10 Cultura Apesar dos problemas no repasse de verbas, Sofia Mafalda, representante da
Cinemateca na Comissão de Organização e Acompanhamento, diz que a instituição
Florianópolis, setembro de 2008 “é responsável por questões políticas e é a mãe do cinema catarinense”
Audiovisual ainda depende de editais
Atraso de pagamentos é um dos problemas de prêmios como o da Cinemateca, que chega à quinta edição Ganhadores Produtores cinematográficos de missão de Organização e Acompa- dos os atrasos. O prejuízo maior, para termina o prazo de um ano para os Santa Catarina estão aguardando, nhamento do Edital (COA). ele, não foi financeiro, mas, sim, o vencedores finalizarem as gravações. O edital do Prêmio Cinemateca desde o dia 9 de setembro, a divulga- Mafalda conta que o primeiro tempo perdido. “Você marca com um O longa-metragem tem um prazo Catarinense / Fundação Catarinense ção do resultado do quinto edital da concurso “foi super glamuroso, saiu estúdio, aí o dinheiro não vem e você um pouco maior, de um ano e meio. de Cultura não tem enfrentado apenas Cinemateca Catarinense/Fundação o primeiro longa-metragem realiza- tem que desmarcar. Tem que esperar Mesmo assim, o representante do MIS problemas financeiros. Em cada ano Catarinense de Cultura (FCC). Entre do com dinheiro do prêmio. Daí, em outra data em que as pessoas possam afirma que o pagamento, que deve em que foi realizado, o edital premiou os 141 inscritos, apenas um ganhará 2002, fizemos o segundo e começou e que o estúdio esteja livre de novo.” vir apenas em 2010, vai ser entregue apenas um longa-metragem. Dois dos o valor de R$ 900 mil para a produção a desandar”. Começou a “desandar” Isso fez com que o filme só ficasse dentro do prazo. “O que é nosso está vencedores têm ligação com a Cine- de um longa-metragem. Outros 16 porque, com a mudança no governo pronto em 2008. Penna Filho diz que guardado.” mateca: Zeca Pires (2002) e Penna dividirão os prêmios nas demais cate- estadual, a primeira parte do prêmio os atrasos são “a contribuição do go- A cineasta Sandra Alves, vencedora Filho (2005). Apesar da distância entre gorias. Ronaldo dos Anjos, presidente só foi paga em 2003. E outros atra- verno para o cinema catarinense”. na categoria curta-metragem em os prêmios, eles foram contemplados do Museu de Imagem e Som (MIS) e sos ocorreram: duas, de três parcelas, 2001, diz que como o investimento em editais consecutivos, já que não representante da FCC na organização foram quitadas apenas entre 2005 e Garantia privado no estado ainda é muito houve premiação em 2003 e 2004. do concurso, garante que, ao contrá- 2007. Isso causou prejuízos para pro- Ronaldo dos Anjos explica que não pequeno, o papel do governo é Zeca Pires é um dos fundadores da rio das edições de 2002 e 2005, desta dutores como Zeca Pires que, duran- se pode garantir a realização anual essencial. “Quando surge um edital o instituição e, até junho, Penna Filho vez a verba não atrasará. te a gravação de A antropóloga, lon- do concurso como foi concebido, crescimento é natural e espontâneo”. E era do Conselho Fiscal e de Ética. Para Apesar de viabilizar a execução ga-metragem vencedor do concurso pois ela depende da vontade política. esse crescimento não é apenas dentro quem não ganha, só há uma solução: de quatro filmes desde 2001 e de ser de 2002, perdeu cerca de R$ 250 mil. A cada ano é necessário entrar com de Santa Catarina, já que muitos esperar pelo próximo edital. a maior fonte financiadora do cine- O dinheiro da primeira parcela foi o pedido de liberação de verba junto filmes feitos com dinheiro do edital ma catarinense – o repasse previsto usado na pré-produção, etapa funda- ao governo do estado e esperar que foram para fora do estado, como um para esse ano é de R$ 1,9 milhão -, mental para o início das filmagens, seja aprovado. Mesmo assim, ele dos curtas de Alves. L’amar ganhou os premiados perdem com os atrasos na qual equipe técnica, elenco e cro- assegura que, pelo menos nesse um prêmio em Portugal e participou de verba e a dependência do governo nograma são montados. O trabalho ano, os produtores não precisam se da Mostra Curta Cinema de 2003, no estadual. O edital é uma conquista foi perdido e, quando o restante do preocupar com os atrasos. Rio de Janeiro. Com Chico Caprário da Cinemateca, que não tem fins lu- prêmio foi liberado, toda a fase ini- A quantia será paga em duas par- aconteceu o mesmo. Sorria, você está crativos e reúne 91 artistas, produto- cial teve que ser refeita. celas, como foi feito em 2007. A pri- sendo filmado (2003) fez parte de res e pessoas ligadas ao audiovisual. Com Penna Filho aconteceu algo meira, logo que o resultado for anun- mostras em Porto Alegre e Curitiba. Cinemateca Catarinense “A Cinemateca é responsável por semelhante. O produtor venceu o edi- ciado, o que deve acontecer em 19 de Sofia Mafalda diz que “é bonito ver as Entidade que reúne pessoas ligadas ao questões políticas e, no meu ponto tal de 2005 com o longa-metragem novembro. A segunda, quando a etapa pessoas produzindo”, mas, para isso, é audiovisual em Santa Catarina. Com a de vista, é a mãe do cinema catari- Doce de Coco. Nenhuma das parcelas de filmagem for concluída. Ronaldo preciso que o edital funcione. Fundação Catarinense de Cultura (FCC), nense”, diz Sofia Mafalda, uma das foi paga dentro do prazo e a produção dos Anjos afirma que a verba está pre- realiza o Prêmio Cinemateca – principal representantes da entidade na Co- parou por nove meses, somando to- vista no orçamento de 2009, quando Marina Ferraz edital voltado para o cinema no estado. fotos: Divulgação Zeca Pires Penna Filho Maria Emília de Azevedo José Rafael Mamigonian Vencedor do edital em 2002 na Vencedor em 2005 na categoria lon- Vencedora do edital da Cine- Vencedor do Prêmio Cinema- categoria longa-metragem com ga-metragem com Doce de coco. Até mateca em 2007 na categoria teca em 2001 na categoria o filme A antropóloga, no qual junho, era membro do Conselho Fiscal curta-metragem com o filme longa-metragem com o filme trabalhou com Maria Emília de e de Ética da Cinemateca e trabalhou Mulher azul. Trabalhou como Seo Chico. Trabalhou como edi- Azevedo. Foi um dos fundado- com Zeca Pires nas produções de Na- produtora executiva no filme A tor em Roda dos expostos, filme res da Cinemateca Catarinense. turezas Mortas e Quadros da História. antropóloga, de Zeca Pires. de Maria Emília de Azevedo.
