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Mas o que voc sabe de mim, uma vez que eu acredito no segredo quer dizer, na potncia do falso mais

is do que nos relatos que revelam uma deplorvel crena na exatido e na verdade? Se no me mexo, se no viajo, tenho como todo mundo minhas viagens no mesmo lugar, que no posso medir seno com minhas emoes, e exprimir da maneira a mais oblqua e indireta naquilo que escrevo. (...) O que interessa no saber se me aproveito do que quer que seja, mas se tem gente que faz tal ou qual coisa em seu canto, eu no meu, e se h encontros possveis, acasos, casos fortuitos, e no alinhamentos, aglutinaes, toda essa merda em que se supe que cada um deva ser a m conscincia e o inspetor do outro. (...) O problema nunca consistiu na natureza deste ou daquele grupo exlusivo, mas nas relaes transversais em que os efeitos produzidos por tal ou qual coisa (homossexualismo, droga, etc.) sempre podem ser produzidos por outros meios. Contra os que pensam eu sou isto, eu sou aquilo, e que pensam assim de uma forma psicanaltica, preciso pensar em termos incertos, improvveis: eu no sei o que sou (...). O problema no ser isto ou aquilo no homem, mas antes um devir inumano, de um devir universal animal: no tomar-se por um animal, mas desfazer a organizao humana do corpo, atravessar tal ou qual zona de intensidade do corpo, cada um descobrindo as suas prprias zonas, e os grupos, as populaes, as espcies que o habitam.

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