, as sim , pre s ta r me lh or
pon to de se at rib ui r a amb os afi rm açõ es se rv iç o. Li mi te i- me a me ia dú zi a de
que não lhe s são pec ul iar es. pá gi na s sobre cada capítulo, ou pouco mais,
quando poderia escre ver cent ena s. Se me
Pus -me, en tã o, a ob se rv ar . Co nv er se i apr ofu nda sse no est udo , far ia obr a
co m de ze na s de pe ss oa s, arrola das numa vo lu mo sa , de ma io r cu st o e de int er ess e,
porção de denomi nações evangé licas, e ta lv ez , só pa ra um a pe qu en a el it e. Em
tam bém li jor na is e rev ist as. Em to do ca so , as pi ca da s fi c am abertas.
det erm ina do art ig o che ga va- se a di ze r qu e
o me to di sm o nã o dá im po rt ân ci a à gr aç a Fa ço , no pr im ei ro ca pí tu lo , um a br ev e
de De us , qu e o ar min ia ni sm o é ep is co pa l, e an ál is e da s condi ções geogr áficas ,
se nd o a Ig re ja Me to di st a ep is co pa l e econôm icas, socia is, políti cas e re li gi os as do s
ar mi ni an a, ip so fa to , é um sistema papal. Pa ís es -Ba ix os no in íc io do s te mp os
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mo de rn os , po is de ve mo s co nh ec er o pe ns am en to da ép oc a, pr im ei ro na Europa
ce ná ri o on de os fa to s se pro ces sam e ond e e, depois, na América do Norte.
os ato res des emp enh am seu s pap éis . É
imp oss íve l a His tór ia sem a Geo gra fia . A Os do is úl ti mo s ca pí tu lo s sã o
Hol and a, por exemplo, não se explica de di ca do s ao me to dis mo . At ra vé s de le s
independentemente do Mar do Nor te. Mes mo pr oc ur ar ei mo st ra r co mo o ar mi ni an is mo
as idé ias soc iai s, pol íti cas e rel igi osa s têm we sl ey an o se or ig in ou e se de se nv ol ve u,
no tá ve l re la çã o co m o ha bi ta t, ou se ja , o se m con tac to dir eto com o arm ini ani smo do
am bi en te no se u ma is am pl o se nt id o. E teó log o hol and ês, e ma is , qu e em mui to s
is to ta mb ém ex pl ic a po rq ue o po nt os se dif er en ci a do me sm o e se lh e
ar mi ni an is mo ge rm in ou on de o ca lv in ism o av an ta ja . Ce rt as do ut ri na s, de qu e o
já se ha vi a rad ica do. A épo ca exi gi a mai or ar mi ni an is mo ne m se qu er co gi to u e, se o
com pre ens ão do ho mem . A Re na sc en ça , os fe z, de ix ou -as em pl an o secundário, ocupam
se gu id or es de Du ns Sc ot us , fr an ci sc anos lugar saliente no metodismo.
em sua mai ori a, os arm ini ano s e out ros ,
tod os pug na vam por sua valorização.

No segund o capítu lo aparec e o vulto


inconf undív el de Ar mí ni o, qu e é fi gu ra
ce nt ra l no es tu do em ap re ço , para, então ,
no capítu lo seguin te, verifi carmos quais as
ca us as de su as id éi as e qu ai s as su as
co nc ep çõ es do ut ri ná ri as .

Já o ca pí tu lo IV é um el o na ca de ia da
ex po si çã o es ta be le ce nd o um a po nt e en tr e
o ar mi ni an ism o e o me to di sm o, e ne le se
di rá da or ga ni za çã o e ex pa ns ão do
ar mi ni an is mo . Co nv ém ob se rv ar , aí , a
in fl uê nc ia qu e aq ue le ex er ce u no
Os pre za dos le ito res iri am ad mir ar- se , CAPÍTULO 1
co m cert ez a, das ref erê nci as que , a cad a
pas so, sur gir ão ao cal vin ism o. Ma s de sd e já
os pr ev en im os . Se ri a di fí ci l mo st ra r a
gênese do armini anismo holan dês e a sua
nature za sem re co rr er ao si st em a qu e lh e CO MO SE CO NS TR ÓI UM A
de u ca us a. En fa ti za va -se ta nt o a so be ra ni a
ab so lu ta e ir re st ri ta de De us , em co mpl et a GR AN DE NA ÇÃ O
ne gl ig ên ci a do ho me m, qu e a re aç ão te ri a
de su rg ir . Co mo di ri a He ge l, a te se
or ig in ou a an tí te se e, de am ba s, re su lt ou
a sí nt es e. No me u en te nd er , o me to dismo 1 - OS PAÍSES-BAIXOS, CONDIÇÕES
representa a síntese, porque soube valer-se das GEOGRÁFICAS.
mais justas e melho res concep ções, quer do
calvin ismo quer do ar mi ni an is mo . A Ho la nd a e Bé lg ic a, ma is co nh ec id as
En tr et an to , nã o é um a co is a e ne m outra. ou tr or a po r Paí ses -Bai xos , ocu pav am uma
O metod ismo tem a sua própr ia fai xa de ter ras ao lon go do Ma r do No rt e,
indivi duali dade. Da me sm a so rt e, qu ai sq ue r na Eu ro pa No rt e Oc id en ta l. No le st e
re fe rê nc ia s ao pe la gi an is mo e ao conf ront avam-se com div ers os ter ritó rio s
cat oli cis mo rom ano , visa m esc lar ece r as ger mân icos e, no oes te, com a Pic ard ia e
que stõ es em es tu do . Ni ng ué m, po r is so , Cam pan ha fra nce sas . Não tin ham , po is ,
ju lg ue qu e pr et en do fa ze r po lê mi ca . Me u fr on te ir as na tu ra is , sa lv o as ma rít im as ,
ob je ti vo é o de to rna r me lh or co nh ec id o o ap es ar de recortados por movimentados
ar mi ni an is mo e re ve la r as af in id ad es e cursos de água, como o Re no , o Es ca ld a e
di st in çõ es do metodismo com ele. Espero ou tr os .
conseguir isto.
O ba ix o ní ve l do se u li to ra l fa cil ita va a
inv asã o qua se con sta nte da par te
con tin ent al pe la s ág ua s do ma r,
am ea ça nd o la vo ur as e re si dê nc ia s. Em
vista disso, fazia-se mister construir diques e
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abrir can ais , opo r -se ao elem ento adv erso e vid ro s, cr is ta is , rel ógio s, ba ca lha u e
tra nsf orma r a pou co fé rt il pl an íc ie em so lo inc lus ive o lat ão e o cob re que Po rtu ga l
ap ro ve it áv el . E, as sim , de se nv ol v eu -se ali , tr af ic av a co m o Or ie nt e. Pa ra os Pa ís es -
esp eci alme nte nas pro vínc ias do nor te, as Ba ix os rem eti am os lus os o açú ca r da Il ha
qua is vi er am a co ns ti tu ir a mo de rn a da Mad ei ra e do Br asi l, vin ho, aze ite , sal ,
Ho la nd a, um po vo la bo r ios o e art igo s da Áf ric a e es pec iar ias do Le va nt e.
em pre end edo r, afe ito aos per igo s, dad o ao
com ér cio e amante da liberdade. Co m a de rr ot a da "A rm ad a
In ve nc ív el ", na qu al os ibé ric os per der am
o mel hor de sua s emb arc açõ es, pa ss ou a
1 - O INTERCÂMBIO COMERCIAL. Ho la nd a a pr ed om in ar no s ma re s ju nt o
À fa lt a de ma té ri as pr im as e de ví ve re s, co m a Ing lat er ra . Dua s de su as
ti nh a o ho landês que voltar-se para o mar e com pan hia s de co mé rci o gan hara m fa in a:
para o comércio. Depe nd en do de ou tra s a da s Índ ia s Or ie nt ai s e a da s Ín di as
na çõ es , pr ec isa va es tre it ar re la çõ es com Oc id enta is . Te rr as do Índ ic o e da Áf ri ca
ela s e faz er-se pacífic o. A pos içã o ca ír am so b se u do míni o, nã o es ca pa nd o à
geo grá fic a do país colocava-o, naturalmente, su a co bi ça ne m o ri co no rd es te brasileiro.
como intermediário entre as re gi õe s
se te nt ri on ai s e as ce nt ra is e , at é as do
me io -di a, ci rc un st ân ci as a qu e se 3 - A VIDA SOCIAL.
ju nt ar am as do ca pi ta li sm o es t ra ng ei ro , To dos est es fa tor es rep er cu ti ram em su a
gr aç as ao af lu xo de ju de us ex pu ls os de vid a soc ial e cu ltu ra l. A ar ist oc ra ci a ur ba na
Es pa nha e Po rt ug al , po r se us re is . e a ru ra l viv ia m pou co di st an ci ad as um a da
ou tr a. O nú me ro de ci da de s er a
As in dú st ri as ma is pr os per ara m ent ão. re lati vam ent e gra nde , emb ora de fra ca
Mer cad ori as sub iam e des cia m seu s rios, den sid ade . Lei den e Ams terd ã, ent re as
to rn an do -se al gu ns do s se us po rt os do s mai ore s, con tava m ape nas uma s 20. 000
ma is fr eq üe nt ad os em to da a Eu ro pa : al ma s. To da s ti nh am di re it o a um
An tu ér pi a e Am st er dã . De lá se re pr es en ta nt e no go ver no pr ov in ci al , ou
re ca mb ia vam te ci do s de di ve rso s tip os , se ja na As se mb lé ia (E st ad os Pr o vin cia is) .
O neg oc ian te ain da não era mu ito ric o, ma s e a cu lt ur a es ta va m ao al ca nc e de mu it os .
já usufruía posição de certo destaque. A ele, e Já na Id ad e Mé di a os "I rm ão s da Vid a
sobretudo ao ari sto cra ta, cab ia a mai or Com um" tin ham est abe lec ido esc ola s par a
inf luê nci a do gov ern o do pa ís. os fi lho s do po vo . Ho la nd es es fo ra m
Re mb ra nd t, Ro es br oe c, We sse l, Gro ot,
Os ar tes ãos es ta va m con cen tr ado s na s Era smo agr íco la, Gro tiu s, Spi noz a e Tia go
cid ade s, reu ni dos em co rp or aç õe s (g il de n) , Ar mí ni o. In st ru çã o, es pí ri to me rc an ti l,
ma is ou me no s pa re ci da s ao s mo de rn os in te rc âm bi o co me rci al , ha ve ria m de cr ia r
si nd ic at os op er ár io s. Go za va m de re la ti va no s cid ad ão s o sen so de li ber da de e o
si tua ção eco nôm ica e de mod o ger al sab iam am or à de mo cr ac ia . E ag or a, se m me do de
ler . O res tan te da pop ula ção con st itu ía -se err ar, pod emo s acr esc ent ar que ao fat or
de la vra do res e ma rin he iro s. O proletariado rel igi oso se dev e o ap ri mo ra me nt o de ss e
era pouco numeroso. es pí ri to de in de pe nd ên ci a, de ap eg o à
li be rd ad e e de in te re ss e pe la do ut ri na da
Ta lve z a Hol and a fos se na épo ca o paí s Re forma.
me lho r equ ili br ad o, so ci al me nt e. A ri qu ez a

4 - A SITUAÇÃO POLÍTICA.
Te nd o pe rt en ci do à Fr an ça , co mo do te
de Ma ri a de Bor gon ha, em vir tud e de seu
cas ame nto com Max imi lia no da Áust ria ,
vie ram os Paí ses -Bai xos a cai r sob o
dom íni o es pa nh ol , po rq ue Ca rl os V e se u
fi lh o Fe li pe II de sc en di am em li nh a di re ta
do s ha bs bu rg os au st rí ac os . Em su as
mã os est av am , tam bém , a Ale ma nha , pa rte
da Am é ri ca , Áf ri ca e re gi õe s da Ás ia . "O
so l nu nc a se pu nh a em tão vastos domínios",
como se veio a dizer.
:10 J o s é GOnç a lr e . irad.r 17.1) 7'711 (1,7 1S111 0e .11etadt,m7,) 27

A po l ít ic a de st es ha bs bu rg os ja ma is de na ci on al id ad e. Co mb at e-se o in im ig o
fo i be m ac olh id a no s Pa ís es-Ba ix os . em te rr a e no ma r. Pe la pá tr ia e pe la fé
Ca rl os V fe z o má xi mo pa ra ce nt ra li za r o re nu nci a-se a tu do . Qu an do Le id en já nã o
po de r es ta ta l, us ur pa nd o ao po vo ve lh os po de re si st ir ao sí ti o, Gu il he rm e de
pri vil égi os já con sag rad os, nas cen do dai Or an ge ma nd a ar ro mb ar os di qu es e
ama rga ant ipa tia pa ra co m el e e se us in un dá-la . Ma s a vit ór ia ca be , po r fi m, ao s
re pr es en ta nt es . na cio na is . Em ho me na gem ao se u
he ro ís mo , a ci da de fo i pr em ia da com uma
Um de se us er ro s mai s gra ves foi o de universidade (1575).
que rer ext ing uir pel a força a inf luê ncia das
idé ias pro tes tan tes , já em fra nco pro gre sso Em 15 79 , af in al , as se te pr ov ín ci as do
no sei o do pov o. Por ess a cau sa, em 152 3, no rt e re so lve ram su bsc re ver o tr ata do de
doi s fra des ago sti nho s, res pon dem a Ut rec ht, em vir tud e do qua l se co ns ti tu ía m
in qué rit o em Br ux ela s, sen do a se gui r em na çã o in de pe nd en te , co m o no me de
que ima do s. São el es , He nr iq ue Vo es e Pr ov ín ci as Un id as . Em 15 88 dá -se a
Jo ão Esc h , os do is pr ime ir os má rti re s da de rr oc ad a da Ar mada Invencível. Em 1609,
Re fo rma . Ce nt en as de Ou tr os viera m Espanha e Holanda assinam um ar mi st íc io .
de po is . No me sm o an o su rg e o No vo Es ta va ga nh a a in de pe nd ênc ia , e co m el a
Te st am en to em ho la nd ês , tr ad uz id o de o protestantismo também recebia o seu
Lu te ro . Os ge rm es do mi st icis mo de reconhecimento.
Kem pis e de We sse l, se des per tam .
Rea cen de-se na alm a de ss a ge nt e am an te
da li be rd ad e o de se jo de co nh ec er a no va 5. O FATOR POLÍTICO-RELIGIOSO.
fé . Qu er en do Fi li pe ap ag á-la co m mã o de A ca us a da re vo lt a fo ra po lí ti ca e
fe rr o, ma is el a se in ce nd ei a. In qu is iç ão , re li gi os a. De um lad o est ava m os
ex ec uç õe s, em prego de fo rça mi lit ar , tu do esp anh ói s e o rom ani smo , e do out ro os
se to rn a em vã o. O po vo se un e, os no br es sú di to s ne er la nd es es e a do ut ri na da
se ar re gi me nt am , ma ri nh ei ro s e Re fo rm a. A Ig re ja Cat óli ca man tin ha-se
pe scad ore s se con ver tem em ter ror par a as uni da ao Est ado e o apo iav a na lut a co nt ra
hos tes esp anh ola s. A ca us a ad qu ir e fo ro s a fé pr ot es ta nt e. Ao s po uc os o el em en to
:11 J o s é GOnç a lr e . irad.r 17.1) 7'711 (1,7 1S111 0e .11etadt,m7,) 27

re fo rma do ass um iu as réd eas do ma is um a co nf ed er aç ão de Es ta do s qu e


mo vim ent o, de so rt e que , ao fi m da gue rra , um a nação. Só poderia haver assembléia geral
o dom íni o pol íti co ta mb ém lhe per ten ci a. O (sínodo) quando todas as províncias dessem o
lu te ra ni sm o ce de ra pa ss o ao ca lv in is mo . seu assentimento.
As ig re ja s for am tra nsf orm ada s em tem plo s
eva ngé lic os, e os sac erdo te s nã o Em 1566 a Confissão Belga, de Guido de
co nv er tid os à no va do ut rin a de ixa ra m o Brés foi adotada oficialmente pelo sínodo de
pa ís , emb ora o tra tad o de Utr ech t gar ant iss e Antuérpia. Quanto à idéia das relações ente
a qua lqu er pes soa o di re it o de li vr e Estado e Igreja, vigorou a da autonomia desta,
co ns ci ên ci a. Co nt udo , o nú me ro de se bem que aliada ao Estado.
cat ól ico s ai nda er a bem gra nde , ha ve ndo
de igu al fo rma muitos anabatistas, luteranos, A Igreja Holandesa pode orgulhar-se de suas
judeus, e socinianos. lutas e vitórias, de seu passado de Heroísmo e
martírio. Em suas fileiras militaram vultos do
Fo i du ra nt e os an os da gue rr a qu e o porte de Guilherme de Orange, estadista e
pr ot es tan ti sm o se or ga ni zo u em Ig re ja . Já patriota, Hugo Grotius, fundador do direito
po r vo lta de 156 1 su rg e ur na Co nf is sã o de internacional, Guilherme de Brés e Simão
Fé , re di gi da pe lo jo ve m pa st or Gui do de Escópio, entre os grandes teólogos da
Br és , ju nt am en te co m tr ês ou tr os humanidade, convindo lembrar que também na
mi ni st ro s. Fo i gr aç as a el a qu e o Confissão Belga se inspiraram mais tarde os
ca lv in is mo ga nh ou as ce nd ên ci a no s autores da Confissão de Westminster.
Pa ís es -Ba ixo s. De po is , em 15 63 , re úne m-
se pe la pr im ei ra ve z em sín odo os De Tiago Armínio recebemos uma
del ega dos de vár ias con gre gaç ões , interpretação mais harmoniosa do caráter divino
est abe lece nd o o se u pr óp ri o si st em a de e da personalidade do homem; por isso, tanto
go ve rn o, e po r cu jo mo del o tom ar am o da melhor admirado quanto mais decorrer o tempo.
igr ej a de Gen eb ra . Ado tou -se, ent ão , o
pre sbi ter ian ism o, mas em cad a uma das
set e pro vín cia s a adm ini str açã o ecl esi ást ica
era qua se aut ôno ma, vist o ser a Ho la nd a
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CAPÍTULO II es pa da ou lu ta do de ar ma s na mã o. Fo i,
po ré m, gr an de ba ta lh ad or , mi li ta nd o no
cam po árd uo das ati vid ade s esp iri tuai s. As
rev olu çõe s não se fa zem sem idé ias , e
Jak obs (Ti ago Armínio ), nos so bio gra fad o,
TIAGO ARMÍNIO NO CENÁRIO DE fo i ho me m de id éi as .
SUA PÁTRIA
Lu to u po r um a in te rp re ta çã o ma is li be ra l
da Te ol og ia , ex al ta nd o a di gni da de
hu ma na , se m de st ro na r a De us da gló ri a
No mu lt iv ar ia do ce ná ri o do s Pa íse s- qu e Lh e é de vid a, at ean do as cha mas de
Ba ix os su rg iu em fi ns do sé cu lo XV I a uma rev olu ção que mai s e mai s se vem
fi gu ra de um pe rs on ag em , qu e br ev e ala str ando mu nd o af or a. Si m, po rq ue su a
pa ss ar ia à Hi st ór ia . Os pa is de ra m-lh e o in fl uê nc ia se es te nd eu ta mb ém a ou tr os
no me de Jak obs Her ma nns , ou Her man sen , se to re s. El a se pr oj et ou s obr e a vi da
ma s Ele pre fer iu lat ini zá -lo pa ra Ar min ius , pol íti ca, eco nôm ica , soc ial e fil osóf ica . Dos
com o se cos tu ma va ent ão . Jak obs Paí ses-Bai xos sa lt ou pa ra as na çõ es
cor res pon de a Jac ó, Jaim e ou Ti ago . vi zi nh as , tr an sp ôs co nt in en te s, e ag or a
pe rc or re o un iv er so . Já é ca ud al , e
Out ro s já hav iam tid o idên tic o nom e no ni ng ué m a poderá deter.
pas sado , sagr and o-se pel o me no s do is
de le s co mo ca mp eõ es da li be rd ad e. Um fo i
aq uele ch ef e ge rm ân ic o qu e no an o 9 1 . OS P RI ME I RO S AN OS DE S UA
A. D. ve nc eu as le gi õe s do ro ma no Va ro . O VI DA .
se gu nd o, mo de st o pa st or de ove lha s, Arm íni o sab ia de spe rta r sim pat ias ,
not abi liza ra-se nas cam pan has da vel ha por que de sde pe qu en o ma ni fe st ou bo as
Lus itâ nia . qu al id ad es . Er a hu mi ld e, in te li ge nt e,
op er os o, de di ca do. E is so lh e va le u
Qua nto ao ter cei ro, cab e-lhe gló ria ain da gr an je ar am izad es sin cer as, e com as qua is
ma ior , em bo ra ja ma is te nh a le va nt ad o um a pode con tar até ao fi m de su a jo rn ad a
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te rr en a. Te nd o na sc id o na pe qu en a ci da de
de Ou de wa te r, no su l da Ho la nd a, ao s 10
de ou tu br o de 156 0, teve a infe lic idad e de 2. O PREPARO ESCOLAR
per der o pai , o cute lei ro Herman n Jako bs, Apó s os aco ntec imen tos aci ma nar rado s,
alg uns ano s dep ois . A mãe , Ang éli ca, viu-se, vam os enco ntr ar Ar mí ni o na ma je st os a
en tã o, em sé ri as di fi cu ld ad es pa ra ma nt er- Ro te rd ã, nã o mu it o lo ng e da ma r. Aq ui ,
se e ao s tr ês fi lh os ór fã os . fa z va le r de no vo a ch av e má gi ca do se u
bo m ca rá te r, am pl ia nd o su a li st a de
Tia go enc ont rou daí a pou co val ios o am izad es . En tre el as des tac ou se de pr ont o
pro tet or na pes soa do ex-sac erd ote cat óli co a de Ped ro Be rtiu s, Sê nio r, pa sto r da igreja
rom ano Teo dor o Em íli o, alm a bon dos a local , que o trato u como se fora da famíl ia e a
con ver ti da ao pro te sta nt ism o. Pe rce be ndo de seu filho , o jovem Pedro . Mais tarde
no me ni no qu al id ad es ap ro ve it áv ei s, have ria este últim o de escre ver a biog rafia do
en ca mi nh ou -o a Utr ech t a fim de ins tru ir-se. amigo de tanto s anos e cumpr ir a difíc il taref a
Aos 15 ano s, a mor te fer e-lhe de no vo o de profe rir a oração memo rial.
co ra çã o, ar re ba ta nd o-lh e o am ig o. Ma s o
Pa i cel est e não o aba ndo nou . O mat emá tic o Be rt iu s ma nd ou se u fi lh o Pe dr o e
Rud olp h Sne liu s, in do a Ou de wa te r, su a Ti ag o pa ra es tu da r na Un iv er si da de de
te rr a na ta l, ac ho u al i o jo ve m Ti ag o Lei den . Con qua nto rec ém -cr iad a, di ver so s
Ar mí ni o e in te re ss ou -se po r e le , le va nd o-o me str es em ine nte s re gia m su as cá te dr as
pa ra Ma rb ur g, on de ex er cia o co m br il ha nt is mo , co mo o erudito Lambert
pr of es so ra do . Danaeus e o ilustre João Dousa. Em 1578 o
velho amigo de Armín io, Rudol ph Snel ius,
Po uc o tem po depo is , as tr op as juntou-se ais grupo desses eficientes
es pa nh ol as en tr ar am em Ou de wa te r, professores.
sa qu ea nd o re si dê nc ia s e de st ru in do tu do à
su a pa ss ag em , de mo do qu e, qu an do Fo ra m se is an os út ei s os qu e Ar mí ni o
Ti ag o qu is re ve r os pa re nt es , so ub e -os pa ss ou e m Lei den . Est udo u Teo logi a,
tod os mor tos . Só lhe res tav a con for mar-se Fil osof ia, Heb raic o, Lit era tura e out ras
mai s uma vez e prosseguir no caminho da vida. dis cip lin as, sem pre com ass idu ida de, gosto
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e apr ove it am en to . Se u ex em pl o to rn ou -se Lo go de po is re gr es so u a Ge ne br a, on de o


no tó ri o. Mi ni st ros do Eva nge lho e tr at a ram , ag or a, co m ma is at en çã o. Be za,
aut ori dad es civ is se int ere ssa ram por e le. re spo nd en do a um a ca rt a vi nd a de
No va s po rt as se lh e ab re m ! Ma nd am -no Ams te rd ã, na qu al se in da ga va de
en tã o a Ge ne br a, a Ro ma do Ar míni o, de u o me lh or te st em un ho quanto à
pr ot es ta nt is mo , pa ra cu rs ar a sua piedade e dons intelectuais.
un iv er si da de. A Câm ara do Com érc io
as sum ia a res pon sab ili dad e pe la Ao fi m deste s tr ês ano s de pr ov eit os os
ma nu te nç ão do es tu da nt e, o qu al en tr av a est udo s, res ol ve u de sc er à It ál ia e ir a
pe la ca sa dos vinte e um anos por essa época. Pá du a, on de o cé le br e T ia go Za ba re la
le ci on av a Fi lo so fi a. Vi si to u, ta mb ém ,
Na cos mo pol ita Gen ebr a o mo ço ou tr as ci da de s e es te ve em Ro ma , qu e o
nee rla ndê s fre qüe nto u as pr el eç õe s do s im pr es si on ou co m re al de sa gr ad o. Ma s,
pr of es so re s ao la do de co le ga s de vá ri as na pá tr ia di st an te , in di ví du os ma ld os os
na ci on al id ad es . Po nt if ic av a a li a fi gu ra de co me ça ra m a ma nc ha r-lh e a re pu ta çã o,
Te odor o Bez a, suc ess or de Cal vin o, ain da pr op al an do qu e co nf ab ul ar a co m os
mai s ext rem ado do qu e ele no je su ít as e ch eg ar a a be ij ar os sa pa to s do
pr ed es ti ni sm o. Nã o fo i is to , po ré m, qu e o Pa pa . Er a o pr in cí pi o da lu ta qu e t er ia de
lev ou a inco mpa tib ili zar-se com um dos en fr en ta r du ra nt e o re st o da vi da .
mes tre s, mas , sim , a im po rt ân ci a qu e se Fe li zm en te le va ra co ns ig o a Ad ri an o
da va ao en si no ar is to té li co . Tr an sfer iu -se, Ju ni us na vi ag em e, po r is so , fá ci l lh e fo i
em con seq üên cia , pa ra Bas iléa, sen do pr ovar que nem sequer vira o chefe da Igreja
rec ebi do al i co m si mp at ia . Co nv id ad o a Católica.
pr of er ir al gu ma s pr el e ções, tomou a epístola
aos Romanos como texto, e delas se
de si nc um bi u co m ag ra do ge ra l. Se u 3. ARMÍNIO NO EXERCÍCIO DO
pr es tígi o cr es ce u, a po nt o de a pr óp ri a PASTORADO.
un iv er si da de qu er er di pl om á -lo co m o No pr in ci pi o de 15 88 a Co rt e
ti tu lo de do ut or cm Te ol og ia : ho nr a qu e Ec le si ást ic a de Am ste rd ã ch am ou -o a
re cu so u, al eg an do se r ai nd a mu it o jo ve m. exa me s, a fi m de co nf ia r-lh e en ca rg os
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pa st or ai s. Ap ro va do ta nt o em su a fé co mo epístola aos Gálatas. Em 1692 as preleções


na s do ut ri na s pe la un an im id ad e do s versaram sobre as cartas dirigidas às sete
ju lg ad or es , em fe ve re ir o, Ar míni o en tr ou igrejas da Ásia.
no ex er cí ci o do se rv iç o di vi no . Em ag ost o
of er ec era m-lhe o pa sto rad o da imp ort ant e O ri co ne go ci an te Ko or uh er t cr it ic av a,
igr ej a de Am st erd ã. Gr an de hon ra , se m en tã o, o ca lvi ni sm o ex tr em ad o, do mi na nt e
dú vid a, pa ra um mo ço de vin te e oi to an os , na Ho la nd a. Qu em , po r co ns eg ui nt e,
ma s a re sp on sa bi li da de nã o er a me no r, me lh or cr ed en ci ad o pa ra de fe ndê -lo qu e o
se nd o uma da s ci da de s ma is ex -al uno de Te odo ro Bez a? Ace ita a ta ref a,
mo vi me nt ad as na ép oc a po r se u que er a árd ua, d esi nc um bi u -se de la a
in te rcâmbio comercial e pelo afluxo de co nt en to , po ré m os es tu do s qu e pa ra is so
estrangeiros. fi ze ra , le va ra m-no a de sc ob ri r ce rt as
im pl ic açõ es sé ri as na do ut ri na da
No come ço to do s o ol ha vam com pr ed es ti na çã o. E o re su lt ad o nem o
ex pe cta ti va . Os ma is ve lh os , ge ra lm en te po de re mo s pr ev er : qu er en do ap ag ar um a
co ns er va do re s, re ce an do as in ov aç õe s de br as a, at eo u um a fo gu ei ra , ne la cr es tan do
um ra pa z qu e an da ra po r ou tr as te rr as ; os as pr óp ria s mã os .
ma is jo ve ns, es pe ran do al gué m que os
com pre end es se. Os dia s se pas sa ra m e Em br ev e as di sc us sõ es lh e to ma ra m
c om o te m po , A rm ín i o s e f e z m e re ce d o r te mp o pr ec io so , co m pr ej uí zo s pa ra se us
d a e st im a e a pr eç o do se u re ba nh o. es tu do s, se u pa st or ad o e su a famí li a. Os
Pr eg av a co m sa be do ri a e po de r. Nã o adv er sár io s não lh e dav am des ca nso .
de ix av a im pu ne o ma l, ne m de co nf or ta r Mui tas vez es di sto rci am o sen ti do de sua s
os an gu sti ad os . Ho uv e qu em se re fe ri ss e pal av ras . Em 15 91 tac ha ram -no de
a el e ch am an do -o de "n av al ha pa ra fe ri r pel agi ano .
os er ro s da ép oc a" e "f il et e da ve rda de ".
O li vr o de Ma la qu ia s e a ep ís to la ao s Pre cis amo s, no ent ant o, ser ver dad eir os
Ro ma no s se rv ir am , en tã o , co mo ba se de e diz er que , nes sa épo ca, sua s no vas id éia s
su as ex po si çõ es. Se gu in do-se -lh es o já não se coa dun av am in te ir am en te co m as
Ev an ge lh o de Ma rc os , o li vro de Jo na s e a da Ig re ja Re fo rm ad a, Me sm o as si m,
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continuava gozando da estima geral, tanto que, Em ci rc un st ân ci as tã o di fí ce is , Ti ag o


