Você está na página 1de 24

Método de Valoração Contingente:

Aspectos Teóricos e Testes Empíricos

Ricardo Coelho de Faria


e
Jorge Madeira Nogueira1

Valorando Bens e Serviços Ambientais

Com a incorporação da dimensão ambiental na análise econômica iniciam-se


os estudos sobre a valoração monetária dos impactos produzidos pelo ser
humano sobre o meio ambiente. Na realidade, apesar de o problema das
externalidades ambientais não ser uma novidade na Economia, as tentativas
de mensurar monetariamente os custos e benefícios dos impactos ambientais
são relativamente recentes. A valoração econômica do meio ambiente
constitui-se em um conjunto de métodos e técnicas que buscam estimar
valores para os ativos ambientais e para os bens e serviços por eles gerados.

Diversos são os métodos disponíveis para estimar-se o valor econômico de


bens e serviços ambientais e várias são as propostas de classificá-los.
Bateman e Turner (1992) propõem distingui-los pela utilização ou não das
curvas de demanda marshalliana ou hicksiana. Hufschmidt et al ... (1983)
fazem suas divisões de acordo com o fato do método utilizar preços
provenientes: i) de mercados reais; ii) de mercados substitutos; ou iii) mercados
hipotéticos. Já Pearce (1993), observando a metodologia em uso corrente na
economia ambiental, afirma que existem quatro grandes grupos de técnicas de
valoração econômica desenvolvidos a um nível sofisticado2. Já Hanley e Spash
(1993) grupam -nos: i) forma direta e ii) forma indireta. Nogueira, Medeiros e
Arruda (1998) comparam e analisam essas diferentes classificações, buscando
compatibilizá-las.

O Método de Valoração Contingente (MVC) é comum a todas essas


classificações. A idéia básica do MVC é que as pessoas têm diferentes graus
de preferência ou gostos por diferentes bens ou serviços e isso se manifesta
quando elas vão ao mercado e pagam quantias específicas por eles. Isto é, ao
adquiri-los, elas expressam sua disposição a pagar (DAP) por esses bens ou
serviços 3. Esse método busca exatamente extrair a DAP (ou DAC) de uma
amostra de consumidores por uma mudança no nível do fluxo do serviço
ambiental através de questionamento direto, supondo um mercado hipotético
cuidadosamente estruturado. O MVC foi originalmente proposto em 1963 num

1
Faria é mestre em Economia pela Universidade de Brasília (UnB) e Nogueira é professor
adjunto do Departamento de Economia da UnB e bolsista do CNPq. Este trabalho foi apoiado
financeiramente pelo CNPq.
2
O primeiro grupo é formado pelas técnicas que ele chama de “abordagens de mercado
convencional” que utilizam os preços de mercado ou preços sombra como aproximação,
semelhantemente aos métodos dos mercados reais de Hufschmidt et al. (1983). O segundo
grupo é chamado de “funções de produção doméstica (ou familiar)”. O terceiro, os “métodos de
preços hedônicos”. E o quarto e último grupo são os “métodos experimentais”.
3
Existe também a disposição a receber compensação (DAC), que é o raciocínio inverso: as
pessoas receberiam uma quantia monetária para tolerar determinado problema ambiental.
artigo escrito por R. Davis relacionando economia e recreação. Durante os
anos 1970 e 1980, houve um grande desenvolvimento da técnica a nível
teórico e empírico4 tornando-a bastante utilizada5 pelos economistas,
modernamente [Hanley e Spash (1993, p.53)].

A operacionalização do MVC acontece através da aplicação de questionários


cuidadosamente elaborados de maneira a obter das pessoas os seus valores
de DAP/DAC [Pearce (1993, p.116)]. Existem várias formas 6 de fazer isso, que
levam a suas diversas variantes: a) técnica de perguntas abertas (“open-
ended”); b) técnica de “bidding game”; c) modelo de referendo; d) modelo de
referendo com repetição (“follow-up”); e) contingente classificatório (“ranking”);
f) atividade contingente, entre outros 7. Após a aplicação desses questionários,
os resultados são tabulados e submetidos a uma análise econométrica de
maneira a derivar valores médios dos lances de DAP/DAC. O MVC é mais
aplicado para mensuração de: a) recursos de propriedade comum ou bens cuja
excludibilidade do consumo não possa ser feita8; b) recursos de amenidades9;
ou c) outras situações em que dados sobre preços de mercado estejam
ausentes [Hufschmidt et al. (1983, p.233)].

Dois são os objetivos do presente ensaio. O primeiro é revisar a literatura sobre


o Método Valoração Contingente (MVC), o quê é feito na próxima seção do
trabalho. O segundo objetivo é aplicar a variante “bidding game” do MVC na
estimativa do valor econômico de um patrimônio ambiental específico: a
conservação do Jardim Zoológico de Brasília. A pesquisa de campo realizada e
os resultados obtidos são apresentados e analisados na terceira seção.
Finalmente, na quarta e última seção do estudo são discutidas as vantagens e
as limitações da variante “bidding game” do MVC na valoração econômica de
bens e serviços ambientais.

Método Valoração Contingente (MVC) e suas variantes

O Método de Valoração Contingente (MVC) busca valorar bens públicos e/ou


ambientais para os quais não há preços de mercado. Na ausência de sinais de
mercado, o método se propõe, por meio de surveys, revelar as preferências do
consumidor por um bem ou serviço ambiental e, com isso, captar a sua
disposição a pagar pelo bem em questão. Trata-se, portanto, da criação de um
mercado hipotético, construído a partir de técnicas de questionários que
buscam revelar as preferências dos indivíduos pelo bem público ou ambiental.
Nesse sentido, o método será tanto mais preciso quanto mais próximo do real
for o mercado hipotético criado.

4
Notadamente nos EUA.
5
O MPH, o MVC é um dos métodos que apresenta maior número de trabalhos em periódicos
que tratam da valoração econômica do meio ambiente.
6
Hanley e Spash (1993, p.55) citam outras formas: cartão de pagamento e questão aberta
(máxima DAP).
7
Outras variantes do MVC são ainda identificadas em Hufschmidt et alli (1983) como, por
exemplo: jogos de trade-off, costless choice e doubled-bloud.
8
Tais como qualidade do ar ou da água.
9
Amenity resources, em inglês, tais como características paisagística, cultural, ecológica,
histórica ou singularidade.

2
O importante é procurar, na medida do possível, criar um mercado hipotético
que se aproxime ao máximo de um mercado real. Mitchell e Carson (1989)
argumentam que, pelo menos três elementos fundamentais devem constar no
questionário desenhado: 1) a pesquisa deve ser constituída de uma descrição
detalhada do bem ou serviço ambiental que está sendo avaliado assim como
das circunstâncias hipotéticas em que tal bem ou serviço poderá estar
disponível para o entrevistado; 2) é preciso definir algum tipo de questão na
entrevista que revele a disposição a pagar do indivíduo pelo bem ou serviço
ambiental; 3) é preciso também levantar outras variáveis sócio-econômicas e
informações adicionais que indiquem a percepção desse indivíduo com relação
problema ambiental em questão.

Bateman e Turner (1992, p. 133) apresentam seis distintas fases envolvendo a


aplicação do MVC. A primeira fase envolve a preparação dos procedimentos a
serem aplicados 10. A segunda corresponde ao levantamento de dados
propriamente dito, obtendo respostas para as perguntas do questionário. Na
fase seguinte, calcula-se a média da DAP ou da DAC. As estimativas
propriam ente ditas são realizadas na quarta fase, através da estimativa de uma
curva de propostas que permite a investigação dos determinantes da
DAP/DAC11. Na quinta fase feito a agregação, quando o valor econômico total
é estimado a partir do valor médio. Finalmente, na sexta fase é feita uma
apreciação do método (avaliação), visando verificar sua precisão e
aceitabilidade.

O MVC não apresenta um caminho único de construção do mercado hipotético


e de estimativas do valor do meio ambiente. Este pode variar em função do
modo que se propõe captar as preferências dos consumidores e o valor que
eles atribuem ao meio ambiente, ou seja, o MVC pode variar de acordo com o
formato do survey da pesquisa, o que pode ser dividido em dois grandes
grupos: os métodos diretos e indiretos. No primeiro, estão os formatos do open-
ended, bidding game e cartões de pagamento. No segundo, estão os modelos
conhecidos por referendum, referendum com follow-up, contingent ranking e
contingent activity.

