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TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO

PROCESSO TC N.O 02616/06

Objeto: Recurso de Reconsideração


Relator: Auditor Renato Sérgio Santiago Melo
Impetrante: José Edivan Félix
Advogado: Dr. Antônio Fernandes Filho

EMENTA: PODER EXECUTIVO MUNICIPAL - ADMINISTRAÇÃO


DIRETA - PRESTAÇÃO DE CONTAS ANUAIS - PREFEITO - AGENTE
POLÍTICO - EMISSÃO DE PARECER CONTRÁRIO - GESTOR
FISCAL - DECLARAÇÃO DE ATENDIMENTO PARCIAL - ORDENADOR
DE DESPESAS - IRREGULARIDADE - IMPUTAÇÃO DE DÉBITO E
IMPOSIÇÃO DE PENALIDADE - ASSINAÇÃO DE LAPSO TEMPORAL
PARA RECOLHIMENTOS - DETERMINAÇÃO - ORDENAÇÃO DE
DESENTRANHAMENTO DE DOCUMENTOS - FIXAÇÃO DE TERMO
PARA COBRANÇA DE TRIBUTOS - ENVIO DA DELIBERAÇÃO A
SUBSCRITORES DE DENÚNCIA RECOMENDAÇÕES
REPRESENTAÇÕES INTERPOSIÇÃO DE RECURSO DE
RECONSIDERAÇÃO - REMÉDIO JURÍDICO ESTABELECIDO NO
ART. 31, INCISO II, C/C O ART. 33, AMBOS DA LEI COMPLEMENTAR
ESTADUAL N.o 18/93 - Elementos probatórios capazes de elidir
apenas a eiva concernente à aquisição adicional de equipamentos
destinados à ambulância não identificada e de reduzir o excesso de
gastos com combustíveis - Permanência das demais máculas.
Conhecimento do recurso e, no mérito, pelo provimento parcial.
Remessa dos autos à Corregedoria desta Corte.

Vistos, relatados e discutidos os autos do RECURSO DE RECONSIDERAÇÃO interposto pelo


Prefeito do Município de Catingueira/PB, Sr. José Edivan Félix, em face das decisões desta
Corte de Contas, consubstanciadas no PARECER PPL - TC - 118/07, no ACÓRDÃO
APL - TC - 444/07 e no PARECER TC - PGF - PEM -157/07, todos de 04 de julho de 2007,
publicados no Diário Oficial do Estado datado de 19 de julho do mesmo ano, acordam os
Conselheiros integrantes do TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA PARAÍBA, por
unanimidade, em sessão plenária realizada nesta data, com a declaração de impedimento do
Conselheiro Antônio Nominando Diniz Filho, na conformidade da proposta de decisão do
relator a seguir, em:

1) TOMAR conhecimento do recurso, diante da legitimidade do recorrente e da


tempestividade de sua apresentação, e, no mérito, dar-lhe provimento parcial, apenas para
reduzir o débito imputado de R$ 79.583,44 (setenta e nove mil, quinhentos e oitenta e três
reais e quarenta e quatro centavos) para R$ 45.964,49 (quarenta e cinco mil, novecentos e
sessenta e quatro reais e quarenta e nove centavos), sendo R$ 16.699,01, relativos à
distribuição não comprovada de gêneros alimentícios para merenda escolar, e R$ 29.265, 8,
concernentes a excesso de gastos com combustíveis.
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PROCESSO TC N.O 02616/06

2) REMETER os autos do presente processo à Corregedoria deste Tribunal para as


providências que se fizerem necessárias.

