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DIREITO

TRIBUTÁRIO

ROTEIRO DAS AULAS


Prof. Alexandre Lugon
Atualizada pela LC 118/05
Revisada em dezembro de 2008
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DIREITO TRIBUTÁRIO

PROGRAMA
UNIDADE I
1. Introdução ao estudo do Direito Tributário:
a) Receitas Públicas
2. Direito Tributário X Direito Financeiro
3. Definição de Tributo
4. Espécies tributárias:
a) Imposto
b) Taxas
c) Contribuições de Melhoria
d) Empréstimos Compulsórios
e) Contribuições Especiais
5. Determinação da natureza jurídica dos tributos.

UNIDADE II
1. Competência Tributária:
a) Competência para estabelecer normas gerais de Direito Tributário
b) Competência para instituir Tributos.
2. Limitações Constitucionais ao Poder de Tributar:
a) Princípios tributários
b) Imunidades tributárias.

UNIDADE III
1. Legislação Tributária:
a) Leis
 Emendas à Constituição
 Leis Delegadas
 Leis Complementares
 Leis Ordinárias
 Medidas Provisórias
 Decretos Legislativos
 Resoluções do Senado Federal
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DIREITO TRIBUTÁRIO
b) Tratados e Convenções Internacionais
c) Decretos
d) Normas Complementares

2. Vigência da Legislação Tributária


3. Aplicação da Legislação Tributária-
a) Eficácia
b) Exceções à Irretroatividade
4. Regras de interpretação e de integração da legislação tributária

UNIDADE IV
1. Obrigação Tributária:
a) Elementos estruturais
 Fato Gerador
 Sujeito Ativo e Sujeito Passivo
 Prestações
b) Classificação da Obrigação Tributária
 Obrigação Tributária Principal
 Obrigação Tributária Acessória
2. Princípio do "Non Olet"
3. Convenções Particulares
4. Solidariedade
5. Capacidade Tributária Passiva
6. Domicílio Tributário
7. Responsabilidade Tributária:
a) Responsabilidade por Substituição e por Transferëncia
b) Responsabilidade dos Sucessores
c) Responsabilidade de Terceiros
d) Responsabilidade por Infrações

UNIDADE V
1. Crédito Tributário:
b) Natureza Jurídica
2. Lançamento Tributário:
b) Definição
c) Regência do Lançamento Tributário
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DIREITO TRIBUTÁRIO
d) Hipóteses de Alteração
e) Modalidades do Lançamento Tributário
3. Hipóteses de suspensão da exigibilidade do Crédito Tributário:
a) Moratória
b) Depósito do Montante Integral
c) Reclamações e Recursos
d) Liminares e Tutelas Antecipadas
e) Parcelamento
4. Extinção do Crédito Tributário
a) Pagamento
b) Compensação
c) Transação
d) Remissão
e) Prescrição e Decadência
f) Ação de consignação em pagamento
g) Conversão do depósito em renda
h) Pagamento antecipado sob condição resolutória de ulterior homologação
i) Decisão administrativa irreformável
j) Decisão judicial transitada em julgado
k) Dação em pagamento em bens imóveis
5. Exclusão do Crédito Tributário
a) Isenção
b) Anistia
6. Garantias e Privilégios do Crédito Tributário

UNIDADE VI
Administração Tributária – Fiscalização

UNIDADE VII
Noções de Direito Penal Tributário
a) Direito Penal Tributário x Direito Tributário Penal
b) Crimes contra a ordem tributária
c) Elisão Fiscal x Evasão Fiscal
d) Representação Fiscal para fins penais
e) Extinção da Punibilidade

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DIREITO TRIBUTÁRIO

FUNDAMENTAÇÃO LEGAL UTILIZADA


1. CONSTITUIÇÃO FEDERAL
1.1 art. 24 C.F; art.145 a 167 C.F. ( SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL ); art. 167 C.F; art. 195; art.
198; art. 212 C.F; 239 C.F
1.2 EMENDAS CONSTITUCIONAIS N.º 03/93; 12/96; 20/98, 21/99, 29/00, 31/00, 32/01, 33/01,
37/02, 39/02, 41/03, 42/03, 44/04; 45/05; 55/07
1.3 ATO DAS DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS TRANSITÓRIAS (art. 34 , art. 40 a 42, art. 70,
art. 75, 76, e art. 79 a 94 da ADCT)

2. CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL ( Lei n.º 5172/66, LC 104/01, LC 105/01 e LC118/05 )


LIVRO I
2.1. art. 1.º a 16.º CTN.
a) os art. 1.º e 2.º CTN são regidos atualmente pelo novo SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL,
disposto na atual CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA BRASILEIRA)
b) art. 9, I (as ressalvas estão regidas pelo art. 153 § 1.º C.F.)
c) art. 13 (agora está regido pelo art. 150 § 3.º C.F.)
d) o art. 15,III CTN não foi recepcionado
2.2. art. 17 e 18 CTN ( regido pelo SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL- art 145 a 167 C.F.)
a) art. 18 ( agora está regido pelo art. 147 C.F./88)
2.3. art. 19 a 34 CTN
f) art 21 e 26 CTN derrogados pelo art. 153 § 1.º C.F
g) art. 22,II CTN não recepcionado
2.4.art. 35 a 36 CTN ( regidos pelo SISTEMA TRIBUTARIO NACIONAL –art 155 a 156 C.F)
2.5. 37 a 51 CTN
a) não se aplicam os art. 46,III CTN; 47,III CTN e 51, IV CTN
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DIREITO TRIBUTÁRIO
2.6.art. 52 a 62 CTN ( regidos pela LC 87/96 e LC 116/03 )
2.7.art. 63 a 67 CTN
a) art. 65 CTN derrogado pelo art. 153 § 1 C.F
2.8. art. 68 a 73 CTN ( regidos pela LC 87/96 e LC 116/03 )
2.9. art.74 a 75 CTN ( não recepcionados )
2.10.art. 76 a 82 CTN- recepcionados
2.11. os art. 83 a 95 CTN estão regidos no capítulo da Repartição das Receitas Tributárias da
Constituição Federal ( portanto, estudar exclusivamente nos art. 157 a 162 CF )

LIVRO II
2.12.art. 96 a 217 CTN
UNIDADE I
1. INTRODUÇÃO

DIREITO ADMINISTRATIVO
ADMIN. PÚBLICA
RECEITAS PÚBLICAS TRIBUTOS
DIREITO FINANCEIRO DESPESAS PÚBLICA
ATIV. FINANCEIRA ESTADO CRÉDITO PÚBLICOS
ORÇAMENTO

DIREITO TRIBUTÁRIO
TRIBUTO

INGRESSOS
PÚBLICOS
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DIREITO TRIBUTÁRIO
espécie:
RECEITAS
PÚBLICAS

espécie:
TRIBUTOS

1.1. INGRESSOS PÚBLICOS ( Direito Financeiro )

O Estado, na busca de recursos para desempenhar suas funções, procura obtê-los de fontes
variadas, conforme classificação a seguir:

DE TERCEIROS PATRIMONIAIS
OU
IMPRÓPRIOS
ORIGINÁRIAS
EMPRESARIAIS
OU PREÇOS
INGRESSOS PÚBLICOS
OU
ENTRADAS
PRÓPRIOS REPARAÇÕES
OU DE GUERRA
RECEITAS
PÚBLICAS DERIVADAS
RECEITAS
CREDITÍCIAS

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PECUNIÁRIAS

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DIREITO TRIBUTÁRIO

TRIBUTOS

DIREITO
TRIBUTÁRIO

Vejamos os conceitos aplicados acima:

1.1 Ingressos ou Entradas: São todos os recursos financeiros que entram nos cofres públicos,
tenham ou não o caráter de serem restituíveis ( retorno à origem). Enfoque: entradas lícitas ou
devidas.