Os métodos indiretos são aqueles que fornecem apenas uma indicação da


verdadeira DAP do indivíduo. A forma como as questões são desenhadas
produzem um conjunto de valores que não representa, diretamente, a máxima
disposição a pagar. A interpretação das respostas do survey requer, portanto,
um tratamento adicional aos dados com a finalidade de se obter a verdade
DAP. O referendum model foi introduzido por Bishop e Herbelin (1979) e inicia-

10
Nessa etapa são definidas questões importantes como: 1) levantamento do mercado
hipotético (definir se usa a DAP ou DAC); 2) definição dos estilos de questionários (questões
abert as, “pegar” ou “largar”, etc); 3) levantamento de informações sobre o bem em questão
(características, uso, impactos, etc); e 4) definição da forma de pagamento (taxas de entrada,
tarifas, etc).
11
Essa curva relaciona DAP ou DAC com visitas (Q), renda (Y), fatores sociais como educação
(S) e outras variáveis explanatórias (X); um parâmetro de qualidade ambiental também pode
ser considerado (E). Assim, formalmente teríamos: DAP = f (Q, Y, S, X, E). Não existe a forma
teoricamente ideal dessa função. Entretanto, se uma função log é escolhida, os coeficientes
são as elasticidades. Em qualquer caso, a curva nos permite estimar mudanças na média
DAP(DAC) devido a mudanças em E.

3
se com a criação de um conjunto de valores possíveis que podem representar
a disposição máxima do indivíduo a pagar. Desse conjunto de valores, o
entrevistador escolhe, de forma aleatória, um valor e o apresenta ao
entrevistado com uma pergunta do tipo: “Você estaria disposto a pagar R$X
para obter uma melhora na qualidade ambiental?” Esse tipo de questionário
leva a um conjunto de respostas binárias que podem ser representadas por 0 e
1. Caso o indivíduo responda sim, esta pode ser representada pelo número 1.
Ao contrário, se o indivíduo não está disposto a pagar o valor que lhe foi
apresentado, a resposta seria 0. Uma resposta com um número 1 significa,
portanto, que a disposição máxima do indivíduo pagar pelo bem em questão é
maior ou igual ao valor que lhe foi apresentado na entrevista. Por outro lado,
caso a resposta seja 0, significa que a disposição máxima do indivíduo a pagar
é inferior ao valor que lhe foi apresentado.

O referendum com follow-up foi introduzido por Carson, Hanemam e Mitchell


(1986). A proposta é melhorar o procedimento anterior oferecendo um segundo
valor de maneira similar ao formato bidding game. No entanto, agora o valor é
selecionado aleatoriamente. Apesar de oferecer um certo ganho em termos de
eficiência, apresenta os mesmos problemas do referendum tradicional. O
método de contingent ranking solicita ao indivíduo colocar em ordem de
preferência um conjunto de alternativas a ele apresentado. Cada alternativa
contem diferentes atributos e para cada atributo, geralmente, é conferido um
determinado preço. Uma primeira aplicação desse modelo foi realizada por
Beggs, Cardell e Hausman (1981). Eles usaram o método para estimar o valor
das características de modelos alternativos de veículos automotores.12
Posteriormente, conforme Freeman III (1993, p. 175), Smith e Descouges
(1986) utilizaram a metodologia para estimar o valor da qualidade da água.
Então, foi apresentado aos entrevistados 4 alternativas com 2 atributos cada,
que era a qualidade da água e uma taxa anual a ser cobrada por essa
qualidade.

Uma questão que se coloca é se esse tipo de metodologia é suficientemente


simples para permitir o ordenamento das alternativas por parte dos
entrevistados. Um conjunto de alternativas pode-se configurar em um processo
demasiadamente complicado, dado o grande volume de informações
apresentado. Nesse sentido, um ranking com poucas alternativas e poucos
atributos seria preferível à aquela que contêm muitas alternativas com vários
atributos.

O modelo de contigent activity tem por objetivo estimar demanda por visitas em
um local de recreação em função do custo de viagem. Então, o modelo
contingent activity propõe perguntar aos indivíduos como suas visitas
mudariam se os atributos ambientais forssem mudados em um determinado
sentido. A mudança contingente nas taxas de visitas seriam usadas para
estimar o deslocamento da curva de demanda por visitas. Mc Connel (apud.
Freeman III, 1991) usou abordagem para estimar os benefícios que os
indivíduos poderiam obter para visitar o New Bedford Harbor, em
12
Os entrevistados foram solicitados para colocar em ordem de preferência 16 alternativas de
desenhos de automóvel, onde cada desenho apresenta -se com 9 atributos, incluindo o preço
de compra do automóvel e o gasto de gasolina.

4
Massachusetts, nos EUA, se a poluição fosse eliminada. Trayer (1981)
questionou os visitantes de um local de recreação como suas visitas seriam
alteradas caso fosse implementada uma planta geotérmica na região.

Já as variações do grupo métodos diretos têm em comum a forma de se obter


a DAP nos procedimentos de survey. Da maneira como é abordada a questão,
a resposta do indivíduo é um valor monetário que já representa a sua máxima
disposição a pagar pela melhora do parâmetro ambiental estabelecido e,
consequentemente, a medida de bem-estar. Entre elas, o método open-ended
é o mais simples e propõe captar o valor econômico pelo bem ou serviço
ambiental perguntando diretamente ao indivíduo algo como: “Qual seria sua
disposição máxima a pagar para eliminar um determinado dano ambiental?”
Esse valor que o indivíduo estaria, pelo menos em tese, disposto a pagar por
uma m elhora ambiental ou para eliminar um dano ambiental específico pode
ser interpretado como o Excedente Compensatório (EC). Então, se o
questionário conseguir captar essas respostas, assim como outras variáveis
sócio-econômicas como renda, grau de instrução, etc., pode-se estimar uma
curva de demanda pelo ativo ambiental em questão e, com isso, o benefício
auferido pelo indivíduo devido à mudança ambiental, através do cálculo do EC.
Outra questão possível de ser elaborada é a seguinte: “Qual é o mínimo que
você estaria disposto a receber para esquecer a melhora de um determinado
bem ou serviço ambiental”? A resposta à essa questão corresponde ao valor
do Excedente Equivalente (EE), isto é, o beneficio auferido pelo indivíduo que é
equivalente à suposta melhora ambiental.

No caso de questão aberta, não há muito mais o que fazer após a realização
da pesquisa, restando basicamente a interpretação dos dados. Esses
questionários geram uma série de valores que são, na realidade, as medidas
de bem -estar desses indivíduos, definidas a partir dos conceitos de (EC) ou
(EE), dependendo do formato da questão. Assim, para estimar o valor total da
mudança ambiental pode-se, por exemplo, calcular a média da DAP/DAC
auferida na amostra e multiplicar pela população total. Outra alternativa, um
pouco mais sofisticada, seria usar um modelo de regressão para estimar o
valor ofertado pelo indivíduo como função de sua renda e de outras variáveis
sócio-econômicas.