em 1594, as au to ri da de s o ch am ar am pa ra Ar mí nio to rn ou -se um mo de lo de
co la bo ra r no pl an o de reforma das instituições ab ne ga çã o; on de ho uv es se uma ov el ha
educativas locais. par a se r soc or rid a, lá se enc ont rar ia ele.
Gas par Br and t, se u bi óg ra fo, co nta , a
Ti ag o Ar míni o ca so u -se , a 16 de pr op ós ito , o se gu in te ca so : ac ha ndo -se o
se te mb ro de 15 90 co m El iz ab et h Re al , pa st or , ce rt a ve z, nu m di st ri to po br e, ou vi u
se nh or a di st in ta , pr ep ar ad a e de bo a ge mi do s fr ac os , pa rt id os do in te ri or de
po si çã o so ci al , po is se u ir mã o La wr en ce hu mi ld e mo ra di a. En tr ou e vi u al gu ma s
er a ju iz em Am st er dã . El a sa bi a pe ss oa s qu e pa re ci am do mi na da s pel a
co mp re en dê -lo e se rv iu -lh e de am pa ro na s enf erm ida de e pel a sed e. Dep oi s de as
ho ra s am ar ga s de su a vi da , qu er no me io soc or re r, de ixou rec urs os em din hei ro com
de contendas e calúnias, quer nos momentos de os viz inh os par a lhe s ma nte re m a
enfermidade. as si st ên ci a. Da va as si m pr ov as de bo m
sa ma ritano.
Uma pro va da ded ica ção de Tia go e sua
fam íli a par a co m os pa ro qu ia no s e De out ra fei ta, tra tav a-se de doi s
co nc id ad ão s, te mo-la du ra nt e os te rr ív ei s mem bro s da Igr eja : uma se nh or a e um
di as em qu e mo rt íf er a pr ag a se al as tr ou na va rã o. At ac ad os pe la te rr ív el pe st e,
ci da de . Or an do a De us , se nt ir am qu e lh es sentiam-se perturbados no espírito. Por que?
pe di a fi ca re m ali , ao inv és de se afa sta rem Indagou de le s Ar míni o. Re sp on de ra m -lh e
do per igo . Esc rev end o, nes ta oca siã o, ao qu e nã o ti nh am ce rte za da pr óp ri a
seu am igo J. Uyt ten bog ae rt , pas to r da sa lv aç ão . O pa st or lh es fa lo u, en tã o, do
igr ej a de Ha ia , di ss e: "as si m eu te nh o-me gr an de am or de De us, qu e ma nd ou Se u
en co me nd ad o e a mi nh a vi da à Fi lh o ao mu nd o par a sal var a tod os os
mi se ri có rd ia di vi na , ag ua rd an do , pec ado res , ilu str and o o ens ino com as
di ar ia me nt e, at é qu e a re qu ei ra de mi m .. . Esc rit ura s. "Cre des iss o? — poi s ess a é a fé
e is to fa ço co m a mente quieta, tranqüila e pel a qua l so mo s ju st if ic ad os e ac ha mo s
imperturbável". pa z em De us ". Os do is en fe rm os
en co nt ra ra m o co nfo rt o qu e an el av am ,
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vi nd o o homem a falecer dias depois na maior ci da de . Fo i qu an do , pa ra di sc ut ir o ca so ,


tranqüilidade. reuniram-se em Haia delegados de várias
igrejas. O Rev. Uy tt en bo ga er t to mo u a
A pes ti lên cia gra ss ou por out ra s par te s de fe sa de Ti ag o, pa ss an do , em
da Hol and a, abr ind o ma is cla ros ond e a conseqüência, a ser elemento Suspeito para
gue rra já os dei xar a gra nde s. Le id en fo i muitos. Não contentes, estes apelaram para o
at in gi da . A un iv er si da de pe rd eu al gu ns de chefe da Província, João Ol de nb or nv el dt , pa ra
se us me st re s il us tr es . E qu em os qu e, po r in fl uê nc ia de le , os Cu ra do re s da
su bs ti tu ir ia ? O no me de Ar mí ni o fo i un ive rs id ad e nã o o in ve st is se m no ca rgo.
le mb ra do pa ra u ma da s va ga s, ef et iv an do- Os Cu ra do re s, po rém , co nf ir ma ra m a
se, de fat o, a esc olha de le, apó s ter de ci sã o.
per cor rid o os com petentes trâmites legais.
Ag ia m m a l, en tã o, os in im ig os ,
en vol ve nd o o Es ta do em pr ob le ma alh eio à
4. ARMINIO: MESTRE E POLEMISTA. sua alç ada . Afi nal , a igr eja de Ams ter dã
Nã o er a co is a fá ci l pa ra Ti ag o Ar mí ni o ced eu-o me di an te ac ord o, na s se gu in te s
de ix ar o se u re ba nh o. Am st er dã qu er ia - ba se s: se ri a de si gn ad o, pr im ei ro , o se u
lh e be m, es ta nd o el e já id en ti fi ca do co m su bs ti tu to no pa st or ad o; di reito de re t or no
os ha bi ta nt es . E, al ém di ss o, nu nc a a Ar mí ni o, com o pá ro co da ig re ja , se o
as pi ra ra a se r pr of es so r na Fa cu ld ad e de qu is es se; at en de r ao pe di do de Ar mín io
Te ol og ia . De ou tr o la do , al gun s co le gas o pa ra tr at ar pe ss oa lm en te co m Go ma ru s do
co ns id er av am el em en to perigo so à pr ob le ma . Caso as su sp ei ta s
for maç ão das nova s ger açõ es de min ist ros . pe rm an ece ss em de po is de st a co nf erê nc ia
en tr e am bo s, o pa st or recusaria o ingresso na
Fra nz Gom aru s era o pri nci pal del es. Faculdade.
Cri tic ava -o e lan çav a sus pe ita s sobr e su as
cr en ça s. Fo i is so qu e le vo u Ar míni o a Arm ínio e Gom ar us enc ont ra ram-se a 6
re cu sa r o co nv it e. As au to ri da de s pú bl ic as de ma io de 16 03 , em Ha ia , na pr es en ça do
de Am st er dã tam bém não o que ria m ce der , Sí no do , co nf or me vo nta de do pr im ei ro . O
por jul gar em sua pre sen ça ne ce ss ár ia à te ól og o de Le id en co me ço u lo go at ac an do
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o pa st or de Am st er dã , po r di sc or da r de Es co lh eu o li vr o de Jo na s pa ra su as
su a su po st a op in iã o so br e o ca pi tu lo VI I de pr el eç õe s. Ma s nã o po di a de ix ar de
Ro ma no s. Ma s, dep ois de ouv ir sua s re co rr er , ta mb ém , ao No vo Te st am en to ,
exp lic açõ es, int eir ou-se de que era m pa ra se fa ze r me lh or co mp re en di do . E is to
ace itá vei s e não cor res pon dia m ao que del e fo i o ba st an te pa ra de sp er ta r o ci úm e de
se pro pal ava . Di sc ut ir am , ta mb ém , ou tr os Go ma ru s, po is con sid era va tal coi sa um a
po nt os , re pl ic an do el e a to do s co m int rom iss ão em seu campo de en si no . O
se gu ra nç a. A re un iã o en cer ro u-se ch oq ue se ri a in ev it áv el ! Am bo s
fr at er na lm en te. To da via ai nd a re st av a uma re pr es en ta ram te nd ên ci as di fe re nt es .
ex ig em ia a se r tr an spo st a qu an to à Go ma ru s er a do s ma is ri go rosos
in ve st id ur a na cá te dr a. Ar mí ni o pr ec i sav a calv ini sta s, enq uan to Arm íni o ado tav a
sub met er-se a exa me de Teo log ia per ant e pos içã o mai s sua ve, sem , no ent ant o, cai r
um a com iss ão e def end er tes e de no pel agi ani smo .
dou tor ame nto . É esc usa do diz er-se qu e se
sa iu be m em tu do . A te se ve rs ou so br e a Do ter ren o pes soa l pas sar am ao
na tu re za de De us , e os ju lg ad or es fo ra m teo lóg ico ; da Facu ldad e as dis cus sões se
Fr an z Go ma ru s, Hu go Gr ot iu s, ju ri st a e es pr ai ar am pe la s ig re ja s e, em br ev e, po r
te ól og o, e Mé ru la , to do s el es possuidores to da s as pa rt es, o pr ob le ma da
de respeitável cultura. pr ed es ti na çã o to rn ou -se o "p ra to do di a”.

Em po ss ad o em se u no vo ca rgo, Ar mí ni o não po di a se r cu lp ad o pe la s
Ar míni o pr oc ur ou desempenhá-lo com id éi as de ou tr os , in cl us iv e do s al un os, ma s
eficiência e dignidade. Numa carta, dat ada de se us co nt en do re s nã o pe ns av am as sim e
22 de set emb ro de 160 3, diz ia tê-lo ace ito , lh e at ri bu ía m ve rd ad ei ro s di sp ar at es . Qu e
não pa ra bu sc ar ho nr as ou ri qu ez as e, fa ze r, en tã o? Qu an do po ss ív el , ch am av a-
si m, pa ra se rv ir o Eva nge lho de Cri sto . os pa ra um a co nf er ên ci a pe ss oa l, de mo do
Pro fe ssores e alu nos o apr eci ava m. Com a di sc ut ir em fr an came nte o ass unt o em
est es ins ist ia a que bu sca sse m a fo co. Se al gué m ti ves se ra zõe s ma is for tes
ver dad ei ra sab ed ori a na s Es cr it ur as , e coe ren tes , ace ita-las-ia por que seu des ejo
ex em pl if ican do-o el e me sm o, di ar iame nt e . era descob rir a ver da de.
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Um des se s det ra tor es fo i o clé rig o Fes -


tes Hom miu s. Re uni ram -se os do is,
con ver ten do-se aqu ele ao po nt o de vis ta de
Ar míni o. Ou tr as ve ze s te ve qu e sa ir a
pú bl ic o pa ra se de fe nd er , ou co mp ar ec er
pe ra nt e às au to ri da de s, ou ai nd a ,
re sp on de r po r es cr it o. Di fa mar am-no até
no est ran gei ro, esp eci alm ent e na Ale man ha,
Fr an ça , In gl at er ra e Sa vó ia . Se m qu er er ,
de sp er ta va m interesse por suas opiniões e o
faziam conhecido.
36 José Go nçalves Salva dor miin ia nimn o e Al eto dsmo 20

A sit uaç ão agr avo u-se a tal pon to que as ca re ci a de st e se nt im en to , mo ti vo pe lo qu al


aut ori dad es ac ha ra m po r bem re un ir em mu it os di zia m: "é pr ef er íve l co mp ar ec er
Ha ia os do is pr in cip ai s co n ten dor es, Tia go pe ra nt e o tr ib un al di vi no co m a fé do
e Fra nz Gom aru s, com a pre sen ça de oit o pas tor Arm íni o do que com a ca rid ad e do
mi ni st ro s da s Pr ov ínc ia s Un id as , qua tro do teó lo go Gom arus ".
su l e qua tr o do no rt e. A pa z ci vi l es ta va
am ea ça da e qu er ia m sa be r o qu e ha vi a A ma ior di fi cu lda de est ava jus tam ent e
co nt ra Ar mí ni o. Er a o qu e es te de se ja va : na dou tri na da pr ed es ti na çã o, en si na da
se r ac us ad o fa ce a fa ce e nã o co mo se po r Go ma ru s e pe lo s ca l vin is ta s ma is
fa zi a. ri go ro so s. No co nc ei to de Ar mí ni o, a
pr ede st in aç ão ia de en co nt ro à na tu re za
Go ma ru s co mp ar ec eu e lo go o at ac ou , de De us e a do ho me m, ge ra va o
af ir ma nd o qu e en si na va a ju st if ica çã o do de se sp er o, ti ra va o es tí mu lo pa ra uma vi da
ho me m pe ra nt e De us de mo do es tra nh o. de sa nt id ad e e di mi nu ía a im po rt ân ci a do
Ma s el e re sp on de u qu e su a op in iã o Ev an ge lh o. Co nt ud o, de su a pa rt e, a
co nc er ne nt e ao as su nt o es ta va co nf or me ni ng ué m im po ri a su as id éi as ; ha ve ri a
a Ig re ja Re fo rm ad a, po is cr ia que a pa z. Go ma ru s, ao co nt rá ri o, nã o pe rd ia
jus tif ica ção era pel a fé , me dia nte a gra ça de opo rtu nid ade par a con den á-lo, fosse na
Deu s. uni ver sid ade , nos púlpitos ou perante os
chefes das Províncias.
Ha via , de fa to , di fe re nç a en tre am bos ,
po rq ue Gom ar us da va to da a ên fa se à
gr aç a de De us , ma s ne ga va o va lo r da fé 5 . O FI M DA JO RN AD A.
co mo o el em en to do la do hu ma no . A sa úd e de Ar mí ni o, ab al ad a de sd e há
Ar mí ni o pr o cura va con cil iar as dua s coi sas . mu it o, em me ado s de 160 0 agr av ou-se
Por fim o Con sel ho ach ou qu e a ain da ma is. Os est ud os, as dis cus sõe s e os
co nt ro vé rs ia nã o er a de mu it a dev ere s uni vers itá rio s exi gia m mai ore s
im po rt ân ci a. O es se nc ia l se ria a esf or ço s do qu e el e re al me nt e po di a
to le râ nc ia mú tu a, de sd e qu e ho uv es se ex pe nd er . Se us me mbro s fora m aco me tid os
bo m es pí ri to no s do is . Go ma ru s, po ré m, de lan gor , seu est ôm ago ma l tol era va os
21 josf4 Go n ça l v es S a l va d o r A r min ia n is mo e M eto d is mo 39

al im en to s e ai nd a po r ci ma , fa zi am -lh e Sen hor , o gra nde Pas tor das ove lha s, pe lo
pa de ce r mui to sua s afe cçõ es san gue da et er na al ia nç a, vo s ap er fe iç oe
hip oco ndr íac as. em to do o be m, pa ra cu mpri rde s a sua
von tad e, ope ran do em vós o que é
Viu -se obr iga do, por iso , a ret ira r-se par a agr adá vel dia nte de le , po r Je su s Cr is to , a
a cid ade nat al e ali sub me ter-se aos qu em se ja a gl ór ia pa ra to do o se mpre.
cu id ad os de um mé di co . Du ra nt e es te Amém"
la ps o de te mp o Os am ig os tr ad uz ir am
su as ob ra s do la ti m pa ra o ve rná cu lo e O Re v. Ba rt ol om eu Pr oe vo st iu s, se u
es cr ev er am al gu ma s ou tr as . O fo go da di sc íp ul o e, ma is ta rd e, pa st or em
co nt ro vér sia se ala str ou ma is int ens ame nte , Am st er dã , di zi a que o texto não mais lhe saía
obr iga ndo -o a com par ece r de nov o per ant e do pensamento.
as aut ori dad es civ is e a dis cut ir, ma is um a
vez , com Gom aru s, che fe dos rea cio nár io s. Assistiram-no, também, durante toda a
enfermidade, Simão Episcópio, Uyt te nb og ae r,
As dis cus sõe s for am ver bai s, mas cad a Ad ri an o Bo rr iu s, bo ns am ig os e
um ter ia que apr ese ntar , dep ois , por esc rit o, te st em un ha s de su a fi de li da de a Je su s
as sua s raz ões , par a ult eri or dec isã o do Cr is to .
Sí no do a co nv oc ar -se pa ra br ev e. A
do en ça pr ogre diu sem que os clí nic os a O te st am en to qu e de ixo u é um ex em pl o
pud ess em ata lha r. Par a seu s ini mig os ist o e fé e um a pr ov a da si nc er id ad e de se us
con sti tuí a pro va evi den te de cas tig o div ino . pr op ós it os . Ne le de cl ar av a co nf ia r a al ma
Os am ig os , no ent an to , la me nt av am os às mã os de De us , a cu ja pr es en ça ir ia se m
pa de cim en to s de Ar mí ni o, o qu al so fr ia te mo r, te nd o a ce rte za de qu e O se rv ir a
tu do pi ed os am en te e or av a se mpr e pe lo s co m si mp li ci da de e le al me nt e, ja ma is se
se us e pe la Ig re ja . Re pe ti a co m fe rv or de sv ia nd o de su a vo ca çã o. E acr es ce nt av a
He br eu s 13 :2 0-21 : na da te r en si na do em sã co ns ci ên ci a qu e
fo ss e co nt rá ri o às Es cr it ur as . Se mp re
"O ra , o De us da pa z, qu e to rn ou a bu sc ar a a ex pa ns ão da verdade cristã.
tr az er de nt re os mo rt os a Jes us nos so
22 josf4 Go n ça l v es S a l va d o r A r min ia n is mo e M eto d is mo 39

Af in al , a 19 de ou tu br o, Ti ag o Ar mí ni o
de sc an so u em pa z. Mo rr eu co mo ju st o.
Ap en as co m 49 an os . Se m dú vi da um a AS DO UT RI NA S AR MI NI AN A S
gr an de pe rd a e qu em ma is a se nt iu fo ra m
os seu s ínt imo s. De seu s set e fil hos ,
res tar am-lhe só doi s, po is qu as e to do s já o
ha vi am pr ec ed id o no ca mi nh o do cé u.
Po r ma is or ig in al qu e al gu ém no s
La wr en ce to rn ou -se ne go ci an te em
pa re ça , de sc ob ri mos , ao an al is ar mo s su as
Am st er dã e o outro, Daniel, ganhou reputação
id éi as qu e el as re fl et em um con jun to de Ia
como médico. tôr es e cir cun stâ nci as. Nun ca brotam
sim ple sme nte da raz ão. Alg o lhe s est imu lou
Pe dr o Be rt iu s, re ge nt e da Fa cu ld ad e de
o apa rec ime nto . Ist o par a nad a diz er do
Te ol og ia , que pre sid iu à sol eni dad e do
mu ito que se rec ebe por her anç a, di re ta ou
mem ori al, dis se de Arm íni o, no di sc ur so :
in di re ta me nt e. Fo i as si m co m os gr an de s
"vi ve u na Ho la nd a um ho me m a qu em os
pe nsado res , fil ósof os, mora list as,
qu e nã o o co nh ec ia m nã o o po di am
soc iólo gos, pol íti cos, etc . E Tiago Armínio se
es ti ma r su fi ci en te men te ; aq ue le s qu e nã o
inclui nessa regra.
o es ti ma va m ja ma is o ha vi am con hec ido
suf ici en te men te" .
As di fi cu ld ad es ge ra is qu e os Pa ís es -
Ba ix os en fr en ta ram du ra nt e al gum as
Dom in gos Ban d, Hu go Gro ti us e Da ni el
dé ca da s do sé cu lo XV I, ca la ra m fun do em
He iu si us , de di ca ra m ao am ig o e me st re
sua vida econ ômi ca, polí tica , soci al,
inesquecível significativos poemas elegíacos.
inte lect ual e re li gi os a. A gue rr a da
in de pe nd ên cia , co nt ra o do mí ni o esp anh ol,
int ole ran te, fan átic o, pro duz iu ver dad eir a
tra nsfo rm aç ão en tr e os ne er la nd es es . De
um la do de se nv ol ve u-se o ape go à
li be rd ad e, ta nt o ci vil co mo re li gi os a e do
ou tr o, fo me nt ou a at iv id ad e co me rc ia l e
C AP I T U L O I I I
23 josf4 Go n ça l v es S a l va d o r A r min ia n is mo e M eto d is mo 39

in te le ct ua l. Ali ás, seg und o fri sam os Lo go a se gu ir, em 16 02 , do is mi ni str os


ant eri orm ent e, os ger mes de tud o isso já de De lf t ad er ir am ao se u mo do de pe ns ar ,
vinham de tempos passados. co mb at en do a do ut ri na da pr ed es ti na çã o
en si na da po r Be za . Est e mes tre emi nen te,
Era nat ura l que , em ter ren o com o esse , con for me dis sem os, tin ha ido mai s lo ng e do
des abr och ass e tam bém o es pí ri to de qu e o pr óp ri o Ca lvi no , de so rte a
to le râ nc ia . E de fa to , vem os es ta di st as do de sco nt en ta r al gu ns de su a co nf is sã o. Nã o
po rt e de Jo ão Ol de nb or nv el dt ad vo ga re m se co nf or ma va m ele s co m que Deus
a abs olu ta lib erd ade de con sci ênc ia par a dec ret ass e, só por si mesm o, a que da do
tod os, fosse m pro te st an te s, rom an is ta s, ou hom em an te s ai nd a de o ha ve r cr ia do . Is so
so ci ni an os . Hu go Gro ti us pe n sa va de fa zia de De us , co mo dizia João Kolman, um
ig ua l mo do . Co ub e, po ré m ao ci da dã o tirano e executor.
Di rk Ko or nh er t at ea r as ch is pa s da
co nt ro vé rs ia qu e du ra nt e anos agitaria a Hav ia, poi s, nos Paí ses -Bai xos , um a
Igreja Reformada dos Países-Baixos, cor ren te de moder ado s e tol er ant es , a qua l
influ enc iad o, cer tam ent e, pel a obr a ant i- se fi lia vam ne go cia nte s, magis tra dos ,
cal vin ist a de Seb as tiã o Cas tel lio , pub lic ada teólog os e min ist ros eva ngé lic os. Gas par
em 157 8, a qua l vin ha exe rce ndo Kol hares , her ói de Lei den , e Rud olp h
co ns id er áv el in fl uê nc ia a fa vo r, da Sne liu s, pat ron o de Arm íni o, era m d est es .
li be rd ad e de pe ns a me nt o. Em me io da re fr ega , es cre ve u o te ól og o
Gu il la um e p r o f e s s o r e m L e i d e n , u m
De sd e 15 44 es se te ól og o vi nh a t r a t a d o n o q u a l af ir ma va qu e, em
at ac an do im pl aca ve lm en te as id éi as de ma té ri a de re li gi ão , nã o de ve ha ve r
Ca lv in o, na Su íç a . No co nc ei to de co ns tr an gi me nt o. Aí es tá , po r co ns eg ui nt e,
Koo rnh ert todas as fo rma s de rel igi ão um a sí nt es e do espírito da época.
dev iam ser tol era das , mas , ao ext ern ar seu
pon to de vis ta, fer iu uma das dou tri nas Or a, Ti ag o Ar mí ni o vi vi a ne ss a Ho la nd a
fun dam ent ais do cal vin ism o, úni co sis tem a do sé cu lo XV I, hosp ita leir a, libe ral, de vist as
que o Es ta do fa vo re ci a. lar gas, aman te da lib erda de, cio sa dos
dir ei to s de seu s cid adã os , agi tad a, no
24 josf4 Go n ça l v es S a l va d o r A r min ia n is mo e M eto d is mo 39

ent ant o, pe la f orç a da s ar ma s e pe la che gar am às nos sas mão s com o pre cio sa s
aç ão da s id éi as . Ho me m cul to, sin cer o e re líq ui as . Tr ês de nt re el as se de st ac am ,
de esp íri to ele vad o, não tar dar ia a esb arrar toda s de 16 08 , e sã o: "C ar ta a Hi po ly tu s a
com o dogmatismo de sua Igreja. Co ll ib us ", "U ma De cla raç ão de
Sen tim ent os" e "Ap olo gia ".
A teologia eclesiástic a ten dia cad a vez mai s
a sob rep or -se à teo logi a bíb lic a, em pr ej uí zo Em 162 9 um dos fi lh os pub lic ou as su as
da pr óp ri a Es c ri tu ra . Di sc or da r da s obr as com ple ta s, ten do Jam es Nic hol s
do ut ri nas já est abe lec ida s, imp ort ava em tra du zid o-as do La tim par a o In glê s, em
ato de qua se her esi a. 195 3. Por el as po de mo s ho je av al ia r as
co nc ep çõ es re li gi os as de Armínio.
Duas dela s cons titu íam como que
verd adei ros dogma s: a da elei ção Ve ja mo s, en tã o, se m ma is de lo ng a s, os
inc ond icio nal (ou, sup rala psa rian ism o) e a da re sp ec ti vo s pontos fundamentais.
gra ça irre sist ível. Send o aque la ata cada
pelo s mini stro s de Delf t, nin gué m est ar ia em
me lho re s con di çõe s par a def end ê-la qu e o 1. A RESPEITO DE DEUS.
pi ed os o e cu lt o Ti ag o Ar mí ni o. Es te O ca lv in is mo da va ên fa se à do ut ri na da
ac ei to u o con vit e, ma s, à me did a que so be ra ni a de Deu s, fa zen do tud o dep en der
est uda va e di scu ti a o pro ble ma , tan to ma is de Sua exc el sa von ta de e de Sua onipotência.
se enc ami nha va nou tra dir eçã o. Em Por Sua vontade criou todas coisas pa ra um
res ulta do de tu do , ac ab ou po r se r fi m de te rm in ad o, re al iz an do -as at ra vé s de
co ns id er ad o "o fu nd ad or da es co la anti- Se u po de r ab so lu to. Ag e, po r co ns eg ui nt e,
calvinista na Teologia Reformada". (1) co mo Lhe apr az e só Ele con he ce se us
des ígn io s. Se a uns pre des tino u pa ra a
Do supralapsariansimo pas sou ao sa lv aç ão e a ou tr os ne go u ta l pr iv il ég io , é
inf ral aps ari ani smo , que ain da é ca lv in is mo , porque julgou ser isto justo.
po ré m ma is su av e. Te ve , en tã o, qu e
de fe nder -se, es cre ven do di ve rsa s ob ras , Arm ínio sus ten tav a a sob era nia de Deu s
ond e esp el ha va o se u pen sam ent o, as qua is sem cai r em ri go ri sm o. Ma s nã o
25 josf4 Go n ça l v es S a l va d o r A r min ia n is mo e M eto d is mo 39

co nc or da va co m qu e Ele de te rm i nas se os era a con den açã o. Seg und o Alb ert Hen ry
ato s do s se res li vre s, e nem ai nda que New ma m, no seu liv ro “A Man ual of Chu rch
fosse ina ces sí vel à cap ac ida de hum ana , His tor y”, Vol . II, pág . 339 , s ão de Gom aru s
tan to que os cr iar a à Sua ima gem e Se lhe s as seg uin tes ex pr es sõ es : "D eu s
rev ela ra de muit os mod os, no pass ado e, co ns id er ou o ho me m, no de cr et o da
af in al , co mp le ta me nt e, na pe ss oa de Se u re pr ov aç ão , nã o co mo ca íd o, ma s an te s
Fi lh o Je su s Cri sto . A rev ela ção é pro va de da qu ed a, e o próprio decreto da reprovação
Sua boa von tad e par a com os homens e da precedeu ao da criação".
capacidade receptiva deles.
Aí est ava a pre des tin açã o inc ond ici ona l,
Ur na co isa nã o po de se r bo a po rq ue est abe lec ida pel a von tad e e sab edo ria de
De us nã o que r qu e se ja bo a. Ê im po ss íve l Deu s, ant es, até , que os mun dos e os seres
se r as si m, po rq ue a ju st iç a de De us nã o fossem criados.
pe rm it e. A pr ed es ti na çã o, em vi st a di ss o,
nã o po de se r at o de De us , ne m se ex al ta Arm íni o viu as imp lic açõ es de tal dou tri na.
ao Cr ia do r, re ba ix an do-Lhe a própria criação. Ao inv és de glo rif ica r a Deu s, reb aix ava -o e
(2) emp obr eci a a obr a re de nt or a de Cr is to . A
Cr uz pe rd ia se u va lo r tr an sc en de nt al e o
ho me m nã o po di a re sp on de r, de si me sm o,
2. QUANTO À PREDESTINAÇÃO. ao ap el o do Sa lv ad or : "s im " ou "n ão ".
Como dissemos, foi o pomo da discórdia. Po is se gu nd o es sa do ut ri na De us já ha vi a
pr ede st in ad o, po r Su a vo nt ad e, os qu e ia m
Te od or o Be za , suc es so r de Ca lvi no , sa lv ar -se , e só est es, de fa to, se sa lva ria m.
Go ma ru s e ou tro s su st en ta va m o A que da e a sal vaç ão dec or ri am po r ig ua l
ca l vi ni sm o ex tr em ad o. Pa ra el es , De us do pl an o di vi no . To do s os ho me ns ca i ria m
ma ni fe st ar a a Su a gl ór ia po r um de cr et o em Adã o. Mas aos esc olh ido s o Cri ado r
et er no , se gu nd o o qu al ti nh a, em Su a con ced eri a os mei os de sal vaç ão e nen hum
mi se ri có rd ia , es co lh id o de te rm in ad o del es ser ia cap az de res is tir à Sua gra ça.
nú me ro de ho me ns pa ra a sa lva çã o, e Cre r, per sev era r na fé e ser sal vo ser iam
de ixa do os re st an te s ao se u de s tin o, que coi sas par a ele s ine vitá vei s. Os dem ais
26 josf4 Go n ça l v es S a l va d o r A r min ia n is mo e M eto d is mo 39

