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Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

“ESPELHOS ARDENTES, MAÇÃS VOADORAS E PLASMS


IONIZADO.”

ROTEIRO

• Cena 1

Em uma sala de aula, a professora repassa a matéria de um


experimento com os alunos, referente a um assunto de físico outrora
abordado. Os alunos se distribuíram em alguns grupos para
discutirem e montarem um relatório sobre os experimentos e o
assunto da aula.

Professor (a):
Vocês devem lembrar que após o procedimento, vocês vão calcular o
Sen (1º) e o Sen (2º), depois de obter esses dados, soma-se o produto e tirar a
média...

Em um canto do lado direito da sala, encontra-se um grupo de quatro


garotas, que conversavam paralelamente a explicação do professor
(a).

Danny
Meu... Não adianta cara, isso, tipo, nunca vai entrar na minha cabeça.

Jéssica
É porque você, provavelmente é muito burra.
(disse em meio a um bocejo)

Danny dá um tapinha no ombro de Jéssica que responde com um


sorriso.

Larissa
Ai, não fala assim, física é uma matéria super importante, e é provável
que seja a que mais tem ligação conosco, ela é tipo...tecnologia cara, you
know baby?

Jéssica
Oi meu nome é Larri, e eu sou, tipo, Geek Nerd’ s.
(disse em meio a risos)

Lia
Meu, vocês fazem muito barulho, cara! Eu tentando dormir e vocês
falando, caramba!

Jéssica
Falo a doutora balada, alias como foi ontem? Disseram que o Bruno
tava lá, você viu ele?

Lia
Foi muito legal, o Dj que tava tocando fez um mix de Justice com
Royksopp que ficou muito da hora, mas eu não vi o Bruno lá não, alias você
não tinha desencanado dele?

Jéssica
Só perguntei por curiosidade, e outra acorda ai que você tem que ajudar
a gente a fazer o trabalho, se não a Nerd pira!

Um garoto de outro grupo passa um bilhete para Larrisa, que lê


discretamente enquanto Lia e Jéssica conversam.

Larissa
Ah é, vou te mostrar quem é Nerd! Acabei de descobrir porque o Bruno
não foi à Vegas Clube ontem.

Dizendo isso, Larrisa pega um pequeno espelho de dentro da


bolsa, e o posiciona de forma que elas pudessem ver o canto que
correspondia ao local onde Bruno estava sentado.

Larissa
Ta vendo, o Julio me contou que ele saiu com a Alana ontem. Eu te
disse que aquela garota não era flor que se cheire, e que física não é uma
matéria inútil.

Danny
Dahh de graça pra você Larri, qualquer um sabe que um espelho reflete
as imagens a nossa volta de acordo com a quantidade de luz! ( Em meio a
risos)

Larissa
Você sabia que no ano de 214 a.C. Arquimedes utilizou de espelhos
para queimar os barcos do general romano Marcelus? Um simples espelho
pode garantir a vitória e a salvação da cidade de Siracusa.

Danny
Você sabe que isso é uma lenda!

Larissa
Como você pode afirmar que não é verdade?

Jéssica
Mas que vaca!!

Danny, Larissa e Lia


A gente te avisou!
Jéssica
Vocês deviam ter sido mais insistentes!

Larissa
O que?

Danny
Meu a gente não tem culpa se ele é um cachorro, e ela é falsa!

Lia se debruça sobre os livros e dorme.

• Cena 2

Lia acorda e percebe que é noite. A sala de aula está vazia e a


mobília perfeitamente arrumada. Lousa limpa, chão limpo, mesas e
cadeiras perfeitamente organizadas. Ela se levantou e foi ate a porta
da sala. Estava trancada, voltou para a carteira onde estava sentada
e procurou o celular, mas ele estava descarregado e ela não tinha o
carregador.

Lia
Mas que merda!

Após um breve momento de pânico, onde Lia deu um grande chilique,


e começou a pular e gritar, ela notou que próximo a sua carteira
havia um livro. Tratava-se de um manuscrito já velho e surrado, de
capa dura de couro, com as costuras soltas e páginas amarelas, não
havia titulo. Lia pegou o livro e o folheou displicentemente. De
alguma forma, sentiu que tinha de ler aquele livro. Folheio uma
segunda vez, sentou-se distraidamente e começara a ler em voz alta.

Lia
No ano de 1687, Isaac Newton publicou sua mais importante obra,
Philosophiae Naturalis Principia Mathematica, obra que trata, basicamente,
de astronomia, mecânica e física.