O método de bidding game foi primeiramente introduzido por Davis nos anos
60. A idéia é criar um conjunto de valores e negociá-los com os indivíduos com
a finalidade e captar a disposição máxima a pagar pelo bem em questão.
Desse conjunto de valores, apresenta-se, primeiramente, um valor médio ou
mediano ao indivíduo e questiona-se se ele estaria disposto a pagar, digamos,
R$ X para preservar ou prover uma determinada melhora na qualidade
ambiental. Caso ele responda “sim”, o valor é aumentado até o ponto em que
se obtém uma resposta negativa, sendo, portanto, o último valor com resposta
positiva a disposição máxima a pagar. Caso contrário, se o primeiro valor
apresentado ao indivíduo gerar uma resposta negativa, são apresentados

5
novos valores sucessivamente inferiores até se obter uma resposta positiva. A
disposição máxima pagar seria, então, esse último valor apresentado. 13

O método de cartões de pagamento difere muito pouco do bidding game e foi


desenvolvido por Mitchell e Carson (apud. Mitchell e Carson, 1989). A única
diferença substancial é que são apresentados cartões com diferentes valores,
onde o indivíduo é solicitado a escolher aquele que representa sua disposição
máxima a pagar. A interpretação dos resultados é, portanto, a mesma para o
caso do bidding game e open-ended. O ganho que pode existir nesse tipo de
procedimento é a eliminação do viés do ponto inicial, pois o indivíduo não é
influenciado pelo primeiro valor apresentado.14

O Método Bidding Game

Uma concepção básica pode ser modelada para os casos mais gerais de
aplicação do bidding game, conforme apresentada em Freeman III (1993, p.
186). De acordo com esse autor, uma alternativa para estimar o valor total da
mudança ambiental pode ser feita, simplesmente, multiplicando a média das
DAPs observadas pela população total afetada. Outra alternativa mais
sofisticada é usar um modelo de regressão para estimar o valor que o indivíduo
está disposto a pagar pela oferta como função de sua renda e de outras
variáveis sócio-econômicas:

bi = b (Mi , Si)

onde bi é o valor observado pela mudança ambiental para o indivíduo i; Mi é


sua renda e Si demais características sócio-econômicas desse indivíduo.
Sendo possível quantificar precisamente uma determinada mudança ambiental,
denotada por ∆q, uma outra alternativa ainda seria possível. Se ∆q puder
representar cenários alternativos de qualidade ambiental, pode-se incluí-la
diretamente na função oferta do indivíduo, como segue:

bi = b(Mi , Si, ∆q)

onde ∆q é o cenário apresentado ao indivíduo.

Diversos autores têm aplicado o método de bidding game em estudos de


problemas ambientais. Knetsh e Davis (1966) compararam esse método com
outras metodologias alternativas para estimativas de benefícios em áreas de
recreação. Nesse estudo, os autores aplicaram o bidding game em uma área
de recreação no nordeste de Maine, um local chamado Pittston Área. Foram
aplicados também o método de Custo de Viagem e o método de Willingnes to
Drive, como definido pelos autores.15 Esse último método tem um formato

13
De forma semelhante às questões abertas, os valores respondidos pelos indivíduos
representam o Excedente Compens atório ou o Excedente Equivalente, dependendo de como a
questão foi abordada.
14
A definição do viés do ponto inicial decorrente do uso da avaliação contingente será
apresentada na póxima seção.
15
O método de Willingness to Drive foi primeiro utilizado por Ullman e Volk (1961), como citado
por Knetsh e Davis (1966).

6
semelhante ao bidding game ao negociar com o indivíduo sobre qual seria sua
disposição a dirigir milhas adicionais para visitar o local:

Randal, Ives e Eastman (1974) usaram o bidding game para avaliar os


benefícios associados com a melhora estética na região da Four Corners
Interstate Air Quality Control, no sudoeste dos EUA. Essa área vinha sofrendo
sérios problemas de degradação ambiental, principalmente referente à poluição
do ar, decorrente da grande expansão da exploração de minas de carvão e da
indústria de geração de energia elétrica. Para o processo de negociação
interativa do bidding game foram apresentados três conjuntos de fotografias
aos entrevistados com a finalidade de caracterizar situações distintas. O
conjunto “A” foi constituído por fotos que mostram a região em 1969,
caracterizada por um alto nível de degradação ambiental. O conjunto “B”
mostrava a região, em 1967, um sua condição intermediária de degradação
ambiental. Por fim, o conjunto “C” mostrava a região sob controle ambiental,
com níveis de emissão de poluentes reduzidos a zero. Desse modo, os
usuários do local solicitados a atribuírem valores monetários que eles estariam
dispostos a pagar por essas mudanças ambientais, definidas pela passagem
da situação A para B e B para C.

Mota e Faria (1998) aplicaram o método de bidding game no Jardim Zoológico


de Brasília, modificando alguns procedimentos usuais. Em primeiro lugar, em
decorrência do local de estudo proposto, o bem ambiental em questão não se
configura em um bem público puro, não apresentando, portanto, a natureza de
não-exclusividade, já que é possível cobrar uma taxa de entrada no referido
local. Uma importante implicação dessa característica é que permite tratar o
ativo ambiental em questão, até certo ponto, de modo similar aos bens
privados, muito embora ele não seja transacionado nos mercados
convencionais. Como a visita ao Zoológico é, na realidade, um serviço
ambiental factível de exclusividade, o indivíduo pode decidir sobre a escolha da
quantidade de visitas que ele estaria disposto a realizar caso fosse cobrado um
determinado preço. Dessa forma, foi possível modelar o comportamento do
consumidor (usuário do Zoológico) como é tradicionalmente feito pela teoria
clássica da demanda, bastando incluir o serviço ou o bem ambiental na função
utilidade do indivíduo.

Outra modificação sugerida por Mota e Faria (1998) refere-se ao conjunto de


valores preestabelecidos a serem negociados no bidding game.
Tradicionalmente, esses valores são criados a partir de alguma informação
disponível para pesquisador. No entanto, os autores criaram esses valores de
referências a partir de um survey do tipo open-ended numa primeira etapa
para, um seguida, negociá-los numa segunda etapa mediante o modelo bidding
game.

Os Principais Vieses do Método de Avaliação Contingente

O “estado das artes” do Método de Valoração Contingente é caracterizado,


também, por estudos recentes que enfocam problemas relacionados com os
potenciais viesses decorrentes do uso desse método. Segundo Mitchell e
Carson (1989, p. 235) pode-se considerar quatro fontes de viesses no uso da

7
avaliação contingente, a saber: 1) uso de cenário que incentivam o entrevistado
a não responder sua verdadeira DAP; 2) uso de cenário que possuem
incentivos para ajudar, indevidamente, o indivíduo a responder o questionário;
3) mal especificação do cenário mediante uma descrição incorreta e/ou
incompleta de alguns aspectos relevantes; 4) desenho inadequado da amostra
e agregação incorreta dos benefícios.

Na primeira categoria de erros ocorre principalmente o viés estratégico e o viés


do entrevistador. O primeiro refere-se aos erros decorrentes de estratégias
utilizadas pelo entrevistado para influenciar decisões acerca da questão
ambiental envolvida, não revelando sua verdadeira preferência. O viés do
entrevistador ocorre quando o indivíduo questionado responde uma DAP
diferente daquela que seria a sua verdadeira com a finalidade de agradar ao
entrevistador ou, pelo menos, não causar má impressão de sua conduta.

Na segunda categoria, os principais erros são o viés do ponto inicial, o de


relação e o de importância. O viés do ponto inicial refere-se à influência dos
resultados pelo primeiro valor apresentado ao entrevistado, o que ocorre
freqüentemente no modelo bidding game. O viés de relação ocorre quando o
instrumento de pesquisa apresenta informações sobre outros bens públicos ou
privados, influenciando as respostas dos indivíduos. O viés de importância
resulta de instrumentos de survey que indicam a importância do bem ambiental
em questão, gerando uma DAP diferente daquela que seria obtida caso o
indivíduo não fosse persuadido pela entrevista.

Na terceira categoria, podem surgir diferentes tipos de viesses, dependendo de


vários aspectos referentes à especificação do cenário apresentado no survey.
O viés de especificação teórica ocorre quando o cenário especifico pelo
pesquisador é incoerente com a teoria econômica. O viés de especificação da
qualidade surge quando os parâmetros ambientais apresentados são
interpretados de modo diferente daquele que o pesquisador deseja. O viés de
especificação do contexto surge quando o indivíduo interpreta algumas
situações diferentes daquela pretendida pela pesquisa como, por exemplo,
referentes ao veículo de pagamento. Por fim, na última categoria, pode-se
incluir o viés da escolha da população e o viés da seleção amostral. O primeiro
ocorre quando a população identificada não representa adequadamente a
população beneficiada ou afetada pelos custos ambientais. O viés da seleção
ocorre quando a amostra selecionada não representa adequadamente as
características da população a ser considerada.