1.1.1 Empréstimos (restituíveis apesar de lícitos)

1.1.2. Receitas Públicas ( ingressos não restituíveis -quando devidos)

1.1.2.1- Originárias: Decorrem de atividade atípica de Estado. Não há poder de império envolvido. O
Estado possui interesse privado exclusivo.

1.1.2.1.1.Patrimoniais : o "Estado" administra o seu próprio patrimônio, extraindo dele os seus


recursos. Ex: aluguéis, alienações de imóveis, etc...

1.1.2.1.2 Empresariais – Preço Público/Tarifa: O Estado presta serviços públicos de caráter não
essencial. Natureza eminentemente contratual, portanto facultativo. Ex: tarifas de energia elétrica, tarifa
telefônica e etc. São serviços remunerados, via de regra, por prestações de caráter contratual,
facultativo.

1.1.2.2. Derivadas: Decorrem de atividade típica de Estado. Há poder de império envolvido

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DIREITO TRIBUTÁRIO
• Tributo. Ex: taxa de serviço- TCLU ( pela prestação de serviço público essencial,
natureza legal, portanto, compulsória)
• Penalidades pecuniárias
• Reparações de Guerra
• Receitas creditícias ou impróprias.

2. O DIREITO TRIBUTÁRIO NO MUNDO JURÍDICO

2.1. DIREITO TRIBUTÁRIO X DIREITO FINANCEIRO X CIÊNCIA DAS FINANÇAS

2.1.1. A Ciência das Finanças : É a ciência que estuda o fenômeno financeiro, ou seja, a atividade
financeira do Estado: as receitas públicas, as despesas públicas, o orçamento público e o crédito
público.

2.1.2. O Direito Financeiro: É o ramo do Direito Público que normatiza a atividade financeira do
Estado.

2.1.3. O Direito Tributário: É o ramo didaticamente autônomo do Direito Público que estuda e
normatiza as relações jurídicas entre o Estado e o contribuinte, relativas à instituição, fiscalização e
arrecadação da receita pública derivada específica referente ao conceito de tributo.

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DIREITO TRIBUTÁRIO
RECEITA PUBLICA
CIÊNCIA DAS
FINANÇAS E
DIREITO

TRIBUTO
DIREITO
TRIBUTÁRIO

2.1.4. Características do Direito Tributário:

É uma disciplina didaticamente autônoma.


CONSTITUCIONAL

CIVIL TRIBUTÁRIO
RAMIFICAÇÃO
/
DISCIPLINA
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JURÍDICA
( AUTONOMIA
- 10 - O DIREITO -( 10 -
É UNO E
INDIVISÍVEL )
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DIREITO TRIBUTÁRIO
Relaciona-se com os demais ramos do Direito, pois este é uno e indivisível.
Possui autonomia apenas didática = é ramificação do Direito para facilitar seu estudo

Outras considerações:
Possui autonomia dogmática= princípios próprios
Possui autonomia estrutural= institutos próprios
Suas autonomias dogmática e estrutural são relativas uma vez que não se utiliza somente de princípios
e institutos próprios, valendo-se de princípios e institutos de Direito Privado. Daí, a doutrina majoritária
entender não haver autonomia científica, pois para ser ciência jurídica autônoma as autonomias
dogmática e estrutural deveriam ser absolutas.

2. TRIBUTO

NOÇÕES PRELIMINARES- RELAÇÃO JURÍDICA NO DIREITO TRIBUTÁRIO

OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA

LEI

FATO GERADOR

SUJEITO SUJEITO
ATIVO PASSIVO

DEVER
1) Prestação DE DAR: JURÍDICO
=
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PRESTAÇÃO
• TRIBUTO
• PENALIDADE
PECUNIÁRIA - 11 - - 11 -

2)Prestações de FAZER DESCUMPRIMENTO DAS PRESTAÇÕES DE


SANÇÃO FAZER
DO ATO ILÍCITO
3) Prestações de não FAZER OU NÃO FAZER = ATO ILÍCITO
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DIREITO TRIBUTÁRIO
3.1. A definição de tributo:
Sentido primitivo = imposições de guerra
Sentido atual = recursos voltados à manutenção do Estado.

TRIBUTO ( art. 3.º do CTN.)

• é toda prestação pecuniária


• compulsória
• em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir
• instituída em lei ("ex-lege" - art. 150,I C.F. e art. 97 CTN )
• que não constitua sanção de ato ilícito
• cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada ( entenda-se = ato
vinculado, oposto a ato discricionário )

Observações complementares:
Para provas objetivas-
Dação em pagamento é o pagamento de tributos com entrega de bens, como, por exemplo, entrega de
bens móveis. Não era aceito para a maioria dos doutrinadores, senão para doutrina minoritária
(Luis Emydio e Paulo de B. Carvalho) .

No entanto, a lei complementar n.º 104 de 2001, que alterou dispositivos do CTN, incluiu no art 156, XI
CTN, “dação em pagamento em bens imóveis, na forma estabelecida em lei” como modalidade nova de
extinção do crédito tributário..

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DIREITO TRIBUTÁRIO
Não se aceita, no entanto, extinção do crédito tributário mediante tributos in ¨natura ¨ ( ex: 1 kg em
espécie para cada tonelada) e tributos ¨in labore ¨ (exemplo: um dia de serviço )
Os tributos diferem das indenizações ( por lesão) e das doações, heranças jacentes , prescrição aquisitiva
e etc...; distinguem-se ainda dos deveres compulsórios de ordem privada (ex. seguros automobilísticos,
obrigações de alimentos e etc...) e ainda das apropriações de dinheiro abandonado ( estas últimas não
causam relação jurídica)

Quanto à função que exerçam, os tributos poderão ser:


a) fiscais (função meramente arrecadatória para o cumprimento das prerrogativas e incumbências de
Estado). Ex: IR , ICMS, IPTU...
b) extrafiscais ( além da função fiscal, nestes predomina a função de controle ou intervenção na
economia) . Ex: II, IE, IPI, IOF, ITR;
c) parafiscais ( arrecadados para que o Estado cumpra funções paralelas às funções típicas de Estado).
Ex. contribuições da seguridade social art. 195 C.F.

4. ESPÉCIES TRIBUTÁRIAS

art. 5.º CTN : São tributos os impostos, taxas e contribuições de melhoria


( possuem função tributária básica ).

Os empréstimos compulsórios e as contribuições especiais, após sua inclusão no Sistema Tributário


Nacional ( ex: Empréstimo Compulsório incluído no STN pela EC 01/69), passam a ter natureza
tributária segundo o STF, pois, apesar de não serem tributos básicos novos, no entanto, são dotados de
características especiais as quais lhe atribuem função tributária autônoma além de comporem o STN.

