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O poder da cultura na Integração Sul Americana

O principal propósito da integração é a alavancagem econômica dos países


participantes, objetivo que deve estar intimamente associado à produção social e
cultural dos países envolvidos. Entretanto a integração não pode ser confundida com
unificação, e sim com a possibilidade de difundir as diferentes tradições e praticas
culturais. Igualmente, o processo de integração não pode ser pensado fora da moldura
da configuração sócio-histórica e cultural, ou seja, ignorando os elevados índices de
desigualdade econômica e social presentes nos países envolvidos nesse projeto recém-
implementado, em que ganham destaque os baixos níveis de educação e escolaridade e
as dificuldades de acesso à informação e aos bens culturais.

Entende-se que as manifestações culturais, estéticas e patrimoniais dos mais


diferentes grupos sociais podem colaborar para a constituição de novos agenciamentos
de novas e renovadas identidades coletivas, viabilizando a reprodução social de
diferentes grupos sociais, inclusive de múltiplos grupos subalternos, como o
camponeses, os indígenas e os artesãos, e possibilitando novas articulações entre cultura
e desenvolvimento sustentável. Sendo assim a cultura pode ser o elo entre recursos
simbólicos, econômicos e políticos. Antes, é preciso romper com os pré- conceitos da
exotização da cultura e da arte latino-americanas, construídos pelo “olhar estrangeiro”, e
permitir que os grupos produtores de arte possam expressar sua própria voz ou seu
próprio sotaque, de forma orgulhosa e com plena legitimidade.

Portanto, estabelecer conexões entre cultura e direitos parece ser uma tarefa
urgente e necessária, especialmente quando se está tratando de América do Sul. E, nesse
sentido, urge enfatizar a relação entre cultura e direitos humanos, cuja referência deve
dirigir-se tanto às reflexões pertinentes às questões do acesso à cultura quanto à
possibilidade de expressar e veicular conteúdos simbólicos e representações coletivas
diferenciadas dos padrões hegemônicos, vigentes nas diversas sociedades nacionais.
Entre os países sul-americanos ainda existem preconceitos mútuos, diferenças culturais,
manifestações esporádicas de nacionalismo, ou mesmo racismo (no caso de futebol),
destacando-se percepções exageradas do sub-imperialismo, da soberba nacional, do
desprestígio na comercialização de mercadorias nacionais. Os países latino-americanos
não correspondem, adequadamente com programas de ensino da língua portuguesa nos
seus respectivos países, ao Brasil, um país continental e o mais povoado da América
Latina, que introduziu o ensino obrigatório do espanhol no ensino médio.

NOVAS POSIÇÕES PARA A INTEGRAÇÃO CULTURAL

É preciso destacar que a cultura não deve ser pensada apenas no âmbito das
políticas culturais estatais ou das propostas de acordos multilaterais, nem como mero
produto, evento ou espetáculo, mas sim como processo permanente de criação de uma
urdidura simbólica que permita o múltiplo entrecruzamento de experiências e tradições.
Categorias como fronteira, entre - lugar mistura hibridismo, impureza e heterogeneidade
podem melhor iluminar nossa realidade e, quiçá, nosso destino. Porém, essa trajetória só
será possível se houver vinculação entre cultura e direitos humanos em geral, e entre
cultura e direitos culturais em particular. Podem- se destacar seis dimensões de
significante importância: as disparidades do Estado- Nação; a diversidade da língua; o
papel das fronteiras; integração com a diversidade; a construção de uma identidade
comum.

Alguns deles já foram abordados antes nesse trabalho, porém vale a pena
retomar o raciocínio para melhor compreensão da importância da integração cultural. As
disparidades do Estado Nação garante a autonomia de cada Estado para tomada de
qualquer posição. A diversidade da língua é um ponto crucial para o sucesso ou fracasso
da integração cultural. O desenvolvimento equilibrado só é possível desde que haja
comunicação efetiva entre os povos, e essa comunicação significa, no mínimo,
compreender a língua que o outro fala. Já as fronteiras têm o papel de fortalecer as
posições geográficas entre os países e conectar as culturas geograficamente. A
integração com a diversidade é um ponto já destacado antes, já que seria o fim dos pré-
conceitos formados sobre a cultura latina americana, a fim de se formar uma relação
amigável entre as diferentes nações. A idéia de construir uma identidade comum é
diferente de homogeneizar as culturas, transformar-las em uma única. A identidade
comum é a formação de um reconhecimento mutuo entre si, formando assim uma
identidade latina.
Reunião de Ministros da Cultura do MERCOSUL

As reuniões do MERCOSUL Cultural fazem parte do empenho conjunto que


tem avançado na busca de novos pontos de convergência, que conduzam à consolidação
da integração cultural dos países da região. O objetivo da Presidência Pró-tempore é o
de contribuir, nos planos econômico, comercial, social e político, para a implementação
das metas de integração regional traçadas pelo Tratado de Assunção, de 1991, que criou
o Mercado Comum do Sul (MERCOSUL). Algumas ações desses ministérios podem
ser citadas para ilustrar o avanço da integração cultural entre os países como, por
exemplo, o Intercâmbio de Políticas Nacionais de Cultura, a Cooperação técnica nas
áreas culturais, e por ultimo a Diversidade Cultural.

O Intercâmbio de Políticas Nacionais de Cultura é um projeto onde é necessário


conhecer as características do setor cultural de cada país, e incentivar o intercâmbio de
experiências das pessoas ligadas à área cultural. Já a Cooperação técnica nas áreas
culturais tem como objetivo priorizar áreas de patrimônio, acesso à cultura, inclusão
social e construção da cidadania, criação e experimentação artística, dentre outras.
Construindo assim uma relação firme entre as diversas culturas. E por ultimo a
Diversidade Cultural é essencial para ressaltar a importância da adoção de uma política
de defesa e promoção dos idiomas castelhano, português, guarani. O foco aqui é
preservar as diversidades culturais, por isso a centralidade na língua.

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