Esses tipos de viesses constituem-se, portanto, em potenciais erros que podem


ocorrer na condução de surveys mediante a aplicação do MVC. No entanto, há
um particular interesse pelo viés do ponto inicial, o qual pode ocorrer
especificamente no modelo bidding game. Muitos autores têm avaliado até que
ponto o viés do ponto inicial é significativo ou não. Boyle, Bishop e Welsh
(1985) apresentam um modelo teórico para explicar esse tipo de erro, de
maneira a testar sua significância. Para os autores, a causa geral desse
provável erro é que o “bidding game”, ao apresentar o primeiro valor ao
entrevistado, sugere a ele o valor do bem ambiental. O indivíduo ao não estar
habituado a atribuir valor aos bens públicos, entende que o primeiro valor

8
apresentado a ele é o mais adequado. Em dois outros estudos, realizados
também por esses autores, os resultados confirmaram, do mesmo modo, a
existência do viés do ponto inicial. Segundo Boyle, Bishop e Welsh (195, p.
189), outros atores também realizaram estudos que apresentaram evidências
do viés do ponto inicial.

Teste Empírico do MVC, variante bidding game

Problema e hipótese

Uma das questões mais relevantes sobre a aplicação do MVC bidding game é
como criar os valores a serem utilizados nas questões interativas do bidding
game? Tradicionalmente, tais valores são criados de forma mais ou menos
arbitrária, utilizando-se apenas algumas informações disponíveis acerca do
bem ambiental em estudo. Mota e Faria (1998) propuseram uma alternativa
para criação desses valores. A proposta é elaborar um questionário piloto do
tipo open-ended com a finalidade de criar um conjunto de valores a serem
utilizados numa segunda pesquisa definitiva através da técnica bidding game.

O presente trabalho, propõe-se, então, testar a plausibilidade do procedimento


alternativo proposto por Mota e Faria (1998). Para isso, será aplicado
novamente um questionário do tipo bidding game, sendo, agora, no formato
tradicional, onde os valores a serem utilizados são criados de forma mais ou
menos arbitrária e sem correspondência com as preferências do usuário. A
hipóteses inicial de trabalho é: as médias dos Excedentes dos Consumidores
dos dois modelos [o do presente estudo e o de Mota e faria (1998)] são
significativamente diferentes.

Esta hipótese pode ser testada da seguinte forma:

H0 : µ EC 1 = µ EC 2
i i

H A : µ EC 1 ≠ µ EC 2
i i

onde µEci 1 é a média dos excedentes dos consumidores calculada pelo Modelo
de Mota e Faria (1998) e µEci 2 é a média dos Excedentes dos Consumidores
calculada pelo novo modelo apresentado neste trabalho.

A diferença esperada entre essas duas médias se deve à diferença esperada


no conjunto de valores criados pelos dois procedimentos: no primeiro modelo,
tais valores são calculados a partir de uma pesquisa amostral do tipo open-
ended, que foi realizada por uma entrevista a 526 usuários do Zoológico. No
segundo, os valores de referências foram criados apenas por uma consulta a
10 especialistas na área ambiental. Como a técnica de bidding game tem
apresentado o “viés do ponto inicial”, espera-se, portanto, que os diferentes
valores criados pelos dois procedimentos gerem resultados diferentes.

Caso esta primeira hipótese não venha a ser confirmada, tem-se uma
evidência de que os dois procedimentos são equivalentes, ou seja, se os
resultados não são significativamente diferentes, a criação dos valores de
referência pode ser feita por qualquer um dos procedimentos. Nesse caso, o

9
procedimento escolhido dever ser, naturalmente, de menor custo. No entanto,
caso as médias sejam significativamente diferentes, surge outra questão: “Qual
é o melhor procedimento?”

Material e Método de Pesquisa

O bem ambiental escolhido para o teste do modelo bidding game foi o Pólo
Ecológico de Brasília (Jardim Zoológico). Este local constitui-se em excelente
alternativa de lazer, tanto para a população do Distrito Federal quanto para as
cidades circunvizinhas localizadas em seu entorno. O Zoológico apresenta
espécies raras de animais e foi visitado por, aproximadamente, um milhão de
pessoas entre crianças, adultos e idosos em 1997.

Mota e Faria (1998) aplicaram a variante MVC Bidding Game no Zoológico em


duas etapas: na primeira, foi aplicada uma pesquisa usando questões do tipo
open-ended com finalidade de criar os valores de referências a serem
utilizados na segunda etapa, mediante a aplicação do bidding game
propriamente dito. Nessa primeira etapa, foram entrevistadas 526 pessoas
aptas a responder o questionário, cuja amostra foi calculada com 95% de
confiabilidade e 4,5% de erro.16 A questão básica apresentada aos
entrevistados foi a seguinte: “Quanto você estaria disposto a pagar
mensalmente, para ajudar na preservação do Zoológico?” O entrevistado foi
informado de que tal valor não incluia os R$ 1,50 já pagos por ele para visitar o
local e seria administrado por uma Instituição privada como, por exemplo, a
Associação dos Usuários do Jardim Zoológico. Além dessa questão, foram
levantados outros dados sócios-econômicos dos indivíduos tais como: renda,
sexo, idade, local de moradia, grau de instrução, assim como outras
informações complementares como os aspectos negativos e positivos do
Zoológico. Os dados das DAPs foram agrupados em 11 classes de valores,
sendo que os pontos médios foram ajustados para se criar os valores da
referência como era pretendido.17

Na realidade, Mota e Faria (1998) inovaram esse procedimento ao criar os


valores18, a serem negociados no bidding game, a partir das preferências do
próprio consumidor. Portanto, com base nesses valores de referências, partiu-
se para a segunda etapa da pesquisa, quanto foi aplicado o modelo bidding
game propriamente dito. Nessa pesquisa foram entrevistados 1. 087 usuários
do Zoológico, cuja amostra foi calculada com 95% de confiabilidade e 2,5% de
erro. Além da DAP captada na entrevista, levantaram -se, também, outras
variáveis sócio-econômicas dos indivíduos.

16
Os resultados dessa pesquisa foram úteis também para uma apresentação do Jardim
Zoológico de Brasília em um encontro nacional de administradores de Zoológico em Salvador –
BA, em maio de 1998.
17 o o
O n de classes foi determinado pela Regra de Sturges: K = 1 + 3,3, Log n, onde K é o n de
classes e “n” o tamanho da amostra. A amplitude de cada classe foi calculada da seguinte
forma: h = AT/K, onde “h”é a amplitude da classe e AT a amplitude total.
18
Na forma tradicional, como a técnica bidding game tem sido aplicada não há uma pesquisa
preliminar do tipo open-ended apenas com a finalidade de criar tais valores de referência. Em
geral, os valores de referências são estabelecidos pelo próprio pesquisador com base em
alguma informação que ele disponha sobre o bem ou serviço ambiental em questão.

10
Mota e Faria (1998), com base nos dados obtidos pela primeira etapa da
pesquisa, iniciaram a negociação com um valor de R$ 2,00, pois este número
mostrou-se mais freqüente na primeira pesquisa, representando a moda de sua
distribuição amostral. A idéia dos autores é de que, se o objetivo é capturar a
verdadeira DAP, nada mais sensato do que iniciar com um valor que se situa
próximo à moda da distribuição amostral do primeiro survey, pois tal valor já
sinaliza, de algum modo, o que as pessoas, em geral, estariam dispostas a
pagar.19

Assim, somando-se, portanto, a DAP revelada pelo indivíduo ao valor de R$


1,50 que ele já paga atualmente, obteve-se o máximo gasto que o indivíduo
estaria disposto a incorrer em uma visita ao Zoológico. De outro modo, a
diferença entre essa disposição máxima a gastar a taxa de R$ 1,50, pode ser
interpretada como o Excedente do Consumidor(Tabela 1). Para determinar o
Excedente do Consumidor, Mota e Faria (1998) estimaram uma curva de
demanda por visitas no Zoológico como função do preço e da renda do
consumidor. O artifício utilizado pelos autores foi somar cada valor de
referências à taxa de R$ 1,50, considerando cada uma dessas somas como um
preço hipotético. Em seguida, determinou-se a quantidade de usuários
entrevistados que estariam dispostos a pagar tais preços hipotéticos,
estabelecendo-se a relação desejada entre preços e quantidades. Para cada
grupo de indivíduos que estaria disposto a pagar um determinado preço,
calculou-se a renda monetária média. Estes dados estão apresentados na
Tabela 2.

