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Sempre que eu o via, estava sentado diante da janela olhando para algo
que somente ele poderia enxergar. Isso criava em quem o percebia um
constante questionamento: o que o interessava tanto naquela direção? Sua
residência era de um estilo neo-gótico, ele residia naquele local há vários
anos, desde que sua família ainda existia. A visão daquela casa imensa, com
torres, nos reportava aos momentos nostálgicos que não sabíamos
descrever, assim como não descrevíamos o que ele via.
Sua rotina era monótona, saia todos os dias às seis da manhã, percorria os
grandes jardins de sua casa, tocava em algumas plantas, principalmente
rosas em botão, e perseguia algumas ervas daninhas, com uma repulsa de
algo que não estava ali "fazendo o bem". Procurava a única mercearia do
local e comprava, sempre, o mesmo tipo de pão, um pedaço de queijo e
levava para casa, onde entrava e permanecia por algumas poucas horas.
Parecia o seu desjejum....Depois saia, novamente, em busca de algo nos
arredores da pequena cidade em que morávamos, percorria ruelas,
escadarias, igrejas já abandonadas e sempre voltava com um ar triste e
desapontado. As tardes voltava a sua rotina de vigia, o olhar vago em
direção ao infinito de sua janela em uma das torres de sua casa.