fic aria m à mar gem de ss e pr iv il ég io . De us


se to rn av a ar bi tr ár io e in ju st o. A Deu s, 3. O HOMEM NO CONCE ITO DE TIAGO
por tan to, cab ia a cul pa pel a int rod uçã o do ARMÍN IO.
pec ado no mun do e, também, a O su pr al ap sa ri an is mo gl or if ic av a a
responsabilidade pela queda do homem. De us , an ul an do o ho me m: ma s, qu an do
Arm íni o se de te ve a ex am in ar me lh or o
Co mo co nc il ia r tu do is so co m a pr ob le ma , co nc lu iu , co m a Es cr it ur a, qu e
pe rf ei çã o mo ra l de De us ? Cu lp ar ao a ex al ta çã o do Cr ia do r ex ig ia a li be rd ad e
ho me m po r fa lt a qu e lh e fo ra do ho me m. De Su as di vin as mã os sa íra um
de te rmi na da , se ri a in ju st iç a, qu an do a se r ra ci on al , fe it o, es pi ri tu alme nte , à Sua
ju st iç a é um do s fu n dam ent os da gló ria de sem elh anç a, e não um aut ôm ato. Dot ar a-o
Deu s. Nem Ele pod e, por at o ar bit rá rio de com a cap ac ida de de esc ol ha e op ção ; fê -lo
Sua von tad e, sa lva r ao inj us to, co mo não res pon sá vel pe la co ns eq ü ên ci a de ss a
pod e co nd en ar ni ng ué m es co lh a; de u-lh e di sp os iç õe s pa ra
in de pe nd en te me nt e de su a fé . De us é co nh ec er a De us e go za r a vi da et er na .
sempre coerente consigo mesmo. Bê nç ão ou ma ld iç ão , e re co mp en sa ou
ca st ig o sã o o fr ut o de su as de ci sõ es . Po r
Arm íni o, por ess a raz ão, vol tou -se par a o is so di z a Es cr it ur a: "Aq ue le qu e qu is er ",
inf ral aps ari an is mo . Ou , me lh or , ac ei to u a "aqu ele que cre r", "faz e ist o e viv e", e "sê
pr ed es ti na çã o co nd i ci on al . De us só fie l e dar -te-ei a co ro a da vi da ".
pr ed es ti no u ap ós a qu ed a, le va nd o em
co ns id er aç ão , po r Su a pr es ci ên ci a, a Ma s, ad mi ti da a pr ed es ti na çã o
at it ud e do ho me m em fa ce da te nt aç ão . ab so lu ta , o li vr e-ar bí tr io to rn a -se
L og o, a pr ed es ti na çã o er a co ns eq üê nc ia im po ss ív el , po rq ue a vo n ta de já se ac ha
do at o hu ma no e, de mo do al gu m, o de te rm in ad a em se u ex er cí ci o. Qu al qu er
re su lt ad o de um de cr et o pr ee st ab el ec id o ordem dada ao homem, nestas condições, é
po r De us . E, as si m, q ue da re al ça va a contra-senso.
im po rt ân ci a e a re sp on sa bi li da de da
criatura sem deixar com o Criador toda a culpa.
4. O PROBLEMA DO PECADO
27 josf4 Go n ça l v es S a l va d o r A r min ia n is mo e M eto d is mo 39

Se o ho me m qu is es se , po de ri a ma nt er - De us . Nã o pe ca ra, de fa to , po r si me smo . A
se no es ta do em qu e De us o cr ia ra , me sm o cu lp a recaia sobre Deus.
em fa ce da te nt aç ão . Er a li vre e ti nh a
ca pa ci da de pa ra Lh e ob ed ec er . To da vi a, Ar mí ni o es ta va lo ng e de co nc or da r co m
ag iu nou tr a di re çã o, es co lh en do , es ta s co nclu sõe s. Par a ele o hom em era
co ns ci en te me nt e, o ma l, co m o qu e se res pon sá vel tam bém pel a tr an sg re ss ão , e o
to rn ou pe ca do r e, po r is so , é re sp on sá ve l pe ca do , um fat o irrel ut av el me nt e re al .
po r su a fa lt a. Só as si m, re al me nt e, o Po rq ue o ho me m er a li vre , pe ca ra e, co mo
pe ca do e po ssív el po rq ue é de so be di ên ci a pe ca do r, me rec ia o cas ti go de sua má
vo lu nt ár ia . Da í a po si çã o, cl ar am en te esc ol ha. Deu s pod ia ch am á -lo a co nt as .
ag os ti ni an a, de Ar mí ni o, ne ss e se nt id o, Ni ng ué m Lh e po de im pu ta r su as pr óp ri as
qu an do fe z su as as pa la vra s do Bi sp o de fa lta s. Ca da um é se nh or de se u de st in o.
Hi po na : "pe ca do é de ta l mo do um ma l Aq ue le qu e se perde, perde-se por culpa sua.
vo lu nt ár io , qu e nã o po de se r de fo rm a
alguma pecado até que seja voluntário". O arm ini ani smo , ena lte cen do o val or do
hom em sem dim inu ir o car áte r de Deu s,
Se , po ré m, a qu ed a es ta va deu , ent ão, à obr a div ina um cunho ético de
pr ed et er mi na da , e fo rç o sam ent e se que se ressentia o calvinismo.
cum pri ria , o pec ado dei xa de exi sti r , poi s
não ho uv e li vr e es co lh a. O ho me m ag iu
so b o im pu ls o d e uma fo rç a ir re si st ív el ,
qu e no ca so er a a von ta de so be rana de
5. O DECRETO ETERNO DE DEUS.
Ti ag o Ar mí ni o, o il us tr e te ól og o de qua nto s cre ssem nEl e e ace ita sse m Sua
Am st er dã ta mb ém es po sa va a id éi a de um obr a red ent ora , ser iam jus tif icado s e salvo s,
de cr et o di vi no , ma s o co nc eb ia de ma ne ir a mas quan tos perm anec esse m
mu it o di ve rs a do s ca lvi ni st as . Er a um volu ntar iame nte em seu s del ito s e pec ado s,
"d ec re to gr ac io so ". Po r ele Deu s re so lve ra, ser iam cond ena dos. Sua vontade, por
des de a ete rn ida de , en via r ao mu ndo Seu conseguinte, era que todos cressem e fossem
Fil ho na qua lid ad e de Sal vad or . To dos salvos. Po r Su a cu lp a ni ng ué m se pe rd er ia .
Er a a pr om es sa do Evangelho. su fi ci en te me nt e pa ra re di mi r to da a
hu ma ni da de . N e le hav ia sup rim ent o par a
Pa ra Ar mí ni o, o ho me m sa lv a va -se nã o tod os os pec ado res . A ma is abj eta cri at ura
po rq ue ti ves se sid o ele ito , e sim ao tin ha a sua sal vaç ão gar ant ida at ra vés do
con trá rio . Por ace ita r a Cri sto com o Ver bo di vi no , de sd e qu e se vo lt as se pa ra
Sal vad or é que se tor nav a ele ito . A ele içã o El e e O ac ei ta ss e de co ra çã o. Je su s
dec orr e da ide ntifica ção do pec ado r red imi do ja ma is se re cu sa ri a a re ce be r a o pe cad or
com a obr a do Fil ho eterno de Deus. arrependido.

Deu s, em Sua mis eri cór dia , já Já , de ig ua l mo do , se nã o po di a af ir ma r


pro vid enc iou tud o que se faz ia mis ter à ta l q ua nto à do ut ri na ca lv in is ta . Po r el a,
sal vaç ão dos pec ado res . E mai s: pô -la ao Cr is to vi er a sa lv ar ao s qu e De us de
al ca nc e de qu an to s a qu is er em . Re st a, an tem ão es co lh er a pa ra is so . Se u sa ngu e
so me nt e, a ca da um , en tr ar na ar ca qu e be ne fi ci av a a e ss es so me nt e. Ao s
El e pr ep ar ou . Se o ho me m qu er , De us o re pr ov ad os o sa cr if íc io nã o ap ro ve it av a. A
sa lv a. Ne m só o ho me m, e ne m De us só . ob ra ex pi at ór ia li mi ta va -se , po r
Sã o os do is co op er an do pa ra o me sm o fi m. co ns eg ui nt e, a um gr up o ap en as : os
To dav ia os ar mi nia no s, co m ex ce çã o do s pr ed es ti na do s (p ar a a sa lva çã o) . Ma s,
me to di st as , pa re ce m da r pr e ce dê nc ia à se gu nd o a po siçã o ar min ian a, a
aç ão hu ma na , co m o qu e te nd ia m pa ra o pos sib ili dad e da sal vaç ão ex ist e pa ra to do s
pe la gi an is mo . O ho me m ca mi nh a pa ra e não dep en de de de te rm in aç ão (e sco lh a)
De us e De us ve m ao seu encontro. di vin a. A vo nt ad e hum ana é fa tor "si ne qua
non ": Cri sto red im e aos que O ac ei ta m
co mo Sa lv ad or . Is to é: sa lv a ao s qu e
6 . A O BR A DE CR IS TO . qu ei ra m ser salvos.
Ti ag o Ar mí ni o in si st ia e m qu e a vi da
et er na se of er ec ia a to do s os ho me ns Ar mí ni o ju lg av a a ob ra de Cr is to , co mo
me di an te a ob ra ex pi at ór ia de Je su s ad mi ti da pel os cal vin ist as, um ato hor rív el
Cri st o. Ou me lho r: a sal vaç ão era uni ver sal , da par te de Deu s. Sim , po rq ue te nd o
por que Se u sa cr if íc io fo ra de ex te ns a de cr et ad o a sa lv aç ão de al gu ns , e st es de
am pl it ud e. O Fi lh o de De us mo rr er a po r qua lqu er mo do ser ia m sal vos , sem hav er
to do s os ho me ns . Se u sa ng ue ba st ar a nec ess ida de do sa cr if íc io de Se u pr óp ri o
Fi lh o. Al ém di ss o se ri a pr ov a de ma ld ade , in fl uê nc ia s ext er na s e não com o au xil io
por que , pod en do sa lva r a tod os , não o qui s. pes soa l de Deu s, at ra vés do se u Es pí ri to .
Jo ão We sl ey , o fu nd ad or do Me to di sm o, Po r ex em pl o: a le it ur a do s Ev an ge lh os , a
di ri a, sé cu lo s de po is , qu e ta l at it ud e fa zi a imitação do procedimento de Nosso Senhor, etc.
a Deus pior que o diabo.
Ar mí ni o ap ro xi ma va -se ma is de
Ag os ti nh o e, em mu it os po nt os , er a
7 . O LU GA R DA GR AÇ A DE DE US NA ag os ti ni an o, de fa to. Nã o ac ei ta va f oss e o
SA LV AÇ ÃO DO HO ME M. pe ca do de Ad ão só de co ns eq üê nc ia
Ai nd a qu e o ar mi ni an is mo re al ce o va lo r in di vid ua l, po is af et ar a a na tu re za hu ma na
hu ma no , nã o de ve mo s co nf un di r se u e en vo lve ra to da a ra ça . To do s ca ír am em
po nt o de vi st a co m o do pe la gi an is mo , Ad ão . Ag or a, só pe la gr aç a de De us po de
po is am bo s se di st in gu em nã o só qu an to o ho me m re gen er ar-se e ob te r a sa lva çã o.
ao co nc ei to do ho me m, ma s, ta mb ém , Se m el a tu do é im po ss ív el ao pe ca do r.
qu an to ao do pe ca do e da gr aç a di vi na . "S em mi m na da po de is ", dis ser a bem
Jes us. Tod avi a, Arm íni o dis cor dav a tan to de
Pe lá gi o en si na va qu e o pe ca do de Adã o Ago sti nho com o de Cal vin o, qua ndo neg ava
som ent e afe tar a a est e, nas cen do-lhe os ter o hom em fi ca do re du zi do pe lo pe ca do à
fil hos e, de ig ua l mo do , to do s os de ma is in at iv id ad e. Ho uv e al go qu e o ho me m nã o
de sce nd ent es , co m id ên ti ca s pe rd eu . Ai nd a lh e re st a a ca pa ci da de de
po ss ib il id ad es às qu e e le ti ve ra an te s de re sp on de r à gr aç a de De us e ac ei tá-la ou
ca ir . A sua fal ta con sis tia , ape nas , em mau re cu sá -la . No ut ra s pa la vr as : ai nd a po ss ui
exe mpl o par a as ger ações seguintes. li be rd ad e e vo li çã o e, as sim , é
Ninguém, portanto, nasce pecador, sendo re sp on sá ve l po r su as de ci sõ es . O hom em
ve rí di co di ze r-se qu e to do s tr az em ai nd a pode dizer "sim" ou "não" ao seu Criador.
co ns ig o o do m da gr aça, ou se ja : os me io s
in at os pa ra at in gi r a sa lva çã o, ca so se Pa ra Ti ag o Ar mí ni o a gr aç a de De us é a
fa ça pr ec is o. Aq ue le qu e ca ir , po de rá aç ão op er ante do Esp íri to di vin o jun to ao
re er gu er -se po r si me sm o. De us já co lo co u hom em . É dom gra tui to e, com o ta l, nã o
à di sp os iç ão de ca da um os re cu rs os pa ra de pe nd e de qu al qu er mé ri to do ho me m.
ta nt o. Pel ág io , p or ém , co nc eb ia es se s De us a reparte a todos os Seus filhos. Admitia,
me io s co mo di sp os iç õe s in di vi du ai s e contudo, que, ex ce pc io na lm en te , al gu ém
po de ri a de ix ar de re ce bê-la . En tr et an to , 6:1).
ne nh um a pe ss oa é fo rç ad a a ac ei tá -la . A
gr aç a ce le st ia l po de , si m, se r re cu sa da Se o pe cad or con co rd a em re ce be r o
pe lo ho me m, se gundo as seguintes passagens au xíl io di vin o, Deu s o co loc a em nov a
bíblicas: "E estais esquecido s da exo rta ção con di ção . No vas per spe ct iva s se
que , com o a fi lho s, dis cor re con vos co: Fi lh o de sc or ti na rã o à su a fr en te . O ca mi nh o da
me u, nã o me no sp re ze s a co rr eç ão qu e gl ór ia et er na se ab ri rá pe ra nt e se us ol ho s.
ve m do Se nh or , nem de sma ie s qua nd o po r Ma s é ap en as o ca mi nh o. A gl ór ia só se
ele és re pr ov ad o" (Hb . 12: 5), e em Mt 23: 37 en co nt ra no té rm in o. Im po rt a, po is ,
as sig nif ica tiv as exp res sõe s do lamen to de pa lmil há -lo at é ao fi m. O ho me m te m qu e
Cri sto sobre Jer usa lém : "Je rus alé m, se mo ve r e pi sar, às veze s, card os e
Jer usa lém ! que ma tas os pro fe tas e pedr egul hos fer inos . Sobr evi r-lhe-ão
ape dre jas os que te fo ram en via do s! tr is te za s e se du çõ es . Po ré m, se mp re qu e
qu an ta s ve ze s qu is eu re un ir os te us de se je pr os se gui r, sen ti rá que não se
fi lh os, co mo a ga li nh a aj un ta os se us enc ont ra sozin ho : Jes us , o Sa lva do r
pi nt in ho s de ba ix o da s as as , e vós nã o o co mp as si vo , ca mi nh a a se u la do e lh e
qui se ste s!" Em Lc 7:3 0, lê -se : "Ma s os re vig ora as fo rç as . Je su s nu nc a
fa ris eu s e os int ér pr ete s da le i rej ei ta ra m, de sa mp ar a ao s qu e se ac ol he re m à Su a
qua nto a si me smo s, o de sí gn io de De us , so mb ra am ig a. Se qu is er em ve nc er ,
nã o te nd o si do ba ti za do s po r e le ". No ja ma is lh es faltará o auxílio de Deus, através
co nc ei to de Ar mí ni o a gr aç a p od e do Seu Filho.
ta mb ém ser re sis ti da, con fo rme a def esa
de Est evã o per an te o Sinéd ri o: "H om en s de E, de st e mo do , já en tr am os na
dur a ce rvi z e in ci rc un ci so s de co ra ção e de do ut ri na da pe rs everança cristã.
ouv ido s, vós sem pr e re sis ti s ao Esp ír ito
San to: as si m co mo fi ze ra m vo ss os pa is ,
ta mb ém vó s o fa ze is" (At 7:5 1). Igu alm ent e,
a gra ça de Deu s pode se r re ce bi da em vã o , 8. A PE RS EV ER AN ÇA MIS TA .
no s di ze re s de Pa ul o: "E nó s, na De fi na mo-la , pa ra me lh or a
qu al id ad e de co op er ad or es com el e, co mp re en de rm os . En ten de-se, por es sa
ta mb ém vo s ex or tamo s a qu e nã o dou tr ina , que o cre nte em Je sus , uma ve z
re ce ba is em vã o a gr aç a de De us " ( 2C o re ge ne ra do , ja ma is ca ir á da gr aç a di vi na ,
vi nd o a pe rd er -se de no vo . A as si st ên ci a inú te is e pro fa nos , e as con tra di çõe s do
de De us é de ta l mo do ef ic ie nt e qu e e le sa be r, co mo fa ls am en te lh e ch am am , po is
se rá ma nt id o no ca mi nh o e sa lv o po r fi m. al gu ns pr ofes san do -o, se des via ram da fé" .
Na da o ar re ba ta rá de Su as mã os . (1Tm 6:2 0-21) . Outra s pas sag ens que se
Co nf or me Jo 10: 27 -29; Rm 11: 29; 2Tm dev em exa min ar, enc ont ram -se em Rm 9: 6:
1:1 2; 2T m 4:1 8 e out ras pas sa gen s. Er a o 2T m 2: 17 -18 ; 2T m 4: 10 ; 2P d 2: 1-2; H b
pon to de vis ta dos sup ra lap sa ria nos e o é, 2: 1; Hb 3: 14 : Hb 6: 4 a 6, e vs . 11 ;
ainda, sobretudo, das igrejas Reformadas ou 1J o2: 6, 9 e 19 ; e Ap 3:1 a 3.
calvinistas.
Arm íni o par ece ter sid o mai s con sis ten te
É in te re s sa nt e qu e Ag os ti nh o, se nd o que os seu s seg ui dor es , vis to que eles
pr ed es ti ni st a, es pos ou id éi a bem co nt rá ri a, der am ma io r ênf ase à von tad e e aos
ad mi tin do que at é o el ei to po di a ca ir e se r esf orç os do hom em, com o que ten dia m
co nd en ad o. Os ar mi ni an os , lu te ra no s, par a o pel agi an is mo . Fo ra m, po r
qu aq ue rs , me to di st as e ou tr os ad ot am co ns eg ui nt e, ai nd a ma is li be ra is do que o
ma is ou me no s es ta úl ti ma po si çã o. To do s mestre.
co nc or da m em qu e a pe rs e ve ra nç a nã o
de pe nd e ex cl us iva me nt e de De us . O cr en te Ti ag o Ar mí ni o nu nc a si st em at iz ou su as
nec ess ita faz er a sua par te, por que a div ina do ut ri na s. Exp ô-las seg und o as
o ser á sem pre . E a bas e se enc ont ra em cir cun stâ nci as e só com vis tas a
tex tos , com o Mt 24: 12 -13 : "E po r se dete rm in ad as qu es tõ es e pe ss oa s.
mu lti pl ica r a in iq üi da de , o am or de mu i tos Ja ma is pe ns ou , ce rt a me nte , em esc rev er
se esf ria rá. Aqu e le, por ém , que per se ver ar um a obr a de Te olo gia Si st em áti ca, e
até o fi m, ess e ser á sal vo" . Em Cl 1:2 3 est á dou tri nas hou ve, con hec ida s ago ra com o
dit o: "Se é que per man ece is na fé , arm ini ana s, em que nem seq uer pen sar a.
al ic er ça do s e fi rme s, nã o vo s de ixa nd o Iss o foi obr a de seu s dis cíp ulo s, al gu ns do s
af as ta r da es pe ra nç a d o ev an ge lh o qu e qu ai s fi gu r am en tr e os ma is no tá ve is
ou vis te s, e que fo i pr ega do a toda criatura pe ns ado res dos Pa ís es -Ba ixo s, po den do
debaixo do céu, e do qual eu, Paulo, me tor nei en qua drar -se ao la do do s ma io re s te ól ogo s
min ist ro" . Dan do con sel hos a Tim óte o, da Ig re ja .
Pau lo diz : "E tu , ó Ti mó te o, gu ar da o qu e
te fo i co nf ia do , ev it an do os fa lat óri os É di fí ci l, me sm o, ju lg ar a qu em da r a
pr im az ia e cr éd it o, se a Si mã o Ep is có pi o, C A P Í T U L O I V
au to r da pri me ira con fi ss ão de fé
arm in ian a, con sti tu ída de vin te e cin co
ca pí tu lo s, e, ai nda , um a Ap ol og ia e um a
In st itu ti on es Th eo lo gi ca e, ou se a Ph il ip OR GA NI ZA ÇÃ O E DI FU SÃ O DO
va n Li mb or ch , pr ofessor no Ginásio arminiano AR MI NI AN IS MO
de Amsterdã e redator da mai s com ple ta
exp osi ção da dou tri na de Arm íni o, em sua
"Th eo lo gi a Ch ri st ia na ", ou , ai nd a, se a
St ep he n Cu rc el la eus ou a Jo hn Le Cl er c. Co m a mo rt e de Ar mí ni o o mo vi me nt o
nã o ce ss ou . As id éi as ne m se mp re
Fo ra m es se s os co nt in ua do re s do de sa pa re ce m co m os se us ge ni to re s.
in ol vi dá ve l me st re da Un iv er si da de de Mu it as ve ze s é de po is qu e ad qu ir em
Le id en e in icia do r de um do s mo vim en to s ma io r fo rç a, se en co nt ra m qu em as
qu e ma io r in fl uê nc ia tê m ex er ci do na vi da in co rp or e à pr óp ri a vi da . Fo i o qu e se
da hu ma ni da de : Ti ag o Ar mí ni o, Ar mi nius, ou pa sso u na Ho la nd a co m o ar mi ni an ism o.
Hermanns.
Am ig os e di sc í pu lo s le va ra m-no
ad ia nt e. Ho me ns , co nf or me já fr isam os , da
REFERÊNCIAS E NOTAS: env er gad ur a de Olde nbo rn ve ldt , Hu go
(1) Enciclopédia Britânica, vol II: pág. 386.
(2) Newman, Albert Henry - A Manual of Church History,
Gro ti os , Jo ha n Uy tt en bo ga er t, qu e er a o
Vol II: pág. 339. ma is ínt im o de Ar mí ni o, e Si mã o
Ep is có pi o, se u su ce ss or em Le id en .
Mui tas pes soa s de pro jeç ão e ma is de um a
dez ena de pas tores se incluíram, desde logo,
entre os adeptos.

