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TRABALHO & EDUCAGAO | Revista do NETE - jan / jun 2003 - vol 12, n° 1 Prof. Marcos Roberto Bareto Vieo-eitor Faculdade de Educacso Profe, Angela Imaculada Loureiro de Freitas Dalben Dielora Profa. Anténia Vitéria Sores Aranha Vice-Diretora Nucleo de Estudos Sobre Trabalho e Educacéo Prof.® Dalila Andrade Oliveira Coordenadora Prof.® Adriana Maria C. Duarte \Vice-soordenadora Silva; Lidiane Xavier; Maria Helena August Diniz Gomes Melo. onselho Ealtar ‘Acécia Kuenzer (UFPR); Adriana Maria C. Duarte (UFMG); Azuete Fogaca (UFIF);Carmem S. V. “Moraes (USP); Celso J. Fer ivelra (UFMG); Daniéle Linhart (PARIS Dagmar Zivas; Eloisa Helena Sentos (UFMG); Eunice Trein (UFF); Fernando Fidalgo ancisco P, A, Lima (UFMG); Fernando Coutinho (UFMG); Gaudéncio Frigotto (UFF); Isabelle Bertaux-Wiarne (PARIS X, Fr); Leda | INICAMP); LLicia Bruno (USP); Lucie Tanguy (PARIS X, Fr); ia G, de C, Giovanetti (UFMG); Maria Elizabeth Antunes IC:MG); Maria Ciavatta Franco (UFF); Maria Regina Nabuco ; Maria Rita Neto Sales (CEFET-MG); Marisa Ribelro Teixeira Duarte (UFMG); Miguel icardo Antunes (UN! Ruy de Quadros Carvalho (UNICAMP); Ozie Tesser (UFCE); Schwartz (U. Provence, Fr] e Werner Markert (UFPE) UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS FACULDADE DE EDUCAGAO NUCLEO DE ESTUDOS SOBRE TRABALHO E EDUCAGAO TRABALHO & EDUCAGAO Revista do NETE ~ jan / jun 2003 - vol 12, n° 1 Belo Horizonte “Tabatho & Educagio - vol. 12, n© 2 = nf Jun - 2003 20 “como ensinar’. para finalizar Desde 1998, 0 trabalho cor ‘Outubro, assim como as troca: to entre a UFMG e a Escola Sindical 7 de das com a equipe da Universidade de Provenee, tem contribuido para fazer avangar a proposta de Formagiio de Frabalhadores na UFMG. A ergologia pavimenta 0 solo onde nos apoiamos para propor uma educagao que faga dialogar saberes de natureza diferente © ‘que incorpore segme mente excluidos, reconhecendo neles interlocutores fundament: 0 trabalho e, mais especialmente, a produgéo do conhecim: teenoldgico. No entanto, temos consciéncla de que essa pro de formagao de trabalhadores que busca fazer equivaler exper regulares nao substitui e nem supre @ jucacional que proporcione & populac&o demanda legitima por uma politica educagao regular de qualidade nos diferentes niveis @ modalidades Referéncias Bibliograficas Saxros, Eloisa. Processos de produgao e legitimagéo de saberes: uma vertente de pesquisa no interior do campo de estudos sobre trabalho e eccagao. In: Gonaives, Luiz Alberto Oliveira (org.). Currfculo e politicas puiblicas. Belo Horizonte: Auténtica, 2003, Scnwanrz, Yves. Le paradigme ergologique ou un métier de Philosophe. ‘Toulouse: Octarés, 2000, Scunannz, Yves, A comunidade cien saberes, Belo Horizonte: Neve, n.7, a ampliada © 0 regime de produgao de 0. Trabalho e saber' Yves Schwartz? Resumo © texto trata das dimensées éticas e histéricas dos saberes presentes : c ict pr Palavras-chave: saber, atividade, trabalho, histéria, valores. Résumé Le texte pésente les dimensions éthiques et (és de travail 5: savoir, activi loos iques des savoirs dans Mots-cl toire, valeurs. Abstract ‘The text deals with the ethic and hist present in the working act ical dimensions of the knowledge Keywords: knowledge, activity, work, history, values TTraaieio a Daay Mow Focal, professa’avotr con 1, Francsco Lmao Elisa Helens Santas, de Depaiemanio de Ereloga de Unvesidag de Provence, Fraga, Trabalho & Educagio - vol. 12, 001 Jan / Jun - 2003 Seis idéias serdo desenvolvidas nesta conferéncia: 4. "Fazer histéria’ 6 re-questionar e re-combinar os saberes. 2. A atividade de trabalho 6 atravessada de histéria. 3, A produgéo de saberes no trabalho esta engajada em um debate de valores. 4, Anecessdiia atengao aos modelos tedricos que subestimam ou anulam esse engajamento dos saberes na histéria e os debates de valores 5. O que dizer dos saberes sobre os “objetos que nao tém hist6r 6. Por quais institulgdes de saber se deve lutar? “Fazer historia” é re-questionar e re-combinar os saberes ‘A questo aberta pelo semindrio parece-me remeter, no essencial, as rolagdes entre atividade de trabalho, historia e saberes, Tudo esta ai: como a histéria atravessa o trabalho? Em que medida “fazemos historia” quando trabalhamos? Porque tudo esta contido af? Se “histéria” tem um sentido, ¢ isto que é parcialmente ndo-antecipével na experiéncia humana (se "experiéncia” 6 diferente de “experimentagdo", 6 porque a experiéncia é sempre, em parte, “encontro’) Se o trabalho nao é sempre, de