TABELA 1
Grupos de DAPs e valores de referência (em R$)
Classe de DAP Valores de referências
(ponto médio)
0,50 –3,50 2,00
3,50 – 6,50 5,00
6,50 – 9,50 8,00
9,50 – 12,50 11,00
12,50 – 15,50 14,00
15,50 – 18,50 17,00
18,50 – 21,50 20,00
21,50 – 24,50 23,00
24,50 – 27,50 26,00
27,50 – 30,50 29,00
Fonte: Mota e Faria (1998).

19
Na segunda etapa, questionou primeiramente se o usuário estaria disposto a contribuir com
R$ 2,00/mês, além dos R$ 1,50 que ele já paga, para ajudar na preservação do Zoológico e lhe
garantir o direito de visita nesse local. Caso o usuário responda “sim”, o valor foi aumentado
sucessivamente até se obter uma resposta negativa. Ao contrário, caso na primeira pergunta o
usuário respondesse “não”, interpretou-se que suas disposição a pagar seria zero.

11
TABELA 2
Valores de referência, preço, renda média e quantidade de visitas
Valores de Preço Qv Qv* Renda Média
referência (2) (3) (4) (5)
(1)
- 1,50 120 1.087 1.395,51
2,00 3,50 390 967 1.405,95
5,00 6,50 323 577 1.691,55
8,00 9,50 119 254 1.925,48
11,00 12,50 63 135 2.081,30
14,00 15,00 21 72 1.760,35
17,00 18,50 20 51 1.734,56
20,00 21,50 10 31 2.315,75
23,00 24,50 7 21 1.961,73
26,00 27,50 4 14 2.250,00
29,00 30,50 10 10 1.710,00
Fonte: Mota e Faria (1998)
Notas:
(1) Valores criados pela primeira etapa da pesquisa – em R$
(2) Preços hipotéticos criados a partir da soma de cada valor a coluna (1) à taxa de R$ 1,50
(3) Quantidade de usuários que declaram dispostos a pagar, no máximo, o valor
correspondente apresentado na coluna (1)
(4) Quantidade de visitantes que estariam dispostos a pagar o valor correspondente
apresentado na coluna (1). Estas quantidades foram calculadas a partir da freqüência
acumulada “acima de” das quantidades absolutas observadas na coluna (3)
(5) Renda média mensal (em R$) correspondente aos indivíduos da coluna (4).

No presente estudo, por outro lado, a proposta foi seguir o mesmo


procedimento utilizado por Mota e Faria (198), com a finalidade de permitir as
comparações pretendidas. Evidentemente, a diferença substancial entre os
dois procedimentos é que neste não foi aplicado o questionário open-ended,
com a finalidade de criar os valores de referências. No lugar disso, apenas
consultou-se dez especialistas na área ambiental, questionando-os acerca dos
valores que poderiam ser utilizados no processo de negociações com os
usuários do Zoológico.20

Husfschimdt et alli (1983) afirma que alguns autores têm aplicado essa técnica
também com a finalidade de estimar o valor de um determinado bem ou serviço
ambiental. Os indivíduos escolhidos para responder o questionário devem ter
amplo conhecimento sobre assuntos ambientais e respondem o questionário
individualmente, sem comunicação com os demais elementos do grupo para
evitar influências de personalidades. No questionário enviado a tais
especialistas, foram incluídas informações sobre o perfil do usuário em termos
de renda, grau de instrução e distribuição espacial da população, com objetivo
de subsidiá-los na criação de valores de referências. Para cada especialista
consultado, foram, solicitadas onze valores em R$ que, em sua concepção,
pessoas com as mais diversas características como, por exemplo, gosto pelo
meio ambiente, nível de renda e grau de instrução estariam dispostas a
contribuir todo o mês para ajudar na manutenção e preservação do Zoológico.
20
Esta consulta trata-se da aplicação da chamada técnica Delphi, que foi desenvolvida por
Dalkey e Helmar, nos anos 60, para obter opinião de especialistas em bombas nucleares, com
a finalidade de se prever os danos que elas poderiam causar a um país. Desde então, técnica
tem sido utilizado em previsões tecnológicas, inovações educacionais e numa variedade de
outras áreas. A característica essencial da técnica é sua ênfase em desenvolver um consenso
entre especialista s sobre m tópico por meio de uma série anônima de questionários enviados.

12
Da mesma forma, esta contribuição não incluiria a taxa de R$ 1,50 que a
pessoa já gasta para visitar o Zoológico. Os resultados da consulta estão
apresentados na Tabela 3, sendo que os valores de referência foram criados a
partir de um ajuste das médias dos valores respondidos pelos especialistas.

TABELA 3
Valores médios obtidos pela Técnica Delphie valores de referência
o
N de ordem Valores médios Valores de referência
(1) (2) (3)
1 1,54 1,50
2 2,20 2,20
3 3,00 3,00
4 3,78 3,80
5 4,47 4,50
6 5,21 5,20
7 6,43 6,40
8 8,01 8,00
9 9,46 9,50
10 14,61 14,60
11 22,71 22,70
Fonte: Pesquisa de campo mediante a Técnica Delphi
NOTAS:
(1) ordem crescente dos calores respondidos pelos especialistas
(2) Média dos valores (em R$) respondidos pelos especialistas
(3) Valores de referência (em R$) criados pelos ajuste das médias em (2)

Os valores da terceira coluna da Tabela 3 foram, então, utilizados para a


pesquisa de campo do presente trabalho. Note que foram solicitados onze
valores aos especialistas com a finalidade de se criar o mesmo número de
observações utilizadas por Mota e Faria (1998), como foram demonstradas na
Tabela 2. No entanto, todos os especialistas, com exceção de apenas um, não
atribuíram valores zeros, sendo que a média dos menores valores
estabelecidos por cada um deles foi de R$ 1,50. Como na pesquisa de campo
há indivíduos que não estão dispostos a pagar nada, isso produz, naturalmente
doze observações, como demonstradas na Tabela 3.

Foi desenhado, portanto, um novo survey de pesquisa contendo esses onze


valores de referências para o bidding game, onde outras informações de
caráter sócio-econômico também foram incluídas. Esta pesquisa foi realizada
no dia 10/05/98 e a amostra foi determinada pelo mesmo critério utilizado na
segunda etapa do trabalho de Mota e Faria (1998), isto é, com 95% de
confiabilidade e 2,75% de erro. Com isso, foram entrevistados 1.044 usuários,
cujos resultados estão apresentados na Tabela 4.

13
Tabela 4
Valores de referência, preço, renda média e quantidade de visitas
Valores de Referência Preço Qv Qv* Renda Média
(1) (2) (3) (4) (5)
- 1,50 246 1.044 1.182,20
1,50 3,00 236 798 1.236,90
2,20 3,70 105 562 1.374,79
3,00 4,50 151 457 1.471,27
3,80 5,30 23 306 1.513,62
4,50 6,00 37 283 1.532,82
5,20 6,70 101 246 1.585,99
6,40 7,90 9 145 1.785,55
8,00 9,50 25 136 1.870,77
9,50 11,00 60 111 1.922,21
14,60 16.10 22 51 2.012,37
22,70 24,20 29 29 2.342.48
Fonte: Pesquisa de campo – técnico de b idding game
Notas:
(1) Valores criados pela Técnica Delphi – em R$
(2) Preços hipotéticos criados a partir da soma de cada valor da coluna (1) à taxa de R$ 1,50
(3) Quantidade de usuários que declararam dispostos a pagar, no máximo, o valor
correspondente apresentado na coluna (1)
(4) Quantidade de visitantes que estariam dispostos a pagar o valor correspondente
apresentado na coluna (1). Estas quantidades foram calculadas a partir da freqüência
acumulada “acima de” das quantidades absolutas observadas na coluna (3).
(5) Renda média mensal *(em R$) correspondente aos indivíduos da coluna (4).