Assim, a controvérsia prosseguiu, cada vez


mais acesa, agitando os Países-Baixos,
env olv end o, tam bém , a pol íti ca, em raz ão
das afi nid ade s qu e ha vi a do Es ta do co m a
Ig re ja Re fo rm ad a e do pr ópr io ca rá te r d o
mo vi me nt o. Ac on te ce qu e Ol de nb or n- par a o do gma tis mo e era pou co
ve ld t, al ém de si mp át ic o ao ar mi ni an is mo , dem ocr áti co. Aqu ele pro cur ava rea lça r o
de fe nd ia o re gi me re pu bl ic an o, en qu an to val or do hom em, ao pas so que est e
qu e o pr ín ci pe Ma ur íc io de Or an ge ex al ta va a so be ra ni a de De us . Co mo se
pu gn av a pe lo na ci on al is mo ce nt ra li za do r po de ri am , en tão, nessas condições conciliar
e er a su pr al ap sa ri an o. O ar mi ni an is mo os dois pontos de vista?
ad vo ga va a to le rân cia e a lib erd ad e
rel igi osa , ao pas so que o cal vin ism o ten dia
Ia m as co is as em ta l pé , qu an do 2) Jes us é o Sal va dor do mu ndo ,
Ol de nb or nv el dt , ch ef e da Pr ov ín ci a de hav end o ef etu ado um sac rif íci o po r to dos
Ho la nd a, pe di u ao s se gu id or es de Ar mí ni o , os hom ens e em par ti cu lar , pel o in di ví du o.
is to em 16 10 , pr ep ar as se m um a A re den çã o é un ive rs al . Ma s só se sa lva m
de cl ar aç ão de su a fé , a qu al ve io a se r os que se arrependerem e crerem nEle.
co nh ec id a co mo "R ep re se nt açã o" , a fi m
de se r ap re se nt ad a ao Go ve rn o, pa ra , 3) Ni ng ué m po de , po r si só , fa ze r
de ss e mod o, con seg uir fosse m tol era dos , qu al qu er be m ou atingir a salvação.
pel o men os. Daí , também , a den omi naç ão
que se lhe s deu de "Re pre sen tan tes ". 4) O pe ca do r ne ce ss it a da gr aç a de
De us , se m a qual nada lhe é possível; todavia,
Re di gi ra m, po is , o cé le br e do cum en to , ela não é irresistível.
ne le ex po ndo os ci nc o pontos fundamentais,
seguintes, por nós assim resumidos: 5) De us , po r Su a gr aç a, as si st e ao
1) De us , po r me io de um de cr et o cr en te e o aj ud a a tu do ve nc er , ca so de se je
et er no e im ut áv el, res olv eu sal var , atr avé s o au xíl io di vin o e nã o pe rm aneça inativo.
de Jes us Cri sto , a tod os que O ac ei ta ss em
co mo Sa lv ad or e Lh e fo ss em fi éi s at é ao Os ca lvi ni st as re tru ca ra m co m uma
fim , e con den ar aos que viv ess em ali ena dos "C on tr a-Re pr es en taç ão ". A po lêmi ca se
dEle, con for me Jo 3: 16 : "P or qu e De us am ar go u. Os co nt end or es pe rderam a
am ou o mu nd o de ta l ma ne ira qu e de u se u serenidade. Os argumentos já não tinham
Fi lh o un ig ên ito , pa ra qu e to do aq ue le que eloqü ên ci a ba st an te . Ir mã os pe la cr en ça e
nEle crê não pereça, mas tenha a vida eterna". pe lo sa ng ue se ent reg ara m à lut a arm ada ,
leg and o-nos exe mpl o dos mai s tri ste s.
he te ro do xo s pe rd es se m a h ab il it aç ão pa ra
Af ina l, Mau ríc io ve nce u, apo iad o pe lo s o co nc la ve . O pr óp ri o Sí no do se
cal vin ist as , ma s, dia le tic ame nte os pr edi sp us er a a ma nt er se us pa dr õe s e a
arm ini ano s per man ece ram de pé . Nin gué m su bj ug ar a “he re si a ” do s Re pr es en ta nt es
os de rr ib ou , em bo ra Ol de nb or nv el dt foss e (a rm in ia no s) . Po uc o se po de ri a es pe ra r
de ca pi ta do na pr is ão e Gr ot iu s ti ve ss e de em fa ce dis so. E, de fa to, con qua nto f oss e
ex il ar-se da pátria. bel íss ima a ex po siç ão do ut rin ár ia de
Ep is có pi o, os ad ep to s do ar mi ni an ism o
Já qua se sen hor da sit uaç ão, dá o fora m ta ch ad os de he re ges e co nf ir ma da a
prí nci pe de Ora nge . na qu al id ad e de "C on tr a-Re pr ese nt aç ão ", a "C on fi ss ão
St ad th ol de r do s Es ta do s Ge ra is , in te ir a Be lg a" e o "C at ec is mo de He ide lb er g" .
sol ida rie dad e ao Sín odo que se aca bav a de
con voc ar, pre te nd en do , po r es se me io , Os mi ni st ro s ar mi ni an os ti ve ra m qu e
un if ic ar , ta mb ém , a ad mi ni stra ção rel igi osa . op ta r en tr e o "A to de Ce ss aç ão ", qu e os
ob ri ga va a si le nc ia r qua nto às sua s
A mag na ass emb léi a tev e lug ar na cid ade cre nça s, e o exí lio . O inter ess ant e é que se
de Do rt du ra nt e se te me se s (1 3 no ve mb ro que ria ext ing uir a fog uei ra, esp alh and o-lhe
de 16 18 a 9 de mai o de 161 9), e nel a as bra sas , sem se perce be r qu e el as ir ia m
est ive ram pre sen tes 84 teó log os e 18 co nt in ua r a ar de r no ut ro s lu ga re s. Ia m
delegados seculares. Diversos governos civis, le vá-la s pa ra o es tr an ge ir o, on de ta mb ém
onde o pr ot es ta nt is mo do ti po Re fo rm ad o ge rm in ari am . In cl us iv e de le ga do s da s
fo ra ad mi ti do , ma ndar am rep res ent ant es: a na çõ es , pr es en te s ao Sí no do , ac ol he ra m
Ing lat er ra, o Pal at in ado , Hes se, Suíç a e co m si mp at ia a be m fu nd am en ta da defesa
Bre me n. De ixa ram de com parec er os da das idéias arminianas.
Fra nç a e Br an de nb ur go .
Qua ndo , ma is ta rd e, apó s a mo rte de
À fr en te do pa rt id o ar mi ni an o ac ha va- Mau ríc io, oco rri da em 16 25 , os ex il ad os
se Sim ão Epi scó pio , seu pri nci pal gui a re gr es sa ra m à pá tr ia , o mo vime nt o já ha vi a
teo lóg ico des de a mo rt e de Ar mí ni o. Er am ga nh ad o ma io r am pl it ud e. E as
qu at or ze , co m el e, ma s ne m tod os ti nh am au to ri da de s tr at am , da i em di an te , co m
di re it o a vo to . Al iá s to ma ra m-se ma is cl em ên ci a ao s ad ep to s do
pr ov id ênci as pa ra qu e os co ns id er ad os ar mi ni an is mo , fa cu lt an do -lh es o pr iv il ég io
de ed if icar em igr eja s par a si e de ter em as al i, es ta va me lh or or ga ni za do e co nt av a
sua s esc ola s par tic ulares . co m o ap ói o do Es ta do . Nã o o pod er ia
de sa lo ja r, as si m, tã o fa ci lm en te . Ma s,
Am ste rdã e Roter dã tor na ram -se, ent ão , tam bém , est e, fo i imp ote nte par a elim iná -lo .
os seu s cen tro s pri nci pai s. Naq uel a Ain da hoje se mantém lado a lado, se bem que
est abe lec era m um sem iná rio teoló gi co pa ra o número de suas co ng re ga çõ es e de se us
o pr ep ar o de mi ni st ro s, e em cu ja s pa stor es sej a re du zid o. A Ig re ja Re fo rm ad a
cá te dr as se asse ntar am os ilust res co ns er va a pr ed om in ân ci a.
Epis cópi o, Limb orch , Curc ella eus, Le Clerc,
Cattenburg e outros. Co nt ud o, no estr an ge ir o, a in fl uê nc ia
do ar mi ni an is mo se ac en tu a di a a dia e nos
Org ani zan do-se em com uni dad e mais vari ados seto res. Em dive rsos país es,
ecl esi ást ica , os arm ini an os ad ot ar am o onde o ca lvi ni sm o te ve ép oc as de
si st em a pr es bi te ria no co mo fo rma de es pl en do r, pe rd eu mu ito de se u br il ho co m
go ve rn o. Co ns ta , no en ta nt o, que al gun s a in tr od uç ão da s id éi as ar mi ni an as ,
mi ni st ro s se incli nav am , pre fer ent eme nte , es pe ci al me nt e na In gl at er ra , EU A e ou tr as
par a o reg ime epi sco pal , confo rm e ex is ti a pa rt es . Al ém dis so, obr igo u, por mai s de
na Ig re ja da In gl at er ra (A ng li ca na ). uma vez , cer tos teó log os afe iço ad os ao
ca lvi ni sm o a lh e su av iza re m al gum as
Ep is có pi o re di gi u uma Con fis são de Fé, ar es ta s, ta l co mo su ce de u co m Am yr al du s,
des tin ada a ser vir de pad rão dou tri nár io , na Fr an ça; Ri ch ar d Ba xte r, na Ing lat err a, e
ma s ne nh um pa st or er a ob ri ga do a ac ei tá- Nat ana el Tay lor , nos Est ado s Unidos ,
la ou a pres tar-lhe jura ment o. A tole rânc ia do che gan do tod os ele s, como ver emo s, a
armi nian ismo via-se ref let id a aqu i ma is uma cri are m nov os sistemas teológicos.
vez , e ain da dep ois se af rou xou
paulatinamente, com grandes prejuízos para o
sistema. O AR MI NI AN IS MO NA IN GL AT ER RA
Na In gl at er ra o ar mi ni an is mo se
O pro gre sso do arm ini ani smo foi peq uen o in tr od uz iu de ma nei ra int ere ssa nte . Ent re
nos Paí ses-Baixos. É que seu rival, o os pre sen tes ao Sín odo de Dor t, ach ava -se
calvinismo, já se havia radicado for tem ent e nas o clé rig o Joh n Hal es, de Eto n, pro fes sor de
pro vín cia s do nor te, qua ndo ele des pon tou gre go em Oxfo rd, desd e 1612 . Cont ou ele
mesm o que, ouvin do o arr azo ado de Sim ão costumes adotados pela referida Igreja;
Epi scó pio sobre Joã o 3:1 6, qua ndo def end ia naturalme nt e à cu st a de re aç õe s e
naq uel e con cla ve a doutr ina dos co nt ra te mp os . Po r ex em pl o, qu an do , em
Rep res ent ant es (ar min ian os) , des ped iu-se 15 95 , Pe dr o Ba ro le va nt ou a su a
de Cal vin o, ou sej a, de sua dou tri na, com co nt ro vé rs ia , a opo siç ão res pon deu-lhe com
um ad eu s. Re gr es sa nd o à pá tr ia , to rn ou -se os "Ar tigo s de Lam bet h", for tem ent e
lá def en so r ar do ros o do arm ini ani smo . cal vin ist as. Já o mes mo não acon tece u no
Nov os sim pat iza nte s sur gir am, não obs tant e rei nad o de Jam es I, ao tem po de Wi lli am
ang lica nos e cal vin ista s lhe s mov ess em Lau d, bis po de Lon dre s e ar ce bi sp o de
opo siçã o. À cor ren te de ten dên cia s Ca nt uá ri a, a pa rt ir de 16 33 . Co mo lí de r
arm ini ana s, que se vin ha des envol ven do no dos an gli can os, mov eu Lau d ten az
paí s, ind epe nde nte men te da con tin ent al, cam pan ha con tra o cal vin ism o. Na
gra ças sobretudo às idéias do pregador Pedro dis cus são que , em 162 2, sus ten tou con tr a o
Raro (1531-1599), de Cam bri dge , jun tav a-se, je su ít a Fi sh er , re ve lo u su as in cl in aç õe s
ago ra, a de Joh n Hal es. pa ra o ar mi ni anism o, dan do à fé um a
int er pre taç ão rac ion al, de so rte a fa zer do
A par tir de mea dos do sécul o XVI I o hom em ope ran te com Deu s na obr a de sua
imp act o do arm ini ani smo sobre a te ol og ia sal vaçã o. Ta nt o qua nt o lh e per mi tia m as
da Ig re ja An gl ic ana fa zia -se se nt ir, po r fu nç õe s ep isc op ai s, ob te ve que o re i Ca rlo s
is so , com maior realce. I pu se sse à fr en te da s pa ró qu ia s clé rig os
de ten dên cia s sem elh ant es às sua s, ma s
Te nd o pe rm an ec id o fi el à te ol og ia tão arb itrá rio s se tor nar am os doi s, por fim ,
ro ma ni st a at é à asc ens ão de Edu ard o VI , a e a tal pon to des conten tar am pr inc ipa lme nte
Igr ej a da Ing lat er ra abr aço u, a segu ir, por os ca lvi ni sta s, que est es, sob a direção de
algu m temp o, o luter anis mo, ader indo , afi nal, Oliver Cromwell, executaram a ambos e
ao ca lv in is mo , pa ra de po is ma nt er -se en tr e organi za ra m um go ve rn o re pu bl ic an o.
o pr ot es ta nt is mo e o ro ma ni smo . Ca nn on
di z be m do es pí rit o an gl ic an o, qu an do É da í em di an te qu e o arminianismo
de cl ar a: "O an gl ic an is mo fo i um te to qu e ganha terreno, absorvido, em parte, pelos
ag as al ho u mu it as op in iõ es ". ( 1) Nã o se ang lo-cat óli cos e, em par te, pel os
de via es tra nh ar que o arm ini ani smo ach ass e lat itu din ari ano s, ass im cha mad os os
lug ar ao lad o das dem ais concepções e pri mei ros por sua s sim pat ias rom ani sta s e os
últ imo s, pe la imp or tân cia que da va m à cal vin ist a. Que r diz er que tan to imp ort ava
ra zão nas di sc us sõe s rel igi osa s. um qua nt o o ou tr o. Am bo s p od ia m se r
ac ei to s. H av ia lu ga r na Ig re ja pa ra as du as
Os doi s gru pos per ten cia m à Igr eja po si çõ es .
Ang lica na , um a Hi gh Ch ur ch , o ou tr o a
Low Chu rc h, ou se qu is er mo s: à Al ta e à Já no sé cu lo se gu in te o re du to
Ba ixa Ig re ja . Os la ti tu di na ria no s, emb ora ar mi ni an o se ap re se nt a na va ng ua rd a. O
pro tes tan tes ma is ort odo xos , de mo do qu ad ro tem , ago ra, nov o asp ect o: os "Tr int a
al gum , de sej ava m na Igre ja, um cal vin ismo e Nov e Art igo s" são , ainda, calvinistas, mas o
rígi do e por ist o, vie ram a se r co gn om in ad os clero anglicano, de modo geral, é arm ini ano em
de "A rm in ia no s de Ca mb ri dg e" . Ao pri me iro sua s con cep çõe s. É bom lem bra rmo s des te
gru po pe rte nc era m Hoo ke r, Lau d, Lan ce lot fat o, vis to que o fut uro org ani zad or do
An dr ews , e ao se gu nd o, ao qu al , at é ce rt o me tod ism o viv eu nes se séc ulo e faz ia par te
po nt o se po de co ns id er ar ar mi ni an o, Lo rd do min ist éri o da igr eja of ici al (An gli can a) .
Fa lk la nd , Jo hn Ha le s, Ch il ling wort h, Os wesl eyano s não seri am, pois , os únic os a
Jere mias Tay lor, Whi chcote , Cudw orth , abra çar o armi nia nis mo . À me sma lin ha de
Wil kins e outr os, dive rsos dos quai s fili ados pen sam ent o se fi lia m os Ba ti st as Ge ra is, da
aos Plat onis tas de Cambr id ge . In gl at er ra; os Qu aqu er s ; os Ba ti st as Li vre s,
dos Est ado s Uni dos da Amé ric a; os
É im po rt an te le mb ra r, a in da , a po si çã o Rep res ent ant es, da Ho la nd a ; a Ig re ja
qu e ne ss a mes ma épo ca tom ou o pur itan o, Pr es bi te ri an a Cu mb er la nd , do s EU A; e
dis sid ente , Ric hard Baxt er (1615-1691), outros mais.
esforçando-se por conciliar o calvinismo e o
arminianismo. O ARM INI ANIN MO NA FRA NÇA
Na Fra nç a tam bé m o arm in ian ism o
O Bi sp o Bu rn et , em 16 99 , de u no vo rep er cut iu mu it o ce do , co mo be m co mp ro va
im pu ls o às te n dên cia s arm ini ana s, qua ndo a po si çã o to ma da po r al gun s profes sores da
pub lic ou sua obr a "Exp osi ção dos Tri nta e Academ ia de Saumur, onde se ensina va,
Nov e Art igos ", ded ica da ao rei Gui lhe rme III . antes , a te ol og ia de Ca lv in o. A pa rt ir de
Ne la , ao in te rp re ta r o Ar ti go XV II , qu e 16 33 co nt av a es sa fa c uld ade em seu rol ,
tr at av a da Pr edes tin açã o, deu -lhe sen tid o di ver so s me st re s no táve is, den tre os qua is
arm ini ano e lhe atr ibu iu igu al val ide z ao se des tac ava m Lou is Cap ell us, Moy sés
Amy ral dus e Jos ué Pla cae us. Não se (2 )
pa rt ic ip em da sa lv aç ão .
con fo rma ndo ele s com o cal vin ism o pu ro ,
ad ot ar am po nt o de vi st a me di an ei ro , en tr e Há em Am yr al du s um ide ali smo
a dou tri na da Igr ej a Ref orm ada e a dos un ive rsa lis ta ao lad o de um par tic ula ris mo
arm in ian os , to rna nd o-se conhe cid o por cal vin ist a ac ent ua do. A sal vaç ão é
cal vin ism o uni ver sal ist a ou hip oté tic o. uni ver sa l ape nas hi pot eti cam ent e, ao pas so
que o núm ero dos sal vos é lim ita do, porqu e
Doi s pontos era m fun dam ent ais nes ta ne m to do s re ce be m a Gr aç a. Ap es ar di st o
nov a con cep ção teo lóg ica : o da aç ão do o il us tr e pro fe sso r de Sau mu r tev e que
Es pí ri to di vi no e o da Gr aç a. En te nd ia m os defend er sua dou tri na, con si de ra da
seu s aut ore s que Deu s não agi a in co ns is te nt e co m os pa dr õe s da ma gn a
coe rci tiv am ent e sobre os sen tim ent os do as se mblé ia de Dor t, por qua nto do is sí no dos
hom em, mas sim atua ndo , pri mei ram ent e, nac ion ai s ass im o en te nd ia m.
so bre o int ele cto e, ent ão, atr avé s des te,
so bre a alm a. O int el ect o, uma ve z To da vi a um di sc íp ul o, Cl au de Pa jo n,
esc lar ec ido , é que le vav a a al ma à pr ofe sso r em 166 6 na me sma esc ola , não
re gen er aç ão . De us er a a ca us a pr im ár ia da só con tin uou a susten tar as idé ias de
sa lva çã o. O hom em , po ré m, ti nh a a su a Am yra ldu s, ma s ava nço u ain da ma is,
pa rte ; me re cia ce rt a co ns id er açã o. O en si na nd o qu e a op er aç ão do Es pí ri to
se gu nd o po nt o, re fe re nt e à Gr aç a, te ve em so br e o in te le ct o també m se faz por meios
Am yral dus o mai s ard oro so def ens or. exte rnos, tais como os evan gelho s, as
Ens ina va ess e mes tre da Academia de ci rc un st ân ci as , et c.
Saumur a interessante concepção da existência
da Gra ça uni ver sal hip oté tic a, que ele Na In gl at er ra ad ot ar am po si çã o mais ou
exp res sav a na se gu in te li ngu ag em : há em meno s seme lhan te à de Amyr aldu s, War dlaw ,
De us o de sejo (ve ll ei ta s, af fe ct us ) qu e John Br ow n e Ja me s Ri ch ar ds e no s EU A
to do s se ar re pe nd am e se ja m sa lv os algu ns teól ogos da Nova Ingl ater ra, como
(ar mi ni an is m o ), ma s por um mo ti vo Emmo ns, Tayl or, Park e Beman.
qua lqu er a Gr aça não é ced id a a tod os
(ca lvi nis mo ). Par a tan to Deu s env iou Seu
Fil ho ao mu nd o, ma s as c on di çõ es O ARM INI ANI SMO NA ALE MAN HA
ex ig id as sã o um ób i ce a qu e to do s E que dir emo s da Ale man ha, ber ço do
prot est ant ism o e de tan tos pen sado res
emi nen tes ? Se qui serm os, pod emo s recu ar Lu te ro e Me la nc ht on se dav am mu it o
ao s te mp os da Re fo rm a. Co me ce mo s pe lo be m. N ot e-se , po ré m, qu e su as te ol og ia s
in ol vid áv el Ph il ip Me la nc ht on , am ig o ín ti mo di ve rg em em al gu ns po nt os . Me la nc ht on ,
de Lu te ro e se u co ad ju to r na cé le br e po r exe mp lo, em seu con ce ito s obr e a
Co nf is sã o de Au gs bu rg o. Ne nh um outro Igr ej a enf ati zav a a im po rt ân ci a da ra zã o, e
viveu tão perto do coração do grande reformador po r is so é el a co ns ti tu íd a do s qu e ac ei ta m
e nem me lho r lhe sec und ou os esf or ço s a ve rd ad ei ra do ut ri na do cr is ti an is mo . Pa ra
naq ue les tem pos da agi tad a car rei ra. Hão Lu tero a Igr eja é a com unh ão dos fié is.
de ser col oca dos sem pre na lis ta das Mel anc hto n pen sav a da San ta Cei a com o
gra nde s ami zad es. sím bol o do sa cri fíc io de Cri sto , rec e ben do-O
ape nas aqu e les que tiv ess em fé n Ele .
Mel anc hto n, não obs tan te, era Lut ero, no en ta nt o, er a re al is ta , em bo ra
qua tor ze ano s ma is no vo do que Lute ro, re je itas se a tra ns ub st an ci aç ão . Ou tr o po nt o
pro vin ha de fa míl ia be m do ta da e re ce be ra é o que di z re sp ei to à sa lva çã o do ho me m:
ed uc aç ão ma is ap rim or ad a. Du as pes soa s, Ma rt in ho Lu te ro co lo ca va o ho me m na
por tan to, de ida des e psi col ogi as dif ere nte s. in te ir a de pen dênci a de Deu s, enq uan to que
Mas os do is se co mp le ta ram. A ca lma de o com pan hei ro e a mig o tam bém exi gia a co -
Me la nc ht on se con trapô s muita s vezes à par tic ipa ção da von tad e hum ana . No
impet uosid ade de Martin ho Lute ro, ao passo con cei to de Mela nch ton trê s ele men tos
que o con ser van tis mo do ex -mon ge de con cor riam par a se efe tiva r a sal vaçã o: o
Wit ten ber g sal vou o com pan hei ro de Esp írit o San to, a ver dad e bíb lica e a vontade,
de sca mba r com o seu lib era lis mo para sendo que o Espírito é a causa eficiente, a
sit ua çõe s per igo sa s, tal com o su ced eu em Palavra é o me io par a alc an çá -la , ma s,
Aug sbu rgo ao di sc uti r com os teó lo gos dep ois de tud o, sem o ex er cíc io da
rom ano s, po r ord em do imp era do r Ca rlo s V, von tad e, o hom em nã o a con se gue . É o que
os te rmo s da co nf is sã o do ut ri ná ri a do se chama de "sinergismo".
pr ote st an ti sm o al em ão .
Algumas das idéias de Melanchton
Ni ng ué m po de im ag in ar qu e ru mo provocaram depois ver dad ei ra agi taç ão na
to ma ri a o mo vi me nt o lu te ra no se m o Ale ma nha , di vid ind o a Igr ej a em dua s ala s:
au xí li o de Ph il ip Me la nc ht on . os con ser vad ore s e os fi lip ist as ou
sin erg istas . As cont rové rsia s somen te sal vaç ão. Dom ini can os (to mi sta s) e
cess aram em 1580 , com a “Fórm ula de Fra nc is ca nos (sc ot ist as ) ne le se
Co nc ór di a”, e um a de la s fo i, ex at am en te , en vo lve ra m. Re ac en dem -no ao tem po da
sobr e a pre des ti na ção . Af ina l, a que stã o Ref orm a, Mic hae l Baj us e seu s col ega s
fi cou def ini da ne sse do cu me nt o, do tam bém scotistas, todos favoráveis à
se gu in te mo do : “É da vo nt ad e de De us participação do homem, ao pass o que os
sa lv ar a to do s. A Su a Gr aç a é un iv er sa l. opo nen tes se fi rma vam em S ant o
En tr et an to Êle sa lv a ap en as ao s qu e Ago sti nh o. Qua ndo os jes uít as qui ser am
ac ei ta re m a Cr is to . De us sa lv a em faz er o mes mo, Cor nél io Jansen, bisp o de
co ns id er aç ão ao s mé ri to s de Cr is to ”. O Ypre s, e mais algu ns comp anhe iros da
ca lv in is mo , en tã o, ma is uma vez, cedia abad ia de Po rt -Ro ia l se le va nt ar am em
caminho. de fe sa da do ut ri na da sal vaç ão
exc lus iva me nte pel a gra ça, con for me a
Pou co dep oi s a co ntr ové rsi a vol ta a acr edi tavam esp osad a por aqu ele teó logo
ati var -se co m a che gad a à Al em anh a do nor te-afr ica no (Ag ost inho ). E o resu lta do
su íço Sam ue l Hu bb er. Ob ri gad o a de ix ar a ve io de pr on to : um a pe rt in az pe rs eg ui çã o
pá tr ia po r ca us a de se us co nc ei to s an ti - mo vi da pel os inf lue nte s je su íta s con tr a os
ca lv inis tas , fi lio u -se à Ig rej a Lut er ana , jan sen ist as , a qua l co lim ou com a fun daç ão,
ser vin do com o pa sto r em Tu bin ga e, a por est es, de nov a ins tit uiç ão ecl e siá sti ca,
seg ui r, co mo pro fe ss or da Un ive rsi dad e de ind epe nde nte de Rom a: a Vel ha Igr eja
Wi tte nbe rg. Log o se pôs a ens ina r a Cat óli ca, dos Paí ses -Ba ixo s. Apó s o
dou tri na do abs olut o uni ver sal ism o: Deu s Con cílio do Vat ica no (18 70 ), um no vo ra mo
des de a ete rni dad e ele ger a tod os os se de st ac ou da Ig re ja Ro ma na , po r ca us a
hom ens par a a sa lva ção , me smo sem le va r do dog ma da inf ali bil ida de pap al, uni ndo -se
em con ta a fé . Or a, is to , er a de ma is , à Vel ha Igr eja Católica.
co nt ra ri an do at é o es pí ri to da “Fórmu la de
Con cór dia ”. Em con seq üên cia , doi s col ega s
saíram a campo e lhe rebateram as idéias. O ARMINIANISMO EM TEMPOS DE
RENASCENÇA
Até no sei o da Ig re ja Cat ól ica Rom an a Agora, podem os leitores compreender melhor
se dis cut ia o mo me nt os o pr ob le ma do li vr e por que es cr ev em os al gu re s a re sp ei to de
ar bí tr io e da pa rt e do ho me m na sua Ar mí ni o, di ze nd o qu e su as id éi as re fl et ia m
um com pl ex o de fato s e de ci rcu ns tân cia s. ve mo s a fi lo so fi a ca rt es ia na se r
É que hav ia por todas as par tes o des ejo de pe rs eg ui da na Ho la nd a pel os cal vin ist as
val ori za r o ho me m. Ag os ti ni an is mo e ort odo xos , ao pas so que o arm ini ani smo a
ca lv in is mo já nã o se coa dun ava m co m a fav ore cia . (3)
épo ca. A Ren as cen ça, as des cob er tas e a
pr óp ri a Ref or ma ti nh am pr op or cio na do Eis o que a res pei to esc rev e Van Gel der :
no va s lu ze s. Outr os hori zont es se "O cal vin ism o, que dom ina va as
desc orti nava m aos home ns. O armi nianismo uni ver sid ade s nee rla ndesas, não tole rava as
encontrava solo propicio! idéi as dive rgen tes, nem filo sófi cas, nem
fís ica s. Ass im, ent ão, por seu esp íri to
Mas , pa ra não ser mos par cia is, que rem os con ser vad or, a rel igi ão of ic ia l er a ca us a
esc lar ece r, ai nd a, qu e o ar mi ni an ism o fo i pa ra qu e mu it os sá bi os se co ns er vas sem
al ém do s Pa íse s-Ba ixo s e nã o se li mi to u, lon ge das uni ver sid ade s. A fil oso fia
si mp le sm en te , ao ca mp o te ol óg ic o. Su a mod ern a não era de todo tole rada pelos
inf luên cia cal ou na Fil osof ia, na Ciên cia do prof essores calvi nista s: Desca rtes e Sp in oz a
Dir eit o, na Polít ic a e no te rr en o da pr át ic a, so fr er am a ex pe ri ên ci a ". ( 4 )
pr es ta nd o de ss e mo do va lio sí ss im a
co nt ri bu iç ão à hu ma ni da de . Tã o rí gi da po si çã o so av a ma l at é no
se io da Ig re ja Re fo rm ad a, re vo ltando a
Ha st in gs ad ve rte que nem sempre o fez indivíduos bem formados, como o teólogo
diretamente, mas serviu-se de um mei o. Foi o
Johannes Coc cei us (16 03 -166 9). Na
cas o, por exe mplo , da Filo sof ia. O veíc ulo
con tro vérsi a que est e man tev e com Voe tiu s,
que lh e le vo u o ar mi ni an ism o fo i o o gov ern o tev e no vam ent e que se env olv er.
pe ns am en to re li gi os o. E ex pl ic a-se : Co cc ei us fo i, ta mb ém , um do s au to re s da
du ra nt e o sé cu lo XV I a at iv id ad e te ol óg ic a Te ol og ia Feder al, cuj a fi nal ida de era ,
pr ed om in ou sobr e a Fi lo so f ia , dan do -se o
out ros sim , a de sua viz ar os ri gores do
co nt rá ri o no sé cu lo XV II , po ré m a ba se
calvinismo.
es ta va no XV I. E o ar mi ni an is mo
co nt ri bu iu co m a su a pa rt e. Re al ça nd o a O arm ini ani smo pos suí a ten dên cia par a a
ca pa ci dade do hom em , pod ia ma is mo der açã o e a tol erâ nci a. har mon iza ndo-se
fa cil me nte al iar -se à in ves tiga çã o, à cr ít ic a
fac ilm ent e com o esp írit o da ép oc a.
e, en fi m, ao av an ço ci en tífi co . Po r is so
En co nt ra mo -lo , po r es se mo ti vo , ac ei ta nd o De us . Há di re it os qu e ni ng ué m po de ti ra r
a contribuição humanística da Renascença, ao se r hu ma no . Da í, ve ri fi ca rm os , de nt ro
favorecendo o uso da raz ão, sem des cur ar o da pr óp ria Ho la nd a, os ar mi ni an os
val or da éti ca e da rev ela ção divi na. Pôde ba ten do-se pe lo re gi me re pu bl ic an o. É ao
assi m, livr ar-se de cair tant o no raci onal ismo gr an de ju ri st a Hu go Gr ot iu s qu e se dev e a
co mo no hum an ism o pu ro . Na Ho la nd a fun daç ão do dir eit o int ern aci ona l.
so ub e com pr ee nder Des car te s. Na Rec ebe ndo dos anti gos fil ósof os e juri sta s
Ing lat er ra am par ou os lat itu di na ria no s em os conc eitos de "jus nat ura le" e "jus
se us vô os ar ro ja dos . Na Al em an ha ser viu gen tiu m", fê-los pas sar pel o cri vo do
de in sp ir aç ão a Kant e a Schl eier mac her, arm ini ani smo e, as si m, os in co rp or ou à
deix ando marc as inde léve is em seu s po lí ti ca , co mo no rm a pa ra as naç ões . Há
sis tem as. dir eit os nat ura is e os há con ven cio nai s:
este s são criados pelos homens, aqueles
Sab em os da imp or tân cia que Tia go nascem com eles.
Arm ínio da va à cap ac ida de e à
res pon sab il ida de do hom em . Poi s bem : a O ar mi ni an i sm o ch am ou a at en çã o pa ra
ênf ase dad a pel o gra nde fi lós ofo de Stu tga rt a di gn id ad e hum ana . Deu ao hom em se nso
à natur eza mor al do hom em é ref lex o da ma is cla ro do seu pró pr io val or, rea lça ndo
inf luênci a arm ini ana . E o mes mo se pod e seu s dev ere s e sua s pos sib ili dad es. Fê-lo
afi rmar qua nto ao teó logo Sch leie rmache r. ma is cô ns ci o de su a co-pa rti ci pa çã o na
Ha st in gs , a qu em re co rr em os ma is um a ob ra de De us . In ce nt iv ou -o a me lh or
ve z, in fo rma -nos que "Sch lei erm ach er, na co mp re en de r o pr óx im o e a in te ress ar-se
sua dou tri na da abs olu ta de pe nd ên ci a de por seu s pro bl ema s. Por que , se o des ti no a
De us , re fle te Ca lv in o, ao pa ss o qu e, na nin gué m é imp ost o, a sit uaç ão de qua lqu er
im po rt ân ci a da da ao se nt im en to re li gi oso , um pod e ser modif ica da. Vi sto que ,
se gu e Ar mínio". (5) igu alm ent e, Cri sto deu Sua vid a por tod os,
a sal vaç ão é un ive rsa l. Todas as ra ça s
No set or dos dir eit os do hom em, o nec ess ita m do Eva nge lho . É dev er,
arm ini ani smo fo i al ém do ar gu me nt o por tan to, dos cri stã os lev are m as Boa s
te ol óg ic o. Ad vo go u a li be rd ad e de Nov as a tod os os rec ant os da ter ra. Por
con sciê nci a, ens inan do o res pei to mút uo. iss o afi rma Ha st in gs , co m mu it o ac er to ,
Tod os são igua is pe ra nt e a le i e pe ra nt e fa la nd o do ar mi ni an is mo : "co m o es pí ri to
hu ma ni tá ri o qu e ev oc a, de u im pu ls o às (1) Cannon, W. Ragsdale - The Teology of John Wesley -
Missões Estrangeiras". Abingdon, Cokesbury Press - New York, Nashville - Pág.
32.
(2) Hagenbach, Dr. K. R. - A History of Christ. Doctrines -
É ver dad e que a Igr eja dos Vol III: págs 108, 109.
Rep rese ntan tes (arm ini ano s) qua se nad a fe z (3) Hastings - Encycl. Of Relig. And Ethics - Vol I: pág.
ne st e se nt id o, ma s qu an do o es pí ri to 807.
mi ss io ná ri o se in co rp or ou no ut ra s (4) Van Gelder - Histoire des Pays-Bas - Pág. 78.
(5) Hastings - Op. Cit. - Pág. 807
de no mi na çõ es , o tr ab al ho ev an ge lí st ic o
to mo u in cr em en to . Ao ar mi ni an is mo ai nd a
fa lt av a alg uma coi sa. Com o sis tem a de
dou tri na apr ese nta va mui to s as pe ct os bo ns .
Ma s nã o ba st a só a do ut rin a. O me to dis mo
de Joã o We sle y ava nt ajo u -se -lhe po r lhe
dar a obj et ivi da de de qu e de ca re ci a.
Tr az en do fo go no co ra çã o, to rn ou-se
prático, dinâmico e ardoroso. São os fatos que o
co mp ro va m.