Lia sentiu uma vertigem muito grande. Sentiu as coisas tremerem e


tudo girar de maneira brusca, os objetos e tudo ao seu redor
começaram a girar, perdendo sua forma, cor e brilho, até que tudo o
que ela podia ver era apenas uma luz branca, enquanto tudo girava
cada vez mais rápido, girando, girando. E de repente, tudo cessou.
• Cena 3

Lia caíra bruscamente em uma saleta muito escura. Paredes de


madeira fosca com muitas estantes entulhadas de livros, volumes
dos mais variados tipo e tamanhos dispostos de maneira uniforme.
Ela levantou-se, ainda com um pouco de tontura e agora com um
pouco de frio, notou que na parede oposta a que ela estava não
havia estantes, mas cortinas muito grande de um pano vermelho
muito grosso, próximo a essa parede, havia um jovem rapaz muito
concentrado em sua leitura. Ele estava sentado á uma
escrivaninha de madeira, e na frente dessa escrivaninha, havia
uma cadeira com um grande painel branco. Nesse painel, batia um
feixe de luz que vinha de uma pequena fresta da parede onde
havia as cortinas. Lia se aproximou sorrateiramente do rapaz.

Lia
Desculpa, mas...

Ele dera um pulo na cadeira onde estava. Lia ficou estática um


momento. Ele usava roupas um tanto, “estranhas” ao ver de Lia.

Isaac Newton
Quem é você? O que faz aqui?

Lia
Desculpe-me, mesmo... É que, ai... Como explicar... Eu estava lendo um
livro, e, de repente eu cai aqui, eu... Realmente não sei como explicar como
isso aconteceu.

Isaac Newton
Honestamente, você não espere que eu ache muito comum garotas
estranhas serem transportadas por... um livro, para o escritório de
alguém,acha? Agora se me da licença, eu tenho um livro para terminar.

Lia ficou estática um momento. Sentia-se muito constrangida e


perplexa.

Lia
Ah, perdoe a intromissão, mas, só por curiosidade, o que você esta
estudando?

Isaac Newton
Olhe, eu não tenho tempo para ficar jogando conversa fora.

Lia
Não precisa ser grosso, educação é o pilar daqueles que se denominam...
Intelectuais.

Isaac Newton
Esta bem. Você me convenceu, venha cá.

Ele levantou alguns pedaços de papel onde havia alguns cálculos.


Em sua mesa havia alguns livros empilhados de maneira nada
ortodoxa, um tinteiro e uma pena, e uma pequena luneta de latão
enferrujada.

Isaac Newton
Eu estava refletindo sobre algumas idéias, coisas que percebi, sobre a luz.

Lia
Hum, legal... No que pensava?

Isaac Newton
Bom, eu estava estudando um livro de óptica , quando, resolvi fazer alguns
experimentos para... Aprofundar esses estudos.

Lia
Ah tah, que experimento você fez?

Isaac Newton
Bom, eu... Coloquei esse prisma em direção a um raio de luz do sol, e
percebi que, quando a luz branca passa por ele, ela sofre dispersão e assim,
vemos as cores que formam o arco-iris. Isto acontece por que, provavelmente,
os corpúsculos da luz branca, ao passarem pelo prisma sofrem diferentes
desvios e assim, corpúsculos de cores diferentes são separados.

Lia
Ah, entendi, mas, com todo o respeito, você não acha que por mais que
seja um conceito que explica um fenômeno da natureza, não seria legal se
tivesse, sei lá, uma aplicação?Coisa do gênero.

Isaac Newton
Mas eu estou trabalhando nisso, veja (ele pega um bloco de papel onde
há vario desenhos e cálculos) eu estou pensando em, fazer algumas
modificações no telescópio comum.

Lia
Que tipo de modificações?

Isaac Newton
Normalmente, quando olhamos um astro, estrela ou planeta com um
telescópio comum, vê-se um brilho colorido nas bordas. Eu creio que isso
aconteça devido a uma refração nas lentes. No entanto, se usarmos um
espelho refletor, esse problema fica bem diminuído, e nisso que estou
trabalhando.
Lia
Nossa, olha a minha falta de educação, meu nome é Lia. E o seu é?

Isaac Newton
Eu sou Newton. Isaac Newton.

Lia
Newton, o físico?

Lia teve a mesma sensação de quando leu o livro, a mesma


vertigem forte e a sensação de estar dentro de um grande
redemoinho, ela apertou os olhos com força para se sentir menos
enjoada. E mais uma vez parou.

• Cena 4
Lia voltara a sentir a mesma sensação de enjoou, mas dessa vez o
frio cessara. Ela sentiu uma brancura muito forte arder em seus
olhos, passara tanto tempo no escuro que seus olhos
lacrimejaram. Ela levantou-se com um pouco de dificuldade.
Percebeu que estava em um tipo de laboratório. Paredes brancas,
longas mesas brancas com vários aparelhos elétricos que Lia
desconhecia a utilidade, mas que a fizeram perceber que se
tratava de um laboratório. Sentado a uma das mesas havia, o que
Lia reconheceu como um cientista. Ele estava mexendo um longo
filamento cilíndrico transparente muito fino.

Lia
Ola... desculpe a intromissão, mas...