Natureza tributária para IMPOSTOS


TAXAS
STF CONTRIBUIÇÕES DE MELHORIA
EMPRÉSTIMOS COMPULSÓRIOS
CONTRIBUIÇÕES ESPECIAIS

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DIREITO TRIBUTÁRIO

4.1 IMPOSTO

Art. 145, I C.F. e art. 16 CTN

Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes
tributos: I - impostos;

Características:

4.1.1. FATO GERADOR: manifestação exterior de riqueza decorrente da capacidade econômica do


contribuinte.
4.1.2. FUNÇÃO: redistributiva

4.1.3. BASE DE CÁLCULO: grandeza de dimensiona a manifestação econômica do contribuinte.

4.1.4. TRIBUTO NÃO VINCULADO: São tributos cujo fato gerador é uma situação que não tem
como contrapartida nenhuma atividade imediata do Estado em relação ao contribuinte. (Ex:
quando o Estado cobra I.R. , não oferece nenhum serviço de imediato em troca. Portanto,
afirmamos que o imposto é um tributo NÃO VINCULADO . (vide art. 16 CTN)

Art. 16. Imposto é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação
independente de qualquer atividade estatal específica, relativa ao contribuinte

4.1.5. TRIBUTO DE RECEITA NÃO VINCULADA: Em regra, a receita arrecadada não pode estar
vinculada, por lei, a nenhuma despesa específica, fundo ou órgão predeterminados, isto é , tem
que ser redestinada ao “ bolo do orçamento”, de onde será repartida segundo os critérios da lei
orçamentária. Portanto, é um tributo de RECEITA NÃO VINCULADA , ou seja, de
ARRECADAÇÃO NÃO VINCULADA. Veja a proibição no art. 167, IV da Constituição Federal
– alterado pela E.C. 43/03. Há, no entanto, exceções previstas no próprio artigo 167,IV C.F
que serão estudadas no capítulo de Competência Tributária.. Portanto, os impostos sustentam a
massa orçamentária e, por conseqüência, remuneram os serviços GERAIS.

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DIREITO TRIBUTÁRIO
Art 167 CF- são vedados:
IV - a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou despesa, ressalvadas a
repartição do produto da arrecadação dos impostos a que se referem os arts. 158 e 159, a
destinação de recursos para as ações e serviços públicos de saúde, para manutenção e
desenvolvimento do ensino e para realização de atividades da administração tributária,
como determinado, respectivamente, pelos arts. 198, § 2º, 212 e 37, XXII, e a prestação de
garantias às operações de crédito por antecipação de receita, previstas no art. 165, § 8º,
bem como o disposto no § 4º deste artigo;

4.1.6. Diversos são os impostos instituídos pela União, Estados, D.F e Municípios, segundo a
competência tributária que lhes for atribuída pela própria Constituição. ( vide capítulo de
Competência Tributária)

4.1.7. Algumas classificações importantes dos impostos:

a) Quanto à forma de percepção: diretos e indiretos

 São DIRETOS quando o sujeito passivo de direito (aquele que tem a obrigação legal de recolher
o tributo aos cofres públicos, isto é, obrigação de cumprir a prestação de pagar tributos ) é
idêntico ao sujeito passivo de fato (aquele que efetivamente suporta o ônus econômico). Não há
transferência do encargo tributário. Ex: IPTU, onde o proprietário tem obrigação legal de
recolher aos cofres públicos e ele próprio arca com o ônus tributário. Neste caso não há
transferência de ônus financeiro a terceiros. Dá-se o fenômeno da percussão tributária;

 São INDIRETOS quando o sujeito passivo de direito (aquele que tem a obrigação legal de
recolher o tributo aos cofres públicos ) é diverso do sujeito passivo de fato (aquele que
efetivamente suporta o ônus econômico). Ex: ICMS, IPI, ISS. Nesta hipótese há transferência
de ônus tributário a terceiros, há o fenômeno da repercussão ou translação, uma vez que o
sujeito passivo de direito transfere o encargo tributário ao sujeito passivo de fato, como, por
exemplo: 1) repercussão econômica- quando o comerciante já engloba o montante do
tributo a arrecadar no preço final da mercadoria ou do serviço, transferindo o desembolso
efetivo do tributo, portanto , para o consumidor final. Vale ressaltar que o consumidor, no
exemplo, não se diz contribuinte ( nome reservado aos contribuintes de direito e não aos
contribuintes de fato ). 2) repercussão jurídica: 2.1 ( na substituição tributária) quando a lei
designa um terceiro para recolher no lugar do contribuinte. Estamos diante do fenômeno da
substituição tributária. Ex. IR retido na fonte, quando a empresa recolho o IR no contracheque
do seu funcionário. O funcionário aufere a renda ( contribuinte) e será substituído pelo
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empregador ( responsável). Este último recolhe, mas o funcíonário suporta o ônus.; 2.2 ( via
contrato) ex: locatário.

b) Quanto ao objeto de incidência: reais ou pessoais

 São PESSOAIS quando atingem a pessoa, isto é, levam em consideração características


subjetivas do sujeito passivo. Incidem sobre a pessoa do contribuinte. Ex: I.R.

 São REAIS quando restringem sua incidência à coisa, à ¨res¨ ( = coisa), objeto do imposto,
desconsiderando, em regra, a figura do contribuinte. Ex: IPTU

c) Quanto à alíquota: fixos ou proporcionais:

 FIXOS quando o valor do tributo a ser recolhido for estabelecido, fixado em valor pré-
determinado, segundo o estabelecido em lei. Ex. ISS dos autônomos, o ICMS por estimativa
das Micro-empresas. A metodologia de cálculo é feita sem aplicação de alíquotas sobre base de
cálculo.

 PROPORCIONAIS quando a alíquota for um percentual a ser aplicado sobre um valor,


isto é, sobre uma Base de Cálculo. Podendo, por sua vez, ser ainda proporcionais de alíquota
fixa onde a lei dispensa o cálculo, o valor é pré-definido em lei ou, podendo também ser
proporcionais e progressivos, caso a alíquota aumente em função do aumento da respectiva
Base de Cálculo ou outro critério de controle. Ex: IR

d) Quanto à base econômica: ( classificação adotada pelo Código Tributário Nacional )-


 impostos sobre o COMÉRCIO EXTERIOR. Ex: II e IE;
 impostos sobre o PATRIMÔNIO E A RENDA: IR,ITR, IPVA, IGF, ITD, ITBI, IPTU ;
 impostos sobre a PRODUÇÃO E CIRCULAÇÃO: IPI, ISS, ICMS e IOF
( estas siglas correspondem aos impostos exemplificados na UNIDADE II, tópico n.4)

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DIREITO TRIBUTÁRIO

4.2 TAXAS:
A Constituição, no art. 145,II, elenca a existência de taxa sobre dois fatos geradores distintos,
denominadas respectivamente taxa de serviço e taxa de polícia, conforme veremos a seguir:

CF- Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir
os seguintes tributos:...........II - taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou
pela utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis,
prestados ao contribuinte ou postos a sua disposição;

Vide CTN no art. 77. “As taxas cobradas pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos
Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, têm como fato gerador o exercício regular do
poder de polícia, ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviço público específico e divisível, prestado
ao contribuinte ou posto à sua disposição.”
TAXAS DE
SERVIÇO
PRESTADOS
AO CONTRIBUINTE
EFETIVA

UTILIZAÇÃO
DE ESPECÍFICOS
OU SERVIÇOS
FATO PÚBLICOS E
OU
GERADOR
DAS TAXAS Prof. Alexandre Lugon DIVISÍVEIS

POTENCIAL
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POSTOS A
DISPOSIÇÃO
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DIREITO TRIBUTÁRIO
EXERCÍCIO REGULAR DO PODER DE POLÍCIA

TAXAS DE
POLÍCIA

4.2.1. TAXA DE SERVIÇO

4.2.1.1. SERVIÇO PÚBLICO: As Taxas de serviços remuneram serviços públicos essenciais de ou


ainda serviços típicos de Estado. Já em se tratando de serviços públicos não essenciais, estes deverão
ser remunerados por preços públicos, os quais diferem das taxas. Exemplos de taxas de serviço: TCLU
(taxa de coleta domiciliar de lixo urbano ); TI (taxa de incêndio); taxa judiciária

a) Diferenças entre Taxas e Preços Públicos: as taxas são instituídas por lei, compulsórias,
cobradas pelo Poder Público, remunerando serviços públicos essenciais. Já os preços públicos
são facultativos, de natureza contratual e remuneratórios de serviços públicos não essenciais,
podendo sua cobrança ser delegada à pessoas jurídicas de direito privado (neste caso, alguns
doutrinadores preferem a denominação específica de tarifas, enquanto outros não fazem distinção entre
preço público e tarifa).