O qu e de ve mo s, en tã o a Ti ag o Ar mí ni o ,
é im po ss ív el ca lcula r. Há mui tas coi sas
val ios as que esc apam aos núme ros e elas
são, geralmente, as mais importantes. Não
seremos inj ust os, poi s, se o col oca rmo s
ent re os mai ore s ben fe ito res que a
hum ani dad e tem con hec ido . Su a vid a,
exe mp lo e dou tri nas con tin uam a pro duz ir
fru tos . Con tá-los tod os, no entanto, só ao
Supremo Deus compete.

REFERÊNCIAS E NOTAS:
CAPÍTULO V mel hor pro va dis so enc ont ra-se, sem
dúv ida , na obr a escri ta pel o bis po Geo rge
Bul l: a Har mon ia Ap os tó li ca . Tã o be m se
A GÊNESE DO ARMINIANISMO sa íra no em pr ee nd im en to o pr eclaro
WESLEYANO (ilus tre, bril hant e) ecle siás tico que ela veio a
torn ar-se clás sica e a goza r de gra nd e
ac ei ta çã o na In gl ate rr a. Mu it os mi ni st ro s a
tinh am em su as bi bl io te ca s, pa ut an do pe la
1. A SITUAÇÃO NA IGREJA ANGLICANA. re fe ri da ob ra as sua s idé ias . A teo log ia de
Ser -nos -á fác il comp ree nde r a pos içã o Geo rge Bul l gen era liz ou -se, poi s, no sei o da
que o fund ado r do mo vim ent o me tod ist a, Igr eja ofi cia l e par a ter mos u ma noç ão da
João We sle y, to mo u, com rel a çã o ao mes ma, daremos, a seguir, breve apanhado:
ar mini an is mo , se no s le mb ra mo s qu e e le Jesus Cristo, por Sua
na sc eu dentro da Igreja Anglicana, no começo
do século XVIII e pertenceu à Igreja Anglicana
até ao fim de sua vid a (17 03 -178 4).

Naq uel a épo ca os Tri nta e Nov e Art igo s


de rel igi ão con tinu av am se nd o o pa dr ão
do ut ri ná ri o, ca lv in is ta s em su a natureza,
porém a interpretação que deles se fazia, já era
pre dom ina nte men te arm ini ana . A tra nsi ção
que nes se sentido se vinha realizando datava
de Richard Hooker (1586) e de Pedro Baro, mas
ao tempo da ascensão do rei George I (17 14-
172 7), est ava qua se con clu ída .

Des de Hoo ker , por tan to, os teó logo s


ten tava m conc ili ar a dou trin a cal vin ista da
graça com a das obras, esta segundo a Igreja
Católica, e a conseqüência resultava em
evidente aproximação do arm ini ani smo . A
obr a exp iat óri a, é o Sal vad or dos hom ens , ma s cad a qua l tem a sua pa rte a fa zer , pr oc ura ndo at iva me nte
ref orm ar a pr ópr ia vid a. Se ca da um agi r de sse mo do, to rna r -se -á ca pa z de re ce be r os mé ri to s da
ex pi aç ão . Fé e ob ra s sã o iden tif icad as num a só fin ali dad e. A jus tif ica ção é pel a fé e pel as obr as. São doi s
asp ect os de uma só rea lid ade . Nem Paulo se opõe a Tiag o e nem Tiag o a Paulo . No conc eito do bis po Bul l, a
fé inc lui todas as obr as da pie dad e cri stã . A fé nã o se lim ita só a ac ei ta r co mo v áli do s os en sin os do
Evangelho: envolve, também, o desejo de ser bom e de fazer o bem . No ut ra s pa la vra s: a fé pa ssa a se r at o do
pr óp ri o homem. (1)

A jus tif ica ção exi ge, igu alm ent e, a co-par tic ipa ção do hom em. Deu s con sid era ao tra nsg res sor com o
jus to, liv re da pena, desde que este assim queira. Ou, melhor, Deus o perd oa, se ele ti ver me re cid o a se nte nça
de ino cên cia . O at o div ino é con seq üen te das dis pos içõ es exi ste nte s no ho me m. Ma s iss o nã o se
co nf un de co m o pe la gi an ism o, por que , sem o aux íli o de Deu s, nad a con seg ue o pec ado r. To do s
de pe nd em os , an te s de tu do , de Cr is to . So mo s ju s tif ica dos por Seu s mér ito s, des de que sat isf aça mos as
con dições estabelecidas.

A expiação é de âmbito universal e pod e, po ten cia lme nte , sal va r a tod os os hom en s, se as ex ig ên ci as , pa ra
ta nt o, fo re m po r el es cu mp ri da s. A re de nç ão , em vi st a di ss o, é co nd ic io na l. Nã o ba st a qu e De us qu ei ra
e po ss a sa lv ar , é pr ec is o qu e ta mb ém o pe cador queira ser salvo.

Not e-se, ent ret ant o, que Deu s já pôs à dis pos içã o do ho me m os me io s qu e lh e pe rm it ir ão ob ra r
di gn am en te , de mod o a tor nar -se ace itá vel aos Seu s div ino s olh os, no conceito de George Bull. São os
sacramentos. Por meio del es o Se nh or di st ri bu i a ca da um a gr aç a qu e pr ec is ar pa ra cu mp ri r a Su a ex ce ls a
vo nt ad e. O ba ti smo pu rif ica de to do o pe ca do e ca pa ci ta a pe ss oa a da r os pr im ei ro s pa sso s na vid a
cr is tã . Pe la Sa nt a Ce ia , De us a co nf ir ma e fo rt al ec e e a le va à pr át ic a do be m. Os me io s sã o de Deu s,
ma s a ini cia tiv a em bus cá -los per ten ce ao hom em. Ago ra sua s ob ras pa ssa m a ser boa s e ac ei tá vei s
per ant e De us , qu e as to ma em co ns id er aç ão ao s mé ri to s de Cristo. Assim o pecador recebe a justificação.

Em um po nt o o bi sp o Bu ll se ma nt in ha fi el à do u tri na ca lvi ni sta : qua ndo sus te nta va a ne ces sid ad e da


gra ça di vi na pa ra qu e se re al iz as se a sa lv aç ão . Su a in te r pr et aç ão do s sa cr am en to s, de ou tr o la do , se
co nf un di a co m a de Ro ma (c at ol ic is mo ), po is lh es co nc ed ia vi rt ud es . Ma s, em lin has ger ai s, su a
9" José Gonç alv es Salvad or Arminianistno e Metodismo 93
teo lo gia con tin ha mu ito de ar mi nia ni smo . Por exe mpl o: a gra ça ao alc anc e de tod os, a ext ens ão da ob ra
vic ár ia de Cr is to , a re sp on sa bi lid ad e do hom em por sua pró pr ia sa lva ção . Alé m de out ro s co nce ito s.
Por tan to, não é dem ais lem bra r que ess a teo log ia and ava em vo ga no s di as em qu e Jo ão W es le y in ic io u
o se u mi nistério.

2 . A IN FL UÊ NC IA DO S PA IS : SU SA NA E SA MU EL WE SL EY .
Os pa is de Jo ão We sl ey fo ra m os pr im ei ro s a lh e in cu lc ar em as id éi as ac im a ex ar ad as (la vr ad as ,
re gi st ra da s po r es cr it o). Am bo s, ai nd a jo ve ns , de ixa ra m a Igr ej a Di ss id en te , fi lia nd o -se , po r co n vi cç ão , à
Ig re ja An gl ic an a, aj ud an do -os ba st an te , ne ss e pa rt i cu la r, a “Ha rm on ia Ap os tó li ca ”, do bi sp o Ge or ge
Bu ll .

Al gu ém es cr ev eu qu e Sa mu el e Su sa na di sc or da va m um do ou tr o em mu it as cois as, mas rara mente


quan to às suas convi cçõe s reli gios as. Os esc rit os que nos dei xar am , com pro vam -no sob eja me nte: sejam
cartas, estudos ou publicações. Os dois nutriam gr an de in te re ss e po r que st õe s te ol óg ic as . Su sa na , ao s
qu ar en ta e um an os , es cr ev eu um a ex po si çã o do Cr ed o Ap os tó li co . Sa mu el , ao s vi nt e e no ve , fo rm av a
ao la do do s ed it or es da Ga ze ta At en ie ns e, de st in ad a a di vu lg ar co nh ec im en to s re li gi os os e fi lo só fi co s.
De su a la vr a fo ram , ai nd a, um a ob ra zin ha so br e o sa cra me nt o da Sa nt a Ceia e uma exposição sobre o livro
de Jó.

Os W es le y, po r su as id éi as , fi li av am -se à co rr en te arm ini ana , con cor dan do em div ers os pon tos com o
bis po Bul l. Jun tam en te com es te, con si der ava m se r a ex pi açã o im pr es cin dí ve l à sa lva çã o e de âm bi to
un ive rs al , co mo , de ig ua l fo rm a, fa zi am de pe nd er do ho me m a su a ap ro pr ia çã o. Os me io s pa ra a
al ca nç ar , sã o a fé e as ob ra s. A fé , co mo as se nt im en to , an te s de tu do , ao qu e a Es cr it ur a re gi st ra a
re sp ei to de Cr is to . A fé , en tã o, é cr en ça e não um dom de Deu s imp lan tad o no cor açã o do hom em: é
at it ud e hu ma na . Ma s nã o é só cr en ça : é, ta mb ém , ob ed iê nc ia ao s pr ec ei to s di vi no s; é vi da pr át ic a.
A fé te m co mo su po rt e as ob ra s de ob ed iê nc ia . Um a se am pa ra na ou tr a. A fé co nd uz à p rá ti ca , ma s,
po r su a ve z, a aç ão fo rt al ec e e su st en ta a fé . Ne nh um a su bs is te se m a ou tra. Am ba s se com pl et am . São
me io s co nc om ita nt es da sa lv aç ão . Es tã o ao al ca nc e do ho me m e de pe nd em me smo del e. De sor te que ,
se o pec ado r sat isf ize r as con di çõ es , De us o p er do a e o sa lva . É ne ce ss ár io cre r e pr a ti ca r o qu e se cr ê
a fi m de pa rt ic ip ar do s mé ri to s de Cri sto , con for me pe rce bem os das seg uin tes exp res sõe s de Su sa na
We sl ey , em ca rt a de 13 de ja ne ir o de 17 10 , di ri gida à sua filha Sukey: "Não é aprendendo de cor estas
coi sas (is to é, or açõ es, cat ec ism os, cre dos , pas sa gen s da Escritura), nem dizendo algumas orações de manhã
e à no it e, qu e vo cê tra rá o cé u pa ra ju nt o de si . Vo cê de ve entender o que diz e praticar o que sabe". (9)

O cas al Sam uel e Sus ana We sle y ent end ia o bat ism o e a San ta Cei a d e mo do ma is ou me no s
se me lh an te ao do au to r da “Ha rmo ni a Ap os tó li ca ” e ta mb ém lh es at ri bu ía m ef ic ác ia . O pr im ei ro li vr a
da cu lp a or ig in al e dá ac es so à Ig re ja . A Ce ia co mp le ta o ba ti sm o, da nd o f o rç as ao se u pa rt ici pa nt e
pa ra ve nc er o pe ca do e aj ud an do -o a cu mp ri r os deveres da vida cristã.

De ta l tip o fo i a re li giã o qu e de sde ce do en sin ar am ao s fi lh os . A di sc ip li na er a ri go ro sa . H av ia , no la r,


re gr as pa ra qu as e tu do . Ma l co me ça ss em e le s a fa la r, de co ra vam o Pa i-No ss o. As ex ig ên ci as da Igr ej a,
de ig ua l fo rm a, de via m se r co nh ec id as e pr at ica da s. Em sí nt es e: o ca sa l We sl ey ex pr es sa va de mo do
co nc re to aq ui lo em qu e cr ia : a ju st if ic aç ão co mo re su lt ad o ta mb ém do es forço individual.

Qu an do Jo ão We sle y sa iu do la r pe la pr im ei ra ve z, pa ra in gre ssa r na esc ola em Lon dre s, a


Cha rte rho use , lev ava bem fun das as mar cas da edu caç ão dom ést ica . Por alg um tem po de ixo u de se r tão
fe rvo ro so , ma s ai nda li a as Es cr it uras , faz ia ora çõe s e com ung ava trê s veze s ao ano . Nem em Oxf ord , na
uni ver sid ade , se afa sto u dos pad rõe s que cul ti var a em ca sa ; nem ain da sob o so pro do rac ion al is mo da
épo ca. E, no ent an to, sab em os quã o cur ios a er a sua me nte , de se ja nd o se mp re sa be r a ra zã o da s
co is as . Nu nc a, po ré m, ab an do na va um ve lh o co nc ei to , en qu an to nã o ti vess e mot ivo s seg uro s par a dei xá-
lo. Mui tas das mod ifi caç õe s que de po is ne le se op er ar am , fo ra m o re su lta do de co nf li to s re li gi os os e nã o
fi lo só fi co s, so br et ud o de sd e Aldersgate.

Um dos prob lema s que cedo come çaram a preo cupá -lo, fo i o da pr ed es ti na çã o. Er a qu as e im po ss ív el
vi ve r ce rcad o de idé ias arm ini ana s e con for mar -se com as do cal vinis mo. Nem pre cisa va conh ece r as de
Tia go Arm ínio , poi s nos ant igo s pad res gre gos , Iri neu , Orí gen es e out ros , e na lit era tur a ing les a acha ria
con cei tos seme lhan tes aos do teó lo go de Le id en .

Qu em sa be te ri a li do al go de Ho ok er e Ba ro ? As ob ra s de Wi ll ia m La ud , de Ra lp h Cu dw or th , e
ign ora mo s qua nto s ma is, est ava m ao seu red or, nas liv ra ria s e nas bib lio tec as. Alé m dis so, mui tos , den tro
9" José Gonç alv es Salvad or Arminianistno e Metodismo 93
da Igr eja , já ha vi am ab ra ça do o ar mi ni an is mo . Jn o. J. Ti gg ert , na in tr od uç ão à ob ra de Ca sp ar Br an dt ,
so br e Ar mí ni o, con fir ma o que por mai s de uma vez tem os dit o: " Qua ndo Jo ão We sl ey es ta va em Ox fo rd ,
na te rc ei ra dé ca da do sé cu lo dez oi to , e fo i or de na do di ác on o e pr es bí te ro na Ig re ja An gl ic an a, ai nd a
qu e os Ar ti go s pe rma ne ce ss em fié is ao cal vin ism o ori gin al e a lit urg ia tiv ess e ele men tos ro ma ni st as , o
cl er o ti nh a-se to rn ad o, em ge ra l , ar mi niano". (3)

O cer to é que , por vol ta de 172 5, qua ndo se dec idi ra pelo mini stér io evan géli co, diri giu-se, em cart a, à
sua mãe, pa ra de la in da ga r so br e a pr ed es ti na çã o. Pro va de qu e o pro ble ma se agi tav a em seu esp íri to.
Num tre cho , diz : "Se est ive sse dec ret ado inf ali vel men te des de a ete rni dad e que cer ta pa rte da hu man ida de
se sa lva ria e nin gu ém mai s, e um a gr an de ma io ri a na sc es se pa ra a mo rt e et er na , se m mes mo a
pos sib ili dad e de evi tá -la, est ari a ist o de aco rdo com a jus tiç a div ina , ou a mise ric órd ia? Ser á mise ric órd ia
pres crev er a uma cria tura a misé ria ete rna? Que Deus foss e o au to r do pe ca do e da in ju st iç a. .. é um a
co nt ra di çã o das idé ias ma is cla ra s que tem os da nat ur eza e per fe içã o div ina s". (4)

A res post a de Sus ana a Joã o Wes ley foi : "Ess a dou tri na, com o man tid a pel os cal vini st as rí gi do s, é mu it o
ho rr ip il an te , e de ve se r od ia da , porq ue dire tame nte acus a ao Deus Altí ssim o de ser o auto r do pec ado ". E
acr esc ent a: "Pen so que voc ê rac ioc ina bem co nt ra el a, po rq ue é in co ns is te nt e co m a ju st iça e a bo ndad e
de Deu s dei xar alg ué m sob a nec es sid ad e fís ica ou mo ra l de co me te r pe ca do e en tã o pu ni -la po r el e".
El a as se ve ra qu e " De us te m um a el ei çã o, ma s é ba se ad a na Sua pre sci ênc ia, e de mod o alg uma der rog a
(abo le, anu la ) a liv re gra ça de De us , nem pr ej ud ica a lib er da de do ho me m."

No conceito de Susana seria absurdo julgar que alguém determine o nascimento do sol só pelo simples fato de prever o
seu reerguimento a cada manhã. Assim é com a presciência de Deus: Ele prevê a salvação de uns e a condenação de
outros, mas não é a causa determinante de uma ou de outra. (5) De us nã o co nd en a e ne m sa lv a a qu em qu er que
se ja co nt ra a su a pr óp ri a vo nt ad e. Os el ei to s sã o os que se vol tam par a Ele ; os con den ado s são tod os que
O rejeitam.

Sam uel We sle y tam bém rep udi ava a dou tri na da ele iç ão inc ond ici ona l. Ac red ita va, com o a esp os a, que
Deu s por Sua pre sci ênc ia sab e de tud o que há de aco nte cer e conh ec e os qu e ac ei ta rã o Su a gr aç a, ma s,
de mo do al gum , int erv ém na lib erd ade do hom em.
No Orá cul o Ate nie nse , II, 101, escr eveu : "Se Ele fizes se isso , a natu reza do home m ser ia des tru íd a, os
pro pós ito s de rec om pen sas e cas tig os seriam irônicos, a pregação seria vã e vã, também, a fé."

E no ut ra pa rt e, di z: " De us fe z o ho me m re to e ag en te liv re. A pre sci ên cia de Deu s dir ige a liv re
agê nci a do homem , mas não a anu la, sa lva ndo -o qua ndo El e que ira ou não, ou condenando-o injustamente".
(6)

Os ev en to s fu tu ro s vi ri am de mo ns tr ar at é on de o pen sam ent o dos pai s inf lu iu na teo lo gia de Joã o


We sle y, fundador e organizador do movimento metodista.

3. O VA LO R DA DE DI CA ÇÃ O PE SS OA L.
Joã o We sle y apr end era , no lar , a ser ord eir o (dis cip lin ado ) e a faz er o bem . Os pa is lh e en si na ra m e
ao s ir mã os qu e de vi am do mi nar -se, nad a que ren do co nse gui r cho ran do, por que não a ob te ri am . É
sa be nd o es pe ra r e po rt an do -se co nv en ie nt em en te qu e se co lh em resu lta do s. Em lu ga r de ma us
pe nsame ntos , devia m cult ivar os bons e mani fest á -los por meio de aç õe s. Re li gi ão é co is a ta nt o in te rn a
co mo ex te rn a. Deu s abe nço a a que m pro ced e dig nam ent e. E, ass im, rea l çav am ele s per ant e os fi lho s, o
val or das obr as e de tod a boa ini cia ti va. Joã o che gou me smo a tom ar a dia nte ir a à mã e, poi s na car ta que
lhe di ri giu , em 172 5, ond e tra ta va da que stã o pre des tin ist a, esc rev eu: " Est ou per sua did o de que pod emo s,
ago ra, sab er se est amo s na gr aça da sal vaç ão , vist o ser iss o exp res same nte pro met ido nas San tas Es-
cri tur as em rec omp ens a de nos sos esf orç os sin cer os".( 7) Ob er ve mo s be m es te fi na l: "no ss os es fo rç os
si nc er os ". At é Al de rs ga te se ri a o pi vô de su a te ol og ia: al ca nç ar a sa lv aç ão, con fia ndo no zelo pes soa l;
faz er-se dig no dos mér ito s de Cristo por suas próprias ações. Quem nele se expressava er a, de fat o, a in fl u ênc ia
da ed uc aç ão do mé st ic a e do meio em que vivia.

Em 17 25 , qu an do se ac ha va em Ox fo rd , vi er am pa rar-lhe às mão s alg uma s obr as que o for tal ece ram
mai s, no sen tid o de cul tiv ar vid a rel igi os a pes soa l. Uma del as, da aut ori a de Jer em ias Ta ylo r, as "R egr as e
Exer cíc ios pa ra um a Vid a San ta' ', ens in ava que o hom em fo i fe ito par a a prá tic a do bem e, a men os que
seu s ato s seja m acom pan hados de boas inten ções , Deus não se agra dará dos mesm os. O mei o par a
9" José Gonç alv es Salvad or Arminianistno e Metodismo 93
con segu ir que as açõ es sej am boa s, é pel a bus ca do inf lux o div ino . Alg o sem elh ant e ao mis tic ism o, emb ora
de cun ho prá tic o. We sle y ace ito u as nor mas sug eri das por Tay lor , res olv end o-se, daí em dia nte , con sag rar
a Deu s tod os os pen sam ent os, pal avr as e açõ es, com o bem pat en tei am as cél ebr es reg ras que
est abel ece u, ent ão, par a seu viver cotidiano, registradas no seu "Diário".

A Regra Geral diz: "Quand o tive res de rea liz ar qua lqu er açã o, con sid era com o Deus a fez , ou com o a far ia,
e imi ta o Seu exem plo ." As out ras , em núm ero de no ve, ref ere m-se ao emp reg o do te mp o e sã o co nf or me
se gu e:
1 - Co me ça e te rm in a o dia com Deu s, e não dur ma s des co me did am ent e.

2 - Sê di li ge nt e em tu a ca rr ei ra .

3 - Em pr eg a to do o te mp o de laz er, se pos sív el, na rel igi ão.

4 - Tod os os fer iad os são dia s san tif ica dos .

5 - Evi ta os bêb ado s e int riga nte s.

6 - Evi ta a cu rio sid ad e e tod a oc upa ção e con hec ime nto inú tei s.

7 - Exam ina -te cada noi te .

8 - Nunc a per mit as, sob qu al qu er hi pó te se , qu e se pa ss e um di a se m qu e te nh as pel o men os uma hora


par a a tua vid a devo cio nal .

9 - Evi ta a paixão.

Out ro li vro que leu , nes se épo ca, fo i a obr a sob eja me nte con hec ida "A Imi taç ão de Cri sto ", de Tom ás
Kem pis , presente que lhe fez, segundo parece, a jovem Betty Kirkha m, irm ã de um col ega e sua adm irad ora .
Wes ley apr endeu, atra vés dessa insp irad ora obra , que a reli gião é, acim a de tud o, coi sa do cor açã o e que a
pur eza da alm a é ess en ci al pa ra o cr ist ão . Ai nd a ou tr os in ce nt ivo s re ce beu , no sen tid o de cul tiv ar a fé
pel o zel o pes soa l, co mo já vin ha faz endo , mas ago ra cor rend o o risc o de se ent rega r à rec lus ão, peri go este
que aume ntou com a leit ura de nova s obra s da me sm a na tu re za , ta is co mo "A Vi da de De us na al ma do
homem ", de Scou gal, e espec ialme nte as duas de Wil liam La w: "A Pe rf ei çã o Cr is tã " e "C ha ma do sé ri o pa ra
um a vid a de vo ta e sa nt a" . Is to su ce de u em 17 27 , bem de po is de su a or de na çã o na qu al id ad e de
di ác on o.

Jo ão We sl ey ai nd a não est av a con ten te com seu est ad o es pir itu al , ma s de se ja va pr os se gu ir em se us


es fo rç os at é o en co nt ra r. A in fl uênci a rec eb ida de La w, le var am-no a re gis tr ar no seu Diá rio:
"Convenceram-me mais do que nunca da absoluta impo ss ib il id ad e de se r me io cr is tã o; e eu de te rmi ne i, pe la
gra ça div ina , dev ota r -me int eir ame nte a Deu s, dar -Lhe minh a al ma , me u co rp o e to do o me u se r". ( 8)

Ta nt o se ena mor ou dos ens ino s de Law que , se não for a a rea lid ade da vid a e os con sel hos de pes soas
exp erim ent ada s, Joã o We sle y teria caído num p ietism o errôn eo. Uma delas lhe disse , certo dia : "A Bíb lia não
con hece nad a de reli giã o sol itá ria". Por is so , qu an do , em no ve mb ro de 17 29 , de ix ou a pa ró qu ia do vel ho
pai , ond e o es ti ver a au xil ian do, e vei o ass um ir se u po st o de fel lo w (tu to r) na un ive rs id ad e, jun to u -se ao
Cl ub e San to, que o irm ão or gan iza ra dur ant e sua aus ên cia , dan do-lhe tod o o apó io, sem se des cur ar
(des cui da r, aba ndo na r) de vis ita r a pre so s, a enf erm os e de aju dar os nec es sit ad os. Fa zer o bem era tão
indispensável à fé como ler as Escrituras, praticar jejun s, or ar ou uti li zar -se do s sa cra me nto s. We sle y que ria
rece ber as bênç ãos da expi ação de Cris to por seus próp rios es fo rço s.

An os ma is ta rd e (1 73 5) ma ni fe st a id ên ti ca a titud e, ao se ofe rec er par a ir à Amé ric a eva nge liz ar os


sil vícol as da Geór gia . "Meu pri nci pal obj eti vo, nis so, é a esp eran ça de sa lv ar mi nh a pr óp ri a al ma ,"
ex pl ic av a ele em ca rt a de 10 de ou tu br o, qu at ro di as an te s do em ba rque . Mas tan to na ida com o na vol ta,
com o dur ant e sua est ada al i, ha ve ri a de co mp re en de r que ni ng uém en co nt ra pa z, at é qu e se re nd a a
De us e co nf ie ne le tã o so men te , e qu e nen hum hom em pod e jus tif ica r -se por si me smo . Daí seu regresso
à Inglaterra sob a impressão de fracasso!

4. A CO NT RI BU IÇ ÃO DE AL DE RS GA TE .
Lon ge est eja de nós jul gar que Joã o We sle y não fosse um cris tão ver dad eir o ant es da expe riê nci a de 24
9" José Gonç alv es Salvad or Arminianistno e Metodismo 93
de mai o de 173 8, na ru a Al de rs gat e. Su a co nd ut a e se u car át er pr ov am o co nt rá ri o. Co nt udo é in eg áv el
qu e al go de im po rta nt e ac on tec eu naq ue la me mo rá vel reu niã o. O cor aç ão de We sle y se aqu ece u
est ran ham ent e, seu pen sam ent o rec ebe u nov as luz es, sua vid a inf lam ou-se com mai ore s pod ere s. Pas sou a
ter pa z e a sen ti r-se se gur o qua nto à sua sa lva ção . Su a te ol og ia ad qu ir iu um sa bo r qu e nã o po ss uí a
an te s. Nã o de sc am bo u, en tr et an to , pa ra o mo ne rg is mo te oc ên tr ic o, ju lg an do qu e tu do de pe nd es se
ex cl us iv am en te de De us , poi s ele bem sab ia de sua s lut as par a vive r os ret os pri ncípio s do Ev an gel ho.