Alterada lei que cria conselho de cultura
Nova lei Artigos passam por adaptação Sem o órgão, a cidade perderia recursos do governo federal para projetos culturais Após quatro reuniões, a primeira A discussão sobre a lei que cria o 1987, é classificado como órgão con- Outra divergência na adaptação a atriz e professora de teatro Marisa versão da lei foi alterada. Entre as pro- Conselho Municipal de Cultura ga- sultivo – o que restringia suas funções da lei se deu quanto à escolha dos Naspolini, uma das principais envol- postas que serão votadas assim que o nhou novo fôlego na segunda-feira, à colaboração com a prefeitura atra- membros. Foi determinado que deve vidas no processo de adaptação da documento for redigido estão: 22 de setembro. Depois de quatro vés de sugestões e opiniões, quando existir paridade entre os represen- lei, o debate vai além do repasse de reuniões na Câmara Municipal, ve- lhe fosse solicitado. A classe artística, tantes das entidades artístico-cul- dinheiro e da assistência do MinC. - No artigo 1º, além de consultivo, o readores, professores, estudantes e desde o início das discussões, defendeu turais e as pessoas indicadas pelo “O maior benefício é o entendimen- conselho passa a ser também delibera- representantes da classe artística-cul- um caráter deliberativo, com maior prefeito. Ao todo, 30 membros cum- to do que é cultura, diz”. tivo e normativo. tural de Florianópolis entraram em autonomia na elaboração de normas prirão as funções de conselheiro. Para Moair Nereu Nunes, presi- - No artigo 2º, que trata das atribuições, consenso em relação às propostas de para financiamentos e convênios. A implantação do Conselho Mu- dente da Associação Catarinense dos o órgão deixa apenas de opinar sobre o alteração no documento, que data de O parecer dado por Marcelo Macha- nicipal de Cultura deve ser concreti- Artistas Plásticos (ACAP), não há ne- Plano Municipal de Cultura e torna-se 1987. Depois da adaptação, que está do, procurador da Câmara Municipal, zada para que o município não per- nhum regimento relacionado à área um agente na sua elaboração. Assume a sob responsabilidade do Legislativo, a em 9 de setembro, mudou o panora- ca os benefícios previstos no Plano que funcione no município atualmen- responsabilidade de atestar a legitimida- lei no 2639 será votada em uma audi- ma da discussão, que encontrava re- Nacional de Cultura (PNC). O pro- te. “Se não formarmos o conselho com de das instituições culturais e o papel de ência pública. sistência em argumentos baseados na jeto foi criado em 2003 pelo ex-mi- um pessoal que goste e esteja envolvido definir critérios para a concessão de sub- Quando o assunto foi levantado e inconstitucionalidade da proposta dos nistro Gilberto Gil e se encontra em com a cultura da cidade, daqui a dez venções, convênios e auxílio. encaminhado à Câmara em caráter artistas. Além da importância da fun- fase de conclusão. Segundo Caio Ca- anos vai estar a mesma coisa.” Após - O artigo 3º estipula que existirá paridade emergencial, em 19 de agosto deste ção consultiva, os estudos apresentados vichiolli, gerente de arte da Funda- a finalização dos ajustes na lei, uma entre os representantes do meio artístico ano, era unânime que a lei precisaria por Machado atestaram a legalidade ção Catarinense de Cultura (FCC), as nova audiência será marcada – o que e as pessoas indicadas pelo prefeito. Ao ser reformulada. O maior impasse se das atribuições deliberativas e norma- cidades que não criarem o conselho deve ocorrer depois das eleições. todo, 30 membros integrarão o conselho. deu quanto ao caráter do conselho tivas e contribuíram para que as três perdem futuros recursos que seriam que, no artigo 1o do documento de fossem adotadas simultaneamente. distribuídos através do órgão. Para Matheus Joffre