SUMULA STF: 545- Taxas e preços públicos não se confundem, porque aquelas ( as taxas) ,
diferentemente destes ( preços público), são COMPULSÓRIAS e têm sua cobrança condicionada à
prévia autorização orçamentária, em relação À LEI QUE AS INSTITUIU
Vale acrescentar que eu alterei a concordância na frase acima para entendimento do aluno. Vale observar
também que hoje em dia não mais se exige autorização orçamentária prévia para cobrança dos tributos.
E o pedágio será taxa ou preço público?. A doutrina diverge. Para Sacha Calmon é preço público,
para Baleeiro e Luis Emydio é taxa e, finalmente, para Bernardo Ribeiro de Morais será um tributo
novo, cujo fato gerador, segundo o art. 150, V da Constituição Federal , seria o uso de via conservada
pelo Poder Público. Quanto ao STF, há decisões como preço público ( ADIM 800/RS-1992 ) e
como taxa ( RE-181475/RS- 1999 ), dependendo das características apresentadas por cada caso em
particular. Varia, portanto, em função da natureza de sua instituição ( instituída por lei será taxa;

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DIREITO TRIBUTÁRIO
natureza contratual será preço público). Em prova, é usual considerar-se como sendo preço público,
uma vez predominar, nos dias de hoje, a natureza contratual.

4.2.1.2. SERVIÇO ESPECÍFICOS E DIVISÍVEIS: quanto aos serviços públicos objeto de taxas,
somente são passíveis de tributação os serviços públicos específicos e divisíveis

Art. 79 CTN. Os serviços públicos a que se refere o artigo 77 consideram-se:

II - específicos, quando possam ser destacados em unidades autônomas de intervenção, de


utilidade, ou de necessidades públicas;

III - divisíveis, quando suscetíveis de utilização, separadamente, por parte de cada um dos
seus usuários

a) ESPECÍFICOS- As taxas se referem a serviços públicos específicos, isto é, aqueles que podem
beneficiar indivíduos ou grupos determinados, ou seja, aqueles que se destacam dos demais,
individualizando-se. Ao contrário dos serviços específicos, os Serviços Gerais da Administração ,
como por exemplo, os serviços de turismo, estatística e segurança nacional não poderiam ser objeto
de taxas por serem inespecíficos. Os serviços gerais são aqueles que necessariamente são
oferecidos à coletividade globalmente considerada e só admitem prestação em caráter uti-universi.
Já os serviços específicos admitem prestação em caráter “uti-singuli”. Vide art. 79 C.T.N.

b) DIVISÍVEIS- As taxas exigem também, para sua instituição, que os serviços públicos sejam
divisíveis, isto é, passíveis de terem seu custo divido pelos usuários mediante critério de rateio
razoável. Portanto, há possibilidade de identificar os seus potenciais contribuintes. Ex: coleta de lixo
domiciliar. Ao contrário, seriam exemplos de serviços indivisíveis, portanto, não objeto de taxas, os
serviços de diplomacia, forças armadas, segurança pública e etc. Vide art.79 C.T.N.

4.2.1.3. FATO GERADOR:

Art. 79 CTN. Os serviços públicos a que se refere o artigo 77 consideram-se:

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DIREITO TRIBUTÁRIO
I - utilizados pelo contribuinte:

a) efetivamente, quando por ele usufruídos a qualquer título;

b) potencialmente, quando, sendo de utilização compulsória, sejam postos à sua disposição


mediante atividade administrativa em efetivo funcionamento;

a) UTILIZAÇÃO EFETIVA: o fato gerador diz-se utilização efetiva quando exaurido o serviço,
utilizado pelo contribuinte. Vide art. 79 CTN.

b) UTILIZAÇÃO POTENCIAL: No entanto há também fato gerador quando o serviço estiver a


disposição do contribuinte, embora não utilizado efetivamente por este. Diz-se utilização potencial.
Vide art. 79 CTN.

4.2.2. TAXA DE POLÍCIA

4.2.2.1. FATO GERADOR: a Taxa de Polícia está relacionada ao exercício regular do Poder de Polícia.
Vide art. 77 CTN.

a) PODER DE POLÍCIA: Poder de Polícia Administrativa, isto é, vigilância , fiscalização, controle


administrativo no que concerne aos assuntos de interesse coletivo, a exemplo dos mencionados no art.
78 do CTN. O rol de atividades aí enumerado é exemplificativo.

Art. 78 CTN. Considera-se poder de polícia atividade da administração


pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a
prática de ato ou a abstenção de fato, em razão de interesse público
concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da
produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes
de concessão ou autorização do Poder Público, à tranqüilidade pública ou ao
respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos. (Redação dada
pelo Ato Complementar nº 31, de 28.12.1966)

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DIREITO TRIBUTÁRIO
b) EXERCÍCIO REGULAR:

b.1) Conotação do CTN: vale ressaltar que será regular o exercício do Poder de Polícia quando feito
pelo órgão competente, nos termos da lei ( vide art.78 , § único CTN ).

Art. 78 CTN Parágrafo único. Considera-se regular o exercício do poder de polícia quando
desempenhado pelo órgão competente nos limites da lei aplicável, com observância do
processo legal e, tratando-se de atividade que a lei tenha como discricionária, sem abuso ou
desvio de poder.

b.2) Outra conotação: efetivo ( STF). Regular é quando há serviço público estruturado, isto é,
em efetivo funcionamento. Daí a expressão “exercício efetivo”.

4.2.2.2. São exemplos de taxas de polícia: as taxas de alvará ( de inspeção ou fiscalização para
funcionamento de estabelecimentos comerciais e industriais), as taxas de publicidade, taxa de inspeção
sanitária, as taxas de inspeção de motores, as taxas de verificação de pesos e medidas, as taxas de
fiscalização de obras em logradouros públicos e etc...

4.2.3 CARACTERÍSTICAS GERAIS DAS TAXAS

4.2.3.1. TRIBUTO VINCULADO, isto é, o Estado oferece uma contrapartida, uma contraprestação de
imediato ao contribuinte em função do tributo cobrado. O art. 16 CTN somente se aplica aos impostos.

4.2.3.2. TRIBUTO DE RECEITA NÃO VINCULADA , ou seja, de ARRECADAÇÃO NÃO


VINCULADA, pois nem a Constituição, nem o CTN prevêem exigência para que a lei instituidora
destine obrigatoriamente a receita arrecadada com a respectiva taxa para o custeio de algum tipo de
serviço. Esta é a prática legislativa. Apesar disso, alguns autores, como o prof. Luís Emydio, entendem
o contrário, mas é posição minoritária. Obs: Vale ressaltar que a Constituição, no entanto, não veda, ao
contrário dos impostos, que a lei instituidora vincule a receita das taxas.

4.2.3.3. FUNÇÃO: é um tributo retributivo ( custo/ benefício), isto é, tem função ressarcitiva, pois
visa ressarcir os cofres públicos, do custo que o Estado teve com o serviço prestado ou com o
exercício regular do Poder de Polícia.

4.2.3.4. BASE DE CÁLCULO:

CF- 145 § 2º - As taxas não poderão ter base de cálculo própria de impostos

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DIREITO TRIBUTÁRIO
CTN- art. 77- Parágrafo único. A taxa não pode ter base de cálculo ou fato gerador idênticos aos que
correspondam a imposto nem ser calculada em função do capital das empresas.