Exp er iên cia s dur as se ocu lt ava m po r de tr ás de Al de rs gat e. Es ta va sa lvo de se de sen ca mi nh ar par a o
pel agi ani smo e liv re, igu alm ent e, da pos içã o cal vinis ta. Se an tes cr ia na sa lva çã o com o co nce di da a tod os
os ho mens, depois de Aldersgate continuava a crer nela mais firmemente. Deus nunca aband ona os que bate m à
port a de Seu cora ção. Há, poré m, ag or a, um a di fe re nç a se ns ív el na ma ne ir a de en ca ra r o as su nt o. Tu do
qu an to o Al tí ss im o de se ja do pe ca do r é que se arr epe nda e ace ite a obr a exp iató ria de Cri sto ; nad a ma is
lhe res ta faz er. Cri sto é o dom gra tui to de Deu s par a tod os os Seu s fil hos . Que m se esv azi a de si mes mo,
Ele o enc he com Sua gra ça. Ent ão a vid a se tor na pro dut iva . As boas ações deix am de ser elem ento s
caus ais para se con vertere m em efe ito s (con seq üên cia s). Pra tic a-se o bem por que o amo r div ino se
der ramo u em nos sos cor açõe s, faz end o -nos nov as cria tu ra s. De us é su pr em o em nó s. Ao hu ma no se
an te põ e o di vin o. A na tu re za hu ma na ai nd a é de im po rt ân ci a pa ra We sle y, por ém já não conf ia tan to nel a.
Ago ra o cent ro de tod os os seu s int ere sse s é Deu s. É par a Ele que Joã o est á voltado e não para si próprio.

Por con seg uin te, mes mo ant eri orm ent e a Ald ers gat e, pod emo s con sid era r a Wes ley enq uad rad o, de
cer to mod o, de nt ro do ar mi ni an is mo . Ma s ce rt am en te a ex pe ri ên ci a de 24 de ma io deu melhor estrutura e
mais firmeza à sua doutrina.

5. A CO NT RO VÉ RS IA PR ED ES TI NI ST A.
Não muito depois de Aldersgate, João Wesley precisou enf rent ar o prob lema cal vini sta no seio das nasc ent es
soci edad es met odi sta s. Faz iam par te del as pes soa s de tod as as igrejas evangélicas: episcopais, moravianos,
independentes, pr es bi te ri an os e mu it as qu e nã o pe rt en ci am a ne nh um a confi ssão relig iosa. Quant as, enfim ,
esti vessem dese josas de vive r cris tãme nte . Ele lhes dava as boa s-vind as, rece ben do-as sem pre com sim pat ia
e sem cog ita r se cri am ou se dei xava m de cre r na pre des tin açã o. Seu lem a res umi a -se nas seguintes
palavras: "O teu coração está em paz com Deus? Se est á, dá -me tua mã o, po is som os irm ãos !"
Ent ret an to, alg uém pôs -se a per tur bar ess as pes soa s com a que stã o prede st in ist a. Es te s fo rm ar am lo go
um pe qu eno gr up o ch efi ado por Geo rg e Wh ite fi eld , min ist ro ang lic ano , gra nde evangelista e companheiro de
primeira hora dos irmãos Carlos e João Wesley. Re cu sa nd o-se os di to s in ov ad or es a ou vir as ex or ta çõe s que
lhe s dir igi a, Joã o agi u com ma ior ene rgi a, pre gan do, em Bri sto l (17 40) , um ser mão sob re a "Li vre Gra ça" ,
que publ icou em segu ida, o qual esta va base ado em Rm 8:32 : "Aq ue le qu e nã o po up ou a se u pr óp ri o Fi lh o,
an te s, po r to do s nó s o en tr eg ou , po rv en tu ra nã o no s da rá gr ac io sa ment e com ele tod as as cou sas ?"

Em con seq üên cia os cal vi ni st as se or ga ni za ra m nu m mo vi me nt o à pa rt e. Wh ite fie ld, ent ão, aci rro u o
com bat e, bra ndi ndo as arm as de sua eloq üênc ia tant o cont ra a posi ção wesl eyan a como cont ra a pess oa do
ex-cole ga, que, apes ar diss o, pref eriu não lhe votar (dedi car) aten ção. Numa dess as ocas iões , deu aos que o
inci tavam a toma r atit ude idên tica à de Whi tefi eld, esta bela resp osta : "Pod eis ver Wh ite fie ld con tra Wes ley ,
por ém não Wes ley cont ra Whi tefi eld". Ano s mais tard e os dois reat aram a amiz ade. E Whitefield, que veio a
falecer na América, deixou em seu te st am en to al gu ns pr es en te s pa ra Jo ão We sl ey e o in cu mb iu do ser mão
mem oria l.

Ape sar de sua s div ergê nci as, aind a eram irmã os em Cri sto Jes us. Em 177 0, qua se trin ta ano s dep ois da
pri mei ra con tro vér sia , as div erg ênc ias se rea cen der am de novo , sain do em defesa do armi nian ismo , desta
vez, dois do s me lh ores co la bo rado re s de We sle y: Jo ão Fle tc he r e To ma s Ol iv er s, ês te au to r do hi no "A o
De us de Ab ra ão Lou vai" . E, ass im, pod emo s sab er com pre cisã o o conc eit o wesleyano sobre a referida
doutrina.

Para João Wes ley, " a graç a é livr e em tudo e livr e para todos", o que significa dizer que é distribuída
gratuitamente por Deu s a cad a pes soa . Não dep end e de mér ito s hum a no s e ne m se pa rt ic ul ar iz a so me nt e
a un s ta nt os . A sa lv açã o, po r con se gui nte , é de alc anc e un iv er sa l, po rqu e a gr aç a fo i po st a à di sp os iç ão
de to da s as pe ss oa s. De us seria inc apa z de dec ret ar a sal vaçã o de uns e a cond ena ção de out ros , por que
iss o é con trá rio à Sua nat ure za e à nat u rez a do hom em. Sim , por que , se uns fo ram pre des tin ado s à ru ín a e
te rão ne ce ss ar ia me nt e qu e vi ve r no pe ca do , a cul pa por es se ma l rec ai sob re o pró pr io Deu s. O fa to de
se rec usa r Ele a sal vá-los , qua ndo a out ros con ced e o pri vil égi o, nos dei xa per ple xos e nos ind uz a
con jec tur as men os apr eci áve is a res pei to de Seu s sen tim en tos . O Cri ado r se reb aix a a nos sos olh os, poi s
mes mo lim ita dos com o so mos , par ece que ser íam os inc apa zes de agi r de sem elh ant e modo .
9" José Gonç alv es Salvad or Arminianistno e Metodismo 93

Daí as exp ress ões de Wes ley a cerc a da refe rida doutr ina : " Des tr ói tod os os se us at rib ut os; põe ab aix o
tan to sua jus tiça como sua mise ric órd ia e verd ade ; rep rese nta ao sant o Deus como pior , mais fals o, mais
crue l e mais inju sto do qu e o di ab o. Ma is fa ls o, po rq ue o di ab o, me nt ir os o com o é, nun ca dis se que
det erm ino u que tod os os hom ens foss em salv os; mais inju sto, porq ue o diabo não pode , aind a que que ira, ser
cul páv el da inj ust iça que se atr ibu i a Deu s qua ndo se diz que milh ões de alma s for am con den ada s por at o
dE le ao fo go et er no , pr ep ar ad o pa ra o de mô ni o e se us an jo s, po r co nt in ua re m no pe ca do qu e nã o
po de m ev it ar po r fa lt a da gr aç a qu e De us nã o lh es qu er da r; é mai s cru el, po rqu e ess e esp íri to inf eli z
bus ca des can so e nã o o ac ha , de mo do qu e su a pr óp ri a e in qu ie ta mi sé ri a lhe é com o ten taçã o par a ten tar
out ros . Mas Deu s des can sa em seu al to e san to luga r. As sim , sup or que , esp on tan ea men te, por sua pur a e
simp les von tade e pra zer, fel iz com o é, condenara suas criaturas à miséria sem fim, queiram ou nã o, é im pu ta r-
Lh e ta l cr ue ld ad e qu e nã o ad mit ir ía mo s igu al ao mai or ini mig o de Deu s e do hom em" . ( 9)

E, mai s: deso nra a Cris to, faze ndo-O hipó crit a e enga nado r dos homen s, po rq ue é im po ss íve l ne ga r te r-
se El e ap re se nt ad o diz end o que rer a sal vaç ão de tod os. Dia nte de Jer usa lém cho ra, exc lam and o: "Qua nta s
veze s eu qui s reu nir os teu s fi lh os e tu nã o qu is es t es " (M t 23 :3 7). De ou tr a fe ita , conv idou os peca dore s
com expr essõ es repa ssad as de tern ura, pro met end o-lhe s paz e des can so de esp íri to: "Vin de a mim , tod os
vós que est ais can sad os e opr imi dos , e eu vos ali via rei. Toma i sob re vós o meu jugo , e apr end ei de mim,
por que sou man so e hum ilde de cor ação ; e ach are is des cans o par a as vos sas alm as" (Mt 11: 28-29) .

"Mas se dizeis que não pretendia salvar todos os pecadores, prossegue João Wesley, que chama aos que não
podem ir, então representais o Filho de Deus zombando de suas necessitadas criaturas, por lhes oferecer o que jamais
pretendia dar. Vós o descreveis como dizendo uma coisa e fazendo outra e como praticante de um amor que não
possuía. Ele, em cuja boca não havia malícia, vós o fazeis cheio de engano, vazio de toda e qualquer sinceridade. Dizes
que podes prová-lo com a Escritura. Acautela-te! Que queres provar com as Escrituras? Que Deus é pior que o diabo?
Não pode ser!". (10)

A dou tri na da pre des tin açã o, no con cei to de We sle y, é con trá ria ao esp íri to da Esc rit ura , nul ifi ca o
Eva nge lho , des tró i o am or ao bem e à san tid ade . A Bíb lia ens ina que De us nã o qu er a mo rt e do ím pi o e,
pa ra is so , "m an do u se u Fi lh o ao mu nd o, a fi m de qu e to do o qu e n Ele cr er seja salvo" (Jo 3:16). Mas, se
apenas os eleit os se salv arão , para que preg ar -lhes ? E porq ue fazê -lo, tamb ém, aos não -elei tos? Aque les se
salv arão mesm o, com ou sem eva nge lho , e est es se per der ão ain da que o ouç am. De st ró i o ze lo pe la
sa nt id ad e, po rq ue le va os ho me ns a neg lig enc iar em a sua con diç ão, sej a fís ica , sej a esp iri tua l. We sle y
con ta que , ao vis ita r pes soa s enf erm as , ouv ia res p osta s como esta : " Se esto u decr etad o a vive r, vive rei; se a
mor rer , mor rer ei; ass im, poi s, não ne ces sit o per tur bar -me co m co is a al gu ma ". Pa ra qu e re mé di os ? Pa ra
qu e pr eo cup açõ es? Mas ten de s a ce rt eza de que soi s do s ele ito s? Que pr ova s ten des dis so? E, se
ten des , que vos gar ant irá a per man ênc ia nes sa con diç ão? Mui tos já caí ram da gra ça e vó s po de re is ca ir
ta mb ém . Te nd es , en tã o, qu e co nf ia r em Cr is to e vig ia r di ut ur na me nt e po r vo ss a fé . Só qu em per sev era r
até ao fim ser á sal vo". (11)

Era est a, poi s, a lin guagem em que Wesley expunha o seu pensamento.

6 . O CO NT AT O CO M AS ID ÉI AS DE TI AG O AR M ÍN IO .
Par ece-nos que Joã o We sle y só tra vou con tat o dir eto com os esc rit os de Arm íni o dep ois de 177 0, ano da
seg unda co nt ro vé rs ia pr ed es ti ni st a, po rq ua nt o é a pa rt ir da í que apa rec em, na lit era tur a met odi sta ,
ref erê nci as ao teó lo go ho la nd ês . Ag or a Jo ão We sl ey vi a qu e an da va be m ac om pa nhad o . Enc ont ro u, em
Ti ago Ar mí ni o, mu it as idé ias teo ló gic as se me lh an te s às su as e qu e o aj ud ar am a fo rt al ec er se us pon tos
de vis ta. Se ant es er a ar min ian o, con fo rm e já de i xamos patente, continuou a sê-lo com maior firmeza.

Na edição das "Obras de Wesley", publicada pelo bispo Em or y, há um es tu do in ti tu la do "A pe rg un ta


“Qu e é um ar mi ni an o? ” r es po nd id a po r um am an te da Li vr e Graça", escrito, possivelmente, antes de 1770,
pois há nele ref erê ncia à que bra de rela çõe s ent re Wh itefie ld e Wes ley. Co nt ém ai nd a li ge ir o es bo ço da vi da
de Ar mí ni o e um a nota sobre as principais diferenças entre o arminianismo e o calv ini smo . Nel e, We sle y col oca -
se, a si mes mo, den tro da tra diç ão arm ini ana . Se foi por ess e tem po que rece beu , de pri me ira mão, os
esc rit os de Ti ago Ar mín io, é di fí cil dizê-lo. Admitimos ser o mais acertado!

Em agosto de 1777, escrevendo para sua revista, Wesley pro nun cio u-se do se gui nt e mo do: " Não sab em os
de nad a ma is pr óp ri o pa ra um tr ab al ho de st a na tu re za qu e um esboço da vida e morte de Armínius",
mencionando, aí, o fat o que mui tos inj uri ava m o teó log o nee rla ndê s sem o conhecerem. Quanto a ele, porém,
9" José Gonç alv es Salvad or Arminianistno e Metodismo 93
sabia de suas idéias e o hon rav a, tan to ass im que a rev ist a wes ley ana pas sou a de no mi na r -se , de sd e 177 8,
"A Re vis ta Arm in ian a" (Th e Ar mi ni an Ma ga zi ne ). É di gn o de no ta qu e o pr im ei ro arti go publ icad o no
volu me de 1792 é a trad ução do escr ito de Arm íni o, int itu lad o "O jul gam ent o de Arm íni us ace rca dos decr etos
divi nos" , feit a, talv ez, por Wes ley, algu m tempo antes.

O Re v. Wi lli am P. Ha rri son , red ato r das not as int rodut óri as dos "Se rmõ es de We sle y", nar ra um diá log o
int ere ssa nte tra vad o ent re o jov em min ist ro cal vin ist a Car los Simeo n, de 28 anos, e o velho João Wesl ey, com
os seus 84. Isto em 1787. Dá-nos ele, uma idéia bem nítid a, do conce ito em que se ti nha o fu nd ado r do
me tod ism o e o qua nt o se ig no ra va na Ing la te rr a, ap es ar de tu do , o ar mi ni an ism o. "Se nho r", dis se o jov em
Sim eon , "Ou ço diz er que soi s arm ini ano . Qua nto a mim , alg uma s vez es me cha mam cal vinist a e, sendo
assi m, deve mos, pens o, empu nhar noss as adagas um contra o outro. Mas, antes que eu comece o duelo fa re i,
co m vo ss a pe rm iss ão , al gum as pe rgu nt as , nã o po r imp ert ine nte cur ios ida de, mas par a min ha rea l
ins tru ção . Cred es, senh or Wes ley, que sois uma cria tura depr avad a, tão dep ravada que nun ca ter íei s
pen sad o ela vol tar -vos par a Deu s, se o mesmo não houvesseposto tal desejo em vosso coração?

- Sim, respondeu o ancião, creio-o de fato.

- E deses perais inteir ament e de recome ndar-vos a De us po r qu al qu er co is a qu e po ss ai s f az er ,


es pe ra nd o a salvação exclusivamente do sangue e da justiça de Cristo?

- Sim, exclusivamente através de Cristo.

- Mas, senhor, suponde que inicialmentefostes salvo, de uma maneira ou de outra, pelas boas obras?

- Não, ret ruc ou We sle y, pre cis o ser sal vo por Cri sto do começo ao fim.

- Confe ssais, então, que prime iro fostes desper tado pe la gr aç a de De us ; nã o so is , ag or a, de um mo do


ou de outro, guardado pelo vosso poder?

- Não! - foi a resposta.


- Então? Deveis ser sustentado a cada hora e a cada mo me nt o po r De us , ta nt o co mo a cr ia nc in ha no s
br aç os de sua mãe?

- Perfeitamente. - disse-lhe Wesley.

- Toda a vossa esperança esta posta na graça e na mi se ri cór di a de De us , pa ra vo s pr es er va r no se u


Re in o Celestial?

- Sim; não tenho esperança senão nEle.

- Ent ão, sen ho r We sle y, com vos sa lic en ça, vou em ba in har min ha ada ga, por que tod o o meu
cal vin ism o é iss o; aí est á mi nh a el ei çã o, mi nh a ju st if ic aç ão , mi nh a pe rs ev er an ça fi na l. Aí es tá , em
su bs tâ nc ia , tu do que cr ei o e do mo do como cre io. Ass im, em lug ar de bus carm os ter mos e fra ses que
sir vam de fun dam ent o e con ten das ent re nós , una mo -no s, po r fa vo r, ne st as co is as em qu e es ta mo s de
a co rd o". (12)

Adm iráve l, sem dúv ida , o esp íri to des te moç o. Que m der a pud éss emo s tod os com pre end er quã o ric o é o
cri sti anis mo par a ne le que re rmo s bi tol ar a me nte hum ana . Ist o nos tor nar ia mai s tol era nte s e sim pát ico s. É
o que se not a, por exe mp lo, no arm ini ani smo , no me to di smo e no cal vin ism o. To dos ele s são si ste ma s
cri stã os , dan do um a ma is ênf ase a cer ta dou tri na do que os out ros . Às vez es, no ent anto , as dife rença s são
mais de apar ênci a. Apen as um caso : a imp ort ânc ia que o arm ini ani smo met odi sta dá a gra ça de De us , é
fu nd am en ta l em su a te ol og ia , no qu e mu it o se ass eme lha ao cal vin ism o; inú mer as pes soa s, tod avi a,
ign oram est a ver dad e. Mas , de out ro lad o, exi ste m dif ere nça s pro fun das ent re os doi s, e até ent re o
met odi smo e o arm inianismo, como se verá no capítulo seguinte.

A qua nto s dese jam int eir ar-se com segu ran ça da teo logia wes le yan a, rec ome nda -se esp eci alm ent e o
exa me das Atas das prim eira s Conf erên cias do meto dism o ingl ês (Doc trin al Minu tes) que, junt amen te com os
Sermõ es de Wes ley e sua s Not as Sobre o Nov o Tes tam ent o, alé m dos "Vi nte e Cinco Artigos", por ele redigidos
em 1784, para a novel Igreja Met od ist a, da Am ér ica , con sti tu em o me lho r re po sit óri o de inf orm açõ es
rel ati vam ent e à men cio nad a teo lo gia. Esse s Arti gos nada mais são que uma sínte se dos "Tri nta e Nove ", da
9" José Gonç alv es Salvad or Arminianistno e Metodismo 93
Igre ja Angl ican a, esco imad os (livre s), poré m, de ele men tos cal vin ist as ou, se qui ser mos , vis tos sob
int erp ret aç ão arminiana.

REFERÊNCIAS E NOTAS:
(1) Cannon, W. R. - The Theology of John Wesley - Pág. 41
(2) Cannon, W. R - Op. Cit. - Pág. 47.
(3) Brandt, Caspar - The Life of James Arminius - Trad. Por John Guthrie - Nashville, Tenn. - Pág. 15.
(4) Joy, James Richard - O Despertamento religioso de João Wesley - Imprensa Metodita - São Paulo - Pág. 38.
(5) Carta de 18 de agosto de 1725, in Teyerman - Life and Times of John Wesley, Vol. I, Pág. 40.
(6) Oráculo Ateniesne, I, 58, citado por Cannon, Op. Cit., pág. 46.
(7) Teyerman - Op. Cit., Vol I, pág. 40.
(8) The Works of the Rev. John Wesley - Ed. Thomas Jackson, 3ª ed. - London. Vol XI, pág. 367, cit. por Cannon.
(9) Wesley - Sermão sobre a “Livre Graça” - Sermões de Wesley, Imprensa Metodista.
(10) Wesley - Sermão sobre a “Livre Graça” - Sermões de Wesley, Imprensa Metodista.
(11) Obd. - Op. Cit.
(12) Sermões de Wesley - Vol I, págs 125 e 126 - Imprensa Metodista - São Paulo.
Capítulo VI

AR MI NI AN IS MO E ME TO DI SM O

I — O ES PÍ RI TO DO ME TO DI SM O:
Me to di sm o e ar mi ni an is mo tê m al go em co mu m e, tam bém , dif ere nça s. Um nã o é ape nas con tin ua ção
his tó rica do outro. Ou, para sermos mais precisos, diremos que o me to di smo nã o é si mp le s co nt in ua çã o do
ar mi ni an ism o. Ele s se liga m quan to a cert os conc eit os, mas pou co quan to ao tem po e à hi stó ria .

O me tod ism o, con fo rme já vim os, des en vol veu -se qua se in dep end ent em ent e do mo vim ent o ho lan dês ,
ten do est e sur gid o no iní cio do séc ulo XVI I, ao pas so que o Met odi smo aco nte ceu na Ing lat err a, em mea dos
do sé cu lo XV II I. No pr im ei ro ca so , a re lig iã o of ic ia l er a o cal vin ism o; no se gun do, re ina va o an gli can ism o.
A vid a dos fun dad ore s de amb os os sis tem as mer ece igu al adm ira ção , vist o ser em ele s hom ens cul tos e
pie dos os, ded ica dos ao be m es ta r de se us co nt er râ ne os . We sl ey , no en ta nt o, foi mais long e em suas
real izaç ões e em sua teol ogia . Podemo s, até afi rma r que o arm ini ani smo dev e sua mai or dif usã o ao
mov ime nto wes ley ano e qui çá, a sua pró pri a sob revivência.

Há, até a exp eri ênc ia de Ald ers gat e, um quê de sem elha nça ent re Jo ão We sle y e Ti ago Arm íni o. Os doi s
são min ist ros de igre jas ofic iais, prep arad os em univ ersi dade s e cons agrad os à obr a do Eva nge lho . Em
amb os, por ém, a pie dad e est ava tin gid a por sua for maç ão cul tur al; mai s, sob o dom íni o da razão que do
sentimento. É que nenhum deles havia ingressado na car rei ra rel igi osa atra vés de gra nde s lut as esp iri tu ai s,
co mo su ce de ra ao Ap ós to lo Pa ul o e a Ag os ti nh o de Hi po na . Po r is so , acomodaram-se à situação
prevalecente em suas confissões ec le si ás ti ca s: A rm íni o ab ra ço u o Ca lv in is mo ex tr em ad o , enq uan to Wes ley
mai s e mai s pen dia par a o pel agia nis mo.

Qua ndo a cri se se ap res ent ou na vid a de ste s doi s vul tos , a te ol og ia de ca da um ac ab ou to ma nd o no va
fe içã o, po rque a sit uaç ão ass im o exi giu , dif eri ndo , por con seg uin te, da í po r di an te , em su a na tu re za .
Ac on te ce qu e, pa ra Ar mínio, o problema tal qual então se apresentava, era fundame nta lme nte teo lóg ico e
afe tav a as Esc rit ura s, ao pas so qu e, pa ra We sl ey , er a a su a pr óp ri a vi da es pi ri tu al qu e est ava em jo go.
9" José Gonç alv es Salvad or Arminianistno e Metodismo 93
Em res ult ado , o arm ini ani smo ser ia fru to de con tro vér sia rel igi os a e o me tod ism o, po r sua vez , da
exp eri ênc ia de Ald ers gat e, qua ndo We sle y, seu fun dad or, se nt iu o co ra çã o es tr an ha me nt e aq ue ci do .
Do nd e se vê que Arm íni o ree str utu rou sua teo log ia à luz das Esc rit ura s e da ra zão , fi rma ndo -se no
in frala ps ar ian ism o, enq uan to João Wes ley o fez estr iban do-se, sobr etud o, no test emun ho ínt imo do Esp íri to
San to, ao lad o de evi dên cia s bíb lic as.

Da í em di an te , nã o er a só o co ra çã o qu e ar di a no vu lt o ímp ar de Al de rsg ate , ma s, tam bém , a teo lo gia


res ul tan te da que la ma ra vil ho sa ex per iê nci a, a qua l lhe co mu nic ar a vid a nov a e ope ran te, mo tiv o por que
já não ma is se con fi no u ao s li mi te s ac an ha do s de uma un iv er si da de ou às pa re de s fr ia s do s te mp lo s. Ao
in vé s di ss o, sa iu pa ra as rua s e pra ças púb lica s, desc eu às min as e pen etr ou nos cor tiç os de mis erá vei s
cri atu ras hum ana s. O met odi smo fo i, e ainda é, uma revolução em marcha.

Al gué m cham ou ao mo vim ent o wes le yan o de "ar mi n ian ism o agr ess ivo ", e o dis se com ace rto , por que
sen do sua mensagem de caráter universal e tendo fogo no coração , ha ve ri a de al as tr ar -se pe lo s qu at ro ca nt os
da te rr a. E, mui to emb ora os núm ero s est atí sti cos nem sem pre rev elem tod a a re al id ad e, pe rm it em ,
co nt ud o, da r -no s id éi a do seu ard or eva nge liz ant e e da imp ort ânc ia vit al de sua s do ut ri na s, ap es ar de
ex is ti r co mo or ga ni za çã o há me no s de duze nto s ano s. Man tém ati vid ade s mis sion ária s em cer ca de
nov ent a reg iõe s do glo bo, em con tin ent es e ilh as. O to tal de me tod ist as ar ro lad os nas ig rej as apr ox im a-se
de 20. 000 .00 0 (vi nt e mil hõe s), sem se con tar em os mil har es que viv em sob sua inf luê nc ia di re ta ou
ind ire ta . Do bem que fez à Ing lat err a, sal van do-a dos pos sív eis hor ror es de um a co nv ul sã o se me lh an te à
da Fra nç a, re gi st ram -no hi s to ri ad or es da co mp et ên ci a de Le ck v, Gr ee n e Ha ll ev y. Est e últi mo, que é
fra ncê s, ded uzi u de sua s inv est iga çõe s que a esta bil idad e e o prog ress o da Ingl ate rra, nos anos de 18 15 a
18 41 , a cha ma da ép oc a Vi ct or ia na , tin ha m a su a raz ão de ser no Rea viv ame nto Met odi sta , o qua l per meo u
de in fl uê nc ia s sa lu ta re s a vid a do po vo co mu m, a Ig re ja da Ing lat er ra e os gru po s re li gio so s não -
Con fo rmi st as.

As vel ha s de nominações foram transformadas em seu espírito e em suas org an iza çõe s, o me sm o
suc ede ndo no set or pol íti co e no soc ial . ( 1 ) O que con tin ua ai nda a rea liz ar por to das as par te s, tes ti fi cam -
no as ger açõ es do pr ese nte . Hoj e, es te "arm inia nism o agre ssivo " é, sem dúvid a nenh uma, das mais operosas
denominações evangélicas no mundo.
O arm inia nism o dos Rep rese ntan tes (dos dis cípu los hol and ese s de Tia go Arm ínio) car eci a dess es
im pul sos . Com o rev olt a que foi , con tra o dog mat ism o cal vi nis ta, nas cid o por mot ivo s bas ica men te
teo lóg ico s, ass im se man tev e, pou co rea liz and o de prá tic o, ao con trá rio do que ocorre com o metodismo, para
o qual os problemas da vid a rea l as sum em o asp ect o de ver dad ei ro de saf io. O preg ador meto dist a esta va
mais preo cupa do em salva r alma s e tra nsf orm ar os hom ens em pes soa s úte is à soc ied ade do que em
di sc ut ir re li gi ão , ou , ain da , pr ovar a ex is tê nc ia de Deus. Tinh a a Deu s no cora çã o e ist o lhe bas tava . Quem
qui ses se sab er se era ass im ou não , que O exp eri me nta sse tamb ém. Os meto dist as preg avam que Deus
esta va ao alca nce de todo s, fosse m home ns, mu lhe res ou cri anç as, ric os ou pob res , sen hor es ou esc rav os ,
pat rõe s ou ope rá rio s, vic iad os, dec aíd os ou gen te de bem. Sim! A quantos Lhe abrissem o coração!

O met odi smo , poi s, con ver tia em mag níf ica rea lid ade a afi rm ati va ar min ian a da ass ist ênc ia da gr aça
di vin a no in te ri or do ho mem. De us ba ixa va ao pe ca do r pa ra tra ns fo rm á -lo em no va cr ia tu ra . E, ne st e
pa rt ic ul ar , ad ia nt a va-se, também ao calvinismo e reagia positivamente contra o per nic ios o de ísmo , a fil oso fia
rel igi osa inv ent ada por Lor d Her ber t de Che rbu ry (15 83 -161 8), e des env olv ida a seg uir por Vo lt ai re,
Rou ss eau , Sha ft esb ur y, Th om as Pai ne e ou tro s.

O met odi smo se sobr epu nha a est es doi s sis tem as por que, no seu con cei to, a gra ça de Deu s atu a sob re
tod os os ind iví duo s e de mod o alg um sob re os ele ito s unicam ent e. A Sua oper ação é univ ersa l e pers iste
atra vés das gera ções .

