Você está na página 1de 6

pubHcado no D. O. E.

r2n/()U
Cm,~~ I 09

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTAD i .


5ecr t na
'
do Tribunal Pleno

PROCESSO TC 2.349/87

PBPREV - Aposentadoria - Recurso


de Revisão - Conhecimento e
provimento

o Processo TC 2.349/87 trata de Recurso de Revisão interposto pelo Sr.


José Soares de Medeiros contra a Resolução RC1 TC 251/2007, que determinou à
PBPREV a redução dos proventos do recorrente, e contra o Acórdão AC1 TC
201/2008, que concedeu registro ao ato aposentatório após o cumprimento da citada
determinação.

CONSIDERANDO que o aposentando contava com 41 anos, 08 meses e 01


dia de tempo de serviço, ao se aposentar, tendo seu ato aposentatório originalmente
sido publicado em 13 de janeiro de 1987.

CONSIDERANDO que este Tribunal, através de sua 1a Câmara Deliberativa,


cerca de 20 (vinte) anos após a concessão da referida aposentadoria, mediante a
Resolução RC1 TC 251/2007, assinou prazo de 60 (sessenta) dias ao Presidente da
PBPREV para proceder a correção dos cálculos proventuais e do ato aposentatório
do referido servidor, determinando a redução dos seus proventos;

CONSIDERANDO que, após as devidas correções, os proventos do recorrente


passaram a corresponder a 69,8% do seu valor original;

CONSIDERANDO que, em razão dessas correções, a 1a Câmara Deliberativa


desta Corte de Contas emitiu o Acórdão AC1-TC 201/2008, julgando regular o
suprareferido ato aposentatório;

CONSIDERANDO que o aposentado interpôs dois recursos, ambos


fundamentados no dispositivo do Regimento Interno da Corte (art. 192) relativo ao
Recurso de Revisão, demonstrando haver utilizado em uma das peças recursais a
nomenclatura inadequada;

CONSIDERANDO que a douta Auditoria, após analisar as razões recursais,


manifestou-se pelo não conhecimento dos recursos interpostos e, no mérito, pelo
seu não provimento; 1/1
/21--"
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO
PROCESSO TC 2.349/87

CONSIDERANDO que, de acordo com o Ministério Público deste Tribunal, os


recursos interpostos pelo Senhor José Soares de Medeiros tratam-se de um mesmo
Recurso de Revisão apresentado de forma repetida, divergindo apenas quanto à
nomenclatura dada a cada um deles;

CONSIDERANDO que, segundo o Órgão Ministerial, o recurso apresentado


cumpre os requisitos de admissibilidade exigidos pelo Regimento Interno deste
Tribunal;

CONSIDERANDO que o Ministério Público Especial em primeiro lugar


entendeu ser atentatória à estabilidade das relações jurídicas a redução dos
proventos percebidos pelo aposentado por mais 20 (vinte) anos;

CONSIDERANDO que, consoante o Órgão Ministerial, a referida redução


infringe o príncipio constitucional de proteção à saúde;

CONSIDERANDO que, em razão desses fatos, o representante ministerial


entendeu desnecessária qualquer redução nos proventos do Senhor José Soares de
Medeiros;

CONSIDERANDO que, de acordo com o Ministério Público junto a este


Tribunal, o presente caso trata da aposentadoria de um ex-servidor com 81 anos de
idade, sugerindo a observação ao príncipio constitucional da dignidade da pessoa
humana e à Lei Federal nO 10.741/2003 (Estatuto do Idoso);

CONSIDERANDO que, em razão desses fatos, o Órgão Ministerial, pugnou


pelo conhecimento do Recurso de Revisão e seu total provimento, no sentido da
inconstitucionalidade da redução dos cálculos proventuais sugerida pela Auditoria,
da legalidade do ato de aposentadoria ora em exame e da concessão do necessário
registro, tudo nos termos do ato aposentatório original;

CONSIDERANDO que, no entendimento ministerial, a majoração dos valores


da aposentadoria ora concedida não têm o condão de refletir sobre futura e eventual
pensão, porquanto os fundamentos do aumento dos cálculos proventuais têm
caráter personalíssimo;

CONSIDERANDO o entendimento do Conselheiro Flávio Sátiro Fernandes,


segundo o qual este Tribunal não deveria examinar questões relativas a futuras
pensões a serem concedidas;