A base de cálculo das taxas não pode ser a mesma de impostos. O capital das empresas também
não pode ser utilizado como base de cálculo das taxas. Vide art.145,§2.ºC.RFB. e art. 77, § único do
CTN. Algumas taxas foram declaradas inconstitucionais por este motivo: taxas de conservação de
estradas de rodagem ( BC = ITR ) , taxas de licenças com BC = valor dos imóveis, em alguns Estados
a taxa de incêndio por usarem base de cálculo de imposto., a taxa de lixo quando usa como base de
cálculo o valor do imóvel. Isto se justifica, pois a Base de Cálculo das taxas tende a refletir uma
grandeza relacionada com o Custo da atuação Estatal relativa ao contribuinte, ao contrário dos
impostos.
4.2.3.5. A taxa rodoviária única, Decreto-Lei 999/69, incidia sobre o valor dos veículos licenciados
em todo o território nacional, tendo sido substituída pelo IPVA.

4.3. CONTRIBUIÇÕES DE MELHORIA:

Contribuição de melhoria ( art. 145, III C.F e art.81 e 82 CTN):

4.3.1 FATO GERADOR

a) O Código Tributário Nacional, publicado em 1966, cita como fato gerador:

Art. 81 CTN - A contribuição de melhoria cobrada pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos
Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, é instituída para fazer face ao custo de obras públicas
de que decorra valorização imobiliária, tendo como limite total a despesa realizada e como limite individual
o acréscimo de valor que da obra resultar para cada imóvel beneficiado.

b) Decreto-Lei 195/67- Art 1º A Contribuição de Melhoria, prevista na Constituição Federal tem como fato
gerador o acréscimo do valor do imóvel localizado nas áreas beneficiadas direta ou indiretamente por obras
públicas.

c) No entanto, a Emenda Constitucional n.º 23/83 estabeleceu como fato gerador o " benefício" .

d) Em 1988, a CRFB/88 ao dispor sobre a contribuição de melhoria, cita:

Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes
tributos:..........................III - contribuição de melhoria, decorrente de obras públicas

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DIREITO TRIBUTÁRIO
A CF deixou o fato gerador em aberto.

Portanto, o Fato Gerador agora está em aberto na nossa constituição. Em função disso, decide o STF:

FATO GERADOR VALORIZAÇÃO IMOBILIÁRIA


DECORRENTE DE OBRA
STF PÚBLICA

4.3.2. OUTRAS CARACTERÍSTICAS

4.3.2.1.LIMITES:

A contribuição de melhoria deve respeitar, ao mesmo tempo, dois limites: ( art. 81 CTN )

a) Limite individual é o valor máximo que cada contribuinte poderá ser cobrado em relação ao seu
imóvel: é o montante de valorização sofrida pelo seu imóvel.

b) Limite total é o valor máximo que o ente público pode arrecadar com determinada contribuição
instituída: é o valor total do custo da obra.

Obs: O Decreto Lei 195/67 ainda menciona que ainda a observância de um limite de 3% ao ano sobre o
valor do imóvel.

4.3.2.2.EDITAL PRÉVIO ( art. 82 CTN ):

Art. 82. A lei relativa à contribuição de melhoria observará os seguintes requisitos mínimos:

I - publicação prévia dos seguintes elementos:

a) memorial descritivo do projeto;


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DIREITO TRIBUTÁRIO
b) orçamento do custo da obra;

c) determinação da parcela do custo da obra a ser financiada pela contribuição;

d) delimitação da zona beneficiada;

e) determinação do fator de absorção do benefício da valorização para toda a zona ou para


cada uma das áreas diferenciadas, nela contidas;

II - fixação de prazo não inferior a 30 (trinta) dias, para impugnação pelos interessados, de
qualquer dos elementos referidos no inciso anterior;

III - regulamentação do processo administrativo de instrução e julgamento da impugnação a


que se refere o inciso anterior, sem prejuízo da sua apreciação judicial.

§ 1º A contribuição relativa a cada imóvel será determinada pelo rateio da parcela do custo da
obra a que se refere a alínea c, do inciso I, pelos imóveis situados na zona beneficiada em
função dos respectivos fatores individuais de valorização.

§ 2º Por ocasião do respectivo lançamento, cada contribuinte deverá ser notificado do


montante da contribuição, da forma e dos prazos de seu pagamento e dos elementos que
integram o respectivo cálculo.

Anteriormente à publicação da lei que vier a instituir a contribuição de melhoria, deverá haver a
publicação de um edital com dados, informando à população sobre a cobrança da contribuição. Uma vez
publicados, poderão estes dados ser objeto de impugnação por qualquer interessado durante um prazo a
ser fixado, que não poderá ser inferior a trinta dias (o Decreto- Lei 195/67, em seu art. 6º, fixa
exatamente em trinta dias o prazo dentro do qual poderão ser formuladas as impugnações).
Constarão do edital as seguintes informações, segundo o art. 82 CTN: o memorial descritivo do
projeto; o orçamento da obra; a parcela do custo que será financiada ou amortizada pela contribuição, a
fixação dos coeficientes de valorização e a delimitação da área beneficiada .
O Decreto Lei n.º 195/67, que estipula normas gerais sobre a contribuição de melhoria- adquiriu
força de lei complementar. Ele relaciona as obras públicas que, provocando valorização imobiliária,
justificam instituição de contribuição de melhoria. O STF o tem como auto executável. Algumas
determinações oriundas do referido Decreto-lei: a) cabe contribuição de melhoria tendo sido o imóvel
valorizado direta ou indiretamente pela obra pública; b) a contribuição de melhoria pode ser cobrada
depois da obra pública ter sido realizada ou quando realizada em parte suficiente para valorizar
determinado imóvel ( não exige, portanto, o término da obra); c) cabe um limite de 3% do valor do
imóvel, respeitando-se também o limite individual previsto no CTN. ( essa alíquota não está no
CTN...apenas curiosidade!)
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DIREITO TRIBUTÁRIO
4.3.2.3. TRIBUTO VINCULADO, isto é, o Estado oferece uma contrapartida, uma contraprestação de
imediato ao contribuinte em função do tributo cobrado: a valorização decorrente de obra pública.

4.3.2.4. TRIBUTO DE RECEITA NÃO VINCULADA , ou seja, de ARRECADAÇÃO NÃO


VINCULADA, pois nem a Constituição, nem o CTN prevêem exigência para que a lei instituidora
destine obrigatoriamente a receita arrecadada com a respectiva contribuição para a manutenção da obra.
Esta é a prática legislativa, ou seja, a não vinculação da receita. Obs: A Constituição Federal, no entanto,
não veda, ao contrário dos impostos, que a lei instituidora vincule a receita das contribuições de
melhoria.
4.3.2.5. FUNÇÃO: é um tributo retributivo ( custo/ benefício), isto é, tem função ressarcitiva, pois
visa ressarcir os cofres público do custo que o Estado teve com a respectiva obra.
4.3.2.6. BASE DE CÁLCULO: Dimensão da contraprestação do Estado, ou seja, o custo da
contrapartida- custo da obra, que sofrerá rateio pelos contribuintes em função da respectiva valorização
de cada imóvel.

4.4. EMPRÉSTIMOS COMPULSÓRIOS (art. 148, CRFB; art. 15, I e II do CTN):

4.4.1. NATUREZA JURÍDICA: São prestações que, desde a EC 01/69, têm natureza tributária,
apesar da classificação já estudada relativa às Receitas Públicas. A partir de então, o STF lhes atribui
natureza de tributo, dado o enquadramento no art. 3.º CTN, bem como dada a sua disciplina no
Sistema Tributário Nacional, vide art. 148 C.F.

CUIDADO!