À ale gaç ão de um Cri ado r tra nsc end ent e e ina ces síve l aos hom ens , o met odi smo res pon dia com um
Deu s ima nen te e com pas siv o. Um Deu s que é Pai e não pad ras to, que ouv e as pet içõ es de Seu s fil hos e
est á pro nto a res pon der -l hes . Nã o po di a, en tã o, co nc orda r co m o de ísm o qua nd o as se me lha va o Cri ado r
ao re loj oe iro que fi zer a bon ita má qui na, de ra -lh e co rd a e de po is se au se nt ar a pa ra on de ni n gu ém sa bi a,
de ix an do su a be la ob ra a mo ve r -se po r si . Assi m, Deus ao cria r o univ erso , já esta bele cera as leis que o
controlam. Só os tolos, diziam os adeptos do deísmo, podem de sc re r da ex is tê nc ia de De us , po is a ra zã o
te st ific a a Seu res pei to. Mas con fia r no au xíl io div ino é coi sa abs urd a, ver dad eir o con tra -sen so, vis to q ue
Sua s lei s são in vio lá ve is . De us é o re mo to , o ou tr o , o tr an sc en de nt e: está fora de noss o alca nce e não nos
ouve e, se nos ouvis se, nã o in te rf er ir ia no mu nd o pa ra no s vi r aj ud ar . Or ar , é pe rd er tem po . To do mi la gr e
é im po ss íve l. E de sse mo do ele s faz iam o cri ado r da máq ui na tor nar -se esc rav o do seu inv ento ! Esq uec iam -
se de que as leis não op eram sozi nha s, sem ter quem as execute.
9" José Gonç alv es Salvad or Arminianistno e Metodismo 93

Ma s We sle y se nt iu co isa be m di ve rsa em su a vid a, pel o que , pod ia rep et ir as pal av ra s do pr of eta
Isa ías : "O Es pí ri to do Se nh or es tá so br e mi m.. ." (I s 61 :1 -2) , ou con fir mar a exp eri ênc ia de Pau lo qua ndo
dec lar ou: "O Esp ír ito de De us dá te st emu nh o ju nt o ao no ss o es pí ri to de qu e so mo s fi lh os de De us " (R m
8: 16 ). Se u ve lh o pa i, Sam ue l We sl ey , tam bém lh e di ss er a: "O te st em un ho in te ri or , me u fi lh o, é a pr ov a, a
pr ov a ma is fo rte do Cr is ti an is mo". De fa to , é o ma is im po rt an te na re li gi ão . É Deu s dan do-se a Si me smo
e o hom em com pro van do-O pe la ex pe ri ên ci a. É o In fi ni to pe ne tr an do no fi ni to ; o inc om ens urá vel
con fi nan do-se aos ru des lim it es do co ração humano.

Eis por que o rea viv am ent o me tod ist a pr od uzi u tan ta agi taç ão nos seus dia s e ain da ape la tão for tem ente
à nos sa me nt e e al ma . En tr e De us e o pe ca do r na da ma is se le van ta, nem o sac erd ote , nem os
sac ram ent os, nem os credos , sen ão o pec ado . A gra ça de Deus não é mon opó lio de nin guém , nem pri vilé gio
exc lus ivo de quem que r que sej a, a não se r, na tu ra lme nt e, da qu el es qu e já se co nv er te ra m a Cr is to . De us
qu er a sa lv aç ão de to do s. At é a ma is vi l criatura é objeto do Seu divino amor. Quantos O aceitare m se rã o
re mi do s de se us pec ad os . Je su s Cr ist o, como afi anç ou o eva nge lis ta Joã o, "é a pro pic iaç ão pel os pec ado s
do mundo inteiro” (1Jo 2:2).

II — Dis tinç ões Doutri nária s:


1 — O PECADO ORIGINAL.
É um do s pr ob le ma s de ca pi ta l imp or tânc ia na te ol ogia cristã.

A exi stê nci a do mal é pat ent e em tod os os qua dra nte s de nos so mu ndo . Som os con st ran gid os a
rec onh ec er que alg o de ano rma l imp ede de con tínuo as boa s rel açõ es dos hom en s un s com os ou tr os e
co m o se u Cr ia do r. Nã o fa zem os o bem que gos tar íam os de faz er. Dei xamo -nos con duz ir por má s
inc lin açõ es. Des de os ten ros ano s da inf ânci a o eg oí sm o, a ir a, a in ve ja , o ci úm e, no s as sa lt am e
mu it as ve ze s n os do mi na m. Co mo po de a cr ia nç a ma ni fe st ar tã o ce do es sa s at it ud es e se nt im en to s?
Do nd e lh e vêm el es ? Que m lho s in cu tiu ? To da so rte de exp lic aç ões se tem dad o, inc lus ive pel os
evo luc ion ist as mat eri ali sta s, os qua is, não pod end o neg ar a rea lid ade do ma l, af irm am que é a her anç a
rec ebi da dos ani ma is, nos sos pre dec ess ore s. Par a ele s o hom em é ani ma l que ainda não se lib ert ou de
sua bestialidade.

O ar mi ni ano e o me to di st a, ju nt am en te co m o ca lvi nis ta , ac ei ta m qu e a vo nt ad e d o ho me m er a li vr e


an te s da qu ed a, no Éde n, ma s di fe re m qu an to ao es ta do pr i miti vo, sust ent ando este últi mo, que a
cond ição do home m, er a de pe rf ei ta sa nt id ad e. Se , po ré m, fo i as si m, al eg a o arm in ian o, el e não ter ia
ca ído (Co nf ess . Re mo nst r. 5.5 ). Lim bor ch, em sua Teo log ia (11 :21 ,5) mos tra que o est ado de inocência com
que Deus o dotara, envolvia ignorância, por que , se Adã o e Eva tive sse m ciê nci a de tud o, sab eri am que a
ser pen te não fal a e, se fal ou, dev iam ter sus pei tad o qu e al go de an or ma l e pe ri go so es ta ri a o co rr en do .
Nã o adm ite , out ros sim , fo sse a imo rta lid ade per tin ent e a nat u rez a hum ana . Crê , tod avi a, que Deu s o
pod eri a sal vag uar dar da morte, caso não tivesse pecado.(2)

Ens ina m os cal vin ist as que , a nat ure za hum ana , fic ou to ta lm en te de pr av ad a pe lo pe ca do , af et an do ,
ta mb ém , a to do s os de sc en de nt es de Ad ão , de so rt e qu e ni ng ué m, por si pró pri o, é cap az de ree rgu er-se
e ser sal vo ou faz er o qu e é ag ra dá ve l a De us . O me to di sm o, co m o se ve rá, co lo co u -se en tr e o
ca lvi ni sm o e o ar mi ni an ism o, ap ro xi ma nd o-se or a ma is de um , or a ma is do ou tr o. Os ar mi nia nos crê em
que a nat ure za hum ana foi ind ubi tav elm ent e pr ej ud ica da pe lo pe ca do , po ré m nã o ar ru in ad a to ta lme nt e,
tan to ass im que , o hom em ain da con se rva a pos sib ili dad e de ob ra r o be m e de vo lt ar -se pa ra De us . Ao
in vé s da tot al dep ra vaç ão, ac eit am a id éia do enf ra que ci me nto de no ss a na tu re za . Ag or a o ho me m é
fr ac o po r ín do le . E po rq ue o é, as si st e -o a gr aç a di vi na a fi m de aj ud á -lo a rea liz ar a vid a esp iri tua l e a
ati ngi r a sal vaç ão. Neg am, out ros sim, que a cul pa de noss os prim eiro s pai s, sej a impu ta da ao s se us
de sc en de nt es . In di re ta me nt e, si m, pa rt ic ipam os de sua fal ta, por que nos sa nat ureza fi cou enf raq ue cida,
mas só respondemos por nossos pecados individuais.

Nes te par ticu lar o met odi smo , conf orme fri samo s, ado ta po si çã o in te rm ed iá ri a. Às ve ze s é ma is
ca lv in is ta ou ago sti nia no, out ras , é mai s arm ini ano e, ain da out ras , nem um a co is a ne m ou tr a. Se nã o
ve ja mo s: Ac ei ta , in ic ia l mente, a santidade original do homem, como parte desua con sti tu içã o. Gr aça s a ela a
alm a ten di a es pon ta nea men te a obe dece r ao que era ret o e a recu sar o mal . Nes sas con diç ões goza va de
ínti ma com unh ão com o seu Cri ado r. Ma s qu an do se de u a qu ed a, su a na tu re za se co rr om pe u e o hom em
dei xou , em con seq üên cia , de viv er nes se est ado . O ho me m pe co u po r se r li vr e e po rq ue po ss uí a
ca pa ci da de de aç ão mo ra l. Pe co u po r du vi da r de De us e po r qu er er en gr an de ce r-se a si me sm o. E,
9" José Gonç alv es Salvad or Arminianistno e Metodismo 93
um a ve z qu e tod a a raç a est ava pot enc ial men te em Adã o, o pec ado tornou -se pat rim ôni o com um a tod os
(Rm 5:1 2 -14, 17, 18) . Ao pec ado jun tou-se a mor te . Amb os fru tos da des obe diê nci a e da qu ed a.
Re ce be mo s, as si m, um a na tu re za pe ca min osa , tra nsm iti da por no sso s pr ime iro s pa is, con tud o, nen huma
culp a nos cabe pelo peca do orig inal . Cada pess oa só res po nde por sua s pr óp ri as fa lta s. Em um de seu s
ser mõe s, We sle y ass im se exp res sou : "O hom em for a fei to à imag em de Deu s: san to com o é san to o que o
cri ou; mise ricor dio so como o Aut or de tud o é mise ric ord ios o; per fei to com o seu Pai cel est ial é per fei to. Era ,
con seq üen tem ent e, pu ro co mo De us é pu ro , li vr e de qu al qu er nó do a de pe cad o. Pel o amo r esp ont âne o e
gra tui to de Deu s, era san to e fel iz, con hec end o, ama ndo e goza ndo a Deu s, que é, em su bs tâ nc ia , a vi da
et er na . Ne ss a vi da de am or o ho me m pe rm an ec er ia pa ra se mp re , se co nt in ua ss e a ob ed ec er a De us .. ."

En tre ta nt o "o ho me m de so bed ec eu ", pe rd en do a co mu nh ão co m o Cr ia do r. Se u co rp o, de ig ua l


mo do , to rn ou -se co rr up tí ve l e mo rt al . As si m, "po r um ho me m en tr ou o pe ca do no mu nd o, e pe lo pe ca do
a mo rt e. E a mor te pas sou a tod os os hom ens , vis to est are m est es compre end ido s no pai co mu m e
rep res ent an te de to dos nós". "Ne ss e es ta do no s en co nt ráva mo s, nó s e to da a hu ma ni dade, quando Deus
enviou seu único filho ao mundo a fim de nos res gat ar do pec ado ", "pe la obl açã o (ofe rta ) de si me smo,
ofe rec ida uma vez , Ele nos res gat ou e a tod a hum ani dad e", de sd e que ac ei te mo s po r su a gr aç a, a ob ra
re de nto ra do se gu nd o Ad ão , Cr is to Je su s . (3 ) O qu e ca bi a a Deu s, Ele o fez . Ago ra res ta ao hom em fa zer
a sua par te. Se qui ser rej eit ar a dád iva pre cio sa da sal vaç ão, ist o fi ca sob sua excl usi va resp onsa bil idad e.
Os arti gos de nºs 7 e 8 de nos so pad rão dou tri ná rio , sin tet iza m mui to bem o pen sam ent o de We sle y e a
pos içã o da Igr eja Met odi sta . Que i ram, pois, examiná-los os diletos leitores.

2 — A PREDESTINAÇÃO.
Aqu i o met odi smo se afa sta do cal vin ism o e, de igu al sorte, do arminianismo, visto ambos serem
deterministas: su pr al ap sa ri an o um , in fr al ap sa ri an o o ou tr o. Pa ra o pr i me ir o, a pr ed es ti na çã o ou el ei çã o é
an te ri or à ob ra da cri açã o e é inc ond ici ona l. Par a o seg und o (inf ra lap sum ), a pred esti naçã o base ia-se na
presci ênc ia de Deus a resp eito da at it ud e do ho me m em fa ce de su a pr ov a e qu ed a , e nã o é de sd e a
et er ni da de e ne m in co nd ic io na l. Na qu el e ca so , De us pe rm it iu a qu ed a do ho me m co mo me io de
exe cut ar o Seu ete rn o dec ret o e, pel a me sma ra zão , es co lh eu os que hã o de sal var -se. No seg un do, a
que da não é deco rren te do decr eto da elei ção, e os esco lhid os são todo s aqu ele s que Deu s pre viu ace ita ria m
a Cri sto pel a fé. Aqu eles ace ita m -nO , por que ass im tem que ser ; ma s est es, se O qui ser em . Os
arm ini ano s, por tan to, con cedi am cer ta lib erdade ao homem.
9" José Gonç alv es Salvad or Arminianistno e Metodismo 93
O me tod ism o rej ei ta os doi s cr er , se rá co nd en ado ," po rq ue pr ef er iu vi ve r
det erm in ism os . We sle y cr ia co m o es cr it or no se u vel ho est ado . Sal va-se que m ace ita a
sa gr ad o qu e, pa ra De us , nã o ex is te Cri sto e se con ver te a el e; pe rd e-se qu em
pa ss ad o e ne m fu tu ro . Pa ra el e só há re si st e à gr aç a de De us e re je it a a
pr es en te . Tu do é presente. Verifiquemos as mis eri cór dia div ina ofe rec ida em Cri sto . A
suas palavras: "O todo-poderoso, oni sci ent e sal vaç ão, por con seg uin te , é con di cio nal ,
Deu s, vê e sab e, de sde a ete rni da de até a por que ba sea da na ace it açã o ou recusa da
ete rni da de , tu do qu e é, qu e fo i e qu e se rá , oferta divina.
at ra vé s de um et er no ag or a. Pa ra el e na da
é pa ss ad o ou fu tu ro , ma s t odas as co isa s
igu al men te sã o pr ese nte s. Ele não te m, 3 - A CERTEZA DA SALVAÇÃO.
por tan to, se fal amo s con for me a ver dad e das Alg uma s das car act erí sti cas do
coi sas , pre sci ên ci a, ne m po st ci ên ci a. .. Ai nd a met odi smo , tan to pr átic as com o dou tri nária s,
qu an do no s fa la , sa be nd o do qu e so mos são dec orr ent es da ênf ase que dá à
fe ito s, co nh ec en do a ex ig üi da de de no sso exp eri ênc ia rel igi osa . O hom em fo i fei to ser
en te nd im en to , el e se ni ve la at é no ss a esp iri tua l, à se me lh an ça do Cr ia do r, pa ra
ca pa ci da de e fa la de Si mes mo em te rmo s te r co mu nh ão co m Ele , and ar em Sua
hu man os . Ass im, con des cen den do -se de pre sen ça e sen ti-Lo no âma go da alm a. Deu s
nos sa fr aqu eza , ele nos fal a de Seu pr ópr io se to rn a re al pa ra aq ue le que vive ne le .
pro pós ito , con sel ho, pla no, pre sci ênc ia. Não Po rta nt o, é um a abe rra ção inc omp ree nsí vel
que Deu s ten ha nec ess ida de de con sel ho, de sen tir -se alg uém per doa do de seu s pec ado s,
pro pósit o, ou de pla nej ar Seu tra ba lh o de est ar rec onc ili ado com o Pai cel est ial ,
ant emã o. Lon ge de nós imp ut ar ist o ao usu fr ui r no va vid a, ex pe rim en ta r ou tr as
Alt íssi mo : me di -LO po r nó s me sm os ! É di sp os içõ es e at itu des e não sab er dis so.
me ra me nt e em co m pai xão de nós que nos Não nos diz a Esc rit ura que "To dos que são
fal a ass im de Si mes mo, com o pre ve nd o as con du zid os pe lo Esp íri to de Deu s" têm
co is as no cé u e na te rr a e co mo con sc iên cia de que tam bém "sã o fil hos de
pr ed et er min an do -as ou preo rde nan do -as ". (4) Deu s" e, com o tai s, pro du ze m ob ra s di gn as
do s fi lh os de De us ? (G l 5: 18 ,2 2; Rm 8:14-
Wes ley só conc ebia a ele içã o no se nt id o 16).
qu e "t od o o qu e cr er se rá sa lv o; o qu e nã o
Por inc ríve l que par eça , a vid a cri stã mov e-
se no mei o de esp lê ndi das ce rte zas . Te m o A dou tr ina da se gur anç a é, po is, pa rt e
cre nte a fi rme co nv icç ão de qu e, pe la gr aç a int eg ran te do me to di sm o, qu e lh e de u
de De us , se us pe ca do s lh e fo ra m pe r do ado s cu nh o un iv er sa l. Um a ve z qu e a
por me io de Cr ist o; que em Jes us é nov a exp eriê nc ia rel igio sa é pos síve l a tod os os
cri atu ra e já pa ss ou da mo rt e pa ra a vi da . hom ens , ind istin tam ent e, tod os, igu alm ent e,
Te m, en fi m, pl en a se gu ra nç a da et er ni da de dev em sab er se têm cer tez a de su a
po r su a id en ti fi ca çã o co m o di vi no sa lv aç ão . O ap ós to lo Pa ul o go zo u-a ne st a
Re de nt or . E qu em lh os af ia nç a é o du pl o vi da , te nd o a con vic ção de que nad a o
te st em u nho den tro de si me smo : o de seu pod eri a sep ara r do amo r de Deu s (Rom .
esp íri to e o do Esp íri to Sant o, confo rme a 8:38 ,39) . O gran de dou tor dos gent ios jam ais
expe riên cia pess oal de muit os e o ensi no das sent iu a me no r dú vi da a re sp ei to de se u
Escri turas (Rm 8:14-16; 2Cr 1:22; 2Cr de st in o et er no . E do ap ós to lo Jo ão
5:1,8 ,17). "Quanto ao te st em un ho de no ss o po ssu ímo s id ên ti co te st em un ho . Nu ma de
es pír it o, es cr ev e We sl ey , a al ma pe rc eb e su as ep ís to la s re gi st ro u : "A qu el e qu e cr ê
tã o ín ti ma e ev id en te me nt e qu an do am a, no Fi lh o de De us te m em si o
ale gra-se e reg ozi ja-se em Deu s, com o te st em un ho .. . E o te st em un ho é es te: qu e
qua ndo ama a qua lque r coi sa da ter ra e nel a De us no s de u a vi da et er na ; e es ta vi da
se del eit a." Se ist o suc ede , não pod e duv ida r es tá no se u Fi lh o. Qu em te m o Fi lh o te m a
de que é fi lho de De us. ( 5 ) vi da ; qu em nã o te m o Fi lh o de De us nã o
te m a vid a. Es ta s co is as vo s es cr ev i, a fim
Ace rca do te st emunho do Espírito de Deus, de saberdes que tendes a vida..." (1Jo 5:10-13).
também assim se expressou: “Por tes tem unh o
do Esp írit o, que ro diz er a imp res são ínti ma Os ar mi ni an os pr im it iv os pu nh am a
fe ita sob re a alm a, pel a qua l o Esp íri to de qu es tã o da se gur anç a nou tro s ter mos , vis to
Deu s di ret amen te te st if ic a a me u es pí ri to ens ina rem que somen te em cas os
qu e so u fi lh o de De us : que Jes us Cri sto me exc epc iona is alg uém pod eria ter del a
am ou e deu -se a Si mes mo por mim ; e que con sciê nci a. O Sínodo de Dort, calvinista
tod os os meu s pec ado s est ão can cel ado s, e conforme notamos, opôs-se energi ca me nt e ao s
se gu id or es de Ar m ín io , co mb at en do es sa e
eu, est ou reconciliado com Deus". (6)
ou tra s af irm at iva s, ma s ta mb ém é ve rd ad e
9" José Gonç alv es Salvad or Arminianistno e Metodismo 93
qu e de fi ni u o pro ble ma de tal for ma que os nas Escr itur as e no padr ão ofic ial de
wesl eya nos não a pod em ace ita r. Sim , do ut ri na s, po ré m o te mp o se en ca rr eg ar a de
por que par a os def ens ore s do Sín odo , os to ld á-la . Nov as con cep çõe s e prá tic as
ele ito s go za m do pr iv il ég io da se gu ra nç a, ves tir am -na com rou pag ens di fe re nt es . Ao s
ma s tã o só me nt e os eleitos. mo ra via no s ca be ri a, en tão , a su bl im e ta ref a
de des per tar aos doi s irm ão s We sle y, par a a
A ex pe ri ên cia do te st em unh o do Es pí ri to rea lid ade e, por me io del es, des per tar a
pe rm it iu a We sle y co mp re en de r ma is tan tos out ros na Ingla ter ra e no mun do.
cl ar am en te a do ut ri na da ju stif ica ção pel a fé .
Dur ant e qui nze ano s esc uda ra-se ele nos Os mo rav ian os ens ina ram a Jo ão e a
se us pr óp rio s es fo rç os , pe ns an do , as si m, Ca rl os W es le y qu e a fé é ex pe ri me nt al e
ga nh ar o fa vo r div ino , emb ora um dos "Tr int a nã o me ro as se nt im en to às do ut ri nas da
e Nov e Art igo s" afi rma sse que o hom em só é Ig re ja , ai nd a qu e ve rd ad ei ra s; qu e el a nã o
jus tif ica do pel os mér ito s de Cri sto , media nte de pe nd e do s sa cr am en to s e ne m se
a fé . Seu irm ão Ca rlo s lab or ava em idê nti ca co nfu nde com as ob ras . A fé e as ob ra s são
fa lta , pret ende ndo salva r-se atra vés de suas coi sas di st int as , se m mé rit os int rí nse co s. A
obra s, como bem atesta o diá log o que sal vaç ão é o do m gra cio so de Deu s,
ma nte ve com o pas tor mo rav ian o, Ped ro pro vid enc iad a pel o sac rif íci o exp iat óri o de
Bö hl er , qu an do de um a vi si ta qu e es te lh e Seu ben dit o Fil ho. Cri sto é o Red ent or úni co
fe z em mo me nt o de su a en fe rm id ad e. e exc lus ivo de no ssa alma. A fé nos conduz a
Pe rg un ta nd o-lh e Pe dr o se es pera va se r Ele e nos move a lhe entregarmos to do o no ss o
sal vo, res pon deu -lh e Ca rlo s: "S im" . se r. Pe la fé no s ap ro pr ia mo s de Se us
— "E que raz ão ten s par a iss o?" mé rit os . Pe la fé nos ide nt ifi cam os co m o
— "Po rqu e ten ho -me esf orç ado ao Sal vad or Je sus e no s fa zem os he rd ei ro s do
máx imo par a ser vir a Deu s" - dis se-lhe Carlo s Se u Re in o. Pe la fé vi se mo s u ma vi da de
We sle y. sa nt id ad e, de pa z e de am or .

Era a men tal ida de de mui tos no sei o do As ob ra s, en tã o, re su lt am de nos sa


min ist éri o ang lic ano dev ido ao err o de ent reg a a Cri sto Jes us, ete rno Sal vad or de
atr ibu írem à fé e às ob ra s um se nt id o qu e nos sa al ma . En tr et an to , só a pa rt ir da
nã o ti nh am . A ve r dade acha va-se mani fest a me mo ráv el ex pe ri ên ci a re li gi os a de ma io de
17 38 os do is ir mã os We sle y ve ri fi ca ri am da ju st if ic aç ão ; a fé a ca us a in st ru me n tal . (7)
qu e, de fat o, na da ex is te em nó s que no s Tod avi a seu s seg uid ore s ime dia tos , os
ga ra nt a a sal vaçã o: o hom em só pod e sal var - Rep res en ta nt es , af as ta ra m -se da
se pela fé em Cri sto —"sol a fid es ". E nist o in te rp re ta çã o do me st re , ap ro xi ma ndo -se
ele s con co rda vam com os Ref or ma dos ma is do rom ani smo e do an gli ca ni smo , em
(Lut era nos ). vir tude de atribuírem à fé, certo valor meritório.
Na verdade ela é um dom de Deu s, atr avé s de
Fal and o do aco nte cim ent o de 24 de mai o, cuj o exe rc íci o a pes soa faz-se me rec edo ra
em Ald ers ga te , Jo ão We sl ey co nt a em se u de ma ior es bên ção s e, mui to emb ora a
"D iá ri o" : “À no it e fu i, mu it o co nt ra mi nh a ju st if ic aç ão nã o de pe nd a da s bo as aç õe s,
vo nt ad e, a um a so ci ed ad e (re un iã o do s ta is ob ra s sã o con sid era das ind isp ens áve is.
cr en te s mo ra vi an os ) na ru a Alde rsga te, Ain da que imp erf eit as, Deu s as ac ei ta e
onde algu ém esta va lendo o pref ácio de Lute ro re co mp en sa aq ue le qu e as pr om ov e. Ei s, a
à ca rt a ao s Ro ma no s. Fa lt av a c er ca de um pr op ós ito , a de cl ar aç ão do te ól og o
qu ar to pa ra as nove hor as (20: 45h), enq uan to Li mb or ch : "De ve -se lem bra r que , qua ndo
ele des cre via a muda nça que Deu s op er a no di zemo s que som os jus tif ica dos pel a fé, não
co ra çã o pe la fé em Cr is to , se nt i me u exc luí mos as obr as exi gid as pel a fé,
co ra çã o ab ra sa do d e ma ne ir a es tr an ha . con for me as pro du z uma fru tíf er a mãe , mas
Se nt i qu e co nf ia va em Cr is to , Cr is to as inc lui ". (8) Ali ás, el e fo i ai nd a ma is enf áti co
some nt e pa ra a sa lv aç ão ; e fo i -me da da e ob je ti vo ao de cla ra r qu e "S em obr as a fé é
ce rte za de qu e El e tin ha ti ra do os me us mor ta e a just ifi caçã o inef ica z" (Si ne ope rib us
pe ca do s, si m os meus pecados e me salvava
fides mortua et ad justificationem inefficax est). (9)
da lei do pecado e da morte".