De posse desses dados, foi estimada uma nova função demanda por visitas ao
Zoológico e o Excedente do Consumidor foi calculado.

Discussão dos Resultados

Designaremos como Modelo I, o modelo de Mota e Faria (1998) e Modelo II, o


novo modelo elaborado neste estudo . O conceito de modelo aqui adotado não
deve ficar restrito ao modelo econométrico de demanda, mas sim deve
compreender todos os aspectos envolvidos nos dois procedimentos
alternativos de trabalho. Isto é, desde a forma de criação dos valores de
referências até as estimativas dos resultados finais. Quanto aos modelos
econométricos de demanda, os resultados estão apresentados na Tabela 5,
abaixo.

Tabela 5
Resultados dos Modelos Econométricos
Especificação Modelo I Modelo II
Regressão LN (Qv) = - 1,84 LN(p)+1,21LN(R) LN Qv = -1,74 LN(p) + 1,16 LN (R)
Teste F 373,22 2699,52
Teste T (-9,00) (17,01) (-15,36) (38,69)
T – prob (0,0000) (0,0000) (0,0000) (0,0000)
AR – IF(1,8) 0,3345 0,9150
Normality Chity 0,7889 0,2003
(2)
Sp 0,2046 0,1111
Sr 0,07117 0,03002
SEE 0,5848 0,2592
Fonte: Mota e Faria (1998) e estimativas próprias.

14
A Tabela 5 mostra que os dois modelos estimados apresentaram um bom grau
de ajustabilidade aos dados observados. Os testes T e F demonstram a
significância dos parâmetros β1 e β2 estimados e os testes residuais o grau de
ajuste dos modelos. Antes, porém, da discussão desse resultado, apresentam-
se em seguida os valores dos Excedentes dos Consumidores estimados a
partir desses dois modelos de demanda.

A forma como a pergunta foi abordada aos usuários do Zoológico produz um


valor que, por definição, já corresponde ao Excedente do Consumidor, que é a
diferença entre o máximo preço que o usuário estaria disposto a pagar por uma
visita e o que ele paga atualmente. Portanto, uma primeira alternativa para o
cálculo do EC per capita seria simplesmente calculando uma média dos dados
observados. A alternativa utilizada foi estimar o Excedente do Consumidor pelo
cálculo integral, determinado pela expressão a seguir:

p max *
Eˆ C = ∫
po
QVi ( p i ; Ri )dp (1)

O termo pmax representa preço que o indivíduo estaria disposto a pagar e po o


preço atual de R$ 1,50 cobrado pela visita ao Zoológico. No entanto, esses
valores foram ajustados pelo modelo econométrico estimado, estabelecendo-se
uma curva de demanda inversa como apresentadas nas expressões nas
páginas seguintes. Assim, para o Modelo I tem -se que po = 2,62 e pmax =38,30
e para Modelo II po = 2,09 e pmax = 24,20. Os valores dos excedentes
agregados das duas amostras são, respectivamente, EC1=3.065,34 e EC2 =
2.526,48 para os Modelos I e II. Neste caso, o Excedente per capita é
determinado, dividindo-se pelo tamanho da amostra. O resultado para os dois
modelos são os seguintes:

Ê 1= 2,82 para o Modelo I (2)

Ê 2 = 2,42 para o Modelo II (3)

No entanto, para a finalidade desde trabalho, esse procedimento não é mais


adequado, pois não é possível testar a diferença entre esses dois Excedentes
per capita. Os valores obtidos em não são médias, no sentido estrito do termo,
mas simplesmente valores per capita obtidos pela divisão dos valores
agregados dos Excedentes pelas respectivas amostras. Diante disso, utiliza-se
outro procedimento para a estimativa do EC, que consiste em ajustar os preços
estabelecidos através do modelo econométrico de demanda, isto é, definindo-
se uma função demanda inversa. Assim, para o Modelo I calculam-se os
preços ajustados pi através da seguinte expressão:
*
) LN (QVi ) − 1,21 LN (Ri )
LN pi = (4)
−184
,

Onde LN (QVi) é o logaritmo da quantidade de indivíduos que estariam


dispostos a pagar até o preço pi observado. O termo LN (Ri) é o logaritmo da
renda média desses indivíduos que pagariam até o preço pi . Aplicando-se o

15
antilog em (4) obtemos os preços ajustados pi como demonstrados na coluna 5
da Tabela 6, abaixo:
Tabela 6
Preços ajustados e Excedentes per capita
Modelo I
pi ECi Ri QVi pi ECi
(1) (2) (3) (4) (5) (6)

1,50 0,00 1.395,51 120 2,62 1,12


3,50 2,00 1.405,95 390 2,81 1,31
6,50 5,00 1.691,51 323 3,04 1,54
9,50 8,00 1.925,48 119 7,12 5,62
12,50 11,00 2.081,30 63 10,55 9,05
15,50 14,00 1.760,35 21 13,31 11,81
18,50 17,00 1.734,56 20 15,94 14,44
21,50 20,00 2.315,75 10 25,30 23,80
24,50 23,00 1.961,73 7 28,04 26,54
27,50 26,00 2.250,00 4 38,13 36,63
30,50 29,00 1.710,00 10 38,30 36,80
Fonte: Mota e Faria (1998).

Para cada preço pi ajustado pelo modelo econométrico, se for subtraído R$


1,50, que é a taxa atual de entrada no Zoológico, obtém-se os respectivos
valores ajustados para os EC i isto é, EC i . Desse modo, tem -se uma
estratificação dos Excedentes dos Consumidores observados pela amostra.
Assim, por exemplo, conforme a primeira linha da Tabela 6 acima, 120
indivíduos da amostra estariam disposto a pagar até R$ 2,62 e o EC per capita
desses indivíduos seria de R$ 1,12. Do mesmo modo, na segunda linha, 390
indivíduos da amostra estariam dispostos a pagar até R$ 2,81 e o EC per
capita dos mesmos seria de R$ 1,31 e assim sucessivamente.

Para o Modelo II estimado neste estudo, os preços ajustados são determinados


pela expressão:

*
L N ( Q V i ) − 1,16 LN(R i )
L N )p i = (5)
− 1,71

Os valores ajustados de pi e ECi estão na quinta e sexta colunas da Tabela 7,


abaixo. A interpretação é a mesma: por exemplo, na primeira linha, observa-se
que 246 usuários da amostra estariam dispostos a pagar até R$ 2,09 e o EC
per capita destes seria de R$ 0,59. Com estes valores dos EC per capita,
estratificados por grupos de indivíduos, pode-se calcular uma média ponderada
toda a amostra através da expressão (6).

16
Tabela 7
Preços ajustados e Excedentes per capita
Modelo II
P ECi Ri QVi Pi ECi
(1) i (2) (3) (4) (5) (6)
1,50 0,00 1.182,20 246 2,09 0,59
3,00 1,50 1.236,90 236 2,52 1,02
3,70 2,20 1.374,79 105 3,33 1,83
4,50 3,00 1.471,27 151 3,93 2,43
5,30 3,80 1.513,62 23 5,06 3,56
6,00 4,50 1.532,82 37 5,32 3,82
6,70 5,20 1.585,99 101 5,91 4,41
7,90 6,40 1.785,55 9 8,73 7,23
9,50 8,00 1.870,77 25 9,39 7,89
11,00 9,50 1.922,21 60 10,75 9,25
16,10 14,60 2.012,37 22 17,50 16,00
24,20 22,70 2.342,48 29 26,91 25,41
Fonte: estimativas próprias

)
X ECi =
∑ ( ECi * QV ) i
(6)
n

Onde XECi é a média ponderada do Excedente do Consumidor para os usuários


entrevistados e n é o tamanho da amostra. Os resultados são os seguintes:

XE ECi 1 = 3,56 para o Modelo I ( 7)


X ECi 2 = 3, 37 para o Modelo II (8)

Para tessar se estas médias são estatisticamente diferentes, pode-se recorrer


ao teste para a diferença entre duas médias populacionais, como segue
abaixo:

H0: µEci 1 = µEci 2 (9)


HA: µEci 1 ≠ µEci 2

Onde µEci 1é a média do Excedente do Consumidor para a população do


Modelo I e µEci 2 é a média do Excedente do Consumidor para a população do
Modelo II.