CONSIDERANDO o Relatório e o Voto do Relator, o pronunciamento do Órgão


de Instrução, o Parecer escrito e oral do Ministério Público junto a esta Corte e o
mais que dos autos consta;

2
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO
PROCESSO TC 2.349/87

ACORDAM os Conselheiros do TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA


PARAíBA, na sessão realizada nesta data, por unanimidade de votos, em
CONHECER o Recurso de Revisão interposto pelo ex-servidor José Soares de
Medeiros e, no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO, no sentido de:

1. Tornar insubsistentes as decisões consubstanciadas na Resolução RC1 TC


251/2007 e no Acórdão AC1-TC 201/2008, emitidos pela 1a Câmara
Deliberativa desta Corte;
2. Reconhecer a legalidade do ato aposentatório ora em exame, concedendo-lhe
o competente registro, nos termos da sua concessão original;
3. Assinar o prazo de 60 dias ao Presidente da PBPREV para que corrija os
cálculos proventuais nos termos da sua concessão original.

Presente ao julgamento a Exma. Senhora Procuradora Geral.

Publique-se, registre-se, cumpra-se.

TC - PLENÁRIO MINISTRO JOÃO AGRIPINO

João Pessoa,_~": de b /1,:'/ -- de 2009.

,~ ) • ~I
/ .:..

JOSÉ MARQUES MARIZ


Conselheiro Relator

k Q~ /~ ---
: ANA TERESA NOBRE~
Procuradora-Geral

3
I
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO
Ip-R-O-C-E-S-SO-TC-02-3-49-'S-71

IRELATÓRlol

Sr. Presidente, Srs. Conselheiros, douta Procuradora Geral, Srs. Auditores.

Cuidam os presentes autos da aposentadoria voluntária por tempo de


serviço com proventos integrais, concedida ao Sr. José Soares de Medeiros,
Advogado de Ofício, com lotação na Procuradoria de Assistência Judiciária.
Ao se aposentar, o ex-servidor contava com 41 anos, 08 meses e 01
dia de tempo de serviço e o ato aposentatório foi originalmente publicado em 13 de
janeiro de 1987.
Pouco mais de 20 (vinte) anos após a concessão da referida
aposentadoria, em sessão realizada em 29 de novembro de 2007, a 1a Câmara
Deliberativa deste Tribunal, através da Resolução RC1 TC 251/2007, assinou prazo
de 60 (sessenta) dias ao Presidente da PBPREV para que procedesse à correção
dos cálculos proventuais e do ato aposentatório do referido servidor, determinando a
redução dos seus proventos, nos termos do Relatório Técnico de fls. 95, emitido
pela Auditoria competente desta Corte, e do Parecer Ministerial, exarado às fls.
92/94 dos autos.
Em 16 de janeiro de 2008, a PBPREV comunicou à esta Corte que
procedera à redução dos cálculos proventuais determinada pela Egrégia Primeira
Câmara. Após essa redução, os proventos do aposentado passaram a corresponder
a 69,8% do seu valor original.
Com esses novos cálculos, em 13 de março de 2008, a aposentadoria
foi julgada regular, através do Acórdão AC1-TC 201/2008 (fls. 186), prolatado pela
1a Câmara Deliberativa deste Tribunal.
Inconformado com a redução dos seus proventos, o aposentado
interpôs dois recursos (fls. 189/220 e fls. 223/227), ambos fundamentados no
mesmo art. 192 do Regimento Interno da Corte, que trata de Recurso de Revisão,
embora em uma das peças recursais tenha utilizado uma nomenclatura inadequada.
A Divisão de Atos de Pessoal deste Tribunal, ao analisar a petição
recursal (fls. 235/238), manifestou-se pelo não conhecimento dos recursos
interpostos e, caso seja feita a análise de mérito, pelo não provimento dos apelos,
mantendo-se em todos os seus termos a decisão recorrida.
Em parecer de fls. 240/246, o douto Ministério Público junto a esta
Corte, através de Parecer da lavra do Procurador Marcílio Toscano Franca Filho,
entendeu, em síntese, que:
I-Pág.01/03j
~'6
1) Ambos os recursos manejados pelo ex-servidor são de fato recursos de
7"
revisão, que se repetem, dado que ambas as peças têm supedâneo no
mesmo art. 192 do Regimento Interno desta Corte, apenas que em uma
das peças grafou-se o nome de "Apelação" em lugar de "Revisão";
2) Segundo a Procuradoria, o Recurso de Revisão impetrado cumpre os
requisitos de sua admissibilidade, nos termos do Regime Interno, uma
vez que a parte é legítima, o recurso é tempestivo, fundamenta-se em
documentos novos e em erro de cálculo na aposentadoria e, não resta
duvida, interposto contra uma decisão definitiva, opinando, desta forma,
em preliminar, pelo conhecimento do primeiro recurso apresentado (fls.
189/220) e, por ser apenas uma cópia daquele, deixou o Órgão Ministerial
de considerar o segundo recurso (fls. 223/227);
3) Quanto ao mérito, o Órgão Ministerial entendeu desnecessária qualquer
redução do cálculo proventual do ex-servidor José Soares de Medeiros,
em primeiro lugar, em homenagem à estabilidade das relações jurídicas,
uma vez que o interessado encontra-se aposentado há mais de 20 (vinte)
anos e não seria justo ceifar-lhe agora boa parte dos seus proventos, o
que poderia acarretar-lhe conseqüências físicas e psicológicas de relevo.
O segundo argumento dá abrigo à imutabilidade dos proventos do
mencionado servidor em função da proteção à saúde garantida
constitucionalmente, uma vez que se colhe dos autos que o interessado é
portador da CID 10-C61 (grave enfermidade prostática) e, nesse quadro,
suprimir-lhe qualquer parte dos proventos é afrontar a própria dignidade
humana e macular-lhe o próprio direito à vida, expedientes vedados pela
Constituição Federal, sobretudo quando de considera o quadro dos
serviços públicos no país;
4) Ressaltou ainda o Ministério Público Especial que a preocupação com a
dignidade humana merece redobrada atenção no caso dos presentes
autos, pois se trata da aposentadoria de um ex-servidor com 81 anos de
idade, o que remete à proteção estatal, amparada no artigo 230 da
Constituição Federal e, principalmente, na Lei Federal nO10.741, de 1° de
outubro de 2003, conhecida como o "Estatuto do Idoso";
5) Diante do exposto, o Órgão Ministerial, ao final, pugnou pelo
conhecimento do Recurso de Revisão de fls. 189/220 e seu total
provimento, no sentido da inconstitucionalidade da redução dos cálculos
proventuais sugerida pela Auditoria, pela legalidade do ato de
aposentadoria ora em exame e pela concessão do necessário registro,
tudo nos termos da concessão original. Opinou ainda o Parquet pela
comunicação à PBPREV de que a majoração dos valores da
aposentadoria ora concedida não tem o condão de refletir sobre futura e
eventual Pensão, posto que os fundamentos em que se baseou para o
aumento dos cálculos proventuais têm caráter personalíssimo, tendo em
vista a idade e a saúde do interessado.
'/frl
i
(