Presente ao julgamento o Ministério Público junto ao Tribunal de Contas


Publique-se, registre-se e intime-se.
TCE - Plenário Ministro João Agripino

João Pessoa, ,')11 de ,~~ de 2008

Presente:/L
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Represerttante do Ministério Público Especial
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PROCESSOTC N.o 02616/06

O Tribunal de Contas do Estado da Paraíba, em sessão plenária realizada no dia 04 de julho


de 2007, através do PARECER PPL - TC - 118/07, do PARECER TC - PGF - PEM - 157/07 e
do ACÓRDÃO APL - TC - 444/07, fls. 2.853/2.873, todos publicados no Diário Oficial do
Estado datado de 19 de julho do mesmo ano, ao analisar as contas do exercício financeiro
de 2005 do Município de Catingueira/PB, decidiu: a) emitir parecer contrário à aprovação das
contas do Prefeito, Sr. José Edivan Félix; b) declarar o atendimento parcial das exigências
essenciais da Lei de Responsabilidade Fiscal; c) julgar irregulares as contas do Ordenador de
Despesas, Sr. José Edivan Félix; d) imputar-lhe o débito, na soma de R$ 79.583,44,
referente à realização de despesas irregulares; e) fixar prazo para recolhimento da dívida;
f) aplicar multa ao gestor municipal, na importância de R$ 2.805,10; g) assinar lapso
temporal para recolhimento da penalidade; h) determinar a verificação de registro contábil
no exame das contas do exercício de 2006; i) ordenar o desentranhamento de documentos
para apuração de irregularidades em processo apartado; j) estabelecer termo para cobrança
de tributos; k) enviar cópia da decisão a subscritores de denúncia; I) fazer recomendações
ao Alcaide; m) representar ao Instituto Nacional do Seguro Social - INSS; e n) remeter cópia
dos autos à Procuradoria Geral de Justiça do Estado e à Procuradoria da República na
Paraíba.

As supracitadas decisões tiveram como base as seguintes irregularidades remanescentes:


a) ausência de equilíbrio entre receitas e despesas; b) divergência entre o planejamento e a
efetiva arrecadação da receita tributária; c) envio fora do prazo do Relatório Resumido de
Execução Orçamentária - REO, referente ao quinto bimestre do período; d) não arrecadação
do ISSQN incidente sobre valores pagos pelo Município; e) ausência de retenção e
recolhimento ao INSS das contribuições previdenciárias, devidas por empregado e
empregador, incidentes sobre remunerações pagas a pessoal contratado; f) carência de
realização de procedimentos licitatórios quando legalmente exigidos, no montante de
R$ 502.010,03; g) não envio para análise desta Corte de Contas de processo de
inexigibilidade de licitação para contratação de empresa não localizada no endereço
informado na documentação da despesa; h) pagamento de taxas pela emissão de 154
cheques sem provisão de fundos, na quantia de R$ 1.467,55, sem comprovação do registro
contábil da devolução efetuada; i) elevados saldos registrados na conta CAIXA,
implementados através de procedimentos pouco usuais, entre eles a movimentação irregular
de recursos provenientes da alienação de bens e de convênios; j) não apresentação da Carta
Convite n. o 20/05, para contratação de serviços de terraplanagem, informada como
realizada; k) aquisição de terreno para construção de um campo de futebol sem o
competente laudo de avaliação; I) processamento irregular da despesa com serviço de
terraplanagem, cujo pagamento se deu antes da compra do terreno; m) atraso no
pagamento da folha de pessoal; n) crime de responsabilidade do Prefeito em razão de
demora no repasse do duodécimo ao Poder Legislativo; o) despesa adicional com aquisição
de equipamentos destinados à ambulância não identificada, na importância de R$ 13.600,00;
p) distribuição não comprovada de gêneros alimentícios para merenda escolar, no pata
de R$ 16.699,01; e q) excesso de gastos com combustíveis, no valor de R 49.284,43.
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Não resignado, o Chefe do Poder Executivo da Comuna, Sr. José Edivan Félix, interpôs, em
03 de agosto de 2007, recurso de reconsideração. A referida peça processual está encartada
às fls. 2.878/3.101, onde o interessado alegou sumariamente que: a) os equipamentos para
ambulância adquiridos da empresa UNISAU Comércio Industrial Ltda., em janeiro de 2005,
com recursos do Fundo Nacional de Saúde - FNS, foram devolvidos por não atenderem às
especificações do Ministério da Saúde e o valor pago, R$ 13.600,00, retornou aos cofres
°
municipais mediante depósito na CONTA DIVERSOS n. 2.828-2, no mês de setembro
seguinte; b) esse numerário foi utilizado para o pagamento da empresa FRONTAL Ind. Com.
de Móveis Hospitalares Ltda., vencedora da licitação realizada para compra dos mesmos
equipamentos, destinados à unidade móvel fornecida pela PLANAM Comércio e
Representações Ltda. em dezembro de 2004; c) novos documentos acerca da distribuição
detalhada da merenda escolar, relacionando cada escola e cada item, foram acostados aos
autos; d) a média de consumo do veículo DUCATO (placa HWR 4527) seria de 1.725
litros/mês, chegando a um total de 8.834,67 litros no período de setembro a
dezembro/2005; e e) o consumo de diesel da DAILY (placa JZJ 8776) é superior ao das
demais ambulâncias, alcançando 26.701,08 litros em 2005.