Pode-se, então, usar as respectivas médias amostrais XEci 1 e XEci 2 como


informação sobre a evidências das médias populacionais. Se a hipótese nula
for verdadeira, então(µEci 1-µEci 2) = 0 e, portanto, o valor de (XEci 1 - XEci 2)
raramente seria estatisticamente diferente de zero. Por outro lado, se os
valores amostrais de (XEci 1 - XEci 2) forem muito diferentes de zero, podem ser
utilizados como evidência contra a hipótese nula.

Vale dizer que, esse teste da diferença das médias de duas populações requer
que as respectivas amostras sejam independentes. Neste sentido, o survey
elaborado para este estudo adotou o procedimento de eliminar da amostra

17
aqueles indivíduos que já foram questionados sobre o mesmo assunto no final
do ano passado, quando foi realizada a pesquisa por Mota e Faria (1998). Com
isso, foram eliminados nove questionários cujas respostas indicaram que tais
indivíduos já haviam respondido algum questionário sobre sua disposição a
pagar para ajudar na preservação do Zoológico como pode ser visualizado na
última questão do survey.

Como as amostras são independentes, a covariância será zero e a variância


será definida como abaixo:
σ 12 σ 22
Var( X ECi1 − X ECi 2 ) = Var( X ECi1) + Var ( X ECi 2 ) = + (10 )
n1 n2

Onde σ12 e σ22 são as variâncias das duas populações e n1 e n2 os tamanhos


das respectivas amostras.

Logo, quando as duas médias amostrais são as mesmas que as postuladas


pelo teste de hipótese definido em (9), têm-se que:

σ 12 σ 22
( X ECi 1 − X ECi 2 ) ~ [ 0, + ] (11)
n1 n2

E a variável normal padrão é definida por:

X ECi 1 − X ECi 2 X 1 − X ECi 2


Z obs = = ECi (12 )
σ ( X ECo 1 − X ECi 2 ) σ 21 σ 22
+
n1 n2

No entanto, as variâncias σ21 e σ22 das populações não são conhecidas e


devem ser estimadas a partir da amostra, como segue:
1 n1 )
S 12 = ∑
n1 − 1 i=1
( EC i − X ECi 1) 2 fr para o Modelo I (1 4 )

1 n2
)
S 22 = ∑
n2 − 1 i =1
( ECi − X ECi 2 ) 2 fr para o Modelo II (15)

que são as estimativas não viesadas de σ21 e σ22 das populações.

Desse modo, a estatística Z descrita em 14, deve ser escrita como:

X ECi 1 − X ECi 2
Z obs = (14 )
S 12 S 22
+
n1 n 2

18
Onde S 12 e S22 são as variâncias estimadas como respectivamente.

Como está formulado o teste, a hipótese Ho deve ser aceita se Zobs < Ztrab e
rejeitada em caso contrário. Considerando um nível de significância de 5%, isto
éα=0,05, tem-se que Ztrab =± 1,96. Calculando tem-se que Zobs = 0,86 e,
portanto, menor que . Ztrab Logo, a hipótese Ho é aceita.

Esse resultado não era esperado como hipótese inicial de trabalho. Ou seja,
esperava-se que o Modelo II produzisse um resultado significativamente
diferente daquele obtido pelo Modelo I de Mota e Faria (1998). O argumento
para a defesa dessa hipótese é de que diferentes valores negociados com os
indivíduos produzem resultados diferentes, o que vem sendo confirmado por
alguns estudos sobre o “viés do ponto inicial.”

Além da diferença esperada entre as duas médias dos Excedentes dos


Consumidores, esperava-se também que a equação de demanda estimada
nesse trabalho, com a mesma especificação utilizada por Mota e Faria (1998),
não se ajustasse tão bem aos dados observados quando àquela estimada por
estes autores. Neste sentido, a argumentação utilizada para a defesa dessa
hipótese inicial é de que o procedimento do Modelo I em aplicar uma pesquisa
preliminar, apenas com a finalidade de se criar valores de referências, seria
mais adequado, pois tais valores são produzidos a partir das preferências
reveladas dos próprios consumidores e não obtidos da imaginação do
pesquisador ou mesmo de especialistas. No entanto, os resultados obtidos por
este trabalho não permitem a confirmação de expectativas e tornam, portanto,
as argumentações iniciais questionáveis. As médias não são estatisticamente
diferentes e o Modelo II se ajustou ainda um pouco melhor aos dados do que o
Modelo I, quando comparados os testes T, F e os residuais.

Comentário Conclusivo

Neste estudo analisaram -se aspectos teóricos e empíricos do Método de


Valoração Contingente (MVC), especialmente de sua variante “bidding game”.
Estimou-se através desse método o valor econômico da conservação do
Jardim Zoológico de Brasília, comparando-se os resultados com os obtidos em
um estudo anterior (Mora e Faria, 1998). As análises desenvolvidas indicam a
importância da forma na qual os valores de referências são criados para o
processo de negociações interativa com os indivíduos em entrevistas. Isto por
dois motivos. Em primeira lugar, é preciso enfatizar que há estudos que
confirmam a existência do “viés do ponto inicial”. Ou seja, os resultados das
estimativas são influenciados pelo valor escolhido a ser apresentado
primeiramente nas negociações. Como o primeiro valor escolhido depende do
conjunto de valores criados para o bidding game, o processo no qual é formado
o referido conjunto é, e continua sendo, de extrema importância.

Em segundo lugar, é preciso relativisar as conclusões deste trabalho. Dado que


as médias dos Excedentes dos Consumidores dos dois modelos são
estatisticamente iguais, esse resultado permite concluir apenas que há
evidências de que um painel bem formado de especialistas pode substituir

19
muito bem a aplicação de survey preliminar com a finalidade de criar os valores
de referência. Sendo assim, a escolha do procedimento pode ser feita em
função do custo de cada um. Como os dois modelos produzem resultados
equivalentes, adota-se o de menor custo. Evidentemente, se os dois modelos
são equivalentes, a questão de qual deles é o melhor teoricamente perde
relevância. O melhor passa a ser simplesmente o de custo mais baixo.

Uma questão que pode, pelo menos parcialmente, explicar a equivalência dos
dois procedimentos refere-se ao tipo específico do bem ambiental considerado
no estudo. Um dos problemas no uso de surveys para determinar o valor do
ativo ambiental é que o indivíduo não está habituado a esse tipo de tarefa. Isto
é, a princípio, ele não tem nenhuma idéia de quanto pode valer um
determinado bem ambiental, já que este não é transacionado no mercado. No
entanto, para o caso de bens que já possuem alguma referência, como é o
caso do Zoológico, essa tarefa se torna um pouco mais fácil e o indivíduo se
sente mais à vontade para atribuir um determinado valor. Desse modo, como
no Zoológico já existe uma taxa de R$ 1,50 cobrada por visita, ela pode servir
de referência para o indivíduo determinar sua máxima disposição a pagar.

Este argumento fundamenta-se nos resultados dos dois procedimentos


utilizados par a obtenção dos conjuntos de valores a serem negociados no
bidding game. O uso do método open-ended, segundo Freeman III (1993, p.
170), pode produzir valores muito baixos ou muito altos, justamente pela falta
de convivência do indivíduo com a questão colocada. No entanto, os dados
observados pela pesquisa de Mota e Faria (1998) não revelam esse problema,
já que os valores atribuídos pelos indivíduos situaram no intervalo de R$ 0,00 a
R$ 30,00. Do mesmo modo, a consulta realizada junto a especialistas não
produziu valores muito dispersos, cujo intervalo construído a partir das médias
obtidas foi de R$ 1,50 e R$ 22,70. Essas evidências reforçam, portanto, o
argumento de que para o caso de bens ambientais que já possuem algum valor
de referência, a distribuição dos valores respondidos mediante questões
abertas não apresentam pontos muito dispersos, concentrando-se em torno do
valor que o indivíduo tem como referência. Nesse sentido, pode-se, inclusive,
sugerir o uso do método open-ended, já que se trata de um procedimento mais
simples e que não apresenta o problema de outliers, principal limitação desse
tipo de abordagem.