Vide súmula 418 STF:


¨... não são tributos, não estando sujeitos a prévia autorização orçamentária.¨

EFICÁCIA SUSPENSA

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DIREITO TRIBUTÁRIO

CARACTERÍSTICA ESPECIAL: Compete exclusivamente à União a sua instituição. È tributo que


deve ser restituído, mesmo que devido, o que configura exceção à regra, devendo, portanto, retornar à
origem..

Art. 148 C.F. A União, mediante lei complementar, poderá instituir empréstimos compulsórios:

I - para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública, de guerra


externa ou sua iminência;

II - no caso de investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional,


observado o disposto no art. 150, III, "b".

4.4.1. CIRCUNSTÂNCIAS AUTORIZADORAS ( FUNDAMENTOS PARA INSTITUIÇÃO ).

148, I C.F
• em caso de guerra externa ou sua iminência-
• em caso de calamidade pública
( ambas são exceção ao princípio da anterioridade - art. 150,III., b C.F.)

CIRCUNSTÂNCIAS
AUTORIZADORAS
148 CF.

148, II C.F.
• em caso de investimento público de caráter urgente
e relevante interesse nacional
(há que se respeitar o princípio da anterioridade, art.150, III, b C.F)

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DIREITO TRIBUTÁRIO
PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE TRIBUTÁRIA

CF art. 150 . Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União,
aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:

III - cobrar tributos: b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os
instituiu ou aumentou;

obs: O art. 15, III do CTN não fora recepcionado pela atual CF/88

Art. 15 CTN. Somente a União, nos seguintes casos excepcionais, pode instituir empréstimos
compulsórios:

I - guerra externa, ou sua iminência;

II - calamidade pública que exija auxílio federal impossível de atender com os recursos
orçamentários disponíveis;

III - conjuntura que exija a absorção temporária de poder aquisitivo.

4.4.2. OUTRAS CARACTERÍSTICAS:

4.4.2.1. A competência para instituí-lo é privativa da União mediante LEI COMPLEMENTAR.


.......em qualquer caso!

SEMPRE CAI NA PROVA.


PERIGO!

4.4.2.2. Prazo e restituição- art. 15 parágrafo único CTN.

Art. 15 CTN- Parágrafo único. A lei fixará obrigatoriamente o prazo do empréstimo e as condições de
seu resgate, observando, no que for aplicável, o disposto nesta Lei

4.4.2.3. Fato Gerador e base de cálculo: definidos em lei.

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DIREITO TRIBUTÁRIO
4.4.2.3. TRIBUTO DE RECEITA VINCULADA , ou seja, de ARRECADAÇÃO VINCULADA . A
afetação da receita é elemento estrutural, seu descumprimento acarreta inconstitucionalidade de todo o
tributo. Art. 148, § único CRFB.

Art. 148 C.F- Parágrafo único. A aplicação dos recursos provenientes de empréstimo
compulsório será vinculada à despesa que fundamentou sua instituição.

4.5 CONTRIBUIÇÕES ESPECIAIS

4.5.1 ESPÉCIES DE CONTRIBUIÇÕES ESPECIAIS ( art. 149 C.F.):

Sui generis - CIP/COSIP


149-A CF
CONTRIBUIÇÕES
ESPECIAIS
SOCIAIS-
-Seguridade Social”

INTERVENTIVAS
Contribuições da
Prof.149
União- Alexandre
CF Lugon

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DIREITO TRIBUTÁRIO

CORPORATIVAS

STF

NATUREZA TRIBUTÁRIA
Disciplinadas no Sistema Tributário
Nacional- art. 149 CF.

4.5.1.1 REGRAS IMPORTANTES :

Art. 149. C.F Compete exclusivamente à União instituir contribuições sociais, de intervenção
no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas, como
instrumento de sua atuação nas respectivas áreas, observado o disposto nos arts. 146, III, e
150, I e III, e sem prejuízo do previsto no art. 195, § 6º, relativamente às contribuições a que
alude o dispositivo

REGRAS art. 149 C.F. EXCEÇÕES


são instituídas pela União * 149 § 1.º C.F.
através de lei ordinária ** 195 § 4.º C.F.

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DIREITO TRIBUTÁRIO
devem observar o princípio da anterioridade *** 195 § 6.º C.F. e 177§4, I, b C.F

CONTRIBUIÇÕES ESPECIAIS ( TÍPICAS ) PREVISTAS NO ART. 149 CF:

I- SOCIAIS-
a) PARA A SEGURIDADE SOCIAL
a. 1) PARA O REGIME GERAL DE SEGURIDADE SOCIAL art. 195 C.F
a 2) PARA O REGIME PREVIDENCIARIO DO SERVIDOR PÚBLICO- art. 149
parágrafo único C.F
b) OUTRAS- ( FGTS, SAL EDUCAÇÃO, SAT...)- caráter não securitário

II- CIDE - CONTRIBUIÇÕES DE INTERVENÇÃO NO DOMÍNIO ECONÔMICO


a) IAA e IBC
b) AFRMM
c) CIDE do petróleo – art. 177 §4 CF
d) CIDE na importação de tecnologia e outras

III- Contribuições Corporativas-


a) CONTRIBUIÇÕES SINDICAIS
b) CONTRIBUIÇÕES INSTITUÍDAS EM FAVOR DE ENTIDADES
REPRESENTATIVAS DE CATEGORIA ECONÔMICA OU PROFISSIONAL.
Ex.: contribuições em favor da OAB, CRC, CRO.
c) contribuições em favor de entidades privadas ligadas às entidades sindicais. Ex.
SESI, SESC, SENAI, SENAC.

4.5.1.2. Características das Contribuições Especiais:

4.5.1.2.1. CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS

São contribuições instituídas para cumprir função social, vide o financiamento dos Sistemas
Oficiais de Previdência e Assistência Social. Caráter parafiscal.

CONTRIBUIÇOES SOCIAIS:

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DIREITO TRIBUTÁRIO
a) PARA A SEGURIDADE SOCIAL
a. 1) PARA O REGIME GERAL DE SEGURIDADE SOCIAL art. 195 C.F
a 2) PARA O REGIME PREVIDENCIARIO DO SERVIDOR PÚBLICO- art. 149
parágrafo único C.F

b) OUTRAS ( FGTS, SAL EDUCAÇÃO, SAT...)

a) SEGURIDADE SOCIAL

a. 1 ) CONTRIBUIÇÕES PARA O REGIME GERAL DE SEGURIDADE SOCIAL: O art. 195,


CRFB estabelece as contribuições voltadas à Seguridade Social.

Dispõe: "Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta
e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais:

I- do empregador, da empresa e da entidade a ele equiparada na forma da lei sobre:

a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à


pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício;

• EC 20/98 - Amplia a competência privativa da União referente às contribuições da seguridade


social pagas pelos empregadores sobre a respectiva folha salarial, ampliando a sua esfera de
abrangência para incluir também, na respectiva folha salarial, os trabalhadores sem vínculo
empregatício. Logo a folha salarial, base da respectiva contribuição há de relacionar
trabalhadores com ou sem vínculo empregatício que prestarem serviços à respectiva pessoa
jurídica. Art 195,I,a C.F

b) receita ou faturamento – ex: COFINS instituída pela LC 70/91 e alterada pela Lei 9718/98- (%
sobre receita ou faturamento), PIS ( -art. 239 C.F; Lei 9715/98; x% s/ receita ou faturamento, y%
sobre a folha salarial para algumas instituições como Templos, Partidos Políticos, Inst. Educação e
Assistência Social e outras); PASEP ( x% sobre a folha de salários, receitas arrecadadas e
transferências recebidas)

Art. 239 CF. A arrecadação decorrente das contribuições para o Programa de


Integração Social, criado pela Lei Complementar nº 7, de 7 de setembro de 1970, e
para o Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público, criado pela Lei
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DIREITO TRIBUTÁRIO
Complementar nº 8, de 3 de dezembro de 1970, passa, a partir da promulgação desta
Constituição, a financiar, nos termos que a lei dispuser, o programa do seguro-
desemprego e o abono de que trata o § 3º deste artigo.

c) sobre o lucro - CSLL-( Lei 7689/88 e Lei 10637/02; x% sobre o lucro antes do I.R )

II- do trabalhador e demais segurados da previdência social, não incidindo contribuição social
sobre aposentadorias e pensões concedidas pelo regime geral de previdência social do art. 201
C.F.