Ato contínuo, o álbum processual foi encaminhado aos peritos da Divisão de Auditoria da
Gestão Municipal I - DIAGM I, que emitiram o relatório de fls. 3.110/3.113, onde
consideraram elidida a eiva concernente à despesa adicional com aquisição de equipamentos
destinados à ambulância não identificada, na importância de R$ 13.600,00. Em seguida,
reduziram o montante relativo ao excesso de gastos com combustíveis, de R$ 49.284,43
para R$ 29.265,48. Por fim, mantiveram todas as demais irregularidades que subsidiaram o
conteúdo das decisões vergastadas.

Em 17 de março do corrente, mediante o Documento TC n.O 05187/08, fls. 3.118/3.169, o


Prefeito Municipal, Sr. José Edivan Félix, por intermédio de novel advogado constituído,
Dr. Antônio Fernandes Filho, fI. 3.117, apresentou alegações e documentos, solicitando o seu
exame pela Corte.

Instado a se pronunciar, o Ministério Público junto ao Tribunal de Contas, destacando que a


documentação encartada extemporaneamente não pode ser considerada pelo Tribunal,
opinou, preliminarmente, pelo conhecimento do recurso, posto que atendidos os
pressupostos de tempestividade e legitimidade, e, no mérito, pelo seu provimento parcial,
fls. 3.171/3.174.

Solicitação de pauta para a sessão do dia 16 de abril de 2008, conforme fls. 3.177/3.178, e
adiamentos sucessivos para as assentadas dos dias 23 de abril e 07 de maio do corrente,
consoante requerimentos do patrono do Prefeito, respectivamente, fls. 3.179/3.180 e
3.181/3.182, tendo o ego Tribunal Pleno, diante de preliminar do advogado, decidido, mais
uma vez, retirar o processo de pauta e determinar a análise dos documentos encartados ao
autos pelo interessado, fls. 3.118/3.169.
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Em seguida, o caderno processual foi novamente enviado aos técnicos da Divisão de


Auditoria da Gestão Municipal 1 - DIAGM I, que exararam relatório, fls. 3.186/3.188, onde
atestam, dentre outros aspectos, a realização de alguns recolhimentos. No entanto,
destacam que tais restituições devem ser verificadas no momento oportuno, tendo em vista
a ausência dos devidos registros contábeis das receitas.

Nova solicitação de pauta, conforme fls. 3.189/3.190 dos autos.

É o relatório.