tPãg.02/03j
G-~

JY
Por um equivoco, o presente Recurso de Revisão foi agendado para a
sessão da 1a Câmara Deliberativa, ocorrida na última quinta-feira, dia 16 de abril,
quando naquela oportunidade, verificou-se, em virtude da natureza do recurso, que
a competência de apreciação cabe a este Tribunal Pleno.
Em razão da notificação do interessado para a sessão da 1a Câmara,
o Relator fez a comunicação verbal da transferência da apreciação do processo
para esta sessão plenária, dando, na ocasião, a devida ciência ao interessado.
É o Relatório.

&OTO DO RELATO~

o Relator adota parcialmente o posicionamento exarado no bem


fundamentado parecer ministerial e, em acatamento ao voto exarado pelo
Conselheiro Flávio Sátiro Fernandes, vota pelo conhecimento do Recurso de
Revisão interposto pelo ex-servidor José Soares de Medeiros, em razão da
legitimidade do recorrente e da tempestividade do pedido, e, quanto ao mérito, pelo
seu total provimento, no sentido de:

1) Tornar insubsistentes as decisões consubstanciadas na Resolução RC1


TC 251/2007 e no Acórdão AC1-TC 201/2008, emitidos pela 1a Câmara
Deliberativa desta Corte;

2) Reconhecer, através da presente decisão, a legalidade do ato


aposentatório ora em exame, concedendo-lhe o competente registro, nos
termos da sua concessão original;

3) Assinar o prazo de 60 dias ao Presidente da PBPREV para que corrija os


cálculos proventuais nos termos da sua concessão original.

É como voto, Sr. Presidente.

Em 22/abri1/2009,

- /,;t1/'
osé Marques Mariz
~ Cons. Relator

Gab.JMM/FCP

FPág.03/03j

Você também pode gostar