Bibliografia

ALBERINI, A Testing Willingness to Pay Models of Discrete Choice


Contingent Valuation Survey Data. Land Economics, 71 (1), 83-95. (1995).

BATEMAN, l e TURNER, Kerry; Valuation of the Envinment, Methods and


Techniques: The Contingent Valuation Method. In: TUNER, R. Terry.
Sustainable Environmental Economics and Management; London and New
York: Belhaven, 1992.

20
BEGGS, S. S. Cardell, e HAUSMAN, J. Aassessing the Potential Demand for
Electric Cars. Journal of Econometrics vol. 16, n. 1, 1981, p. 1-19.

BISHOP, Richard C.; HABERLEIN, Thomas A Measuring Values of Extra-


Market Goods: Are Indirect Measures Biases? American Journal of
Agricultural Econonmics vol. 61, n. 5, 1979, p. 926-930.

BUSHA, Charles H.; HARTER, Stephen P. Research Methods in


Librarianship. Techniques and Interpretation. London: Academic Press,
1980.

CAMERON, T. A and JAMES, M. D. Efficient Estimation Methods for


Closed-Ended Contingent Valuation Surveys. Review of Economics and
Statistics, 69, 1987, p. 269-79.

COOPER, J. C. A Comparation of Aprroaches to Calculating Confidence


Intervals for Benefit Meassures fron Dichotomous Choice Contingent
Valuation Surveys. Land Economics, 70 (1), 111-22. (1994).

CROPPER, Maureen L. e OATES, Wallace E. Environmental Economics: A


Survey. Journal of Economic Leterature. Vol. XXX (june 1992), pp. 675-740.

COOPER, J. C. e LOOMIS, J. Sensitivity of Willingness to Pay Estimates to


Bid Desing in Dichotomous Choice Contingent Valuation Models. Land
Economics, 68(2), 211-24 (1992).

FREEMAM III A Myrick. The Measurement of Environmental and Resource


Values. Washington: Resources for The Future, 1993.

HANEMANN, W. Michael. Welfare Evaluations in Contingent Valuation


Experiments with Discrete Responses. American Journal of Agricultural
Economics vol. 66, 1984b, p. 332-341.

HANEMANNM, W. Michael. Discrete/Contingent Models of Consumer


Demand. Econometrica vol. 52, n. 3, 1984ª p. 541-561.

HANLEY, Nick; SHOGREN, Joson F; WRITE, Ben. Environmental


Economics: In Theory and Practice. London: Macmillan, 1997.

HUFSCHMIDT, M. M. et alli. Environment, Natural Systens, an


Development. An Economic Valuation Guide. The Johns Hopkins University
press. Baltimore and London, 1983.

KANNINEN, B. J. Bias in Discrete Response Contingent Valuation. Journal


of Environmental Economics and Management, 28, 114-125. (1995).

MARQUES, João Fernando e COMUNE, Antônio; Quanto Vale o Ambiente:


Interpretações sobre o Valor Econômico Ambiental, XXIII Encontro
Nacional de Economia, 12 a 15 de dezembro de 1995.

21
McCONEELL, Kenneth H. Model for Referundum Data: The Structure of
Discrete Choice Models for Contingent Caluation. Journal of Environmental
Economics and Management vol. 18, n. 1, 1990, p. 19-34.

MOTA, Aroudo e FARIA, Ricardo Coelho. The Contingent Valuation Method:


O benefício dos usuários do Pólo Ecológico de Brasília (Jardim
Zoológico). Brasília: mimeo, 1998.

NOGUEIRA, Jorge Madeira e MEDEIROS, Marcelino A. A. de. Quanto vale


aquilo que não tem valor? Valor de existência, economia e meio ambiente.
Recife: Anais do XXV Encontro Nacional de Economia (ANPEC), Volume 2,
dezembro 1997

PEARCE, David. Economic Valuation and the Natural World. Washington:


World Development Report, 1992.

PEARCE, D. e TURNER, R. Economics of natural resources and the


environment, Baltimore: The Johns Hopkins University, 1990.

REIS, E. J. e MOTTA, R. S.. The Aplication of Economic Instruments in


Environmental Policy: the Brazilian Case; Revista Brasileira de Economia,
vol. 48, no 4, out/dez 1994, pp. 551-575.

SELLAR, Christine, CHAVAS, Jean-Paul, and STOLL, Jonh R. Especification


of the Logit Model: The Case of Valuation of Nonmarket goods. Journal of
Environmental Economics and Management, vol. 13, 1986, p. 386-390.

SELLAR, Christine; STOLL, Jonh R. and CHAVAS, Jean-Paul. Valuation of


Empirical Measures of Welfare Change: A Comparison of Nonmarket
Techniques. Land Economics, vol. 61, 1985, p. 156-175.

22
Como demonstrado em Mota e Faria (1998), suponha uma função utilidade
genérica U=U(q; X), onde q é o bem ou serviço ambiental; X é o vetor dos
outros bens de mercado, isto é, X = x1, x2, ..., xn. Assim, o indivíduo maximizará
sua função utilidade sujeito à restrição orçamentária:

Maxq,x U=U(q; X)

Sujeito a pqq + PX = R

Onde pq é o preço do bem ambiental; q é a quantidade; R é a renda do


indivíduo; P e X são, respectivamente, o vetor de preços e de quantidades dos
bens de mercado.

Em geral, os bens ou serviços ambientais não têm preços de mercado, sendo


pq=0 na restrição orçamentária apresentada acima. No entanto, para o
propósito dessa formulação, o preço pq do ativo ambiental é mantido na
restrição por duas razões. Por um lado, o preço pq não é zero à medida que os
indivíduos pagam uma pequena taxa de entrada ao Zoológico. Por outro lado, o
pq deve ser explicitado na restrição orçamentária de justamente com a
finalidade de demonstrar que este deve ser o preço que o indivíduo estaria
disposto a pagar para uma dada quantidade q e dado a sua renda e os gastos
em outros bens.

Do problema de maximização em (4.2.1), efetua-se as condições de 1o ordem:

Solucionando,(3.2.7) isto é, explicitando X e q em (3.2.8), encontra-se um


conjunto de demandas ordinárias pelos bens de mercado e uma demanda
ordinária específica para o bem ou serviço ambiental, como segue:

Xi = xi (pq; P; R) conjunto de demandas Marshalianas para os bens de mercado,


com i= 1, 2,.., n

q= q (pq; P; r) demanda Marshaliana pelo ativo ambiental.

Desse modo, é derivada uma curva de demanda pelo bem ambiental como
função do seu preço hipotético, do preço de outros bens de mercado e da
renda.

Nesse estudo, porém, foi utilizado o Excedente do Consumidor como medida


de bem -estar, já que não havia nenhuma avaliação referente à mudança na
qualidade ambiental do Zoológico e, consequentemente, do bem -estar dos
indivíduos. Desse modo, a partir da curva de demanda derivada de (3.2.7),
resta calcular o Excedente do Consumidor:

Sendo preço atual cobrado z


p
p *q
EC = pela
q ( pentrada
0
q
q , P, r )dp
noq Zoológico e o maior preço
que o indivíduo estaria disposto a pagar por esta mesma visita. Finalmente, P e

23
R são, respectivamente, o vetor de preços dos demais bens e a renda
monetária do consumidor.

Logo, a quantidade de usuários do Zoológico ode ser determinada em função


do preço e da renda desses usuários. A especificação econométrica utilizada
por Mota e Faria (1998) foi uma demanda com logaritmo duplo do tipo:
β1 β2 βn
Q ∗ vi = pide ⋅ R
Sendo Q*vi = quantidade usuários Kn .εi
i ., ... , . dispostos a(1)paga um valor i; β1, β2 =
estimativa dos parâmetros; R = renda média dos usuários; pi é o máximo valor i
que o indivíduo está disposto a pagar e; ε i = termo erro. Aplicando-se logaritmo
nas variáveis, tem -se: LN Q * Vi = β 1 ⋅ LN pi + β 2 ⋅ LN R i (2)

Onde as estimativas dos parâmetros β1, β2 representam os coeficientes de


elasticidade preço e da renda, respectivamente.

24

Você também pode gostar