Ti ag o Ar mí n io ad ot av a in te rp re ta çã o Há, por ém, um pon to em que arm ini ano s e


se me lh an te à do s lu ter ano s, cal vin ist as e met odi sta s di ve rg em do s ca lv in is ta s, qu an to
me tod ist as. No seu con cei to som os à ju st if ic aç ão pe la fé . Tod os os trê s
jus tif ica dos gra cio sam ent e por Deu s, em ace ita m-na com o ato de Deu s, ins tan tân eo,
ate nçã o aos mé ri to s de Cr is to , ao qu al no s com ple to e dis tin to, ain da, da san tif ica ção .
uni mo s pe la fé . Cr is to é a ca us a me ri tó ri a Mas , enq uan to os doi s pr ime iro s ad mit em
que o pec ado r é ape nas con si de ra do po r
9" José Gonç alv es Salvad or Arminianistno e Metodismo 93
De us em um a no va co nd iç ão pe ra nt e El e,
os se gu id or es de Ca lv in o dão -lh e se nt id o
ma is am pl o, in cl ui nd o ne la , ta mb ém a
ad oç ão e a vi da et er na . Pa ra am bo s os
ar mi ni an is mo s, o do s Re pr es en ta nt es e o
do s we sl ey an os , a vid a et er na é co nc ed id a
ao s cr en te s co mo re co mp en sa po r su a
pe rs is tê nc ia na de di ca çã o a Cr is to , po is
sã o su sce tí ve is de ca ir da gr aç a e
pe rd er em a sa lv aç ão . Al ém di ss o, os
ca lv in is ta s li ga m a ju st if ic aç ão ao s et er no s
de cr et os de De us , de sd e qu e a fé
sa lv ad or a só é concedida aos eleitos. (10 )
71 Jo se' Go rr çah'e s S a l r a d o r A r n i t i a t ris mo e Meto di sm o
107
5. A DOUTRINA DA REGENERAÇÃO. pa re ce m da r a pr im az ia da in ic ia ti va ao
A jus tif ica ção e a reg ene raç ão são ho me m, en qu an to os we sl eya no s a
con com ita nte s, se be m qu e de na tu re za s con ced em ao Esp íri to San to. É Ele , o
di fe re nt es . Aq ue la te m lu ga r em De us , ao Esp íri to Sa nt o, qu e pr oc ur a, an te s,
pa ss o qu e es ta se pr oc es sa no s ho me ns . il um in á-lo e pe rs ua di -lo . O ho me m,
De us ac ei ta com o ju st o ao pe ca do r, to da vi a, se qu is er , po de re si st ir à aç ão
qu an do es te se ar re pe nd e de sua s fal tas . di vi na . Po r co ns eg ui nt e, no bo m en te nd er
Adm ite -o em nov a sit uaç ão, como se nad a do me tod is mo , a re gen er açã o é o tr aba lho
ti ve ss e ha vi do , o qu e, de mo do al gu m do Esp íri to San to em coo per açã o co m a
si gn if ic a qu e o on is ci en te e ju st o De us se vo nt ad e do ho me m. Pa ra os ar mi ni an os
es qu eç a ou fi qu e a ig no ra r o seu pas sa do. ta l op e ra çã o se ex er ce pr im ei ro so br e a
Tra ta-o, com o o vel ho pai da bel a par ábo la me nt e e at ra vé s da Pala vr a de De us
de Je su s, tr at ou ao fi lh o pr ód ig o, qu an do (C on f. Re mo ns tr . 17 :2 ,5 ), ao pa ss o qu e
es te re to rn ou ao la r. Nã o é ne nh um sa nt o, os wesleyanos não lhe determinam setor de
ma s su a mu da nç a de vi da e de pr op ós it os influência, pois ac re di ta m qu e el a po de
lh e ab re m no va s op or tu ni da de s. Se so uber ef et ua r -se po r me io da me nt e ou do
cor res pon der à fé em Cri sto , Deu s, lhe coração, como usar os mais diversos recursos.
pro por cio nar á cada vez maiores bênçãos e,
por fim, a vida eterna.
6 - A SANTIFICAÇÃO.
O arm in ian ism o e o me tod ism o se Como se comporta aquele que um dia foi
dis ti ngu em , aqu i, um do ou tr o, em al gu ma regenerado?
co isa . Am bo s vê em na re ge ne ra çã o o
re su lt ad o de um a ob ra di vi no -hu ma na . O cre nte nã o ma is pro ced e com o dan tes :
Ne m só De us e ne m só o ho me m, já não viv e no es ta do de si mp le s cr ia tu ra
af as ta nd o-se as sim , mutua me nt e, ta nt o do e si m no de fi lh o di le to de De us . Is to é,
ca lv in is mo co mo do pe la gi an is mo , qu e sã o bu sc a vi ve r co nf or me a vo nt ad e do Pa i
mo ne rg is ta s. Co nt ud o os ar mi ni an os cel est e, sen do -lhe agr adá vel em tud o;
72 Jo se' Go rr çah'e s S a l r a d o r A r n i t i a t ris mo e Meto di sm o
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pro cur a cre sce r em san tid ade , par a, a ca da san tos , po rqu e eu sou san to" (1P d 1:1 5-
ins tan te ma is se par ece r com El e. A 16) . E out ra vez diz o nos so Deus pel os
perfeição é um desafio persistente a estimulá-lo láb ios de Seu Ser vo: "E vós tam bém , pon do
no jo rn ad ea r em Cri st o. Nã o pá ra nu nc a nis to mes mo tod a a dil igê ncia, acre scen tai à
du ra nt e a via gem. O no vo na sc im en to fo i voss a fé a virt ude, e à virt ude a ciên cia, e à
ap en as o in íc io da ca mi nh ad a e do ci ên ci a a te mp er an ça , e à te mp er an ça a
de se nv ol vi me nt o. É pr ec is o pr os se gu ir . pa ci ên ci a, e à pa ci ên ci a a pi ed ad e, e à
Co mo di zi a o ap ós to lo Pa ul o: "N ão qu e já pi ed ad e o am or fr at er na l; e ao amor
a te nh a al ca nç ad o, ou se ja pe rfe it o; ma s fraternal a caridade" (2Pd 1:5-7).
pr os si go pa ra al ca nç ar aq ui lo pa ra o
qu e fui tam bém pre so por Cri sto Jes us. De onde concluímos que a vida cristã se
Irm ãos , qua nto a mim, não jul go que o haj a caracteriza por um mo vi me nt o pr og re ss iv o,
alc an çad o; mas um a coi sa fa ço, e é que , co nt ínu o e as ce nd en te . É um "m ai s"
esq uece ndo-me das coi sas que par a trá s pe rm an en te , u ma so ma in in te rr up ta de
fic am, e ava nç a n d o p a ra a s q u e e st ã o vi rt u des . É um cre sci men to em div ind ade ,
d ia n t e d e mi m, p r o s s ig o pa ra o al vo .. ." por que mai s se ide n tif ica com a nat ure za e .
(F p 3: 12 -14 ). os pro pós ito s div ino s. E se tud o ist o não
fo sse mai s do que com pen sad or, bas tar ia
Qu em se sa ti sf az com as bênç ãos já lem bra r a prom essa glor iosa de Jesu s: "Bem-
rece bida s, inca pac ita-se para melh ores e a vent urad os os limpo s de c o ra çã o , po rq ue
ma io re s dá di va s. De us te m co isa s e le s v e rã o a De u s " ( Mt 5:8).
in co nt áv ei s pa ra Se us fi lh os . Co nt ud o,
pa ra al ca nç á-la s, mi st er se fa z av an ça r Joã o We sle y foi ao pon to de rea lça r um
dia a dia em dem and a da per fe içã o, cu jo seg und o est ágio no pro ces so da
al vo é o Sen hor Je su s. Da í a san tif ica ção , des ign ado por ele com o: "a
re co me nd aç ão da Es cr it ur a: "M as , co mo é co mp le ta sa nt if ic aç ão ", "a se gu nd a
sant o aque le que vos chamo u, torn ai-vos b ênç ão " ou , ai nd a, "a se gu nd a ob ra da
sant os també m vós mes mos em tod o vos so gr aç a. " É co nh ec id o, out ro ss im , po r
pro ced ime nto , por que est á esc rit o: Sed e "p er fe iç ão cr is tã " e "p er fe iç ão fi na l" .
1
73 Jo se' Go rr çah'e s S a l r a d o r A r n i t i a t ris mo e Meto di sm o
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Ac re di ta -se te nh a che gad o ao seu exa ger ada con fia nça no hom em e nos mei os
rec onh eci men to po r tes tem unh o de out ras na turais da graça. Negando a transmissão do
pes soa s pri mei ro, a seg uir pel o exa me da pecado original, ensinavam que através de suas
Pal avra de Deu s e, tal vez , por sua pró pri a faculdades naturais e daqueles mei os, pod ia
exp eri ênc ia; em tex tos como os de 1Pd cum pri r as exi gên cia s de Deu s e ati ngi r a
1:1 6; Mt 5: 18; 1Co 2:6 ; 2C o 5:1 7; Ef 5:2 7; pe rf ei çã o cr is tã , me sm o po rq ue Ele na da
Hb 5:1 -1; Fp 5:1 3; 1Jo 3:6 ,8, 9. Tan to par a lh e pe de qu e seja impossível.
ele com o par a o met odi smo pri mit ivo
con sti tuí a uma do ut ri na ca rd ia l, de so rt e A sant ific ação é obra divi no-huma na.
qu e ao se r ad mi ti do um no vo pr eg ad or , Deus que r aben ço ar o cr en te e o en vo lve
We sle y lh e pe rgu nt av a pe ra nt e a co m Sua gr aç a, ma s é pr ec iso qu e es te
Co nf er ên cia (Co nc ílio ): "Es pe ra is to rn ar- an de po r el a e a bu sq ue de to do o
vos pe rf eit o em am or nes ta vida?" co ra çã o, al ma e me nt e. En fi m, co m to da s
as su as fo rç as . To da vi a, a pa rt e pr in ci pa l
Sabemos, outrossim, que, em alguns ramos é a di vi na . Ar mí ni o es cr ev eu em um de
da Igreja Met odi sta , idê nti ca per gun ta ain da se us tr ab al ho s que o ho me m ja mai s a
se fa z aos can did ato s ao pre sbi ter ado . Por co ns eg ui ri a se m o au xíli o de Cr is to ( 1 2 ),
exe mp lo, em nos sa Igr eja , no Bra sil , o af ir ma çã o qu e os me to di st as en dossam
pre sid ent e do Con cílio Reg ion al dir ige -se ao inteiramente.
can did ato , assi m: "Cam inha is em dema nda
da perf eiçã o em Jesu s Cris to e vos esta is Mas , em que con sis te, a per fei ção cri stã
esfo rçan do para alca nçá-la?" E a resp ost a é: ou com ple ta santificação?
"Sim, com o auxílio de Deus". (11)
Com eça rem os por dec lar ar que não
sig nif ica ise nçã o de ign orâ nci a ou de err o ou
Re al me nt e es se es ta do nã o de pen de de ten taç ão. Há mui tas coi sas qu e o cr is tã o
ex cl us iva me nt e do es fo rço hum an o, er ro nu nc a ch eg ar á a sa be r ou a re al iz ar ne st a
em que in cid ia m os pe la gi an os com sua vid a; fi ni to e lim ita do com o é, pod e err ar e
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ser ind uz ido à te nt aç ão . Os ma is de di ca do s (1 3 )
pe rf ei to ?"
se rv os de De us so fr er am pro vaç ões ,
inf ort ún ios , ul tr aje s, mo rte . Jó , Joã o Bat ist a, Ma s a pe rf ei çã o cr is tã é ma is do qu e
Ti ag o, Pau lo , sã o ex em pl os do s ma is iss o, por que , com o gra ça esp eci al de Deu s,
el oq üe nt es . O qu e W es le y qu er ia di ze r, o cre nte po de re ce bê -la nu m in st an te e a
qu an do se re fe ri a à do ut ri na , er a que o qu al qu er mo me nt o em su a vid a, no
cre nte dot ado com aqu ela bên ção não ter ia co nc ei to we sl ey an o. Os ca lvi ni st as , por ém ,
dis pos ição para o peca do e, se acon tece sse ad mi te m qu e se ja al ca nç ad a s o me nt e no
pass ar por tent ação , sentir ia o auxí lio da mo me nt o da mo rte ou ap ós el a. Os
gra ça div ina , cap aci tan do -o par a ven cer . ar mi ni an os ho la nd es es co nc ebiam-na mais
Qu an do al ca nç as se a pe rf ei çã o cr is tã , o ou menos confo rme os metod istas wesleyanos ,
be m se ri a po si ti vo , já nenhum domínio ma s nã o lh e de ra m ta nt a im po rt ân ci a
exercendo sobre de os maus pensamentos ou qu an to es te s. As igre jas "Ho lyne ss" e de
inclinações perversas. Ao invés disto o amor para "Je sus Naz are no" sust ent am ain da a po si çã o
com Deus e os homens seria nele perfeito. ma nt id a po r Jo ão W es le y, co ns id er an do-a
de capital relevância.
A sa nt ific aç ão po de co nd uz ir à
pe rf eiçã o, e at é co nfundir-se com ela,
segundo depreen demos destas palavra s do Dr. 7. O CONCEITO DE DEUS.
Har mon : "Si gni fic a, diz o ilu str e bis po É muitíssimo importante o que pensamos
met odi sta , que se pod em os viv er um dia acerca de Deus.
se m pec ado , tam bé m pod em os vi ve r d oi s;
e se po de mo s vi ve r do is di a s se m Noss a vida , noss as atit udes e
pe ca do , po de mo s vi ve r mu it os d ia s se m pens amen tos depe ndem do que cre rmos no
pe ca do — po r qu e nã o? As si m ha ve rá um toc ante a Ele . A con dut a de cada um é
cr es ci me nt o em g raç a e um a ap ro xi ma çã o sim ple sme nte o res ult ado de sua s
ca da ve z ma io r de De us at é àq ue le di a em con cep çõe s. Nas pal a vra s ex pr es si va s do
qu e a pe ss oa se to rn a o que Deu s que ria in si gn e Ru i Ba rb os a: "As do ut rin as
que fo sse — e ist o não é se r ho me m
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precedem os atos". Ninguém vai além do que po r sab er que o " Cri ado r de tod as as coi sas
crê. Tod a cre nça est á con stit uíd a de uma é um ser de ime nsa sab edo ria , de pod er
sér ie de val ore s que apr e cia mos e inf ini to par a exe cut ar tod os os des ígn ios de
inc orp ora mos à vid a e, de con for mid ade com Sua sab edo ria , e de não men os inf ini ta
os qua is for mam os nos sos háb ito s e bon dad e par a dir igi r tod o o Seu pod er par a
sen tim ent os. ben efi cio de tod as as Sua s cri atu ras ". Deu s
est á dis post o a dis trib uir as bên çãos de Sua
Pel a nos sa cre nça nos con duz imos, jus tiça , sant idad e e per fei ção a quan tos
pensamos e agimos. Imaginemos. por exemplo, a cum pram as con diç ões que par a tan to
dif ere nça en tre um a pes soa que cre ia na est abe lece u, dis se Wes ley nou tra oca siã o em
exi stê nc ia do Deus Todo-Poder oso, um de seus serm ões . (1 4) Deus é o mesm o
Onisc ient e, Sant o, Justo e Miser icor dio so e sem pr e: nã o mu da .
aq ue la que as sim nã o crei a. A pr im ei ra
se nt e-o em tu do e em to da s as pa rt es; é - De us é im ut áv el em Su a es sê nc ia ,
Lh e ag ra de ci da pe la s in co nt áv ei s at ri bu to s, pro pós ito e con sciê nci a. Há nele a
ma ni fe st aç õe s de Se u am o r; re ce be co m mai s perf eit a har mon ia. Mas , qua nto aos
pa ciê nc ia as pr ov aç õe s, ce rta de qu e o Pa i arm inia nos e pela gia nos , tem os alg uma s
Ce le st e es tá a seu la do pa ra aj ud á -la a rest riçõ es a faze r quan to ao seu conc eito de
ve nc ê -la s. As sim , ao ev it ar o ma l, nã o é Deus , porq ue, embo ra acei tass em a
po rq ue te ma ca st igo s, e sim po rq ue, de imut abil idad e do Ser divi no, nega vam que tal
fo rm a al gum a, de se ja en tr ist ec er ao De us imutabilidade existisse no conhecimento e na
de am or , qu e só lh e te m fe ito o be m. vontade de De us . Va mo s esc la re ce r me lh or :
Pro ce de rá a se gun da pe sso a de mo do ac re di ta va m os do is qu e o ho me m é um se r
se me lh an te ? li vr e e De us , po r co ns eg ui nt e, agi a de
con fo rmi dad e com seu s ato s. Deu s ti nha
Raz ão, por isso , te ve Jo ão We sl e y que le v ar em conta as ações do homem.
qu an do , nu ma ca rt a ao Dr . Co ny er s
Mi dd le nt on , es cr ev eu que o cri stã o é fel iz
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8 . A TR IN DA DE tod as as coi sas vis íve is e inv isívei s. Na
Ar mi ni an os e me to di st as re co nh ec em uni dad e des ta div ind ade , há trá s pes soa s da
co mo vá li da a ve lh a do ut ri na or to do xa da mes ma sub stâ nci a, pod er e ete rni dad e —
Ig re ja Cr is tã : da Tr in da de div ina — Pai, Pai , Fil ho e Esp íri to San to".
Fil ho e Esp írit o San to.
Por ém os arm i nia nos , emb ora ace ita sse m
Dis cor dam , cont udo , a re sp ei to da s a exi stê nci a das trê s pes soa s, adm iti am o
re la çõ es da s tr ês pe ss oa s en tr e si . Os sub ord ina cio nis mo . Ist o é, o Fil ho est á
se gu id or es de W es le y sã o fi éi s ao cr ed o subo rdina do ao Pai, e o Esp írit o San to ao
Ni ce no -Co ns ta nt in op ol it an o, qu e de fi ni u Fil ho, o que equ iva le a atr ibu ir-Lhe s
es se ma gn o pr ob le ma da ec on om ia gra daç ões de exi stê nci a, de açã o e até de
di vi na , co ns id er an do -as de id ênt ic a essência.
es sê nc ia e co m id ên t ic o s at ri b ut o s e,
a in d a, co - e te rn a s . REFERÊNCIAS E NOTAS:
(1) Hallevy, E. - “Histoire du Peuple Anglais au XIX Siècle”,
Fo i a po si çã o ad ot ad a pe la Ig re ja em quatro volumes. Vol I, págs. 359, 371 e outras.
(2) Hagenbach, K. R. - History of Doctrines - Vol III - Págs.
An gl ic an a e ig ua l me nt e po r Jo ão 75 e 76.
W es le y, ta nt o as s im qu e, na re vi sã o dos (3) Wesley - Sermões - Vol I, Págs 109 a 11 - Imprensa
"T rin ta e No ve Ar ti gos " ele a ma nte ve: "Na Metodista - São Paulo - 1953.
uni dad e de sta Div ind ade há trê s pes soa s de (4) Sermão “Sobre a Predestinação” - Cit. por Burtner e
uma sub stâ nci a, pod er e et er ni da de : o Pa i, Chiles - Compêndio de Teologia de João Wesley - Pág. 50.
(5) Wesley - Sermões - Vol. I, Págs 205 a 207.
o Fi lh o e o Es pí ri to Sa nt o". A Ig re ja (6) Wesley - Op. Cit. - Vol I, páginas 205 a 207.
Met odi sta do Bra sil , no cap ítu lo que tra ta (7) Pope, William Burt - A Comp. of Christ. Teology - Vol. II,
das dou tri nas , reve la-se nes ta que stã o, Pág. 445.
dig na con tin uad ora do mov ime nto (8) Pope, Op. Cit. - Vol. II - Pág. 444, citando Limborch, in
we sl ey an o, po is no Ar t. I, in ci so 1, lê -se : Theol. VI, pág. 4, 32.
(9) Hagenbach, Op. Cit - Vol. III, Pág. 116, citando
"Há um só Deu s viv o e ver dad eir o, ete rno , Limborch, in Theol. Chr.VI, Págs 4, 22 e 31.
sem cor po nem par tes ; de pode r, sabe dori a e (10) Pope - Op. Cit. - Vol II, Pág. 440.
bond ade infi nito s, cria dor e cons erva dor de
1
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(11) Cânones da Igreja Metodista do Brasil - Ano de 1955 - re sp ei to ao ho me m, o de te rm in is mo só em
Pág. 198. pa rt e é vá li do .
(12) Pope - Op. Cit. - Vol III, Págs 84 a 85.
(13) Harmon, Nolan B. - Understanting The Method.
Church - The Method. Publi. House - 1955 - Pág. 72. Ci ta rí am os , se qu is é ss em os , ce nt en as
(14) Sermão “Sobre Predestinação” - Cit. por Burtner e de exe mpl os. Mas , doi s ape nas nos
Chiler - Pág. 50. bas tar ão:

A Hol and a, em sua per ma nen te lu ta co m


o ma r, usu rpou -lhe dez ena s de qui lôm et ros
de sol o est éril e o tra nsf orm ou em ter ra das
ma is pr od ut iv as . ( 1 ) Al i es tá um a pr ov a do
CONCLUSÃO qu e po de o eng enh o hum ano .

De tu do qu an to fo i di to , fo rm ul em os O out ro nos é dad o pel a Grã-Bre tan ha.


um a sí nt es e glo bal , que nos per mit a ver de Peq uen a e rod ead a pel o Atl ânt ico ,
rel anc e o qua dro ana lis ado e mais facilmente con ver teu -se num a das ma ior es pot ênc ias
reter as evidências apontadas. ma rít ima s do glo bo. E se exa min ard es a
vid a pol íti ca, soc ial e reli gio sa de hola nde ses
1 — O es pí ri to hu ma no lo ng e de se r e ing les es, not are is coi sa sem elh ant e. Sua
um a en ti da de pas siv a, aco mo dad a às gen te sou be rea gir sem pre co nt ra os qu e
cir cun sta nc ias de qua isq ue r nat ureza s, é lh e fe ri ra m o br io . A in de pe nd ên ci a da
elem ento ativ o, sofr e, sent e e reag e. Moti vo Hol and a é fr uto do des pot ism o dos fan áti cos
por que nos sa vid a se dis tin gue da de out ros hab sbu rgo s espa nhói s. Cons cien tes de seu
ser es. É ver dad e que tamb ém eles reage m próp rio valo r, alen tado s pela do utr in a
aos estí mulo s exter nos, mas não sabe m ev an gé li ca , in fl am ar am -se de ze lo e
po rq ue o fa zem e ne m sã o ca pa ze s de cr ia r sa cu di ra m de vez o jugo estrangeiro.
me io s in te li g ent es par a os tra nsf orm are m
em seu ben efí cio . Por iss o, no qu e di z Fato idêntico nos apresenta a vel ha
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Ing lat err a, a qua l, não só exp uls ou a qua nto s de te rm in ad o, ma s por que fe z ma u uso da
ini mi gos lhe pis ara m o sol o pátri o, mas ain da lib er dad e, em bor a ad ver ti do de an te mã o da
se fez a pal adi na da democr acia nos tempos po ss ib il id ad e de ca ir . Pr ef er iu , to da vi a,
moder nos. Lembrar -vos-ei apena s que , agi r na dir eçã o con tra -ind ica da.
séc ulo s ant es de se fa lar no dip lom a dos
dir eit os do hom em, já os bar ões ing les es E com o pro ced eu o Pai cele sti al?
tin ham exi gid o do Rei Joã o sub scr eve r a Aban dono u o filh o que se fize ra escr avo do
Mag na Ca rta, de per dur áve is con seq üê nci as: mal? Não ! Ao in vés de dei xá -lo ao
Ond e, por tan to, se ten te dim inui r o val or do aba ndo no, con ti nu ou of er tando-lhe Sua
esp írit o hum ano, a reação se levantará, graça, envian do-lhe, por - fim, o Verbo eterno ,
infalivelmente. Cri sto Jes us. Atr avé s do ben dit o Red ent or a
sal vaç ão fo i posta ao alcance de todos os
2 — Tia go Arm íni o e Joã o We sle y ref let em homens.
o esp írit o de seu s pov os, de amo r à
lib erd ade e de res pei to par a com a vi da Há, por conseguinte, diversos pontos de
hu ma na . Ma s, de ou tr o la do , el es se contato entre arminianismo e metodismo. Ambos
fi rm ar am nes ses pri ncí pio s, obs erv and o que negam que Deus tenha pre des tin ad o o hom em
se coa dun ava m com a nat ure za do hom em, à que da. Ele jam ais pro ced eri a de tal modo,
que exa lta vam ao Cri ado r, tin ham o apo io pois é bom e justo, e não pode agir
das Esc rit ura s e hav iam sid o sus ten tad os por contrariame nt e à Su a na tu re za e ne m à do
alg uns escritores da Igreja Primitiva. ho me m. Se al gu ém se per de, não é do
Cri ado r a cul pa. Deu s que r a sal vaç ão do
Recorrendo à Santa Palavra re co nh ec er am pe ca do r qu e, pa ra ta nt o, lh e of er ec e o
qu e De us fi ze ra o ho me m cr ia tu ra li vr e, re cu rs o , ma s o homem é livre para aceitá-lo ou
con scie nte, resp ons áve l, e não um aut ôma to. para recusá-lo.
A obr a con dizia com o art ífi ce e, por iss o, o
dig nif ica va. Só ass im Ele pod ia cham á-lo a Ni ng ué m, co nt ud o, de du za di st o, qu e o
con tas e exi gir sat isfa ção por seu s atos . Se me to di sm o sej a arm ini ano por exc el ênc ia.
pe co u, não fo i po rqu e a ta nt o es ti ves se Tal vez pos sam os dize r que o é, tão semente,
1
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naqueles conceitos relacionados com a inf ral aps ari a nis mo. Ist o é, bas ead a na
predestinação. pre sci ênc ia de Deu s e não em Seu dec ret o
ete rno , a par tir da que da, e não
3 — Irei s perm itir , entã o, que vos lemb re ant eri orm ent e à mes ma. O met odi smo ,
algu ns pont os em que o met odi smo e o emb ora rec onh eça a pre sci ênc ia de De us ,
cal vin ismo se aju stam bem . Um dele s é o da ne ga qua lq ue r uma da s du as fo rma s de
corr upçã o da natu reza huma na, após o pr ed es tin açã o: inf ral aps ari an a ou
peca do. De sor te que, qua ndo Adã o cai u, sup ral aps ari a na. Tam bém rej eit a lim ita ções
tod a a raç a hum ana cai u com ele . Out ro na obra expiatória de Cristo, como quando se
pon to é o da abs olu ta nec ess ida de da gra ça pretende que Ele ten ha mo rri do ape nas pe los
de Deu s, sem a qua l o hom em é inc apa z de ele it os.
bus car a sal vaç ão. A ini cia ti va é de De us e
ta mb ém a su a re al iz aç ã o. Ai nd a ou tr o es tá Par a We sle y e se us se gu id or es a
na int erp ret açã o que os doi s sis tem as dão ex pi aç ão e a gr aç a sã o un iv er sa is . Cr is to
aos sac ra ment os, cons ider ando -os não fe z tu do qu e de pe nd ia de Si pa ra re di mi r a
apen as símb olos , mas tamb ém me ios pel os hu ma nida de do peca do, Sua obra foi exte nsa,
qua is a fé rec ebe al ime nto e o fi el ma is se perf eita , comp leta úni ca e abr ang e a tod os os
edifica em Cristo. Ambos rejeitam a hom ens , com o vemos, por exe mpl o, em Jo
transubstanciação e a consu bsta nciaç ão. 3:1 6 ; Rm 5:18 e Hb 8:10.

4 — Se , por ém, nos det ive rmo s a 5 — O met odi smo é, por tai s mot i vos, um
exa min ar com ma is preci são os postu lados sis tem a teo lóg ico pec uli ar. Nem arm ini ano
do metod ismo wesle yano , terem os o ens ejo int eir ame nte e nem cal vi nis ta. Man tém , no
de con clu ir que , em alg uns del es, é ma is ent ant o, dou tri nas que são fu nda men ta is
ant i-cal vini sta que o sist ema de Tiag o pa ra os do is , ag ru pa nd o -as em um to do
Armínio. Nada há, pois , que est ran har ! Sim ! ha rm on io s o e eq ui li br ad o. De um la do
Por qua nto vim os que o arm ini ani sm o su st en ta a gl ór ia e so be ra ni a de Deu s e, do
ace ita va a pre des tin açã o con dic ion al, ou out ro, a lib erd ade do hom em. A sal vaç ão é
80 Jo se' Go rr çah'e s S a l r a d o r A r n i t i a t ris mo e Meto di sm o
107
dom gra tui to, con ced ido aos hom ens sem Jam ais co mp ree nderemos o Criador se o
que o mer eça m, mas não vai ao pon to de divorciarmos do homem, assim com o ser emo s
dei xar tud o ex clu siv am ent e nas mão s inc apa zes de con hec er o hom em iso lan do -o
div ina s. A sal vaç ão é obr a divin o -hum ana . O de De us . Qu an ta s ve ze s se te m el eva do
enf e rmo cur a-se qua ndo se dis põe a ta nt o a De us ao po nt o de o ho me m fi ca r
sub met er-se às pre scr içõ es do méd ico e ob sc ur ec id o? Ai nd a ag or a se pro pal a uma
tom a os rem édi os que lhe ind ica . O mai s teo log ia tra nsc end ent ali sta , na qua l o
im po rt an te , pe lo me no s em si tu aç ão Alt ís simo est á fo ra do alc anc e de no ssa s
de li ca da , de pe nd e do clí nic o, ma s, pas sad a esp ecu laç õe s. Bon ita , sem dú vid a, ma s
a cri se, a coo per açã o do enf erm o é nad a con fo rta dor a! Mas , tam bém , não é
im pr es ci nd ív el . Po r me lh or qu e se ja um pos sív el ent ron iza r a rid ícu la raz ão da
me di ca me nt o, o ef ei to de pe nd er á da cri atu ra a que cha ma mos hom em. Os seu s
re aç ão do or ga ni sm o. A gr aç a de De us , des ati nos são evi den tes até par a os cegos.
de ig ua l mo do , só co mp le ta su a ob ra
qu an do o homem diligencia em secundá-la. 6 — Dire mos, fina lmen te, que a soci edad e
hodi erna necess ita con hec er e exp eri men tar
Fat ali smo , det erm ini smo , a teo log ia met odi sta . Em um mu nd o
tra nsc end ent ali smo , ou panteí smo e in qu ie to e de sn or te ad o co mo o no ss o, el a
hum ani smo , são uns tant os "ism os" que os fa rá mu it o be m. Se rá u ma bê nç ão se nt ir a
seg uido re s de We sl ey re pe le m co mo mã o di vi na segura ndo a nos sa ao invé s de
pe ri go so s. Se é ab su rd o af ir ma r-se qu e "o nos jul garm os qua is cas cas de no ze s
ho me m é ho me m si mp le sm en te po rq ue nã o ag it ad as pe lo s vag al hõ es da vid a, ou qua is
é ga to ”, não é men os gra ve tom á-lo com o in de fes os órf ãos aba ndo nad os ao léu da
afe rid or (ava lia dor , med ido r, jul gad or) de sor te. Há, par a tod os, um ti mo ne ir o se gu ro ,
val ore s. Nun ca nos pod emo s esq uec er que um Pa i ac es sí ve l e de in fi ni ta mi se ri có rd ia .
ele é fi nit o, limi tado , pere cíve l, suje ito a Se us sã o os te so ur os no s cé us e na te rr a,
falh as, mas tamb ém que Deus o fe z à Sua e El e qu er di st ri bu í -lo s co m os Se us fi lh os ,
ima gem mo ra l e esp iri tua l. de qu al qu er ra ça , de qua lq ue r co nt in ent e e
de qua lq ue r co nd içã o so cia l. Até o mai s vil
1
81 Jo se' Go rr çah'e s S a l r a d o r A r n i t i a t ris mo e Meto di sm o
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pec ado r. Não há exc eçõ es par a Deu s. Só o
próprio homem se pode excluir do reino celestial.

Nã o ex is te me ns ag em ma is co nf or ta do ra
e ma is en tu si as ta . El a no s en si na o
ve rd ad ei ro se nt id o da fra te r ni da de , po rq ue
no s aj ud a a ve r em no ss o pr óx im o um
ir mã o pe lo qu al Je su s ta mb ém de rr am ou o
Se u sa ng ue . El a nos fa z cô ns cio s de no ss o
de ve r de an un ci ar o Ev an ge lh o po r to das as
pa rte s. El a no s con st ra ng e a ba ta lh ar po r
um mu nd o de pa z e de bo a vo nt ad e, de
ju st iç a e de res pei to par a com tod os os
hom ens . "O me tod ism o, dis se al gué m
sa bi am en te , é uma re vo lu çã o em ma rc ha ".

De us o permita!

REFERÊNCIAS E NOTAS:
(1) Fautcher, Daniel - Geografia Agrária”.
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