alguma forma, “histétia’, entdo, todas as condigées de realizacdo dos seus abjetivos podem ser antecipadas antes mesmo que a atividade de trabalho visando a tais abjetivos se inicia, Esta ¢ a filosofia da “organizago cientitica do trabalho”, o taylorismo. ‘Uma tal ambig&o de previsiblidade exaustiva concemente ao trabalho humano anula, logicamente, 0 desdobramento de toda produgdo de saber no préprio curso desta atividade: a atividade nao encontra nada que a obriga a pensar € se pensar, nao existe problema a tratar, posto que o trabalho & apenas uma seqliéncia de solugdes ja pensadas por outros. Lembremos Taylor dizendo a seus operdiios : 'néo Ihes pedimos para pensar” (O desatio nesta questo é: podemos anular a dimenso de “encontro* no trabalho, como pensava 0 taylorismo? Ou o trabalho seria sempre, mais ou menos, um momento de historia — a atividade de trabalho "produz sempre, ‘mais ou menos, histéria"? Esta questo comporta multiples confitos e interesses: = técnico-cientifico: como se constroem @ se combinam os saberes que permitem conceber, que tormam eficazes e operacionais os objetivos econémicos e sociais visados por toda atividade industriosa? Segundo consideremos esta atividade industriosa, mais ou menos, como produtora de histéria, portadora de um ‘fazer’, mais ou menos histérico, a resposta ndo sera a mesma; = filosético: segundo uma férmula marxista, a humanidade advém através da histérla, e so os “homens que fazer sua histéria": mas 0 que quer dizer esta formula? Como, precisamente, os homens e as mulheres fazem sua histéria? Se a atividade de trabalho faz sempre mals ou menos histéria, entéo as coisas podem se esclarecer (da mesma maneira que, quando Gaudéncio Frigotto pergunta-se como fundar a formula de Mane —“a raiz do homer é 0 homem mesmo” —, ele responde que é preciso procurar do lado do “ser social que se cria e se recria pelo trabalho"? = politico: se a atividade de trabalho “faz historia", entao, todas as pessoas, todos os povos, enquanto produzem sua existéncia, possuem uma igual dignidade, Na medida em que, dia apés dia tratando aquilo que no trabalho nao 6 antecipavel, eles realimentam @ transformam as configuragées culturals e socials, eles “iazem” a historia. Para resumir: se 0 trabalho é atravessado pela historia, se ‘nés fazemos histéria” em toda atividade de trabalho, ent&o, nao levar em conta esta verdade nas praticas das esferas educativas e culturais, nos aficios de pesquisadores, de formadores, nas nossas praticas de gestores, de organizagao do trabalho, e também nas nossas pratticas de cidadaos, é desconhecer 0 trabalho, é mul a atividade dos homens e das mulheres que, enquanto "fabricantes” de hist6ria, re-questionam os saberes, reproduzindo em permanéncia novas tarefas para © conhecimento. Mas em que medida o trabalho “faz histéria"? A atividade de trabalho ¢ atravessada de histéria A tese, tose que no nos é particular: toda vida humana, porque ela é em parte uma experiéncia, é atravessada de histéria. Mas, quando se trata do trabalho, se isto é verdade também, nao se trata de uma “pequena histéria’, de uma historia marcada pelo acaso das vidas incividuais: nenhuma situagéo humana, sem divida, concentra, “carrega” com ela tantos sedimentos, ‘condensagées, marcas de debates da histéria das sociedades humanas com elas mesmas quanto as situagdes de trabalho: os conhecimentos acionados, 98 sistemas produtivos, as tecnologias utlizadas, as formas de organizagio, ‘98 procedimentos escolhidos, os valores de uso selecionadios e, por datrés, as, felagdes sociais que se entrelacam @ opéem os homens entre si, tudo isto cristaliza produtos da histéria anterior da humanidade © dos povos. Certamente, este encontro dos produtos da histéria nas situagdes de trabatho dever ser diferenciados, segundo as formas miitiplas e inumeréveis, do trabalho sobre o planeta industrial ou de servigos, agricola ou urbano, formal ou informal... Mas foda atividade de trabalho enconira saberes acumulados ros instruments, nas técnicas, nos dispositivos coletivos; toda situagéio de trabalho esta saturada de normas de vida, de formas de exploragaio da natureza e dos homens uns polos outros. Ora, nossa tese, mas este nasso é coletivo, é que todo este conjunto de normas, de saberes, de concentrados de histdria passada, no pode, em caso algum, determinar por si $6 0 que vai se passar na atividade de trabalho. Este ‘TFpsaro in Tabane & eavenpdo 9.16 t “Trabatho & Edvensso = vol. 12, 002 fan / jun = 2003 23

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