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Portanto, estabelecer conexões entre cultura e direitos parece ser uma tarefa
urgente e necessária, especialmente quando se está tratando de América do Sul. E, nesse
sentido, urge enfatizar a relação entre cultura e direitos humanos, cuja referência deve
dirigir-se tanto às reflexões pertinentes às questões do acesso à cultura quanto à
possibilidade de expressar e veicular conteúdos simbólicos e representações coletivas
diferenciadas dos padrões hegemônicos, vigentes nas diversas sociedades nacionais.
Entre os países sul-americanos ainda existem preconceitos mútuos, diferenças culturais,
manifestações esporádicas de nacionalismo, ou mesmo racismo (no caso de futebol),
destacando-se percepções exageradas do sub-imperialismo, da soberba nacional, do
desprestígio na comercialização de mercadorias nacionais. Os países latino-americanos
não correspondem, adequadamente com programas de ensino da língua portuguesa nos
seus respectivos países, ao Brasil, um país continental e o mais povoado da América
Latina, que introduziu o ensino obrigatório do espanhol no ensino médio.
É preciso destacar que a cultura não deve ser pensada apenas no âmbito das
políticas culturais estatais ou das propostas de acordos multilaterais, nem como mero
produto, evento ou espetáculo, mas sim como processo permanente de criação de uma
urdidura simbólica que permita o múltiplo entrecruzamento de experiências e tradições.
Categorias como fronteira, entre - lugar mistura hibridismo, impureza e heterogeneidade
podem melhor iluminar nossa realidade e, quiçá, nosso destino. Porém, essa trajetória só
será possível se houver vinculação entre cultura e direitos humanos em geral, e entre
cultura e direitos culturais em particular. Podem- se destacar seis dimensões de
significante importância: as disparidades do Estado- Nação; a diversidade da língua; o
papel das fronteiras; integração com a diversidade; a construção de uma identidade
comum.
Alguns deles já foram abordados antes nesse trabalho, porém vale a pena
retomar o raciocínio para melhor compreensão da importância da integração cultural. As
disparidades do Estado Nação garante a autonomia de cada Estado para tomada de
qualquer posição. A diversidade da língua é um ponto crucial para o sucesso ou fracasso
da integração cultural. O desenvolvimento equilibrado só é possível desde que haja
comunicação efetiva entre os povos, e essa comunicação significa, no mínimo,
compreender a língua que o outro fala. Já as fronteiras têm o papel de fortalecer as
posições geográficas entre os países e conectar as culturas geograficamente. A
integração com a diversidade é um ponto já destacado antes, já que seria o fim dos pré-
conceitos formados sobre a cultura latina americana, a fim de se formar uma relação
amigável entre as diferentes nações. A idéia de construir uma identidade comum é
diferente de homogeneizar as culturas, transformar-las em uma única. A identidade
comum é a formação de um reconhecimento mutuo entre si, formando assim uma
identidade latina.
Reunião de Ministros da Cultura do MERCOSUL