EC 20/98- Imunizou os trabalhadores aposentados do regime geral da previdência. Art 195,II C.F .
O STF estendeu esta interpretação aos servidores públicos aposentados com fundamento no art. 40
par.12 C.F. Recentemente a EC 41/03 passou a autorizar a incidência de contribuição social para
aposentados e pensionistas servidores públicos a partir dos limites dos benefícios concedidos ao
regime geral- art. 40 par. 18 CF

vide art. 40 par. 12 C.F


40 § 12. Além do disposto neste artigo, o regime de previdência dos servidores públicos titulares
de cargo efetivo observará, no que couber, os requisitos e critérios fixados para o regime geral de
previdência social

Após a EC 41/03 surge um novo quadro normativo:

40 § 18. Incidirá contribuição sobre os proventos de aposentadorias e pensões concedidas pelo


regime de que trata este artigo que superem o limite máximo estabelecido para os benefícios do
regime geral de previdência social de que trata o art. 201, com percentual igual ao estabelecido
para os servidores titulares de cargos efetivos. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 41,
19.12.2003)

§ 21. A contribuição prevista no § 18 deste artigo incidirá apenas sobre as parcelas de proventos de
aposentadoria e de pensão que superem o dobro do limite máximo estabelecido para os benefícios do
regime geral de previdência social de que trata o art. 201 desta Constituição, quando o beneficiário, na
forma da lei, for portador de doença incapacitante

III - sobre a receita de concursos de prognósticos.

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DIREITO TRIBUTÁRIO
IV - do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem a lei a ele equiparar. (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003). Vale ressaltar que o art. 149 §2.º, II dispõe que as
contribuições sociais incidirão também sobre a importação de produtos estrangeiros ou serviços.( EC 42
de 2003).

149 § 2º CF As contribuições sociais e de intervenção no domínio econômico de que trata o


caput deste artigo:

I - não incidirão sobre as receitas decorrentes de exportação;

II - incidirão também sobre a importação de produtos estrangeiros ou serviços; (Redação dada


pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)

a.1.1) OBSERVAÇÃO 1.- EXCEÇÃO AO PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE: As


Contribuições da Seguridade Social ( art. 195 CRFB ), incluindo-se a CPMF, não respeitam o
princípio da anterioridade art.150,III, b, CRFB, podendo ser cobradas 90 dias após a publicação da
lei instituidora ou majoradora. (vide art. 195 § 6.º C.F. )

195 § 6º - As contribuições sociais de que trata este artigo só poderão ser exigidas após
decorridos noventa dias da data da publicação da lei que as houver instituído ou modificado,
não se lhes aplicando o disposto no art. 150, III, "b".

a.1.2) OBSERVAÇÃO II- A única contribuição social que exige lei complementar- CONTRIBUIÇÃO
SOCIAL RESIDUAL ( a ser estudada melhor no capítulo de competência tributária):

Art. 195 § 4º CF- A lei poderá instituir outras fontes destinadas a garantir a manutenção ou expansão
da seguridade social, obedecido o disposto no art. 154, I

a.2. ) CONTRIBUIÇÕES PARA O REGIME PÚBLICO DE SEGURIDADE SOCIAL-


SERVIDOR PÚBLICO: Em regra, são de competência da União, mas há exceção vista no quadro
acima: (*Os Estados, DF e Municípios as instituirão, para que sejam cobradas de seus respectivos
servidores públicos para custeio em benefício destes dos respectivos Regimes Previdenciários )
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DIREITO TRIBUTÁRIO
149 § 1º CF Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão contribuição, cobrada de
seus servidores, para o custeio, em benefício destes, do regime previdenciário de que trata o
art. 40, cuja alíquota não será inferior à da contribuição dos servidores titulares de cargos
efetivos da União. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003)

a.2.1) OBSERVAÇÃO : Aplica-se aqui também o disposto no item a. 1.2. – anterioridade


nonagesimal.

b) OUTRAS CONTRIBUIÇÕES: destacam-se outras contribuições sociais, denominadas por


alguns como contribuições sociais genéricas: FGTS ( art. 7,III C.F; Lei 8036/90 - x% sobre a
remuneração paga ao trabalhador, incluindo o 13.º salário ); Contribuição para o Salário Educação
( art. 212, §5.º C.F; lei 9424/96; x% sobre o total da remuneração paga aos segurados
-empregados); Contribuição para o SAT , Seguro de Acidente do Trabalho, art. 7, XXVIII C.F; Lei
8212/91 )

4.5.1.2.2. CONTRIBUIÇÕES DE INTERVENÇÃO NO DOMÍNIO ECONÔMICO- CIDE

a) CONTRIBUIÇÕES DE INTERVENÇÃO NO DOMÍNIO ECONÔMICO


a. 1) IAA e IBC
a. 2) AFRMM
a 3) outras CIDEs ( ex: combustível; importação de tecnologia...-)

a) CONTRIBUIÇÕES DE INTERVENÇÃO NO DOMÍNIO ECONÔMICO: São contribuições que


visam controle econômico, isto é, financiar ou custear a intervenção do Estado na economia. Caráter
extrafiscal. Ex.: contribuições a favor da IAA (Instituto do Açúcar e do Álcool)-já extinta, IBC
(Instituto Brasileiro do Café) também já extinta, o atual AFRMM (Adicional ao Frete para Renovação
da Marinha Mercante) e outras CIDE's ( contribuições de intervenção no domínio econômico sobre
situações diversas- ex: lei 10336/96- CIDE sobre os combustíveis- vide art. 177 § 4.º C.F.).

177 § 4º A lei que instituir contribuição de intervenção no domínio econômico relativa às


atividades de importação ou comercialização de petróleo e seus derivados, gás natural e seus
derivados e álcool combustível deverá atender aos seguintes requisitos:

I - a alíquota da contribuição poderá ser:

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DIREITO TRIBUTÁRIO
a) diferenciada por produto ou uso;

b)reduzida e restabelecida por ato do Poder Executivo, não se lhe aplicando o disposto no art.
150,III, b;

II - os recursos arrecadados serão destinados:

a) ao pagamento de subsídios a preços ou transporte de álcool combustível, gás natural e


seus derivados e derivados de petróleo;

b) ao financiamento de projetos ambientais relacionados com a indústria do petróleo e do gás;

c) ao financiamento de programas de infra-estrutura de transportes."(NR

Observação- o 177,par.4.º ,I, b CF traduz uma exceção ao princípio da anterioridade.

Vale ressaltar que o art. 149 §2.º, II CF, já transcrito na pág 31, dispõe que as contribuições
interventivas incidirão também sobre a importação de produtos estrangeiros ou serviços.(EC 42 de
2003).

4.5.1.2.3. CONTRIBUIÇÕES CORPORATIVAS

Visam o custeio de uma de uma entidade corporativa. Caráter parafiscal.


