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ibunal Pleno
PROCESSO TC 2.479/07

Prestação de Contas do Prefeito Municipal de


Maturéia, Senhor José Pereira Freitas da Silva,
relativa ao exercício financeiro de 2006 - Parecer
favorável - Atendimento parcial aos dispositivos da
LRF - Devolução de recursos ao FUNDEF/FUNDEB

PARECER PPL T C N° )) (i /08

o Processo TC 2.479/07 trata da Prestação de Contas apresentada


pelo atual Prefeito do Município de Maturéia, Sr. José Pereira Freitas da
Silva, relativa ao exercício financeiro de 2006.

CONSIDERANDO que a Auditoria desta Corte, após analisar os


documentos que instruem os presentes autos, inclusive a defesa apresentada
pelo gestor responsável, e realizar diligência "in loco" naquele município,
apontou a ocorrência das seguintes irregularidades:

1) Falta de comprovação da publicação dos REO e dos RGF.


2) Balanço orçamentário erroneamente elaborado.
3) Aplicação de 58,66% dos recursos do FUNDEF em remuneração e
valorização do Magistério, não atendendo ao disposto na legislação
aplicável.
4) Falta de empenhamento e de pagamento de despesas com pessoal
relativas ao exercício em análise, no valor de R$ 55.871,96,
contrariando o que determina a Lei 4.320/64.
5) Divergência, entre o RGF e a PCA apresentada, em relação aos valores
registrados a título de despesas de pessoal.
6) Irregularidades constatadas durante a inspeção "in loco" nas escolas
municipais, no sistema de abastecimento d'água e na rede de
esgotamento sanitário.
7) Não cumprimento da carga horária das equipes do PSF, contrariando o r-.:
que determina a Portaria 648/06 do Ministério da Saúde. V,
\
8) Pagamento de despesas sem a prévia realização de procediment
licitatórios no valor de R$ 143.604,31.
9) Diferença, no valor de R$ 3.830,86, verificada entre o saldo apurado
saldo conciliado do FUNDEF. 1 I,!
10) Embaraço à fiscalização.

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TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO
PROCESSO TC 2.479/07

CONSIDERANDO que o Ministério Público junto a esta Corte entendeu


poder ser relevada a irregularidade relativa ao REO e aos RGF;
]
CONSIDERANDO que, no entender do Órgão Ministerial, as falhas
relativas aos registros contábeis, às escolas municipais, ao não cumprimento
da carga horária das equipes do PSF, ao sistema de abastecimento e à rede
de esgotamento sanitário ensejam apenas as devidas recomendações à
Administração Municipal;

CONSIDERANDO que, em razão das despesas realizadas sem


licitação, a douta Procuradoria entendeu dever ser recomendada a correta
aplicação da lei, sem prejuízo da imposição da multa legal;

CONSIDERANDO que, quanto às aplicações dos recursos do FUNDEF


em remuneração e valorização do Magistério, o Ministério Público Especial
entendeu deverem ser considerados na sua aferição os gastos decorrentes de
abono salarial em favor do magistério local, elevando o percentual de aplicação
para 61,4% da receita-base;

CONSIDERANDO que o Órgão Ministerial entendeu ainda não ser


cabível multa ao gestor pelo possível embaraço à fiscalização do TCE,
porquanto a Auditoria deu por atendidas quase todas as solicitações;

CONSIDERANDO que, em razão desses entendimentos, o Ministério


Público junto a esta Corte de Contas pugnou pela: (a) emissão de parecer
sobre as contas de gestão fiscal declarando atendimento parcial; (b) emissão
de parecer favorável à aprovação das contas anuais de responsabilidade do
Sr. José Pereira Freitas da Silva, Prefeito Municipal de Maturéia, relativas ao
exercício de 2006; (c) julgamento regular com ressalvas das despesas sem
licitação, sem imputação de débito, em razão da falta de indicação de danos
ao erário; (d) julgamento regular das demais despesas ordenadas; (e)
aplicação de multa ao Prefeito por desatenção a lei de licitações e contratos,
conforme CF/88, art. 71, VIII, e LCE nO 18/93, art. 56; (f) recomendação de
diligências no sentido de prevenir a repetição das falhas acusadas no exercício
de 2006. k
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CONSIDERANDO que as despesas apontadas pela douta Auditoria \


como carentes de procedimento Iicitatório tiveram como objeto: (a) realização ~
de obras de melhorias sanitárias; (b) aquisição de peças para veículos; (c)'
aquisição de gêneros alimentícios; (d) aquisição de medicamentos; (e
aquisição de carne bovina e frango; (f) contratação de serviços de assess ri
jurídica;