Engenheiro
A saída é à direita, se você correr, talvez encontre o seu grupo escolar.

Lia
Senhor, eu, não estou com nenhum grupo escolar, eu... Ah, acho que me
perdi, na verdade nem vou tentar explicar, você não acreditaria.

Engenheiro
Olha a maioria de vocês só vem aqui por que o Professor de vocês acredita
de verdade que vocês têm algo na cabeça quando na verdade não tem.

Lia
Olha, eu não sou obrigada a ouvir esse discurso de que todos os
adolescentes são vazios, fúteis e rebeldes sem causa, ta legal?

Engenheiro
Você pode?
(indica a saída com um dedo, ainda sem olhar para ela).

Ela dá uma volta pelo laboratório, e reconhece o material com que


o homem trabalha.

Lia
Com licença, isso é fibra óptica? Como a que se usa para internet?

Engenheiro
È sim, mas não se usa apenas com a internet.

Lia
Para que mais então?

Engenheiro
Muitos procedimentos cirúrgicos, por exemplo... Ah, o medico, utiliza de
fibras ópticas em endoscópios para observar órgãos internos, como por
exemplo, o estomago.
Lia
Ah, entendi, como ele faz isso?

Engenheiro
Venha cá, deixe te mostrar, um feixe de fibras ópticas desce pela boca ate o
estomago da pessoa, juntamente com uma pequena fonte de luz que
ilumina o local a ser examinado.

Lia
Ah, entendi. Eu sei um pouco sobre as fibras ópticas, eu tive de fazer um
trabalho pra escola uma vez, na verdade eu nem fiz o trabalho, foi uma
amiga que fez, de qualquer forma, era um trabalho sobre luz, mas eu
confesso que não entendi direito essa coisa de índice de refração da luz,
essas coisas.

Engenheiro
Olha um estreito feixe de luz, geralmente produzido por um laser, entra por
uma das extremidades, e, como você pode ver, ela é muito fina, a
incidência na superfície que separa o núcleo da parte externa se da por um
ângulo maior do que o limite, assim, a luz sofre uma seqüência de reflexões
totais e emerge pela outra extremidade.

Lia
Nossa, ficou um pouco mais claro, mas só um pouco.

Engenheiro
Bom, não é tão simples entender o comportamento da luz e ainda hoje se
estuda muito para isso, mas com o que temos... é, é um pouco complicado.

Lia
E do que é feito à fibra óptica?

Engenheiro
A fibra óptica tem duas partes, essa camada que nos chamamos de casca,
e essa que chamamos de núcleo, elas são basicamente de vidro ou
plástico.

Lia
Então nos podemos dizer que as fibras ópticas são melhores que os
condutores tradicionais?

Engenheiro
Sim, nos temos “n” vantagens com a utilização desse material, por exemplo,
baixa perda durante a transmissão, imunidades às interferências
magnéticas, abundancia de matéria-prima, entre outras coisas.

Lia
Ta ai uma boa aplicação tecnológica da física.

Lia ouviu uma voz ao longe, uma voz de mulher, como se alguém
estivesse chamando o nome dela, e de repente, ela só viu um luz
branca muito forte.

• Cena 5
Professor (a)
Lia, acorde, Lia, acorda!

Lia levou um grande susto. Ela acordara no meio da aula de física.


O professor (a) estava ao lado de sua carteira, com uma expressão
que era um misto de reprovação e ironia. Lia sentiu-se muito
constrangida.

Professor (a)
Escute Lia, eu não obrigo ninguém a gostar da minha matéria, mas eu exijo
ser respeitada no meu local de trabalho.

Lia
Me desculpe professor(a), não encare isso como falta de respeito, digamos
apenas que foi um pequeno deslize meu, e não vai se repetir.

Professor (a)
Olha, eu confesso que me impressiona a sua humildade. Você poderia me
fazer um favor, apresente o que o seu grupo quer fazer como trabalho.

As garotas olharam perplexas para Lia. Que parecia também estar


a beira de um colapso.

Lia
Tudo bem. (gaguejando)

Lia levantou-se, muito constrangida, então ela viu. O livro do seu sonho
estava em cima de sua mesa sobre seu material.

Lia
Bom, eu... Pensei em fazermos um paralelo entre as primeiras descobertas
da ciência sobre esse assunto, incluindo, os nomes de maior importância
nesse assunto e as novas pesquisas feitas e suas aplicações, sendo que,
como nos percebemos com mais facilidade, a tecnologia é uma dessas
aplicações que esta mais próxima de nosso cotidiano. E, depois disso tudo,
ver como a física, é uma matéria que vai muito alem do que apenas
entender os fenômenos naturais e, tentar entender como isso implica no
seu comportamento com a natureza e com os outros seres humanos e, ate
como é feita essa interação. Afinal de contas... A física é uma ciência
humana.... Feita por homens.

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