Há três sub-espécies:

a) as CONTRIBUIÇÕES SINDICAIS ( não confundir com o art. 8.º, IV C.F.-contribuições


confederativas ! estas últimas não são tributos)

art. 8, IV C.F- a assembléia geral fixará a contribuição que, em se tratando de categoria


profissional, será descontada em folha, para custeio do sistema confederativo da
representação sindical respectiva, independentemente da contribuição prevista em lei;

b) as CONTRIBUIÇÕES INSTITUÍDAS EM FAVOR DE ENTIDADES REPRESENTATIVAS DE


CATEGORIA ECONÔMICA OU PROFISSIONAL. Ex.: contribuições em favor da OAB, CRC,
CRO.

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DIREITO TRIBUTÁRIO
c) bem como também as contribuições em favor de entidades privadas ligadas às entidades
sindicais. Ex. SESI, SESC, SENAI, SENAC.

4.5.1.3. Observações complementares- CPMF ( CONTRIBUIÇÃO PROVISÓRIA SOBRE


MOVIMENTAÇÃO FINANCEIRA )- CONTRIBUIÇÃO SOCIAL!

A CPMF é contribuição social cuja competência tributária fora atribuída à União pela Emenda
Constitucional n.º 12/96, tendo sido instituída pela lei 9311/96. Antes da CPMF fora atribuída à União
em 1993 pela EC 3/03 competência para o IPMF ( imposto provisório sobre movimentação financeira)
considerado inconstitucional pelo STF. Foi extinta em 31/12/2007.

No que se refere à CPMF atribuída à União pela EC 12/96, o prazo de validade era de 24 meses,
com alíquota constitucional máxima de 0,25%, tendo a referida lei utilizado o teto de 0,20% apenas. A
receita era destinada ao Fundo Nacional da Saúde. Segundo a respectiva Emenda, poderia o Poder
Executivo, por ato infralegal, alterar a alíquota, reduzindo total ou parcialmente e restabelecendo
respectiva alíquota. Vide art. 74 ADCT.

Com a aprovação da E.C 21/99, prorrogou-se a competência PRIVATIVA da União para a cobrança
da referida contribuição social, com alíquota estipulada em 0,38% para os 12 primeiros meses e 0,30%
para os 24 meses restantes, sendo a diferença das atuais alíquotas em relação a anterior destinada ao
custeio do Sistema de Previdência e Assistência social. Vide art. 75 da A.D.C.T.
A EC 31/00, que instituiu o Fundo de Combate e Erradicação da Pobreza, para vigorar até 2010,
incluiu, dentre outras fontes de recursos, uma parcela de adicional de 0,08% sobre a CPMF, aplicável de
18 de junho de 2000 até 17 de junho de 2002 ( vide artigos 79 a 83 do Ato das Disposições
Constitucionais Transitória s- ADCT ). A EC 37/2002, prorrogou a competência da União para a
CPMF até 31/12/2004, bem como a vigência da própria lei n.º 9311/96, introduzindo o art. 84 da ADCT.
A alíquota de 0,38% fica mantida até 31/12/2003, com a mesmo destino aos recursos vigente
anteriormente, ou seja: 0,20% ao Fundo Nacional da Saúde, 0,10% ao custeio da previdência social e
0,08% ao Fundo de Combate e Erradicação da Pobreza. Em 2004 seria cobrado somente 0,08%
destinado ao Fundo de Combate e Erradicação da Pobreza. A EC 37/2002 não exigiu observância ao art.
195 § 6.º CF (os 90 dias ) princípio da anterioridade nonagesimal, o que havia sido exigido quando da
prorrogação da competência para a CPMF através da EC 21/99. O STF acatou a continuidade da
referida cobrança sem respeito à Anterioridade nonagesimal, visto que, no seu entender, não houve
descontinuidade nem majoração quando desta prorrogação de competência. A E.C 42/03, prorrogou em
19/12/03 a CPMF até 31/12/07, fixando alíquota de 0,38%, revogando-se o art. 84, §3.º, II da ADCT.
( vide art. 90 ADCT).

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DIREITO TRIBUTÁRIO
Segundo o STF, a prorrogação da CPMF só respeita a anterioridade nonagésima quando há aumento na
alíquota. Caso contrário admitia-se a cobrança de forma continuada.

Vide quadro ilustração sobre a CPMF.


24 MESES 12 24 MESES 2002 DEZ-2003 DEZ 2007

E.C 12/96 EC 21/99 EC 37/02 E.C 42/03


Art. 74 Art. 75 ADCT Art. 84 ADCT Art.90

% 0,20 % 0,38 % 0,30 Prorroga


lei 9311/96 Mantida a CPMF
dest: 0,20% dest. destinação anterior Até
Destinada ao FNS 0,20% (total 0,38%) em 31/12/07
ao F.N.S ao FNS 2002 e 2003.
Em 2004 apenas alíquota
diferença diferença será cobrado 0,08 0,38%
nova nova % destinado ao
à Prev.Social a Prev Soc. Fundo de Combate e Em 2004
Assist Soc. Assist Soc.
Erradicação à 0,38% até
Pobreza. 2007
+ 0,08%
(FCEP)em 2000

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DIREITO TRIBUTÁRIO

4.6 CONTRIBUIÇÃO PARA O CUSTEIO DO SERVIÇO DE ILUMINAÇÃO PÚBLICA:

Tributo novo cuja competência fora atribuída aos Municípios e ao Distrito Federal pela E.C. 39/02

"Art. 149 -A C.F Os Municípios e o Distrito Federal poderão instituir contribuição, na forma
das respectivas leis, para o custeio do serviço de iluminação pública, observado o disposto no
art. 150, I e III C.F.
Parágrafo único. É facultada a cobrança da contribuição a que se refere o caput, na fatura de
consumo de energia elétrica."

4.6.1. NATUREZA JURÍDICA DA CIP/COSIP: Tributo ( contribuição especial ), não se


confunde com taxas.

4.6.2. FATO GERADOR E BASE DE CÁLCULO: a ser definido na lei instituidora

4.6.3. Obs: Portanto, a partir de dezembro de 2002, fora atribuída na Constituição competência
para tributo especial destinado ao custeio da iluminação pública, tendo neste custeio a
justiticativa da suas instituição, não cabendo portanto taxas para a respectiva finalidade, uma vez
se tratar de serviço inespecífico e indivisível.

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DIREITO TRIBUTÁRIO

5. O ARTIGO 4º DO CTN- ( DETERMINAÇÃO DA NATUREZA JURÍDICA DOS TRIBUTOS)

5.1. A natureza jurídica específica de um tributo é determinada pelo seu fato gerador. Vale dizer a
classificação do tributo em espécies (se imposto, taxa ou contribuição de melhoria) é feita através do
conhecimento do fato gerador. Sendo irrelevantes o nome adotado em lei bem como a destinação do
produto da arrecadação.

Art. 5 CTN
SÃO TRIBUTOS: IMPOSTO, TAXA E CONTRIBUIÇÃO DE MELHORIA

Art. 4.º CTN

Art. 4º CTN A natureza jurídica específica do tributo é determinada pelo fato gerador da
respectiva obrigação, sendo irrelevantes para qualificá-la:

I - a denominação e demais características formais adotadas pela lei;

II - a destinação legal do produto da sua arrecadação.

Art. 5º Os tributos são impostos, taxas e contribuições de melhoria

Ex: LEI N.º X institui o tributo:


NOME Y- irrelevante
FATO GERADOR W- relevante
DESTINO DO PRODUTO ARRECADADO Z- irrelevante

5.2.Em se tratando de empréstimos compulsórios e contribuições especiais, que são tributos especiais,
outras características deverão ser computadas, por serem integrantes de sua estrutura, como a

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DIREITO TRIBUTÁRIO
vinculação da receita para os empréstimos e sua restituição obrigatória, bem como a função de custeio
das contribuições.

5.3. A base de cálculo é fator que influencia, não sendo fator determinante de forma isolada, salvo se
num contexto compreendido também com o fato gerador.

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