Recurso de reconsideração contra decisão do Tribunal de Contas é remédio


jurídico - remedium juris - que tem sua aplicação própria, indicada no art. 31, inciso II,
c/c o art. 33, ambos da Lei Complementar Estadual n. o 18/93 - Lei Orgânica do TCE/PB -,
sendo o meio pelo qual o responsável ou interessado, ou o Ministério Público junto ao
Tribunal, dentro do prazo de 15 (quinze) dias, interpõe pedido, a fim de obter a reforma ou
a anulação da decisão que refuta ofensiva a seus direitos, e será apreciado por quem houver
proferido o aresto recorrido.

Com efeito, ab initio constata-se que o recurso de reconsideração interposto pelo Chefe do
Poder Executivo de Catingueira/PB, Sr. José Edivan Félix, fls. 2.878/3.101, atende aos
pressupostos processuais de legitimidade e tempestividade, sendo, portanto, passível de
conhecimento por este ego Tribunal. Entretanto, no que tange ao seu aspecto material,
verifica-se que o postulante apresentou documentos e argumentos capazes apenas de
eliminar parte da imputação de débito, consignada no Acórdão APL - TC - 444/07,
fls. 2.855/2.871, sem se reportar às demais irregularidades que também motivaram as
deliberações ora recorridas.

Diante das justificativas e documentos juntados aos autos, fls. 2.878/2.897, e em


conformidade com as conclusões dos peritos da unidade técnica, fls. 3.110/3.113,
devidamente ratificadas pelo Parquet Especializado, fls. 3.172/3.174, deve-se suprimir a
imputação de débito ao Prefeito da Comuna, Sr. José Edivan Félix, no valor de R$ 13.600,00,
relativa à despesa adicional com aquisição de equipamentos destinados à ambulância não
identificada, bem como reduzir o montante do excesso de gastos com combustíveis
imputado à referida autoridade, de R$ 49.284,43 para R$ 29.265,48, consoante novos
cálculos realizados.

No que se refere à distribuição não comprovada de gêneros alimentícios para a merenda


escolar, na quantia de R$ 16.699,01, impende comentar que, de acordo com o exame
efetuado pelos analistas desta Corte, fI. 3.112, as fichas de controle anexadas ao presente
recurso, fls. 2.901/2.999, contêm valores que superam as quantidades adquiridas no
exercício sub studio, fls. 2.899/2.900, comprometendo, portanto, a sua confiabilidad
Ressalte-se que, na apuração inicial, fI. 2.107, já haviam sido devidamente cotej

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documentos da despesa (empenhos, notas fiscais, etc) e o controle de distribuição da


merenda escolar, ambos obtidos na inspeção in foco, fls. 2.107/2.235.

Especificamente, no tocante à documentação extemporânea trazida aos autos,


fls. 3.118/3.169/ cabe destacar que a referida peça serve apenas para sedimentar ainda mais
a configuração das máculas constatadas, haja vista que as possíveis restituições, mesmo que
devidamente comprovadas, não podem ser acolhidas em sede de recurso de reconsideração
para eliminar irregularidades remanescentes. Trata-se, na verdade, de cumprimento de
decisão anterior. Ademais, o arrazoado não atacou todas as eivas apontadas na decisão
vergastada, limitando-se basicamente a ressuscitar, em alguns momentos, argumentos já
utilizados e que foram devidamente rechaçados por este ego Tribunal Pleno.

Ante o exposto, proponho que o Tribunal de Contas do Estado da Paraíba:

1) TOME conhecimento do recurso, diante da legitimidade do recorrente e da tempestividade


de sua apresentação, e, no mérito, dê-lhe provimento parcial, apenas para reduzir o débito
imputado de R$ 79.583/44 (setenta e nove mil, quinhentos e oitenta e três reais e quarenta
e quatro centavos) para R$ 45.964,49 (quarenta e cinco mil, novecentos e sessenta e quatro
reais e quarenta e nove centavos), sendo R$ 16.699/01, relativos à distribuição não
comprovada de gêneros alimentícios para merenda escolar, e R$ 29.265/48, concernentes a
excesso de gastos com combustíveis.

à Corregedoria deste Tribunal para as

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