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Terça, 9 de Director: António

Janeiro de 2007 José Teixeira


Edição Papel Directores adjuntos:
João Morgado
Fernandes, Eduardo
Dâmaso e Helena
Garrido

Fundação D.
Pedro IV vai
perder Lóios
e
Amendoeiras

Direito a uma
casa

Isaltina
Padrão
Leonardo
Negrão
(imagem) A Fundação D. Pedro IV deverá deixar
de ser proprietária dos bairros lisboetas dos Lóios e das Amendoeiras, em Marvila, até ao final
deste mês. O anúncio foi ontem feito pela vereadora do CDS-PP, Maria José Nogueira Pinto,
durante uma visita às duas urbanizações que, em Fevereiro de 2005, deixaram de pertencer ao
Instituto de Gestão e Alienação do Património Habitacional do Estado (IGAPHE) para
passarem para a alçada da fundação.

Desde então, os moradores dos cerca de 1400 fogos dos dois bairros queixam-se do
"terrorismo" que esta Instituição Particular de Solidariedade Social tem exercido sobre eles,
nomeadamente através dos aumentos "abruptos" no arrendamento social e do impedimento da
aquisição de casa aos inquilinos que o possam e desejem fazer.

Para pôr termo a esta situação, Maria José Nogueira Pinto - mandatada pela Câmara Municipal
de Lisboa para representar o grupo de trabalho constituído pelo secretário de Estado das
Cidades, João Ferrão, para acompanhar a situação - só vê uma saída: "Revogar o acordo de
cessão com a D. Pedro IV. O que deverá acontecer ainda no decorrer deste mês." Esta decisão
resultará numa de duas hipóteses a ser escolhida pelo governante: ou os bairros voltarem a ser
propriedade do Estado ou irem para as mãos de uma outra "entidade credível que defenda o
interesse público".

Algo que, segundo a vereadora, a actual proprietária não tem vindo a fazer. "A propriedade
deveria ter continuado na posse do Estado e ter passado apenas a gestão para Fundação D.
Pedro IV. Ao ser transferida a propriedade, a faca e o queijo ficam na mesma mão." E isso, diz
a vereadora, tem levado "à violação do princípio da igualdade, face a outros bairros sociais".
Se é verdade que as duas urbanizações têm formações diferentes - o Bairro dos Lóios resulta
de realojamentos e o das Amendoeiras foi ocupado após o 25 de Abril -, o objectivo dos
moradores é o mesmo: poder adquirir a casa em que vivem, caso assim o desejem. "A
fundação está a impedir-nos de exercer um direito que não nos pode ser negado", desabafa
Eugénia Margarida, da Comissão de Moradores do Bairro das Amendoeiras.

Esta moradora acusa o Estado de se ter esquecido do acordo que fez com os moradores em
1975. "Acordámos uma prestação mensal de renda fixa com o IGAPHE que nos possibilitaria
ficar com a casa ao fim de 25 anos. O Estado esqueceu o acordo e ainda entregou as casas à
Fundação D. Pedro IV sem nos dar conhecimento nem hipótese de aquisição. Um direito que
temos."

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