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"Decoro parlamentar"? Que figura esdrúxula é essa? Fácil! Foi inventada para dar
um nome à punição mínima dos parlamentares, punição esta que não dá em nada,
a não ser em raríssimos casos (como o do ex-presidente Collor de Mello, por
exemplo), quando o clamor popular exige. Mesmo assim, vejam: Ele não foi
condenado, saiu por renúncia forçada ( só teve que ficar 8 anos sem ocupar cargo
político), mas já está lá no Congresso de novo, como Senador, ocupando uma
função interna importantíssima, apoiado pelo seu colega Renan Calheiros, um outro
corrupto impune, que só perdeu a presidência do Senado, mas continua mandando
quase tanto quanto o presidente, tal é a influência que exerce. E que dizer de
Paulo Maluf? E Jader Barbalho, Jader Barbaaaaaaaalho, várias vezes processado
(estelionato, formação de quadrilhas e fraudes contra o sistema financeiro)?.
Todas essas válvulas de escape são permitidas pelos regimentos internos das casas,
e foram inseridas e deixadas lá de propósito, para legislar em causa própria e
permitir o fisiologismo e a impunidade. É uma farra geral. A lista dos processados e
não condenados é enorme, com e 100% deles até agora impunes, graças ao
"corporativismo" e ao "foro privilegiado". E isso, gente, é coisa só do Brasil.
Mas, afinal, o que seria o tal "foro privilegiado" de que tanto os políticos se valem?
É a prerrogativa constitucional de só poder ser julgado pelo STF, ainda que em
crimes comuns. E é essa prerrogativa que tanto tem estimulado a impunidade
política. Ao que se sabe, o STF nunca condenou nenhum parlamentar. Por acaso
algum réu do mensalão ou de alguns dos recenntes escândalos descobertos pelo
Ministèrio Público ou a Polícia Federal, já foram condenados? Claro que não! E a
estratégia é simples: como a nossa justiça é lenta e o STF não considera o
julgamento de políticos como "prioridade", os processos vão sendo deixados para
trás, até prescreverem, por decurso e prazo, e o réu sair limpo. Quando, por
pressão num ou noutro caso o STF tenta acelerar, os políticos entram com diversos
recursos, meramente protelatórios, até extinguir-se o prazo e o processo ser
arquivado por "prescrição". Maravilha!... Isso é Brasil. Não posso afirmar com
certeza, mas, do que sei, em nenhum país do mundo existem tantas facilidades e
prerrogativas políticas como aqui, tudo "na forma da lei". Depois, quando o ex-
Presidente da França, Charles de Gaulle, disse que o Brasil não era um país sério,
todos ficamos ofendidos.
Mas tem muita gente não mencionada. E o Paulinho do PT, o Paulinho da "Força",
no que deu o seu caso? E o José Dirceu? E não podemos nos esquecer também dos
prefeitos e governadores corruptos, que nem estamos citando nesta matéria.
Sendo assim, acho que a minha definição não está errada, embora ninguém tivesse
coragem de admitir isso antes (acho), talvez por julgar o termo "cleptocrático" um
tanto forte e de sentido um tanto quanto pejorativo. Como ficaria a imagem do país
no exterior se dissessem que o nosso regime é uma "Cleptocracia". Isso iria
espantar os investidores estrangeiros, os turistas e o aporte do capital
internacional. "Não, esse nome pode até ser verdadeiro, mas é feio, não soa bem
para o Brasil. Vamos deixar assim mesmo: democracia plena ou Estado de Direito
Democrático está bom. Não é o que está na nossa constituição?" É isso que as
nossas autoridades máximas pensam.