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PROCESSO TC 2.479/07

CONSIDERANDO que, em relação às despesas com a realização de


obras de melhorias sanitárias (R$ 68.245,05), segundo o Relator, já foi
formalizado e apreciado nesta Casa processo cujo objeto engloba a referida
obra, a qual foi custeada com recursos federais, já justificados perante a
Fundação Nacional de Saúde;

CONSIDERANDO que, quanto aos gastos com aquisição de peças


para veículos, (R$ 14.655,06), de gêneros alimentícios (R$ 17.066,50) e de
medicamentos (R$ 16.559,12), o Relator verificou trataram-se de despesas
realizadas ao longo do exercício, demonstrando não estar caracterizada a
intenção de descumprir a legislação aplicável;

CONSIDERANDO que, no atinente aos dispêndios com a aquisição de


carne bovina e frango (R$ 8.269,04) e botijões de gás (R$ 8.935,00), o Relator
entende não haver sido caracterizada burla à legislação aplicável, em razão da
pequena representatividade dos valores em questão;

CONSIDERANDO que, no tocante ao pagamento de serviços de


assessoria jurídica (R$ 11.000,00), esta Corte de Contas, reiteradamente, já se
pronunciou acerca da inexigibilidade de licitação para a realização de
contratação desta espécie.

CONSIDERANDO que, de acordo com o Relator, todas as despesas


retroreferidas estão devidamente acompanhadas de Notas Fiscais, recibos e
cópias de cheques, não tendo o Órgão Técnico desta Casa, em nenhum
momento, se pronunciado acerca dos preços praticados nem demonstrado a
ocorrência de prejuízo ao erário.

CONSIDERANDO que, consoante o Relator, a Administração


Municipal de Maturéia, durante o exercício de 2006, realizou despesas
precedidas de licitação no montante de R$ 2,9 milhões de reais, representando
49,15% da despesa total realizada, demonstrando, assim não ser prática
daquela Gestão realizar despesas sem licitação.

CONSIDERANDO que, no entender do órgão ministerial, as aplicaçõe


dos recursos do FUNDEF em remuneração e valorização do Magistério
alcançaram o percentual de 61,4%;

CONSIDERANDO o Relatório e o Voto do Relator, o pronunciame


do Órgão de Instrução, o Parecer escrito e oral do Ministério Público jun
esta Corte e o mais que dos autos consta;

DECIDEM os Conselheiros do TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO


DAPARAIBA,
n~~realizada jata, poruna:dade defr em3
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO
PROCESSO TC 2.479/07

1. Emitir Parecer Favorável à aprovação das Contas apresentadas pelo


Sr. José Pereira Freitas da Silva, Prefeito do Município de Maturéia,
relativas ao exercício financeiro de 2006;

2. Emitir, em separado Acórdão:

a. Declarando o atendimento parcial pelo referido Gestor às


exigências da Lei de Responsabilidade Fiscal;
b. Assinando o prazo de 60 (sessenta) dias para que a
Administração Municipal de Maturéia devolva à conta do
FUNDEF, com recursos da própria Edilidade, o valor de R$
3.830,86, relativo à diferença de saldo apontada na conta
daquele Fundo;
c. Recomendando à Administração Municipal no sentido de
guardar estrita observância às aplicações mínimas em
remuneração e valorização do magistério, com os recursos
provenientes do FUNDEF/FUNDEB, aos termos da
Constituição Federal, da Lei Responsabilidade Fiscal, da Lei
8.666193, da Lei 4.320/64 e das normas emanadas por esta
Casa, bem como organizar e manter a Contabilidade do
Município em consonância com os princípios e regras
contábeis pertinentes, sob pena de desaprovação de contas
futuras e outras cominações legais, inclusive multa;

Presente ao julgamento o Exmo. Senhor Procurador Ger I


exercício.

Publique-se, registre-se, cumpra-se.

Te - PLENÁRIO MINISTRO JOÃO AGRIPINO

de 2008.

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C~nselheiro Relator

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PROCESSO TC 2.479/07

CJ7~~, /- ... _)

FABIO TÚLlO FILGUEIRAS NOGUEIRA


Conselheiro

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ANDRE CARLO TORRES ONTES
Procurador-Geral em exercício

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