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NEGATIVA BLUES (ou Cantata do Alvorecer)

(Marcelo Batista)

Não

Não te prives em me privar


Não te turbes em me negar
Não te queixes em me faltar
Pois engenho de mim
Macera sem fim tal pesar

Resume teus sentidos aos papéis


Fita teus olhos nos virgens anéis
Nutra-te da ciência
Embriaga-te de minha paciência
(Pé de planta rara que ora vigora)

Pois o amanhã é flor que se cheira sim


O porvir é dor que se esgueira enfim
A noite é só lençol furado contra a luz
Alma parda de gato que a razão abduz

Abraça-me forte ao alvorecer


Deita tua coxa sobre meu prazer
Ressoa teus versos por entreaberta porta
Já que o amor sempre tudo suporta
Espera, retém, mantém e sustém

Cantata de um dia a mais


Nau que sempre aporta no Cais
No Cais do amor nada jaz, jazz
Nada jaz no amor deste Cais
Jazz

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